Es Taco Est Ril Hoses Cola
Es Taco Est Ril Hoses Cola
Es Taco Est Ril Hoses Cola
Orientadora:
Profa. Dra. Kátia Rodrigues Paranhos
Uberlândia
2010
‐ II ‐
L533e Leite, Vilma Campos dos Santos, 1964‐
Estações e trilhos da Escola Livre de Teatro (ELT) de Santo André (SP)
1990‐2000 [manuscrito] / Vilma Campos dos Santos Leite. ‐ Uberlândia,
2010.
284 f. : il.
Orientadora: Kátia Rodrigues Paranhos.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de
Pós‐Graduação em História.
Inclui bibliografia.
1. História social ‐ Teses. 2. História e teatro ‐ Brasil ‐ Teses. 3. Teatro e
sociedade ‐ Brasil ‐ História ‐ Teses. 4. Atores e atrizes ‐ Formação
profissional ‐ Teses. 5. Escola Livre de Teatro ‐ Santo André (SP) ‐ Teses. I.
Paranhos, Kátia Rodrigues. II. Universidade Federal de Uberlândia.
Programa de Pós‐Graduação em História. III. Título.
CDU: 930.2:316
‐ III ‐
‐ IV ‐
Com amor!
‐ V ‐
AGRADECIMENTOS
‐ VI ‐
‐ VII ‐
Xi,
O trem estava cheio
O rapa veio e
quis pegar no meu pé
A gente vive, véio nessa pauleira
Quem dá bandeira
Quem não sabe como é
Eu tô na minha, mano
Eu não dou bandeira
Eu to chegando
Oi eu aí ó!
Eu vendo faca
Vendo forro de casaca
Parafuso, pilha fraca
Vendo tudo que tiver
Pneu, catraca, fumo de Arapiraca
FIGURA 1: Estação Ferroviária Prefeito Saladino,
Pururuca, jararaca
800 ms, aproximadamente, da ELT Fechadura, fechecler
Vendo chiclete,
Capa de vídeo-cassete
Dentadura, cotonete
Chocolate, chaminé
Vendo chouriço,
Vendo vara de caniço
Dedo mindim do padim ciço
Eu vendo tudo que tiver
Eu vendo bike, tênis Nike,
Lucky strike
Drops kids, coca light
De Pirituba a Santo André.
De Pirituba a Santo André,
yeach yeach
De Pirituba a Santo André
Letra e música
de Kleber Albuquerque no CD
O Centro está em todas as partes
‐ VIII ‐
RESUMO
‐ IX ‐
Abstract
Estações e Trilhos da Escola Livre de Teatro (ELT) from Santo André (1990-
2000) accompanies a decade in the trajectory of a theater school, the ELT,
trying to bring up the ways of living the theatrical formation and creation, as well
as the dialogues conducted with their time and place.
Three lines make up the sources: written documents, images and interviews,
being able to emphasize the last ones that allowed working from the concepts
of memory, narrative and experience. The work uses the analogy of a train to
conduct the path and it is divided in three stations. The First station
Paranapiacaba (1990-1992) deals with the political and social moment present
in the city of Santo André, that through a municipal administration of the
Workers’ Party (PT) institutionalized a drama school, the ELT. In this station,
are placed the dialogues and the barriers with the theatrical movement there
stand, the strategies to the school composition, the conception, the experiences
of the professionals who worked in ELT, highlighting the creation and setting of
a show with a homonyms name to the station. The Second station Capuava
points the experience lived by the students of the Actor Formation Nucleus,
between 1990-1992, their creative process and the developments of their
theatrical practices, in the period of 1993-1996, when the ELT was closed due
to the switching of allegiances in the municipal government. The Third and last
station Santo André treats the manner in which was lived the return of the ELT
in 1997-2000. Stresses, also, the elaboration of a pedagogical tool, called
collaborative process, which involves mainly the Dramaturgy and Directing
Nuclei and that is in line with the theatrical making of the last decade, of the
twentieth century, in the city of São Paulo and beyond it. Among the
transformations, the dissolution of a broader cultural project in the artistic
formation of the municipality, without meaning, necessarily, a conformation to a
given reality. Regarding what continues, an appropriation of the creative making
inside the own scene in a “learning to learn” through the experience and that the
nonexistence of a previous curriculum favors. The artistic experiences of the
professionals exist without dichotomy with the theatrical pedagogy. Therefore,
the ELT fits in a genealogy of schools which think the theatrical formation while
research and reformulation of the own doing.
444101
‐ X ‐
LISTA DE FIGURAS
‐ XI ‐
FIGURA 13: Screenshot de entrevista com Maria Lúcia Pupo, em 02 fev. 2009.
Arquivo Vilma Campos, p. 77.
FIGURA 19: Foto de capa do Diário do Grande ABC, 30 out. 1991. Matéria
Intitulada “Santo André festeja o Carlos Gomes”. Arquivo Vilma Campos, p.85.
‐ XII ‐
‐ XIII ‐
FIGURA 36: Screenshot de entrevista com da esq. p/ dir. Luiz Nothlich e Sidnei
Matrone Júnior, em 13 jul. 2009. Arquivo Vilma Campos, p. 116.
‐ XIV ‐
FIGURA 45: Espetáculo Meia, Sapato e chulé... tudo dá no pé. Cia Trovadores
Cênicos. Célia Borges como Marilin e Sérgio Soler como Barriga Grande. Foto
Ivon Piccoli, papel, p&b. Acervo Ivanildo Piccoli, p.142.
FIGURA 46: Espetáculo Todos por um, direção de Tiche Vianna. Pérsio
Plensack como Diabo e Vilma Campos como Ketty. Foto de Ivon Piccoli, papel
p&B. Acervo Ivanildo Piccoli, p. 143.
FIGURA 47: Screenshot de entrevista com da esq. p/dir. Beth Del Conti e
Elisabete Barbosa de Lucas, em 05 fev. 2009. Arquivo Vilma Campos, p.149.
‐ XV ‐
FIGURA 49: Foto Luiz Fernando Nothlich e Andréia Almeida, atores de Santo
André participantes na mostra de reinauguração da ELT. Diário do Grande
ABC, Santo André, 11 abr. 2009, p. 162.
FIGURA 52: Screenshot de entrevista com Kil Abreu, em 25 abr. 2009. Arquivo
Vilma Campos, p.170.
FIGURA 57: Screenshot de entrevista Elaine Caseli Ribeiro (F2) junto com
Célia Borges Introdução ao Ator, em 13 jul. 2009. Arquivo Vilma Campos,
p.183.
FIGURA 58: Screenshot de entrevista Nelson Viturino S. Melo F2, em jul. 2009.
Arquivo Vilma Campos, p.183.
‐ XVI ‐
FIGURA 59: Cartaz de O último carro. p & b. digital. Arquivo ELT, p. 185.
FIGURA 68: Screenshot de entrevista da esq. p/ dir. Vilma Campos, Luiz Maria
Veiga, Adélia Nicolete, Gislaine Perdão e Sérgio Pires, em 16 jul. 2009. Arquivo
Vilma Campos, p. 196.
‐ XVII ‐
FIGURA 73: Screenshot de entrevista com Cida Ferreira que fez o cenário de
Nossa Cidade. 13 de jul. 2009. Arquivo Vilma Campos, p.210.
PONTO DE CHEGADA
Cartaz “Escola Livre de Teatro eis a questão”. Mostra de trabalhos realizada de
17 de novembro a 19 de dezembro de 2002. Papel, color, 62 cmx 42cm
(detalhe). Acervo ELT, capa volume V.
‐ XVIII ‐
SUMÁRIO
‐ XIX ‐
Fontes
1. Entrevistas
1.1.Realizadas no Brasil..................................................................................246
1.2.Realizadas em Cuba..................................................................................254
2. Jornais.........................................................................................................255
3. Arquivos…...……………………………………………..……………………….262
4.Fontes bibliográficas………………………….………………………………….263
5. Sítios………………………………….…………………..……………………….265
Referências……………………………………….………………….…………….268
Anexos
Anexo A………….……..……………………………………….…………………...283
Anexo B………………………………………………………………………..…….284
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de História | Programa de Pós-Graduação em História
Volume 1
Uberlândia MG 2010
Ponto de
Chegada
ESTAÇÃO 3 ESTAÇÃO 2
Santo André Capuava
Mauá
Guapituba
Ribeirão Pires
ESTAÇÃO 1 Ponto de
Paranapiacaba Partida
1. PONTO DE PARTIDA
Em Santo André (SP) até 1990, não havia uma escola para a formação
de atores. A opção existente no município era o Curso de Graduação em
Educação Artística da Faculdade Teresa D’ávila,2 voltado, porém, à formação
de professores e não de artistas. Dentro da região do ABC paulista, em São
Caetano, havia como possibilidade a formação teatral na Fundação das Artes,
segunda escola fundada no Estado de São Paulo e nascida em pleno ano em
que foi promulgado o Ato Institucional nº 5 (AI-5) no regime militar,
primeiramente, como curso livre e a partir de 1986, como curso
3
profissionalizante.
Contudo, o fácil acesso de automóvel até São Paulo pela Avenida do
Estado (eixo do rio Tamanduateí) ou pelo transporte público, especialmente o
ferroviário, viabilizava que interessados em um conhecimento sistematizado em
teatro o buscassem na capital paulista. Os atores como Antonio Petrin e Sônia
Guedes4 são exemplos de andreenses que foram estudar na Escola de Arte
1
Fragmento do texto ABC do Teatro de Antônio Araújo. In: SANTO ANDRÉ. O alfabeto pegou
fogo: ensino das Artes em Santo André. Santo André: Secretaria da Cultura, Esporte e Lazer,
1992. p. 68 (mimeo). O texto foi publicado oito anos depois: SANTO ANDRÉ. Os caminhos de
criação Escola Livre de Teatro de Santo André 10 anos. Santo André: Departamento de
Cultura, 2000, p. 56.
2
A partir da Lei de Diretrizes e Bases 5.692/1971 muitos cursos de graduação são criados para
atenderem ao componente Educação Artística do currículo da escola básica. Nos anos de 1970
é o ensino polivalente que prevalece nessa formação de professores das linguagens artísticas.
No decorrer das décadas seguintes, se intensifica o movimento por formações específicas em
Teatro, Música, Dança e Artes Visuais para o componente da Escola Básica que passará a se
chamar Arte, a partir de 1996. No início do século XXI, é possível afirmar que a formação
direcionada a cada campo artístico aproxima a criação artística das atividades de ensino, mas
essa não era uma realidade presente no início dos anos de 1990.
3
O ator Milton Andrade foi o criador do projeto da Fundação das Artes. Este e outros dados
sobre o histórico da instituição estão disponíveis em: <http://www.fascs.com.br/index.asp?
dados=historico>. Acesso em: 02 out. 2009.
4
Iniciam sua trajetória teatral com a Sociedade de Cultura Artística (SCASA) na década de
1950 em Santo André. Conseguem na década de 1960 o Teatro de Alumínio e estarão entre os
fundadores do Grupo de Teatro da Cidade, tendo participado também do Centro Popular de
Cultura (CPC), em Santo André. Dois dos livros fundamentais para situar a trajetória do teatro
andreense entre os anos de 1940 e 1960 ASSUMPÇÃO, P. O teatro amador em Santo André:
2
destacar São Paulo, São Bernardo do Campo, Belo Horizonte, Porto Alegre e,
Santos, pela segunda vez.
Como defendeu Eder Sader, os movimentos sociais dos anos 1970 e
1980 criaram um novo sujeito social e histórico oriundo de experiências
coletivas. A partir das práticas cotidianas e sociais desse sujeito, há a
possibilidade de formas diferenciadas de relacionamento político.7
Nesse contexto, no que tange à cultura, considerando o início de 1990,
nas cidades de São Paulo e de Santo André, é possível perceber pilares que a
entendiam como parte integrante e indissociável do social, do econômico e do
político e não como um nível à parte.
A concepção de cidadania cultural em voga na Prefeitura da Cidade de
São Paulo no governo de 1989 a 1992, valorizando a cultura como direito dos
cidadãos;8 assim como na cidade de Santo André, o slogan “Direito à Cidade”
que acolheu um projeto ambicioso para a área de cultura, são exemplos desse
paradigma.
7
SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos
trabalhadores da Grande São Paulo (1970-1980). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
8
No texto Cidadania Cultural: relato de uma experiência institucional, que é um dos quatro
ensaios de Marilena Chauí que compõem o livro Cidadania cultura: o direito à cultura, há uma
explanação do trabalho à frente da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo de 1989-1992
e um balanço dessa experiência (p. 88).
9
SANTO ANDRÉ, 1992, p. 55; SANTO ANDRÉ, 2000, p. 8.
4
10
SANTO ANDRÉ, 2000, p. 25.
11
Uma volta ao que era de praxe, já que os partidos de linha conservadora tiveram predomínio
na história de Santo André e antes da administração de 1988. Mesmo em 1938, quando
Armando Mazzo, do Partido Comunista Brasileiro, vencera as eleições, não houve avanço
democrático, já que o mandato não pôde ser realizado, devido à intervenção de Adhemar de
Barros que durou até 1948, destituindo os prefeitos e cassando os vereadores de legendas
progressistas. GAIARSA, O. A. Santo André Ontem, Hoje, Amanhã. São Paulo: Prefeitura
Municipal de Santo André, 1991, p. 90-91.
12
VISCOVINI, L. A política cultural do Partido dos Trabalhadores em Santo André: da inovação
à tradição (1989/1992 – 1997/2000 – 2001/2004), 2003. 151 f. Dissertação (Mestrado em
Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade de Campinas, Campinas,
2005
13
NÉSPOLI, B. Protesto paralisa Escola Livre de Santo André. O Estado de S. Paulo, São
Paulo, 19 de set. 2009. Caderno 2, p.D-9.
5
19
MICHALSKI, Y. & TROTTA, R. Teatro e estado as companhias oficiais de teatro no Brasil:
história e polémica. São Paulo: Ed. Hucitec; Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Arte e
Cultura, 1992.
20
Comédia brasileira (1940-1945), Companhia Dramática Nacional (1953-1954) e o Teatro
Nacional de Comédia (1956-1967). Essas experiências são focalizadas em MICHALSKI
&TROTTA, 1992.
21
MICHALSKI, Y. ; TROTTA, R. 1992. p. VII.
22
COELHO, J. T. Dicionário crítico de política e cultural. Cultura e Imaginário. São Paulo:
Iluminuras, 2004. p. 292.
23
MICELI, S. Estados e Culturas no Brasil. São Paulo: Difel, 1984. RUBIM, A. A. &
BARBALHO, A. Políticas culturais no Brasil. Salvador: Ed. UFBA, 2007.
