Na sequência do acórdão do Supremo Tribunal britânico, que decide que
a definição de mulher deve basear-se no sexo biológico, o
Vagina Museum emitiu um comunicado sobre os riscos desta decisão. Por me parecer muito relevante, deixo aqui uma tradução minha, seguida do texto original:
Resposta do Conselho de Curadores do Museu da Vagina à decisão do Supremo Tribunal do Reino Unido
"À luz da decisão do Supremo Tribunal do Reino Unido, o Conselho de Curadores do Museu da Vagina deseja expressar o seu apoio inequívoco e solidariedade à sua equipa trans, voluntários, parceiros comunitários, visitantes e público em geral.
Desde o início, o Museu da Vagina sempre foi trans inclusivo. Uma parte importante da sua missão em torno da disseminação do conhecimento e da sensibilização para a anatomia e saúde ginecológica tem sido desafiar as suposições normativas sobre os nossos corpos e como podem ou não estar ligados a experiências de género, expressão de género e sexualidade em geral.
Ao fazê-lo, destacamos que o sexo, a identidade de género, a expressão de género, a orientação sexual e outras caraterísticas relacionadas com a identidade sexual existem em várias combinações diferentes e a sua relação entre si nunca é clara. O que é claro para nós é que todos, independentemente das partes do corpo, merecem direitos humanos, dignidade e o poder de se identificarem como desejarem.
Assim como atuamos como um fórum para a saúde e os direitos reprodutivos das mulheres numa perspetiva feminista, inclusiva e interseccional, continuaremos a defender as comunidades e os direitos trans, não binários e queer.
Não podemos falar de feminismo a não ser que o nosso feminismo inclua pessoas trans.
Não podemos falar de direitos reprodutivos sem direitos trans.
Não podemos defender os direitos humanos sem os direitos trans.
A decisão surge no meio de um clima cada vez mais assustador para as pessoas trans no Reino Unido e no mundo. Continuaremos a respeitar os nossos valores e a garantir que o Museu da Vagina continua a ser um espaço no qual as pessoas trans são incluídas, acolhidas e celebradas.
Em solidariedade."
Aqui deixo o texto original:
The Vagina Museum Board of Trustees' response to the UK Supreme Court ruling
"In light of the UK Supreme Court ruling, the Board of Trustees of the Vagina Museum wish to express their unequivocal support of and solidarity with their trans staff, volunteers, community partners, visitors and wider audience.
From the outset, the Vagina Museum has always been trans inclusive. An important part of its mission around spreading knowledge and raising awareness of gynaecological anatomy and health has been to challenge normative assumptions around our bodies and how they may or may not be connected to experiences of gender, gender expression and broader sexuality.
In doing so, we highlight that sex, gender identity, gender expression, sexual orientation and other characteristics related to sexual identity exist in various different combinations and their relationship to one another is never clear cut. What is clear to us is that everyone, regardless of their body parts, are deserving of human rights, dignity and the power to identity as they wish to.
Just as we act as a forum for women’s reproductive health and rights from a feminist, inclusive and intersectional perspective; we will continue to advocate for trans, non-binary and queer communities and rights.
We cannot talk about feminism unless our feminism includes trans folks.
We cannot talk about reproductive rights without trans rights.
We cannot advocate for human rights without trans rights.
The ruling comes amidst an increasingly frightening climate for trans people in the UK and globally. We will continue to abide by our values, and ensure that the Vagina Museum remains a space in which trans people are included, welcomed and celebrated.
In solidarity."