Pucrs Repositorio 4
Pucrs Repositorio 4
Porto Alegre
2023
VANESSA GABRIELLE WOICOLESCO
Porto Alegre
2023
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU/PUCRS)
Av. Ipiranga, 6681
Prédio 8, 4º Andar, Sala 403
Bairro Partenon
Porto Alegre/RS – Brasil – CEP 90619-900
Telefone: +55 51 33203620
E-mail: educação-pg@pucrs.br
VANESSA GABRIELLE WOICOLESCO
BANCA EXAMINADORA:
Porto Alegre
2023
Dedico esta tese a El Shaddai.
AGRADECIMENTOS
This thesis is inserted in the scientific field of higher education, in the subfields of
Internationalization of Higher Education and university pedagogy, focusing on the
intersection between teaching and internationalization, and the relevance of a
Pedagogy of Internationalization. The emerging contexts challenge Higher Education
Institutions to develop more democratic and sustainable internationalization policies
and practices based on equity. Recent research indicates that the Internationalization
of Higher Education reaches a comprehensive level when it is aligned in all policies
and practices of Higher Education Institutions, contributing to the improvement of the
quality of teaching, research, extension and university management. From this
approach, professors are fundamental actors in the internationalization process and
decisive elements in this new paradigm under construction. In this thesis, teaching in
higher education has been constituted as a transversal axis of investigation, in order
to be understood as inseparable from the teaching-research-extension-
internationalization dimensions that permeate Higher Education Institutions nowadays.
Having as a research site one of the Brazilian federal universities with international
mission and vocation, the research had as a general objective to understand how
teaching is configured at the Federal University of Latin American Integration - UNILA,
from the perspective of a Pedagogy of Internationalization of Higher Education.
Regarding the methodological approach, it is characterized as a mixed method
research, carried out from the case study strategy. The data construction was carried
out simultaneously between qualitative and quantitative perspectives, using semi-
structured interviews and questionnaires, as well as documentary research. The
dialogic partners chosen were the professors working in the institution, regardless of
their institutional ties. The data analysis procedures were textual discourse analysis for
the qualitative data and descriptive and inferential statistics for the quantitative data,
after using the chi-square test of independence to verify the association between pairs
of variables. The analytical procedures revealed four central categories: characteristics
and training processes of the professor working at UNILA; dimensions and
perspectives of Internationalization of Higher Education from the perspective of
professors; the pedagogical dimension of internationalization; and professional
development of professors at UNILA. The results show that in the internationalization
of Higher Education, professors are the supporting pillars of an academic architecture
that must combine interdisciplinary knowledge in different fields of knowledge; the
different epistemologies, knowledge and cosmovision; interculturalism; language
policies and international/global perspectives. The thesis presents a proposal for the
construction of a formative itinerary aimed at the professional development of teaching
staff at UNILA, considering the dimensions of internationalization,
bilingualism/plurilingualism, interculturalism and interdisciplinarity.
Keywords: Higher Education; Internationalization; Higher Education Pedagogy;
UNILA; Teaching.
RESUMEN
EIXO I INTRODUÇÃO
1Pandemia está relacionada à distribuição geográfica de uma doença em grande escala (OPAS, 2020).
Reconhecida como uma crise sanitária global, teve origem na cidade de Wuhan (China), no final do
ano de 2019.
28
4 O subeixo 1.2 do eixo I – Introdução está escrito em primeira pessoa do singular por tratar-se do
memorial da pesquisadora e constituir um dos pilares que justificam a realização desta pesquisa.
5 Lei nº 11.091/2005 – Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (BRASIL,
2005a).
6 Do ponto de vista jurídico-normativo, atualmente o cargo não possui uma descrição sumária. O
No ano de 2019, a temática escolhida para o III Seminário foi Direitos Humanos
e a Promoção da Inclusão no Ensino Superior, que estava intrinsicamente ligada às
políticas da gestão da UNILA à época, que trabalhava para ampliar a diversidade dos
estudantes na instituição, promovendo processos seletivos específicos para o
ingresso de discentes indígenas, refugiados e portadores de visto humanitário. Para
o ex-Reitor da UNILA, Prof. Dr. Gustavo Oliveira Vieira (UNILA, 2019a), a inclusão
dos povos originários possui coerência com a identidade dessa universidade, e é
39
7A palavra itinerário, segundo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, significa indicação
de caminho a seguir, percurso, roteiro (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2023).
41
Este eixo está dividido em três capítulos, e busca atender aos objetivos
específicos “Identificar os condicionantes e as perspectivas da interseção entre
Internacionalização da Educação Superior e da pedagogia universitária”, e “Analisar
o impacto da Internacionalização da Educação Superior para a docência
universitária”.
No primeiro capítulo, procurou-se focalizar a educação superior na ALC,
estabelecendo um diálogo com as tendências contemporâneas, apresentando uma
breve síntese sobre os contextos emergentes e de políticas educativas
supranacionais contemporâneas.
O segundo capítulo apresenta como a literatura tem abordado a interseção
entre internacionalização e pedagogia universitária, chamando à atenção para a
necessidade de ampliar os horizontes interpretativos a respeito da dimensão
pedagógica da internacionalização, tendo em vista as atuais características das
universidades nos contextos emergentes e os desafios endereçados aos docentes
universitários.
No terceiro capítulo, revela-se como a produção científica brasileira tem
abordado esse tema em teses e dissertações, a partir de uma pesquisa de Estado do
Conhecimento, demonstrando-se como esse campo científico ainda está em
construção.
deparam-se hoje com uma tensão permanente entre duas de suas principais
funções: formar elites associadas à pesquisa e facilitar e estimular a
mobilidade social. No Brasil, não é diferente. Seu sistema de ensino superior
padece nas duas pontas: o ensino de massa não se desenvolve como deveria
porque busca sempre imolar um modelo inacessível de universidade de
pesquisa; e, na outra ponta, as universidades de pesquisa são pressionadas
para abrir espaço para políticas de inclusão, buscando, dessa forma, conciliar
a tradição da meritocracia com novas demandas da sociedade de acesso
geral ao ensino superior. (SAMPAIO, 2018, p. 82).
44
[...] é aquele indivíduo que: está consciente do mundo mais amplo e tem um
senso de seu próprio papel como cidadão do mundo; respeita e valoriza a
diversidade; tem uma compreensão de como o mundo funciona econômica,
política, social, cultural, tecnológica e ambientalmente; mostra indignação
com a injustiça social; participa e contribui para a comunidade em vários
níveis, desde o local até o global; está disposto a agir para tornar o mundo
um lugar mais sustentável; e assume a responsabilidade por suas ações.
está centrada em quatro áreas: educação superior para todos, centrada no estudante,
organização do conhecimento e conectada a múltiplos níveis.
Os resultados dessa iniciativa culminaram com a defesa da educação superior
como um direto humano, pautada na justiça social, devendo, por isso, ter qualidade e
estar disponível a todos que desejam acessar esse nível de ensino, sendo
contextualizada aos atuais desafios globais. Ao ser centrado no estudante, a iniciativa
do IESALC ratificou as perspectivas apresentadas no relatório Reimaginar nossos
futuros juntos: um novo contrato social para a educação (UNESCO, 2022), e reforçou
a premissa da aprendizagem ao longo da vida, devendo a formação em nível superior
formar os estudantes para o exercício de uma cidadania crítica e voltada aos desafios
da atualidade. Para tanto, as IES devem estabelecer trajetórias de aprendizagem
flexíveis, e permitir que os estudantes sejam proativos na concepção dos currículos,
fortalecendo o protagonismo estudantil na tomada de decisões.
Em relação ao conhecimento, a educação superior precisa se dedicar à
produção e disseminação de conhecimentos que reflitam diversas epistemologias,
inovar as estratégias de ensino e aprendizagem, bem como de investigação, com o
objetivo de desenvolver competências e habilidades que preparem os estudantes para
o exercício da cidadania e para o desenvolvimento local, regional e internacional
(UNESCO-IESALC, 2021).
Outra tendência apresentada é a necessidade de desenvolvimento da
educação superior no cenário de processos sociais complexos, que considerem a
inter-relação entre os contextos local, regional e global como estratégia para o
desenvolvimento de sistemas inclusivos, que fomentem a cooperação
interinstitucional com atores sociais, na busca por encontrar soluções que melhorem
o planeta (UNESCO-IESALC, 2021).
Segundo os especialistas latino-americanos, há alguns horizontes possíveis de
futuros para a educação superior. Objetiva-se que a educação superior seja
emancipatória, esteja a serviço de um cidadão humano global, interligado com sua
humanidade, seus pares, o meio ambiente e o universo, em um mundo globalizado
(ALMEIDA-FILHO, 2021; RUIZ BRAVO, 2021).
Espera-se uma educação superior que promova uma formação que resgate os
valores humanísticos (ALMEIDA-FILHO, 2021); respeite a diversidade cultural, as
formas de viver e ser no mundo e do conhecimento (SARANGO, 2021); produza uma
mudança nos paradigmas de desenvolvimento local, regional e global (BECKLES,
52
8 Renomeada para Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1947 (SOUSA, 2021, p. 112).
9 Esta instituição foi extinta e no ano de 1968 é criada a Universidade de Brasília (UnB) (SOUSA, 2021).
55
Essas políticas devem visar a uma educação superior para todos e todas,
tendo como meta alcançar uma maior cobertura social com qualidade,
equidade e compromisso com nossos povos; devem induzir o
desenvolvimento de alternativas e inovações nas propostas educativas, na
produção e transferência de conhecimentos e aprendizagens, assim como
promover o estabelecimento e consolidação de alianças estratégicas entre
governos, setor produtivo, organizações da sociedade civil e Instituições de
Educação Superior, Ciência e Tecnologia. Devem também considerar a
riqueza da história, das culturas, das literaturas e das artes do Caribe e
favorecer a mobilização das competências e dos valores universitários desta
parte de nossa região, para edificar uma sociedade latino-americana e
caribenha diversa, forte, solidária e perfeitamente integrada. (UNESCO-
IESALC, 2009, p. 234).
outros. Esses organismos defendem que o ensino superior deve ser adaptado às
necessidades da economia, considerado um serviço (mercadoria) principalmente a
partir de indicações para que seja reduzido o financiamento público do ensino
superior, com o respectivo estímulo à iniciativa privada.
A transnacionalização do ensino superior, a expansão da oferta sem a garantia
da qualidade, a relação dialética entre preço x valor, a incorporação da lógica do
mercado no campo educacional – lei da oferta e da procura, o investimento em
empreendimentos educacionais majoritariamente nos grandes centros, acirrando as
desigualdades regionais e pondo em cheque a interiorização da educação superior, a
inevitável interferência externa nas políticas educacionais nacionais, a instalação de
um padrão comum de formação que não valorize as características e necessidades
regionais, a submissão da educação a lógicas e interesses comerciais e não
educacionais, são algumas das implicações que tornaram ainda mais frágil o papel da
educação na garantia de sociedades mais justas e igualitárias (RODRIGUES-DIAS,
2017).
O autor acrescenta, ainda, que os países em desenvolvimento precisam estar
atentos aos prejuízos que decorrem da restrição do acesso à educação superior, pois
“os que defendem a introdução do sistema de ensino superior pago partem de um
diagnóstico que, em alguns lugares, pode ser correto: os pobres pagam pelos ricos”
(RODRIGUES-DIAS, 2017, p. 47).
Em função dessas evidências, os representantes das classes mais
privilegiadas conseguiriam ter acesso à educação superior de qualidade,
independentemente de ser gratuita ou paga, e os demais membros da sociedade
apenas têm acesso àquela educação que sua condição financeira permite pagar.
Contudo, retomando o conceito de educação superior como um direito humano
universal, é evidente que para que haja a democratização dessa etapa de ensino é
necessário investimento público.
A terceira CRES, realizada em 2018, no ano do centenário da Reforma de
Córdoba, ratificou a educação superior como um bem público social, um direito
humano e universal, e dever dos Estados, conforme os acordos já estabelecidos nas
conferências regionais e mundiais anteriores. Na Declaração da CRES (2018), foram
enfatizados princípios indispensáveis para a garantia da educação superior como um
direito humano e universal e um bem público.
59
10 Os princípios da Reforma de Córdoba (1918) foram “a) autonomia universitária; b) eleição dos
dirigentes pela comunidade acadêmica; c) concursos para a provisão de cargos docentes; e) docência
livre; f) assistência livre; g) gratuidade do ensino; h) renovação dos métodos de ensino e aprendizagem;
i) assistência social para permanência dos estudantes e democratização do acesso j) extensão
universitária; k) integração e unidade latino-americana” (OLIVEIRA; AZEVEDO, 2008, p. 66).
62
convívio de modelos universitários reverbera até hoje nas IES da região, e foi decisivo
para a configuração de um modelo universitário alinhado às sociedades democráticas.
Considerando a atual configuração do sistema de educação superior brasileiro,
verifica-se que este é marcado pela diversificação institucional, seja pela natureza das
instituições ou pela dependência administrativa (MOROSINI, 1994; SAMPAIO, 2018;
SOUSA, 2021). Conforme dados do Censo da Educação Superior, referentes ao ano
de 2021, no Brasil, atualmente existem 2.574 IES, sendo 313 públicas e 2.261
privadas, com e sem fins lucrativos (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em
Educação Anísio Teixeira [INEP], 2022a). As instituições privadas, com ou sem fins
lucrativos, atualmente representam 88% do total de IES no país.
Em relação à organização acadêmica, há o predomínio das Faculdades
(1.979), seguido dos Centros Universitários (350), Universidades (204) e Institutos
Federais (IFs) e Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) (41) (INEP,
2022). Quanto à categoria administrativa das IES públicas, atualmente o maior
percentual é de instituições estaduais (42,8%), seguido das instituições federais (38%)
e, ainda, municipais, que representam 19,2% do total desse grupo (INEP, 2022a).
Embora no país as Universidades representem 7,9% das IES brasileiras, elas
são responsáveis por 55,1% do total de matrículas nos cursos de graduação; já os
Centros Universitários representam 28,9% do total de instituições, e atendem
atualmente a 28,9% dos estudantes de graduação (INEP, 2022a). As Faculdades, que
representam 76,9% das IES brasileiras atualmente, são responsáveis por 13,4% das
matrículas, enquanto os IFs e CEFETs, que representam 1,6% do total, abarcam 1,6%
das matrículas (INEP, 2022a).
A educação superior no Brasil manifesta as mudanças em curso em outros
países em desenvolvimento, com destaque para a ampliação do acesso (SAMPAIO,
2018). A autora destaca que isso pode estar relacionado ao aumento da demanda
pela educação superior no país, em razão da melhoria do fluxo de alunos na educação
fundamental, a qual “promoveu o aumento do número de ingressantes e de egressos
do ensino secundário, deflagrando a ampliação do contingente de pessoas
formalmente aptas para ingressar em cursos de graduação” (SAMPAIO, 2018, p. 67).
Analisar a educação superior brasileira hoje exige, em primeiro lugar,
considerar o contexto da expansão, principalmente a partir dos anos 2000, com a
criação de programas e políticas que contribuíram para ampliar o número de
instituições, vagas e cursos, possibilitou a interiorização, a reserva de vagas para
63
estudantes por cotas raciais, sociais e para pessoas com deficiência, além de permitir
que dentro do território nacional os estudantes tivessem maior mobilidade (Fórum
Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis [FONAPRACE],
2019).
O quadro apresentado acima é resultado de um conjunto de iniciativas
governamentais criadas a partir dos anos 2000 e que contribuíram para a expansão
do ensino superior, como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES); o Programa
Universidade para Todos (PROUNI); o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI); o Programa
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES); o Sistema de Seleção Unificada (SiSU);
e a Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012).
O FIES é um modelo de financiamento estudantil que atende estudantes com
renda familiar bruta de até cinco salários-mínimos, regularmente matriculados em
cursos de graduação em IES privadas que aderiram ao programa. Esses cursos
precisam estar avaliados no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(SINAES) com conceito igual ou maior a três. Além dos requisitos estabelecidos em
legislação pertinente e nos editais que regulamentam a concessão do financiamento
semestralmente, os candidatos precisam ter participado de ao menos uma edição do
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) desde 2010, e obtido rendimento
satisfatório, comprovado pela obtenção de pelo menos 450 pontos na média das cinco
provas, e nota superior a zero na prova de redação (BRASIL, 2001; 2018).
Em 2004, outra política de financiamento estudantil foi criada pelo governo
federal, com o objetivo de ampliar as vagas na educação superior, o PROUNI. Nesse
programa, as IES privadas com fins lucrativos, ou sem fins lucrativos beneficente,
oferecem bolsas de estudos com percentuais de 50% a 100%, e em contrapartida, o
governo federal isenta essas instituições de alguns tributos. Os cursos de graduação,
para serem admitidos no termo de adesão do PROUNI, precisam ter obtido conceito
igual ou maior que três no SINAES (BRASIL, 2004a).
Os requisitos para a candidatura dos estudantes a essas bolsas de estudos
contemplam a trajetória escolar, comprovação de renda e desempenho no ENEM. Em
relação à trajetória escolar, o estudante deverá ter cursado todos os anos do ensino
médio na rede pública, e caso tenha estudado na rede particular de ensino,
necessariamente precisa ter sido na condição de bolsista integral. Essas duas
condições são uma exceção aos candidatos que sejam pessoas com deficiência.
64
Outro requisito exigido é a comprovação de renda familiar bruta mensal, que deverá
ser de até 1,5 (um vírgula cinco) salários-mínimos por pessoa. Os critérios de
desempenho no ENEM requeridos para a participação no PROUNI são os mesmos
do FIES.
As bolsas de estudo do PROUNI também se destinam aos professores efetivos
que atuam na educação básica e na rede pública de ensino, os quais são dispensados
de comprovação de renda (BRASIL, 2004a; 2004b; 2005). Além disso, o PROUNI não
é destinado aos estudantes que já sejam portadores de diploma de curso superior.
Instituído em 2007, o REUNI teve como objetivo central a ampliação do acesso
e da permanência na educação superior pública, e contribuir para a diminuição das
desigualdades educacionais e sociais no Brasil. O programa foi concebido a partir de
um conjunto de estratégias que almejavam promover a expansão da estrutura física
das IFES, possibilitando, dessa forma, as condições para a ampliação do acesso,
principalmente com o aumento da oferta de cursos noturnos e a ocupação das vagas
ociosas; da promoção de inovações acadêmicas e pedagógicas, além da revisão da
estrutura acadêmica, possibilitando que o estudante pudesse construir seu itinerário
formativo com maior mobilidade.
Visando à permanência estudantil e o combate à evasão, foram ampliadas as
políticas de ações afirmativas e de assistência estudantil. Além disso, entre as
diretrizes do REUNI, estava a necessidade de maior articulação das IFES com a
Educação Básica, por meio de seus cursos de graduação e pós-graduação (BRASIL,
2007a). Considerando as demandas que essa ampliação do acesso impôs para as
IFES, em 2010 foi criado o PNAES, que representou a consumação da
democratização do acesso e da permanência no ensino superior público federal. Ao
colocar a assistência estudantil como eixo central no desenvolvimento do ensino,
pesquisa e extensão, propiciou as condições para promover a inclusão social de
estudantes de graduação por meio da educação (BRASIL, 2010a). As principais ações
contempladas no PNAES compreendem:
Outra política que contribuiu para a atual conformação do perfil estudantil nas
IES públicas brasileiras é conhecida como a Lei de Cotas, a Lei nº 12.711/2012, que
65
estabeleceu que as IFES deveriam destinar, em cada edição dos seus processos
seletivos para ingresso nos cursos de graduação, no mínimo 50% das vagas, por
curso e turno, para estudantes que integralizaram o ensino médio exclusivamente em
escolas públicas, e que tivessem renda familiar per capita igual ou inferior a 1,5
salário-mínimo (BRASIL, 2012a).