7
supõe esse autor, lembra Rubim & Barbalho que na era Vargas, entre 1930 e
1945, é digna de nota a passagem de Mario de Andrade pelo Departamento de
Cultura da Prefeitura da Cidade de São Paulo e a presença de Gustavo
Capanema, no Ministério de Educação e Saúde. Já no momento democrático,
entre 1945 e 1964, há um desmonte institucional e independentemente do
estado, vão se destacando os movimentos e organizações estudantis com
experiências artísticas relevantes como no teatro, na música e no cinema. Esse
movimento é atropelado pela proposta pública de cultura que se prolonga no
período de transição e de reconstrução da democracia (1985-1994). Na Lei
Sarney (1986), que é substituída pela Lei Rouanet (1991), destaca-se um
processo de isenção do estado brasileiro que delega sua responsabilidade, em
troca de impostos, à iniciativa privada.24
Sérgio Miceli e Maria Alice Gouveia, no início dos anos de 1980,
apontam dois países extremos em suas políticas culturais numa perspectiva
comparada: A França e os Estados Unidos.25 Como outras nações europeias
do pós-guerra, a França conta com aparato público, enquanto o segundo se
pauta pelos “contribuintes” privados.26 Teixeira Coelho, ao lado da incipiente
realidade nacional, também pontua soluções encontradas em Londres, Paris e
Havana, detectando nas casas de cultura um “lócus” privilegiado das políticas
nacionais em que se inserem essas cidades.27
Estudos nessa direção reforçam a relação estatal que atravessa a
situação andreense na década de 1990 e me estimularam a eleger uma
localidade para a realização de um estágio dentro do Programa de Doutorado
no País com Estágio no Exterior (PDEE ) financiado pela CAPES – MEC.
Escolhi a cidade de Havana, em Cuba, e permaneci nela por quatro meses.
Independentemente de se tratar de outro regime político e de um paradigma de
política cultural que “aponta para uma legitimação apoiada na necessidade de
obter um enquadramento ideológico”,28 foi a possibilidade de viver, ainda que
24
RUBIM & BARBALHO, 2007, p.8-28.
25
MICELI, S. & GOUVEIRA, M. A. Política cultural comparada. Rio de Janeiro: FUNARTE,
1985.
26
MICELI & GOUVEIRA, 1985, p.11.
27
COELHO, T. Usos da cultura. Políticas de Ação Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
28
COELHO, 2004, p. 293.
8
***
29
MISKULIN, S. C. Os intelectuais cubanos e a política cultural da Revolução 1961-1975. São
Paulo: Alameda, 2009.
30
Há um sentido mais estrito do termo. In: CHAUÍ, M. Cidadania cultural O direito à cultura.
São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.
9
31
COELHO, J. T. Guerras culturais. São Paulo: Ed. Iluminuras, 2000. p. 10.
32
COELHO, 2000, p.139.
33
COELHO, 2000, p. 119-120.
34
GUÉNOUN, D. A exibição das palavras uma idéia (política) do teatro. Rio de Janeiro: Teatro
do Pequeno Gesto, 2003.
35
GUENOUN, 2003, p. 14-15.
36
GUÉNOUN, 2003, p. 23.
37
GUÉNOUN, 2003, p. 36-37.
10
43
WILLIAMS, R. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008. p. 12-13.
44
WILLIAMS, R. Os usos da teoria da cultura. Margem Esquerda: ensaios Marxistas, n. 9. São
Paulo: Boitempo, 2007. p. 179-180.
45
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987; THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
46
Na obra desse historiador e também na de Raymond Williams, o sentido de cultura para uma
compreensão da sociedade capitalista, inclui sem desmerecimento à cultura erudita, formas
que estão além desta.
47
HOBSBAWM, E. História Social do jazz. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
48
GOMBRICH, E. H. Para uma história cultural. Lisboa: Gradiva, 1994. p. 63.
12
cultura podem ser reconduzidos a uma causa nodal, de que (as linguagens
artísticas) são manifestações.”49
Essa percepção é fundamental para que não se entre em um campo
minado de cultura. Como lembra Maria Elisa Cevasco em um livro em que
busca uma compreensão da visão de Raymond Williams:
49
GOMBRICH, 1994, p. 63.
50
CEVASCO, M. E. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001. p. 151.
51
WILLIAMS, 2008, p.119-178.
52
WILLIAMS, R. Tragédia Moderna. São Paulo: Cosac Naif, 2002.
13
53
BRANDÃO, T. Uma empresa e seus segredos: companhia Maria Della Costa. São Paulo:
Perspectiva, 2009. p. 30-31.
54
MENCARELLI, F. A. Cena aberta: a absolvição de um bilontra e o teatro de revista de Artur
Azevedo. Campinas: Ed. da Unicamp, 1999.
55
Artur Azevedo se apropriou de uma notícia de jornal sobre um bilontra para a criação da
revista homônima. Os espaços da ficção e dos acontecimentos ficaram tênues. A vida pode
influenciar a arte, mas a arte também pode influenciar a vida, ou ela mesma se materializa
numa forma de vida.
56
ICLE, G. Pedagogia do teatro como cuidado de si. São Paulo: Hucitec, 2010. p. 53.
57
LEABHARD, apud ICLE, 2010, p.53.
14
58
COSTA, I. C. Panorama do Rio Vermelho: ensaios sobre o teatro americano. São Paulo:
Nankin Editorial, 2001.
59
COLLAÇO, V. O teatro da união operária: Um palco em sintonia com a modernização
brasileira, 2004. 335 f. Tese (Doutorado em História Cultural) – Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
60
PARANHOS, K. Teatro e trabalhadores: textos, cenas e formas de agitação no ABC Paulista.
Artcultura, v. 7, n. 11. Uberlândia. Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História,
p.101-115. jan. /jun. 2005.
61
ICLE, 2010, p. 47.
62
ANDRADE, E. M. F. Escola Dramática Municipal – a primeira escola de teatro no Brasil –
1908-1911 subsídios para uma historia da formação do ator brasileiro. 1996. 134 f. Dissertação
(Mestrado em Teatro) – Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.
63
SILVA, 1989.
64
SILVA, A. A. B. M. Quando se segue uma borboleta: estudantes de teatro, expectativas,
sonhos e dilemas em torno da profissão de ator, 2003. 264 f. Dissertação (Mestrado em
Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2003.
65
CASTANHEIRO, J. Do Curso Prático ao Conservatório de Teatro: origens da Escola de
Teatro da UNIRIO, 2003. 171 f. Dissertação (Mestrado em Teatro) – Centro de Letras e Artes
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
15
Pará,67 embora esta última tenha um cunho mais limitado na visão histórica
enquanto resgate.
Compreendo a trajetória da ELT tanto como espaço cultural em
consonância ao que é inerente à criação e formação teatral e ainda, como
prática social, já que os profissionais formadores e em formação são seres
humanos que estão em interação vivendo complexidades, conflitos e
antagonismos. Busco os relampejos significativos na primeira década da ELT,
com a voz de Benjamin de Sobre o conceito de História ressoando de que pode
haver elementos a enfrentar que são como vestígios que se prendem às asas
de um anjo de olhos esbugalhados, como no quadro de Paul Klee.68 O desafio
é o de assinalar os possíveis assentamentos ou inovações, percorrendo
afinidades, concordâncias, resistências ou indiferenças estéticas, culturais e
políticas.
No campo das mutações, a hipótese é de que as transformações da ELT
não são só decorrentes das orientações e modificações do projeto cultural da
cidade. De um lado, essas transformações interferem efetivamente na
constituição, no prosseguimento da ELT, do movimento teatral, em Santo
André, e região; mas por outro, parece haver certas apropriações nas práticas
teatrais ali realizadas e às quais interpreto como cultura política que emerge e
que permite alguma espécie de inversão na realidade dada.
É possível que tais “fazeres”, como espécie de resistência, estejam
potencializados a partir de um “modo de operar” da ELT; e, é nesse sentido
que me detenho no processo intitulado colaborativo, com o foco paulatino na
década 1990.
Percebo o movimento teatral centenário que trouxe a formação do artista
para o centro, com uma estirpe de mestres fundamentais como uma matriz na
66
LEAO, R. M. Abertura para outra cena: uma história do teatro na Bahia a partir da criação da
Escola de Teatro. Bahia: Ed. UFBA, 2006.
67
VASCONCELOS, A. C. O gênero dramático e a valorização do teatro paraense: através do
resgate histórico da escola de teatro e dança da Universidade Federal do Pará. 2003. 244 f.
Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras, Universidade Federal do Pará, Pará,
2003.
68
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.
São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 226.
16
69
DE MARINIS, M. El teatro y la acción física: una tradición del siglo XX. In: En busca Del actor
y Del espectador. Buenos Aires: Galerna, 2005. conquista activa y dinámica que indaga y
utiliza la experiencia que ha producido formas y valores. p. 45.
70
DE MARINIS, M. Yo y el otro: entre El miedo al diferente y El deseo de alteridad.
Perspectivas teatrales, In: Op. cit. p. 196.
71
THAÍS, M. Na cena do Dr. Dapertutto poética e pedagogia em V.E. Meierhold, 1911 a 1916.
São Paulo: Perspectiva, 2010. p. 185-263.
72
THAÍS, 2010, p. 197
17
73
Vários artistas, pensadores e pedagogos teatrais reconhecem esse momento marcante no
século XX como o próprio ICLE, G. 2010. Ver especialmente o artigo de FERAL, J. A escola:
um obstáculo necessário. In: Ouvirouver. Uberlândia: Departamento de Música e Teatro da
UFU, p. 168-179. v. 6, jan./jun. 2010.
74
SCANDOLARA, C. Os estúdios do Teatro de Arte de Moscou e a formação da pedagogia
teatral no século XX, 2006. 175 f. Dissertação (Mestrado em Artes) – Instituto de Artes,
Universidade de Campinas, Campinas, 2006.
75
A compreensão de uma não dicotomia entre ensino e arte tem tornado corrente a utilização
de termos como encenador-pedagogo, artista-docente e outros. O volume de pesquisas da
área é vasto e tem se intensificado nos últimos anos, sendo relevante a atuação dos
programas de pós-graduação em Teatro e Artes Cênicas e também a atuação do Grupo de
Trabalho: Pedagogia do Teatro & Teatro na Educação da ABRACE (Associação Brasileira de
Artes Cênicas). Ver especialmente o trabalho PUPO, M. L. de S. B. Além das dicotomias. Anais
do Seminário Nacional de Arte e Educação – Educação emancipatória e processos de inclusão
sócio-cultural. FUNDARTE, Montenegro, out. 2001.
76
Para ficar em apenas três exemplos no Brasil. Destaco Grupo Ta na Rua (RJ), Grupo de
Atuadores Oi Nóis Aqui Travezeis (RS) e Grupo Galpão (MG)
18
77
FLASZEN, L & POLLASTRELLI, C. O teatro laboratório de Jerzi Grotowski 1959-1969. São
Paulo: Ed. Perspectiva, Edições SESC SP; Pontedera, IT: Fondazione Pontedera Teatro, 2010.
É importante ressaltar que a palavra laboratório tornou-se particularmente recorrente no Brasil
nos anos 1970 E 1980, como “conjunto de práticas que o ator deve desencadear para afinar e
aprimorar o seu equipamento de trabalho [...] aprofundar-se no conhecimento orgânico do seu
papel e do texto (ou roteiro, ou tema básicos) a ser encenado.” JANUZELLI, A. A
aprendizagem do ator. São Paulo: Ed. Ática, 1996. p. 51.
78
Pauta-se na Antropologia teatral, “estudo do comportamento do ser humano quando ele usa
sua presença física e mental numa situação organizada de representação e de acordo com os
princípios que são diferentes dos usados na vida cotidiana.” BARBA, E. & SAVARESE, N. A
arte secreta do ator: dicionário de antropologia teatral. São Paulo: Ed. da Unicamp, 1995,
79
GROTOWSKI, Z. Em busca de um teatro pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987.
p. 104.
80
ICLE, 2010, p. 59.
19
***
81
LEHMANN, H. T. O teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac Naify, 2007. p. 21.
82
BLOCH, M. Apologia da História ou ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
p. 55.
83
BLOCH, 2001, p. 65.
20
84
BLOCH, 2001, p. 80.
85
“É um grupo de pesquisa e ação solidária em Santo André que através de voluntários, cria
contos orais relacionados às passagens ou mudanças fundamentais da vida e narra esses
contos, buscando apoiar o ouvinte em sua luta ou confortá-lo, afastando os aspectos
excessivamente trágicos que a idéia dessas mudanças podem causar. Atuam em asilos,
hospitais, creches, escolas, atividades de apoio e solidariedade às pessoas que estão
envolvidas nas principais passagens”. Disponível em:
<http://www.narradoresdepassagem.org.br/oquee.html>. Acesso em: 10 set. 2009 O grupo é
21
oriundo de um Núcleo de Pesquisa que iniciou sua trajetória em 2005 na ELT, sob a
coordenação da Escola Livre de Teatro, antes de se constituir enquanto grupo autônomo.
86
Ver ANEXO A – carta enviada para entrevista. p. 283.
87
Na ELT, a nomenclatura mestre e aprendiz é utilizada, em substituição a “professor” e
“aluno”, por questões que passam pelo processo de formação e criação e que serão abordadas
no decorrer do trabalho, especialmente no terceiro capítulo.
88
BLOCH, 2001, p. 79.
22
90
Exemplos: acabar da bateria do gravador, variação da energia que desliga o equipamento,
problemas com a finalização de alguns DVDs.
91
MEYHI, J. C. S. Manual de história oral. São Paulo: Edições Loyola, 1996. p. 198.
92
PORTELLI, A. História oral como gênero. Projeto História 22. São Paulo: Revista do
Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História PUC, 2001,
jun. p. 27.
24
93
MEYHI, 1996, p.198.
25
94
BENJAMIN, 1994, p. 205.
95
BENJAMIN, 1994, p. 205.
96
BENJAMIN, 1994, p. 117.
97
GAGNEBIN, J. M. História e narração em W. Benjamin. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1994.
p.71
26
98
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 1994 e Les cadres sociales
de La memória. Paris: Albin Michel, 1994, vai chamar a atenção sobre a importância da
vinculação da memória com um grupo social.
99
BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Disponível em:
<http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_BONDIA.pd
f>. Acesso em: 20 jan. 2010.
100
BONDÍA, p. 6.
101
BONDÍA, p. 8.
102
RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Ed. da Unicamp, 2007. p.
105.
27
É interessante que se anuncie frases como: “não sei por que eu estou
falando isso,”110 revelando talvez aspectos do presente que não tem mais
conexão com o passado. A verdade é que a memória não consiste em
absoluto, numa regressão do presente ao passado. “Nosso passado, ao
contrário não age mais”111 a menos que possa “inserir-se numa sensação
presente da qual tomará emprestada a vitalidade.” 112
Outra abordagem, que se enunciou quando os narradores estiveram em
grupo, foi a possibilidade de complementação ou de correção que a presença
do outro provoca: “o discurso sobre o passado e a fantasia caminham muito
lado a lado. Quando você faz coletivamente, o discurso sobre o passado pode
ser menos fantasioso.”113
Marc Bloch, em Apologia da história, refletiu longamente sobre a não
inocência de um documento e a utilização da memória não está imune a essa
construção. Os narradores se dão conta de que interpretam:
114
Tiche Vianna, entrevista em 26 abr. 2009, tomo 1, p.128.
115
Nas cópias de jornal encontradas na ELT nem sempre há possibilidade de localizar o dia ou
o caderno em que foi publicado determinado material. Essas informações feitas por
funcionários, ou por estudantes voluntários que se dispuseram a organizar o acervo no (ano de
2009) nem sempre contam com as informações técnicas de como deve ser realizado este
trabalho.
116
Roland Barthes apud CERTEAU, M. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2010, p. 83.
117
CERTEAU, 2010, p. 83.
30
118
CERTEAU, 2010, p. 65.
