101 - Solucoes-Analise - Real - 1-Elon-Lages-Lima

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Exercı́cio 3.

31:

Propriedade 30. Sejam A ⊂ R não vazio limitado e c ∈ R, então

1. c ≤ sup(A) ⇔ ∀ ε > 0 ∃ x ∈ A tal que c − ε < x.

2. c ≥ inf (A) ⇔ ∀ ε > 0 ∃ x ∈ A tal que c + ε > x.

Demonstração. 1. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c − ε < sup(A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse x ∈ A tal que
c − ε < x então c − ε seria cota superior menor que o supremo, o que é absurdo, contraria o fato do supremo
ser a menor das cotas superiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c > sup(A), poderı́amos tomar c − sup(A) = ε daı́ c − c + sup(A) =
sup(A) < x o que é absurdo.

2. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c + ε < inf (A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse x ∈ A tal que c + ε > x
então c + ε seria cota superior menor que o ı́nfimo, o que é absurdo, contraria o fato do ı́nfimo ser a menor
das cotas inferiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c < inf (A), poderı́amos tomar inf (A) − c = ε daı́ x < c + inf (A) − c =
inf (A) o que é absurdo.

100
Exercı́cio 3.32:

Exemplo 11. Seja A = { n1 | n ∈ N } . Mostre que inf A = 0. Sabemos que 0 é uma cota inferior, agora vamos
mostrar que 0 é a menor delas. Dado 0 < x, x não pode ser cota inferior, pois existe n natural tal que n1 < x, logo
0 é o ı́nfimo.

101
Exercı́cio 3.33:

Propriedade 31. Se A é limitado inferiormente e B ⊂ A então inf (A) ≤ inf (B).


Demonstração. inf A é cota inferior de A, logo também é cota inferior de B, sendo cota inferior de B vale inf A ≤
inf B, pois inf B é a maior cota inferior de B.

Propriedade 32. Se A é limitado superiormente e B ⊂ A então sup(A) ≥ sup(B).


Demonstração. Toda cota superior de A é cota superior de B, logo o sup(A) é cota superior de B, como sup(B) é
a menor das cotas superiores de B segue que sup(A) ≥ sup(B).

Corolário 4. Se A e B são conjuntos limitados com B ⊂ A então vale sup(A) ≥ sup(B) ≥ inf (B) ≥ inf (A) pois
temos sup(A) ≥ sup(B) e inf (A) ≤ inf (B), tendo ainda que sup(B) ≥ inf (B).

102
Exercı́cio 3.31:

Propriedade 33. Sejam A ⊂ R não vazio limitado e c ∈ R, então

1. c ≤ sup(A) ⇔ ∀ ε > 0 ∃ x ∈ A tal que c − ε < x.

2. c ≥ inf (A) ⇔ ∀ ε > 0 ∃ x ∈ A tal que c + ε > x.

Demonstração. 1. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c − ε < sup(A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse x ∈ A tal que
c − ε < x então c − ε seria cota superior menor que o supremo, o que é absurdo, contraria o fato do supremo
ser a menor das cotas superiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c > sup(A), poderı́amos tomar c − sup(A) = ε daı́ c − c + sup(A) =
sup(A) < x o que é absurdo.

2. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c + ε < inf (A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse x ∈ A tal que c + ε > x
então c + ε seria cota superior menor que o ı́nfimo, o que é absurdo, contraria o fato do ı́nfimo ser a menor
das cotas inferiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c < inf (A), poderı́amos tomar inf (A) − c = ε daı́ x < c + inf (A) − c =
inf (A) o que é absurdo.

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Exercı́cio 3.32:

Exemplo 12. Seja A = { n1 | n ∈ N } . Mostre que inf A = 0. Sabemos que 0 é uma cota inferior, agora vamos
mostrar que 0 é a menor delas. Dado 0 < x, x não pode ser cota inferior, pois existe n natural tal que n1 < x, logo
0 é o ı́nfimo.

104
Exercı́cio 3.33:

Propriedade 34. Se A é limitado inferiormente e B ⊂ A então inf (A) ≤ inf (B).


Demonstração. inf A é cota inferior de A, logo também é cota inferior de B, sendo cota inferior de B vale inf A ≤
inf B, pois inf B é a maior cota inferior de B.

Propriedade 35. Se A é limitado superiormente e B ⊂ A então sup(A) ≥ sup(B).


Demonstração. Toda cota superior de A é cota superior de B, logo o sup(A) é cota superior de B, como sup(B) é
a menor das cotas superiores de B segue que sup(A) ≥ sup(B).

Corolário 5. Se A e B são conjuntos limitados com B ⊂ A então vale sup(A) ≥ sup(B) ≥ inf (B) ≥ inf (A) pois
temos sup(A) ≥ sup(B) e inf (A) ≤ inf (B), tendo ainda que sup(B) ≥ inf (B).

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Exercı́cio 3.34:

Propriedade 36. Sejam A, B ⊂ R tais que para todo x ∈ A e todo y ∈ B se tenha x ≤ y. Então sup A ≤ inf B.
Demonstração. Todo y ∈ B é cota superior de A, logo sup A ≤ y para cada y pois sup A é a menor das cotas
superiores, essa relação implica que sup A é cota inferior de B logo sup A ≤ inf B, pois inf B é a maior cota inferior.

Propriedade 37. sup A = inf B ⇔ para todo ε > 0 dado , existam x ∈ A e y ∈ B com y − x < ε.
Demonstração. ⇐, usamos a contrapositiva. Não podemos ter inf B < sup A pela propriedade anterior, então
temos forçosamente que inf B > sup A, tomamos então ε = inf B − sup A > 0 e temos y − x ≥ ε para todo x ∈ A
e y ∈ B pois y ≥ inf B e sup A ≥ x de onde segue −x ≥ − sup A, somando esta desigualdade com a de y tem-se
y − x ≥ inf B − sup A = ε.
⇒ , Se sup A = inf B. Então sendo para qualquer ε > 0, sup A − 2ε não é cota superior de A, pois é menor que
o sup A (que é a menor cota superior), da mesma maneira inf A + 2ε não é cota inferior de B, então existem x ∈ A
e y ∈ B tais que
ε ε
sup A − < x ≤ sup A = inf B ≤ y < inf B +
2 2
ε ε
inf B − < x ≤ y < inf B +
2 2
de onde segue inf B − 2ε < x, −x < 2ε − inf B e y < inf B + 2ε somando ambas tem-se y − x < ε.

106
Exercı́cio 3.35:

Propriedade 38. Se c > 0 então sup(c.A) = c. sup A.


Demonstração. Seja a = sup A. Para todo x ∈ A tem-se x ≤ a, de onde segue cx ≤ ca, assim ca é cota superior
de cA. Seja d tal que d < ca então dc < a logo dc não é cota superior de A, implicando a existência de pelo menos
um x tal que dc < x, d < cx de onde segue que d não é cota superior de cA, assim ca é a menor cota superior de
cA logo o supremo.

Propriedade 39. Se c > 0, inf cA = c inf A.


Demonstração. Seja a = inf A, então vale a ≤ x para todo x, multiplicando por c segue ca ≤ cx de onde concluı́mos
que ca é cota inferior de cA. Seja d tal que ca < d, então a < dc , implicando que dc não é cota inferior de A assim
existe x ∈ A tal que x < dc ⇒ cx < d, logo d não é cota inferior de cA, implicando que c.a é a maior cota inferior,
logo o ı́nfimo do conjunto.

Propriedade 40. Se c < 0 então inf(cA) = c sup A.

Demonstração. Seja a = sup A . Tem-se x ≤ a para todo x ∈ A, multiplicando por c segue cx ≥ ca para todo
x ∈ A. Então ca é uma cota inferior de cA. Se d > ca tem-se dc < a como a é supremo, isso significa que existe
x ∈ A tal que dc < x logo d > cx, assim esse d não é cota inferior, implicando que ca é a menor cota inferior, então
ı́nfimo do conjunto.

A questão 35 segue da próxima propriedade com c = −1.

Propriedade 41. Se c < 0 então sup(cA) = c inf A.


