quarta-feira, 16 de abril de 2025

Manda o Luís trabalhar

O vigarista de bairro que quer voltar a ser primeiro-ministro depois de ter feito uma birra de puto charila, tem agora uma canção eleitoral que diz "deixa o Luís trabalhar". O vigarista de bairro é o Luís visado na canção. O vigarista de bairro segue agora a cartilha do seu guru Cavaco, e manda compor uma canção ridícula que apela a que as pessoas o deixem trabalhar. Trabalhar, imagine-se. Ou seja: continuar a distribuir riqueza aos ricos e a destruir os avanços civilizacionais.

Esta gente tem um gosto bem duvidoso no que diz respeito a músicas. Músicas e letras ridículas. Cavaco revelou a sua ignorância extrema quando uma vez comentou a situação em que se encontrava — a comer como um alarve — ilustrando essa acção com uma imagem confrangedora que ligava a frase "eles comem tudo" àquela situação em que se encontrava: "estou como na música de Zeca Afonso", disse então". Cavaco não tem a capacidade de perceber as metáforas de José Afonso, nem de coisa nenhuma, e revela sempre a sua ignorância. Um triste traste.

Montenegro segue pisadas. O desprezo desta gente pela cultura e pela sua aplicação é evidente. Querem lá saber de música ou de quem a faz. Querem propaganda e vozes que berrem. As músicas destes arautos do ajuste são de uma mediocridade confrangedora. Manhosos como Carreira, Ágata, Rosinha, Nel Monteiro (salazarista confesso), ou Toy e Emanuel dos negócios televisivos, ou ainda outros cantorzecos de som rasca e rouco, podem resolver muito bem as premissas sonoras da direita mais reaccionária. Quim Barreiros já chegou aos libretos do partido fascista. Os outros bem podem ir vociferar com as suas gargantas infectas pelos estrados dos comícios por onde circulam o vigarista de bairro e os fascistas do partido do execrável Ventura. A música dos vigaristas, disfarçados de moralistas ou de irreverentes arautos, não serve a democracia civilizada e urbana que se deseja. A música deve ser outra coisa: MÚSICA, assim, com maiúsculas. Aos gargarejos apologistas de vigaristas é preferível o silêncio, que também faz falta à boa música. 

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terça-feira, 15 de abril de 2025

A Grande Arte



Dia mundial da arte. Um dia como outro qualquer. Todos os dias deveriam ser sentidos como sentimos o que fazemos. Ou não, depende do que sentimos, e do que fazemos. Depende dos dias. A arte ajuda a sentir. Ou não. Às vezes irrita e agride. Se denuncia é bem vinda. A arte cabe na palma da mão, mas é tamanha...

Bom dia.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

UNS COM OS OUTROS CONTRA TODOS. Opinião ilustrada da Cristina Sampaio.

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Design de comunicação


Da série Grandes Capas. Ilustração de Frank Viva, “Hot Air”, para o texto "The chaos on Capitol Hill", de Françoise Mouly. Ilustra um excesso de derrotismo. Esperemos que o imbecil da falas-rascas que perora bojardas inenarráveis na sala oval da Casa Branca não chegue a este ponto.

sábado, 12 de abril de 2025

Fotografia de Waltraud Forelli.

A White Cube Mason's Yard vai mostrar uma exposição de Anselm Kiefer, de 25 de junho a 26 de agosto do presente ano. 

