13 Presidencialismo

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Colégio Moderno – Ciência Política 12º IV

Presidencialismo

Num regime presidencialista, o chefe de Estado é, regra geral, também o chefe do


ramo executivo do poder. Preside ao Governo, que é totalmente separado do ramo
legislativo (Parlamento). Ao contrário do que sucede nos regimes parlamentares, o
Governo não responde politicamente perante o Parlamento, embora necessite do seu
apoio.

Embora não seja exclusivo das repúblicas, este sistema é nelas mais frequente. A
exceção são as monarquias constitucionais ou semiconstitucionais em que um rei seja,
ao mesmo tempo, chefe de Estado e de Governo, existindo ainda um Parlamento. Para
simplificar, usarei o termo “Presidente” para me referir ao chefe de Estado e Governo
neste resumo. Claro que a palavra significa outras coisas em regimes parlamentares (o
Presidente costuma ser uma figura mais representativa e cerimonial, eleita pelo
Parlamento, e com funções semelhantes às de um monarca constitucional) ou
semipresidencialistas (o Presidente é eleito por sufrágio universal, mas não governa,
apenas arbitra o jogo político). Muitas ditaduras também usam o termo “Presidente”,
mas não se trata da mesma coisa que nas democracias.

Nestes sistemas, o chefe do Governo não emana do Parlamento. É eleito em separado,


quase sempre por sufrágio universal (a África do Sul é uma exceção: o Presidente é
chefe do Governo mas é eleito pelo Parlamento, como um primeiro-ministro), o que
lhe confere legitimidade igual à do Parlamento. O mandato do Presidente é fixo e, ao
contrário do primeiro-ministro, não pode ser derrubado por uma moção de censura (ou
chumbo de moção de confiança) no Parlamento. Apenas existem procedimentos de
destituição para o caso de o Presidente cometer certos crimes.

Nestes sistemas, o Presidente não legisla, mas pode vetar legislação vinda do
Parlamento. Este pode, no entanto, voltar a aprovar um diploma com maioria
qualificada.

O Presidente governa. Escolhe os seus ministros à vontade, embora nalguns casos seja
exigida a aprovação do Parlamento (que só em raríssimos casos será negada). O
Presidente também nomeia alguns juízes, mas não pode demiti-los, embora possa
exonerar os ministros quando quiser. Frequentemente, tem também o poder de
conceder indultos ou comutar penas.

Num regime presidencialista, o Presidente é sempre um protagonista do jogo político,


embora o seu poder não seja absoluto. As circunstâncias, mormente a composição do
Parlamento, podem reforçá-lo ou enfraquecê-lo.
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Vantagens
• Mandato direto — a eleição universal dá ao Presidente uma legitimidade que
um primeiro-ministro resultante de eleições legislativas não pode reclamar. Os
partidários do presidencialismo dizem que ele é mais democrático, não só pela
eleição direta (qualquer um se pode candidatar, não apenas dirigentes
partidários) mas pela possibilidade de o eleitor votar diferentemente para cada
função. Posso preferir o Partido A para me representar no Parlamento, mas
pensar que Fulano B, de outro partido, é melhor governante. Exemplo: nos
EUA, durante a Guerra Fria, havia tendência para eleger Presidentes
republicanos e maiorias democratas no Congresso. Os politólogos interpretam
este gesto do eleitorado como preferindo uma política externa (competência
presidencial) mais agressiva e uma política doméstica (em que o Congresso
manda mais) mais à esquerda. Outro argumento é que se torna mais fácil pedir
contas a um Presidente eleito diretamente do que a um primeiro-ministro cujas
ações se confundem, muitas vezes, com as da maioria parlamentar que o
sustenta (objeção: por outro lado é difícil demitir um Presidente que tenha
claramente perdido a confiança do eleitorado)
• Separação de poderes — os ramos executivo e legislativo estão claramente
separados e podem vigiar-se e contrabalançar-se, o que diminui o risco de
abusos de poder. O sistema parlamentar, em que o Governo emana do
Parlamento, torna mais improvável que a maioria vigente neste critique aquele
(é evidente que este problema existe também no sistema presidencialista, em
certa medida, se a maioria parlamentar for do partido do Presidente, mas ainda
assim cada um tem a sua legitimidade, não dependendo um do outro; o
parlamentarismo incute maior disciplina partidária, com sanções aos
dissidentes). Por outro lado, o chumbo a uma iniciativa importante do
Presidente não implica a sua queda, o que favorece a estabilidade.
• Rapidez — o poder acrescido do Presidente facilita decisões rápidas (mas,
dizem os críticos, tal não é verdade quando a maioria parlamentar é de
orientação política adversa ao Presidente; os defensores respondem que isso é
uma arma democrática que promove o diálogo interpartidário e soluções mais
ao gosto de todos).
• Estabilidade — o mandato fixo e a dificuldade em destituir o Presidente (é
preciso algo muito grave para o derrubar) garantem mais estabilidade do que a
do regime parlamentar, em que moções de censura e confiança podem ditar a
queda do Governo. Por outro lado, o próprio Governo fica impedido de marcar
eleições a seu bel-prazer (como em certos regimes parlamentares), antes sendo
responsabilizado pela totalidade do mandato previsto. A legitimidade pessoal
do Presidente evita que tenha de recorrer a coligações para governar, ficando
sempre em risco de um partido parceiro abandonar o Governo e causar a sua
queda. No presidencialismo o Executivo nunca fica, como já sucedeu na
Europa, dependente do apoio de um partido extremista. Os partidos mais
pequenos das coligações têm, frequentemente, um poder desmesurado face ao
seu peso eleitoral, precisamente porque os maiores partidos precisam muito
deles. A estabilidade é um fator positivo, dizem os presidencialistas, em
tempos de emergência nacional, catástrofe ou guerra.
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Críticas
• Tendência para o autoritarismo — a natureza de um regime presidencialista
depende muito da personalidade do chefe de Estado e Governo. Há quem
afirme que é fácil cair no autoritarismo (veja-se a Venezuela de Chávez) e no
culto da personalidade, visto que o Presidente não depende do apoio do
Parlamento nem tem de formar coligações, nem sequer ter em conta a opinião
dos críticos do seu partido. Tem as mãos muito livres e pode ter a tentação de
ignorar o ramo legislativo ou contorná-lo.
• Bloqueio democrático – A separação de poderes, teoricamente mais
democrática, cria duas estruturas paralelas. Se estas forem de cores políticas
diferentes e não souberem dialogar, dizem os críticos do presidencialismo,
podem-se criar bloqueios que geram instabilidade e impedem o progresso do
país. Ora, a situação de coabitação é frequente, visto que os eleitores, que
colocam as expectativas altas após uma eleição, depressa se sentem
impacientes e podem votar num Parlamento adversário do Presidente. Por
outro lado, os dois ramos do poder podem acabar por atirar um para o outro as
culpas de eventuais fracassos na governação, aproveitando-se mutuamente
como bode expiatório.
• Dificuldade em mudar de líder — o eleitorado não tem forma de destituir
um Presidente em quem tenha perdido a confiança. Só em situações
gravíssimas está prevista a destituição. Nalguns países, a forma de remover um
Presidente indesejado acaba por ser o golpe de Estado, que tão-pouco garante
sempre soluções democráticas. O contraste com o sistema parlamentar é
evidente: nesse, é possível aprovar moções de censura.