31
126
Diadema. Prefeito José de Filippi Júnior (1993-1996), diretor de cultura Elmir de Almeida,
direção do projeto de formação artística (Ana Angélica Albano). DIADEMA CENTRO
CULTURAL. Catálogo, 154 p.
127
São Paulo Prefeita Marta Suplicy (2001-2004) Secretário de Cultura – Celso Frateschi.
Coord. Teatro Vocacional – Maria Tendlau. TENDLAU, M. Teatro Vocacional e a apropriação
da atitude épico dialética. São Paulo: Hucitec, 2010.
128
RAMOS, Luciene Borges. Centros de cultura espaços de informação: um estudo sobre a
ação do Galpão Cine Horto. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2008. p. 129.
129
Texto completo no ANEXO B. p. 284.
34
***
Volume 2
Uberlândia MG 2010
Ponto de
Chegada
ESTAÇÃO 3 ESTAÇÃO 2
Santo André Capuava
Mauá
Guapituba
Ribeirão Pires
ESTAÇÃO 1 Ponto de
Paranapiacaba Partida
2. PRIMEIRA ESTAÇÃO PARANAPIACABA
1
DIAS, S. Textos Teatrais: Acalanto e Paranapiacaba de onde se avista o mar. São Paulo: HS
Produções, 1993.
2
Até 1930, o antigo município de São Bernardo atingia toda a região do grande ABC composta
hoje pelos municípios: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São
Bernardo do Campo e São Caetano.
39
3
Em 1982, um grupo de intelectuais discutiu questões relativas à cultura, elaborando um
documento que apontava questões para uma política cultural. Este documento é assinado por
Marilena Chauí, Antonio Cândido, Lélia Abramo e Edélcio Mostaço. Essa política e prática
encontrada em 1989, em São Bernardo, são analisadas por BOLOGNESI, 1996.
4
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 145
5
BITTAR, J. (Org.). O modo petista de governar. São Paulo: Teoria & Debate Partido dos
Trabalhadores, 1992. p. 198.
6
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 57.
7
Teixeira Coelho, nos anos de 1980, escreve O que é indústria Cultural; O que é ação cultural,
publicados pela coleção Primeiros Passos da Ed. Brasiliense; Usos da Cultura: políticas de
Ação cultural, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986 e ainda Moderno e Pós Moderno. Porto
Alegre: L & PM, 1983.
8
Flora Lauten, entrevista em 23 jun. 2010, p. 91. Entrevistas com artistas cubanos.
40
9
Hermínia Sanches, entrevista em 11 jun. 2010, p. 131. Entrevistas com artistas cubanos.
10
Esse não é propriamente o meu ponto de partida, já que lido com história e memória como
conceitos distintos. A história pensada como uma interpretação, apesar da escrita se iniciar na
primeira fase da pesquisa (RICOEUR, 2007) e a memória em seu âmbito flexível (BÉRGSON,
2006) como já visto no volume1 deste trabalho. Essa associação, contudo, pode vir a ser feita
pelo colaborador que se torna narrador. Sobre a discussão dos lugares de memória ou
memória tomada como história ver NORA, P. Entre memória e história. Projeto História, São
Paulo, dez.1993, p. 7-29.
41
11
BITTAR, 1992, p. 208.
12
BITTAR, 1992, p. 203.
13
Bethe Del Conti, entrevista em 06 fev. 2009, tomo 1, p. 71.
14
O projeto dos Centros Comunitários foi uma ampliação de equipamentos existentes em
vários bairros de Santo André que atendiam a educação e esporte, sob o nome de CEARs
(Centros Educacionais, Assistenciais e Recreativos). Em 1989, passam a incluir atividades
artísticas e culturais. A trajetória desses Centros pode ser encontrada em VISCOVINI, 2005.
15
Inaugurada em 13 de novembro de 1992, a Casa do Olhar Luiz Sacilotto é um centro de
convivência com foco na divulgação e na pesquisa de arte contemporânea. Entre suas
realizações destaca-se o Salão de Arte Contemporânea de Santo André e a Bienal da Gravura.
Disponível em: <http://casadoolhar.wordpress.com/a-casa-do-olhar>. Acesso em: 25 nov. 2009.
16
A Casa da Palavra está tombada e protegida pelo Conselho Municipal de Defesa do
Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André desde
11 de novembro de 1992. Espaço de debate de ideias e de difusão cultural, tendo recebido
nomes importantes da literatura, das artes e do pensamento contemporâneo. Disponível em:
<http://casadapalavrasa.blogspot.com/2008/03/breve-perfil-histrico.html>. Acesso em: 25 nov.
2009.
17
Museu de Santo André, Dr. Octaviano Armando Gaiarsa dedica-se à pesquisa, coleta,
conservação e exposição de objetos, imagens fotográficas e documentos relacionados às
transformações históricas, urbanas e sociais, econômicas e culturais da cidade com
desenvolvimento de atividades educativas e culturais voltadas aos munícipes. A transferência
para o prédio do antigo Grupo Escolar ocorreu em agosto de 1990, com o I Congresso de
História do Grande ABC em suas dependências. Disponível em:
<http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo.asp?cod=526>. Acesso: em 25 nov. 2009.
42
21
BLOCH, 2005, p. 58.
22
VISCOVINI, 2005.
23
SADER, 1988.
24
São três grupos principais. A Teologia da libertação, uma ala renovada e crítica da Igreja
Católica proveniente das Comunidades Eclesiais de Base. Novo Sindicalismo, que traz um
corpo teórico organizado do marxismo a respeito da exploração e da luta contra o capitalismo,
sem contar os grupos de esquerda que estavam desarticulados pela derrota política que
remonta à ditadura. SADER, 1988, p.143-144.
25
VISCOVINI, 2005, p. 10.
44
26
VISCOVINI, 2005, p.12.
27
VISCOVINI, 2005, p. 27.
28
Programa de governo para a área de cultura, comissão de cultura do Partido dos
Trabalhadores de Santo André, 1988. p.1-2. VISCOVINI, 2005, p. 39.
45
Frateschi deixa claro que tinha uma posição que o diferencia, quando
menciona que estava num “contra fluxo”. Por mais que a situação revele uma
tensão daquele momento, não é ela que irrompe na memória dele. Há um
sorriso quando diz que o clima era de “tomar o palácio do inverno”. É o
narrador comentando sua opinião de que era pueril e ingênua aquela visão dos
grupos locais. Relampeja, para usar um termo benjaminiano, tanto na memória
dele quanto na de Altair Moreira, diretor de cultura, a relação bem dinâmica em
consonância com o projeto cultural e a trajetória profissional e artística de cada
um:
34
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 136.
35
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 136.
47
39
HALBWACHS, 1994, p. 34.
40
Outra forma de dizer seria “o pertencimento à classe artística” de acordo com o jargão
profissional.
41
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p.138.
42
Prefeita Marta Suplicy também pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
43
A ação do Teatro Vocacional também é um exemplo de ação que está dentro de um projeto
maior. “O então diretor do Departamento de Teatro, Sr. Celso Frateschi, elaborou o projeto
dentro de uma perspectiva de atender aos três eixos da política cultural propostos pelo
Secretário de Cultura, Sr. Marcos Aurélio Garcia: sociabilização dos bens culturais, veiculação
e difusão de uma produção oculta e elaboração de um pensamento estético critico que
refletisse as questões relevantes do século XX. A partir destes primados, o Programa de Teatro
Vocacional foi elaborado para possibilitar um intercâmbio entre a produção teatral não-
profissional nos bairros da cidade e os outros dois eixos demandados pelo gabinete desta
pasta e [...] pelos demais núcleos deste Departamento: pelo Núcleo de Projetos Especiais,
responsável pelo Programa de Formação de Público, as Mostras Teatrais e a conferência “O
Teatro e a Cidade”, pelos Núcleo dos Teatros Distritais, responsável pela administração da
ocupação dos teatros de bairro e pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro.” TENDLAU,
M. Teatro Vocacional e a Apropriação da Atitude Épica/Dialética. São Paulo: Hucitec, 2010. p.
20-21.
49
44
Inspiro-me no conceito de heterocronia de Foucault a evocação trazida pela memória a outro
tempo para além do tempo-real em foco. FOUCAULT, 2006, p.411-422.
45
CECATTO, M. Entrevista com Celso Frateschi. In: Teatro Vocacional registros e reflexões
2001/2004. Secretaria Municipal de Cultura, 2001. p. 5-14.
46
TENDLAU, 2010, p. 51.
47
Apesar do termo “coletivo teatral” estar ligado a uma forma mais cooperativada de produção,
como tendência das últimas décadas, será utilizado em alguns momentos do texto como
sinônimo de “grupo de teatro”, mas não “teatro de grupo” que é um movimento específico com
sentido muito mais localizado. GUINSBURG, 2009, p.162-164.
48
ASSUMPÇÃO, 2000. Também, SILVA, 1991.
49
NICOLETE, A. Sônia Guedes chá das cinco. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008, p. 66.
50
51
Destaco a narrativa de Sônia Guedes. Essa atriz doou todo o acervo que tinha de figurinos
teatrais em 1991 para a ELT.
52
Paulo Marquesan, entrevista em 2005, caderno 2, p. 32-33.
53
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.
São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 226.
52
54
SARLO, B. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 2007. p. 12.
55
Eu mesma não me lembrava de ter atuado, pontualmente como atriz desse grupo e não
tenho registros sobre essa participação. Apagamentos e esquecimentos que reforçam a minha
necessidade, talvez obsessão, de compreender a dinâmica aqui em “xeque”.
56
Sobre esse coletivo ver PARANHOS, 2005.
53
57
Ver ASSUMPÇÃO, 2000 e ainda, SILVA, 1991 e SILVA, 2000.
58
Ver especialmente MAGNANI, T. T. O Grupo Teatro da Cidade: experiência profissional no
ABC (1968-1978). 2005. Monografia. (Especialização em Jornalismo) – Faculdade de
Jornalismo, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, 2005.
Disponível em: <http://www.uscs.edu.br/memoriasdoabc>. Acesso em: 04 mar. 2010.
59
O Primeiro de Maio e o Panelinha são dois clubes de classe média de Santo André. As
atividades teatrais tinham como fim o entretenimento e atrair os sócios. Ver SILVA, D. M. Risos
e lágrimas: o teatro amador em Santo André na década de 1960. USCS, São Caetano do Sul.
2005 e CHAVES, Eduardo Veríssimo. A Alma feminina nos palcos do ABC: o papel das atrizes
(1965 a 1985). USCS, São Caetano. 2006. Disponível em:
<http://www.uscs.edu.br/memoriasdoabc>. Acesso em: 04 mar. 2010.
60
Marcelo Gianini, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 84.
54
Mas além dessa geração emergente, do fim dos anos 1980, outra
anterior, de aproximadamente vinte anos antes, já tinha feito esse caminho da
linha do trem do subúrbio ao centro: Antonio Petrin, Sônia e Aníbal Guedes,
Alexandre Dressler, Analy Alvarez, Luzia Carmelo, Osley Delame que foram
para a Escola de Arte Dramática (EAD). A imagem recorrente do trem também
atinge a voz dessa geração dos anos de 1960. Dilma de Melo e Gabriela
Rabelo narram:
61
MAGNANI, 2005, p. 20
62
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 84.
55
68
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 138; 189.
69
Peça de Paulo Marchesan. Direção Dirceu Demarqui, Solange Dias, Vagner Cavalleiro,
Marcelo Gianini, Esdras Domingues, Ezer Valim, Paulinho Krika, Manoel Moreira e Adélia Maria
Nicolete. Estreia em 06 maio 1990, no Paço Municipal.
57
70
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 136.
58
71
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 97-98.
72
GUINSBURG, 2009, p. 22-28.
60
75
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 105-108.
76
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: EDUSP, 1998.
62
77
Artaud do Teatro Ipanema com Rubens Correa, direção Ivan de Albuquerque; Las Perlas de
Su Boca e Lila la Mariposa, com o grupo Buendía (Cuba); Le d’Eclic Du Deslin com o
Laboratoire Gestuel (Canadá), dirigido e interpretado por Larry Trembley, do Departamento de
Teatro da Universidade de Quebec; Paralelos 92, com o UROC Teatro (Espanha), direção
Juan Margallo; Primor Amor, com El Teatro Fronterizo (Espanha); Tale of Gaya e Panchavali
com Yasharanga Group (Índia); The Great American, com Rainbow Gypsy Theratre (Estados
Unidos) e The Song Igor´s Campaig com o Grupo Teatro Laboratório (União Soviética).
78
Com grupos do Canadá, Cuba, Espanha e União Soviética.
79
Com Maria Helena Lopes, diretora do Grupo Tear (RS)
80
Com Elena Vassina (União Soviética), estudiosa do Teatro Brasileiro na União dos Artistas
da Rússia.
81
A Cooperativa Paulista de Teatro em 1979 surge como uma forma de criar condições para o
exercício profissional de artistas e técnicos, a partir da Lei 6.533/78 que regulamentara a
profissão viabilizando a produção e distribuição da obra artística, por meio de contratos e
convênios, entre outras ações.
Disponível em: <http://www.jornaldeteatro.com.br/materias/sindicais/407-cooperativa-teatro-
artistas.html>. Acesso em: 15 jan. 2010.
82
Programa da 1ª Mostra Internacional de Teatro. Arquivo Vilma Campos.
63
FIGURA 8: A capa do
programa, entregue aos
espectadores, coloca Santo
André no centro da mão e em
conexão com o teatro feito no
mundo.
A narração de Maria Thaís aponta para uma ideia que surge como uma
resposta ao conceito que vislumbra para a ELT. A memória traz a sensação de
que a proposta foi aceita imediatamente pelos responsáveis da Secretaria de
Cultura:
84
Empresa iniciada por quatro jovens que fundam fundar o semanário News Seller em 1958. O
crescimento econômico e populacional do Grande ABC possibilitou sua transformação em bi-
semanário, e depois, para Diário do Grande ABC que acompanhando as tendências da grande
imprensa brasileira. Cf. PETROLLI, V. Diário do Grande ABC: a construção de um grande
jornal regional. 2000. 345 f. Tese (Doutorado em Jornalismo) – Universidade Metodista de São
Paulo, São Paulo, 2000.
85
ALVES, V. Santo André terá mostra internacional. Diário do Grande ABC Santo André, 23
maio 1990.
86
BURGOS, M. Confirmados grupos e datas da primeira Mostra Internacional de Teatro. Diário
do Grande ABC, Santo André, 06 jun.1990.
87
Mostra internacional chega a São Paulo. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 28 jun. 1990.
88
Mostra Internacional agita teatros do ABC. Diário Popular, São Paulo, 28 jun. 1990.
89
SÁ, N. de. Ciganos misturam Caribe, flamenco, jazz e rock. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29
jun. 1990.
65
95
SOUZA, P. Fila no teatro municipal. Diário do Grande ABC. Santo André, 04 jul.1990.
96
MAGADOURO, F. Em cinco dias de espetáculo desiguais, o evento de iniciativa inédita na
região deixa um rastro positivo, mas peca pela organização. Diário do Grande ABC, Santo
André, 04 jul.1990.
97
SANTO ANDRÉ EM NOTÍCIAS. Mostra de teatro. 14 jul. 1990.
98
SANTO ANDRÉ EM NOTÍCIAS. Cidade ganha escola de teatro. 14 jul. 1990.
