Papers by Maria Emília Madeira Santos
Africana Studia, 2006
O projecto de Cartografia, que apresentei anteriormente neste colóquio, revelou a possibilidade d... more O projecto de Cartografia, que apresentei anteriormente neste colóquio, revelou a possibilidade de estudar não só as formas coloniais de uso e representação do espaço, como também as modalidades africanas de relação com esse mesmo espaço (Santos, 2007). A verdade é que, quando a política internacional demarcou as fronteiras coloniais, faltava ainda conquistar e ocupar todo um espaço imenso que continuava organizado e usado pelas formações políticas africanas. À cartografia dos exploradores científicos, Capelo, Ivens, Serpa Pinto, Henrique de Carvalho e outros acrescentava-se agora a da própria Comissão de Cartografia, a das campanhas militares, dos serviços geológicos, obras públicas, serviços meteorológicos, e de qualificados cientistas autónomos. Os agentes e as estratégias de domínio e hegemonia coloniais não podiam dispensar a cartografia como instrumento eficaz e necessário a todo esse processo. Esta cartografia, instrumento de domínio e colonização, é também uma cartografia do poder e dos poderes, e por isso está tão atenta à posição do forte militar e às estradas carreteiras como à localização da embala do soba, das povoações dos seculos e dos caminhos gentílicos ou de pé posto. Esta característica reforça ainda mais a ideia, subjacente a este colóquio, de que mais do que fazer a História da Cartografia,
Paisages,Ed.Karthala,Centre des Recherches Africaines, Paris, 1998, pp.69-83, 1998
A transferência do milho maïs da América para a África passou primeiro pelas ilhas de Cabo verde ... more A transferência do milho maïs da América para a África passou primeiro pelas ilhas de Cabo verde e S. Tomé. O mesmo percurso se fizeram, em sentido contrário, os milhos africanos.
História Geral de Cabo Verde, Vol.III, 2002
O terceiro voluma da História Geral de Cabo Verde( século XVIII) é atravessado por uma crise prov... more O terceiro voluma da História Geral de Cabo Verde( século XVIII) é atravessado por uma crise provocada pela abrupta mudança social iniciada no século XVII. A antiga ordem da sociedade escravocrata fora profundamente abalada e a nova disciplina social tem de ser inventada. Os fortes desequilíbrios geram violentos levantamentos. Trata-se de uma aprendizagem precoce e intensa da liberdade e da autonomia de um povo.
A África e instalação do sistema colonial, 2000
Entre a Conferência de Berlim e o fim da I Guerra Mundial, a cartografia portuguesa de África reg... more Entre a Conferência de Berlim e o fim da I Guerra Mundial, a cartografia portuguesa de África registou simultâneamente os progressos da implantação dos instrumentos coloniais no terreno e a realidade pré-existente, em vias de ser ocupada, reordenada e "civilizada". A representação gráfica possibilita a visualização das etapas da instalação do sistema colonial através da ocupação militar e administrativa, da rede viária de comunicações, do povoamento e colonização europea, das missões religiosas, das explorações agrícolas, pecuárias e mineiras, das estações telegráficas e meteorológicas, que não paravam de cobrir, com uma malha cada vez mais densa, as grandes extensões de território correspondente ao mapa de Angola.
Bioorganic & medicinal chemistry letters, 2014
N-Methyl-D-aspartate receptors (NMDAR) exacerbated activation leads to neuron death through a phe... more N-Methyl-D-aspartate receptors (NMDAR) exacerbated activation leads to neuron death through a phenomenon called excitotoxicity. These receptors are implicated in several neurological diseases (e.g., Alzheimer and Parkinson) and thus represent an important therapeutic target. We herein describe the study of enantiopure tryptophanol-derived oxazolopiperidone lactams as NMDA receptor antagonists. The most active hit exhibited an IC50 of 63.4 μM in cultured rat cerebellar granule neurons thus being 1.5 fold more active than clinically approved NMDA antagonist amantadine (IC50=92 μM).