Comparação com parlamentarismo


• Independência entre os ramos legislativo e executive, eleitos em atos
separados. O Presidente tem um mandato fixo e só em situações gravíssimas
será deposto. Os ministros são escolhidos por si. No parlamentarismo, o
primeiro-ministro resulta das eleições legislativas, não sendo escolhido
diretamente pelo eleitorado.
• O Presidente, no regime presidencialista, não pode dissolver o Parlamento, que
tem um mandato fixo, tal como o chefe de Estado e Governo. Nos regimes
parlamentares, há hipótese de o primeiro-ministro pedir ao chefe de Estado
para dissolver o Parlamento.
• No sistema presidencialista, o Presidente tem poder de veto sobre a legislação,
mas não legisla. São papéis diferentes. No parlamentarismo o chefe de
Governo confunde-se com o papel de líder do partido mais representado no
Parlamento.
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• O Presidente tem, no sistema presidencialista, um papel importante (na


maioria dos casos) como comandante supremo das forças armadas. Também
tem um papel importante na política externa, pois é ele quem representa o país
(chefe de Governo, mas também de Estado). No parlamentarismo, o chefe de
Governo não comanda forças armadas nem é representante máximo do país.
• Nos sistemas presidencialistas costuma haver menos variedade de partidos
ideologicamente distintos do que nos sistemas parlamentares.

Semipresidencialismo
Há um sistema que combina características do parlamentarismo e do
presidencialismo. É o chamado semipresidencialismo (termo criado em 1978 pelo
politólogo Maurice Duverger). Nele há um Presidente (chefe de Estado) e um
primeiro-ministro (líder do Governo), ambos protagonistas do jogo político.

O Chefe de Estado é eleito, como no presidencialismo, mas não chefia o Governo. No


entanto, o seu papel não é meramente figurativo. Arbitra o jogo político, garante o
funcionamento das instituições e tem poderes de dissolução do Parlamento. Mas o
Parlamento, por sua vez, mantém do parlamentarismo a função de supervisionar o
Governo, podendo derrubá-lo através de uma moção de censura. O Governo, é claro,
resulta da composição do Parlamento.

A divisão de poderes entre Presidente e primeiro-ministro pode variar bastante


consoante a Constituição de cada país. Assim, o Chefe de Estado francês tem muito
mais poderes do que o português, nomeadamente na escolha do primeiro-ministro e na
condução da política externa e de Defesa.

Podem criar-se situações em que o Presidente e o primeiro-ministro sejam de partidos


diferentes – a coabitação. De novo, se isto se traduz em maior equilíbrio ou confronto
estéril, depende dos atores políticos em cada caso. Há quem lastime, no
semipresidencialismo, uma certa indefinição de fronteiras entre os dois cargos.

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