Além desses critérios, a ocupação dessas vagas deveria contemplar
candidatos por cotas raciais (pretos, pardos e indígenas) e pessoas com deficiência,
“em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos,
pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da federação
onde está instalada a instituição, segundo o último censo do IBGE” (BRASIL, 2012a,
p. 1).
O SiSU complementou esse contexto de democratização da educação superior
no Brasil. É um sistema informatizado, vinculado ao Ministério da Educação, que
promove a seleção de estudantes para os cursos de graduação das IES públicas
brasileiras. Estas instituições, a cada ciclo do SiSU, fazem a adesão ao sistema,
informando a quantidade de vagas que serão disponibilizadas para a seleção dos
estudantes.
O SiSU se caracteriza como um processo seletivo complementar àqueles que
já são realizados pelas IES, embora em algumas instituições esse processo seja o
mecanismo que detém a maior parte ou a totalidade das vagas para ingressantes em
cursos de graduação. A adesão a esse sistema não tem custos para as instituições
participantes ou para os estudantes, que para concorrer a uma vaga são avaliados
pelo sistema com base nos resultados que foram obtidos no ENEM, no ano anterior
ao da seleção (BRASIL, 2012b).
O conjunto de políticas e programas apresentados foram determinantes para
configurar o atual estágio de desenvolvimento da educação superior no Brasil. Para
exemplificar o contexto, utilizaremos o Censo da Educação Superior 2021 (BRASIL,
2022a; 2022b), que apresenta alguns dados referentes à série histórica 2011-2021,
os quais contribuem para caracterizar a educação superior brasileira hoje.
Nesse período, a média de crescimento anual de matrículas na educação
superior foi de 2,9%, acumulando um avanço de 32,8% na década de 2011-2021
(BRASIL, 2022a). Em valores absolutos, isso significa dizer que em 2011 havia
6.765.540 milhões de estudantes matriculados nesse nível de ensino, e que em 2021
estavam matriculados 8.987.120 milhões de estudantes (BRASIL, 2022a).
66
Com base nos dados apresentados na Figura 2, observa-se que em 2021 foram
registradas 17.947 matrículas de estudantes internacionais no país, o que
corresponde a 0,2% (BRASIL, 2022b). Em relação à origem desses estudantes, as
172 nacionalidades distintas são em sua maioria oriundas do continente americano
(52%), seguido da África (23,5%), Ásia (11,7%), Europa (12,5%) e Oceania (0,4%)
(BRASIL, 2022b). Em relação à distribuição das matrículas de estudantes
internacionais em cursos de graduação, o INEP observa que “305 alunos estrangeiros
não possuem informação de país de origem ou são apátridas e não foram
considerados no percentual por continente” (BRASIL, 2022b, p. 24).
As IES brasileiras que mais têm estudantes internacionais matriculados nos
cursos de graduação são a UNILAB (1.398), a UNILA (1.368), a Universidade Paulista
(863), a Universidade Estácio de Sá (696), a Universidade Nove de Julho (448), a
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (344), a Universidade de São Paulo
(USP) (342), o Centro Universitário Leonardo da Vinci (337), a Universidade Cruzeiro
do Sul (277), e a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
(275) (BRASIL, 2022b). Em comparação com as instituições públicas, UFSC, USP e
UNESP, a UNILAB e a UNILA apontam com um número expressivo de estudantes
69
Figura 3: Participação percentual e número de docentes na educação superior por grau de formação
e regime de trabalho, segundo o grau acadêmico
11“O grau de formação ‘Até a especialização’ compreende os docentes sem graduação (114), docentes
apenas com graduação (4.277) e docentes que possuem especialização (49.463)” (BRASIL, 2022a, p.
32).
71
2010, p. 30). O autor afirma que, enquanto teoria e prática da educação, a pedagogia
ocupa-se das problemáticas educativas em sua totalidade, recorrendo aos aportes
científicos, históricos, filosóficos, técnico-profissionais, e de outras áreas do
conhecimento para investigar a realidade educacional.
Enquanto um saber social, político e cultural, especializado em educação,
12Considerando que o campo científico da Internacionalização da Educação Superior tem origem nos
países nos quais o idioma inglês é predominante, e que nos estudos sobre o tema as terminologias e
siglas utilizadas, inclusive por pesquisadores brasileiros, mantém o idioma original, optou-se por manter
as terminologias ou siglas referentes aos distintos processos de Internacionalização nesse idioma.
82
Na época que cunhou essa concepção, para a maioria dos atores universitários
e para as pessoas que estavam fora desse contexto, apenas a mobilidade acadêmica
era vista como possibilidade de internacionalização. O autor expressa que esse
conceito de IaH, embora não seja uma inovação no contexto da educação
internacional, “é apenas uma maneira de abraçar todas as ideias e medidas a serem
tomadas para dar a todos os alunos uma dimensão internacional durante sua
permanência na universidade” (NILSSON, 2003, p. 31, tradução nossa).
No bojo da IaH, é importante levar em consideração, embora sejam processos
de internacionalização que ocorram dentro das IES, que essas instituições fazem
parte da sociedade e, em certa medida, suas atividades são influenciadas por agentes
externos, como governos, agências governamentais e não-governamentais, marcos
regulatórios e instituições financiadoras (WÄCHTER, 2000). No entendimento de
Otten (2000), a Internacionalização da Educação Superior se caracteriza pela
mobilidade de estudantes, docentes e equipe técnico-administrativa, com suas
próprias perspectivas culturais e visões de mundo, que se relacionam em contextos
internacionais com outros horizontes. Para o autor, essas características contribuem
para a conformação de um contexto intercultural, no qual “é muito provável que essas
diferentes visões de mundo – e, até certo ponto, problemas relacionados e mal-
entendidos – moldem todas as interações social e que as pessoas tenham que
adaptar suas habilidades, atitudes e comportamentos” (OTTEN, 2000, p. 20, tradução
nossa).
Dessa forma, pelo processo de internacionalização é possível fortalecer um
processo educativo comprometido com o desenvolvimento dos estudantes enquanto
cidadãos globais, pois a presença de estudantes internacionais em sala de aula
constitui um recurso pedagógico relevante, promotor de diálogo e reflexão crítica
sobre os fenômenos sociais e mundiais, como “a ameaça contínua do terrorismo
internacional, a multiplicação dos movimentos étnicos, a existência de genocídio,
pobreza, fome e doenças, e a destruição irreversível do meio ambiente” (GÁCEL-
ÁVILA, 2017, p. 14, tradução nossa). Mas além dessa característica, é relevante
destacar que, a partir do processo de expansão da educação superior, há nas IES
uma vasta diversidade cultural dos estudantes, e a IaH, ao propor que as estratégias
de internacionalização sejam desenvolvidas no campus, permite a todos os
estudantes conviver com essa diversidade cultural e obter uma aprendizagem
internacional e intercultural (BEELEN; JONES, 2015; KNIGHT, 2020).
83
O atual conceito da IaH difundido em pesquisas sobre o tema foi cunhado por
Bellen e Jones (2015, p. 69, tradução nossa), e para os autores a IaH promove “a
integração intencional das dimensões internacional e intercultural no currículo formal
e informal para todos os estudantes dentro dos ambientes de aprendizado doméstico”,
sendo considerada uma abordagem mais equitativa de Internacionalização da
Educação Superior (ALMEIDA et al., 2019). Ao ampliar para todos os estudantes da
IES a oportunidade de uma formação internacional e intercultural, a IaH também
contribui para o desenvolvimento mundial sustentável, marcado pela convivência
democrática, pelo respeito, pela solidariedade e pela cooperação para uma cidadania
socialmente responsável (MOROSINI, 2017b).
A IaH pode se constituir como uma estratégia principal da IES e envolver, além
dos atores institucionais (estudantes, docentes e equipe técnico-administrativa), o
tripé indissociável do ensino-pesquisa-extensão (BARANZELI, 2019). Além disso, ela
deve estar presente nos processos formais e não-formais de ensino; no currículo; no
reconhecimento de que o domínio de um segundo idioma não é determinante para se
fazer a internacionalização no ambiente doméstico do campus; em palestras com
convidados regionais ou internacionais, estudos e práticas de casos, inclusão de
literatura regional e internacional, desenvolvimento de redes colaborativas
(BARANZELI, 2019; MOROSINI; NEZ, 2020).
A IaH também pode servir como um meio de promover valores comuns e uma
compreensão mais próxima entre diferentes povos e culturas, melhorar
cooperação entre instituições de educação superior nos seus esforços de
internacionalização, ao mesmo tempo que melhorar a qualidade educacional
do setor e dos recursos humanos através da aprendizagem mútua,
comparação e intercâmbio de boas práticas. (ALMEIDA et al., 2019, p. 202,
tradução nossa).
das fronteiras geográficas das instituições, que são mediadas por tecnologia,
ampliando assim os benefícios da internacionalização para um público maior.
A incorporação das TICs nas ações e programas de internacionalização como
uma estratégia institucional, possibilitam o fortalecimento da IaH e a IoC. Ao
apresentar um caráter mais inclusivo e sustentável, possibilita o acesso de um maior
número de estudantes nas oportunidades de desenvolvimento das competências
internacionais e interculturais no próprio campus da IES, promovendo uma mudança
na ênfase da internacionalização, que passa de um modelo de elite para um modelo
mais inclusivo (LEASK; GREEN, 2020; WOICOLESCO; CASSOL-SILVA; MOROSINI,
2022). Com a ampliação da oferta de ações de internacionalização virtuais e/ou a
distância, será importante investigar mais profundamente como essa nova
modalidade impacta nos processos de Internacionalização da Educação Superior.
No contexto da ALC, a incorporação de processos virtuais baseados em redes
de cooperação na internacionalização do ensino superior já estava contemplada no
Plano de Ação da CRES (2018-2028), conforme já apresentamos no subcapítulo um,
do capítulo um deste eixo. Nesse documento, ficou estabelecido que deveriam ser
priorizados espaços de mobilidade acadêmica presencial e virtual, a partir do desenho
de políticas e programas intergovernamentais, para que se ampliem as oportunidades
de aprendizagem intercultural para todos os professores, estudantes e pessoal
administrativo (UNESCO-IESALC, 2018b).
Todas as abordagens e conceitos apresentados até o momento tiveram origem
no Norte Global. Quando analisamos o processo de desenvolvimento da
internacionalização no Brasil, verifica-se que seu início esteve subordinado aos
interesses e fomento do Estado, vinculado majoritariamente aos programas de pós-
graduação e grupos de pesquisa (BARBOSA; NEVES, 2020; KNOBEL et al., 2020).
Além disso, pelas características das IES que compõe o sistema de educação
superior, a internacionalização não esteve alinhada ao ensino, pesquisa, extensão e
gestão, ou compunha os planos estratégicos das universidades (MAIA, 2020).
Na realidade brasileira, a Internacionalização da Educação Superior é recente
e não abrange todas as IES (WOICOLESCO; CASSOL-SILVA; MOROSINI, 2022).
Para compreender como ela se desenvolveu no país, utilizamos uma tipologia
proposta por Brandenburg et al. (2020), pela qual é possível caracterizar os estágios
de desenvolvimento da internacionalização no país.
92
superior no Brasil, e teve áreas prioritárias a oferta de cursos de línguas estrangeiras presenciais e a
distância, a realização de testes de proficiência, e o fomento à criação de Centro de Línguas nas IES
(BRASIL, 2012d).
93
15O Programa CAPES PrInt selecionou 36 IES brasileiras, a partir do estabelecimento de um projeto
ou plano institucional de Internacionalização, concedendo recursos e autonomia às IES para gerirem o
próprio processo de internacionalização, por meio de ações que podem envolver bolsas no exterior
(doutorado sanduíche, professor visitante sênior, capacitação em cursos de curta duração ou
summer/winter schools), bolsas para pós-doutorado e missão de trabalho (CAPES, 2023).
94
integração regional, com relações mais simétricas tanto no Sul-Norte como no Sul-Sul
(MOROSINI; NEZ; WOICOLESCO, 2022).
Os estágios de desenvolvimento da Internacionalização da Educação Superior
apresentados, foram propostos em 2020, antes da pandemia da COVID-19, mas o
atual contexto evidencia a utilização das TICs como meio para desenvolver as ações
de internacionalização, conforme foi discutido anteriormente. Durante esse período,
as IES precisaram desenvolver processos de internacionalização baseados na IaH e
IoC, mediados pelas TICs, que indicam um contexto de transformação na
Internacionalização da Educação Superior, no qual a virtualização pode se constituir
como uma oportunidade para a continuidade das políticas de internacionalização no
Brasil e no Sul Global no contexto pós-pandemia, assumindo uma identidade mais
equitativa e sustentável (WOICOLESCO; CASSOL-SILVA; MOROSINI, 2022).
Outro assunto que merece destaque na Internacionalização da Educação
Superior, é reconhecer que uma das condições necessárias para sua consecução é
o entrelaçamento cultural, que propicia o diálogo intercultural, o plurilinguismo,
perspectivas múltiplas e a circulação de pessoas, seja em ambientes físicos ou
virtuais. Essa posição foi reforçada pela CRES 2018, que trouxe em sua declaração
final que
Para realizar esse trabalho, Zabalza (2004) identifica que a docência pode ser
compreendida a partir de três dimensões, definidas como: profissional, pessoal e
administrativa. A dimensão profissional está relacionada à atuação profissional e suas
exigências, à identidade dessa profissão e à formação inicial e continuada. Na
dimensão pessoal, são consideradas as características individuais que interferem na
profissão, como idade, gênero, condição social, as situações de sofrimento psíquico
e de (in) satisfação no trabalho. A dimensão administrativa se refere às situações
relacionadas à carreira docente, e englobam aspectos como contratação, carga
horária de trabalho, atribuições, entre outros.
Cunha, Bolzan e Isaia (2021, p. 314-315) também apresentam um núcleo
composto por três dimensões que orientam o exercício da docência: dimensão
103
BOLZAN; ISAIA, 2021, p. 278). Essa realidade está associada pela tradição, e no
Brasil está ratificada pela legislação, tendo em vista que o docente universitário é um
profissional formado em uma disciplina científica, em nível de graduação ou pós-
graduação, que preconiza o desenvolvimento de pesquisas para o domínio de um
campo científico (CUNHA, 2005a).
A atuação docente na educação superior é marcada por uma multiplicidade de
papéis complementares, o que exige desse profissional a capacidade de adaptação e
criatividade para exercer suas funções. A docência na contemporaneidade exige
considerar algumas nuances dos processos de ensino e de aprendizagem, como
“compreender e lidar com diferenças culturais, estabelecer comunicação empática e
inclusiva, reconhecer problemas comuns e construir coletivamente soluções viáveis”
(KAMPFF, 2019, p. 252).
Em muitos campos do conhecimento, a formação universitária em nível de
graduação e de pós-graduação não inclui a função pedagógica para o exercício da
docência. Desse modo, para desenvolver o seu trabalho os profissionais formados em
uma disciplina científica “foram treinados ‘para gerar e gerenciar novos produtos e
serviços para a sociedade’ ou simplesmente foram treinados em uma disciplina?”
(SOTO ARANGO, 2009, p. 178, tradução nossa). As IES também corroboram com
essa perspectiva, ao passo que “têm se preocupado em qualificar os docentes no que
diz respeito à titulação e à larga produção científica decorrente de pesquisas, no intuito
de conquistarem a excelência acadêmica” (BOLZAN; POWACZUK, 2021, p. 65).
Enquanto uma ação humana e prática social, a docência possui um ethos
histórico e cultural (CUNHA, 2005a). A autora afirma que, no contexto universitário, o
suporte para o exercício da docência não está alicerçado na formação inicial (em nível
de pós-graduação), mas na trajetória escolar e acadêmica, formada a partir da
experiência adquirida no convívio com os seus próprios professores, conformando o
ethos profissional.
A construção da identidade de qualquer profissional “inicia-se no processo de
efetivar a formação na área. Assim, os anos passados na universidade já funcionam
como preparação e iniciação ao processo identitário e de profissionalização dos
profissionais de diferentes áreas” (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 105). Contudo,
quando esse profissional passa a atuar como professor, “sua passagem ocorre
‘naturalmente’; dormem profissionais e pesquisadores e acordam professores! Não
105
sem traumas nem sem, muitas vezes, ocasionar danos aos processos de ensino e de
aprendizagem” (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 105).
De acordo com Cunha (2005a), é preciso romper com essa tradição cultural,
histórica e política da formação do docente universitário, o que exige deste profissional
um processo de desconstrução e reflexão sobre suas práticas e formação, para
transpor esse padrão de reprodução. Essa realidade implica na necessidade de
valorização da profissão docente, buscando implementar alternativas que contribuam
para o desenvolvimento da carreira.
Por ser uma atividade orientada para a formação de profissionais nas diversas
áreas do conhecimento (CUNHA; BOLZAN; ISAIA, 2021; ISAIA, 2003; 2006; LEITE,
2006), a docência universitária precisa atender aos requisitos legais instituídos para o
exercício das profissões, a partir de práticas que considerem os princípios éticos e
sociais que constituem os currículos formal e informal (LEITE, 2006).
A partir dessas evidências, as autoras observam que o prestígio do docente
universitário recaí sobre a pesquisa e a pós-graduação, e a dimensão pedagógica do
exercício profissional docente é relegada a segundo plano, naturalizada com a
reprodução das experiências vividas com seus professores enquanto esteve
estudante.
O trabalho do docente nas IES também se constitui a partir de uma
profissionalidade, que compreende que o docente que atua na educação superior é
um profissional especialista no seu campo do conhecimento (MOROSINI; NEZ, 2020).
Dito de outra forma, o exercício da docência universitária “nunca é estático e
permanente; é sempre processo, é mudança, é movimento, é arte; são novas caras,
novas experiências, novo contexto, novo tempo, novo lugar, novas informações,
novos sentimentos, novas interações” (CUNHA, 2005b, p. 81).
Embora os docentes universitários sejam especialistas em uma determinada
área do conhecimento, a identidade de um professor é moldada pela sua atuação no
ensino, premissa que exige uma compreensão mais profunda do quê e porquê ele
ensina, e requer uma “constante vigilância sobre os resultados de seu trabalho,
produzindo conhecimentos teórico-práticos que lhe dão condições de intervir na
formação de outros seres humanos, contribuindo com o desenvolvimento de sua
própria humanidade” (CUNHA; BOLZAN; ISAIA, 2021, p. 278).
A prática docente na educação superior é uma prática social (CUNHA;
ZANCHET; RESCHKE, 2018; FRANCO, M. 2016) e um constructo teórico-prático, que
106
representa a complexidade das relações educativas (CUNHA, 2020b), que pode ser
adaptado para a conservação das relações sociais ou para sua transformação, e
expressa “intencionalidades, sujeitos, relações e conteúdos pensados, planejados,
definidos de modo consciente” (SOUSA, 2016, p. 45).
Contudo, é preciso esclarecer que há uma diferença entre prática docente e
prática pedagógica, sendo esta última caracterizada pela intencionalidade do ato
educativo (FRANCO, M. 2016). Para a autora,
educador como um profissional distinto dos demais profissionais, estejam eles ligados
ou não ao campo educacional” (SAVIANI, 1996, p. 149).