África
Otextovisafazerumacontribuiçãoparaaconsolidaçãodeumahistóriamarítimaafricana,ouseja,umahistóriado... more Otextovisafazerumacontribuiçãoparaaconsolidaçãodeumahistóriamarítimaafricana,ouseja,umahistóriadocontatodaspopulaçõesafricanascom,emespecialnocasodacostaatlânticadocontinente,entreosriosdaGuinéeafozdoCuanza.Oobjetivoédestacaracontribuição(longamenteignoradapelahistoriografiaocidental)dospovosafricanosparaaconstruçãodochamado“mundoatlântico”.Paraissoaautorafazuminventáriodasavançadashabilidadesepráticasrelativasànavegação,construçãodeembarcações,atividadescomopesca,nado,guerras,navegaçãodecabotagemecomércio deváriospovosafricanos.Destacaaindaopapelimportantedasconchasecontascomomoedadetrocaemtodoocontinente.
África
Partindo de uma data paradigmática, 1890, quando a Inglaterra envia um Ultimatum à coroa portugue... more Partindo de uma data paradigmática, 1890, quando a Inglaterra envia um Ultimatum à coroa portuguesa para que se retire de certas áreas da África Central, a autora analisa de forma crítica a geopolítica desenvolvida pela Inglaterra e a geoestratégia não só de Lisboa, mas igualmente dos participantes no comércio de longa distância. Aborda ainda o papel das missões protestantes, uma questão chave para o entendimento das formações políticas do Planalto de Angola
The International Journal of African Historical Studies, 1997
Instituto de Investigação Científica e …
... Apenas a reacção de José Júlio Rodrigues, defensor da exploração parcial, não se fez esperar:... more ... Apenas a reacção de José Júlio Rodrigues, defensor da exploração parcial, não se fez esperar: o Ministério da Marinha resolvera expedir ordens ... que os exploradores se separaram: Serpa Pinto avança para a travessia, satisfazendo os anseios da S .GL; Capelo Ivens fazem a ...
Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga Instituto de Investigação Científica Tropical, 1998
Books by Maria Emília Madeira Santos
As fronteiras de África. A Comissão de Cartografia e a delimitação das fronteiras africnas. Exposição Cordoaria , 1997
Quando a África era só uma. A linha do litoral do continente africano surge completa e surpreende... more Quando a África era só uma. A linha do litoral do continente africano surge completa e surpreendentemente realista no início do século XVI, mais precisamente em 1502, no mapa português dito de Cantino. Em 1732, isto é, duzentos anos depois, o geógrafo francês Bourguignon D´Anville elaborava um mapa de África que revelava um imenso desconhecimento representado por uma mancha em branco no interior do continente. O esvaziamento do mapa resultou da descoberta do relógio de mola em espiral, que no início do século XVIII permitira o cálculo da longitude. Os territórios desconhecidos entre Angola e Moçambique, após uma avaliação apoiada em bases científicas, revelavam-se muito mais extensas do que se pensava até então. No início do século XIX o mapa da África (peça nº 1) de 1802, elaborado por Arrowsmith, em Londres, trezentos anos após a conclusão do planisfério de Cantino, em Lisboa, revela a lentidão dos progressos no conhecimento geográfico. Enquanto a forma definida pelo litoral da África, em 1502, era uma das mais realistas no mapa do mundo então conhecido, o interior, em 1802, não era mais que um fundo, onde algumas poucas linhas não avançavam desde 1732.