67
99
LEITE, V. C. S. Estação Cuba: Entrevistas com artistas em Cuba de maio a julho 2010.
(mimeo)
100
ALVES, V. Cubanos apresentam espetáculo infantil em favela de Santo André. Diário do
Grande ABC, 04 jul. 1990
68
104
BLOCH, 2001, p.55
105
Celso Frateschi, 20 maio 2009, tomo 1, p. 139-140.
70
108
Maria Thaís Lima Santos, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 39.
109
O início da trajetória profissional também apareceu na narrativa de Celso Frateschi, assim
como na de muitos outros narradores, num fluxo da memória. Aqui destaco não a lembrança
em si, mas a aparição dela num momento em que está em foco a concepção da ELT. É a
trajetória da escola que está em mira, pois, por mais que apareçam momentos da biografia de
cada um, não se trata da trajetória particular ou profissional de um ou mais artistas, dentro das
classificações propostas pela área da história oral como presente em MEIHY, 2005 ou em
PORTELLI, A. In: Usos & Abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 103-130.
110
LASSALLE, J. & RIVIÈRE, J. L. Conversas sobre a formação do ator. São Paulo: Ed.
Perspectiva, 2010. p. 8.
72
O modo com que era realizada a formação teatral, nas escolas técnicas,
acadêmicas e oficinas da cidade de São Paulo, alimenta essa concepção mais
radical de uma escola de teatro em Santo André e também as condições
materiais viabilizadas pelo Estado (via poder local – Prefeitura Municipal de
Santo André):
120
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 3. Beth Lopes formada pela
Universidade Federal de Santa Maria, vai para França para continuar estudos em clowns,
bufões e antropologia teatral. Na volta para São Paulo trabalha com o grupo Boi Voador. Desde
1997 é, também, professora de interpretação do Curso de Artes Cênicas da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP.
121
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.37.
122
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p.145.
123
Altair Moreira, entrevista em 05 maio 2009, tomo 2, p. 154.
75
124
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 145.
76
125
Não consta a data, deve ter sido escrito entre os meses de maio a julho de 1990, tendo em
vista o período entre Quase primeiro de Abril, I Mostra Internacional e o início das aulas.
77
realidade local, pois parte do movimento teatral não concordou com a forma de
surgimento da escola de teatro, conforme já visto nas vidraças anteriores.
Dentre as pessoas que se aproximaram estavam as que atuavam nos
centros comunitários, por exemplo, os integrantes do grupo Abaporu, como
uma ação de desdobramento a partir do espetáculo Quase primeiro de Abril.
Sobre a experiência, Maria Lúcia Pupo recorda:
128
Altair Moreira, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p.164,165.
129
SANTO ANDRÉ, 1990. Idem, p. 7 e 13.
130
Maria Thaís Lima Santos, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 6.
131
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 26
79
132
Inaugurado em 1969 e conhecido como a casa oficial dos amadores. SILVA, 1991. p. 116.
133
É impressionante o número de vezes que essa construção aparece nas narrativas dos
profissionais e dos estudantes em formação. Apontado como “casa de lata”, “galpão” e outros
nomes mencionam muito o calor dele em coerência com a memória que se manifesta pelas
percepções e muitas vezes pelos sentidos como tato, audição, etc...
80
gente chamava uma combi pra levar a caixoteca pra não sei
aonde. Era assim que se dava aula. D. Bete era que fazia a
135
estratégia de comunicação.
135
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 5-6.
136
Cuja trajetória será parcialmente explicitada na janela de n.10 e depois na terceira estação
na janela n. 23.
137
Aspectos que saltam nos trilhos desse núcleo serão retomados na terceira estação na
janela n. 22
138
SANTO ANDRÉ, 1992, p. 58.
83
formação teatral, tanto para encerrar um ciclo, quanto para exercitar a prática
cênica, já que é no encontro entre espectador e artista que se efetiva o ato teatral.
O que chama a atenção, no caso da ELT, é a utilização também de
outros espaços, que não o Teatro Conchita de Moraes, para tais
programações. Como já visto anteriormente, é possível localizar essa
ocorrência como um desdobramento da janela anterior. Afinal, havia um
segundo eixo de trabalho que buscava um diálogo com a cidade e também
uma precariedade de salas no prédio, antes mesmo deste teatro ser fechado
para reforma.143
Produções da ELT como O alienista e Paranapiacaba144 estreiam nas
instalações do Teatro Carlos Gomes, como parte de um processo de retomada
do prédio como patrimônio público em agosto de 1991.145 O Teatro Carlos
Gomes foi a primeira casa de espetáculos de Santo André (1912), mas havia
sido desativado na década de 1970 , passando a funcionar como comércio de
tecidos e estacionamento.146
A imprensa acompanha esse movimento. Em uma das notícias sobre a
apresentação da oficina de circo realizada em uma praça no centro da cidade,
a repórter descreve o trabalho, ouve os espectadores e arrisca um
posicionamento crítico: “Nem sempre o humor dos palhaços ou a execução
foram brilhantes” [...] “O chatíssimo número de malabarismo ganhou cores
inusitadas ao se integrar a uma hilária versão de Romeu e Julieta” [...]147
A FIG. 19, a seguir, é ilustra a participação dos artistas em prol do
retomada do Carlos Gomes.148
143
O teatro Conchita de Moraes fecha para reforma em 1992. ALVES, V. Novo Conchita terá
espaço adaptável. Diário do Grande ABC, Santo André, 07 nov. 1991.
144
Aspectos mais específicos como elencos e alguns aspectos de utilização desse espaço
serão avistados nas memórias dos narradores que virão à tona.
145
Festa de Retomada simbólica do Cine-Teatro Carlos Gomes. Folha de S. Paulo, São Paulo,
20 out. 1991 e PRIMI, Lilian. Santo André reduz reforma do Carlos Gomes. Diário do Grande
ABC, Santo André, 18 jun. 1992.
146
A reabertura oficial foi em 28 de setembro de 1992 com a produção da montagem Nosso
Cinema de Luís Alberto de Abreu, direção Antonio Petrin. Com Sônia Guedes, Sérgio
Mamberti, Antonio Natal. Programa. Acervo Vilma Campos.
147
ALVES, V. Apresentação de alunos do curso de teatro anima a praça do Carmo. Diário do
Grande ABC, 07 jul.1991.
148
Este evento também foi noticiado na Folha de S. Paulo em 20 out.1991. “Foi dado ontem o
primeiro passo para a reforma do Cine-teatro Carlos Gomes – primeira casa de espetáculos da
cidade, quinta do país [...] A administração de Santo André encara a retomada do teatro como
uma espécie de ‘Cinema Paradiso’ ao contrário – de cinema desativado, transformado em
estacionamento e área de comércio volta a ser um centro cultural.”
85
152
Programa da II Mostra Internacional de Teatro. A H2A é um espaço de cultura que foi o
quarto projeto beneficiado pelo Fundo de Assistência à Cultura (FAC) na junção de vários
grupos: Cia Hostrupício, Teatro Dois, Teatro do Abaporu e A vez do avesso. (Ver Diário do
Grande ABC, 14 mar. 1992).
153
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 55
154
Elizabete Barbosa de Lucas, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p.55.
87
155
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 55-56.
156
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 43.
157
Apesar da antecedência de dois meses (salvo exceções) é inevitável, nem todos puderam
comparecer. Para alguns, foi possível marcar um encontro individualmente, como Sérgio
Carvalho ou com outro grupo em que aquele artista-orientador também tivesse atuado, como
foi o caso com Antônio Araújo. Para outros, por mais que tenham eles manifestado o desejo de
um encontro, não foi possível me organizar para ouvir as suas narrativas por internet ou em
outra data, foi o caso de Lígia Veiga, Lúcia Serpa, Clarissa Malheiros e Jean Pierre Kaletrianos,
as primeiras por estarem vivendo respectivamente no Rio de Janeiro, na Paraíba e no México e
o último, por se encontrar em estado de convalescência na data marcada.
88
158
HALBWACHS, 1994, p. 98.
159
Escola Livre de Teatro Memória e narrativa. Roteiro de entrevista com colaboradores, 2009.
3 p. (mimeo). Acervo Vilma Campos.
160
BERGSON, 2006, p. 29.
89
161
Cacá Carvalho, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 30.
162
Malu Pessin, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.30. Ela trabalhou um semestre
substituindo Cacá que estava em temporada fora do país.
90
– Você ia dar aula num lugar não sei onde. Eu saí de São
Paulo e pensei, onde é Santo André? E a gente foi
descobrindo, conhecendo os meandros, os cantos. Você não ia
pra sua sala e ia embora. Conheci muito Santo André, a gente
circulou pra caramba.163
Plexus, 1998. Outros autores também levam adiante esse debate, porém privilegiei mencionar
o nome dessa artista para que se visualize a ELT e a EMIA como projetos irmãos. Após o ano
2000, haverá uma proliferação de escolas livres em Santo André (dança, literatura, música).
Não é a esse momento que estou me referindo, muito pelo contrário, há problemáticas, mas
que não cabe um desdobramento porque foge da cronologia proposta.
165
Camila Bolaffi, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.16.
166
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.20.
167
Cacá Carvalho, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.15; 25.
168
Luís Alberto de Abreu, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 20.
92
169
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988. p. 88.
170
Maria Lúcia de Barros Pupo, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 28; 39.
171
LASSALLE & RIVIÈRE, 2010, p. 39.
93
178
Antônio Araújo, entrevista em 25 abr. 2009, tomo,1 p. 109.
96
179
Cacá Carvalho, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 16-18.
97
Quando ouço as narrativas que Abreu traz pela memória desse tempo
vivido, é como se eu pudesse desenhar um traçado no sereno do vidro. A
dramaturgia se constituindo, não como prévia ou dada, mas em oposição à
cultura “textocêntrica” herdada até o século XIX,187 quando as montagens eram
submetidas ao reinado da autoria do texto dramático.188
Embora Abreu já trouxesse na bagagem, em 1990, experiências mais
coletivizadas como com o Grupo de Teatro Mambembe, narra um
estranhamento, da sua parte, quando recebeu o convite para participar da
primeira reunião em conjunto com outros artistas-orientadores: “a dramaturgia
sempre foi num quartinho ao lado.” Abreu não só deixou o quartinho no canto
participando com uma equipe,189 mas também veio e contribuiu para uma
composição efetiva entre “texto” e “cena”.190
186
Luís Alberto de Abreu, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.75.
187
Ver ROUBINE, J. J. A linguagem da encenação Teatral. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
188
Trata-se de uma generalização como uma tendência, mas obviamente ainda hoje, há
artistas que se pautam sobre o primado do texto.
189
ABREU, Luís Alberto de. Fecha a porta do gabinete, dramaturgo e vá à cena. In: Alfabeto
pegou fogo. Santo André, 1992 p. 71- 72. (mimeo)
190
ALVES, Vania. Santo André prepara autores teatrais. Diário do Grande ABC, Santo André,
02 maio 1991.
100
191
Luís Alberto de Abreu, entrevista em 06 maio 2009, tomo 1, p.77
192
Cristiane Paoli-Quito, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 3, p. 11
193
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo, 1, p. 57,
101
194
Ver janela 7, a narrativa 02 fev. 2009, tomo, 1, p. 6
195
Beth Del Conti, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 1, p. 58.
196
RUBIM & BARBALHO, 2007, p. 25.
197
Quando Vania Alves escreve: “Iniciativa privada não apoia”. Diário do Grande ABC, Santo
André, 28 de jun.1990.
198
COELHO, 2004, p.293.
102
203
Cristiani Paoli-Quito, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 116.
204
Cristiani Paoli-Quito, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2 , p.117-119.
205
Como as participações que faziam nas mostras curtas com sequências como O dia em
que... que já vinham fazendo há anos, mudando as personalidades. O Dia que Gerald Thomas
encontrou Samuel Beckett; O dia em que Kafka encontrou Esperando Godot, O dia em que
Simone de Beauvoir encontrou Sartre e ainda outra série chamada Ainda não, não, ainda não,
em que encenavam o intervalo entre o segundo e o terceiro sinal de um espetáculo teatral
antes do abrir das cortinas.
104
E elas combinaram “O autor morreu!”. Quito diz: “Eu vou trabalhar com o autor
morto”.206
Na prática não se deu assim. O coletivo do grupo emerge, assim como o
conceito que vai se constituir na cena contemporânea dos últimos anos e que,
segundo os narradores, já se esboça em práticas grupais:
206
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 120-121.
207
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 120.
208
Cristiane Paoli-Quito, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 121.
209
Cristiane Paoli-Quito, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 123.
210
Assim como na janela n. 3, quando Frateschi menciona o “teatro vocacional.” A memória
como vimos em Bergson atualiza como expressão mais apropriada naquele momento para
teatro amador.
211
Antônio Araújo em sua tese de doutorado localiza o início da terminologia “processo
colaborativo” no final dos anos 1990 com o movimento de teatro de grupo na cidade de São
Paulo e nacionalmente, com a oposição ao reinado do diretor dos anos 1980. Ver SILVA, 2008
especialmente páginas 56- 67.
105
pra resolver, mas pra construir no diálogo com as pessoas que estavam nesse
estágio e que eram da cidade.”212
214
Cristiane Paoli-Quito, entrevista em 10 set. 2009, tomo 2, p.121 e 122.
215
Carlos Albant, entrevista em 10 set. 2009, tomo 2, p. 129.
216
Marcelo Gianini, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p.128.
217
Mônica Cardella, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p. 136.
218
Cristiane Paoli-Quito, entrevista em 10 jul. 2009.,tomo 2, p. 135.
219
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p.127
220
Marcelo Gianini, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p.127
107
FIGURA 29: Ensaio de Paranapiacaba de onde se avista o mar (1992). Destaco o cenário que
tantas vezes povoou a narrativa da equipe que criou o espetáculo.
221
Solange Dias, entrevista em 10 jul. 2009, tomo 2, p.128
108
FIGURA 30: Cenário de Paranapiacaba de onde se avista o mar (1992) visto por outro ângulo.
Observe que as alterações de iluminação também modificam a cena. A memória dos
narradores trouxe várias vezes menção a um volume cenográfico que impediu viajar com o
espetáculo.
222
Na véspera da estréia Lilian Primi, na primeira página anuncia “Primeira grande montagem
do grupo andreense estréia amanhã com uso da precariedade do cine-teatro Carlos
Gomes”.29; abr.1991. Na matéria, a jornalista destaca uma foto do ensaio, os nomes dos
profissionais envolvidos, a presença dos estagiários e também os custos da produção. Os
custos da produção da peça foram baixos, segundo Thaís “usamos material de sucata e
doações. O único gasto foi com o aluguel do equipamento de luz, num total de 3 milhões”.
Toda a estrutura da estação de trem, casa e a colina, exigida no texto, foi feita com sucata da
Rhodia. Os quatro profisisonais envolvidos receberam, em média 1,5 milhão cada um, para
realizar o trabalho.
