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Recurso natural

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As florestas são um exemplo de recurso natural.

Recursos naturais são elementos da natureza que são úteis ao ser humano para cultivo, para a vida em sociedade, no processo de desenvolvimento da civilização, ou para sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Podem ser renováveis, como a energia solar e a do vento. Já a água, o solo e as árvores são considerados limitados mas potencialmente renováveis. E ainda não renováveis, como o petróleo e minérios em geral.

Os recursos naturais são componentes materiais da paisagem geográfica, mas que ainda não tenham sofrido importantes transformações pelo trabalho humano e cuja própria gênese é independente do Homem, mas aos quais lhes foram atribuídos, historicamente, valores econômicos, sociais e culturais. Portanto, só podem ser compreendidos a partir da relação homem-natureza.

Recurso natural é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção. Portanto, recurso natural é algo de extrema importância para a continuidade da vida de todos os seres. Os recursos naturais, também chamados de recursos ambientais, podem ser classificados como biótico e abiótico e são pré-requisitos indispensáveis para a vida dos organismos em seus ambientes, visto que são consumidos à medida que crescem e se reproduzem, permitindo a manutenção da vida.[1] Os recursos não se distribuem de forma igual e homogênea nos locais em que estão disponíveis e, em decorrência do consumo de outros indivíduos, os mesmos podem ser insuficientes para a necessidade de todos. Devido a este fator, muitas vezes é necessário que ocorra competição entre os indivíduos, que podem ser da mesma espécie, ou de espécies diferentes.[2] 

Existe um envolvimento entre recursos naturais e tecnologia, uma vez que há a necessidade da existência de processo tecnológicos para utilização de um recurso. Exemplo típico é o magnésio, que até pouco tempo não era recurso natural e passou a sê-lo quando se descobriu como utilizá-lo na confecção de ligas metálicas de aviões. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável. Exemplo dessa situação é o álcool, que, antes da crise do petróleo de 1973, apresentava custos de produção extremamente elevados ante os custos de exploração do petróleo. Hoje, no Brasil, apesar da diminuição do Proálcool, o álcool ainda pode ser considerado um importante combustível para automóveis e um recurso natural estratégico e de alta significância, por causa de sua possibilidade de renovação e consequente disponibilidade. Sua utilização efetiva depende de análises políticas e econômicas que poderão ser revistas sempre que necessário.

Nem todos os recursos que a natureza oferece ao ser humano podem ser aproveitados em seu estado natural. Quase sempre o ser humano precisa trabalhar para transformar os recursos naturais em bens capazes de satisfazer alguma necessidade humana. Os recursos hídricos, por exemplo, têm de ser armazenados e canalizados, quer para consumo humano direto, para irrigação, ou para geração de energia hidrelétrica.

Os recursos podem ser:

  • Renováveis: elementos naturais que usados da forma correta podem se renovar. Exemplos: animais, vegetação, água.
  • Não renováveis: São aqueles que não se renovam de maneira alguma, ou demoram muito tempo para se produzir. Exemplos: petróleo, ferro, ouro.
  • Inesgotáveis: Recursos que não se acabam, como o Sol e o vento.

Classificação

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Existem diversos métodos de classificação dos recursos naturais, incluindo fonte de origem, estágio de desenvolvimento e por sua taxa de renovação.

Na base de fonte de origem, podem ser divididos em dois tipos:

  • Bióticos- recursos bióticos são obtidos a partir da biosfera (material vivo e orgânico), como florestas e animais, e os materiais que podem ser obtidos a partir deles. Combustíveis fósseis como petróleo e carvão também são incluídos nessa categoria pois são formados a partir de material orgânico decomposto.

Na base de estágio de desenvolvimento, podem ser referidos das seguintes maneiras:

  • Recursos potenciais - São aqueles que podem ser utilizados no futuro, como por exemplo petróleo em rochas sedimentares que até ser extraído e usado permanece um recurso potencial.
  • Recursos atuais - São aqueles que já foram pesquisados, quantificados e qualificados e estão atualmente em uso
  • Recursos de reserva - São partes de um recurso atual que poderiam ser utilizados lucrativamente no futuro
  • Recursos de estoque - São aqueles que foram pesquisados mas não podem ser utilizados por falta de tecnologia, como o Hidrogênio.

Com base na taxa de recuperação, podem ser categorizados nas seguintes formas:

  • Recursos renováveis - São aqueles cuja velocidade de reposição é maior do que a velocidade de consumo, alguns desses recursos aparecem inalterados independente do uso humano, como luz solar, ventos e fluxo de água. Esses recursos se recuperam rapidamente se comparados aos não renováveis. Há situações nas quais um recurso renovável passa a ser não-renovável. Essa condição ocorre quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação, renovação e força do sistema.
  • Recursos não-renováveis - Estes recursos formam-se muito lentamente ou não se formam naturalmente no ambiente. Minérios são os recursos mais comumente adicionados a essa categoria.