O Domínio da Distância. Comunicação e Cartografia, 2006
O reino de Portugal inicia o século XV confinado ao território do rectângulo peninsular e termina... more O reino de Portugal inicia o século XV confinado ao território do rectângulo peninsular e termina a centúria abrangendo o esboço de um extenso Império que, embora com soberania descontínua, se dispersa por três continentes. Se a governação tem de ser reinventada, antes de mais, são as comunicações que precisam ser conseguidas. Como se vai comunicar a distâncias, nunca antes atingidas? Como se vai interagir à escala do espaço planetário e ao nível do desfasamento temporal? Como se vai dominar a distância? Vai surgir uma «comunidade de comunicação» dispondo de uma rede de informações com centro no governo de Lisboa e centros secundários em entrepostos coloniais. Canais de comunicação paralelos ou confluentes funcionaram através de outras instituições, como é o caso da Igreja e do poder local consubstanciado nas câmaras municipais. Vemo-los em interacção, por coordenação ou confronto, variando de intensidade e eficácia ao longo dos tempos, mas mantendo o objectivo de ligar o disperso. É toda uma circulação de informação que pulsa e dá vida ao Império, questão vital, nunca posta como um problema em si, nem observada como objecto autónomo de estudo pelos historiadores, que nos propomos agora tratar, ou antes, descrever e analisar, questionar e discutir. Os limites cronológicos dos nossos trabalhos começam com a expansão ultramarina no início do séc. XV, e terminam na década de 1880 com o cabo submarino ou com o telegrama, quando o conteúdo das mensagens e, principalmente, o tempo gasto para comunicar sofrem alterações profundas. Conferindo tal cronologia propomo-nos analisar o fenómeno na longa duração. Desde a transmissão boca a boca no cais do Terreiro do Paço, passando pela caravela escuteira da Mina, pela armada da Índia, pelos grandes veleiros das Américas e pelo navio a vapor, sem esquecer os rumores que por terra se repercutem até ao Mediterrâneo, tudo pode ter F 0 2 D e é desejável que tenha F 0 2 D lugar nos estudos a que nos propomos. O centro do Império assume o papel de emissor de ordens, directivas e inquéritos, mas também se transforma num receptor inundado de informações que precisa tratar e apreender. A «comunidade de comunicação», que é o Império Português, exige meios de transporte de longa distância eficazes, correio inviolável, soluções especiais para casos urgentes, lealdade e confiança do Rei e/ou da hierarquia (no caso da Igreja), vigilância dos pares, capacidade de decisão quando as vias não funcionam, e uma via azul (como lhe chamaríamos hoje) para todo e qualquer súbdito (o homem da rua, o cidadão anónimo), que tem de saber escrever ou poder pagar a quem o faça por si, mas que se pode dirigir directamente ao Rei. Ler as cartas de Afonso de Albuquerque, dos seus detractores, e dos detractores dos seus detractores é sabermos como o Rei detinha em cada dedo de cada uma das mãos as rédeas do seu Império e detectava simultaneamente, através de vários emissores, o mesmo fenómeno adquirindo uma visão de conjunto que seria interessante estudar através de alguns casos exemplares. Mas à medida que a administração ultramarina atinge maior complexidade, a quantidade de informação recebida exige tratamento adequado e órgãos competentes. É assim que um emissor passa a receptor, quando um governador ultramarino termina o seu desempenho, regressa ao Reino e ingressa no Conselho Ultramarino. Quando técnicos especializados realizam trabalho de campo e apresentam relatórios, sugerindo medidas inovadoras, como resultado de observação directa e conhecimento de posições de outras potências concorrentes presentes na área, acontece muitas dessas mensagens não serem atendidas, não tanto por desleixo, mas porque não podiam ser compreendidas. A desigualdade entre os saberes do emissor e do receptor era demasiado grande. É certo que a distância, no início dos descobrimentos, era sentida como muito maior. Mas a curiosidade pelo exótico, o diferente, o novo era de uma maneira geral a atitude dos homens da retaguarda residentes no centro, sedentos de novidade. O ponta de lança, o viajante de primeira ou primeiras viagens estava tão predisposto como eles a admirar-se e a estranhar, por isso pode levá-los a visualizar o diferente através da comparação com o semelhante, o familiar, o comum.
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