Apresentamos até aqui uma organização dos saberes docentes consolidada na
literatura, na qual há alguns núcleos mais privilegiados que outros no debate da
epistemologia da prática profissional. Por compreendermos que a docência
universitária é influenciada por demandas locais, nacionais, internacionais,
interculturais, políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, entre outras, exigindo “o
desenvolvimento de habilidades e saberes antes não configurados, estimulando
novas compreensões sobre o fazer profissional docente” (CUNHA, 2010, p. 66), foram
mobilizamos para essa argumentação os saberes tecnológicos/digitais (ASSIS;
VIEIRA-SANTOS, 2021; KOEHLER; MISHRA; CAIN, 2015; MISHRA; KOEHLER,
2006); os saberes interculturais (CANDAU, 2014; WALSH, 2006); os saberes
internacionais/globais (GOODWIN, 2019); e os saberes da gestão acadêmica-
administrativa (ZABALZA, 2004).
Os saberes tecnológicos/virtuais abrangem a compreensão e articulação de
recursos tecnológicos na mediação pedagógica do conteúdo curricular e dos diversos
processos relacionados ao ensino e à aprendizagem (ASSIS; VIEIRA-SANTOS, 2021;
KOEHLER; MISHRA; CAIN, 2015; MISHRA; KOELHER, 2006). Esses saberes são
“decorrentes da formação, do aprendizado experiencial e saberes construídos na
interação com seus pares” (ASSIS; VIEIRA-SANTOS, 2021, p. 10), e vão além “de
abordagens simplistas que tratam a tecnologia como um ‘agregado’, para focar, de
maneira mais ecológica, nas conexões entre a disciplina de tecnologia e a pedagogia
e seu desdobramento no contexto da sala de aula” (KOEHLER; MISHRA; CAIN, 2015,
p. 21, tradução nossa).
Os saberes interculturais estão relacionados ao reconhecimento das múltiplas
visões de mundo e respeito a toda forma de diversidade – cultural, raça, etnia, gênero,
língua, social; valorização da diversidade cultural e linguística; entendimento da
própria identidade cultural e sua influência nas posições pessoais e práticas em sala
de aula (CANDAU, 2014; WALSH, 2006). São saberes mobilizadores do crescimento
pessoal e social, que desafiam a ampliação de
ressignificadas, e são elas que permitem a construção de uma experiência única para
estudantes e docentes (ZANCHET; SELBACH; BRUM, 2019).
À medida que a Internacionalização da Educação Superior acolhe a função
ensino como uma premissa indispensável para a ampliação das oportunidades de
formação internacional e intercultural para um maior número de estudantes, através
dos modelos da IaH, IoC ou virtual, os professores se tornam seus principais atores
(BEELEN; JONES, 2015; LEASK, 2015; TRAN et al., 2021).
Quando o ensino assume um lugar de protagonismo na Internacionalização da
Educação Superior, novas interfaces e desafios se apresentam para os atores desse
processo, e “a formação de professores do ensino superior para atuação a partir das
premissas da Internacionalização da Educação Superior é um elemento decisivo no
processo educacional, e, ainda um campo em construção” (MOROSINI;
WOICOLESCO; NEZ, 2021, p. 124).
Conforme já apresentado, as agendas da Internacionalização da Educação
Superior estão mudando. Para Teekens (2003, p. 108, tradução nossa), os docentes
estão diante de “novos desafios, visto que as competências para ensinar em
ambientes internacionais não ocorrem naturalmente. A docência para grupos
multiculturais requer a prática, o desenvolvimento e aprendizado de habilidades
especiais”. De acordo com Criswell II e Zhu (2015, p. 25, tradução nossa), as IES têm
alguns desafios para implementar um processo que promova o engajamento dos
docentes na internacionalização, como a
internacionalizar a educação superior requer que as IES priorizem nas suas políticas
e estratégias institucionais o desenvolvimento profissional dos docentes, orientado às
premissas da internacionalização.
No atual estágio de desenvolvimento da internacionalização, os docentes
universitários convivem com uma sala de aula culturalmente diversa, que demanda a
esses profissionais “questionar a eficácia de seus próprios princípios e abordagens de
ensino em relação a um grupo extremamente heterogêneo” (TRAN; PASURA, 2018,
p. 351, tradução nossa). Para responder à atual agenda de desafios das IES, o ensino
e a extensão devem estar alinhados a pesquisa nas ações, políticas e práticas de
internacionalização. Essa integração incorpora as dimensões internacionais e
interculturais na atuação do professor da educação superior (MOROSINI;
WOICOLESCO; NEZ, 2021).
Como a ênfase da IaH está em propiciar que as diferenças culturais dos
estudantes do próprio campus seja um elemento central nos processos de ensino e
aprendizagem, o docente universitário assume um lugar de protagonismo na
internacionalização, e seu engajamento e desenvolvimento profissional são
necessários para que a política de internacionalização da IES se efetive (BEELEN,
2017; CRISWELL II, ZHU, 2015; KORHONRN; WEIL, 2016; VAN DER WERF, 2012;
TRAN; PASURA, 2018; TRAN et al., 2021).
Para compreender como a Internacionalização da Educação Superior impacta a
docência universitária, algumas dimensões são identificadas por Korhonen e Weil
(2016), como: os impactos na prática de ensino, necessidade de desenvolver
competências internacionais próprias e a capacidade de conceber ambientes de
aprendizagem nos quais os estudantes possam desenvolver competências
internacionais. Nesse contexto, as competências pedagógicas dos docentes tornam-
se vitais. Embora as IES tenham adotado a internacionalização no nível estratégico e
político, existe uma lacuna observada entre o discurso institucional e as práticas
docentes (CHILDRESS, 2009).
Mas o papel do professor na Internacionalização da Educação Superior não
está apenas vinculado à sala de aula internacional e/ou intercultural, pois o processo
de internacionalização das instituições envolve uma gama de atividades, que vão
desde o planejamento dos projetos pedagógicos dos cursos, elaboração de planos de
ensino, acolhida e acompanhamento dos estudantes nacionais e internacionais;
orientação dos estudantes domésticos para realização de uma etapa dos estudos em
118
Revisão e reescrita –
analisar o que foi
escrito, reorganizar as
ideias e argumentos,
revisar
(conclusão)
2019 Internacionalização na UTFPR: da cereja do Internacionalização. Língua Elizabeth
bolo às duas pontas do iceberg inglesa. Cenário pedagógico do Pazello
docente na internacionalização.
Crenças docentes.
2019 Pós-doutorado no exterior: implicações para Internacionalização da Educação Joana
a produção científica no âmbito da UFBA Superior. Mobilidade acadêmica. Espinheira
Pós-doutoramento. Avena
Desenvolvimento científico.
2019 Universidade da Integração Internacional da Política educacional. Educação Josiele
Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB): uma superior. Internacionalização.
Soares da
estratégia de cooperação solidária ou Cooperação internacional. Silva
consolidação da internacionalização
mercantil?
2019 O papel professor no processo Internacionalização. Educação Pablo
de internacionalização nos programas de superior. Pós-graduação. Pereira
pós-graduação da Universidade Regional de Professor. Ação social.
Blumenau - FURB
2020 A Internacionalização da Educação Superior Internacionalização. Educação Débora
na Bahia e suas potencialidades na formação superior. Formação continuada. Valim Sinay
continuada docente Docência. Neves
2020 Efeitos das políticas de internacionalização Análise de políticas públicas. Klarissa
sobre a produção científica: estudo de caso Internacionalização da Educação Valero
do Programa de Pós-Graduação em Superior. Internacionalização da Ribeiro
Ciências (Bioquímica) da Universidade produção científica. Avaliação. Saes
Federal do Paraná
2020 Expatriação de docentes e o processo de Estratégia. Expatriação de Thiago
internacionalização em programas de pós- docentes. Internacionalização. Oliveira da
graduação da Universidade Estadual de Programas de pós-graduação. Silva
Maringá Pós-doutorado.
2020 Formação de professores de inglês para fins O Paraná Fala Inglês. Formação Cibele
específicos com vistas à internacionalização continuada. Comunidades de Coradin-
do ensino superior prática. Professor-autor. Bail
2020 Letramentos acadêmicos para implementar o English-Medium Instruction Amanda de
inglês como meio de instrução na (EMI). Letramentos acadêmicos. Mendonça
Universidade Federal de Santa Maria Internacionalização. Pretto
2021 Isomorfismo institucional e Isomorfismo. Estratégia. Teoria Genival
internacionalização: Um estudo na institucional. Universidades. Jardel
Universidade Estadual do Centro-Oeste Internacionalização. Trajano
Teixeira
Fonte: Elaborado pela autora.
Esta investigação foi composta por etapas que convergiram para responder à
complexidade da indagação apresentada no problema de pesquisa, buscando
140
instrumentos utilizados para a construção dos dados permite uma maior integração
entre as distintas técnicas de pesquisa (YIN, 2015).
Em relação à generalização dos dados, nesta pesquisa optou-se pelas
generalizações analíticas “em que a teoria previamente desenvolvida é usada como
padrão, com o qual são comparados os resultados empíricos do estudo de caso” (YIN,
2015, p. 61). As teorias que embasam esta tese são a pedagogia universitária e a
Internacionalização da Educação Superior.
Quanto à natureza, esta investigação se caracteriza como descritiva. Nesse
tipo de estudos, o foco “reside no desejo de conhecer a comunidade, seus traços
característicos, suas gentes, seus problemas (...)”, podendo estabelecer relações
entre variáveis (TRIVIÑOS, 2008, p. 110). Para o autor, os estudos de natureza
descritiva têm como objetivo descrever a realidade encontrada no campo empírico,
com todos os seus elementos. Quando o objetivo da pesquisa é o aprofundamento da
descrição de uma determinada realidade, é empregado o estudo de caso (TRIVIÑOS,
2008), escolhido como procedimento para a realização desta pesquisa conforme
apresentado a seguir.
Enquanto estratégia de pesquisa, o estudo de caso é caracterizado como “uma
investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo (o “caso”) em
profundidade e em seu contexto de mundo real, especialmente quando os limites entre
o fenômeno e contexto puderem não ser claramente evidentes” (YIN, 2015, p. 17).
Isso significa dizer que o estudo de caso é adotado quando o pesquisador busca
compreender um fenômeno atual e complexo, a partir de perspectivas individual ou
coletiva, social e/ou política, implicando numa aproximação com o campo empírico,
através do trabalho de campo (YIN, 2015).
Além disso, o estudo de caso não está limitado à caracterização da coleta de
dados. Sua execução deve perpassar a elaboração do projeto de pesquisa, a
definição dos procedimentos e técnicas para coleta e construção dos dados, bem
como escolha da(s) abordagem(ns) para a análise dos dados (YIN, 2015).
São pesquisas que podem abordar um caso único ou casos múltiplos. Nos
estudos de caso único, o pesquisador irá investigar um caso “crítico, peculiar, comum,
revelador ou longitudinal”, que à luz da teoria, pode oferecer novas proposições
teóricas (YIN, 2015, p. 54). Nos estudos de caso múltiplos, o mesmo caso será
analisado a partir de dois ou mais casos. Esta pesquisa trata de um estudo de caso
único, por ter sido desenvolvida em uma das universidades brasileiras mais
143
17Informação obtida por meio da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação do Governo
Federal via Ouvidoria da UNILA, sob o número de protocolo 23546.019097/2022-86.
146
Internacionalização da
Trajetória formativa e Desenvolvimento
Educação Superior e a
profissional profissional docente
atuação docente na UNILA
Caracterização da
Internacionalização
Atuação docente e Trabalho docente
Internacionalização
Experiências marcantes
Formação acadêmica
anterior: a atuação Papel da instituição na
Política de Saberes docentes
como docente
universitário Internacionalização
Desafios do
bilinguismo/plurilinguismo,
interculturalidade,
internacionalização, Processos formativos
interdisciplinaridade para a
atuação docente
interlocutores. A organização da construção dos dados por meio das entrevistas pode
ser identificada conforme informações apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1: Informações sobre a construção dos dados da pesquisa por meio de entrevistas
Parceiro Centro Data da
Sexo Horário Duração Formato
dialógico Interdisciplinar entrevista
E1 Feminino CITAD 24/05/2022 14h00 1:40:29 On-line
E2 Masculino CITI 10/05/2023 13h30 1:13:12 Presencial
E3 Masculino CIRI 13/09/2022 14h00 1:18:15 On-line
E4 Feminino CIES 21/09/2023 14h00 2:23:28 On-line
E5 Feminino CILA 10/05/2023 15h30 1:27:22 Presencial
E6 Feminino CIAH 23/09/2023 9h00 1:49:46 On-line
E7 Feminino CICV 11/05/2023 13h30 1:06:31 Presencial
E8 Feminino CICN 12/05/2023 10h00 1:29:04 Presencial
E9 Masculino CICN 09/05/2023 15h30 1:07:54 Presencial
E10 Feminino CIRI 11/05/2023 17h30 1:37:18 On-line
Fonte: Elaborado pela autora.
Eixo 1 Eixo 2
Significado atribuído pelos docentes que
• Dados sociodemográficos dos atuam na UNILA para a
participantes Internacionalização da Educação Superior
• Trajetória pessoal e formativa na
Educação Superior • Docência na UNILA e o modelo de
Internacionalização defendido pela
universidade em seus documentos
institucionais
• Saberes docentes e desenvolvimento
profissional
19Informação obtida por meio da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação do Governo
Federal via Ouvidoria da UNILA.
153
geral (formato Excel) com todas as questões e respostas. Foram excluídos os dados,
como nome e e-mail do banco de dados, para omitir a identificação e privacidade dos
participantes. Os dados qualitativos dos questionários foram extraídos e inseridos em
uma outra planilha eletrônica, e sua análise realizada por meio da Análise Textual
Discursiva (MORAES; GALLIAZI, 2011), juntamente com os demais dados
qualitativos da pesquisa.
22 O código E1.T8.5 indica entrevistado um, percepção sobre a oitava temática abordada na entrevista,
e o número cinco sinaliza a quinta unidade de sentido apresentada para a mesma temática.
23 O código Q.P30.S10 deve ser interpretado como uma unidade de sentido extraída dos dados
qualitativos do questionário na questão 30, respondida pelo parceiro dialógico dez. A numeração do
parceiro dialógico foi atribuída automaticamente pelo banco de dados extraídos do Google Forms.
155
4.1 UNILA: uma universidade em resposta aos desafios da educação superior nos
contextos emergentes
(conclusão)
Administração Pública e Mestrado em Economia; Mestrado
Políticas Públicas; em Políticas Públicas e
Centro Interdisciplinar Ciências Econômicas; Desenvolvimento; Mestrado em
de Economia e Desenvolvimento Rural e Relações Internacionais; Mestrado
Sociedade Segurança Alimentar; em Integração Contemporânea da
Filosofia (Licenciatura); América Latina; Especialização
ILAESP
Serviço Social em Integração Paraguai-Brasil:
Relações Bilaterais,
Ciência Política e
Centro Interdisciplinar Desenvolvimento e Fronteiras;
Sociologia; Relações
de Relações Curso de Especialização em
Internacionais e
Internacionais Relações Internacionais
Integração
Contemporâneas
Engenharia Civil de
Centro Interdisciplinar
Infraestrutura,
de Infraestrutura,
Engenharia de Energia, Mestrado e Doutorado
Tecnologia e
Engenharia de Materiais, Interdisciplinar em Energia e
ILATIT Território
Engenharia Química Sustentabilidade; Mestrado em
Centro Interdisciplinar Arquitetura e Urbanismo; Engenharia Civil
de Território, Geografia; Geografia
Arquitetura e Design (Licenciatura)
Fonte: Elaborado pela autora a partir de UNILA (2023c).
26Por esses processos seletivos, também ingressam estudantes com nacionalidade não-brasileira,
desde que atendam aos requisitos previstos em edital.
176
Tabela 2: Relação de estudantes brasileiros e internacionais por curso de graduação com vínculo
ativo
Curso de graduação Total Brasileiros Internacionais Nacionalidades
Administração Pública e Políticas
311 226 85 18
Públicas
Antropologia – Diversidade Cultural
182 118 64 12
Latino-Americana
Arquitetura e Urbanismo 173 104 69 15
Biotecnologia 235 140 95 16
Ciência Política e Sociologia –
Sociedade, Estado e Política na 163 100 63 13
América Latina
Ciências Biológicas – Ecologia e
224 135 89 15
Biodiversidade
Ciências da Natureza – Biologia, Física
179 131 48 9
e Química (licenciatura)
Ciências Econômicas – Economia,
185 109 76 17
Integração e Desenvolvimento
Cinema e Audiovisual 250 171 79 19
Desenvolvimento Rural e Segurança
154 84 70 11
Alimentar
Engenharia Civil de Infraestrutura 314 191 123 13
Engenharia de Energia 258 150 108 18
Engenharia de Materiais 178 102 76 11
Engenharia Física 200 121 79 11
Engenharia Química 216 129 87 17
Filosofia (licenciatura) 193 161 32 11
Geografia 119 92 27 10
Geografia (licenciatura) 168 147 21 8
História (licenciatura) 230 204 26 5
História – América Latina 132 97 35 10
Letras – Espanhol e Português como
250 183 67 14
Línguas Estrangeiras (licenciatura)
Matemática (licenciatura) 163 141 23 7
Mediação Cultural – Letras e Artes 185 117 68 13
Medicina 372 218 154 22
Música 100 66 34 11
Química (licenciatura) 168 132 36 8
Relações Internacionais e Integração 277 184 93 20
Saúde Coletiva 219 139 80 16
Serviço Social 260 185 75 15
TOTAL 6.059 4077 1982
Fonte: Elaborado pela autora a partir de UNILA (2022b).
comprovada e declarada de um dos países da ALC, mas que não tenham como idioma
oficial a Língua Espanhola, é exigida
Tabela 3: Relação de países de origem de estudantes ingressantes pelo PSI com vínculo ativo27
(continua)
País Total
Argentina 62
Belize 1
Bolívia 50
Chile 50
Colômbia 351
Costa Rica 14
Cuba 60
El Salvador 24
Equador 41
Guatemala 10
Haiti 331
Honduras 23
México 14
27Conforme dados fornecidos pela UNILA (2023a), até 2017 não havia divisão de processo seletivo
nas informações institucionais. A partir de 2019, o processo seletivo internacional se dividiu em
Processo Seletivo de Indígenas, de Refugiados e Internacional.
179
(conclusão)
Nicaragua 9
Panamá 11
Paraguai 403
Peru 158
República Dominicana 20
Uruguai 7
Venezuela 87
Total 1726
Fonte: Elaborado pela autora a partir de UNILA (2023a).
Tabela 4: Relação de países de origem dos estudantes ingressantes pelo PSRH com vínculo ativo
Nacionalidade 2019 2020 2021 2022 Total
Angola 1 1 0 0 2
Barbados 1 0 0 0 1
Benin 1 0 0 0 1
Cuba 0 0 0 2 2
Gana 2 0 0 1 3
Guiné-Bissau 3 4 0 0 7
Haiti 5 8 16 11 40
Paquistão 1 0 0 0 1
República do Congo 1 0 2 2 5
República Dominicana 0 0 1 0 1
Síria 1 0 0 0 1
Venezuela 1 4 2 3 10
Total 17 17 21 19 74
Fonte: Elaborado pela autora a partir de UNILA (2023a).