A Royal Academy of Art também vai ter trabalhos de Kiefer entre 28 de junho a 26 de outubro. “Kiefer / Van Gogh” de seu nome, a exposição pretende evidenciar a influência do pintor holandês na obra do alemão Kiefer. Pessoalmente só encontro ali distâncias, mas é claro que o mestre é que sabe quem lhe limpa os trilhos. O percurso de Kiefer revela preocupações que se exprimem no gesto e na representação nos trabalhos de grande dimensão. Kiefer tem surpreendido quem o segue (estou inscrito na colectividade) com a aplicação das matérias nos suportes. O suporte sofre a acumulação de plasticidades a que posteriormente são aplicadas outras camadas que agridem a matéria aplicada e até a ferem, como necessidade de exibição de um tempo perturbador ocorrido num passado que agora se quer representar. Kiefer é um artista atento à realidade. As recentes ousadias fascistas não nos deixam descansar. Anselm Kiefer é um dos mais surpreendentes artistas da actualidade. Estas exposições em Londres vão confirmar isso.

https://www.whitecube.com/gallery-exhibitions/anselm-kiefer-masons-yard-2025

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Pão e água

Esperemos que não seja prenúncio. Não queremos ficar a pão e água. É certo que não há pão sem água. Na imagem promocional desta exposição de Lourdes Sendas percebem-se novos ambientes. O melhor mesmo é confirmarmos o que se passa. Estes novos trabalhos vão estar expostos na Casa da Avenida a partir das cinco da tarde deste sábado. Até lá.

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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Debate eleitoral

LIVRE - CDS | Isabel Mendes Lopes colocou Nuno Melo no seu lugar. Nuno Melo ainda não percebeu que o seu partido já não existe. Nuno Melo comporta-se com a arrogância de quem despreza os adversários com legítima representação parlamentar. O partido de Nuno Melo está no parlamento refugiado numa coligação liderada por um vigarista de bairro. Nuno Melo é um ser desprezível. Esta gente é desprezível.

Separados à nascença

Sempre que aparece, em conversas em redondo, o líder do PPD/PSD, e insistente candidato a primeiro-ministro, lembro-me de imediato de Alfred E. Neuman, personagem mascote da revista satírica MAD. Acho-os parecidos fisicamente, pronto, contudo encontro aqui uma diferença entre Alfred E. Neuman e Luís Montenegro que é de levar em conta: Alfred E. Neuman é muito mais sério.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Operação Crivos

Ventura protegia os seus clientes enquanto jurista. Defendia-os dos impostos excessivos. No partido rasca que dirige não está sozinho. Outros deputados do seu partido não concordam com as quantias que os impostos solicitam. Não pagam. É uma maneira de reagir contra esses excessos. Tudo feito pela justiça pessoal de cada um. Ninguém gosta de pagar impostos tão altos, não é verdade?


A dirigente que pôs uma senhora já falecida a assinar papéis também o fez por uma boa causa. Quem teve uma vida não merece ser esquecido e cancelado só porque morreu.
Quando o líder do balcão da tasca agride colegas de jogo da bola dos filhos, porque os filhos não os superaram, estamos a assistir a amor de pai. Pai é pai, e um pai assim. é o melhor pai do mundo. Porrada nos putos que se atrevem a ganhar aos filhos de pais que são gente de bem. O mesmo líder diz também que se matassem mais uns quantos africanos daqueles que deviam era de ir para a terra deles, as coisas andavam muito melhor.
Aquele rapaz que atropelou um jovem só o fez porque estava bêbado. Tem desculpa. Mas que democracia é esta que não permite que um gajo beba só mais um copito para a viagem?
Já o pedófilo... Aquilo aconteceu. Pronto. Não volta a acontecer. E até pagou ao rapaz que o seduziu. Provavelmente aceita de boa vontade a castração química proposta pelo seu líder.
O homem que subtraía malas a outros viajantes, também era para colaborar contra os excessos de bagagem que estes turistas insistem em carregar. Vendia o material confiscado por preços acessíveis, dando assim oportunidade a outros de terem produtos já usados mas em bom estado. Ora, esta reutilização é atitude de grande altruísmo.
Estamos perante um punhado de bons rapazes cheios de boas intenções. Todos os ocupantes da tasca que se instalou no lado extremo direito do parlamento pensam desta maneira ajustadora contra a corrupção. Ventura mente e acusa sem freio porque quer fazer valer esses excelsos valores. E o seu povo dá-lhe razão. Ele até já diz que nós, os que defendemos a democracia representativa e o Estado de Direito, somos inimigos do povo. O povo vencerá, se derem a oportunidade ao aldrabão e aos meliantes de feira que o adulam. Os vossos algozes representam-vos. Bem podem limpar as mãos à parede.
Outrossim: agora surgiu para aí uma notícia que denuncia o militar que quer ser Presidente: também tem, para associar às suas já conhecidas e elevadas qualidades de ajustador da democracia dele, um negociozinho que não quer assumir como seu. Se no futuro próximo tivermos o garboso almirante como presidente e o homem das empresas de Espinho como chefe do Governo, vamos ter representantes institucionais e pêras, com um Governo que cairá de maduro para entretenga do partido fascista. O original supera sempre a cópia. Depois dos recentes exemplos estrangeiros, em que lugares de grande relevância são ocupados por gente com tamanha qualidade política e moral, tudo é possível.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Fernando J. B. Martinho