Demonstração. Seja b = inf A então vale b ≤ x para todo x ∈ A, multiplicando por c segue cb ≥ cx assim cb é cota
superior de cA. Agora tome d tal que cb > d segue b < dc , como b é ı́nfimo existe x ∈ A tal que x < dc , cx > d
assim esse d não pode ser cota superior de cA, então cb é a menor cota superior, logo o ı́nfimo.

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Exercı́cio 3.37:

Item I
Sejam A, B ⊂ R, conjuntos limitados .
Propriedade 42. O conjunto A + B = {x + y | x ∈ A, y ∈ B} também é limitado.

Demonstração. Se A é limitado , existe t tal que |x| < t para todo x ∈ A e se B é limitado existe u tal que |y| < u
∀y ∈ B. Somando as desigualdades e usando desigualdade triangular segue |x|+|y| < u+t e |x+y| ≤ |x|+|y| < u+t
logo o conjunto A + B é limitado.

Item II
Propriedade 43 (Propriedade aditiva). Vale sup(A + B) = sup(A) + sup(B).

Demonstração. Como A, B são limitidados superiomente, temos sup A := a e sup B := b, como vale a ≥ x e b ≥ y
para todos x, y ∈ A, B respectivamente segue que a + b ≥ x + y logo o conjunto A + B é limitado superiormente.
Para todo e qualquer ε > 0 existem x, y tais que
ε ε
a<x+ , b<y+
2 2
somando ambas desigualdades-segue-se que
a+b<x+y+ε
que mostra que a + b é a menor cota superior, logo o supremo, fica valendo então

sup(A + B) = sup(A) + sup(B).

Item III
Propriedade 44. inf(A + B) = inf A + inf B.

Demonstração. Sejam a = inf A e b = inf B então ∀x, y ∈ A, B tem-se a ≤ x, b ≤ y de onde segue por adição
a + b ≤ x + y, assim a + b é cota inferior de A + B. ∃x, y ∈ A, B tal que ∀ε > 0 vale x < a + 2ε e y < b + 2ε pois a
e b são as maiores cotas inferiores, somando os termos das desigualdades segue x + y < a + b + ε, que implica que
a + b é a maior cota inferior logo o ı́nfimo.

108
Exercı́cio 3.38:

Definição 3 (Função limitada). Seja A ⊂ R, f : A → R é dita limitada quando o conjunto f (A) = {f (x) | x ∈
A}, se f (A) é limitado superiormente então dizemos que f é limitada superiormente e caso f (A) seja limitado
inferiormente dizemos que A é limitado inferiormente.
Seja uma função limitada f : V → R.
Definição 4.
sup f := sup f (V ) = sup{f (x) | x ∈ V }
Definição 5.
inf f := inf f (V ) = inf{f (x) | x ∈ V }
Propriedade 45. A função soma de duas funções limitadas é limitada.
Demonstração. Vale |f (x)| ≤ M1 e |g(x)| ≤ M2 ∀x ∈ A então

|f (x) + g(x)| ≤ |f (x)| + |g(x)| ≤ M1 + M2 = M

portando a função soma f + g de duas funções limitadas é também uma função limitada.

Sejam f, g : V → R funções limitadas e c ∈ R.


Propriedade 46.
sup(f + g) ≤ sup f + sup g.
Demonstração. Sejam

A = {f (x) | x ∈ V }, B = {g(y) | y ∈ V }, C = {g(x) + f (x) | x ∈ V }

temos que C ⊂ A + B, pois basta tomar x = y nos conjuntos, logo

sup(A + B) ≥ sup(f + g)

sup(A) + sup(B) = sup f + sup g ≥ sup(f + g)

Propriedade 47.
inf(f + g) ≥ inf(f ) + inf(g).
Demonstração. De C ⊂ A + B segue tomando o ı́nfimo

inf(A + B) = inf(A) + inf(B) = inf(f ) + inf(g) ≤ inf(C) = inf(f + g).

Exemplo 13. Sejam f, g : [0, 1] → R dadas por f (x) = x e g(x) = −x

• Vale sup f = 1, sup g = 0, f + g = 0 logo sup(f + g) = 0 vale então

sup f + sup g = 1 > sup(f + g) = 0.

• Temos ainda inf f = 0, inf g = −1, f + g = 0, inf (f + g) = 0 logo

inf f + inf g = −1 < inf(f + g) = 0.

As desigualdades estritas também valem se consideramos as funções definidas em [−1, 1], nesse caso sup f +sup g =
2 e inf f + inf g = −2 e sup(f + g) = 0 = inf(f + g).

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Exercı́cio 3.39:

Definição 6. Sejam A e B conjuntos não vazios, definimos A.B = {x.y | x ∈ A, y ∈ B}.


Propriedade 48. Sejam A e B conjuntos limitados de números positivos, então vale sup(A.B) = sup(A). sup(B).

Demonstração. Sejam a = sup(A) e b = sup(B) então valem x ≤ a e y ≤ b, ∀x ∈ A, y ∈ B daı́ x.y ≤ a.b, logo
a.b é cota superior de A.B. Tomando t < a.b segue que at < b logo existe y ∈ B tal que at < y daı́ yt < a logo
existe x ∈ A tal que yt < x logo t < x.y então t não pode ser uma cota superior, implicando que a.b é o supremo
do conjunto.

Propriedade 49. Sejam A e B conjuntos limitados de números positivos, então vale inf(A.B) = inf(A). inf(B).
Demonstração. Sejam a = inf(A) e b = inf(B) então valem x ≥ a e y ≥ b, ∀x ∈ A, y ∈ B daı́ x.y ≥ a.b, logo a.b é
cota inferior de A.B. Tomando t > a.b segue que at > b logo existe y ∈ B tal que at > y daı́ yt > a logo existe x ∈ A
tal que yt > x logo t < x.y então t não pode ser uma cota inferior, implicando que a.b é o ı́nfimo do conjunto.

110
Exercı́cio 3.40:

Propriedade 50. Sejam f, g : A → R funções limitadas então f.g : A → R é limitada.


Demonstração. Vale que |f (x)| < M1 e |g(x)| < M2 então |f (x)g(x)| < M1 M2 = M ∀ x ∈ A , portanto f.g : A → R
é limitada.

Propriedade 51. Sejam f, g : A → R+ limitadas superiormente, então

sup(f.g) ≤ sup(f ) sup(g).

Demonstração. Sejam C = {g(x).f (x) | x ∈ A} , B = {g(y). | y ∈ A} e A = {f (x) | x ∈ A} . Vale que C ⊂ A.B


para ver isso basta tomar x = y nas definições acima, daı́

sup(A.B) ≥ sup(C)

sup(A) sup(B) ≥ sup(C)


sup(f ) sup(g) ≥ sup(f.g).

Propriedade 52. Sejam f, g : A → R+ limitadas inferiormente, então

inf(f.g) ≥ inf(f ) inf(g).

Demonstração. Sejam C = {g(x).f (x) | x ∈ A} , B = {g(y). | y ∈ A} e A = {f (x) | x ∈ A} . Vale que C ⊂ A.B,


daı́
inf(A.B) ≤ inf(C)
inf(A) inf(B) ≤ inf(C)
inf(f ) inf(g) ≤ inf(f.g).

Exemplo 14. Sejam f, g : [1, 2] → R dadas por f (x) = x e g(x) = x1 , vale sup f = 2, sup g = 1 sup f. sup g = 2 e
sup(f.g) = 1, pois f.g = 1 logo
sup f sup g > sup(f.g).
1 1
Da mesma maneira inf f = 1, inf g = 2 vale inf f. inf g = 2 e inf(f.g) = 1 portanto

inf f. inf g < inf(f.g).

Propriedade 53. Seja f : A → R+ limitada superiormente então sup(f 2 ) = (sup f )2 .

Demonstração. Seja a = sup f tem-se √ f (x) ≤ a ∀x daı́ f (x)2 ≤ a2√então a2 é cota superior de f 2 , e é a menor
cota superior pois se 0 < c < a2 então c < a logo existe x tal que c < f (x) < a e daı́ c < f (x)2 < a2 logo a2 é
a menor cota superior sup(f 2 ) = sup(f )2 .

Propriedade 54. Seja f : A → R+ então inf(f 2 ) = (inf f )2 .