Com base no seu teor energético, são divididos em:

  • energéticos - São recursos capazes de produzir energia, como, por exemplo, carvão, petróleo e água (considerada energética pois é usada em usinas hidrelétricas para produção de energia).
  • não energéticos - Incapazes de produzir energia, seja por falta de tecnologia ou pela incapacidade do material. a maioria dos minerais são recursos não energéticos, com exceção do volfrâmio, o urânio e o plutônio por se tratarem de substâncias radioativas e usadas para a geração de energia.

A extração de recursos naturais envolve qualquer atividade que os remove da natureza, o que pode variar desde o uso tradicional de sociedades pré-industriais até indústrias globais. Indústrias de extração são, junto com a agricultura, a base do setor primário da economia. Extração produz matéria-prima, que é processada a fim de aumentar o seu valor. Exemplos de atividade extrativista são caça, mineração e perfuração de petróleo e gás natural. Recursos naturais podem aumentar significativamente a riqueza de um país,[3] porém, um crescimento repentino de dinheiro causado por recursos podem criar problemas sociais como inflação prejudicando outras indústrias (doença holandesa) e corrupção, o que leva a desigualdade e subdesenvolvimento, conhecido como a "maldição dos recursos naturais".

As indústrias extrativas representam uma atividade de grande crescimento em muitos países menos desenvolvidos, mas a riqueza gerada nem sempre leva a um crescimento sustentável e inclusivo. É comum acusarem as empresas da indústria extrativa em atuar apenas para maximizar o valor de curto prazo, implicando que os países menos desenvolvidos são vulneráveis a corporações poderosas. Por outro lado, governos anfitriões são normalmente criticados por maximizar a receita imediata. Os pesquisadores argumentam que existem áreas de interesse comum onde as metas de desenvolvimento e negócios se cruzam. Estes apresentam oportunidades para agências governamentais internacionais se envolverem com o setor privado e governos anfitriões por meio de gestão de receitas e prestação de contas de despesas, desenvolvimento de infraestrutura, criação de empregos, habilidades e desenvolvimento empresarial e impactos sobre as crianças, especialmente meninas e mulheres.[4] Uma sociedade civil forte pode desempenhar um papel importante para garantir a gestão eficaz dos recursos naturais. A Noruega pode servir como um modelo a este respeito, pois tem boas instituições e um debate público aberto e dinâmico com forte atuação da sociedade civil que fornece um sistema de freios e contrapesos para a gestão governamental das indústrias extrativas, como a Extractive Industries Transparency Initiative (EITI), que serve como padrão global para a boa governança de petróleo, gás natural e mineração, o que procura abordar as principais questões de governança nos setores extrativos.

Em 1982, a Organização das Nações Unidas (ONU) elaborou a Carta Mundial da Natureza, que reconheceu a necessidade de proteger a natureza de esgotamento devido à atividade humana. Ela afirma que medidas devem ser tomadas em todas as esferas sociais, desde a internacional até a individual, para proteger a natureza, e destaca a necessidade do uso sustentável de recursos naturais, sugerindo que a proteção de recursos deve ser incorporada a sistemas legais nacionais e internacionais.[5][6]

Para reforçar a importância da proteção dos recursos naturais, a Ética Mundial da Sustentabilidade, elaborada pela UICN, WWF e PNUMA como uma contribuição para a Eco-92,  propôs oito valores para a sustentabilidade, incluindo a necessidade de proteger os recursos naturais do esgotamento.[7] Desde a criação desses documentos, muitas medidas foram tomadas para proteger  recursos naturais, incluindo o estabelecimento do campo científico e a prática de biologia da conservação e conservação de habitats.

Biologia da conservação é o estudo científico da natureza e estado da biodiversidade da Terra com o objetivo de proteger as espécies, seus habitats e ecossistemas de taxas aceleradas de extinção. Ela é uma disciplina interdisciplinar envolvendo ciência, economia e a prática de gestão de recursos naturais.[8] O termo biologia da conservação foi introduzido como título de uma conferência na Universidade da Califórnia, San Diego, em La Jolla, Califórnia, em 1978, organizada pelos biólogos Bruce A. Wilcox e Michael E. Soulé.[9]

Conservação de habitats é uma prática de gestão da terra que almeja conservar, proteger e restaurar habitats de animais e plantas selvagens, especialmente aquelas em perigo de extinção, de forma a protegê-los de extinção ou redução populacional e da fragmentação de seu habitat.[10]

A gestão de recursos naturais envolve a gestão de recursos como terra, água, solo, fauna e flora, com foco particular em como essa gestão afetará a qualidade de vida da presente geração e de futuras. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável é alcançado através do uso legal de recursos para suprir as necessidades atuais e futuras. A gestão de recursos naturais reconhece que os meios de subsistências das populações dependem da proteção e produtividade dos ambientes, e que suas ações têm um papel crítico para a manutenção dessa produtividade.[11]

A gestão de recursos naturais envolve a identificação de quem tem o direito de usar os recursos, e quem não tem, definindo os limites do recurso.[12] Os recursos podem ser geridos pelos usuários de acordo com regras que regulam quando e como os recursos devem ser usados.[13] Alternativamente, os recursos podem ser geridos por uma organização governamental ou outra autoridade central.[14] Os usuários ou entidades regulatórias devem monitorar ativamente e assegurar que a utilização do recurso seja feita de acordo com os regulamentos, impondo penalidades a quem violá-los.[12] Não obstante, nos últimos anos tem se observado aumento do uso indevido de recursos naturais em diversos locais, a exemplo do desmatamento acelerado da floresta amazônica brasileira.[15]