Morreu o homem que melhor percebeu a poesia contemporânea. Estudou os poetas do nosso tempo. Foi um dos esforçados especialistas na Obra de Fernando Pessoa. Um homem bom, generoso, alheio a espaventosas ribaltas. Publicou, nas Edições tinta-da-china, textos seus, e também crítica e ensaio na imprensa, e comentou obra dos poetas que admirava.

Foi um dos convidados MUITO CÁ DE CASA, empreendimento da Casa Da Cultura | Setúbal, para falar de um livro escrito por Helder Moura Pereira, publicado pela Assírio & Alvim. Trato simpático e transbordante conhecimento. Quando morre uma pessoa que sabe tanto, ficamos com uma sensação de vazio estranha. Perdemos muito. É justo dizermos que ficamos mais pobres. Muito obrigado, Fernando J. B. Martinho. Foi bom conhecê-lo e viver no seu tempo.

Leitão e o futuro

Diz que é ministro de não sei o quê e chama-se Leitão qualquer coisa. Parece que teve um trabalhão do caraças para impedir mais imigrantes de virem trabalhar para cá. Os empresários que pedem mais malta lá de fora devem ter ficado encantados com as declarações deste Leitão ministro. 

Mas ele avançou confiante na revelação da correcção das políticas socialistas que deixaram cá entrar gente em excesso. Isto estava uma rebaldaria. Só querem é trabalhar. Ainda se viessem investir criando empresas com futuro assegurado, ou participar na Web Summit, vá.

Como o fascista arruaceiro líder do partido com nome de medicamento para as dores reumáticas  diz que é candidato a primeiro-ministro, se lá chegar pode já contar com o Leitão para ministro das Corporações e do Ultramar. O homem tem talento. Diz as maiores inanidades com ar sério de estadista. O que esta criatura tem aprendido com o trauliteiro do partido com nome de medicamento para as dores reumáticas. Estudou melhor a cartilha fascista do que outros correligionários daquele partido de vigaristas de bairro. Ele e Ventura podem muito bem desempenhar um papel importante num futuro governo que pretenda isolar-nos do mundo das pessoas normais, respeitáveis, e aliar-nos aos Trumps, Musks e Vances desta vida. O egoísmo e a estupidez mais rasca ficam-lhes tão bem.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Esterco em delírio

Claro que estamos em registo de metáfora. O esterco não pode entrar em delírio. O esterco não tem cérebro e como tal não tem maneira de governar a economia que decide as finanças do mundo. Perdoem a ousadia, mas não consigo perceber Trump e Musk sem os associar a esterco humano. Lixo que fede e não se recomenda. Musk começa a dar sinais de querer sair do lamaçal. O motivo não é altruísta. É egoísta. Musk está a perder muito do que é a sua razão de viver:
ganhar dinheiro. Musk é um escroque que está a ganhar menos dinheiro e só isso o move para ter atitudes. Perder dinheiro é derrota pessoal. E isso é para ele de uma gravidade assustadora.