√ f (x) ≥ a ∀x daı́ f (x) ≥ a então


2 2 2 2
Demonstração. Seja a = inf f tem-se √ a é cota2 inferior 2de f , e é a 2maior cota
2
inferior pois se a < c então a < c logo existe x tal que a < f (x) < c e daı́ a < f (x) < c logo a é a maior
cota inferior inf(f 2 ) = inf(f )2 .

111
Exercı́cio 3.42:

Teorema 1 (Teorema das raı́zes racionais). Se o polinômio



n
f (x) = ak xk
k=0
r
de coeficientes inteiros, tem uma raiz racional x = s tal que mdc(r, s) = 1 então s|an e r|a0 .
r

n
Demonstração. Se x = s é raiz de f (x) = ak xk , então temos
k=0
( ) ∑n ( )k
r r
f = ak =0
s s
k=0
n
multiplicando por s em ambos os lados temos

n
ak rk .sn−k = 0
k=0


n
como s|0 então s| ak rk .sn−k , na soma s não aparece como fator apenas quando n − k = 0, n = k, logo
k=0
abrindo o limite superior do somatório temos

n−1 ∑
n−1
ak rk .sn−k + an rn .sn−n = ak rk .sn−k + an rn = 0
k=0 k=0

daı́ s deve dividir an r , como s é primo com r implica que também é primo com rn , portanto s deve dividir an .
n
∑n
Pelo mesmo argumento, temos que r|0 logo r deve dividir ak rk .sn−k , como o único fator onde r não aparece é
k=0
quando k = 0, abrimos o limite inferior do somatório

n ∑
n
a0 r0 .sn−0 + ak rk .sn−k = a0 .sn + ak rk .sn−k = 0
k=1 k=1
n n
logo r deve dividir a0 .s , mas como r é primo com s , ele deve dividir a0 .


n
Corolário 6. Se o polinômio de coeficientes inteiros ak xk possui raı́zes racionais então elas devem pertencer
k=0
ao conjunto
p
A = { | p|a0 q|an }.
q

n
Corolário 7. Se an = 1 em um polinômio de coeficientes inteiros P (x) = ak xk então suas raı́zes racionais
k=0
devem ser inteiras, pois
p
| p|a0 q|1}
A={
q
então q = 1 ou q = −1, e de qualquer forma implica que as soluções são da forma x = p para algum p ∈ Z. Então
, nessas condições, as raı́zes do polinômio P (x) são inteiras ou irracionais.
Propriedade 55. Seja P (x) = √ xn − a, a > 0 ∈ Z, se a não é n-ésima potência de um número natural então a
única raiz positiva de P , que é n a , é irracional.
Demonstração. Como P possui coeficiente an = 1 então ele possui raiz irracional ou inteira, se a raiz positiva m
fosse inteira (logo natural) terı́amos mn − a = 0 e daı́ a = mn é potência
√ de um número natural, o que contraria a
hipótese de a não ser n-ésima potência de um número natural, logo n a é irracional.

112
Exercı́cio 3.43:

Propriedade 56. Sejam I um intervalo não degenerado e k > 1 natural. O conjunto A = { kmn ∈ I | m, n ∈ Z} é
denso em I.

Demonstração. Dado ε > 0 existe n ∈ N tal que k n > 1ε , daı́ os intervalos [ kmn , m+1
kn ] tem comprimento kn − kn =
m+1 m
1
kn < ε.
Existe um menor inteiro m + 1 tal que x + ε ≤ m+1 kn daı́ kn ∈ (x − ε, x + ε) pois se fosse x + ε < kn iria contrariar
m m

a minimalidade de m + 1 e se fosse kn < x − ε então [ kn , kn ] teria comprimento maior do que de (x − ε, x + ε),


m m m+1

que é ε, uma contradição com a suposição feita anteriormente.

113
Exercı́cio 3.44:

Propriedade 57. O conjunto dos polinômios com coeficientes racionais é enumerável.


Demonstração. Seja Pn o conjunto dos polinômios com coeficientes racionais de grau ≤ n a função f : Pn → Qn+1
tal que

n
P( ak xk ) = (ak )n1
k=0
n+1
é uma bijeção. Como Q é enumerável por ser produto cartesiano finito de conjuntos enumeráveis, segue que Pn
é enumerável.
Sendo A o conjunto dos polinômios de coeficientes racionais, vale que


A= Pk
k=1

portanto A é união enumerável de conjuntos enumeráveis , sendo assim A é enumerável.

Definição 7 (Número algébrico). Um número real (complexo) x é dito algébrico quando é raiz de um polinômio
com coeficientes inteiros.

Propriedade 58. O conjunto dos números algébricos é enumerável.

1. Enumeramos A = {P1 , P2 , · · · , Pn , · · · }, o conjunto dos polinômios com coeficientes inteiros, definimos Bk como
conjunto das raı́zes reais de fk , então vale que


B= Bk
k=1

como cada Bk é finito B fica sendo união enumerável de conjuntos finitos, então B é enumerável.

2. Seja B o conjunto dos algébricos e A o conjunto dos polinômios com coeficientes inteiros. Para cada algébrico
x escolhemos um polinômio Px tal que Px (x) = 0.
Definimos a função f : B → A tal que F (x) = Px . Dado Px ∈ F (B), temos que o conjunto g −1 (Px ) dos valores
x ∈ B tal que f (x) = Px é finito pois Px possui um número finito de raı́zes e daı́ tem-se
|{z}
=y


B= g −1 (y)
y∈f (B)

logo B é união enumerável de conjuntos enumeráveis ( no caso finitos), então B é enumerável.

Corolário 8. Existem números reais que não são algébricos, pois se todos fossem algébricos R seria enumerável.

Definição 8 (Números transcendentes). Os números reais que não são algébricos são ditos transcendentais
b
Propriedade 59. O conjunto dos números algébricos é denso em R, pois todo racional é algébrico, o racional a
é raiz do polinômio com coeficientes inteiros
ax − b = P (x)
ax − b = 0 ⇔ ax = b ⇔ x = ab . E Q é denso em R.

114
Exercı́cio 3.45:

Propriedade 60. Seja A enumerável e B = R \ A, então para cada intervalo (a, b), (a, b) ∩ B é não enumerável,
em especial B é denso em R.
Com esse resultado garantimos que o complementar de um conjunto enumerável é denso em R.
Demonstração. Sabemos que (a, b) é não enumerável, escrevemos

(a, b) = [(a, b) ∩ A] ∪ [(a, b) ∩ (R \ A)] = [(a, b) ∩ A] ∪ [(a, b) ∩ B],

sabemos que (a, b) ∩ A é enumerável se (a, b) ∩ B também o fosse, chegarı́amos no absurdo de (a, b) ser enumerável,
por ser união finita de conjuntos enumeráveis , portanto (a, b) ∩ B é não enumerável e B é denso em R.

Exemplo 15. Um conjunto pode não ser enumerável e também não ser denso em R, como (a, b).

115
Exercı́cio 3.46:

Corolário 9. O conjunto T dos números transcedentais é não enumerável e denso em R. Pois A o conjunto dos
números algébricos é enumerável, T = R \ A, como complementar dos números algébricos T é não enumerável e
denso em R.

116
Exercı́cio 3.47:

Propriedade 61. Seja L|K uma extensão de corpo. Se α, β ∈ L são algébricos sobre K, então α ± β, α.β e α
β
com β ̸= 0 são algébricos sobre K, Desse modo

{α ∈ L|α é algébrico sobre K}

é um subcorpo de L que contém K.


Demonstração. Seja δ ∈ {α ± β, α.β αβ β ̸= 0} então δ ∈ K(α, β) e K ⊂ K(δ) ⊂ K(α, β)). Vamos mostrar que
[K(α, β) : K] < ∞.
Sejam f , g ∈ K[x] os polinômios mı́nimos de α e β sobre K, com graus m e n respectivamente temos que

[K(α) : K] = m, [K(β) : K] = n.

f (x) ∈ k(x) ⊂ K(β)[x] é tal que f (α) = 0, logo α é algébrico sobre K(β), sendo P o polinômio mı́nimo de α
sobre K(β) de grau s, ele divide f (x) em K(β)[x] logo s ≤ m, portanto [K(β)(α) : K(β)] = s ≤ m o grau é finito
e a extensão total [K(α, β) : K] = sn é finita por multiplicatividade dos graus. Como a extensão [K(α, β) : K] é
finita ela é algébrica.
Definição 9 (Fecho algébrico de Q). Consideremos a extensão de corpos C|Q. Chamamos de fecho algébrico de
Q ao subcorpo Q de C definido por

Q = {α ∈ C, α é algébrico sobre Q}

Q é realmente corpo pela propriedade anterior. O conjunto dos números algébricos é um corpo.

