Florestas Costeiras da Bahia
As Florestas Costeiras da Bahia compreendem uma ecorregião no domínio da Mata Atlântica definida pelo WWF que se estende por toda a costa do sul da Bahia até o norte do Espírito Santo. Trata-se de um centro de endemismo, com inúmeras espécies correndo risco de extinção, como o pau-brasil, o mico-leão-de-cara-dourada e a preguiça-de-coleira. Fazem parte de um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo, visto que restam apenas 5% de remanescentes da Mata Atlântica.[2]
Florestas Costeiras da Bahia | |
Vista do Parque Nacional do Monte Pascoal, na Bahia. | |
Bioma | mata atlântica, floresta tropical |
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Largura | 100-200km |
Área | 109.815km² |
Países | Brasil |
Localização da ecorregião das Florestas Costeiras da Bahia segundo o WWF.
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Características
editarNesta região, a fitofisionomia predominante é a floresta ombrófila densa, com formações de restinga e manguezais no litoral.[3] Nas regiões florestais, as árvores podem alcançar até 35m de altura.[2] É notável a semelhança de muitos trechos dessa floresta, principalmente no Espírito Santo, com a Floresta Amazônica: tais florestas são conhecidas por "Mata de Tabuleiro", que é uma floresta estacional semidecidual com uma grande quantidade de lianas.[3][4][5] O clima é quente e úmido com precipitação anual média entre 1200 e 1800mm, com um eventual período seco de maio a setembro na porção sul da ecorregião.[2]
Biodiversidade
editarÉ um dos mais importantes centros de endemismo na Mata Atlântica e com uma rica biodiversidade. A região possui 12 espécies de primatas, o que representa 60% das espécies da Mata Atlântica: entre eles estão os populares mico-leão-de-cara-dourada e o macaco-prego-do-peito-amarelo.[3][4] A diversidade de aves é tamanha, que nela existem 50% das espécies endêmicas da Mata Atlântica.[4] Em Una, foi constatado o maior número de espécies vegetais por hectare.[carece de fontes]
Conservação
editarA região, principalmente a Mesorregião do Sul Baiano, é um dos maiores produtores de cacau, que por ser muitas vezes plantado em meio ao sub-bosque da floresta, não foi tão nocivo à biodiversidade, pois não convertia grandes trechos de floresta em monoculturas.[4] Mas mesmo assim, entre 2 a 7% da cobertura original ainda persiste, a maior parte em propriedades particulares, o que dificulta a preservação dos remanescentes de floresta: o sul da Bahia possui um mosaico de unidades de conservação que somam cerca de 500km² e a Reserva Biológica de Sooretama e a Reserva Natural Vale somam 440km² no Espírito Santo.[4] A importância biológica dessa ecorregião somada com seu alto grau de devastação torna prioritária a criação de corredores ecológicos. De fato, é proposto a criação de um corredor que abrangerá cerca de 86.000km², o Corredor Central da Mata Atlântica, ligando os principais remanescentes de floresta do sul da Bahia e do Espírito Santo.[4][2][3]
Referências
- ↑ Ostroski, Piera; Saiter, Felipe Zamborlini; Amorim, André Márcio; Fiaschi, Pedro (2018). «Endemic angiosperms in Bahia Coastal Forests, Brazil: an update using a newly delimited area». Biota Neotropica. 18 (4). ISSN 1676-0603. doi:10.1590/1676-0611-bn-2018-0544
- ↑ a b c d Cardoso-Silva, J.M. «South America: Along the Atlantic Coast of Southeastern and Southern Brazil» (em inglês). WWF. Consultado em 2 de julho de 2015
- ↑ a b c d Brasil. Ministério do Meio Ambiente (2006). O Corredor Central da Mata Atlântica: Uma Nova Escala de Conservação da Biodiversidade (PDF). Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, Conservação Internacional, SOS Mata Atlântica. 46 páginas. ISBN 85-7738-014-9. Consultado em 2 de julho de 2015
- ↑ a b c d e f Aguiar, Alexandre Pires; Chiarello, Adriano Garcia; Mendes, Sérgio Lucena; Matos, Eloina Neri de (2005). «Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas». In: Galindo-Leal, C.; Câmara, I.G. Os Corredores Central e da Serra do Mar na Mata Atlântica Brasileira. (PDF). Belo Horizonte: SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional. pp. 119–132. ISBN 85-98946-02-8
- ↑ Thomas, Wm. Wayt; Amorim, André M. «Northeastern Atlantic Coastal Forest Project». New York Botanical Garden. Consultado em 2 de julho de 2015
Bibliografia
editar- Dean, Warren (1997). A ferro e fogo a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras. ISBN 9788571645905
- Martini, Adriana Maria Zanforlin; Fiaschi, Pedro; Amorim, André M.; Paixão, José Lima da (2007). «A hot-point within a hot-spot: a high diversity site in Brazil's Atlantic Forest». Biodiversity and Conservation (em inglês). 16 (11): 3111–3128. ISSN 1572-9710. doi:10.1007/s10531-007-9166-6
- Sambuichi, Regina Helena Rosa (2006). «Estrutura e dinâmica do componente arbóreo em área de cabruca na região cacaueira do sul da Bahia, Brasil». Acta Botanica Brasilica. 20 (4): 943–954. ISSN 0102-3306. doi:10.1590/S0102-33062006000400018
- Mori, Scott A.; Boom, Brian M.; Carvalho, André M.; Santos, Talmón S. (1983). «Southern Bahian Moist Forests». The Botanical Review (em inglês). 49 (2): 155–232. ISSN 1874-9372. doi:10.1007/BF02861011
- Veloso, Henrique P (1946). «A vegetação no município de Ilhéus, Estado da Bahia: I - estudo sinecológico das áreas de pesquisas sôbre a febre amarela silvestre realizado pelo S. E. P. F. A». Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 44 (1): 13–103. ISSN 0074-0276. doi:10.1590/S0074-02761946000100002