28Em respeito ao disposto no Art. 2 da Lei nº 9.474, de 1997, a UNILA prevê que podem participar do
PSRH “o cônjuge, os ascendentes e descendentes, assim como os demais membros do grupo familiar
de um refugiado, desde que dependam economicamente do referido e que se encontrem em território
brasileiro” (UNILA, 2021a, p. 1).
181
Tabela 5: Relação quantitativa de estudantes ingressantes pelo PSIN com vínculo ativo
País de origem Povo 2019 2020 2021 2022 Total
Brasil Avá - Guarani 2 0 1 4 7
Atikum 0 1 0 0 1
Aymara 0 0 0 0 0
Borari 0 0 0 2 2
Desano 0 0 0 1 1
Guarani 3 7 1 0 11
Kaigang 2 0 1 0 3
Kambeba 0 0 0 1 1
Kokama 0 0 0 1 1
Macuxi 0 1 0 0 1
Mapitu 1 0 0 0 1
Pankará 1 0 1 0 2
Piratapuia 0 0 1 0 1
Tikuna 3 9 11 37 60
Tukano 0 1 0 1 2
Wanano 0 0 0 1 1
Xocó 0 0 0 1 1
Bolívia Afroboliviano 0 0 1 0 1
Aymara 0 0 0 1 1
Chile Mapuchi 1 1 0 0 2
Colombia Cubeo 0 0 0 1 1
Kamentsá 0 0 0 1 1
Kokama 1 1 0 0 2
Nasa 0 0 0 4 4
Tikuna 2 0 0 0 2
Wayuu 1 0 0 0 1
Equador Kichwa 0 0 0 2 2
Schuar 0 0 0 1 1
Honduras Garifuna 0 0 0 1 1
Venezuela Baniwa 0 0 0 1 1
Baré 0 0 0 1 1
Piaroa 0 0 0 1 1
Total 17 21 17 63 118
Fonte: Elaborado pela autora a partir de UNILA (2023a).
(conclusão)
Especialização em Integração Paraguai-
Brasil: Relações Bilaterais, 30 23 7 4
Desenvolvimento e Fronteiras
Especialização em Gestão em Saúde –
78 70 8 5
EaD
Especialização em Relações
55 48 7 5
Internacionais Contemporâneas
Residência Multiprofissional em Saúde
21 20 1 2
da Família
Total 724 603 121
Fonte: Elaborado pela autora a partir de UNILA (2023a).
à titulação dos docentes que atuam na UNILA, a maioria possui doutorado (87%), e
destes, 14,4% (n=49) já realizaram estágio pós doutoral. Os docentes com mestrado
representam 9,97% (n=39) e aqueles que possuem apenas a especialização são
2,81% (n=11). Os dados apontam que um docente tem apenas a formação em nível
de graduação.
No que se refere à alocação dos docentes nas áreas do conhecimento,
atualmente a UNILA possui regulamentadas 26 áreas. A distribuição dos docentes
nessas áreas apresenta os seguintes resultados: Administração Pública (n=3),
Antropologia (n=10), Arquitetura e Urbanismo (n=16), Artes (n=3), Biologia (n=21),
Ciência da Computação (n=2), Ciência Política e Sociologia (n=11), Cinema (n=9),
Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar (n=7), Economia (n=14), Educação
(n=6), Engenharias (n=38), Filosofia (n=12), Física (n=13), Fundamentos de América
Latina (n=29), Geografia (n=12), História (n=16), Letras e Linguística (n=51),
Matemática (n=14), Medicina (n=36), Música (n=13), Políticas Públicas (n=2),
Probabilidade e Estatística (n=2), Química (n=14), Relações Internacionais (n=16),
Saúde Coletiva (n=7) e Serviço Social (n=6) (UNILA, 2022h).
Entre os docentes efetivos, 56% (n=206) são do sexo masculino e 44% (n=162)
do sexo feminino. Quanto à faixa etária, a maioria tem entre 35 e 49 anos (73,1,
n=269). O segundo maior percentual é dos docentes na faixa etária de 50 a 54 anos
(10,9%, n=40), seguido da faixa etária de 55 a 59 anos (5,1%, n=19). Em menor
proporção, os docentes efetivos encontram-se na faixa etária de 30 a 34 anos (4,6%,
n=17), 60 a 64 anos (4,3%, n=16) e com 65 anos ou mais (2%, n=7) (UNILA, 2023a).
Na conjuntura sócio-histórica das universidades, em nível nacional e
internacional, a UNILA ainda é jovem, embora seja resultado de um projeto que
redireciona a “internacionalização do ensino superior, em favor de uma geopolítica do
conhecimento, reorientada do Sul e para o Sul, direcionada da América Latina e para
a América Latina” (VIEIRA, 2018, p. 59).
Nesse entendimento, como a UNILA nasceu internacionalizada, e a partir de
um projeto pedagógico ousado, pode ser um laboratório para a promoção de
estratégias de internacionalização inovadoras, que possibilitem o desenvolvimento de
um processo coerente com os desafios e problemáticas latino-americanas e
caribenhas, conforme veremos nos próximos capítulos.
190
30Em consonância com os objetivos desta pesquisa, optou-se por apresentar os principais marcos
normativos relacionados ao ensino, pesquisa e extensão.
191
Quadro 6: Documentos que compõem o marco normativo da UNILA para o ensino, pesquisa e
extensão
(continua)
Referência no
Ano Documento Objetivo
texto
Dispõe sobre a criação da
Lei nº 12.189, de 12 de Universidade Federal da
2010 Lei de criação
janeiro de 2010 Integração Latino-Americana –
UNILA e dá outras providências
Portaria nº 32, de 11 de abril
de 2012, da Secretaria de
2012 Regulação e Supervisão da Institui o Estatuto da UNILA Estatuto
Educação Superior, do
Ministério da Educação
Estabelece as Normas de
Resolução COSUEN nº 07, Graduação da Universidade Normas da
2018
de 23 de julho de 2018 Federal da Integração Latino- Graduação
Americana (UNILA)
Estabelece o Regulamento de
Resolução COSUP n° 04, de Pesquisa da Universidade Federal Regulamento de
2018
26 de novembro de 2018 da Integração Latino-Americana Pesquisa
(UNILA)
Aprova a Política de
Internacionalização ad
Resolução CONSUN nº 05, Política de
2019c Universidade Federal da
08 de abril de 2019 Internacionalização
Integração Latino-Americana –
UNILA
192
(conclusão)
Aprova o Plano de
Desenvolvimento Institucional
Resolução CONSUN nº 17, PPI
2019b 2019-2023 da Universidade
de 23 de dezembro de 2019 PDI – OE
Federal da Integração Latino-
Americana
Institui a Política de Pós-
Resolução CONSUN nº 15, Graduação da Universidade Política de Pós-
2021
de 06 de maio de 2021 Federal da Integração Latino- Graduação
Americana
Institui a Política Extensão da
Resolução CONSUN nº 37, Política de
2021a Universidade Federal da
de 07 de dezembro de 2021 Extensão
Integração Latino-Americana
Universidade;
IV – cursos de extensão, de educação continuada e similares;
V – cursos experimentais compatíveis com a vocação da Universidade e que
atendam aos requisitos exigidos pela legislação em vigor;
VI – programas de ensino, pesquisa e extensão, e em parceria com
instituições nacionais e estrangeiras, com movimentos sociais nacionais e
internacionais, especialmente da América Latina e Caribe, visando o
desenvolvimento socioeconômico, cultural, científico e tecnológico. (BRASIL,
2012c, p. 6).
Nas Normas da Graduação, foi definido em seu artigo 2º, parágrafo VII, como
um princípio que deve reger os cursos de graduação a “educação bilíngue, em
português e espanhol” (UNILA, 2018b, p. 3), ratificando o princípio institucional
previsto no Estatuto. No caso da UNILA, o ensino bilíngue em português e espanhol
nos cursos de graduação é estabelecido pela presença de professores brasileiros e
estrangeiros, presença de estudantes falantes das duas línguas no ambiente
universitário, por meio do desenvolvimento linguístico integrado às atividades
acadêmicas e do CCE. Outra maneira de atender ao princípio institucional do
bilinguismo é a previsão de disponibilização dos PPCs dos cursos de graduação à
comunidade acadêmica em língua portuguesa, sendo desejável que o referido
instrumento também seja publicizado em língua espanhola (UNILA, 2018b).
A partir da Política de Internacionalização da UNILA, aprovada no ano de 2019,
observa-se que a instituição começa a buscar a confluência de suas diretrizes
filosóficas, políticas e institucionais em seu arcabouço normativo e direcionar sua
missão internacional, seja no estabelecimento de novas resoluções, seja na revisão
daquelas em vigência.
O objetivo de estabelecer uma política específica para tratar da
internacionalização teve como objetivo
31 Embora esteja presente no PPI a vinculação do bilinguismo com a extensão, não foi observada a
menção específica ao Bilinguismo na Política de Extensão (UNILA, 2021c).
32 Embora esteja presente no PPI a vinculação do bilinguismo com a política de pesquisa, não foi
Nesse mesmo sentido, o PPI reforça que “para atender às demandas da atual
conjuntura, tem exigido, em nível mundial, nacional e local, formas de organização de
ensino-aprendizagem cada vez mais interdisciplinares (UNILA, 2019b, p. 34). A
consolidação da universidade enquanto instituição voltada para a integração solidária
da ALC, por meio da formação de recursos humanos, exige o redesenho das práticas
pedagógicas e institucionais. Uma questão prioritária, nesse sentido, é a inserção da
UNILA “em redes e espaços de diálogos transnacionais, almejando potencializar suas
experiências e ainda reunir e articular pesquisas básicas e avançadas, de caráter
interdisciplinar” (UNILA, 2019b, p. 35).
Dessa forma, a busca por inter-relações com diferentes atores sociais, em nível
nacional, regional e internacional, em uma perspectiva interdisciplinar, está alinhada
34 Para fins de análise dos dados, os nomes dos cursos de graduação dos participantes estrangeiros
foram adaptados à nomenclatura utilizada no Brasil. Os nomes dos cursos de especialização, mestrado
e doutorado foram normalizados conforme Tabela de Áreas de Conhecimento/Avaliação da CAPES,
atualizada em 2022.
217
dialógicos não houve uma formação curricular específica para o exercício da docência
na educação superior, sendo que a maioria (n=100) teve sua formação na área
específica de seu bacharelado e/ou licenciatura.
No Gráfico 7, constam os dados referentes ao tempo de atuação dos parceiros
dialógicos na educação superior.
docentes vinculados ao ILAACH, seguido pelos docentes que atuam no ILATIT 23,6%
(n=37), enquanto 22,3% (n=35) atuam no ILAESP e 20,4% (n=33) no ILACVN.
A área do conhecimento a qual o parceiro dialógico está vinculado não era um
item abordado pelo questionário, contudo, na construção da análises dos dados,
optou-se por buscar essa informação. Para realizar o levantamento da vinculação dos
docentes às áreas do conhecimento na UNILA, foram utilizados os dados disponíveis
na Portaria UNILA nº 394, de 13 de setembro de 202235, a qual disciplina a alocação
de vagas docentes nas unidades acadêmicas, por meio das áreas do conhecimento.
No Gráfico 11, são apresentados os dados referentes à área acadêmica de
vinculação dos parceiros dialógicos.
A partir dos dados apresentados no Gráfico 12, verificou-se que o maior número
absoluto de respondentes está relacionado à atuação no Ciclo Comum de Estudos
(n=34), parte constituinte da matriz curricular de cada um dos 29 cursos de graduação
da UNILA, em seus três eixos, conforme demonstrado no Quadro 5. Possivelmente,
houve entre os parceiros dialógicos, aqueles que assinalaram a atuação no Ciclo
Comum de Estudos, bem como o nome dos cursos de graduação nos quais atuam
por meio do Ciclo Comum de Estudos. Em relação à atuação nos cursos de
graduação, identificou-se que 108 parceiros dialógicos responderam que atuam nos
cursos de graduação vinculados ao ILATIT, 96 atuam em cursos de graduação do
ILACVN, 69 atuam em cursos vinculados ao ILAACH e 41 dos participantes da
pesquisa atuam em cursos do ILAESP.
227
Quadro 7: Características gerais e trajetória dos parceiros dialógicos que participaram das entrevistas
Tempo de
Ano de
docência
Centro Faixa Área de formação ingresso
Identificação Instituto na
Interdisciplinar etária acadêmica na
educação
UNILA
superior
Entrevistado 36 a 40 Arquitetura, 09 a 15
ILATIT CITAD 2015
1 anos Urbanismo e Design anos
Entrevistado 36 a 40 09 a 15
ILATIT CITI Agronomia 2014
2 anos anos
Entrevistado 36 a 40 16 a 20
ILAESP CIRI Sociologia 2011
3 anos anos
Entrevistado 46 a 50 16 a 20
ILAESP CIES Educação 2012
4 anos anos
Entrevistado 41 a 45 16 a 20 Antes de
ILAACH CILA Linguística e Letras
5 anos anos 2010
Entrevistado 36 a 40 09 a 15
ILAACH CIAH Sociologia 2014
6 anos anos
Entrevistado 46 a 50 09 a 15
ILACVN CICV Saúde Coletiva 2012
7 anos anos
Entrevistado 36 a 40 09 a 15
ILACVN CICN Astronomia/Física 2012
8 anos anos
Entrevistado 36 a 40 Ciências Biológicas 04 a 08
ILACVN CICN 2015
9 anos II anos
Ciência Política e
Entrevistado 36 a 40 09 a 15
ILAESP CIRI Relações 2013
10 anos anos
Internacionais
Fonte: Elaborado pela autora.
dados acima revelam que esse parâmetro foi cumprido, mas destaca-se que, como o
critério de seleção desses participantes foi a conveniência, em dois Centros
Interdisciplinares há mais de um representante, como é o caso do CIRI - ILAESP e do
CICN-ILACVN36.
Outra característica dos parceiros dialógicos entrevistados é que 90% (n=9)
estão ou já estiveram em cargos de gestão na coordenação de curso de graduação e
de Centros Interdisciplinares, Direção de Instituto, chefia de Departamento e Pró-
reitorias, durante a trajetória na UNILA. Ou seja, são parceiros dialógicos que
conhecem a universidade pelo ensino, pesquisa, extensão e gestão, transitam em
espaços de decisão institucional e, por isso, apresentam perspectivas relevantes para
a compreensão de como se configura a docência na UNILA, tendo em vista o
panorama da Internacionalização da Educação Superior.
Em relação ao sexo, o público feminino teve maior representatividade, sendo
sete entrevistadas, enquanto do sexo masculino foram três entrevistados. Quanto à
faixa etária, a maioria (n=8) dos entrevistados possui entre 36 e 40 anos, um
entrevistado está na faixa etária de 41 a 45 anos e um entrevistado na faixa de 46 a
50 anos. No que se refere a nacionalidade, nove entrevistados são brasileiros e uma
entrevista é oriunda dos demais países da ALC.
Em relação ao ano de ingresso na UNILA, verifica-se que todos ingressaram
até o ano de 2015, o que demonstra que possuem um tempo significativo de exercício
enquanto docente na UNILA. A respeito do tempo de atuação docente na educação
superior, observa-se que a maioria (n=6) possui entre 9 e 15 anos de experiência, três
entrevistados atuam entre 16 e 20 anos e um entrevistado tem o tempo de atuação
entre 4 e 8 anos.
No que se refere à formação acadêmica em nível de graduação, os
entrevistados possuem formação em Arquitetura e Urbanismo (n=1), Ciências
Biológicas (n=2), Ciências Econômicas (n=1), Ciências Sociais (n=1), Enfermagem
(n=1), Engenharia Agrícola (n=1), Física (n=1), Letras – Português e Alemão (n=1) e
Relações Internacionais (n=1). No tocante à formação na pós-graduação stricto
sensu, todos os entrevistados possuem mestrado e doutorado. Quanto à formação no
36Como os convites foram realizados por e-mail, e em alguns casos houve demora na resposta do
parceiro dialógico, outro interlocutor que atendesse aos critérios estabelecidos previamente era
convidado a participar da entrevista. Se o primeiro parceiro dialógico respondesse o contato durante o
período da pesquisa, e demonstrasse interesse em contribuir com esta investigação, a entrevista era
realizada.
231
mestrado, os parceiros dialógicos das entrevistas são formados nas seguintes áreas
do conhecimento: Agronomia (n=1), Astronomia/Física (n=1), Ciência Política e
Relações Internacionais (n=1), Educação (n=1), Enfermagem (n=1), Engenharias I
(n=1), Linguística e Letras (n=1), Sociologia (n=2). Considerando a maior titulação dos
parceiros dialógicos, todos com doutorado, eles são formados nas áreas de
Agronomia (n=1), Arquitetura, Urbanismo e Design (n=1), Astronomia/Física (n=1),
Ciências Biológicas II (n=1), Ciência Política e Relações Internacionais (n=2),
Educação (n=1), Linguística e Literatura (n=1), Saúde Coletiva (n=1) e Sociologia
(n=1).
Em relação à atuação em cursos de graduação, os parceiros dialógicos desta
pesquisa atuam em 14 dos 29 cursos de graduação da UNILA, estando representados
pelos entrevistados os cursos de Antropologia – Diversidade Cultural Latino-
Americana, Arquitetura e Urbanismo, Biotecnologia, Ciências Biológicas – Ecologia e
Biodiversidade, Ciências da Natureza – Biologia, Física e Química, Engenharia Civil
de Infraestrutura, Engenharia de Energia, Engenharia Física, Filosofia, Letras –
Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras, Mediação Cultural – Letras e Artes,
Relações Internacionais e Saúde Coletiva. Entre os docentes entrevistados, dois
também atuam no Ciclo Comum de Estudos.
Sobre a atuação na pós-graduação stricto sensu, oito entrevistados atuam nos
programas de pós-graduação. Os parceiros dialógicos atuam no Mestrado e
Doutorado Interdisciplinar em Energia e Sustentabilidade, Mestrado em Biociências,
Mestrado em Biodiversidade Neotropical, Mestrado em Integração Contemporânea da
América Latina, Mestrado Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos, Mestrado
em Literatura Comparada, Mestrado em Políticas Públicas e Desenvolvimento,
Mestrado em Relações Internacionais.
Após a constituição do perfil dos parceiros dialógicos que participam desta
pesquisa, no próximo capítulo serão apresentadas as dimensões e perspectivas da
Internacionalização da Educação Superior, sob a ótica dos docentes que atuam na
UNILA.
232
nós tomamos essas coisas como dadas, mas não são dadas, que enquanto
você me perguntava “O que você acha da internacionalização?” e eu também
fiquei pensando “O quê?”. Eu acho que o que falta para nós é elaborar mais
“O que é a Internacionalização da UNILA”. A internacionalização unileira é
diferente, ela coloca outras dimensões. (E1.T3.13).
a dimensão Internacionalização está presente nos eixos que compõem o(s) Projeto(s)
Pedagógico(s) do(s) Curso(s) de Graduação no(s) (PPCs) qual(is) atua(m), e como os
fundamentos filosóficos e metodológicos institucionais compostos pela
internacionalização, interculturalidade, bilinguismo/plurilinguismo e
interdisciplinaridade, são incorporados à prática docente no ensino, pesquisa e
extensão.
contextos, novo tempo, novo lugar, novas informações, novos sentimentos, novas
interações” (CUNHA, 2010, p. 31). Na UNILA, essa dinâmica é reforçada por uma
identidade institucional marcada pela presença da pluriculturalidade,
bilinguismo/multilinguismo, da interdisciplinaridade e da internacionalização (UNILA,
2019c).