117
Exercı́cio 3.48:

Exemplo 16. Sendo Ak = [k, ∞) temos uma sequência de intervalos que são conjuntos fechados porém a interseção


Ak = A
k=1

é vazia, pois suponha que exista t ∈ A, daı́ existe k > t e t ∈


/ [k, ∞) = Ak logo não pode pertencer a interseção te
todos esses conjuntos.
Da mesma maneira existe uma sequência decrescente de intervalos abertos limitados com interseção vazia, sendo
Bk = (0, k1 )
∩∞
Bk = B
k=1
1
B é vazio, pois se houvesse um elemento nele x > 0, conseguimos k tal que k < x daı́ x não pertence ao intervalo
(0, k1 ) = Bk portanto não pode pertencer a interseção.

118
Exercı́cio 3.49:

Propriedade 62. Sejam B ⊂ A não vazios, A limitado superiormente, se ∀x ∈ A existe y ∈ B tal que y ≥ x
então sup(B) = sup(A).

Demonstração. B é limitado superiormente pois está contido em um conjunto limitado e vale que sup(A) ≥ sup(B),
pois B ⊂ A, suponha que fosse c = sup(A) > sup(B), então tomando ε = sup(A) − sup(B) > 0, existe x ∈ A tal
que x > c − ε = sup(A) − sup(A) + sup(B) = sup(B), por hipótese existe y ≥ x > sup(B) com y ∈ B, o que é
absurdo, pois não pode existir um elemento maior que o supremo.

Propriedade 63. Sejam B ⊂ A não vazios, A limitado inferiormente, se ∀x ∈ A existe y ∈ B tal que y ≤ x então
inf (B) = inf (A).
Demonstração. B é limitado inferiormente pois está contido em um conjunto limitado e vale que inf (A) ≤ inf (B),
pois B ⊂ A, suponha que fosse c = inf (A) < inf (B), então tomando ε = inf (B) − inf (A) > 0, existe x ∈ A tal
que x < c + ε = inf (A) − sup(A) + inf (B) = inf (B), por hipótese existe y ≤ x < inf (B) com y ∈ B, o que é
absurdo, pois não pode existir um elemento menor que o ı́nfimo.

119
Exercı́cio 3.50:

Definição 10 (Corte de Dedekind). Um corte de Dedekind é um par ordenado (A, B) onde A, B ∈ Q não vazios,
tais que A não possui máximo, A ∪ B = Q e ∀ x ∈ A, y ∈ B vale x < y.
Seja C o conjunto dos cortes de Dedekind.
Propriedade 64. Em (A, B) vale sup(A) = inf (B).

Demonstração. Já sabemos que vale sup(A) ≤ inf (B), pois ∀ x ∈ A, y ∈ B vale x < y implica sup(A) < y
e sup(A) ser cota inferior implica sup(A) ≤ inf (B), suponha por absurdo que fosse sup(A) < inf (B), então o
intervalo (sup(A), inf (B)) não possui valores x ∈ A, pois se não x > sup(A), nem y ∈ B pois daı́ y < inf (B), mas
como existem racionais em tal intervalo, pois Q é denso e A ∪ B = Q, chegamos em um absurdo.

Propriedade 65. Existe bijeção entre R e C o conjunto dos cortes.

Demonstração. Definimos f : C → R como f (A, B) = sup(A) = inf (B).

• f é injetora, suponha f (A, B) = f (A′ , B ′ ) então sup(A) = inf (B) = sup(A′ ) = inf (B ′ ).
Dado x ∈ A vamos mostrar que x ∈ A′ .

x < sup(A′ ) = inf (B ′ ) ≤ y ′ , ∀ y ′ ∈ B ′ , daı́ x ∈ A′

a inclusão A′ ⊂ A é análoga. Então vale A = A′ .

• Dado y ∈ B, vamos mostrar que y ∈ B ′ .

x′ < sup(A) < inf (B ′ ) ≤ y

com isso y ∈ B ′ . De maneira similar, B ′ ⊂ B portanto B = B ′ . Como vale B = B ′ e A = A′ então a função


é injetiva.
• A função é sobrejetiva. Para qualquer y ∈ R, tomamos os conjuntos (−∞, y) ∩ Q = A e B = [y, ∞) ∩ Q, A
não possui máximo, para todo x ∈ A e y ∈ B tem-se y > x e Q = [(−∞, y) ∩ Q] ∪ [ [y, ∞) ∩ Q], além disso
vale sup(A) = y = inf (B), portanto f (A, B) = y e a função é sobrejetora, logo sendo também injetora f é
bijeção.

120
Exercı́cio 3.51:
Sejam X, Y conjuntos não-vazios e f : X × Y → R uma função limitada. Para cada x0 ∈ X e cada y0 ∈ Y ,
definimos s1 (x0 ) = sup{f (x0 , y); y ∈ Y } e s2 (y0 ) = sup{f (x, y0 ); x ∈ X}. Isto define funções s1 : X → R e
s2 : Y → R. Prove que se tem supx∈X s1 (x) = supy∈Y s2 (y). Em, outras palavras,
supx [supy f (x, y)] = supy [supx f (x, y)].

Primeiramente, verificaremos que supx∈X s1 (x) ∈ R. De fato, se {s1 (x); x ∈ X} fosse ilimitado superiormente,
deverı́mos ter que f é ilimitada superiormente. Pois, neste caso, dado A > 0 existiria x0 ∈ X tal que
A + 1 < s1 (x0 ),
também existiria, pois s1 (x0 ) = sup{f (x0 , y); y ∈ Y }, y0 ∈ Y tal que
s1 (x0 ) − 1 < f (x0 , y0 )
e, consequentemente, terı́amos que
A < f (x0 , y0 ).
Assim, concluirı́amos que f é ilimitada superiormente. Um absurdo.
De forma análoga, mostra-se que supy∈Y s2 (y) ∈ R.
Provaremos que
supx∈X s1 (x) = sup(x,y)∈X×Y f (x, y).
Seja ε > 0 arbitrário. Temos que existe x0 ∈ X tal que
ε
supx∈X s1 (x) − < s1 (x0 ).
2
Além disso, como s1 (x0 ) = sup{f (x0 , y); y ∈ Y }, temos que existe y0 ∈ Y tal que
ε
s1 (x0 ) − < f (x0 , y0 ).
2
Então, segue das inequações acima, que
supx∈X s1 (x) − ε < f (x0 , y0 ) 6 sup(x,y)∈X×Y f (x, y)
E, como ε > 0 é arbitrário, conclui-se que
supx∈X s1 (x) 6 sup(x,y)∈X×Y f (x, y).
Novamente, tomamos ε > 0 arbitrário. Existe (x0 , y0 ) ∈ X × Y tal que
sup(x,y)∈X×Y f (x, y) − ε < f (x0 , y0 ).
Como s1 (x0 ) = sup{f (x0 , y); y ∈ Y }, devemos ter que
sup(x,y)∈X×Y f (x, y) − ε < f (x0 , y0 ) 6 s1 (x0 ) 6 supx∈X s1 (x).
E, pela arbitrariedade de ε > 0, concluı́mos que
sup(x,y)∈X×Y f (x, y) 6 supx∈X s1 (x).
Portanto, temos que
supx∈X s1 (x) = sup(x,y)∈X×Y f (x, y).
De forma análoga, demonstra-se que
supy∈Y s2 (y) = sup(x,y)∈X×Y f (x, y).
De onde concluı́mos que
supx∈X s1 (x) = supy∈Y s2 (y).

121
Exercı́cio 3.52:
Enuncie e demonstre um resultado análogo ao anterior com inf ao invés de sup. Considere, em seguida, o caso
“misto” e prove que
supy [infx f (x, y)] = infx [supy f (x, y)].