Uma gestão bem sucedida de recursos naturais depende da liberdade de expressão, de um debate público extenso e dinâmico através de variados canais midiáticos independentes e de uma sociedade civil ativa engajada em questões ambientais;[16] por causa da natureza comunitária dos recursos, aos indivíduos afetados por regulamentos centrais interessa a participação em sua implementação ou mudança.[12] De acordo com a Organização das Nações Unidas, o direito a recursos naturais inclui terra, água, florestas, locais de pesca e direitos pastorais.[17][13]

A plataforma científica global para discutir a gestão de recursos naturais é o Fórum de Recursos Mundiais, sediado na Suíça.

Países com maiores reservas de recursos naturais

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De acordo com o portal de notícias, 24/7 Wall St, os dez países com maiores reservas de recursos naturais, do primeiro ao décimo, são[18][19]:

Valor das reservas de recursos naturais por país (em trilhões de dólares), 2016
País Valor
Rússia 75
Estados Unidos 45
Arábia Saudita 34.5
Canadá 33.2
Irã 27.3
China 23
Brasil 21.8
Austrália 19.9
Iraque 15.9
Venezuela 14.3

Esgotamento de recursos naturais

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Nos últimos anos o esgotamento dos recursos naturais se tornou um grande foco de organizações e governos como a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso fica evidente em sua Agenda 21 seção 2 que aponta os passos necessários para Países tomarem para manter seus recursos naturais.[20] O esgotamento de recursos naturais é considerado um problema de desenvolvimento sustentável.[21] O termo desenvolvimento sustentável possui muitas interpretações, a mais notável sendo a proposta na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 'assegurar as necessidades atuais, sem comprometer a capacidade de gerações futuras assegurarem suas próprias necessidades’.[22] Em termos mais amplos, é uma questão de equilibrar a necessidade das pessoas e animais do nosso planeta agora e no futuro.[20] Em relação a recursos naturais esgotamento é uma preocupação para o desenvolvimento sustentável pois pode levar a destruição de ambientes atuais[23] e o potencial de impactar as necessidades de gerações futuras.[21]

O esgotamento dos recursos naturais estão associados com a desigualdade social. Considerando que a maior parte da biodiversidade mundial está localizadas em países em desenvolvimento,[24] o esgotamento desse recurso pode resultar na perda de serviços ambientais para esses países.[25] Algumas pessoas consideram esse esgotamento uma grande fonte de preocupação e conflitos entre nações desenvolvidas[26] Atualmente, existe uma preocupação acentuada com regiões cobertas com florestas tropicais, pois estas concentram a maior parte da biodiversidade do planeta[27] De acordo com Gerald C. Nelson,[28] 30% da superfície terrestre é composta por áreas desmatadas. Considerando que 80% das pessoas dependem de drogas extraídas de plantas e 75% dos medicamentos de prescrição do mundo são feitos com ingredientes de origem vegetal,[25] a perda das florestas tropicais pode diminuir a chance de descobrirmos novas drogas que poderiam salvar vidas[29]

O esgotamento dos recursos é causado por ‘motivadores diretos de mudança’,[28] como mineração, extração de petróleo, pesca e a atividade madeireira agindo em conjunto com ‘motivadores indiretos de mudanças’ como demografia, economia, sociedade, política e tecnologia.[28] As práticas atuais de agricultura é outro fator que resulta no esgotamento natural, como por exemplo o esgotamento dos nutrientes do solo por uso excessivo de nitrogênio[28] e a desertificação.[20]

Referências

  1. TOWNSEND, Colin R.; BEGON, Michael; HARPER, John L. (2010). Fundamentos em Ecologia ARTMED EDITORA S.A. [S.l.] p. 90, 105.
  2. TOWNSEND, Colin R.; BEGON, Michael; HARPER, John L. (2010). Fundamentos em Ecologia ARTMED EDITORA S.A. [S.l.] p. 125.
  3. «EnviroStats: Canada's natural resource wealth at a glance». www150.statcan.gc.ca (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2020 
  4. Macdonald, Catherine (22 de novembro de 2018). «The Role of Participation in Sustainable Community Development Programmes in the Extractive Industries». Oxford Scholarship Online. doi:10.1093/oso/9780198817369.003.0028. Consultado em 24 de setembro de 2020 
  5. Beskow, Eduardo; Mattei, Lauro (1 de dezembro de 2012). «Notas sobre a trajetória da questão ambiental e principais temas em debate na conferência Rio + 20». Revista NECAT - Revista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (2): 4–12. ISSN 2317-8523. Consultado em 10 de setembro de 2020 
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  9. Douglas, John (1 de setembro de 1978). «Biologists urge US endowment for conservation». Nature (em inglês) (5676): 82–83. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/275082a0. Consultado em 10 de setembro de 2020 
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Ligações externas

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