Conduzida por um pensamento reflexivo e crítico, “as práticas pedagógicas
realizam-se como sustentáculos à prática docente, num diálogo contínuo entre os
sujeitos e suas circunstâncias, e não como armaduras à prática, que fariam com que
esta perdesse sua capacidade de construção de sujeitos” (FRANCO, M. 2016, p. 538).
Na UNILA, essas práticas são tensionadas por um cotidiano que apresenta o desafio
do processo de integração regional por meio do conhecimento, o qual deve “responder
à altura da riqueza e diversidade cultural dos povos de Nuestra América no que toca
aos processos de ensino-aprendizagem, pesquisa, extensão, na gestão da
administração universitária e no espaço de convivência acadêmico” (PEREIRA;
HONÓRIO; FORTES, 2022, p. 579).
Ao passo que os documentos oficiais da instituição buscam garantir em seu
conjunto o cumprimento da missão institucional, e que as práticas docentes precisam
estar orientadas aos preceitos da universidade, buscou-se compreender em que
dimensões dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação os parceiros
dialógicos identificam a presença de princípios como internacionalização, conforme
demonstrado na Tabela 9.
Embora não tenha sido identificada pela maioria dos parceiros dialógicos a
presença da dimensão internacional no regulamento de TCC dos cursos de
graduação, há experiências marcantes no exercício da docência na UNILA,
justamente no momento da orientação do TCC, conforme apresentam dois parceiros
dialógicos.
O melhor TCC que eu acho que orientei até hoje, é um que está aplicado no
meio da Selva Amazônica, que nós colocamos no meio de uma Tribo
Indígena, o TCC do (conteúdo suprimido). Sabe por quê? Porque ele teve
algo que está funcionando. Está instalado em uma comunidade e as pessoas
tinham doenças, dor de barriga e um monte de problemas e tomavam água
do rio. Partiu dele, a comunidade indígena Quéchua é um lugar que nem
energia elétrica tem, o pessoal tomava água do rio, eles tinham dor de barriga
e muitas outras doenças ali. Então nós pegamos uma adaptação de um filtro
barato feito em casa e fizemos umas modificações, considerando que a
população não tem conhecimento técnico. Aquele filtro natural que tem
colocado no mesmo recipiente uma camada de areia, brita e tal, várias
camadinhas de granuladuras diferentes e que de tempo em tempo tem que
trocar. Como não tinha como saber a quantia de cada material, então
colocamos vários recipientes, um material em cada um, porque na hora que
tivesse que trocar, troca tudo. Não é fácil? Um kit. E ao invés da água entrar
por cima e descer por baixo, que é o processo normal dos filtros, a gente fez
ao contrário, entra em baixo, sai encima, passa para baixo do outro, sai
encima. Fluxo invertido, porque o próprio fluxo quando desce e quando sobe,
as impurezas mais pesadas, já filtram e assim vai reduzindo 50% dos
coliformes fecais da água, só com isso. [...] Então essas coisas, sabe, e essa
ideia foi legal, porque partiu de um experimento de laboratório, nós testamos
para fazer esse filtro aqui. O aluno gostou e me disse assim: “Professor, eu
gostei disso, será que não daria para eu trabalhar com isso”? E eu disse:
“Vamos, qual é o problema que você quer resolver? Ele foi nas férias para
casa e um dia ele me ligou e disse: “Professor, tem isso, tem isso, tem isso”,
e eu respondi “Vamos fazer esse negócio”. (E02.T5.1).
Por esse ponto de vista, a gestão universitária apresenta forte influência sobre
a dinâmica da internacionalização, principalmente a partir do estabelecimento de
documentos que orientam a prática pedagógica docente. As concepções assumidas
pelas IES em suas normativas institucionais têm o papel de garantir que,
independentemente dos anseios individuais, os interesses coletivos e os processos
de tomada de decisão sejam orientados pelo desenvolvimento de ações que
expressem a missão da universidade.
No contexto universitário brasileiro, há outros desafios que se somam aos já
mencionados no processo de IoC, como a legislação educacional, as diretrizes
curriculares nacionais e as orientações destinadas à regulamentação das profissões,
entre outros.
informam que “A principal limitação não está no PPC do curso, mas sim, nas
imposições previstas pelo Estado Brasileiro e pelo conselho de classe que já
estabelece currículos básicos e estágios profissionalizantes” (Q.P23A.S102), ou
ainda, que “A profissão do Assistente social/ serviço social, tem regulamentação
nacional e, dessa forma, algumas questões da internacionalização não são possíveis”
(Q.P23A.S23). Em outras palavras, os limites e desafios para a atuação docente na
UNILA esbarram em dimensões relacionadas ao próprio sistema de educação
superior brasileiro e institucionais.
Conforme demonstrado, o PPC é o instrumento institucional que sistematiza a
organização curricular de um curso, a partir de um conjunto de fundamentos e
diretrizes que contribuem para sua consecução. Por meio das práticas pedagógicas,
os docentes explicitam a compreensão que possuem do projeto pedagógico do curso
e do PPI. No cenário da Internacionalização da Educação Superior, os docentes são
os principais impulsionadores do processo de internacionalizar as IES (AMBLEE;
DHAYANITHY, 2018), embora a internacionalização do ensino seja um dos desafios
que enfrenta o docente universitário (KOGAN; TEICHLER, 2007).
Tabela 10: Internacionalização e a prática docente no ensino de graduação e/ou pós-graduação na UNILA37
(continua)
GERAL ILAACH ILACVN ILAESP ILATIT
Internacionalização e a prática docente no ensino
n % n % n % n % n % p-valor
q24_1 Na escolha de bibliografia(s) que contribua(m) para o
desenvolvimento e integração regional, mediante o 111 70,2% Não 4 8,7% 16 34,8% 9 19,6% 17 37%
< 0,001
conhecimento dos problemas sociais, políticos,
Sim 49 44,1% 18 16,2% 25 22,5% 19 17,1% (v=0,288)
econômicos, ambientais, científicos e tecnológicos dos
diferentes países da América Latina e Caribe
q24_2 Na escolha de bibliografia(s) que contemple(m) o contexto 109 69% Não 9 18,8% 15 31,2% 9 18,8% 15 31,2% 0,022
local, nacional, regional e internacional Sim 44 40% 19 17,3% 25 22,7% 22 20% (v=0,246)
q24_3 Na escolha das metodologias de ensino e de
aprendizagem, busco promover ambientes de
aprendizagem colaborativos e participativos, que 104 65,8% Não 6 10,9% 17 30,9% 11 20% 21 38,2%
permitam aos estudantes a compreensão das temáticas < 0,001
latino-americanas e caribenhas, refletir criticamente sobre Sim 47 45,6% 17 16,5% 23 22,3% 16 15,5% (v=0,392)
as distintas dinâmicas locais, nacionais, regionais e
internacionais, visando à atuação profissional e o
exercício da cidadania
q24_4 Nos exemplos utilizados em sala de aula, busco
contemplar os atuais requisitos para o exercício 109 69% Não 19 38,8% 15 30,6% 9 18,4% 6 12,2%
0,06
profissional em contexto local, nacional, regional e
internacional Sim 34 31,2% 19 17,4% 25 22,9% 31 28,4%
q24_5 Na escolha das atividades/experiências de aprendizagem
que são desenvolvidas ao longo do semestre, priorizo 75 47,5% Não 19 23,5% 19 23,5% 15 18,5% 28 34,6%
aquelas que contribuem para a compreensão da 0,002(v=0,307)
Sim 34 44,2% 15 19,5% 19 24,7% 9 11,7%
interdependência do contexto local, em relação ao
nacional, regional e internacional
37Para apresentação dos resultados das questões 24 a 29 (Tabelas 12 a 17), optou-se por manter a ordem das alternativas de cada questão conforme os
dados do questionário, ordem que também foi utilizada para o teste de qui-quadrado de independência, para facilitar a compreensão da análise realizada.
252
(conclusão)
q24_6 Na escolha das atividades/experiências de aprendizagem
que são desenvolvidas ao longo do semestre, priorizo 69 43,7% Não 20 22% 28 30,8% 18 19,8% 25 27,5% < 0,001
aquelas que contribuem para o desenvolvimento e (v=0,346)
integração da América Latina e do Caribe Sim 33 49,3% 6 9% 16 23,9% 12 17,9%
q24_7 Nas atividades avaliativas é requerido dos estudantes 64 40,5% Não 28 29,2% 25 26% 17 17,7% 26 27,1%
contemplem soluções adaptadas às peculiaridades da 0,079
América Latina e Caribe Sim 25 40,3% 9 14,5% 17 27,4% 11 17,7%
q24_8 Nas atividades avaliativas é requerido dos estudantes que 70 44,3% Não 16 18,4% 26 29,9% 17 19,5% 28 32,2% < 0,001
considerem perspectivas locais, nacionais, regionais e
Sim 37 52,1% 8 11,3% 17 23,9% 9 12,7% (v=0,408)
internacionais
q24_9 5 3,2% Não 52 34,7% 32 21,3% 32 21,3% 34 22,7%
Não adoto as premissas da internacionalização na minha
0,589
prática docente no ensino Sim 1 12,5% 2 25% 2 25% 3 37,5%
q24_10 Não sei responder ou desconheço 5 3,2% Não 52 34% 32 20,9% 32 20,9% 37 24,2%
0,243
Sim 1 33,3% 2 66,7% 0 0% 0 0%
Fonte: Elaborado pela autora.
Ao serem indagados sobre em quais elementos da prática docente no ensino (graduação e/ou pós-graduação) está
incorporada a dimensão Internacionalização (Tabela 10), majoritariamente os parceiros dialógicos informam que é por meio da
escolha de bibliografia que contemple a realidade dos diferentes países da América Latina e Caribe (q_24_1) (n=111, 70,2%), bem
como pela escolha daquelas que examinem o contexto local, nacional, regional e internacional (q24_2) (n= 109, 69%).
A partir dos resultados apresentados na Tabela 10, é possível inferir que em relação à unidade acadêmica de lotação dos
parceiros dialógicos que utilizam bibliografia (s) voltadas para o contexto da internacionalização, a maioria está lotado no ILAACH
(q24_1: n=49, 44,1%; q24_2: n=44, 40%) e no ILAESP (q24_1: n=25, 22,5%; q24_2: n=19; 17,3%). Entre os parceiros dialógicos
que não adotam a premissa da internacionalização na escolha dos referenciais bibliográficos, a maioria está lotada no ILATIT (q24_1:
n=17, 37%; q24_2: n=15, 31,2%) e ILACVN (q24_1: n=16, 34,8%; q24_2: n=15, 31,2%).
253
Eu acho que algumas áreas, talvez tenha sido uma impressão pessoal,
mas talvez as áreas de Humanidades tenham um pouco mais de facilidade
para fazer essa análise do que algumas áreas muito específicas das exatas
e das biológicas. Pelo menos é a primeira impressão que eu tenho,
considerando a minha experiência desde que cheguei na UNILA, eu acho
que muito é deixado “Ah não, mas isso é o Ciclo Comum que vai trabalhar”
ao mesmo tempo que as pessoas depois falam “Mas o Ciclo Comum não
sei o que (...). (E9.T7.7).
ILATIT, a maioria (n=21) dos docentes não indicou essa prática com foco no processo
de internacionalização do ensino como sendo uma das adotadas por eles. O resultado
do teste estatístico indica que as variáveis unidade acadêmica de lotação e q24_3
apresentam uma associação significativamente estatística (p-valor <0,001, v=0,392),
com efeito de tamanho médio, portanto, rejeita-se H0.
Os dados da pesquisa revelam que os docentes lotados no ILAACH (n=34,
31,2%) e no ILATIT (n=31, 28,4%) são aqueles que contemplam em suas práticas
docentes os atuais requisitos para o exercício profissional em contexto local, nacional,
regional e internacional (q24_4), seguido por aqueles lotados no ILAESP (n=25,
29,9%) e ILACVN (n=19, 17,4%). Entre aqueles que menos desenvolvem essa
premissa da internacionalização, a maioria está lotada no ILAACH (n=19, 38,8%) e no
ILACVN (n=15, 30,6%). O teste qui-quadrado de independência revela que não há
uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis q24_4 e unidade
acadêmica de lotação (p-valor> 0,05), deste modo, não podemos rejeitar a hipótese
nula.
A escolha de atividades/experiências de aprendizagem que contribuam para a
compreensão da interdependência do contexto local, em relação ao nacional, regional
e internacional) (q24_5) é uma prática da maioria dos docentes lotados no ILAACH
(n=34, 44,2%), mas adotada em menor proporção por docentes lotados no ILAESP
(n=19, 24,7%) e ILACVN (n=15, 19,5%). Em relação aos parceiros dialógicos que
menos desenvolvem essa premissa da internacionalização, a maioria está lotada no
ILATIT (n=28, 34,6%). O resultado do teste estatístico indica que as variáveis unidade
acadêmica de lotação e q24_5 apresentam uma associação significativamente
estatística (p-valor <0,002, v=0,307), com efeito de tamanho médio, portanto, rejeita-
se H0.
Outro dado relevante em relação às metodologias de ensino e de
aprendizagem aponta que aproximadamente metade dos parceiros dialógicos que
priorizam a realização de atividades/experiências de aprendizagem que contribuam
para o desenvolvimento e integração da América Latina e do Caribe (q24_6) estão
lotados no ILAACH (n=33, 49,3%). Por sua vez, os docentes lotados no ILACVN
(n=28, 30,8%), ILATIT (n=25, 27,5%), e ILAESP (n=18, 19,8%) são os que menos
priorizam essa premissa. Nas três unidades acadêmicas, mais da metade dos
parceiros dialógicos que participaram da pesquisa não indicam adotar essa prática
docente. O resultado do teste estatístico indica que as variáveis unidade acadêmica
256
Eu acho que em muito dos processos que eu vejo que nós ficamos patinando,
o que a gente tinha ou que tem dificuldades, é porque é não existem políticas,
é muito voluntarismo mesmo. Se a entrevistada 10 entende aquilo e faz aquilo
e incorpora isso nas suas atividades docentes, ela faz isso por ela, não há
uma formação da universidade, e eu acho que isso é muito necessário, nem
que seja uma formação explicando a UNILA, por exemplo, como ela surgiu,
257
Então, no século 19 teve a Guerra do Pacífico, que foi uma guerra do Chile
contra a Bolívia e o Peru. Quando eu estava em São Paulo, se você fazia
algumas simulações de conflito, resoluções de conflito, você teria que falar
“Finge que você é boliviano, finge que você é chileno, finge que você é
peruano”. Aqui não. Aqui você fala “O que que você aprendeu sobre esse
258
conflito? Qual foi a perspectiva que te passaram desse conflito”? Qual foi a
perspectiva que você passou desse conflito”? (E3.T4.5).
[...] o principal desafio ainda é [....] fazer os docentes que compõem o quadro
da UNILA compreenderem a missão política de seu projeto de
internacionalização, a saber “Es necesaria para crear el futuro del
Continente”. [...] A integração, ao menos pelo que vejo na UNILA, tem sido
relegada a um plano que nem se discute. Eu ao menos nunca participei de
um fórum sobre isso em meu Centro ou Instituto. Iniciativas muito grandes
também se perdem com o tempo. Atualmente, vivenciamos um enorme
retrocesso em um dos poucos espaços onde se ensinava algo relativo à
integração, o Ciclo Comum de Estudos. A questão da democracia na América
Latina, extremamente frágil, não é um tema relevante na universidade e nem
em suas práticas. (Q.S117.P21A).
[...] muitas vezes alunos dos períodos finais me falam que a única vez que
viram “América Latina” foi em FAL, algo bastante distante do que seria um
projeto de “Integração Latino-americana”. Não há, salvo em poucos espaços
e de maneira incipiente, uma visão de conjunto sobre os problemas e desafios
da região e há pouco incentivo da gestão para que sejam fomentados estes
espaços. (Q.P22A.S118).
[...] nem sempre precisa aplicar a prova. No meu ponto de vista a avaliação
é necessária, mas não precisa ser por meio de prova, às vezes um trabalho
bem-feito, bem estruturado, onde o aluno se empenha para estar trazendo
conteúdo, busque algo diferente, você gera uma discussão na aula, gera o
aprendizado. A prova às vezes não, o estudante decora. Nos trabalhos eles
trazem (exemplos) e às vezes eu forço isso na aula. Eu estou dando aula e
às vezes eu dou um exemplo “Ah lá no seu país era assim, assim, assado?”
Eu peço: “Fulano, você é da Venezuela? Como é que acontece lá? Você já
viu isso? E ele me responde: “Ah, não, nunca vi professor.” E eu continuo
“Mas pensa bem, você nunca passou por algo assim? Então o estudante
reflete e confirma “Ah, sim”. Eu aproveito esses exemplos e trago para a sala
de aula e a gente vai interagir. Isso eu faço bastante. (E2.T4.7).
(7 de 8 premissas são adotadas por pelo menos 50% dos docentes). Em seguida
estão os docentes lotados no ILAACH (6 de 8 premissas são incorporadas por pelo
menos 62,3% dos docentes). Em menor proporção estão os docentes lotados no
ILACVN (4 de 8 premissas são incorporadas por pelo menos 50% dos docentes) e no
ILATIT (3 de 8 premissas são incorporadas por pelo menos 51,3% dos docentes).
Desenvolver abordagens pedagógicas e estratégias de ensino e de
aprendizagem condizentes com a missão institucional da UNILA é um dos desafios
endógenos da universidade, conforme observado nesta pesquisa. O enfrentamento
dessa condição deve ser objeto de compromisso de toda a comunidade
universitária. Isso porque, “ao mesmo tempo, o desafio é ser uma universidade
federal brasileira, mas resistir ao fluxo de ser apenas mais uma, para ousar inovar”
(VIEIRA, 2018, p. 67).
No caso da incorporação da internacionalização nas práticas docentes no
ensino de graduação e pós-graduação, um dos desafios impostos para o alcance da
missão institucional da UNILA é o desenvolvimento de um modelo próprio, que tem
sua gênese nos princípios filosóficos e metodológicos, o qual tem o compromisso
de reconhecer e valorizar as diversidades cultural, linguística e epistemológica no
fazer docente no ensino, pesquisa e extensão.
Nas práticas docentes, fica evidenciado pela pesquisa que na maioria das vezes o plano de ensino dos componentes
curriculares não é disponibilizado pelos parceiros dialógicos em português e espanhol (q25_1) (84,2%, n=133). Segundo os dados
da pesquisa, a maioria dos parceiros dialógicos (n=133) não disponibiliza o plano de ensino bilíngue aos estudantes, estando eles
lotados no ILAACH (n=36, 27,6%), ILATIT (n=34, 25,6%), ILACVN (n=33, 24,8%), e ILAESP (n=30, 22,6%).
264
Entre os 25 docentes que fornecem plano de ensino bilingue, 68% (n=17) estão
lotados no ILAACH. O teste qui-quadrado identificou uma relação estatisticamente
significativa para as variáveis unidade acadêmica de lotação dos parceiros dialógicos
e q25_1 (p-valor <0,001, v=0,326), com um efeito de tamanho médio, por isso rejeita-
se H0.
