II. Arte & o Eu Negro
Processo criativo: “se a mão livre do negro tocar na argila, o que é que vai nascer?" 1. Meus últimos três Vintes de Novembro foram tristonhos, céticos, carregados de paranoias existenciais. O fato de ser uma pessoa preta perante olhos alheios por vezes foi assustadora. Uma vez, Baldwin disse que é praticamente impossível diferenciar a ofensa imaginária da ofensa real. Para mim, James Baldwin (americano, preto, gay, romancista, ensaísta, dramaturgo, comunicador) é um dos maiores gênios do último século. Talvez seja falta de subsídio literário, mas a verdade é que eu nunca vi outro autor negro capaz de dialogar tão diretamente com - talvez você - o indivíduo branco. Ainda não vi prosa tão direta, inflamada, cristalina; tão poética, rica, imagética. Sentia que, com sua língua rápida, chicote, além de denúncias genuínas sobre o mundo que o cercava, ele foi mais fundo e prestou um sensível serviço diplomático entre ambas as partes, brancos e pretos. Por isso fiquei especialment...