109
Volume 3
Uberlândia MG 2010
Ponto de
Chegada
ESTAÇÃO 3 ESTAÇÃO 2
Santo André Capuava
Mauá
Guapituba
Ribeirão Pires
ESTAÇÃO 1 Ponto de
Paranapiacaba Partida
3. SEGUNDA ESTAÇÃO CAPUAVA (1990-1992) (1993-1996)
Sertão não é só onde berra boi perdido, nem deserto onde por dias
não se encontra alma viva, onde criminoso vive seu cristo-jesus
arredado da lei. Sertão é onde você, menino, começa a entrar e,
velho, ainda não chegou ao termo. No sertão só se entra. Sertão não
tem fim. Sertão é o mundo.1
1
ABREU, L. A. Travessias, 1992. p. 4 (mimeo).
2
“Conforme o Diário do Grande ABC de 10 de março de 1994 ‘Estão abertas a partir de hoje as
inscrições para o Núcleo Municipal de Formação Teatral, criado para substituir a Escola Livre
de Teatro’.” SANTO ANDRÉ, 2000, p.25
111
3
Trouxe o documento na sua vinda para o segundo encontro com as turmas de formação no
dia 13 de julho de 2009, mas também participara como estagiária do espetáculo
Paranapiacaba de onde se avista o mar, visto na janela n.10 e por isso havia estado no
encontro de 10 de julho de 2009.
112
com a linguagem e que porventura já tenha visto uma montagem das peças,
talvez tivesse maiores referências para escrever, mas não necessariamente.
Os sinais, apresentados por essa avaliação escrita, permitem enxergar que
dentre os elementos que a escola avalia para a entrada,4 entre 1990-1992, está a
“compreensão” do estudante, não se limitando ao que ele traz de informação.
Nas duas turmas de formação de ator, grupo do qual fiz parte,5 eram
diversas as origem, faixas etárias, formação artística e estudantil, experiências
anteriores e expectativas:
FIGURA 34: da esq. p/dir. Valdecir Nery, Antonio Correa Neto,
Eliane Mendaña Diniz em 13 jul. 2009.
Cacá falando que a gente tinha que saber tocar, dançar, dar
pirueta, fazer tudo isso. O interesse não era formar um ator
profissional, ou amador, era formar um ator com o corpo, a voz
e todos os recursos que ele tem. Até por isso a gente teve a
Lígia pra quebrar com o que pudesse vir a ser tradicional. Ficou
uma marca no trabalho que a gente acompanha, a gente pode
fazer sem dinheiro, cenário, figurino.14
14
Ivanildo Piccoli dos Santos, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 22-23.
15
Heraldo Firmino, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 26-27.
16
Na janela n. 7, sobre o funcionamento, “A prioridade de pagar os profissionais” Maria Thaís
Lima Santos, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 26.
116
em uma bolsa.” Esses são alguns elementos, entre tantos outros, que encontro
como compreensão para essas imagens no que se refere ao como é lembrado
o funcionamento “itinerante” da ELT a partir de 1991 (ver janela 8), como
relevante do tempo vivido na formação do ator.
As aulas, ensaios e apresentações realizados, não só na sala de
espetáculos ou em edifícios especialmente construídos para tal, e sem alguns
recursos, como a iluminação cênica, constituiu-se em experiências que os
narradores elegem para compartilhar como práticas que se estampam no
presente vivido e me levam a pensar na preparação do ator que se dá,
também, nas relações e interações estabelecidas com a realidade.
A forma de pensar o trabalho de ator, conforme o projeto-piloto da ELT
(janela 6), perpassou as narrativas em vários momentos:
17
Mônica Cardella, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p.29
18
Sidnei Matrone Júnior, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 30
117
19
Emerson Rossini, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p.30.
20
Valdecir Nery, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p.31.
21
Valdecir Nery, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p.31.
22
Ivanildo Piccoli, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 32.
23
Luís Fernando N. Andrade, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 31.
118
– Teve uma época que a gente era até meio metido aqui. A
gente dizia o povo fez Paranapiacaba teve dinheiro pra fazer e a
gente ali “se fudendo”. Olhando o programa de O brando, eu
falei: “podia ser um papel diferente.” A Maria Thaís me deu um
esporro e disse: “onde é que você pensa que está?” Eu vejo que
ela tinha razão, cara. Eu estava em uma escola que tinha um
pensar super bacana do fazer teatral, um monte de professor
bacana e reclamar do programa? “Vai fazer teatro meu filho!”
Hoje eu tenho alunos que chegam assim reclamando da “porra”
das bolinhas do malabares que não chegaram. São caras de 17
a 20 anos, que não estão entendendo e hoje, eu posso
conversar com eles: “menos né!”27
30
Heraldo Firmino, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 54.
31
Também anteriores e posteriores, janela 10 (Paranapiacaba), janela 20 (O último carro),
janela 22 (As aves) janela 24 (Nossa cidade).
32
SANTO ANDRÉ, 1992, p. 60.
33
LASSALLE &RIVIÈRE, 2010, p. 5.
121
34
Elenco: Adriana Pereira, Antonio Correa Neto, Áurea Leitão, Eliane Mendaña Diniz,
Guilherme Dias, Heraldo Firmindo, Ivanildo Piccoli, Reginaldo Garcia Mafetoni, Reinaldo Murilo
Nunes, Sérgio Soler, Sidnei Matrone Júnior, Valdecir Nery, Vilma Campos Leite. Cenotécnico:
Edson Magalhães. Iluminação: Edson Magalhães e Sérgio Soler. Adereços: Mirian Volpolino.
Figurinos: Miriam Volpolino. Produção: Eliana Rodrigues Salvadori, Kátia Pecoraro, Vagner
Seraglia. Adaptação: Guilherme Dias e Vilma Campos Leite. Coordenação dramatúrgica: Luís
Alberto de Abreu. Direção: Cacá Carvalho.
35
ALVES, V. Escola Livre estréia com O alienista. Diário do Grande ABC, Santo André, 15 nov.
1992.
36
Reabertura com a montagem Nosso Cinema, sob a direção de Antonio Petrin e dramaturgia
de Luís Alberto de Abreu, com atuação da Orquestra Sinfônica e atores como Sônia Guedes e
Sérgio Mamberti.
122
37
A influência que sobressai no processo criativo, embora haja “muita influência misturada”
(Cacá, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.16), ver janela n. 9.
123
38
Antonio Correa Neto, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 42.
39
Antonio Correa Neto, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 44.
127
40
Elenco: Adriana Pereira, Antonio Correa Neto, Áurea Leitão, Eliane Mendaña Diniz,
Guilherme Dias, Heraldo Firmino, Ivanildo Piccoli, Reginaldo Garcia Mafetoni, Reinaldo Murilo
Nunes, Sidney Matrone Júnior, Valdecir Nery, Vilma Campos Leite. Texto: Antonio Correa Neto,
Ivanildo Piccoli, Vilma Campos Leite. Coordenação de dramaturgia: Luís Alberto de Abreu.
Música Heraldo Firmino. Arranjos e direção musical: Paulo Padilha. Maquiagem: Camila
Bollafli. Figurinos Áurea Leitão, Adriana Pereira, Ivanildo PIccoli. Iluminação: Sérgio Soler.
Cenotécnico: Cícero Paulo Gomes. Preparação vocal: Lúcia Serpa. Preparação corporal:
Lucienne Guedes, Luís Alberto de Abreu, lutas e acrobacias: Marcelo Milan. Assistente de
direção: Monica Guimarães. Máscaras e direção: Tiche Vianna.
41
O brando vai ao Municipal. Diário do Grande ABC, Santo André, 26 set.1992.
128
FIGURA 41: Foto do espetáculo, O brando, que foi capa da revista Polis – Instituto de Estudos,
Formação e Assessoria em Políticas Sociais, n.12, 1993, número dedicado a experiências de
gestão cultural democrática.
***
42
Elenco: Arlette Maria P. Ferreira, Diana Monteiro Sitonio, Emerson Rossini, Ediceu Maria,
Emerson Ribeiro, Florisvaldo da Silva, Gerson Alavance, Jardel Gley Cini, Luís Fernando N.
Andrade, Marcos Roberto Lemes, Mirian Volpolino, Monica Cardella, Paulo Sérgio Ondei,
Rosangela Oliveira, Sergio Luiz Soler. Adaptação por Luís Alberto de Abreu de Grande Sertão
Veredas de Guimarães Rosa. Direção: Carlos Augusto de Carvalho.
43
PRIMI. Lilian. Escola Livre monta Guimarães Rosa. Diário do Grande ABC, Santo André, 30
jan.1992.
129
desdobra para além da escola, com a sua participação criativa com artistas e
coletivos na cena paulista.44
As similitudes de nomes à frente de Travessias e o primeiro espetáculo
encenado no Núcleo de Formação de Ator, não param na dramaturgia. Cacá,
intrigado por questões estéticas alimentadas em sua estada em Pontedera,
também dá continuidade a experimentação de elementos que lhe instigam
como encenador, materializada na utilização de objetos em cena,45 por
exemplo, a reutilização de velas na iluminação, ou bastões como adereço e
cenografia, assim como a opção por uma encenação em coro.
Mônica Cardella guardou a agenda da época da montagem de Travessias.
Ela lê: “São Paulo, 1992. A rebelião na casa de detenção e a fuga dos menores da
FEBEM tocaram fundo em várias pessoas e entre 17 ou 18 atores.”
FIGURA 42: Cena de Travessias. A criação dialoga com fatos reais, acima o figurino dos
jagunços é uma alusão a partir de arrastão acontecido no Rio de Janeiro naquele momento.
44
Entres as obras do período destaco O homem imortal e O rei do Brasil em 1990; Francesca e
A guerra Santa em 1993; O Parturião, A grande Viagem de Merlin, O Anel de Magalão, Lima
Barreto, ao Terceiro Dia e o Livro de Jó em 1995. Sobre esse último diz Abreu: “Nesse trabalho
creio ter integrado toda uma pesquisa de enredo, poesia, sonoridade, eloqüência, heróis, mitos
e arquétipos. (NICOLETE, 2004, p.114)
45
Para Barba, é equivocado dar o nome de acessório para alguns objetos de cena que são
“amigos de confiança, amantes, cúmplices. Não são mudos e passivos como parecem ser
quando vistos de fora. Quando chegava o momento de usar o machado e o cinzel, era duro
separar-se deles.” (BARBA, 2010, p. 241)
130
46
“- O meu único projeto é que eu já tinha um gosto pelo conhecimento, prazer pela leitura,
pela teoria e, de certo modo, eu devo ter transmitido. Eu acho que tinha um contexto ali
também e você estava entranhado na prática” (Sérgio Carvalho, entrevista em 19 set. 2009,
tomo 5, p. 146-147).
131
47
Mônica Cardella, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 38
132
48
Sérgio Soler, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 38.
49
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 44.
133
Ator. Célia Borges,50 que participou desse último e que mais tarde vai investir
em sua formação em circo, lembra do significado dessa interrupção:
55
SANTO ANDRÉ, 1992, p. 6
56
Maria Thaís Lima Santos, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 21.
135
57
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 72-73.
58
Tiche Vianna, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p.100.
59
Antônio Araújo, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p.109.
136
60
Arlete P. Ferreira, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 45.
61
ALVES, V. Salários param Escola de Teatro. Diário do Grande ABC, Santo André, 12
mar.1993.
137
62
Tiche Vianna, entrevista em 25 abr.1999, tomo 1, p. 99.
63
ALVES, V. Alunos de Teatro marcam ato. Diário do Grande ABC, Santo André, 01 maio
1993.
138
64
Carta à população, 1993. Arquivo Vilma Campos.
139
– Pra mim era meio inconcebível, como assim não tem mais ir
pra Santo André? Era uma coisa que te saía da mão e você
ficava espera aí! Eu canalizei isso em cima da turma que me
fez uma proposta de encenar Todos por um. Eu aceitei e a
gente continuou pra poder pelo menos ter uma finalização
dessa ideia que é uma ideia de contar a história até chegar na
personagem.69
68
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 73-74.
69
Tiche Vianna, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p. 100.
70
Elenco: Antonio Correa Neto, Cássio Castelan, Célia Borges Cardoso, Claudia Diogo,
Heraldo Firmino, Izabel Lima, Ivnildo Piccoli, Marcelo Serafin, Paula Ribeiro, Pérsio Plensack,
Sérgio Soler, Sidnei Matrone Jr, Solange Dias e Vilma Campos. Coreografia: Cida Almeida.
Sonoplastia: Beto Pellegrino. Iluminação: Marcos Lemes e Sergio Soler. Figurino: Ivanildo
Piccoli e Luciana Molisani. Cenografia: Tiche Vianna. Autor: Solange Dias e Tiche Vianna. Ass.
de direção: Beatriz Sayad. Direção: Tiche Vianna. Produção: Cibele Aragão e Cia. Trovadores:
Cênicos.
141
O grupo segue circulando não só com Todos por um, mas também com
uma remontagem de O brando; na leitura dramática de Ao terceiro Dia, de Luís
Alberto de Abreu, apresentada na Livraria Alpharrabio, em Santo André, e
ainda, com Meia, sapato e chulé... tudo dá no pé.73 Este último, além da
circulação em teatros e festivais, como os outros espetáculos, faz
apresentações sistemáticas em Escolas de Ensino Básico.
71
Com mediação de Alexandre Tacara. Componentes: Diva Valente Rebelo, professora da
História da Cultura e da Arte da Fundação Santo André, João Evangelista Bonturi Neto,
professor de História do Colégio Singular e Tiche Vianna diretora do espetáculo.
72
BOBADILHA, D. Todos por um derruba heróis nacionais. Diário do Grande ABC, Santo
André, 15 jun. 1994, Cultura e Lazer, Caderno D.
73
Cássio Castelan, Heraldo Firmino, Ivanildo Piccoli, Vilma Campos Leite, Solange Dias. Em
1994, Célia Borges substitui Solange Dias e Sérgio Soler substitui Cássio Castelan. Direção:
Cia Trovadores. Direção Musical: Heraldo Firmino. Projeto de Luz: Cássio Castelan e Sérgio
Soler. Supervisão de Encenação: Ednaldo Freire. O espetáculo em 1994, é remontado com um
segundo elenco: Célia Borges, Cláudia Diogo, Isabel Lima, Paula Ribeiro. Pérsio Plensack.
142
FIGURA 45: Meia, sapato e chulé... Célia Borges, como Marilin e Sérgio Soler, como Barriga
Grande
74
Elenco: Adriano Pinto, Célia Borges Cardoso, Izabel Lima, Juliana Pardo, Loly Siqueira,
Marcelo Serafim, Paula Ribeiro, Rodolfo David. Roteiro: Solange Dias. Adaptação: Vilma
Campos. Direção: Cássio Castelan e Heraldo Firmino.
75
Heraldo Firmino, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 55.
143
FIGURA 46: Todos por um, Pérsio Plensack como Diabo; Vilma Campos, Ketty.
76
Sérgio Pires, entrevista em 15 jul. 2009, tomo 4, p. 70-71.
77
Rosangela Frasão, entrevista em 15 jul. 2009, tomo 4, p. 74.
144
88
Elizabete Barbosa de Lucas, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 64.
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de História | Programa de Pós-Graduação em História
Volume 4
Uberlândia MG 2010
Ponto de
Chegada
ESTAÇÃO 3 ESTAÇÃO 2
Santo André Capuava
Mauá
Guapituba
Ribeirão Pires
ESTAÇÃO 1 Ponto de
Paranapiacaba Partida
4. TERCEIRA ESTAÇÃO SANTO ANDRÉ1
Como visto, na segunda estação, a ELT ficou fechada por quatro anos.