O alarve da Tesla que veio à Europa apoiar os seus colegas nazis alemães, está agora preocupado com as baixas nas vendas do objecto que por aí circula. Aquela trampa circula menos e ainda bem. Musk quer ir para o terreno. Para as vendas. Quer sair daquela casa assombrada. Os ratos são os primeiros a abandonar o navio. Lamento a maldade, mas desejo ardentemente que os escroques que dominam a economia egoísta se devorem uns aos outros como animais selvagens. Eles não são outra coisa. Animais predadores sem desculpa. Era suposto terem um cérebro. Sim, têm um, mas usam-no em delírio manipulador. Puta que os pariu.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Análise política ao debate

O líder do partido fascista causa-me uma tal repulsa que me recuso a comentar seja o que for sobre o que ele diz. O que diz um energúmeno não se comenta, combate-se. O resto é conversa de chacha.

Análise política ao debate

Paulo Raimundo foi decente e assertivo. Montenegro foi reaccionário e cretino. Lá veio com a "ilusão ideológica" como se o que ele faz não fosse ideologia. Montenegro instalou na política uma ideologia unipessoal desastrosa que vai manter uma crise de ingovernabilidade, e os seus correligionários estão a deixá-lo à solta. Ingénuos? Idiotas? Montenegro é um ser humano deplorável. Teve neste debate o seu momento Ventura. Cunha Vaz fez a instrução com eficácia. Um escroque bem pago sabe auxiliar outro. Os eleitores de Montenegro vejam bem o que estão a fazer. Tenham juízo. Juízo, é pedir muito?

Design de comunicação


Da série Grandes Capas.

O monte de esterco que envergonha e arrasa os EUA é protagonista em todos os suportes. Provavelmente é essa a sua intenção. O monte de esterco fede desde os tempos dos concursos televisivos em que era famoso só por aparecer a despedir pessoas. É seu divertimento preferido, e talvez único, desde esse tempo. Mas agora instalou o brinquedo na Casa Branca. É a partir daí que a destruição se dá.
As imagens foram retiradas do blogue do meu amigo José Simões, com a devida vénia: https://derterrorist.blogs.sapo.pt/

domingo, 6 de abril de 2025

Terra da fraternidade

Grândola mudou muito desde aquele dia em que José Afonso se emocionou na sociedade "Música Velha". Existem hoje estruturas culturais de grande qualidade de apoio à fruição de reisentes e de quem por lá passa. Os arquitectos Pedro Domingos e Pedro Matos Gameiro são os autores do projecto da Biblioteca e Arquivo Municipal. Trabalho notável. Este lugar instalou na cidade a centralidade cultural e de lazer.


Ontem, 5 de março, sábado, houve o lançamento de um livro importante e abriram duas exposições: "Dentro de ti, ó cidade", fotografias dos dias que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, da autoria de José Carlos Nascimento, e os "Grafismos em Liberdade", cartazes impressos depois de Abril, e que nos informaram e animaram os dias de procura de toda a informação até aí ocultada. Estes cartazes estão ali graças ao trabalho de recolha e manutenção do Arquivo Ephemera e da Biblioteca Silva. Agradecemos aos seus mentores, respectivamente José Pacheco Pereira e Jorge Silva. E agradecemos a António Figueira Mendes, presidente do Município, e a Carina Batista, vereadora da Cultura, esta oportunidade de mostrarmos o esforço de tanta gente.