A não apresentação aos discentes do plano de ensino nos dois idiomas oficiais
da UNILA pode estar relacionada à ausência de normativas institucionais voltadas
especificamente às políticas linguísticas e de apoio institucional para o fortalecimento
da aquisição da segunda língua pelos docentes. Talvez esse seja um dos paradoxos
da instituição,
[...] ser uma universidade internacional, mas funcionar como uma IES federal
brasileira (“a instituição é brasileira, aqui fala-se português”; tudo funciona
conforme as regras do MEC). As características da UNILA (a vocação da
universidade, a diversidade do corpo docente e discente, a política
educacional bilíngue, etc.) exigem outro funcionamento, estratégias,
formação docente e de servidores. Isso exigiria a construção de outros
espaços e modos distintos dos vigentes, bem como maior espaço de
negociação com instancias federais. (Q.P21A.158).
o meu estímulo tem pelo meu histórico e por acreditar realmente nisso, mas
eu não vejo reunião de docentes falando disso, em nenhuma reunião de
docentes falamos sobre isso [...]”. (E5.T6.1).
prática, 28,4% (n=29) estão lotados no ILAACH, 26,5% (n=27) no ILACVN, 22,5%
(n=23) no ILAESP e 22,5% (n=23) no ILATIT. O teste qui-quadrado de independência
aponta que não é possível concluir que há uma associação estatisticamente
significativa entre as variáveis q25_6 (p>0,05), portanto, aceita-se a hipótese nula H0.
Embora o percentual de parceiros dialógicos que proporcionem oportunidades
em ambientes de ensino e de aprendizagem que promovam o bilinguismo, seja pela
valorização em sala de aula da diversidade cultural presente na América Latina e
Caribe ou pela liberdade concedida aos discentes para que estes se manifestem em
um dos idiomas oficiais da universidade, o percentual de parceiros dialógicos que
favorece que os estudantes se manifestem em sua língua materna (exceto português
e espanhol) nas atividades em sala de aula (q25_6) ainda é pequeno (35,4%, n=56).
Algumas tendências podem auxiliar a compreender essa dinâmica. A primeira,
é que nem todos os parceiros dialógicos têm contato com os estudantes que não são
brasileiros ou hispanohablantes, ou com estudantes ingressantes, que são aqueles
com maiores dificuldades de adaptação ao contexto da UNILA. Segundo, entre os
estudantes que ingressam pelo PSRH e PSI, há a exigência de comprovação de
proficiência em espanhol e português, conforme estabelecido em edital de seleção,
ou seja, espera-se que tenha tido contato com uma das línguas antes de ingressar
em um dos cursos de graduação da UNILA.
Em relação aos estudantes que ingressaram pelo PSIN, embora não haja a
exigência da proficiência linguística, 81,3% (n=96) tem nacionalidade brasileira.
Mesmo que essas inferências possam auxiliar na compreensão da realidade
linguística da UNILA, não se pode desconsiderar que o repertório linguístico dos
estudantes da UNILA é plurilíngue, pois há aqueles que têm como língua materna as
línguas autóctones originárias, as línguas crioulas, entre outras. Entre os estudantes
de língua materna espanhola há variações da língua, e há, ainda, os estudantes de
língua portuguesa. Na prática acontece assim:
[...] por mais que seja espanhol a língua teoricamente estrangeira que
teríamos li dentro da sala, nós temos diferentes vertentes do espanhol. Tem
aquele aluno, por exemplo, de descendência peruana. Eu acho muito difícil
entender, porque eles falam mais para dentro, são mais tímidos, retraídos, a
grande maioria deles. Mas são muito inteligentes. (E02.T4.3).
Leroy (2021) ilustra muito bem como se dá essa realidade de estudantes que
muitas vezes não tem o português ou o espanhol como língua materna. A partir da
sua experiência como docente na UNILA, o autor relata que
268
Sempre digo isso no começo “Vocês podem e devem falar a língua de vocês,
eu entendo e se a gente não entender, se alguém não entender, a gente vai
falar de novo, vai entender. As provas, os trabalhos, fiquem totalmente à
vontade de escrever na língua de vocês”. (E6.T4.9).
Foi até uma feliz coincidência quando eu fiz o concurso e vim para a UNILA,
eu nunca tinha ouvido falar da UNILA, mas eu tinha acabado de terminar um
curso de espanhol (risos). Então, assim, eu não falo, arranho quando precisa,
não tenho tanta facilidade para falar, mas eu entendo, leio, os meus alunos
fazem prova, eles se comunicam de diversas maneiras em espanhol, mas
nós temos muita resistência. (E9.T4.1).
Eu estou com uma turma agora, por exemplo, que tem cinco línguas ali.
Porque tem os indígenas, os refugiados, os haitianos, os hispanohablantes e
tem os brasileiros. Você fala e tem que ir conferindo “quem entendeu o quê?”,
porque se você só falar e achar que eles entenderam, mesmo que se fale nas
duas línguas, não há garantia nenhuma. Então tem que ir conferindo como é
que eles entenderam aquilo (que você explicou). (E4.T4.11).
[...] hay aspectos culturales que se superponen a los lingüísticos. Tal vez tiene
que ver con una “cultura lingüística” más amplia que incluye formas de
relacionarse con situaciones o eventos sociodiscursivos o glotopolíticos. Esto
tiene que ver con los modos de alfabetización y literacidad (letramento)
académica de lxs estudiantes que ingresan a la UNILA y como estas
características se “cirricularizan” de hecho. Una de las preocupaciones
actuales es la forma de recibir y trabajar con los contingentes de alumnxs que
ingresan a través de convocatorias especiales como las plazas para personas
refugiadas o con visto humanitario, para las comunidades indígenas
brasileñas o extranjeras y, actualmente, para lxs ingresantes oriundxs de
Haití. (Q.P.21A.S12).
6 premissas são incorporadas por pelo menos 50% dos docentes) aqueles que mais
têm desenvolvidos essas práticas docentes. Entre os parceiros dialógicos lotados no
ILATIT, três das seis premissas voltadas ao bilinguismo/plurilinguismo são
incorporadas por pelo menos 81,1% dos docentes em sua atuação docente.
A partir dos dados da pesquisa, infere-se que as complexas relações sociais
estabelecidas entre os membros da comunidade universitária estão imbricadas pela
diversidade linguística, cultural, e de cosmovisões, “constituindo um espaço onde o
‘confronto’ intercultural é elemento constante, nos fazendo refletir sobre questões
históricas e de poder que envolvem tais relações” (CARVALHO, 2018, p. 28).
No caso do bilinguismo/plurilinguismo, um dos desafios impostos para o
alcance da missão institucional da UNILA é o desenvolvimento de políticas linguísticas
interculturais, pelas quais há o fortalecimento de processos de ensino e de
aprendizagem que reconheçam e valorizem a identidade linguística e cultural e as
cosmovisões de cada sujeito que faz parte desse contexto universitário (ARAÚJO;
HONÓRIO; FORTES, 2022).
trazem uma experiência de país muito interessante, muito diferente para nós,
muito importante de conhecer. (E6.T5.1).
O docente tem que estar aberto a ser, talvez, menos vaidoso e rigoroso no
sentido mais disciplinar, mais estrito, de querer que as pessoas só
reproduzam aquilo que ele está falando. Estudar um pouco de Paulo Freire
também. E acho que vai um pouco por aí. A sensibilidade, a formação
pedagógica, mas também essa abertura a lidar com muitas diferenças e não
querer usar o mesmo critério para todo mundo. (E3.T10.6).
(continua)
q27_6 Não adoto a interdisciplinaridade na minha 12 7,60% Não 53 36,3% 29 19,9% 32 21,9% 32 21,9%
prática no ensino 0,032(v=0,236)
Sim 0 0,0% 5 41,7% 2 16,7% 5 41,7%
q27_7 Não sei responder ou desconheço 7 4,50% Não 53 35,1% 31 20,5% 33 21,9% 34 22,5% 0,147
Sim 0 0,0% 3 42,9% 1 14,3% 3 42,9%
Fonte: Elaborado pela autora.
A pesquisa revela que em relação à incorporação da interdisciplinaridade no ensino de graduação e de pós-graduação (Tabela
13), a maioria dos parceiros dialógicos promove metodologias de ensino e de aprendizagem que fomentem a construção do
conhecimento mediante a integração entre as diversas áreas do saber (q27_1) (74,4%, n=118); contemplam, nos exemplos utilizados
em sala de aula, diferentes experiências, saberes e reflexões sobre as mais diversas questões da América Latina e Caribe (q27_2)
(67,7%, n=107); escolhem bibliografias que contribuam para o conhecimento dos problemas sociais, políticos, econômicos,
ambientais, científicos e tecnológicos dos diferentes países da ALC (q27_3) (63,3%, n=100) e proporcionam experiencias de
aprendizagem que promovem a integração a integração entre ensino, pesquisa e extensão, fortalecendo diálogos/espaços
interdisciplinares (q27_4) (57%, n=90).
Quando analisados os dados da pesquisa, verifica-se que em relação aos parceiros dialógicos que adotam em suas práticas
docentes espaços de ensino e de aprendizagem que buscam a construção do conhecimento mediante a integração entre as diversas
áreas do saber (q27_1), aproximadamente metade 46% (n=48) estão lotados no ILAACH. Entre os parceiros dialógicos lotados no
ILACVN, ILAESP e ILATIT, embora a maioria adote essa prática pedagógica, o percentual daqueles que não a adota é similar. O
teste qui-quadrado de independência apresentou uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis unidade
acadêmica de lotação dos parceiros dialógicos e a variável q27_1 (p-valor <0,001, v=0,371), com um efeito de tamanho médio, sendo
assim, rejeita-se H0.
284
E o grande desafio para a UNILA, e eu acho que isso vale para todos em
geral, é como você vai fomentar uma universidade que preza muito pela
interdisciplinaridade se a formação dos docentes foi uma formação disciplinar
e mais tradicional, então esse é o grande desafio. (E3.T8.1).
q28_2 Desenvolvo e/ou participo de ações de extensão que 65 41,1% Não 21 22,8% 26 28,3% 22 23,9% 23 25%
consideram as prioridades do contexto local, regional, 0,006
nacional e internacional, com ênfase para as Sim 31 48,4% 8 12,5% 12 18,8% 13 20,3% (v=0,284)
demandas da tríplice fronteira e a integração regional
q28_3 Desenvolvo e/ou participo de ações de extensão que 73 46,2% Não 21 25,3% 24 28,9% 19 22,9% 19 22,9%
0,043
contemplam a realidade local, regional, nacional e
Sim 32 43,2% 10 13,5% 15 20,3% 17 23% (v=0,228)
internacional
q28_4 Desenvolvo e/ou participo de ações de extensão que 47 29,7% Não 31 27,4% 30 26,5% 24 21,2% 28 24,8%
possuem alcance nos países da América Latina e 0,02
Caribe Sim 22 50% 4 9,1% 10 22,7% 8 18,2%
q28_5 Desenvolvo e/ou participo de ações de extensão que 27 17,1% Não 46 34,8% 29 22% 24 18,2% 33 25%
possuem alcance nos demais contextos internacionais 0,09
Sim 7 28% 5 20% 10 40% 3 12%
q28_6 Desenvolvo e/ou participo de ações de extensão que 64 40,5% Não 20 22,2% 28 31,1% 19 21,1% 23 25,6%
fomentam a interculturalidade, mediante o respeito a
< 0,001
pluralidade de saberes, à diversidade cultural e
Sim 33 49,3% 6 9% 15 22,4% 13 19,4% (v=0,336)
linguística, e a criação de espaços que privilegiem a
participação dos diferentes sujeitos sociais
q28_7 Desenvolvo e/ou participo de ações de extensão que 77 48,7% Não 19 23,2% 28 34,1% 16 19,5% 19 23,2%
contribuem para a formação e desenvolvimento de
< 0,001
cidadãos em suas diversas dimensões (econômica, Sim 34 45,3% 6 8% 18 24% 17 22,7% (v=0,343)
social, cultural, política, humano, sustentável, regional
e transfronteiriça)
q28_8 Não desenvolvo/participo de ações de extensão na 31 19,6% Não 46 36,5% 26 20,6% 25 19,8% 29 23%
UNILA 0,439
Sim 7 22,6% 8 25,8% 9 29% 7 22,6%
q28_9 Não sei responder ou desconheço 10 6,3% Não 53 35,8% 29 19,6% 33 22,3% 33 22,3% 0,026
Sim 0 0% 5 55,6% 1 11,1% 3 33,3% (v=0,242)
Fonte: Elaborado pela autora.
290
enquanto uma diretriz que é seguida por todos aqueles que desenvolvem a extensão
na universidade.
(conclusão)
q29_12 Publicação de produção acadêmica, científica e/ou 93 58,9% Não 19 29,2% 13 20% 12 18,5% 21 32,3% 0,145
cultural em língua estrangeira Sim 34 37,4% 21 23,1% 21 23,1% 15 16,5%
q29_13 Não desenvolvo/participo de pesquisa na UNILA 4 2,5% Não 51 33,3% 33 21,6% 34 22,2% 35 22,9% 0,618
Sim 2 40% 1 20% 0 0% 2 40%
q29_14 Não sei responder ou desconheço 2 1,3% Não 52 34% 32 20,9% 34 22,2% 35 22,9% 0,233
Sim 0 0% 1 33,3% 0 0% 2 66,7%
Fonte: Elaborado pela autora.
Entre as possibilidades de internacionalização da prática docente na pesquisa (Tabela 15) que envolvem o domínio do campo
científico no qual atuam, 53,8% (n=85) dos parceiros dialógicos conhecem o estado da arte da pesquisa no âmbito da América Latina
e Caribe (q29_1) e 66,5% (n=105) indicaram que conhecem as principais abordagens internacionais de pesquisa (q29_2).
Entre os docentes lotados no ILAACH, a maioria conhece as principais abordagens internacionais na área do conhecimento
na qual atua, sejam aquelas relacionadas ao contexto da América Latina e Caribe (q29_1) (38,1%, n=37) ou dos demais contextos
internacionais (q29_2) (39,8%, n=37). A maioria dos docentes lotados no ILAESP e no ILATIT também conhece as abordagens
relacionadas ao contexto da América Latina e Caribe (ILAESP: 20,6%, n=20; ILATIT: 21,6%, n=21) ou dos demais contextos
internacionais (ILAESP: 22,6%, n=21; ILATIT: 21,5%, n=20). Por sua vez, a maioria dos parceiros dialógicos lotados no ILACVN
conhece o estado da arte da pesquisa na área do conhecimento na qual atuam no âmbito da América Latina e Caribe (19,6%, n=19)
e 16,1% (n=15) conhecem as principais abordagens internacionais. Ao realizar o teste estatístico, não há evidências suficientes para
concluir que as variáveis unidade acadêmica e as variáveis q29_1 e q29_2 estão associadas (p>0,05), portanto, não podemos rejeitar
a hipótese nula.
298
regional, nacional e internacional (q29_11). Entre aqueles que adotam essa prática,
34,7% (n=34) estão lotados no ILAACH, 25,5% (n=25) no ILATIT, 23,5% (n=23) no
ILAESP e 16,3% (n=16) no ILACVN. O teste qui-quadrado de independência indica
que não é possível concluir que há uma associação estatisticamente significativa entre
as variáveis q29_11 e unidade acadêmica de lotação (p-valor> 0,05), deste modo, não
podemos rejeitar H0.
A publicação em língua estrangeira (q29_12) é uma prática de 58,9% (n=93)
dos parceiros dialógicos. Entre aqueles que adotam essa prática, a maioria está lotada
no ILAACH (37,4%, n=34), ILACVN (23,1%, n=21) e ILAESP (23,1%, n=21) e em
menor medida no ILATIT (16,5%, n=15). O teste qui-quadrado de independência
indica que não é possível concluir que há uma associação estatisticamente
significativa entre as variáveis q29_12 e unidade acadêmica de lotação (p-valor>
0,05), deste modo, não podemos rejeitar H0.
Embora algumas práticas relacionadas à internacionalização da pesquisa
apresentadas neste subcapítulo não sejam adotadas pela maioria dos parceiros
dialógicos lotados em cada uma das unidades acadêmicas, os dados da pesquisa
revelam que entre aqueles lotados no ILAESP, não há quem afirme que não adote as
premissas da internacionalização na prática docente na pesquisa ou não sabe
responder ou desconheço. Com relação aos interlocutores que não desenvolvem
pesquisa na UNILA, dois estão lotados no ILAACH e no ILAESP, respectivamente e
um no ILACVN. Aqueles que responderam não saber responder ou desconheço estão
lotados no ILATIT (n=2) e no ILACVN (n=1). Ao realizar o teste estatístico, não é
possível concluir que há uma associação estatisticamente significativa entre as
variáveis q29_13 e q29_14 e unidade acadêmica de lotação (p-valor> 0,05), deste
modo, não podemos rejeitar H0.
Os dados da pesquisa demonstram que a maioria dos parceiros dialógicos tem
incorporado a internacionalização na prática docente na pesquisa. Isso ocorre porque
“no caso de professores universitários que se dedicam inteiramente à docência, a
carreira acadêmica, geralmente, é valorizada e enaltecida muito mais pelas
publicações que realiza do que por seu desempenho em sala de aula” (JUNGES;
BEHRENS, 2015, p. 288). Segundo as autoras, como consequência, o prestígio da
carreira do docente universitário está baseado em sua imagem de profissional do
conhecimento e não do ensino.
301
meio para outros fins, particularmente para fortalecer as missões existentes de ensino,
pesquisa e extensão” (HUDZIK, 2015, p. 120, tradução nossa).
Segundo o autor, a IES precisa adotar estratégias que lidem com essas
barreiras, e persistir na adoção daquelas que contribuem para a mudança
organizacional que move o ethos institucional e as práticas de seus atores em direção
a uma internacionalização mais abrangente. A partir dos dados da pesquisa, infere-
se que para a UNILA o amadurecimento do processo de internacionalização no
exercício da docência universitária tem um caráter desafiador, e a prática docente em
contextos internacionais e interculturais precisa realizar-se em estreita ligação com o
projeto pedagógico institucional. Desse modo, a instituição deve definir parâmetros e
meios que tornarão a internacionalização das funções acadêmicas orgânica,
superando a atual fase de deslocamento das responsabilidades para a gestão
universitária.
(conclusão)
4 56 35,4% 19 33,9% 19 33,9% 8 14,3% 10 17,9%
5 32 20,3% 8 25,0% 6 18,8% 6 18,8% 12 37,5%
q31_7 Saberes interculturais 1 5 3% 2 40% 2 40% 1 20% 0 0%
2 6 3,8% 0 0,0% 2 33,3% 2 33,3% 2 33,3%
20 0,002
3 12,7% 1 5% 7 35% 4 20% 8 40%
(v=0,257)
4 26 16,4% 2 7,7% 8 30,8% 7 26,9% 9 34,6%
5 101 64% 48 47,5% 15 14,9% 20 19,8% 18 17,8%
q31_8 Saberes internacionais/ globais 1 3 2% 1 33,3% 1 33,3% 1 33,3% 0 0%
2 4 2,5% 0 0% 1 25% 0 0% 3 75%
3 16 10% 1 6,2% 5 31,2% 6 37,5% 4 25,0% 0,038
(v=0,215)
4 56 34% 15 27,8% 15 27,8% 9 16,7% 15 27,8%
5 81 51% 36 44,4% 12 14,8% 18 22,2% 15 18,5%
Fonte: Elaborado pela autora.
Ao estabelecer uma relação dos saberes mais relevantes para a atuação docente na UNILA, a partir de uma escala ordinal
de concordância, os dados da Tabela 16 indicam que para os docentes lotados no ILAACH39, os principais saberes docentes (valor
de importância 4 e 5) são os saberes internacionais/globais (n=51, 96%), saberes interculturais (n=50, 94%), saberes experenciais
(n=48, 90,6%), saberes curriculares (n=46, 87%), saberes disciplinares (n=44, 83%) e saberes profissionais/pedagógicos (n=42,
79%). Entre os saberes com um grau de importância inferior (valor de importância 3 e 4), foram sinalizados os saberes da gestão
acadêmica e administrativa (n=38, 71,7%) e saberes tecnológicos/digitais (n=37, 70%).