Definimos funções i1 : X → R e i2 : Y → R por i1 (x0 ) = inf{f (x0 , y); y ∈ Y } e i2 (y0 ) = inf{f (x, y0 ); x ∈ X}.
Provaremos que
infx∈X i1 (x) = infy∈Y i2 (y),
ou, equivalentemente,
infx∈X [infy∈Y f (x, y)] = infy∈Y [infx∈X f (x, y)].
Primeiramente, verificaremos que infx∈X i1 (x) ∈ R. De fato, se {i1 (x); x ∈ X} fosse ilimitado inferiormente,
deverı́mos ter que f é ilimitada inferiormente. Pois, neste caso, dado A > 0 existiria x0 ∈ X tal que

i1 (x0 ) < −A − 1,

também existiria, pois i1 (x0 ) = inf{f (x0 , y); y ∈ Y }, y0 ∈ Y tal que

f (x0 , y0 ) < i1 (x0 ) + 1

e, consequentemente, terı́amos que


f (x0 , y0 ) < −A.
Assim, concluirı́amos que f é ilimitada inferiormente. Um absurdo.
De forma análoga, mostra-se que infy∈Y i2 (y) ∈ R.
Provaremos que
infx∈X i1 (x) = inf(x,y)∈X×Y f (x, y).
Seja ε > 0 arbitrário. Temos que existe x0 ∈ X tal que
ε
i1 (x0 ) < infx∈X i1 (x) + .
2
Além disso, como i1 (x0 ) = inf{f (x0 , y); y ∈ Y }, temos que existe y0 ∈ Y tal que
ε
f (x0 , y0 ) < i1 (x0 ) + .
2
Então, segue das inequações acima, que

inf(x,y)∈X×Y f (x, y) 6 f (x0 , y0 ) < infx∈X i1 (x) + ε

E, como ε > 0 é arbitrário, conclui-se que

inf(x,y)∈X×Y f (x, y) 6 infx∈X i1 (x).

Novamente, tomamos ε > 0 arbitrário. Existe (x0 , y0 ) ∈ X × Y tal que

f (x0 , y0 ) < inf(x,y)∈X×Y f (x, y) + ε.

Como i1 (x0 ) = inf{f (x0 , y); y ∈ Y }, devemos ter que

infx∈X i1 (x) 6 i1 (x0 ) 6 f (x0 , y0 ) < inf(x,y)∈X×Y f (x, y) + ε.

E, pela arbitrariedade de ε > 0, concluı́mos que

infx∈X i1 (x) 6 inf(x,y)∈X×Y f (x, y).

Portanto, temos que


infx∈X s1 (x) = inf(x,y)∈X×Y f (x, y).

122
De forma análoga, demonstra-se que

infy∈Y i2 (y) = inf(x,y)∈X×Y f (x, y).

De onde concluı́mos que


infx∈X i1 (x) = supy∈Y i2 (y).
Agora, provaremos a desigualdade

supy [infx f (x, y)] 6 infx [supy f (x, y)].

Sejam
I := {infx∈X f (x, y) | y ∈ Y }
e
S := {supy∈Y f (x, y) | x ∈ X}.
Dados elementos arbitrários infx∈X f (x, y0 ) em I e supy∈Y f (x0 , y) de S, temos que

infx∈X f (x, y0 ) 6 f (x0 , y0 ) 6 supy∈Y f (x0 , y).

Assim, pelo resultado do exercı́cio 3.34, temos que

supy [infx f (x, y)] = sup(I) 6 inf(S) = infx [supy f (x, y)].

Por fim, um exemplo onde ocorre a desigualdade estrita. Sejam X = {x1 , x2 }, Y = {y1 , y2 } e f : X × Y → R
definido por f (x1 , y1 ) = f (x2 , y2 ) = 2 e f (x1 , y2 ) = f (x2 , y1 ) = 1. Assim, temos que

supy∈Y f (x1 , y) = supy∈Y f (x2 , y) = 2

e
infx∈X f (x, y1 ) = infx∈X f (x, y2 ) = 1.
Portanto,
supy [infx f (x, y)] = 1 < 2 = infx [infy f (x, y)].

123
Exercı́cio 3.53:
Sejam x e y números reais positivos. Prove que se tem
√ x+y
xy 6 .
2

Temos que √ √
( x − y)2 > 0.
Logo,

x − 2 xy + y > 0
e, portanto,
x+y √
> xy.
2

124
Exercı́cio 3.54:
A desigualdade entre a média aritmética e a média geométrica, vista no exercı́cio anterior, vale para n números

reais positivos x1 , x2 , ..., xn . Sejam G = n x1 x2 . . . xn e A = x1 +x2 +···+x
n
n
. Para provar a desigualdade no caso
geral, considere a operação que consiste em substituir o menor dos números dados, digamos xi e o maior deles,
digamos xj , respectivamente por x′i = iG j e x′j = G. Isto não altera a média geométrica e, quanto à aritmética,
x x

ela não aumenta, pois, como é fácil ver, x′i + x′j 6 xi + xj . Prove que, repetida a operação no máximo n vezes,
obtemos n números todos iguais à G e, portanto, sua média aritmética é G. Como em cada operação a média

aritmética não aumentou, conclua que G 6 A, ou seja, n x1 x2 . . . xn 6 x1 +x2 +···+x
n
n
.

Provaremos, por indução em k = 0, 1, . . . , n, que se exatamente n − k termos da sequência x1 ,...,xn são iguais
à G, então G 6 A.
Para k = 0, temos que
x1 + x2 + · · · + xn nG
A= = = G,
n n
como querı́amos.
Suponhamos que exatamente n − k termos da sequência x1 ,...,xn são iguais à G, para k > 0. Sejam xi e xj ,
respectivamente, elementos de maior e menor valor da sequência em questão. Desta forma temos que

xi < G < xj .

De fato, temos que


xni 6 x1 x2 . . . xn 6 xnj ,
e, consequentemente,
xi 6 G 6 xj .
Assim, como k > 0, devemos ter que xi < G 6 xj ou xi 6 G < xj . Se tivéssemos xi < G = xj , então

Gn = x1 x2 . . . xn 6 (xj )n−1 xi < Gn .

Absurdo. Da mesma forma, não podemos ter xi = G < xj . Portanto, devemos ter, de fato xi < G < xj . Adiante,
consideremos a sequência dada por 
 xp , p ̸= i, j
x′p =
xi xj
,p=i
 G
G , p = j.
Temos que
xi xj xi G
x′i + x′j = +G< + xj = xi + xj .
G G
Assim,
x′1 + x′2 + · · · + x′n x1 + x2 + · · · + xn
< .
n n
Também temos que √ √
G′ := n
x′1 x′2 . . . x′n = n x1 x2 . . . xn = G.
Concluı́mos daı́ que a sequência x′1 , x′2 , ... ,x′n possui no máximo k − 1 elementos diferentes de G′ = G. Pela
hipótese de indução, temos que
√ x′ + x′2 + · · · + x′n x1 + x2 + · · · + xn
G = G′ = n
x′1 x′2 . . . x′n 6 1 < = A.
n n
E o resultado segue por indução.

125
Exercı́cio 3.55:
Seja K um corpo ordenado e completo. Indique com 0′ e 1′ o zero e a unidade de K. Para cada n ∈ N, sejam

n′ = 1′ + ... + 1′ (n vezes) e (−n)′ = −n′ . Definamos uma função f : R → K pondo f ( pq ) = pq′ para todo pq ∈ Q e

para x irracional, seja f (x) = sup{ pq′ ∈ K; pq < x}. Prove que f é um homomorfismo sobrejetivo e conclua que f é
uma bijeção, ou seja, um isomorfismo de R sobre K.

A solução será dada em 11 passos:

(I) f (m + n) = f (m) + f (n) para todos n, m ∈ Z:

Provaremos a igualdade por indução em n ∈ N que f (m + n) = f (m) + f (n) e f (m − n) = f (m) + f (−n), para
todo m ∈ Z.
Temos que f é definido em Z indutivamente por f (m + 1) = f (m) + f (1) e f (−m − 1) = −f (m) − f (1), para
m ∈ N. Daı́ segue o resultado para n = 1.
Adiante, temos que

f (m + (n + 1)) = f ((m + 1) + n) = f (m + 1) + f (n) = f (m) + f (n) + f (1) = f (m) + f (n + 1).

