Dissertação by Raphael T Brigeiro
A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal ... more A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal dilema consiste no entendimento da política democrática como locus de antagonismos. Nesse sentido, os antagonismos podem ser caracterizados pela forte oposição conflitiva entre nós/eles. Entretanto, o conflito não precisa ser aniquilador. As relações agonísticas são relações que mantém em aberto o conflito antagônico sem necessariamente levar à aniquilação. Isso porque, as relações agonísticas transformam as relações de inimigos (antagonismos) em relações de adversários. Essa transformação adversarial ocorre necessariamente pelo reconhecimento de um fundamento comum a todos. Todavia, não é possível identificar dentro da democracia radical a constatação de qual seria esse fundamento comum. A hipótese defendida é que a noção de precariedade formulada por Judith Butler é o fundamento dessas relações. Isso porque, a precariedade é uma condição generalizada que releva a própria necessidade de outras pessoas a fim de suprir as próprias faltas. Desse modo, a generalidade da precariedade estimula a oposição à violência dirigida a outros. Isso em vista, a precariedade pode ser entendida como o fundamento das relações agonísticas, haja vista que ela é a rubrica que possibilita a união das mais diversas posições políticas e identitárias.
A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal ... more A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal dilema consiste no entendimento da política democrática como locus de antagonismos. Nesse sentido, os antagonismos podem ser caracterizados pela forte oposição conflitiva entre nós/eles. Entretanto, o conflito não precisa ser aniquilador. As relações agonísticas são relações que mantém em aberto o conflito antagônico sem necessariamente levar à aniquilação. Isso porque, as relações agonísticas transformam as relações de inimigos (antagonismos) em relações de adversários. Essa transformação adversarial ocorre necessariamente pelo reconhecimento de um fundamento comum a todos. Todavia, não é possível identificar dentro da democracia radical a constatação de qual seria esse fundamento comum. A hipótese defendida é que a noção de precariedade formulada por Judith Butler é o fundamento dessas relações. Isso porque, a precariedade é uma condição generalizada que releva a própria necessidade de outras pessoas a fim de suprir as próprias faltas. Desse modo, a generalidade da precariedade estimula a oposição à violência dirigida a outros. Isso em vista, a precariedade pode ser entendida como o fundamento das relações agonísticas, haja vista que ela é a rubrica que possibilita a união das mais diversas posições políticas e identitárias.
Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo nascido no "curto século XX",... more Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo nascido no "curto século XX", testemunhando e mesmo vivendo ela mesma, enquanto estava "entre os homens", inúmeras das catástrofes que tiveram seu lugar no palco do mundo. Como pensadora, ela fez de sua sistemática reflexão acerca do fenômeno totalitário o ponto de partida para inúmeros trabalhos cujo objetivo residia na tentativa de compreender este mundo e, a partir desta compreensão, com ele reconciliar-se. Entendendo o regime totalitário como uma novidade radical, que coloca em xeque nossas categorias de pensamento, bem como nossa capacidade de agir no mundo e discursar sobre os negócios humanos, Arendt acaba por aproximar este terrível evento de outro, cuja essência mesma é a novidade: a Revolução. Compreendendo a Revolução a partir do signo da fundação de uma "Constituição da Liberdade" e de uma "Nova Ordem do Mundo", a autora enfrenta a difícil tarefa de conciliar algo que parece inconciliável na contemporaneidade: a capacidade da ação política de começar algo inteiramente novo e a necessidade de estabilização do espaço público onde a ação deve acontecer. É na interseção desta insuperável dicotomia que o presente trabalho pretende explorar conceitos fundamentais do pensamento arendtiano, como autoridade, liberdade, ação, poder, entre outros. Com eles tentar-se-á compreender o mergulho que Arendt faz às profundezas do passado para conferir nova dignidade ao campo da política, em um tempo onde os seres humanos cada vez menos assumem responsabilidade pelo mundo e pelas possibilidades que ele encerra.