Agentes e assistentes culturais da prefeitura, concursados para trabalhar no
projeto cultural, que abrangeu também essa escola de teatro, ficaram sem
função após 1993 e foram deslocados para os mais diversos setores, numa
espécie de hibernação cultural.
4
Entrevista em 05 fev. 2010, tomo 1, p. 64. Seu Mauro era o iluminador do teatro, janela 7,
FIG. 15.
150
5
Celso Daniel tem 52% dos votos. Revista Teoria e Debate, n. 33, jan. 1997, apud VISCOVINI,
2005, p. 45.
6
Disponível em: <http://www.abcplaza.com.br/?pagina=shopping>. Acesso em: 15 fev. 2010.
151
152
153
154
Por mais que haja o esforço de Altair em narrar a preocupação por não
“arranhar” o projeto das duas escolas, a de teatro (ELT) e a de iniciação
artística (EMIA), é possível que muitas camadas corram por baixo dessa
imagem com pontos de contato, com lutas e embates materiais para a
realização dos trabalhos e manutenção dos professores. Os trincados e
rachaduras provenientes dos novos tempos parecem inevitáveis.
Em seu retorno, a ELT não é mais parte de um projeto maior, como
ocorrera na primeira gestão, mas isso não parece significar nem o fim e nem a
conformação da ELT aos moldes tradicionais de formação teatral, pois o modo
como cada um viveu esta realidade parece ser mais complexa do que um mero
reflexo dela.
A “visibilidade”, como finalidade, respondendo ao slogan da gestão
municipal, “Santo André, Cidade do futuro”, é uma inversão no sentido a trilhar
16
O assassinato de Celso Daniel em 2002 não foi apurado, não sendo descartada totalmente a
probabilidade de crime político. Criou-se uma aura e até um tabu sobre esse assunto.
17
Agenda de abril de 2000. Vieram entre outros Ivete Sangalo e, no show de reveillon Santo
André 2000, Só pra Contrariar. A agenda do mês dizia “essa festa será um grande passo para
que nossa cidade se torne um pólo de atração turística – Prefeitura de Santo André – cuidando
do presente, preparando o futuro.” Agenda especial da cidade, dez./1999 Pref. Santo André,
apud VISCOVINI, nota p. 52.
155
com relação a “Santo André, direito à cidade” da primeira gestão, pois agora a
ideia é que Santo André possa “irradiar” e mostrar o seu potencial. Para seguir
a analogia proposta, nessa pesquisa, parece não ser relevante adentrar uma
vila de Santo André, por exemplo, a de Paranapiacaba, que dá nome a uma
estação do município.
Desde a sua criação, em 1990, a ELT passa a gozar de um
reconhecimento que estava bem além de Santo André e da repercussão que
se imagina para uma escola de formação teatral. A instituição fincara sua
estrutura fundamental no princípio no “antenar” com o teatro realizado no
mundo por meio da realização das Mostras Internacionais de Teatro de 1990 e
1991.
O reconhecimento do período prévio (1990-1992) como resultado era
favorável. Não havia porque não investir numa retomada já que poderia
contribuir nesse objetivo maior, de colocar Santo André na ordem do dia de
cidade futuro.
156
157
21
“Uma palavra, para resumir, domina e ilumina nossos estudos: “compreender”. [...] A história
é uma vasta experiência de variedades humanas, um longo encontro dos homens.” BLOCH,
2001. p. 128.
22
Tiche Vianna, entrevista em 25 abr. 2010, tomo 1, p. 99.
23
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p. 141-142.
158
159
26
Tiche Vianna, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p. 101-103.
160
27
Ver FARIA, H. J. B. de; SOUZA, V. (Orgs.). Experiências de gestão Cultural democrática.
São Paulo: Polis, 1993. p. 63-69.
28
MARINELLI, L. Escola Livre no Conchita fica para maio. Diário do Grande ABC, Santo
André,13 mar. 1997.
29
BLOCH, 2001.
161
30
ABREU, L. A. Escola Livre. Diário do Grande ABC, Santo André, 08 jun. 1997.
162
31
SANTO ANDRÉ. Os caminhos da criação Escola Livre de Teatro de Santo André 10 anos.
Santo André: Departamento de Cultura, 2000. p. 28
32
SANTO ANDRÉ. Os caminhos da criação Escola Livre de Teatro de Santo André 10 anos.
Santo André: Departamento de Cultura, 2000. p. 28.
33
Para usar uma expressão de Amir Haddad, um “teatro sem arquitetura.” TURLE, L.;
TRINDADE, J. Ta na Rua, teatro sem arquitetura, dramaturgia sem literatura, ator sem papel.
Rio de Janeiro: Instituto Ta na Rua, 2008.
163
34
SOUZA, R. Santo André promove espetáculos de rua. Estado de S. Paulo, São Paulo, 04
abr. 1997.
35
RIVERA, L. Cultura busca parcerias para eventos. Diário do Grande ABC, Santo André, 08
abr. 1997.
36
DURAN, S. Escola livre tem núcleo para iniciantes. Diário do Grande ABC, Santo André, 05
maio 1997.
37
Utilizo a terminologia corrente da época “aprendiz” e “mestres” para o período de 1997-2000
a partir dessa janela; não por purismo à nomenclatura, que não é o caso, mas apenas para
assinalar o período em oposição a 1990-1992, cujo termo utilizado fora “artistas-orientadores”
para quem ensina e sem um termo específico para os estudantes. Por mais que eu não
aprofunde as diferenças entre as concepções postas nessas terminologias, destaco que não se
trata de mero sinônimo.
38
DIÁRIO DO GRANDE ABC. Inscrições estão abertas até dia 16 de maio.
164
FIGURA 50: Ao fundo, o prédio do Teatro Conchita de Moraes e ELT. À direita, a entrada para
a sala de espetáculos, à esquerda, a entrada a escola. À frente uma rotatória que contorna a
Praça Rui Barbosa, no bairro Santa Terezinha, em Santo André.
165
Menciono a narrativa para destacar que, apesar de não ter havido uma
ação cultural estratégica que visasse efetivamente o retorno de um
equipamento público que ficara mais de quatro anos fechado e que
representou um bem simbólico importante, inclusive na disputa de território
com o movimento teatral entre os anos de 1989-1992, houve ações pontuais e
individuais, como a funcionária que dá atenção aos garotos que apareceram
espontaneamente. O movimento de diálogo partiu do interesse no plano dos
indivíduos que viram algum movimento diferente por ali e procuraram saber do
que se tratava. Assim, só aparentemente a ELT voltara igual, porque, apesar
de haver uma programação, é a prática pessoal e localizada que se sobressai.
Não há pontos de intersecção com a Mostra Internacional que mobilizou Santo
André e São Paulo como uma ação cultural, conforme visto na primeira
estação.
Depois de alguns meses, Tiche Vianna deixa a coordenação por motivo
de saúde40 e Lucienne Guedes assume no início de 1998. No núcleo de
formação de atores, além da continuidade da primeira turma (chamada pela
ELT de F1), são abertas inscrições para mais uma (que será chamada de F2).
Com relação aos outros núcleos, continua o de dramaturgia, iniciados no
ano anterior, e é aberta uma turma para o Núcleo de Direção, com Antônio
Araújo, que já tinha também trabalhado na ELT entre 1991-1992. A notícia na
imprensa enfatizou que Araújo tinha parceria dramatúrgica com Luís Alberto de
Abreu, assessorado diretores nos Estados Unidos e na Europa e ainda, o
trabalho dele com o Teatro da Vertigem, grupo que vinha se estabelecendo
com criações voltadas para espaços não convencionais.41
Assinalo esse discurso da imprensa por dois motivos. Primeiro,
corrobora com a visibilidade almejada pelo governo na segunda gestão,
conforme visto na janela 15. Isso não significa que os dois artistas tenham
vivido o tempo da experiência voltado para a meta pretendida pela gestão
39
Beth Del Conti, entrevista em 14 jul. 2009, tomo 3, p. 160.
40
Decorrente de um acidente de carro em maio de 1997.
41
DIÁRIO DO GRANDE ABC, 30 set.1998.
166
42
Lucienne Guedes, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p.117-118.
167
168
44
Relatório de fev. de 1999, Lucienne Guedes, Arquivo Museu Santo André. (mimeo)
45
TOGNONI, R. Uma escola de gente grande. Diário do Grande ABC, Santo André, 18
abr.1999.
169
170
50
Kil Abreu, entrevista em 14 jul. 2009, tomo 4, p. 1-2.
171
51
ABREU, K. Escola livre para um teatro live. In: Camarin. Publicação da Cooperativa Paulista
de Teatro, ano II, n. 12, set. 1999.
52
Folder de Inscrições. ELT. Santo André, 2000. Arquivo ELT.
53
Folder de Inscrições. ELT. Santo André, 2000. Arquivo ELT.
54
Folder de inscrições. ELT. Santo André, 2000. Arquivo ELT.
172
55
Folder de Inscrições. ELT. Santo André, 2000. Arquivo ELT.
56
Espetáculos Pois é Vizinha, texto de Dario Fo e Franca Rame. direção e atuação de Deborah
Finocchiaro; Ich Feuerbach, texto de Tankred Dorst, direção e atuação de Leverdógil de
Freitas; O marinheiro da Baviera, de Rainer Maria Rilke, direção de Celina Alcântara e Gilberto
Icle, atuação Gilberto Icle; O primeiro milagre do menino Jesus, texto de livre tradução da obra
de Dario Fo, direção e atuação Roberto Birindelli; Maldito coração me alegra que tu sofras,
texto de Vera Karam, direção de Mauro Soares, atuação de Ida Celina, Pra cima com a viga,
moçada, criação, direção e atuação de Arlete Cunha.
57
Gordon Craig e a poética da cena, aula aberta com o professor Luís Fernando Ramos. Eros,
os dedos cor-de-rosa da madrugada, solo de dança com o ator bailarino Samir Calixto. Prét-a-
porter espetáculo com CPT/SESC, direção Antunes Filho. O sermão da quarta-feira de cinzas,
espetáculo com o grupo Imes de teatro experimental. Cenas do Núcleo de Encenação da
Escola Livre.
58
Programa Porto Alegre mostra teatro em Santo André. Teatro Conchita de Moraes 19 a 23
de agosto de 1998. Acervo ELT.
173
59
SANTO ANDRÉ, 2000, p.143.
60
SANTO ANDRÉ, 2000, p. 120.
61
Para mais informações sobre os grupos paulistas COSTA, I. C.; CARVALHO, D. A luta dos
grupos teatrais de São Paulo por políticas públicas para a cultura. São Paulo: Cooperativa
Paulista de teatro, 2008.
62
Programa da Mostra Escola Livre de Teatro de 03 a 17 de dezembro 2000.
63
Programa da Mostra Escola Livre de Teatro de 03 a 17 de dezembro 2000.
64
Folder da Mostra Escola Livre de Teatro. 2000.
65
Kil Abreu, entrevista em 14 jul. 2009, p. 9.
174
175
176
exemplo, Abreu, que sobre esse período narrou: “não havia mais
comprometimento da prefeitura. Tanto é que a escola voltou, mas ficou
completamente isolada lá.”69
Os narradores, que nesse momento se incorporam à equipe, fazem
referências ainda a partir de outros mestres, inclusive àqueles que não
trabalham mais na ELT, é como se a ELT passasse a configurar no imaginário
da classe artística paulista:
69
Luís Alberto de Abreu, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 44.
70
Rogério Toscano, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p. 16-17.
177
71
LEÃO, R. M. Abertura para outra cena. O moderno teatro na Bahia. Salvador: Fundação
Gregório de Mattos/Ed. UFBA, 2006. p. 13.
178
179
73
Gustavo Kurlat, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p. 127.
180
181
xerox assim muito mal feito. Muita gente ali não tinha a prática
da leitura, a letra pequena. Eu pensei, vou fazer uma cópia
ampliada bacana, já que as pessoas não têm a dinâmica da
leitura. Muitos alunos nitidamente, assumidamente semi-
analfabetos, e a ideia da escola era essa mesma, você não
precisa ser formado para fazer teatro, só que você precisa de
condições infraestrutural. Começava o texto. Eu dizia, vocês
não podem trabalhar com um texto assim. Aí o confronto com
as precariedades, a arquitetura da escola é meio estranha
porque você tem as janelas ali em cima que quando faz frio faz
muito frio, quanto faz calor faz muito calor, precisa ter
iluminação.77
182
78
O teatro Conchita de Moraes fecha para reforma em 1992. ALVES, V. Novo Conchita terá
espaço adaptável. Diário do Grande ABC, Santo André, 07 nov. 1991.
79
Elaine Caseli Ribeiro, entrevista em 13 jul. 2009, tomo 3, p. 51.
183
FIGURA 57: à esq. Célia Borges (turma Introdução à Arte do Ator – 1992)
e à dir. Elaine Caseli Ribeiro (Formação 2 – 1998/2000) em 13 jul.2009.
80
Nelson Viturino S. Melo, entrevista em 21 jul.2009
184
81
Elizabeth Del Conti, entrevista em 19 jul. 2009, tomo 5, p. 126
82
Rogério Toscano, entrevista em 08 jul. 2010, tomo 2, p. 20.
83
Osvaldo Raspado no asfalto evento com a CPTM (Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos) em 2004. Com a turma da Formação 4 (F4) 2000-2002,
185
84
Gustavo Kurlat, entrevista em 09 jul. 2009, tomo 2, p.53.
186
85
Georgette Fadel, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p. 21.
86
Gustavo Kurlat, entrevista em 09 jul. 2010, tomo 2, p.55.
187
188
traz o termo associando a uma prática em curso e que viria a ter reflexões
posteriores.
É um momento em que outros processos de interação entre turmas
entram também em evidência, como entre o Núcleo de Direção e Dramaturgia
(ver janela 25) e também Nossa cidade da turma de Formação 1 (ver janela 24).
Os núcleos, independentemente de serem de formação do ator ou de outras
searas do fazer artístico, estão em contato e as práticas dialogam entre si.
FIGURA 63: da esq. p/dir. Renata, Camila Cristina, Roberta Marcolin Garcia, Márcio de Castro,
Pierina Bruna Ballarini e Sílvia Daiane Coutinho Correa em 14 jul.2009.
189
87
Embora haja um refluxo quantitativo em Santo André, a partir de 1993, em outras prefeituras
o movimento é inverso. Nesse momento em Diadema, dez Centros Culturais, localizados
inclusive em bairros periféricos da cidade, passam a oferecer oficinas de teatro. Uma delas,
destinada àqueles que já tivessem uma experiência em teatro (chamada Jovens Atores), era
realizada no centro da cidade. Em São Bernardo, há uma tentativa de avançar na iniciação
teatral, por meio da oferta de oficinas chamadas “Teatro 2” e “Teatro 3”. O trabalho da ELT era
uma inspiração para a equipe de artistas que, assim como eu, trabalhou na formação teatral
em São Bernardo do Campo e em Diadema entre 1993-1996
88
Assim como a ELT, foi um dos projetos que se manteve no decorrer dos anos. Apesar de ter
trabalhado na EMIA, entre 1997-1999, não posso fazer afirmações acerca das transformações
do projeto no decorrer do tempo, pois desconheço algum estudo que tenha focalizado esse
espaço.
190
191
95
Pierina Bruna Ballarini, entrevista em 14 jul. 2009,, tomo 3, p. 95.