E de forma análoga mostra-se que f (m − (n + 1)) = f (m) + f (−(n + 1)). E o resultado segue pelo PIF.

(II) f (mn) = f (m)f (n) para todos n, m ∈ Z:

Demonstração análoga à anterior.

(III) f (m) < f (n) ⇐⇒ m < n, para todos n, m ∈ Z:

Observemos que pela definição indutiva de f em N (i.e. f (n + 1) := f (n) + 1) e pelo fato de f (1) := 1′ > 0′ ,
temos que n ∈ Z com n > 0 implica f (n) > 0′ . E por f (−n) = −f (n) temos que se n ∈ Z com n < 0 então
f (n) < 0′ . Ou seja, n > 0 em Z se e somente se f (n) > 0′ .
Assim, temos que
f (m) < f (n) ⇐⇒ f (m) − f (n) < 0′
⇐⇒ f (m − n) < 0′
⇐⇒ m − n < 0′
⇐⇒ m < n.

(IV) f (s + t) = f (s) + f (t) para todos s, t ∈ Q:

Sejam s = p
q et= m
n com p, m ∈ Z e q, n ∈ N . Então, temos que

f (s + t) = f ( np+qm
qn )
f (np+qm)
= f (qn)
f (n)f (p)+f (q)f (m)
= f (q)f (n)
f (p) f (m)
= f (q) + f (n)
= f (s) + f (t).

(V) f (st) = f (s)f (t) para todos s, t ∈ Q:

Análoga à anterior.

(VI) f (s) < f (t) ⇐⇒ s < t, para todos s, t ∈ Q:

Sejam s = p
q et= m
n com p, m ∈ Z e q, n ∈ N . Então, temos que

f (s) < f (t) ⇐⇒ f (n)f (p) < f (q)f (m)


⇐⇒ f (np) < f (qm)
⇐⇒ np < qm
⇐⇒ s < t.

126
(VII) f (x) = sup{f (r); r 6 x, r ∈ Q} para todo x ∈ R:

Pela definição de f nos irracionais, basta provar a igualdade para x ∈ Q. De fato, por (IV) temos que
f (x) > sup{f (r); r 6 x, r ∈ Q}. E por outro lado, f (x) ∈ sup{f (r); r 6 x, r ∈ Q}. E saı́ segue o resultado.

(VIII) f é um homomorfismo:

De fato, temos, para quaisquer x, y ∈ R, que

f (x) + f (y) = sup{f (r); r 6 x, r ∈ Q} + sup{f (r); r 6 y, r ∈ Q}


= sup{f (r1 ) + f (r2 ); r1 6 x, r2 6 y e r1 , r2 ∈ Q} (pelo exercı́cio 3.37)
= sup{f (r); r 6 x + y, r ∈ Q} (por (IV))
= f (x + y).

Analogamente, prova-se que f (xy) = f (x)f (y) utilizando-se do exercı́cio 3.39 e do item (V).

(IX) f (x) < f (y) ⇐⇒ x < y, para todos x, y ∈ R:

Temos, por (VII), que


f (x) < f (y) ⇐⇒ ∃r ∈ Q, f (x) < f (r) 6 f (y)
⇐⇒ ∃r ∈ Q, x < r 6 y
⇐⇒ x < y.

(X) y = f (sup{r ∈ Q; f (r) 6 y}):

Seja x = sup{r ∈ Q; f (r) 6 y}. Observemos que x ∈ R pelo fato de K ser completo e ordenado (logo,
arquimediano). Então, pela escolha de x,

f (x) = sup{f (r); r 6 x, r ∈ Q} 6 y.

Por outro lado, se f (x) < y, haveria, novamente pela arquimedianeidade de K, r ∈ Q, tal que f (x) < f (r) < f (y).
Contradizendo a escolha de x.

(XI) f é bijetiva:

O item (IX) implica que f é injetiva e o item (X) implica que f é sobrejetiva.

127
Exercı́cio 3.56:
Seja f : R → R um isomorfismo de R em si mesmo. Prove que f = identidade. Conclua que se K e L são corpos
ordenados completos, existe um único isomorfismo de K sobre L.

Seja f : R → R um isomorfismo de corpos. Provaremos que f é igual a identidade IR : R → R.


Pelo exercı́cio 3.4, temos que f (0) = 0 e f (1) = 1.
Por indução em n ∈ N, segue que
f (n) = n = −f (−n).
E, assim, para q ∈ Z+ temos que
( ) ( ) ( )
q 1 1
1=f = f (q)f = qf .
q q q
( )
De onde concluı́mos que f 1
q = 1q . Portanto, para p ∈ Z, temos que
( ) ( )
p 1 p
f = f (p)f = .
q q q
Ou seja, f (r) = r para todo r ∈ Q.
Agora, observemos que se x > 0, então f (x) > 0. De fato, temos que
√ √ √
f (x) = f ( x x) = f ( x)2 > 0.
Seja x ∈ R. Provaremos que f (x) = x mostrando que para quaisquer r, s ∈ Q tais que
s<x<r
tem-se que
s < f (x) < r.
De fato, temos que
0<x−s
e
0<r−x
implicam que
0 < f (x − s) = f (x) − f (s) = f (x) − s
e
0 < f (r − x) = f (r) − f (x) = r − f (x)
pela observação do parágrafo anterior. Portanto, temos que
s < f (x) < r
e concluı́mos que
f (x) = x
para qualquer x ∈ R.
Provaremos agora que se K e L são corpos ordenados completos, existe um único isomorfismo entre K e L.
Pelo exercı́cio 3.55, temos que existem isomorfismos fK : R → K e fL : R → L. Desta forma, existe um
−1
isomorfismo φ = fL ◦ fK : K → L.
Suponhamos que ψ : K → L seja um isomorfismo de corpos. Provaremos que ψ = φ. De fato, como
fL−1 ◦ ψ −1 ◦ φ ◦ fK : R → R
é um isomorfismo, pelo que foi provado acima, temos que
−1
fK ◦ ψ −1 ◦ φ ◦ fK = IR .
Consequentemente,
ψ −1 ◦ φ = IK
e
ψ = φ.

128
Exercı́cio 3.57:
Verifique que f : R → (−1, 1), definida por f (x) = √ x
1+x2
, é uma bijeção de R no intervalo (−1, 1).

Seja g : (−1, 1) → R definida por


x
g(x) = √ .
1 − x2
Provaremos que g = f −1 .
Seja x ∈ (−1, 1). Então, ( )
f ◦ g(x) = f √ x
2
(1−x )
√ x
1−x2
= ( ( )2 ) 1
2
1+ √ x 2
( )
1−x

√ x
1−x2
= ( )1
x2 2
1+ 1−x
( 2
)
√ x
2
= ( √ 1−x )
1−x2 +x2

2
( 1−x)

√ x
2
= ( 1−x )
√ 1
1−x2

= x.
Seja x ∈ R. Então, ( )
g ◦ f (x) = g √ x
2
(1+x )
√ x
1+x2
= ( ( )2 ) 1
2
1− √ x 2
( )
1+x

√ x
1+x2
= ( )1
1+x2 −x2 2
( 1+x2 )
√ x
1+x2
= ( )
√ 1
1+x2

= x.
Portanto, g = f −1 .

129
Exercı́cio 3.58:
Um conjunto G de números reais chama-se grupo aditivo quando 0 ∈ G e x, y ∈ G ⇒ x − y ∈ G. Então,
x ∈ G ⇒ −x ∈ G e x, y ∈ G ⇒ x + y ∈ G. Seja então G ⊂ R um grupo aditivo de números reais. Indiquemos
com G+ o conjunto dos números reais pertencentes à G. Excetuando o caso trivial G = {0}, G+ é não-vazio.
Suponhamos pois G ̸= {0}. Prove que:
(i) Se infG+ = 0, então G é denso em R;
(ii) Se infG+ = a > 0, então a ∈ G+ e G = {0, ±a, ±2a, ...};
(iii) Conclua que, se α ∈ R é irracional, os números reais da forma m + nα com m, n ∈ Z constituem um
subconjunto denso em R.