39 Para esta análise, optou-se por apresentar os resultados da pesquisa entre os docentes da mesma unidade acadêmica.
310
40Para esta análise, optou-se por apresentar os resultados da pesquisa entre os docentes da mesma
unidade acadêmica.
311
Saber que não conhecemos a realidade de cada um dos nosso alunos e por
tanto ter a máxima compreensão; ter clareza que a maioria são jovens em
consolidação do seu desenvolvimento psíquico e social, com grande
diversidade de cosmovisões; conhecer o arcabouço normativo e legal que
rege o exercício docente no Brasil, e especificamente na UNILA; ter continua
disposição e iniciativa para se capacitar em práticas pedagógicas; ter clara a
responsabilidade técnica que envolve o ensino das temáticas confiadas a nós
com professores. (Q.P30.S91).
Hacer una clase que pueda ser entendida por todos y todas, deseablemente
en un clima de bilingüismo. Crear un ambiente de confianza que permita la
libertad de expresión, la reflexión crítica y, sobre todo, el diálogo constructivo.
Que los estudiantes se interesen por conocer ampliamente el contenido de lo
que van a discursar, de lo contrario no se puede hablar de un aprendizaje
científico, que es un pilar de la universidad. Que existan ciertas libertades
para que los y las estudiantes puedan investigar contenidos de interés
particular, en el ámbito de la disciplina. Que las evaluaciones sean diversas
en su forma. (Q.P30.S113).
Quadro 8: Premissas para exercer a docência na UNILA: atuação alinhada às Diretrizes Institucionais
(continua)
Código Unidade de sentido
Q.P30.S1 Estar em consonância com as diretrizes e planejamento dos projetos da universidade.
Abertura à interculturalidade, ao bilinguismo e à interdisciplinaridade, além de abertura à
Q.P30.S5
integração regional e/ou fortalecimento das relações Sul-Sul e dos Brics.
Uma perspectiva latino-americanista (não se trata de ter a América Latina como objeto de
pesquisa – mas como sujeito! isto é pensar a AL a partir da AL, evitando especialmente
abordagens eurocêntricas); conhecer a América Latina e compreender que este debate é
Q.P30.S9 transversal à qualquer área do conhecimento; aceitar e trabalhar com a diferença cultural
enquanto potência - evitar o etnocentrismo; respeito aos saberes dos povos originários;
estudar e se atualizar nas questões de gênero, raça e sexualidade, transversais a todas
as áreas do conhecimento e à postura docente em sala de aula.
Bilinguismo; Interdisciplinaridade (posto que ocupo um lugar de grande circulação na
instituição e contato com discentes de distintas formações); capacidade de modular os
discursos e abordagens de acordo com as diferentes realidades de formação dos
Q.P30.S36 estudantes, de modo a contemplar, na medida do possível, interesses e necessidades por
vezes muito diversos; manejo do bilinguismo de modo a ser capaz de alternar entre
idiomas ou, ao menos, formular respostas e rearticular a exposição de conteúdos, quando
sempre que interpelado em outros idiomas que não a minha própria língua materna.
Conhecimento e aceitação da missão institucional, prática pedagógica e administrativa
Q. P30.S38
flexível e democrática, disponibilidade para interculturalidade e interdisciplinaridade.
314
(conclusão)
Reconhecimento e respeito ao bilinguismo. Reconhecimento e respeito ao caráter
multicultural da instituição. Reconhecimento e respeito à missão institucional. Buscar o
Q.P30.S52
conhecimento sobre as peculiaridades regionais nos temas de especialidade, para uma
atuação docente integrada à missão institucional.
Competencia docente: dominio del área de conocimiento, habilidades didácticas,
actitudes profesionales éticas; adaptación a las peculiaridades de la UNILA: sensibilidad
intercultural, uso del bilingüismo en el espacio académico y respeto al multilingüismo en
Q.P30.S54
el resto de los espacios de la universidad y capacidad de llevar a cabo prácticas docentes
interdisciplinares y proyectos de investigación y extensión que contemplen la
interdisciplinariedad.
Compreender e se identificar com a Proposta de Desenvolvimento Pedagógico da UNILA,
pois é muito diferente das universidades que atendem apenas alunos do mesmo país ou
Q.P30.S71 de uma região específica. Acolher as diferentes culturas em especial linguísticas dos
alunos. Ser pesquisador e participar ativamente do projeto pedagógico, reuniões de
colegiado, fórum dos cursos, a fim de compreender a dinâmica de cada um.
Em primeiro lugar a abertura, respeito e empatia para a diversidade cultural, dada a
especificidade da missão institucional da UNILA e a nossa realidade cotidiana na
convivência com estudantes e professores internacionais. Outra premissa, essa
desconsiderada, é o bilinguismo. É muito incoerente que uma universidade bilingue não
tenha como critério o bilinguismo para a contratação de professores, o que causa todo o
Q.P30.S73
tipo de constrangimentos e empecilhos para o cumprimento de sua missão institucional.
Também agrego o desenvolvimento de pesquisas, práticas e trajetória acadêmica
direcionadas a temas internacionais/latino-americanos, pois não dá para esperar que uma
pessoa que teve toda a sua formação pautada por questões nacionais/nacionalistas
desenvolva na UNILA o interesse (ou mesmo o respeito) por questões regionais [...].
Interdisciplinaridade, multiculturalidade, clareza do contexto social e cultural latino-
Q.P30.S119
americano, disposição para dialogar e ouvir, disposição para reestudar o que "já se sabia".
Comprometimento com as bases de fundação da Universidade, bem como engajamento
nacional com políticas educacionais e públicas voltadas para o desenvolvimento do senso
Q.P30.S125
de pertencimento latino-americano, a Educação de excelência crítica, a emancipação
epistêmica e a solidariedade latino-americana e caribenha.
Conhecimento teórico e posta em prática do tripé institucional: bilinguismo,
Q.P30.S128
interdisciplinaridade e integração regional com a América Latina e o Caribe.
Compreender a missão de integração latino americanista no acolhimento dos discentes
Q.P30.S149 de diferentes países, línguas, culturas, níveis de escolaridade e sociais. Compreender o
ensino público como um ensino que abre portas com igualdade para todos.
Fonte: Elaborado pela autora.
Como uma profissão que se realiza nas interações humanas, a docência exige
compromisso ético e profissional. O compromisso ético e profissional do trabalho
docente na UNILA deve estar relacionado ao comprometimento com o ensino, com a
ciência, com a diversidade cultural e linguística, com a missão institucional e com o
interesse público. Nesse sentido, a prática docente na UNILA, requer respeito (Q.
P30.S3, Q. P30.S18, Q. P30.S28, Q. P30.S54, Q. P30.S59, Q. P30.S65, Q.
316
[...] eu sinto que os alunos te trazem desafios que você não consegue pensar.
Te desestabiliza mesmo. Não é só porque a universidade está pensando em
seus processos ainda, mas eles te desestabilizam para você pensar que há
outras formas de se fazer as coisas. Às vezes nós não sabemos como, mas
tem que ter outra forma. Isso é o que a UNILA me traz de diferente, é uma
situação de que dá para fazer coisa nova. Você não precisa ficar
respondendo sempre a mesma coisa, fazendo sempre a mesma coisa, você
tem como inovar. Ler está aí, para a gente interpretar. Não é seguir tudo que
está lá escrito. E nós conseguimos fazer essas coisas. Eu acho que isso que
me motiva estar aqui como professora. (E5.T2.1).
Bom senso: A UNILA não terá os melhores alunos devido sua vocação,
localização e maturidade. Portanto, os professores não podem se acharem
Deuses do conhecimento (e temos vários assim) e desconsiderar esse fato.
Os alunos devem ser estimulados nas pequenas ações cotidianas.
Perseverança: Há 10 anos na UNILA, pouco temos em relação a sede, salas
de aulas. Muitos que vieram, foram do mesmo modo e nada fizeram pela
Universidade. Pior que isso, deixaram rastros que vão prejudicar a UNILA por
muitos anos. Portanto, a UNILA não será, tão cedo, uma Universidade de
excelência no Brasil, tendo em vista sua própria vocação, maturidade e
estado atual: Não temos sede, não temos sala de aula, não temos identidade
estrutural, quem dirá acadêmica. (Q.P30.S68).
[...] não é algo imutável. Nem externo, que possa ser adquirido. Mas é um
processo de construção do sujeito historicamente situado. A profissão do
professor, como as demais, emerge em um dado contexto e momentos
históricos, como resposta a necessidades que estão postas pelas
sociedades, adquirindo estatuto de legalidade. (PIMENTA, 2012, p. 19).
docente” (CUNHA, 2010, p. 66). Para ser docente nesse contexto, é necessário
“flexibilidade e disposição para estudar e inserir novos tópicos nos conteúdos
apresentados nos componentes curriculares, de forma a contemplar elementos (por
exemplo, da Engenharia Civil) dos países latino-americanos (Q.P30.S130). Além
disso, é preciso
Tabela 18: Necessidade de formação pedagógica para o exercício da docência universitária na UNILA
324
Na UNILA, isso fica mais grave, porque além da prática docente, a gente está
pedindo que a pessoa faça uma prática docente interdisciplinar, intercultural,
325
como um grande seminário para a formação sobre a América Latina, sobre línguas,
vamos fazer um seminário sobre pensamento crítico para docentes” (E3.T14.3).
Conforme apresentado, os parceiros dialógicos consideram que a formação
pedagógica para o exercício da docência universitária é importante. Nesse sentido,
buscou-se conhecer a frequência com que esses docentes participam de ações
voltadas ao seu desenvolvimento profissional, conforme apresentado na Tabela 19.
328
Tabela 19: Frequência de participação dos docentes da UNILA em ações/formações voltadas à atuação didático-pedagógica
Participação em ações/formações voltadas a atuação didático- GERAL ILAACH ILACVN ILAESP ILATIT
pedagógica n % n % n % n % n % p-valor
q33_1 Promovidas pela UNILA Muita frequência 12 7,6% 6 50% 1 8,3% 3 25% 2 16,7%
Frequentemente 32 20,2% 10 31,2% 10 31,2% 6 18,8% 6 18,8%
Ocasionalmente 54 34,2% 21 38,9% 9 16,7% 11 20,4% 13 24,1%
0,709
Raramente 33 20,9% 10 30,3% 7 21,2% 9 27,3% 7 21,2%
Nunca 25 15,9% 5 20% 7 28,0% 4 16,0% 9 36%
Não sei responder ou desconheço 2 1,2% 1 50% 0 0% 1 50% 0 0%
q33_2 Promovidas por outras Muita frequência 6 3,8% 2 33,3% 2 33,3% 2 33,3% 0 0%
Instituições de Frequentemente 24 15% 11 45,8% 4 16,7% 5 20,8% 4 16,7%
Educação Superior
Ocasionalmente 54 34,2% 17 31,5% 14 25,9% 9 16,7% 14 25,9%
0,841
Raramente 49 31% 13 26,5% 11 22,4% 11 22,4% 14 28,6%
Nunca 23 14,6% 9 39,1% 3 13,0% 6 26,1% 5 21,7%
Não sei responder ou desconheço 2 1,20% 1 50% 0 0% 1 50% 0 0%
q33_3 Promovidas por Muita frequência 7 4,4% 3 42,9% 1 14,3% 3 42,9% 0 0%
associações Frequentemente 19 12% 5 26,3% 4 21,1% 4 21,1% 6 31,6%
profissionais
Ocasionalmente 38 24,1% 18 47,4% 6 15,8% 8 21,1% 6 15,8%
0,348
Raramente 32 20,3% 9 28,1% 10 31,2% 4 12,5% 9 28,1%
Nunca 56 35,4% 14 25% 13 23,2% 14 25% 15 26,8%
Não sei responder ou desconheço 6 3,8% 4 66,7% 0 0% 1 16,7% 1 16,7%
q33_4 Promovidas por Muita frequência 15 9,5% 5 33,3% 4 26,7% 5 33,3% 1 6,7%
associações científicas Frequentemente 35 22% 14 40% 9 25,7% 4 11,4% 8 22,9%
Ocasionalmente 49 31% 18 37% 10 20,4% 12 24,5% 9 18,4%
0,57
Raramente 27 17,1% 7 25,9% 6 22,2% 6 22,2% 8 29,6%
Nunca 31 19,6% 9 29,0% 5 16,1% 6 19,4% 11 35,5%
Não sei responder ou desconheço 1 0,6% 0 0,0% 0 0% 1 100% 0 0,0%
Fonte: Elaborado pela autora.
329
para atuação didático-pedagógica, sejam estas promovidas pela UNILA, por outras
IES, associações profissionais ou científicas.
A partir dessas evidências, infere-se que entre os parceiros dialógicos a
participação em ações voltadas ao desenvolvimento profissional docente no âmbito
pedagógico ainda não se constitui como uma prioridade, embora independentemente
da unidade acadêmica de lotação, os parceiros dialógicos indiquem a necessidade de
formação para a atuação docente. Essa realidade aponta para um desafio que a
UNILA terá para implementar uma política a esse respeito, e para mobilizar os
docentes à participação em ações voltadas ao desenvolvimento da carreira. A esse
respeito, é relevante destacar que,
[...] mesmo que a gente queira colocar na conta do professor, não é só uma
responsabilidade deles, é uma responsabilidade da instituição, porque se a
instituição tem essa intenção, ela tem que se organizar para tal. As coisas
não acontecem magicamente. E se organizar para tal, significa criar
processos administrativos que viabilizem isso, formar seus profissionais
técnicos e docentes para viabilizar isso e saber que esse é um trabalho
permanente e contínuo, ele não vai acabar só no momento que as pessoas
ingressam ali, porque vai ter sempre gente se aposentando, gente chegando,
é gente redescobrindo, gente mudando de área, gente se qualificando. É um
trabalho que ele não pode ser pensado como episódico, eventual. É um
trabalho transversal da universidade e é permanente. (E4.T13.17).
[...] como nós somos poucos, não somos suficientes nem para dar conta
institucionalmente dos cursos que existem. Significa trabalho precarizado. Na
UNILA todos os professores trabalham há mais do que as 40 horas, mas
também trabalham a mais porque não tem essas formações, porque tem que
aprender no caminho, porque tem que improvisar ou porque tem que lidar
com as consequências da sua não formação. (E4.T13.21).
331
[...] por causa dessa precarização que a gente está falando, das pessoas
terem excesso de trabalho, elas terem que escolher o que que elas vão deixar
para depois, porque sempre vai ter coisas que vão ficar para depois, também
332
é muito ruim isso que a gente fica o tempo todo se sentindo devendo. O
relatório que eu não fiz, o currículo que eu não atualizei, o negócio que eu
não lancei no SIGAA, porque não dá para fazer tudo. Então, acaba que, como
a universidade não deu esse recado da qualificação e você já tem um
excesso de coisas para fazer, quando aparece um curso, o pessoal olha e
fala “nossa, que legal, né? Que bom que vai ter isso, que pena que eu não
posso fazer”. (E4.T16.3).
Uma das formas de superar estes obstáculos pode ser a partir da identificação
de quais as iniciativas que esses profissionais consideram que mais contribuíram para
o alcance da missão institucional, conforme apresentado na Tabela 20.
333
(conclusão)
q34_6 Criação de um Núcleo de 1 30 19% 6 20% 5 16,7% 10 33,3% 9 30%
Desenvolvimento Docente em cada um
2 32 20,30% 14 43,8% 10 31,2% 7 21,9% 1 3,1%
dos Institutos
3 38 24% 11 28,9% 9 23,7% 6 15,8% 12 31,6% 0,052
4 28 17,70% 11 39,3% 7 25% 2 7,1% 8 28,6%
5 30 19% 11 36,7% 3 10% 9 30% 7 23,3%
q34_7 Criação de um Núcleo de 1 48 30,40% 13 27,1% 6 12,5% 17 35,4% 12 25%
Desenvolvimento Docente em cada um
2 31 19,60% 10 32,3% 10 32,3% 7 22,6% 4 12,9%
dos Centros Interdisciplinares
3 37 23,40% 12 32,4% 10 27,0% 6 16,2% 9 24,3% 0,119
4 19 12% 8 42,1% 5 26,3% 0 0% 6 31,6%
5 23 14,60% 10 43,5% 3 13% 4 17,4% 6 26,1%
q34_8 Criação de um setor responsável por 1 20 125,60% 4 20% 5 25% 5 25% 6 30%
planejar, organizar e conduzir os
2 21 13,30% 12 57,1% 5 23,8% 3 14,3% 1 4,8%
processos de desenvolvimento
profissional docente na UNILA 3 39 24,70% 11 28,2% 12 30,8% 11 28,2% 5 12,8% 0,034
4 26 16,50% 11 42,3% 6 23,1% 2 7,7% 7 26,9%
5 52 32,90% 15 28,8% 6 11,5% 13 25% 18 34,6%
q34_9 Curso de especialização lato sensu 1 29 18,30% 6 20,7% 6 20,7% 8 27,6% 9 31%
sobre Docência no Ensino Superior
destinado os docentes que atuam na 2 25 15,30% 11 44% 6 24% 6 24% 2 8,0%
UNILA, e facultado aos demais 3 39 24,70% 15 38,5% 9 23,1% 8 20,5% 7 17,9% 0,618
membros da comunidade acadêmica 4 24 15,20% 9 37,5% 6 25,0% 3 12,5% 6 25,0%
5 41 25,90% 12 29,3% 7 17,1% 9 22% 13 31,7%
q34_10 Curso de mestrado em Educação, com 1 41 26,20% 8 19,5% 8 19,5% 14 34,1% 11 26,8%
vagas reservadas para os docentes que
2 25 15,30% 9 36% 5 20% 5 20% 6 24%
atuam na UNILA
3 43 27,50% 16 37,2% 11 25,6% 7 16,3% 9 20,9% 0,371
4 19 12% 9 47,4% 6 31,6% 1 5,3% 3 15,8%
5 30 19% 11 36,7% 4 13,3% 7 23,3% 8 26,7%
Fonte: Elaborado pela autora.
335
41 Neste parágrafo, os percentuais utilizados para análise foram obtidos com a soma dos valores
relativos às ordens de importância 4 e 5 da questão 34 do questionário da pesquisa.
42 Neste parágrafo, os percentuais utilizados para análise foram obtidos com a soma dos valores
43 Neste parágrafo, os percentuais utilizados para análise foram obtidos com a soma dos valores
relativos às ordens de importância 4 e 5 da questão 34 do questionário da pesquisa.
44 Neste parágrafo, os percentuais utilizados para análise foram obtidos com a soma dos valores
q34_3, q34_4, q34_6, q34_7, q34_8, q34_9, q34_10 e unidade acadêmica de lotação
(p-valor> 0,05), deste modo, não podemos rejeitar a hipótese nula em nenhuma
dessas associações. O teste estatístico identificou uma associação estatisticamente
significativa para a unidade acadêmica de lotação dos parceiros dialógicos e a variável
q34_545 (p-valor 0,007, v=0,239), com um efeito de tamanho médio, portanto, rejeita-
se H0.