96
Pierina Bruna Ballarini, entrevista em 14 jul. 2009, tomo 3, p. 100.
192
97
Elenco: Alessandra Brantes, Alessandra Vertamatti, Arlete Ferreira, Célia Borges, Cláudia
Diogo, Denise Bruno, Edmar Folguerar, Jardel Gley Cini, Marcos Lemes, Mirtes Ladeira,
Nelson Viturino, Priscila Kibelkstis, Sérgio Pires, Rosangela Frasão, Rose Prado e Wesley
Soares. Núcleo de Cenários e figurinos sob a coordenação de Márcio Tadeu e Helo Cardoso.
Direção: Rodrigo Mathes. Ver ficha completa em SANTO ANDRÉ, 2000, p. 80.
98
Temporada de julho e agosto de 2000.
193
99
Rosangela Frasão (aprendiz), entrevista em 15 jul. 2009, tomo 4, p. 72-74.
100
Essa semente já estava plantada na ELT por ocasião de seu fechamento. Em 1993, estava
em curso o projeto Comédia popular brasileira com Marcelo Milan, Tiche Vianna e Luís Alberto
de Abreu trabalhando conjuntamente.
101
Sérgio Pires, entrevista em 15 jul. 2009, tomo 4, p. 70-71.
194
cordas. A gente vinha fora do horário para fazer. Não era uma
relação de “aluno”, era uma coisa de um grupo que queria
fazer. Para mim foi o início profissional e vivi o lado ruim e o
lado bom disso, porque o trabalho comercial não tinha nada a
ver com o que fazia aqui que era a pesquisa. Mas para mim foi
o começo de uma independência, nesse campo da arte, para
me sustentar. 102
102
Cláudia Diogo, entrevista em 14 jul. 2009, tomo 4, p. 76.
195
FIGURA 67: Elenco de As aves.
Por outro lado, pode não ser uma resposta e sim, uma busca desse
mesmo centro, como necessidade artística de legitimidade para além da classe
teatral, buscando meios materiais, conforme a narrativa acima.
Rodrigo Mateus ressalta que “uma escola realmente preocupada com o
teatro já descobriu que no centro está o ator e não a tecnologia. E o circo
contemporâneo também coloca o ator no centro da cena.”103 Assim, a presença
do Núcleo de Circo parece ligada a uma estética. O artista afirma não se tratar
de “moda” ou “oportunismo”, embora o “circo tenha o seu apelo popular.” 104
Há especificidades no trabalho de circo que pedem desdobramentos
para estudo, no entanto, a breve observação tem o intuito de destacar
complexidades no modo de ser em uma escola de teatro.
103
SANTO ANDRÉ, 2000, p. 51.
104
Idem.
196
FIGURA 68: da esq. p/ dir. Vilma Campos, Luiz Maria Veiga, Adélia Nicolete,
Gislaine Perdão e Sérgio Pires.
105
NICOLETE, A. O teatro de Luís Alberto de Abreu até a última sílaba. São Paulo: Imprensa
Oficial, 2004. p. 102.
197
198
199
regional é mais explícita, para que se tenha a noção de que a reflexão sobre
Santo André vai maturando naquele grupo de dramaturgos, alimentando um
imaginário que tem conexões com produções posteriores como Nossa Cidade
(1999).
Alex Moletta escreve Barão de Mauá e Ivan Augusto Uma cidade
embriagada. O primeiro narra a construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí,
que levou o Barão de Mauá à falência. Na segunda, a partir do clima de euforia
que o autor percebe em uma fotografia da Praça IV Centenário, em Santo
André (1953), narra um triângulo amoroso que reflete novos tempos
anunciados na inauguração da praça. Já Antônio Correa Neto escreve a saga
de um catador de papel que vê o espírito de uma índia às margens do rio
Tamanduateí, que corta a região. Para libertar-se da maldição, o homem tem
que beber água limpa do rio.116
Parte da produção não teve relação tão direta ao universo da cidade,
mas com a contemporaneidade, como Adélia Nicolete que escreveu Nós
realizamos o seu sonho, neste apresenta um aposentado que dedica sua vida
aos concursos que distribuem prêmios pela TV. Ainda outros, com o universo
mítico, como Azê Diniz e Izabel Lima que escrevem O nome de uma flor, fábula
de uma rainha estéril que abre mão de tudo o que tem pelo desejo de se tornar
mãe.117
A história de Augusto Matraga, de Silene Pignagrandi, terá vida longa na
interpretação de Izabel Lima, que além de dramaturga, também era atriz. O fato
de alguns dramaturgos serem diretores e atores facilitou um trânsito inicial no
próprio grupo no processo de ensaios para a leitura dramática.
A produção, contudo, não ficou fechada a membros do núcleo. Em
vários casos foram chamadas pessoas “externas” para comporem o elenco e a
direção, promovendo um efetivo diálogo entre a ELT e os artistas locais.
Incomodado com o isolamento, a que sempre se refere, ao narrar sobre o
período pós 1997, Abreu parte em direção a um diálogo.
Diálogo com o presente e a realidade local, que sua passagem como
cronista, no Diário do Grande ABC em 1997, parece ter intensificado; diálogo
116
DURAN, S. Grupo faz ficção com assinatura regional. Diário do Grande ABC, Santo André,
23 jan. 1998.
117
Idem.
200
201
202
130
Bruno Feldman, entrevista em 15 jul. 2009, tomo 4, p. 90-92.
131
Rogério César Escalise de Jesus, entrevista em 21 jul. 2009, tomo 5, p. 98-99.
132
Rogério Toscano, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p.16-17.
203
133
Lucienne Guedes, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p.117-118.
134
Bruno Feldman, entrevista em 15 jul. 2009, tomo 5,p. 94.
135
Francisco Medeiros, entrevista em 08 de jul. 2009, tomo 2, p. 13.
136
Isso pode ser depois de um semestre, um ano, um ano e meio, três ou quatro anos. Num
curso de formação de ator, em escolas técnicas ou em cursos de graduação há montagens
durante os ciclos sucessivos, como já visto, mas principalmente ao término do curso.
137
LASSALE, & RIVIERE, 2010, p. 5.
138
Embora haja detalhes trazidos pela narrativa, já que cada narrador vive a experiência de
maneira singular. Ver BONDÍA, 2010 e BENJAMIN, 1994.
139
Rogério César, entrevista em 22 jul. 2009, tomo 5, p.99.
204
140
Francisco Medeiros, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p.12.
205
206
141
FERNANDES, S. O lugar da vertigem. In: Teatralidades contemporâneas. São Paulo:
Perspectiva, 2010. p. 61.
207
O teatro da ELT está em sintonia com o teatro que se faz nos anos
1990, especialmente em grupos da cidade de São Paulo, já que muitos dos
mestres atuam concomitantemente como artistas deles.
No momento da estreia, o diretor também, segundo o registro de um
jornalista, enfatiza que nada fora gratuito, destacando mais uma vez a forma de
ocupação da arquitetura do prédio. Sua explicação inserida no tempo vivido,
não tem a reelaboração da memória, no decorrer do tempo, que lançou luzes
para refletir sobre uma experiência, que envolveu a importância da
“espacialidade” como “apropriação” artística.
É uma enunciação mais localizada com relação ao enredo da peça,
demonstrando que se existia um posicionamento político, em 1997, no sentido
lembrado por Guénoun, do artista enquanto o representante diante da
“polis”,142 era subliminar.
Cida Ferreira, que entrou na ELT pela porta da dramaturgia, mas que
nesse momento de Nossa Cidade, está à frente da criação da cenografia e dos
figurinos, lembra que a iluminação não só contribuiu como efeito, mas também
soluciona dificuldades que estavam postas para a composição visual da cena.
Assim, uma seara da criação artística ia compondo e colaborando com a outra
para um único resultado artístico. Narra uma das atrizes da F1:
142
GUENOUN, 2003, p.14-15.
143
SANTOS, M. Escola Livre: estréia aprovada. Diário do Grande ABC, Santo André, 09 jul.
2009.
208
144
Ana Paula Feltrin, entrevista em 21 jul. 2009, tomo 5, p. 119.
209
145
Francisco Medeiros, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p.15
146
LASSALLE & RIVIÈRE. Conversas sobre a formação do ator, São Paulo: Perspectiva, 2010.
p.7.
147
Cida Ferreira, entrevista em 15 jul. 2009, tomo 4, p. 85.
210
148
Foi uma atuação pontual e assinalada como exceção, porque ex-aprendizes, tanto
localizados nessa estação, quanto na primeira, nutriram expectativa de voltarem à ELT como
mestres. A discussão veio à tona, também entre mestres, durante alguns encontros coletivos.
149
Sérgio Soler, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p. 14.
211
212
Isso ficou marcado porque não tínhamos fim pra peça e um dia
o Luís (Abreu) apareceu com a cena do casal velho brigando o
‘arroz sobre o feijão’ e o ‘feijão sobre o arroz’. Achei aquilo o ó!
Falei um monte e na primeira semana de apresentação dei o
braço a torcer, a cena funcionava e o público adorava.153
O público se identificava com a saga que foi nossa cidade. Foi escrita
em uma silhueta épica, pois como foi visto na janela anterior, era um dos
projetos sob a orientação de Luís Alberto de Abreu, que tinha como expectativa
e como meta, um diálogo com o seu tempo e lugar. Para ele, a dramaturgia
como pertencente ao campo da arte, “não é um mero exercício intelectual, tem
que estar no seu tempo e espaço, senão ela degenera mesmo.”154
153
Cinthia Zucci Matozinho, depoimento por escrito, enviado em 03 set. 2009.
154
Luís Alberto de Abreu, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 92.
155
Beth Del Conti, entrevista em 05 fev. 2009, tomo 1, p. 61.
213
214
157
SANTOS, M. Escola Livre: estréia aprovada. Diário do Grande ABC, Santo André, 04 jul.
1999.
158
JORDÃO, C. Santo André faz a sua Terra Nostra no Teatro. Jornal da Tarde, São Paulo, 31
out. 1999.
215
216
217
160
Chico Medeiros, entrevista em 08 jul. 2009, tomo 2, p. 15-16.
218
161
Ver janela n. 10 – Paranapiacaba de onde se avista o mar e janela 23 – Núcleo de
Dramaturgia.
219
162
Antônio Araújo, entrevista em 25 abril 2009, tomo 1, p. 113-114.
163
SILVA 2008, p. 3; p.57.
220
164
Entre os pesquisadores, o próprio Antônio Araújo que localiza em sua tese o uso da
terminologia processo colaborativo nos últimos anos da década de 1990, simultâneo ao
momento de fortalecimento do movimento de grupo na cidade de São Paulo e a dimensão
nacional como contraponto à produção teatral que tinha encenadores como centro. Numa das
possíveis abordagens teóricas, visualiza o processo colaborativo como modo de criação, como
metodologia de trabalho, como modo de produção e como resultante estética. SILVA 2008, p.
57-67.
165
ABREU, L. A. Processo Colaborativo: relato e reflexões sobre uma experiência de criação.
In: Cadernos da ELT, Ano I, n. 0, 2003, Santo André, p. 34-41.
221
166
Para Araújo é também um instrumento pedagógico na ELT e também em sua atuação na
Escola de Comunicações e Artes da USP.
167
ROUBINE, J. A Linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
222
168
Luís Maria, entrevista em 16 jul. 2009, tomo 5, p. 140.
169
Adélia Nicolete, entrevista em 16 jul. 2009, tomo 5, p.141.
170
Adélia Nicolete e Luís Maria lembram da leitura de uma carta minha como uma espécie de
avaliação do curso, tomo 5, p. 131.
171
Carta ao Núcleo de Direção e Encenação a/c Antônio Araújo, junho 1999. Arquivo Vilma
Campos.
172
Esse é um dos possíveis prismas para se pensar o processo colaborativo, ou seja, como
resultante estética. Nesse diálogo está reunido “experimentação espacial e/ou relação com a
cidade “(SILVA, 2008, p. 67) e o estímulo à escritura de peças inéditas (SILVA, 2008, p. 66).
223
O prédio foi vivido de uma terceira maneira, assim como para aqueles
que estavam sob o processo criativo de Nossa cidade (janela 24). O espaço
também não se configurava como uma “solução”, conforme para a gestão
(janela 16, “veio melhor porque veio como uma sede”173) e nem era “problema”
como para a coordenação (janela 17, “com toda estrutura de uma coisa nova,
mas que já estava estragada”).174
Como visto acima, na narrativa de Luís Maria e Adélia, o espaço é
lembrado como trabalho e compromisso. Os narradores também trazem viva a
importância de terem conhecido outros artistas, outras propostas de trabalho e
a mobilidade entre os pontos de vista (dramaturgia, direção e interpretação):
173
Celso Frateschi, entrevista em 20 maio 2009, tomo 1, p.141-142.
174
Lucienne Guedes, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p.117-118.
175
Depoimento por escrito, enviado em por e-mail, 03 set. 2009.
176
Fernando Faria, entrevista em 12 nov. 2010, tomo 5, p. 148
177
Adélia Nicolete, conversa pelo Skype em 01 nov. de 2010.
224
Correa Neto, que participou do Núcleo de Direção e que estava também entre
aqueles que circularam pelos três papéis, avalia: “O Tó e o Abreu já
trabalhavam juntos, mas foi o ambiente da ELT que propiciou uma sinergia
para que o processo colaborativo se tornasse uma filosofia de trabalho que se
traduzia em uma maneira de ver o teatro”. 178
Tanto Abreu quanto Antônio Araújo localizam essas experiências
artísticas para além da ELT, alimentando e sendo alimentadas
simultaneamente:
No girar da terra, talvez seja possível ainda encontrar lugares onde seja
viável lançar desafios, ou talvez provocá-los para que existam. O próprio lugar
da pesquisa dentro da universidade, a rigor, tem esse papel de colocar o
conhecimento em movimento e alguns criadores teatrais já têm buscado
brechas, a partir da contradição encontrada nas próprias instituições, muitas
178
Antonio Correa Neto, depoimento enviado por e-mail, em 01 de nov. de 2010.
179
Luís Alberto de Abreu, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p. 41.
180
Antônio Araújo, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p.110-111.
225
vezes a partir de experiências vividas dentro de outros espaços para além dela,
como no caso de artistas que a viveram na ELT e que depois foram atuar em
universidades.
Como disse, no início da janela, fui percebendo, no manuseio das
narrativas, um período que quase não fora mencionado pelos narradores entre
1999 e 2000. Foi quando tive a oportunidade de realizar um último encontro
para esse trabalho,181 que me deu notícia da memória desse momento,
mencionando a mudança de nomenclatura para Núcleo de Estudos do Teatro
Contemporâneo e um ir para fora no espaço exterior ao edifício:
181
Ao participar do VI CONGRESSO da ABRACE de 09 a 12 de nov. 2010 na cidade de São
Paulo.
226
182
Espetáculos: Matadouro, dramaturgia de Luís Maria Veiga, direção Eliana Monteiro;
Insensíveis dramaturgia de Zuka Zencker, direção Fernando Faria; Frango, dramaturgia de
Giuliano Tierno, direção de Joca Carvalho e Hora Extra dramaturgia de Denise Alves e direção
de Antonio Correa Neto.