(i)
Provaremos que dado um intervalo arbitrário (a, b) em R, existe g ∈ G e m ∈ Z tais que mg ∈ (a.b). Como
mg ∈ G (prova-se por indução em m), concluı́mos daı́ que G intercepta todo intervalo aberto em R. Logo, G é
denso em R.
Como infG+ = 0, temos que existe g ∈ G+ tal que
0 < g < b − a.
Assim, tomando-se m = min{n ∈ Z; a < ng}, teremos que
a < mg = (m − 1)g + g 6 a + g < a + (b − a) = b.
Logo, mg ∈ (a, b).
(ii)
Primeiramente, provaremos que a ∈ G. De fato, se a = infG+ ∈
/ G terı́amos que existiriam h e g ∈ G+ tais que
a < h < g < 2a.
Daı́
0<g−h<a
e, como g − h ∈ G, temos que
a = infG+ 6 g − h < a.
Uma contradição. Logo, a ∈ G.
Agora, provaremos que todo g ∈ G é da forma na para algum n ∈ Z. Seja n = max{n ∈ Z; na 6 g} e r = g −na.
Pela escolha de n, temos que
0 6 r < a.
Assim, como r = g − na ∈ G devemos ter que r = 0 pois, caso contrário, terı́amos que
a = infG+ 6 r < a.
Portanto, g = na.
(iii)
Seja
G := {m + nα; m, n ∈ Z}.
Temos que G é um grupo aditivo. Como G ̸= {0}, nos basta provar que a = infG+ = 0.
Suponhamos o contrário. Então a > 0 e, pelo item (ii), temos que
G = {0, ±a, ±2a, ...}.
Assim, como α ∈ G, temos que
a = kα ∈ R\Q.
Daı́, temos que
G = {0, ±a, ±2a, ...} ⊂ R\Q.
Mas, por outro lado,
G := {m + nα; m, n ∈ Z} ⊃ Z.
Uma contradição.

130
Exercı́cio 3.59:
Sejam f, g : R2 → R e ϕ, ψ : R3 → R as funções definidas por f (x, y) = 3x − y, g(x, y) = (x − 1)2 + (y + 1)2 − 9,
φ(x, y, z) = 3z e ψ(x, y, z) = x2 + y 2 − z. Interpretando (x, y) como as coordenadas cartesianas de um ponto
no plano R2 e (x, y, z) como as coordenadas de um ponto no espaço R3 , descreva geometricamente os conjuntos
f −1 (0), g −1 (0), φ−1 (0) e ψ −1 (0).

• f −1 (0) = {(x, y) ∈ R2 ; y = 3x}: uma reta;


• g −1 (0) = {(x, y) ∈ R2 ; (x − 1)2 + (y + 1)2 = 32 }: uma circunferência de raio 3 e centrada no ponto (1, −1);

• φ−1 (0) = {(x, y, z) ∈ R3 ; z = 0}: um plano;


• ψ −1 (0) = {(x, y, z) ∈ R3 ; z = x2 + y 2 }: dois cones.

131
Exercı́cio 3.60:
Seja a um número real positivo. Dado√um número racional p/q (onde p ∈ Z e q ∈ N), defina a potência de base a
e expoente racional p/q como ap/q = q ap . Prove:
(1) Para quaisquer r, s ∈ Q tem-se ar .as = ar+s e (ar )s = ars ;
(2) Para todo r ∈ Q+ , a função f : (0, +∞) → (0, +∞), dada por f (x) = xr , é uma bijeção crescente;
(3) A função g : Q → R definida por g(r) = ar (onde a é um número real positivo fixado) é crescente se a > 1, e
decrescente se 0 < a < 1.

(1)
Sejam r = p/q e s = p′ /q ′ , onde p e p′ ∈ Z e q e q ′ ∈ N. Temos que
p p′
ar as = a q a q′
pq ′ p′ q
′ q′ q
= a qq
√ a ′ qq√
qq ′ ′
= √ apq ap′ q

=
qq pq ′ p′ q
√a ′ a ′
qq ′
= apq +p q
pq ′ +p′ q
= a qq ′

p ′
+p
= a q q′
= ar+s
e
p p′
(ar )s = (a q q′
√ )√

= q ( q ap )p′
√ ′
qq ′
= app
pp′
= a qq′
= ars .
(2)
1
A função f tem inversa g : (0, +∞) → (0, +∞) dada por g(x) = x r . De fato, dado x ∈ (0, +∞), temos que
1
f ◦ g(x) = f (x r )
1
= (x r )r
= x1
= x.
e
g ◦ f (x) = g(xr )
1
= (xr ) r
= x1
= x.
Portanto, f é uma bijeção.
Dados x < y em (0, +∞), temos que
xp < y p
e, consequentemente,
r
f (x) = x
√q
= √xp
< q yp
= yr
= f (y).
Portanto, f é crescente.

132
(3)
pq ′ p′ q
Dados r = p/q e s = p′ /q ′ , onde p e p′ ∈ Z e q e q ′ ∈ N, com r < s. Então, r = qq ′ < qq ′ = s e,
consequentemente,
pq ′ < p′ q.
Caso a > 1, temos que
′ ′
pq ′ < p′ q ⇒ apq
√ < ′a qq√
pq
qq ′ ′
⇒ apq < ap′ q
′ ′
⇒ g( pq pq
qq ′ ) < g( qq ′ )
⇒ g(r) < g(s).
Concluı́mos daı́ que, g é crescente caso a > 1.
Caso 0 < a < 1, temos que
′ ′
pq ′ < p′ q ⇒ apq
√ > ′a qq√
pq
qq ′ ′
⇒ a >pq ap′ q
pq ′ p′ q
⇒ g( qq′ ) > g( qq′ )
⇒ g(r) > g(s).
Concluı́mos daı́ que, g é decrescente caso 0 < a < 1.

133
Capı́tulo 4

Sequências e Séries de Números Reais

134
Exercı́cio 4.1:
Se lim xn = a, então lim |xn | = |a|. Dê um contra-exemplo mostrando que a recı́proca é falsa, salvo quando a = 0.

Como lim xn = a, dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que

||xn | − |a|| ≤ |xn − a| < ε,

para todo n ≥ n0 . Logo, temos que


lim |xn | = |a|.
Temos que lim |xn | = |a| não implica que lim xn = a. Basta tomar xn = 1, para todo n ∈ N e a = −1.

135
Exercı́cio 4.2:
Seja lim xn = 0. Para cada n, ponha yn = min{|x1 |, |x2 |, ..., |xn |}. Prove que yn −→ 0.

Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que se n ≥ n0 , então |xn | < ε. Como |yn | = yn = min{|x1 |, ..., |xn |} ≤ |xn |, temos
que para n ≥ n0 , |yn | ≤ |xn | < ε. Logo,
lim yn = 0.

136
Exercı́cio 4.3:
Se lim x2n = a e lim x2n−1 = a, prove que lim xn = a.

Dado ε > 0, existem np , ni ∈ N tais que

n ≥ np ⇒ |x2n − a| < ε

e
n ≥ ni ⇒ |x2n−1 − a| < ε.
Tomemos n0 = max{2np , 2ni − 1}. Assim, para n ≥ n0 , temos

• Se n = 2k, então
2k = n ≥ n0 ≥ 2np .
Logo, k ≥ np e consequentemente
|xn − a| = |x2k − a| < ε.

• Se n = 2k − 1, então
2k − 1 = n ≥ n0 ≥ 2ni − 1.
Logo, k ≥ ni e consequentemente
|xn − a| = |x2k−1 − a| < ε.

Em ambos os casos, se n ≥ n0 , temos |xn − a| < ε. Logo, lim xn = a.

137
Exercı́cio 4.4:
Se N = N1 ∪ N2 ∪ ... ∪ Nk e lim xn = lim xn = ... = lim xn = a, então lim xn = a.
n∈N1 n∈N2 n∈Nk n∈N

Dado ε > 0, existem n1 , n2 , ..., nk ∈ N1 , N2 , ..., Nk tais que se n ∈ Ni com n ≥ ni , então |xn − a| < ε. Tomando
n0 = max{n1 , n2 , ..., nk }, temos que se n ≥ n0 , então n ≥ ni , para todo i = 1, .., k. Desta forma, |xn − a| < ε.
Portanto,
lim xn = a.