Antes destas aberturas assistimos ao lançamento do livro "CADEIA DE CAXIAS, a repressão fascista e a luta pela liberdade". Livro que dá a conhecer os cerca de 10 000 homens e mulheres que a PIDE encerrou nesta cadeia entre 1936 e 1974. O livro tem 778 páginas. Passando os óculos rapidamente por todos estes nomes, dou com as lentes em dois amigos que por lá passaram: José Afonso e Carlos Oliveira Santos. Achei curiosa a designação profissional. Carlos Oliveira Santos aparece como estudante. Certo. E José Afonso como Agente de Promoção Artística. Curiosa profissão, mas que designa actividade perturbadora. Está certo, também. Intervenções dos dirigentes da URAP — Edgar Costa, Álvaro Pato e David Geraldes —, de uma comoção contagiante.

Entrecortadamente ouvimos cantares alentejanos. O "Grupo Coral Vila Morena" fez a ligação entre as várias actividades. Tarde repleta de brilho e de emoções. Muito obrigado, Grândola.


Os novos monstros

Putin, Trump, Netanyahu, Nuno Melo, Milei, todos têm uma linguagem de tasca rasca que já nos era estranha. Habituámo-nos a algum nível na linguagem dos políticos. Mas tudo mudou.

A linguagem corporal revela o convencimento de que são seres ungidos por um qualquer deus fora de prazo. A vaidade é incomensurável. São ridículos, é certo, mas convencidos de que são os maiores, os mais iluminados. São sexistas, racistas, homofóbicos, xenófobos. São reaccionários que, para além da linguagem tosca e da imagem apatetada, têm como missão a conquista. Querem ser grandes outra vez, seja lá isto o que for. Querem mandar em toda a gente, desprezando toda a gente. Trump vai ao leme. É um destes ungidos que até pinguins quer castigar com as leis dos homens. Mas todos têm ímpetos de conquistadores. Querem conquistar tudo o que a vista alcança. O mal-amanhado boneco da playmobil que manda na Argentina quer partir para a reconquista. Embrulhem-se as Malvinas. Esta gente não pode ver nada. Putin e Trump atiram o pau ao ar, e depois há os paus-mandados que ficam deslumbrados com tanto talento político. São todos uns notáveis escroques, em manobras de convencimento de inenarráveis imbecis. São os novos praticantes do catecismo fascista. Essa é que é essa.


sexta-feira, 4 de abril de 2025

José Afonso escolheu uma colectividade popular de Grândola para interpretar a Fraternidade. Escreveu e cantou "Grândola, Vila morena". Fê-lo numa viagem, num navio, depois de um convívio com os seus amigos de Grândola. Com a escolha da canção para senha da revolução que nos livrou do regime corrupto fascista de Salazar e Caetano, o militar de Abril Almada Contreiras colocou Grândola nas bocas do mundo livre.

O projecto ILUSTRAR A FRATERNIDADE pretende colocar no mapa da contemporaneidade a ideia de sermos fraternos também a partir da imagem, da ilustração, da fotografia, do cartoon. Neste sábado, dia 5 de Abril, vamos abrir a primeira proposta com a exposição GRAFISMOS EM LIBERDADE. Oitenta cartazes ilustram a actividade de artistas gráficos e muitos outros curiosos das coisas visuais. As paredes foram inundadas de cores e formas diferentes das que habitualmente eram divulgadas. A liberdade estava a passar por aqui, como disse a cantar Sérgio Godinho.
Estas imagens que agora estão à nossa frente testemunham um tempo extraordinário em que fomos gente que importa. E estamos aqui porque continuamos a insistir nessa ideia. José Afonso, sempre José Afonso, disse um dia, em entrevista a Viriato Teles, no «Se7e», em novembro de 1985: “O que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a criar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! (…) Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente, pá!”.
A exposição está montada. Abre este sábado, às seis e meia da tarde. E dia 3 de Maio vou conversar com José Pacheco Pereira, Ana Nogueira e Jorge Silva. Apareçam por Grândola. Pela fraternidade. Faz falta.