183
Peças nascem de três núcleos. Diário do Grande ABC, Santo André, 15 fev. 2001; Mostra
traz experimentalismo sem limite Folha de S. Paulo, São Paulo, 01 de março de 2001.
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de História | Programa de Pós-Graduação em História
Volume 5
Uberlândia MG 2010
Ponto de
Chegada
ESTAÇÃO 3 ESTAÇÃO 2
Santo André Capuava
Mauá
Guapituba
Ribeirão Pires
ESTAÇÃO 1 Ponto de
Paranapiacaba Partida
5. PONTO DE CHEGADA
5.1. As fontes
Vento
beija o cais
traz para a luz
o que estava perdido no escuro
o que leva para outro lugar
nossa paz
Vento
volta atrás
nem que seja um minuto
pra olhar, para olhar
tão só mais uma vez
o cais....1
1
“Nem que seja um minuto” composição de Gustavo Kurlat para a peça radiofônica Nossa
cidade ou 7 cartas para Pierina. 2000. Encarte do CD, 2000.
2
Fragmento da música “Como é” composição de Carolina Nagayoschi, Daniela Cavagir, Maria
Cecília Mansur, Maria Cordélia, Gustavo Kurlat para o espetáculo Nekrópolis. (2009). Direção
Gustavo Kurlat com a F 10.
3
RICOEUR, 2007, p.146-147.
4
RICOEUR, 2007, p.179.
228
5
BROOK, P. O ponto de mudança. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. p.19
6
BROOK, 1995, p. 19.
7
BARBA, E. Queimar a casa: origens de um diretor. São Paulo: Perspectiva, 2010. p. 239.
229
12
SANTO ANDRÉ, 1992.
13
SANTO NADRÉ, 2000.
231
5.2. O tempo-lugar
14
Fragmento da música “Tempo” composição de Daniela Cavagis, Cristiano Gouveia e
Gustavo Kurlat para o espetáculo Nekrópolis (2009). Direção Gustavo Kurlat com a F10.
15
SANTO ANDRÉ, 2000, p. 116-118.
16
SANTO ANDRÉ, 2000.
17
Mostra traz experimentalismo sem limite. Folha de São Paulo, São Paulo, 01 mar. de 2001.
232
18
Mostra traz experimentalismo sem limite. Folha de São Paulo, São Paulo, 01 mar. de 2001.
19
GUENÓUN, 2003.
233
25
“A consciência artística emana da percepção da potencialidade criativa de cada um. O aluno,
enquanto criador, não pode se alienar do todo da obra. No caso da encenação, deve buscar
participar de todas as etapas do processo, aprendendo a reconhecer cada elo da articulação
do espetáculo e o seu quinhão enquanto ator e realizador. SANTO ANDRÉ, 1992, p. 59.
26
LASSALLE & RIVIERE, 2010, p. 7.
27
Número 0, março de 2003; número 1, junho de 2004; número 2 , agosto de 2005; número 3
março de 2007.
28
Kil Abreu, entrevista em 14 jul. 2009, tomo 4, p.10.
236
29
SANTO ANDRÉ, 2000, p. 25
30
Há uma volta à dramaturgia, como uma tendência para além do Brasil. Ver GARCIA, 2004, p.
24-28. Também PAVIS, 2010, p. 21-24.
237
31
Alex Roit, entrevista em 2005, caderno 3, p. 55
32
Antônio Araújo, entrevista em 25 abr. 2009, tomo 1, p. 107.
238
33
Maria Thaís, entrevista em 02 fev. 2009, tomo 1, p.31-32.
239
34
ICLE, 2010, p. 51.
35
ICLE, 2010, p. 50.
240
36
VISCOVINI, 2005.
37
Revista Tablas. Havana: Ed. Tablas, n. 3-4 2007, 192 p.
241
38
______. Pedagogía y experimentación en el teatro latinoamericano. México: Ed. Edgar
Cevallos Escenologia, 1996.
39
Pedagogia y experimentación en el teatro latinoamericano. 1996, p.16
40
Idem, p. 25.
242
41
BARBA, 2010, p.240.
42
ICLE, 2010, p.57.
243
5.4. Desembarque
[...]
Não há Três Mosqueteiros
As moscas se alimentam
comendo o resto do resto do resto do resto do resto
insatisfeito.43
A partir de 2001, vejo (como na década já trilhada) o salto de práticas
artísticas da ELT que vivem em consonância com a realidade mutante do seu
tempo e lugar no adentrar do milênio. Mas simultaneamente, assim como no
período percorrido, estão as resistências caras e raras a uma estirpe de fazer
teatral.
Se fosse seguir viagem, talvez chamasse as estações seguintes de
“Parada Prefeito Saladino” para os anos de 2001 a 2004 e de “Utinga” para os
anos de 2005 a 2008, pois como anuncia o cartaz que abre esse último
volume, a ELT continua sendo uma questão depois do ano 2000.
Sinalizei, no Ponto de Partida, minha pretensão de chegar à
compreensão dos quase vinte anos de trajetória da ELT. O compartilhar das
experiências e as memórias dos narradores alimentavam essa expectativa e se
esboçava no trabalho de campo.
Da primeira década, do terceiro milênio, irromperam narrativas,
experiências e memórias de outros modos de ser na ELT. Algumas em
consonância, outras em contraponto. Desde a proliferação de escolas livres,44
até a discussão do significado de “livre” no decorrer do tempo. Das
transformações do perfil de aprendiz aos fóruns de debates anuais. Essa
configuração na gestão leva a assembleias, em que os indivíduos decidem os
próximos passos a seguir. O estado perde status. O coordenador da ELT perde
a gratificação salarial como cargo de confiança. Por isso minha provocação a
partir da música de Nekrópolis de que “não há três mosqueteiros”. O advento
de um novo milênio levou aprendizes a assumirem certas responsabilidades
43
Fragmento da música “Mosqueteiros” composição de Maria Cecília Mansur e Gustavo Kurlat
para o espetáculo Nekrópolis (2009). Direção: Gustavo Kurlat com a F10.
44
São dois aspectos, um em Santo André, especificamente a criação pela prefeitura de outras
escolas livres como a Escola Livre de Dança, Escola Livre de Cinema e a Escola Livre de
Literatura. Outro, a criação de outras escolas livres como Guarulhos, Santa Catarina.
244
Para não passar por cima das humanidades, que dentro do possível
procurei trazer à tona na década estudada com dissonâncias no tempo vivido e
do artista e pedagogo com suas labutas, finalizo com o ano 2000 no horizonte,
45
BARBA,2010,p.249.
245
por mais que esteja faminta, como o historiador Marc Bloch de um farejar
antropofágico.46
A composição estacionada, a plataforma não terá prosseguimento, favor
desembarcar!
46
“ O bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe
que ali está a sua caça.” BLOCH, 2001, p. 54.
246
1. ENTREVISTAS
165p. Tomo 2 – 135 p. Tomo 3 – 171 p. Tomo 4 – 148p. Tomo 5 – 157 p.).
Cultura)
Funcionários:
Formação 1990-1992
Piccoli dos Santos, Eliane Mendaña Diniz, Sergio Soler, Sidnei Matrone Júnior,
Valdecir Nery.
Do chão não passa: Edna Batista Ferreira, Gislaine Perdão, Roberto Monteiro
Galasso.
Emerson Gerssiano
Clayton dos S. Santos, Débora Martins Oliveira, Eric de Oliveira Tomaz, Evelyn
Santos Silva, Marcos Reis Neto, Mauro Gentil Mineiro, Natália Telles Ferreira,
Souza, Fernando Melo dos Santos, Lilian Cardoso, Luciana Yumi Yara,
Caio Marcelo Donizeti Zanuto, Éride Karina Sousa Silva, Fábio Luca, Francisco
Colaborativo
253
Carlos Diaz, José Armando Rios, Eduardo Eimil Mederos, Fernando Rogelio
Guerra Ferrera, Nelda Castillo, Norge Espinosa, Raquel Carrió, Ruben Dario
Salazar.
255
2. JORNAIS
ABREU, L. A. Escola Livre. Diário do Grande ABC, Santo André, 08 jun. 1997.
ALVES, V. Alunos de Teatro marcam ato. Diário do Grande ABC, Santo André,
01 maio 1993.
ALVES, V. Artistas ocupam Carlos Gomes antes das obras. Diário do Grande
Iniciativa privada não apóia. Diário do Grande ABC, Santo André, 28 jun.1990.
ALVES, V. Cultura abre estágios para peça Teatral. Diário do Grande ABC,
ALVES, V. Escola Livre estréia com O alienista. Diário do Grande ABC, Santo
ALVES, V. Festa Hippie abre festival de Teatro. Diário do Grande ABC. Santo
André, 29 jun.1990.
ALVES, V. Iniciativa privada não apóia. Diário do Grande ABC, Santo André,
28 de jun.1990.
ALVES, V. Novo Conchita terá espaço adaptável. Diário do Grande ABC, Santo
André, 12 mar.1993.
ALVES, V. Santo André prepara autores teatrais. Diário do Grande ABC, Santo
set.1992.
fev. 2001.
DURAN, S. Escola livre tem núcleo para iniciantes. Diário do Grande ABC,
DURAN, S. Grupo faz ficção com assinatura regional. Diário do Grande ABC,
01 mar. 2001.
JORDÃO, C. Santo André faz a sua Terra Nostra no Teatro. Jornal da Tarde,
iniciativa inédita na região deixa um rastro positivo, mas peca pela organização.
MARINELLI, L. Escola Livre no Conchita fica para maio. Diário do Grande ABC,
PRIMI, Lilian. Santo André reduz reforma do Carlos Gomes. Diário do Grande
PRIMI. Lilian. Escola Livre monta Guimarães Rosa. Diário do Grande ABC,
SÁ, N. de. Ciganos misturam Caribe, flamenco, jazz e rock. Folha de S. Paulo,
SANTO ANDRÉ EM NOTÍCIAS. Cidade é palco para teatro. Santo André. Ano
jul.1990.
TOGNONI, R. Escola Livre de Teatro luta por garantias. Diário do Grande ABC,
André, 18 abr.1999.
261
3. ARQUIVOS
ELT
Diário Popular
Folha de S. Paulo
Estado de S. Paulo
262
4. FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, Luís Alberto de. Processo colaborativo: relato e reflexões sobre uma
5. SÍTIOS
19 set. 2009.
<http://casadapalavrasa.blogspot.com/2008/03/breve-perfil-histrico.html>.
<http://www.jornaldeteatro.com.br/materias/sindicais/407-cooperativa-teatro-
<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm.>
<http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo.asp?cod=526>. Acesso: em 25
nov. 2009.
2009.
<http://www.santoandre.sp.gov.br/portaldenegocioS/bn_conteudo.asp?cod=712
Referências
______. Teatro y Nación: 30 años de ISA. Revista Tablas. Havana: Ed. Tablas,
n. 3-4 2007.
2000.
2010.
BITTAR, J. (Org.). O modo petista de governar. São Paulo: Teoria & Debate
Zahar, 2001.
em:<http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LA
BRECHT, B. Aquele que diz sim e aquele que diz não. Teatro completo em 12
2010.
CEVASCO, M. E. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
Abramo, 2006.
272
CHAVES, E. V. A alma feminina nos palcos do ABC:o papel das atrizes (1965-
Terra, 1986.
COSTA, I. C.; CARVALHO, D. A luta dos grupos teatrais de São Paulo por
2008.
273
2005.
FERAL, J. A escola de atuação In: Teatro. Teoría y práctica: más allá de las
2010.
1959-1969. São Paulo: Ed. Perspectiva, Edições SESC SP; Pontedera, IT:
Perspectiva, 1994.
Brasileira, 1987.
HOBSBAWM, E. História Social do Jazz. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
ICLE, G. Pedagogia do teatro como cuidado de si. São Paulo: Hucitec, 2010.
MATE, A. Produção teatral paulistana dos anos 1980 r(ab)iscando com faca o
FUNARTE, 1985.
teatro no Brasil: história e polêmica. São Paulo: Ed. Hucitec; Rio de Janeiro:
Loyola, 1984.
NICOLETE, A. Sônia Guedes chá das cinco. São Paulo: Imprensa Oficial,
2008, p. 66.
278
NORA, P. Entre memória e história. Projeto História, São Paulo, dez.1993, p. 7-29.
PORTELLI, A. História oral como gênero. Projeto História 22. São Paulo:
Unicamp, 2007.
UFBA, 2007.
e Terra, 1987.
ANEXO A
Comunidade ELT
Vilma Campos é uma integrante da comunidade ELT da primeira turma da
Formação(1990).Pesquisadora, está realizando um trabalho sobre a escola.
Abaixo, a carta-convite.
Prezados:
O aprendizado na ELT durante a década de noventa levou-me a elegê-la como
tema de estudo. Na ELT vivi experiências que se colaram à minha pele de tal
forma, que me permitiram buscar brechas e contradições para o ofício artístico,
mesmo em instituições que possuem uma estrutura mais rígida como é o caso da
academia.
Esse desejo de mergulhar num estudo sobre a ELT se intensificou na minha
mudança para Minas Gerais, pois o distanciamento e a interlocução com outra
realidade alimentaram e transformaram a vontade em necessidade.
Há muitas abordagens possíveis para um trabalho sobre a ELT e acredito que
muitos pesquisadores ainda a terão como foco de investigação. Meu interesse
pelo viés interdisciplinar e a acolhida do campo da História para uma conversa
com o Teatro levaram-me a formular questionamentos que passam pela natureza
temporal: a especificidade do advento da ELT num governo municipal de
esquerda em 1990 e os desdobramentos do organismo “ELT” com o seu presente
até o ano de 2008.
Pretendo tecer uma narrativa sobre a ELT tendo como ponto de partida a
experiência vivida por cada grupo de pessoas: servidores, gestores, mestres ou
aprendizes. Entrevistei o grupo de profissionais que atuou de 1990-1992 e de
1997-1999 e para viabilizar as diferentes vozes, apresento um cronograma para a
continuidade de conversa com cada grupo em julho de 2009 no próprio espaço da
ELT.
Desde já agradeço a possibilidade de contar com a singularidade de cada
testemunho, pois a experiência que cada um traz do período vivido é
fundamental e está bem além da composição das fontes para historicização de
um trabalho de titulação acadêmica.
Solicito a gentileza de confirmar a sua presença pelo e-mail
leitevilma2008@hotmail.com e de acusar o recebimento desta mensagem.
Saudações teatrais,
Vilma Campos
(...)
284
ANEXO B
O ABCD DO TEATRO
Antônio Araújo
ELT
Escola. Escolho.
É possível ensinar teatro?
Aqui não se ensina, se encena se assanha
A experiência antes da informação.
O dialogo antes da afirmação.
A didática da dúvida.
A didática da tentativa e erro.
Adidática. Ex‐cola.
Não há professores nem alunos. Não há diretores nem
Secretárias da cultura.
HÁ ARTISTAS
A pedagogia do be‐a‐ bah!!!
A pedagogia da confusão, da infecção, do perigo.
Atrás‐das‐grades curriculares escapamos para o
Conflito, o choque, a comunhão e a transformação.
O terceiro, o quarto, o quinto teatro versos o teatro de
Quinta feira o ator total versus o ator profissional
ELT versus DRT
É preciso exterminar as Escolas de Teatro.
É preciso exterminar os professores de Teatro.
É preciso exterminar os alunos de Teatro.
ELT. DDT. TNT.