Para os parceiros dialógicos, uma das prioridades para o desenvolvimento
profissional docente alinhado à missão institucional é a criação de programas
destinados à acolhida e acompanhamento de professores ingressantes. Segundo um
dos interlocutores desta pesquisa,
Então, eu acho que um formato de formação permanente nosso ele tinha que
passar por um nível maior, assim de criatividade, liberdade, de imaginação,
para a gente sair dessa lógica de disciplinas, cursos, caixinhas, sabe? E fazer
coisas mais conformativas, a simples troca de experiência entre as pessoas
já produz um monte de modificações. Então, só das pessoas se ouvirem e
trocarem experiências quanto as suas dificuldades e as soluções que elas
estavam andando já saíam ideias novas, já saiam propostas de como
trabalhar, de como resolver e que não era nenhuma receita assim “faz isso
que vai garantir”, não. Essa troca, ela permite tanto o reconhecimento
horizontal, a valorização, como também uma sinergia maior entre as
experiências, a criatividade das pessoas. Se a gente juntar isso em cursos
diferentes, setores diferentes, profissionais diferentes, é muito maior ainda.
Então, talvez, uma coisa que tenha mais rodas de conversa, debates, fóruns,
funcionem melhor do que uma coisa do tipo cursos e oficinas, porque aí
dessas rodas de conversa, dessas experiências de troca é que vão surgir
propostas mais estruturadas, vamos dizer assim, legitimadas, que as
pessoas sintam que aquilo é uma necessidade delas, que elas estão
340
contribuindo para realizar e que elas vão criar espaço na vida, para aquilo ali
acontecer. (E4.T16.6).
Tabela 21: Critérios de elegibilidade para participação em iniciativas voltadas ao desenvolvimento profissional docente na UNILA
Critérios de elegibilidade para participação em iniciativas GERAL ILAACH ILACVN ILAESP ILATIT
voltadas ao desenvolvimento profissional docente na UNILA n % n % n % n % n % p-valor
q35_1 Obrigatória para todos os docentes Não 127 80,4% 39 30,7% 32 25,2% 26 20,5% 30 23,6%
0,114
Sim 31 19,6% 14 45,2% 2 6,5% 8 25,8% 7 22,6%
q35_2 Obrigatória para os docentes em estágio probatório e Não 119 75,3% 39 32,8% 24 20,2% 31 26,1% 25 21%
0,098
facultada aos demais Sim 39 24,7% 14 35,9% 10 25,6% 3 7,7% 12 30,8%
q35_3 Obrigatória para os docentes em estágio probatório Não 147 93% 46 31,3% 32 21,8% 34 23,1% 35 23,8%
0,115
Sim 11 7% 7 63,6% 2 18,2% 0 0% 2 18,2%
q35_4 Obrigatória para docentes em estágio probatório, substitutos Não 139 88% 43 30,9% 29 20,9% 33 23,7% 34 24,5%
0,124
e visitantes Sim 19 12% 10 52,6% 5 26,3% 1 5,3% 3 15,8%
q35_5 Obrigatória para docentes em estágio probatório e Não 143 90% 47 32,9% 30 21% 32 22,4% 34 23,8%
0,799
coordenadores de curso Sim 15 10% 6 40% 4 26,7% 2 13,3% 3 20%
q35_6 Mediante livre adesão Não 68 43% 22 32,4% 17 25% 12 17,6% 17 25%
0,641
Sim 90 57% 31 34,4% 17 18,9% 22 24,4% 20 22,2%
q35_7 Não sei responder ou desconheço Não 153 97% 50 32,7% 33 21,6% 34 22,2% 36 23,5%
0,528
Sim 5 3% 3 60% 1 20% 0 0% 1 20%
Fonte: Elaborado pela autora.
A partir dos dados constantes na Tabela 21, é possível inferir que a maioria dos parceiros dialógicos, independentemente da
unidade acadêmica de lotação, não concorda com critérios que vinculam a obrigatoriedade de o docente participar de processos
voltados ao seu desenvolvimento profissional, e indicam que a participação nessas iniciativas deve ser mediante livre adesão (57%,
n=90). Ao aplicar o teste de qui-quadrado independência, não foi possível concluir que as variáveis unidade acadêmica de lotação
e as variáveis relativas aos critérios de elegibilidade para participação em ações voltadas ao desenvolvimento profissional docente
na UNILA (q35_1, q35_2, q35_3, q35_4, q35_6 e q35_7) estão associadas, por esse motivo, não podemos rejeitar H0 (p>0,05).
342
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A propositura desta tese decorre da práxis, tecida nas múltiplas ações práticas
e reflexivas estabelecidas pela pesquisadora no âmbito da gestão universitária, dos
processos pedagógicos e fundamentadas em pressupostos epistemológicos que
configuram o campo científico da educação superior e os subcampos da
internacionalização e da pedagogia universitária.
Neste trabalho, nos propusemos a investigar como se configura a docência na
UNILA, na perspectiva de uma Pedagogia da Internacionalização da Educação
Superior. Buscou-se, no percurso da pesquisa, identificar em que medida a docência
na UNILA, uma das universidades brasileiras mais internacionalizadas, tem
possibilitado outras formas de Internacionalização da Educação Superior nas funções
acadêmicas do ensino, pesquisa e extensão, no âmbito dos contextos emergentes.
Nesta tese, os contextos emergentes se configuram como cenários ou realidades em
construção, que são marcados por complexas transições (sociais, econômicas,
políticas, educacionais, entre outros), que modificam o ambiente em que as pessoas
ou as instituições operam.
Na análise empreendida, para responder aos objetivos de identificar os
condicionantes e as perspectivas da interseção entre Internacionalização da
Educação Superior e da pedagogia universitária, e de analisar o impacto da
Internacionalização da Educação Superior para a docência universitária, foi
construído o referencial teórico em três capítulos.
O primeiro concentrou-se em estabelecer um diálogo entre tendências no
campo da educação superior no Século XXI, demonstrando como a educação
superior, enquanto campo científico interdisciplinar, tem sido demarcada por
complexas relações sociais, políticas e econômicas, culminando com tensões e
disputas na busca pela autoridade científica e excelência acadêmica.
Nos contextos emergentes, os desafios endereçados às IES têm demandado
a reconfiguração universitária, na busca pelo paradigma de educação superior como
bem público e comum. Como buscou-se demonstrar, um caminho para isso é o
imbricamento das instituições universitárias com os contextos local, regional e
internacional, a busca pela excelência acadêmica e inovação com pertinência e
inclusão social, a interculturalidade, a gestão democrática e participativa, o
351
REFERÊNCIAIS
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pdf. Acesso em: 16 ago. 2021.
APÊNDICE A – Percurso formativo da pesquisadora durante o Doutorado no Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(continua)
Natureza Descrição
Disciplinas PUCRS: Estado do Conhecimento da Dissertação/Tese; Pesquisa em Educação II; Teoria da Educação; Etnografia em Contextos de
cursadas Vulnerabilidade; Metodologia do Ensino Superior; Princípios e Práticas da Análise Textual Discursiva; Tópicos em Educação Superior;
Metodologia Observacional na Pesquisa em Educação; Pensamiento Pedagógico Latinoamericano; Educação em Tempos de Crise;
Educação Online; Educação Superior e Contextos Emergentes; Internacionalização na Educação Básica e Superior.
MOROSINI, M. C.; NEZ, E.; WOICOLESCO, V. G. Campo científico da educação superior: webinars como estratégia para a construção do
conhecimento. Debates em Educação, v. 13, p. 1181-1201, 2021. DOI: https://doi.org/10.28998/2175-6600.2021v13n31p1181-1201.
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https://doi.org/10.1177/10283153221076898.
403
(continua)
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publicados da Agenda E2030. Revista Ensaio – Avaliação e Políticas Públicas, v. 30, n. 116, p. 813-836, 2022. Disponível em:
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MOROSINI, M. C.; WOICOLESCO, V. G. Apresentação do Dossiê “Educação em contextos emergentes: configurações e cenários em
tempos de pandemia”. Revista Panorâmica, n. 37, p. 3-8, 2022. Disponível em:
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Artigos MOROSINI, M. C.; VIERA, P.; WOICOLESCO, V. G.; ANGELO, R.I. Internacionalización de la Educación Superior y lá Discusión sobre los
submetidos Futuros de la Educación en 2050. Revista Cocar, 2023.
para
avaliação MOROSINI, M. C.; STALLIVIERI, L.; FELICETTI, V. L.; WOICOLESCO, V. G. Internacionalização Na Educação Básica no Brasil: desvelando
conceitos e práticas silenciosas. Revista E-Curriculum, 2023.
Artigo aceito MOROSINI, M.C.; WOICOLESCO, V.G.; MARCELINO, J.M.; HATSEK, D.J.R. As Estratégias de internacionalização das universidades
para brasileiras participantes do Programa CAPES PrInt. Education Policy Analysis Archives, 2023.
publicação
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404
(continua)
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Macau, Instituto Politécnico de Setúbal, 2021.
405
(continua)
Trabalhos WOICOLESCO, V. G.; MARCELINO, J. M.; MOROSINI, M. C. Impactos e possibilidades na Internacionalização da Educação Superior no
publicados Brasil em tempos de pandemia. In: II SEMINÁRIO DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA PONTIFÍCIA
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eventos Rio Grande do Sul, 2022. Disponível em: https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/anais/1559/assets/edicoes/2022/arquivos/43.pdf.
Participação I Congresso de Internacionalização da Educação Superior. Foz do Iguaçu: UNILA, 2019. (presencial)
em eventos
I Congreso de la Red Latinoamericana COIL - COIL en y con América Latina en tiempos de cambio. Veracruz: 2021. (on-line)
II Jornadas Regionales de Investigación en Educación Superior - El protagonismo de la enseñanza superior pública en contextos nacionales
críticos: Montevideo, 2021. (on-line)
Simpósio do Grupo de Pesquisas em Estudos Decoloniais - GPED: as múltiplas perspectivas dos saberes tradicionais no contexto latino-
americano. Aquidauana: UFMS, 2021. (on-line)
Seminário Internacional sobre Educação Superior. Porto Alegre: UFRGS, 2020. (on-line)
XXVIII Seminário Nacional Universitas/BR: Políticas de Educação Superior - tendências e perspectivas. 2021. (on-line)
11ª Conferência do Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (FORGES) - A Cooperação no Ensino
Superior dos Países e Regiões de Língua Portuguesa perante os Desafios Globais. Associação FORGES, Instituto Politécnico de Macau,
Instituto Politécnico de Setúbal: 22 a 26 de novembro de 2021. (on-line)
II Seminário Discente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Educação
e Pandemia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 19 e 20 de maio de 2022. (on-line)
I Seminário sobre Internacionalização na Educação Básica: fundamentos conceituais. Ministério da Educação – Secretaria de Educação
Básica: Brasília, 03 de maio de 2022. (presencial)
II Seminário sobre Internacionalização na Educação Básica: o contexto educacional brasileiro e a formação de professores. Ministério da
Educação – Secretaria de Educação Básica: Brasília, 14 de junho de 2022. (presencial)
III Seminário sobre Internacionalização na Educação Básica: estratégias para a Internacionalização na Educação Básica. Ministério da
Educação – Secretaria de Educação Básica, 19 de julho de 2022. (presencial)
IV Seminário sobre Internacionalização na Educação Básica: avaliação e monitoramento da Internacionalização na Educação Básica.
Ministério da Educação – Secretaria de Educação Básica: Brasília, 23 de agosto de 2023. (presencial)
406
(conclusão)
Outros BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Parâmetros Nacionais para a Internacionalização da Educação Básica no Brasil.
trabalhos de Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2022. (especialista coordenadora)
natureza
técnico- Consultoria sobre a metodologia do Estado do Conhecimento para o subeixo Formação de Professores do projeto de “Pesquisa em Educação
científica na Amazônia: História, política, formação de professores e diversidade cultural”, desenvolvido no âmbito dos Programas de Pós-Graduação
em Educação da UFPA, UNIFAP e UERR. 2022.
Parecerista ah doc dos periódicos Revista Educação (PUCRS), Revista Educação por Escrito (UFSM) e Revista Panorâmica (UFMT).
Fonte: elaborado pela autora.
407
Contato inicial:
Agradecer a disponibilidade em receber a pesquisadora.
Apresentar, de forma breve, os objetivos da pesquisa, tratamento, análise dos dados e
devolução dos resultados.
Explicar as informações contidas no termo de consentimento de entrevista.
Solicitar a assinatura do termo de consentimento de entrevista.
Entregar uma via assinada pela pesquisadora para o entrevistado.
Procedimentos iniciais:
Preparar o gravador.
Iniciar a gravação.
Temas Roteiro
(conclusão)
Internacionalização Como você lida com o conteúdo da área específica que você ministra aulas
da Educação na graduação e/ou na pós-graduação e a incorporação da dimensão da
Superior e atuação internacionalização?
docente na UNILA
Eu gostaria que você me contasse quais são os desafios que os pilares da
Política de Internacionalização (bilinguismo e plurilinguismo,
internacionalização, interculturalidade e interdisciplinaridade) apresentam
para a sua atuação no ensino, pesquisa e extensão?
Considerações finais:
Finalização e agradecimento:
não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre sua
participação.
A devolução dos resultados da pesquisa para a UNILA será feita pela entrega de uma
cópia da tese final à instituição, e pela disponibilidade da pesquisadora em apresentar
estes resultados em seção pública para a comunidade acadêmica. A pesquisadora
responsável compromete-se em encaminhar uma versão digital da tese para os
participantes da pesquisa.
Desconfortos e riscos: Não foram identificados riscos ou desconfortos previsíveis
pela participação na pesquisa. Os riscos mínimos previstos são cansaço ou
desconforto pelo decurso da realização da entrevista. A participação é isenta de
despesas e você não receberá nenhum auxílio financeiro para participar da mesma.
Se acontecerem desconfortos, você pode desistir de participar a qualquer momento.
Benefícios: Como a participação nesta pesquisa é voluntária, não há benefícios ou
vantagens diretas aos participantes. Os benefícios que esperamos com esta pesquisa
são coletivos e estão relacionados a identificação dos saberes docentes que são
necessários para a atuação em ambientes acadêmicos internacionais e interculturais,
os quais irão fundamentar a proposição de um itinerário institucional para o
desenvolvimento profissional docente na UNILA.
Assistência aos parceiros dialógicos: Durante todo o período da pesquisa você tem
o direito pedir qualquer informação sobre o estudo, e poderá entrar em contato com
Vanessa Gabrielle Woicolesco (vanessa.woicolesco@edu.pucrs.br) ou com a Prof.ª
Marilia Costa Morosini (marilia.morosini@pucrs.br).
Se você tiver qualquer dúvida relacionada aos seus direitos como participante de
pesquisa, entre em contato com Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (CEP-PUCRS) em (51) 33203345, Av.
Ipiranga, 6681/prédio 50, sala 703, CEP: 90619-900, Bairro Partenon, Porto Alegre –
RS, e-mail: cep@pucrs.br, de segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 13h30 às
17h. O Comitê de Ética é um órgão independente constituído de profissionais das
diferentes áreas do conhecimento e membros da comunidade. Sua responsabilidade
é garantir a proteção dos direitos, a segurança e o bem-estar dos participantes por
meio da revisão e da aprovação do estudo, entre outras ações.
Ao aceitar participar do estudo, você não renuncia a nenhum direito legal que teria de
outra forma. Não assine este termo de consentimento a menos que tenha tido a
oportunidade de fazer perguntas e tenha recebido respostas satisfatórias para todas
as suas dúvidas. Você tem garantido o seu direito de não aceitar participar ou de retirar
sua permissão, a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo ou retaliação, pela
sua decisão.
Ao concordar com as condições estabelecidas no TCLE e aceitar participar da
pesquisa, você assinará duas vias deste Termo e rubricará todas as suas páginas.
Você receberá uma das vias para seus registros e a outra será arquivada pelo
responsável pelo estudo.
Eu, (nome do entrevistado), após a leitura deste documento e de ter tido a
oportunidade de conversar com a pesquisadora responsável, para esclarecer todas
as minhas dúvidas, acredito estar suficientemente informado, ficando claro para mim
que minha participação é voluntária e que posso retirar este consentimento a qualquer
momento sem penalidades ou perda de qualquer benefício. Estou ciente também dos
objetivos da pesquisa, dos procedimentos aos quais serei submetido, dos possíveis
danos ou riscos deles provenientes e da garantia de confidencialidade e
esclarecimentos sempre que desejar.
411
virtual ("nuvem") (Item IV.3.e, da Resolução CNS nº. 466 de 2012; item 3.2. da Carta
01/2021-CONEP).
Os dados coletados ficarão guardados no computador pessoal da
pesquisadora responsável por cinco anos, a contar da publicação dos resultados, e
estão garantidos o sigilo dos dados, e a confidencialidade dos sujeitos que
participaram da pesquisa. As informações desta pesquisa serão divulgadas apenas
em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos participantes, a
não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre sua
participação. A devolução dos resultados da pesquisa para a UNILA será feita pela
entrega de uma cópia da tese final à instituição, e pela disponibilidade da
pesquisadora em apresentar estes resultados em seção pública para a comunidade
acadêmica.
Como a participação nesta pesquisa é voluntária, não há benefícios ou
vantagens diretas aos participantes. Os benefícios que esperamos com esta pesquisa
são coletivos e estão relacionados a identificação dos saberes docentes que são
necessários para a atuação em ambientes acadêmicos internacionais e interculturais,
os quais irão fundamentar a proposição de um itinerário institucional para o
desenvolvimento profissional docente na UNILA.
Durante todo o período da pesquisa você tem o direito pedir qualquer
informação sobre o estudo, e poderá entrar em contato com Vanessa Gabrielle
Woicolesco (vanessa.woicolesco@edu.pucrs.br) ou com a Prof.ª Dr.ª Marilia Costa
Morosini (marilia.morosini@pucrs.br). Se você tiver qualquer dúvida relacionada aos
seus direitos como participante de pesquisa, entre em contato com Comitê de Ética
em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (CEP-PUCRS)
em (51) 33203345, Av. Ipiranga, 6681/prédio 50, sala 703, CEP: 90619-900, Bairro
Partenon, Porto Alegre – RS, e-mail: cep@pucrs.br, de segunda a sexta-feira das 8h
às 12h e das 13h30 às 17h. O Comitê de Ética é um órgão independente constituído
de profissionais das diferentes áreas do conhecimento e membros da comunidade.
Sua responsabilidade é garantir a proteção dos direitos, a segurança e o bem-estar
dos participantes por meio da revisão e da aprovação do estudo, entre outras ações.
Você receberá uma cópia deste TCLE e das respostas que deste instrumento
de pesquisa. Recomendamos que você faça a impressão ou salve uma cópia em
formato .PDF deste TCLE e guarde-o como comprovante de seu consentimento e dos
termos aqui descritos. Após a leitura deste documento e de ter tido a oportunidade de
conversar com a pesquisadora responsável, para esclarecer todas as minhas dúvidas,
acredito estar suficientemente informado, ficando claro para mim que minha
participação é voluntária e que posso retirar este consentimento a qualquer momento
sem penalidades ou perda de qualquer benefício.
( ) Concordo em participar da pesquisa "Pedagogia da Internacionalização: a
docência na UNILA". Estou ciente também dos objetivos da pesquisa, dos
procedimentos aos quais serei submetido, dos possíveis danos ou riscos deles
provenientes e da garantia de confidencialidade e esclarecimentos sempre que
desejar. Diante do exposto expresso minha concordância de espontânea vontade em
participar deste estudo, autorizando o uso, compartilhamento e publicação dos meus
dados e informações de natureza pessoal para essa finalidade específica.
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(continua)
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(conclusão)
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