138
Exercı́cio 4.5:
Dê exemplo de uma sequência (xn ) e uma decomposição N = N1 ∪ N2 ∪ ... ∪ Nk ∪ ... de N como reunião de
uma infinidade de conjuntos infinitos tais que, para todo k, a sequência (xn )n∈Nk tenha limite a, mas não se tem
lim xn = a.

Seja k ∈ N. Definimos
Nk = {2k−1 .n ∈ N; n ∈ N, n é ı́mpar}.


Temos dessa definição que N = Nk . Assim, podemos definir
k=1

x: N → {
1, se n = 2k−1 para algum k .
n 7→ x(n) =
1/n, se n = 2k−1 m para algum m > 1.

Provemos que lim xn = 0. Dado ε > 0, existe p0 ∈ N tal que


1
< ε2k−1 .
3p0

Assim, se n = 2k−1 m ∈ Nk , com n ≥ n0 = 2k−1 3p0 , então


1 1
xn = ≤ k−1 p0 < ε.
2k−1 m 2 3
Logo, lim = 0. Por outro lado, lim x2k−1 = 1. Portanto, lim xn não existe.
n∈Nk n∈N

139
Exercı́cio 4.6:
Se lim xn = a e lim(xn − yn ) = 0, então lim yn é igual a a.

Dado ε > 0, existem n1 , n2 ∈ N tais que

n ≥ n1 ⇒ |xn − a| < ε/2

e
n ≥ n2 ⇒ |xn − yn | < ε/2.
Tomando n0 = max{n1 , n2 }, teremos que se n ≥ n0 , então

|yn − a| ≤ |xn − yn | + |xn − a| < ε.

Logo, lim yn = a.

140
Exercı́cio 4.7:
yn
Seja a ̸= 0. Se lim = 1, então lim yn é igual a a.
a

Sejam ε > 0 e a ̸= 0. Neste caso ε/|a| > 0. Assim, existe n0 ∈ N tal que
y
n ε
− 1 < ,
a |a|

ou seja,
|yn − a| < ε.
Logo, lim yn = a.

141
Exercı́cio 4.8:
xn a
Seja b ̸= 0. Se lim xn = a e lim = b, então lim yn = .
yn b

Pelo ı́tem 3 do Teorema 6, temos que


yn 1
lim = .
xn b
Pelo ı́tem 2 do mesmo teorema,
yn
lim yn = lim xn .
xn
yn
= lim xn . lim
xn
1 a
= a. = .
b b

142
Exercı́cio 4.9:
xn a
Seja b ̸= 0. Se lim xn = a e lim = b, então lim yn = .
yn b

Pelo ı́tem 3 do Teorema 6, temos que


yn 1
lim = .
xn b
Pelo ı́tem 2 do mesmo teorema,
yn
lim yn = lim xn .
xn
yn
= lim xn . lim
xn
1 a
= a. = .
b b

143
Exercı́cio 4.10:

Sejam k ∈ N e a > 0. Se a ≤ xn ≤ nk para todo n, então lim n x
n = 1.

Temos que √ √
n
lim a = lim n n = 1.
Assim,

n ( √ )k
lim nk = lim n n
( √ )k
= lim n n = 1k = 1.

Logo, lim xn = 1.

144
Exercı́cio 4.10:

Sejam k ∈ N e a > 0. Se a ≤ xn ≤ nk para todo n, então lim n x
n = 1.

Temos que √ √
n
lim a = lim n n = 1.
Assim,

n ( √ )k
lim nk = lim n n
( √ )k
= lim n n = 1k = 1.

Logo, lim xn = 1.

145
Exercı́cio 4.11:
Use a desigualdade entre as média aritmética e geométrica dos n + 1 números 1 − 1/n, 1 − 1/n, ..., 1 − 1/n, 1 e prove
que a sequência (1 − 1/n)n é crescente. Conclua que (1 − 1/n)n ≥ 1/4 para todo n > 1.

Pela desigualdade envolvendo a média aritmética e a média geométrica, temos que


( )
√( )n n 1
1
+1
1 n
n+1
1− .1 ≤
n n+1
√( )n
1 n 1
n+1
1− ≤ =1−
n n+1 n+1
( )n ( )n+1
1 1
1− ≤ 1− .
n n+1
Logo, a sequência (xn )n∈N dada por ( )n
1
xn = 1 −
n
é crescente. Daı́, para n ≥ 2, temos
( )2 ( )n
1 1 1
= 1− ≤ 1− .
4 2 n

146
Exercı́cio 4.11a:
Sejam xn = (1 + 1/n)n e yn = (1 − 1
n+1 )
n+1
. Mostre que lim xn yn = 1 e deduza daı́ que lim(1 − 1/n)n = e−1 .

Segue, pelas definições de xn e yn , que


( )n ( )n+1
1 1
xn yn = 1+ 1−
n n+1
( )n ( )n ( )
n n 1
= 1−
n+1 n+1 n+1
1
= 1− .
n+1
Logo,
1
lim xn yn = lim 1 − = 1.
n+1
Como lim xn = e, temos que
( )n
1
lim 1 − = lim yn1
n
= lim yn = e−1 .

147
Exercı́cio 4.12:
∑ i k−i−1
k−1 ∑ i/k 1−(i+1)/k
k−1
Fazendo yn = x1/k e b = a1/k na identidade y k −bk = (y−b) yb , obtenha x−a = (x1/k −a1/k ) x a
√i=0 √ r
i=0
r
e use isto para provar que se lim xn = a > 0, então lim n xn = a. Conclua daı́, que lim(xn ) = a para todo
n

racional r.

Fazendo y = x1/k e b = a1/k na identidade


k−1
y k − bk = (y − b) y i bk−i−1 ,
i=0

obtemos
i+1

k−1
1−
x − a = (x 1/k
−a 1/k
) xi/k
a k .
i=0

como lim xn = a > 0, existe c > 0 em e um nc ∈ N tal que para todo n ≥ nc , teremos

0 < c < xn .

Logo, para n ≥ nc temos que


i+1

k−1
1−
xn − a = (x1/k
n −a 1/k
) xi/k
n a
k
i=0

n −a
> (x1/k 1/k
).S,

onde
i+1

k−1
1−
S= ci/k a k > 0.
i=0

dado ε > 0, existe n1 ∈ N tal que para todo n ≥ n1 , temos

εS > |xn − a|.

Daı́, fazendo n0 = max{n1 , n2 }, temos que para todo n ≥ n0

εS > |xn − a| > |x1/k


n −a
1/k
|.S.

Logo,
n −a
ε > |x1/k 1/k
|
para n ≥ n0 . Concluimos daı́ que √

lim n
xn = n a.
p
Sendo r = , temos que
q

lim xp/q
n = lim( q p)

= (lim q xn )p

= ( q a)p = ap/q = ar .

148
Exercı́cio 4.14:


Propriedade 66. Seja a, b ≥ 0 e então lim n
an + bn = max{a, b}.
Demonstração. Seja c = max{a, b} então vale Vale an ≤ cn , bn ≤ cn e daı́ an + bn ≤ 2cn da mesma maneira
cn ≤ an + bn , pois c é a ou b, logo
cn ≤ an + bn ≤ 2cn
√ √
c ≤ an + bn ≤ 2 c
n n

tomando limites, temos pelo teorema do sanduı́che



n
lim an + bn = c.

Propriedade 67. Sejam (ak ≥ 0)m


1 e c = max{ak , k ∈ Im } então
v
um
u∑
lim t n
ank = c.
n→∞
k=1

∑m ∑m
Demonstração. Vale ank ≤ cn , tomando a soma, tem-se k=1 ank ≤ m.cn , tem-se também cn ≤ k=1 ank então vale


m
c ≤
n
ank ≤ m.cn
k=1

tomando a raiz v
um
u∑ √
c≤ t
n
ank ≤ n m.c
k=1

e novamente por teorema do sanduı́che tem-se


v
um
u∑
lim t
n
ank = c.
k=1

149

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