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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Ilustrar a Fraternidade


É uma iniciativa que vai ser desenvolvida em Grândola, organizada pela Câmara Municipal. Três exposições, com debates e oficina educacional. A iniciativa nasce no próximo dia 5, sábado, com a abertura da exposição GRAFISMOS EM LIBERDADE. Vamos mostrar os cartazes que inundaram o nosso olhar logo depois de 25 de Abril de 1974. A liberdade instalou-se nas tipografias com as cores e as imagens que nos revelaram o novo tempo que se propunha de mudança. A mudança deu-se graças à nossa atitude. A nossa vida mudou. Estes cartazes contam essa história. Pertencem ao arquivo Ephemera, que José Pacheco Pereira dirige, e à coleção que Jorge Silva também está a arquivar e classificar. Duas prestações valiosas que vão ser mostradas nas paredes da Biblioteca e Arquivo Municipal de Grândola. Grândola, terra da fraternidade, merece que se festeje a Liberdade e a Inteligência. Os artistas gráficos de Abril merecem este reconhecimento. Seja bem vindo, quem vier por bem.

ILUSTRAR A FRATERNIDADE inclui três exposições, que vão permitir debater e desenvolver ideias visualmente. GRAFISMOS EM LIBERDADE é a primeira das três exposições. Seguem-se OLHARES DO ANDARILHO, que reflete sobre o design das capas dos discos de José Afonso, em Maio, ESTES HUMANOS SÃO LOUCOS, exposição de trabalhos de André Carrilho, projetados para o livro Dicionário da Invisibilidade. Figuras solidárias, marcantes na sociedade, que não merecem esquecimento. As oficinas OLHAR A FRATERNIDADE serão orientadas por Ana Nogueira, e nos debates participarão entre outros José Pacheco Pereira, Jorge Silva, Ana Nogueira, Mamadou Ba, Henrique Cayatte, Ana Palma, Rosa Azevedo, José Falcão. É preciso falar sobre as coisas que aconteceram e que acontecem. É preciso olhar e ver. É a pensar com alegria, coragem e rigor intelectual que queremos viver. 

terça-feira, 1 de abril de 2025

De betão

Montenegro favoreceu uma empresa em negócio com uma Câmara Municipal para quem trabalhava? O negócio metia betão, dizem as notícias. Ora, o betão não segura tudo. Montenegro estremece, mas não desiste. Há quem ache que não há aqui nada de mal. É verdade: nada disto é ilegal, mas é irreal.

Os deputados que aprovaram uma moção de confiança ao governo dirigido por este notável homem de negócios manhosos, ainda considera que ele pode ser primeiro-ministro de um país civilizado da Europa? Não é das Américas que falamos — a latina e a do norte —, é da Europa em que queremos viver. Se o Partido (dito) Social Democrata insistir na criatura para o lugar de primeiro-ministro, ficamos a saber que para o dito partido não há exigências éticas. Qualquer videirinho serve. Até se podem aliar sem complexos aos vigaristas encartados do partido fascista que está mortinho por ter uma oportunidade para mitigar a democracia. Sem democracia é mais fácil ter negócios e poder político em simultâneo.

segunda-feira, 31 de março de 2025

O céu de Ana Nogueira


O céu de Ana Nogueira não tem anjos nem querubins. Tem gente e chão. Tem atitude e vontade de a expandir. Mostro aqui algumas imagens que testemunham a curiosidade motivada. Bons momentos de convívio regados pelo melhor vinho e animados pela melhor atitude: a da curiosidade intelectual. Foi uma ideia proposta por nós — DDLX — à Biblioteca Camões, do Largo do Calhariz, ali mesmo a dois passos do largo com o nome do poeta. Beleza e rigor autoral em grada
dose. Para recordação no futuro editámos dois postais com imagens diferentes, mas com o texto que escrevinhei impresso nas costas. Não tenciono justificar nem explicar nada. Isso não sei fazer. Faço uma abordagem paralela — pela escrita — a um trabalho que me fascina a cada mostra. Surpresa assente em linguagem própria. Aqui está ele, logo a seguir ao do senhor Bachelard, que esta coisa das hierarquias é para cumprir:

