para todos que não vivem na bolha do twitter, no meu close friends do instagram e em outros universos paralelos, olivia rodrigo lançou seu segundo álbum “guts” (entranhas).
teoricamente, não é necessário ninguém explicar sobre o que o álbum é. mas aparentemente arte gosta de alugar triplex na minha mente.
o primeiro álbum da olivia foi bem… polêmico. com o sucesso de drivers license, olivia não teve um crescimento gradual como muitos artistas, ela saiu de lives do instagram para uma turnê de ingressos esgotados. o que é bem… surpreendente mas totalmente não rotineiro.
fico me imaginando, é como se saísse do tumblr com esses posts aleatórios direto pro primeiro lugar de livro mais vendido para o new york times em alguns meses. loucura pura.
e guts, vem contando com a composição tão vulnerável de olivia, que assume todos os sentimentos mais honestos que a gente geralmente guarda, como a raiva tão interna, as recaídas, inveja e outros sentimentos que a gente guarda pro nosso diário e twitter privado, não para algo público com milhões de pessoas ouvindo, no repeat.
é corajoso no mínimo, expor tudo isso e permitir que as pessoas critiquem como quiserem, permitir que eles interpretem como quiserem os detalhes da sua vida.
como alguém com um diário atualizado e sentimentos de sobra, não consigo me ver fazendo algo como isso. acho olivia corajosa por não só escrever sobre isso, mas sobre não se acovardar e sumir do mundo da música, como eu faria.
eu vivo no meu mundo interno, com milhares de ideias, universos detalhados e planos mirabolantes, mas tal lugar fica trancafiado e apenas pequenas fagulhas escapam do fogo criativo que fica queimando lá dentro.
infelizmente, quanto mais eu cresço, mais difícil é conter tantos sonhos no guarda roupa. e me sinto pessoalmente desafiada com alguém como olivia que tem muito mais olhos olhando pra ela do que eu e meus 10 amigos que leem o que eu escrevo.
vulnerabilidade é assustadora. a realidade é barulhenta e tão cruel. não é a primeira vez que eu me vejo nesse lugar. tenho um post sobre deixar a porta aberta e novamente me vejo nesse lugar, segurando a maçaneta e pensando se estou pronta para permitir que me vejam.
maldita arte que transborda e não se contenta em ser admirada em silêncio.
arte parece não se dar por satisfeita e nem completa se não compartilhada. e para ser compartilhada tem um preço a ser pago.
a vulnerabilidade e o medo de como as pessoas vão reagir é bem palpável, mas qual a graça de viver a vida trancafiada? qual a graça de viver presa? a liberdade é uma coisa, né?
é assim que eu quero viver na minha vida adulta? com medo e me sentindo covarde, com medo da opinião dos outros?
honestamente, não. mas como me falta coragem para finalmente colocar as coisas em exposição. minha mãe sempre me lembra “quem não é visto, não é lembrado.” e fora do contexto social e todas as outras críticas que eu posso falar em outro dia. o problema é, eu quero sim ser lembrada. talvez não por um milhão de pessoas e por gerações além da minha. mas por alguns.
e apesar de muito resistir, pra isso, eu preciso mostrar as minhas entranhas.
não quero viver o resto da minha vida presa ao medo. se até Deus nos fez pra ser livre, quem sou eu pra voltar a colocar algemas nos pulsos?
talvez eu não seja capaz de viver o sonho adolescente idealizado, mas posso viver uma vida que não tenho arrependimentos. uma vida a qual eu sinto orgulho de ter vivido, mesmo que não perfeita. sendo assim, it’s time to spill my guts.
[eu gravei um vídeo reagindo a guts caso vocês tenham curiosidade de assistir :) ]