O Rico e o Estranho: Revolucão e Totalitarismo Enquanto Novidades Radicais Do Mundo Moderno No Pensamento Hannah Arendt, 2016
Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo nascido no "curto século XX",... more Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo nascido no "curto século XX", testemunhando e mesmo vivendo ela mesma, enquanto estava "entre os homens", inúmeras das catástrofes que tiveram seu lugar no palco do mundo. Como pensadora, ela fez de sua sistemática reflexão acerca do fenômeno totalitário o ponto de partida para inúmeros trabalhos cujo objetivo residia na tentativa de compreender este mundo e, a partir desta compreensão, com ele reconciliar-se. Entendendo o regime totalitário como uma novidade radical, que coloca em xeque nossas categorias de pensamento, bem como nossa capacidade de agir no mundo e discursar sobre os negócios humanos, Arendt acaba por aproximar este terrível evento de outro, cuja essência mesma é a novidade: a Revolução. Compreendendo a Revolução a partir do signo da fundação de uma "Constituição da Liberdade" e de uma "Nova Ordem do Mundo", a autora enfrenta a difícil tarefa de conciliar algo que parece inconciliável na contemporaneidade: a capacidade da ação política de começar algo inteiramente novo e a necessidade de estabilização do espaço público onde a ação deve acontecer. É na interseção desta insuperável dicotomia que o presente trabalho pretende explorar conceitos fundamentais do pensamento arendtiano, como autoridade, liberdade, ação, poder, entre outros. Com eles tentar-se-á compreender o mergulho que Arendt faz às profundezas do passado para conferir nova dignidade ao campo da política, em um tempo onde os seres humanos cada vez menos assumem responsabilidade pelo mundo e pelas possibilidades que ele encerra.
Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo nascido no "curto século XX",... more Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo nascido no "curto século XX", testemunhando e mesmo vivendo ela mesma, enquanto estava "entre os homens", inúmeras das catástrofes que tiveram seu lugar no palco do mundo. Como pensadora, ela fez de sua sistemática reflexão acerca do fenômeno totalitário o ponto de partida para inúmeros trabalhos cujo objetivo residia na tentativa de compreender este mundo e, a partir desta compreensão, com ele reconciliar-se. Entendendo o regime totalitário como uma novidade radical, que coloca em xeque nossas categorias de pensamento, bem como nossa capacidade de agir no mundo e discursar sobre os negócios humanos, Arendt acaba por aproximar este terrível evento de outro, cuja essência mesma é a novidade: a Revolução. Compreendendo a Revolução a partir do signo da fundação de uma "Constituição da Liberdade" e de uma "Nova Ordem do Mundo", a autora enfrenta a difícil tarefa de conciliar algo que parece inconciliável na contemporaneidade: a capacidade da ação política de começar algo inteiramente novo e a necessidade de estabilização do espaço público onde a ação deve acontecer. É na interseção desta insuperável dicotomia que o presente trabalho pretende explorar conceitos fundamentais do pensamento arendtiano, como autoridade, liberdade, ação, poder, entre outros. Com eles tentar-se-á compreender o mergulho que Arendt faz às profundezas do passado para conferir nova dignidade ao campo da política, em um tempo onde os seres humanos cada vez menos assumem responsabilidade pelo mundo e pelas possibilidades que ele encerra.
Capítulo by Raphael T Brigeiro
Lendo Judith Butler, 2021
"Os dez capítulos a seguir – e também a introdução e a entrevista com Butler – parecem provar tal... more "Os dez capítulos a seguir – e também a introdução e a entrevista com Butler – parecem provar tal argumento. Não são “aplicações” da produção teórica de Butler, como se a teoria fosse uma tecnologia ou um programa computacional. Justamente como as apropriações não-francesas de Butler da “teoria francesa” produziram análises únicas de gênero, de performatividade em geral, de precariedade e da política, assim os vários autores neste livro se apropriaram do trabalho de Butler para produzir análises que vão além e de fato estendem seus insights teóricos. Mas a apropriação como tradução e, vice-versa, a tradução como apropriação dependem de alguma forma de ressonância e receptividade. Como testemunhos da ressonância e da recep- tividade locais da teoria de Butler, as apropriações-traduções neste livro certificam que os campos políticos do Brasil ou de qualquer outro lugar do Sul Global são bem mais complexos e contestados do que qualquer codificação dicotômica – universal/particular, colonizador/colonizado, dominador/subordinado – poderia sugerir."