"Como ter acesso à intimidade do contraste? É preciso, em cada objeto, reavivar algumas primitivas ambivalências, aumentar mais a monstruosidade das surpresas, é preciso aproximar, até que elas se toquem, a mentira e a verdade". [Gaston Bachelard]
"A proximidade da verdade indicia o contraste. É preciso perceber a mentira, as razões que levam ao dislate, para percebermos as razões do que queremos atingir. É preciso ter acesso à intimidade do contraste, como defende Bachelard. É preciso reavivar memórias, procurar o que se conheceu, para que a verdade nos surpreenda e fique esclarecida a agressão da mentira. A surpresa nem sempre corresponde ao que definimos como prazer ou sorte, mas é nessa ambivalência que insistimos em exercer a resistência que nos anima contra a mentira que brota e agride.
Os desenhos de Ana Nogueira são como raspamentos que encetam uma procura. Uma vontade de descobrir a verdade que se esconde, ou foge, ou que se limita a estar ali discretamente. Discreta é a verdade. Ousada é a mentira. Ousemos contrariá-la. A verdade vem sempre à tona? Fazemos por isso. Insistimos em trabalhar nesse patamar escorregadio. É nesse terreno que se situa o trabalho de Ana Nogueira. Os desenhos da Ana estão aí a denunciar o céu que esconde a tempestade. É bom olhar para eles. Percebemos melhor onde a verdade pode ser encontrada. É o que eu acho. Bom olhar. [José Teófilo Duarte]
Fotografais: João Barata/CML

O rei vai nu. E então?!

Hernâni Dias, o tal governante que tinha negócios que comprometiam obviamente o seu desempenho no governo, vai ser candidato a deputado pela nova AD, já limpa do PPM. Pelos vistos era o partido fadista marialva o maior empecilho. Luís Montenegro, o primeiro-ministro com mais furos do que um passador, também vai a votos, mas com a intenção de circular de imediato para o palacete de São Bento. Isto tudo acontece sem problemas de maior. É o novo normal. Actualmente, qualquer desconfiança em relação a comportamentos passa directamente de problema a estratégia de marketing promocional. Parece que entrámos definitivamente na lógica do "Salve-se quem puder, de preferência o melhor possível". O rei vai nu, sem medo nem vergonha.

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sábado, 29 de março de 2025

Receituário

Está a passar na RTP 2. Tão bom.

CANTADEIRAS - Carta em Branco 2024
Intérprete: Helena Caldeira
Produção: Diana Almeida
Texto: Helena Caldeira
Música: Samuel Martins Coelho

Nota da Produção:

Cantadeiras é o projeto vencedor do concurso Carta em Branco 2024 promovido pela RTP, o qual tem como objetivo apoiar a produção e criação teatrais

Cantadeiras traz-nos um emocionante monólogo com texto, encenação e interpretação de Helena Caldeira. Esta obra teatral é uma jornada profunda que mergulha nas histórias e tradições das mulheres camponesas do Alentejo e promete transportar o público para um universo de memórias e vivências que marcaram a infância de Helena, originária de Montemor.
Helena Caldeira, com a sensibilidade e olhar atento de quem cresce imersa nas histórias e práticas do Alentejo, traz a palco um espetáculo multidisciplinar que explora o legado das mulheres alentejanas e as suas tradições, através de uma fusão única entre o texto dramático e o canto tradicional.

Carta em Branco é um projeto que junta a RTP2 e a RTP Palco e que visa contribuir para um aumento do acesso de artistas emergentes e novas companhias de teatro a meios de produção fundamentais, promover o espaço da pesquisa nos processos de produção e criação teatral, bem como promover e incentivar a criação de novas dramaturgias e a ampliação de públicos.