Jimmy Casas Klausen
Lendo Judith Butler, 2021
Este trabalho constitui uma tentativa de começar a sistematizar as contribuições singulares que o... more Este trabalho constitui uma tentativa de começar a sistematizar as contribuições singulares que o pensamento de Judith Butler tem a dar para a discussão acerca das possibilidades de práticas democráticas radicais diante do estágio atual da crise das democracias liberais. Tenho em vista a seguinte pergunta, formulada pela própria autora já na introdução ao livro Notes Toward a Performative Theory of Assembly: “o que significa agir em conjunto quando as condições de ação conjunta estão devastadas ou entrando em colapso?” Tal questão me levará – assim como levou a própria Butler – à Teoria da Ação de Hannah Arendt, e ao agosnismo pluralista de Chantal Mouffe, ambas constituindo, junto com a autora estadunidense, importantes referência em meu próprio projeto de pesquisa. Dessa maneira, a partir das aproximações e afastamentos entre as perspectivas ético-políticas dessas autoras, me defronto no presente capítulo – ainda que de maneira provisória – com a minha versão da pergunta de Butler: o que significa agir em conjunto quando o horizonte de expectativa da ação em comum está devastado ou entrando em colapso?
Drafts by Raphael T Brigeiro
Neste trabalho (rascunho) pretendo promover uma aproximação entre Walter Benjamin e Hannah Arendt... more Neste trabalho (rascunho) pretendo promover uma aproximação entre Walter Benjamin e Hannah Arendt. Tratam-se de dois autores importantíssimos para a as reflexões sobre as catástrofes do século XX e que além de possuírem semelhanças biográficas e terem sido grandes amigos até a morte do primeiro, possuíam interesses temáticos e formas de pensar com enormes confluências. Aqui, explorarei um desses “encontros”: as noções de história de ambos, bem como as relações que cada um deles estabelece entre o recordar histórico e a política, bem como as semelhanças e diferenças entre a forma e substância dessas relações. Ao final do artigo, tentarei sustentar que tais confluências fazem sentido e que se tratam de autores que permanecem relevantes para os debates atuais, mesmo décadas após suas mortes.
Rascunho
Hannah Arendt e Giorgio Agamben são dois pensadores entre os quais há inúmeras possibilidades de ... more Hannah Arendt e Giorgio Agamben são dois pensadores entre os quais há inúmeras possibilidades de interlocução. Agamben foi aluno de Hedegger, assim como Arendt, chegou a trocar uma breve correspondência com ela – correspondência esta em que manifestou o impacto que o contato com A condição humana teve sobre si e solicitando que ela lesse um trabalho que havia escrito a partir disso, atitude que Arendt não reciprocou -, além, é claro, da importância de algumas das teses de esposadas pela autora em Origens do Totalitarismo para o livro Homo Sacer – Vida Nua e Poder Soberano, primeiro volume da série de livros de mesmo nome. Portanto, propor uma comunicação sobre possíveis conexões entre ambos em um evento como este não me parece nada extemporâneo. O objeto específico da minha apresentação, todavia, não é exatamente o mais ortodoxo, ainda que seja caro para os dois: a questão da narração e do testemunho.
Conference Presentations by Raphael T Brigeiro
Xi Ciclo Hannah Arendt, 2018
Hannah Arendt escreveu que no centro da política está a preocupação com o mundo e não com o homem... more Hannah Arendt escreveu que no centro da política está a preocupação com o mundo e não com o homem. A política - este modo particular de ser dos seres humanos, tão raro quanto luminoso – parece, frequentemente, não nos conferir a capacidade adequada para cuidar do mundo e garantir, assim, “uma das condições básicas sob as quais a vida na terra foi dada ao homem”, ou seja a mundanidade. Frequentemente, a solução procurada para este aspecto trágico da obra da autora reside em tomá-la, fundamentalmente, como uma pensadora republicana. Neste trabalho, proponho uma leitura alternativa, que privilegiará um aspecto de seus escritos que tem permanecido mais ou menos negligenciados por seus diversos interpretes: a linguagem teológica ou messiânica que aparece em variados momentos da produção intelectual de Arendt. Assim, buscarei mapear, com ajuda de comentadores como Susannah Young-ah Gottilieb, e interlocutores como Bethania Assy, aquilo que a primeira denominou de “esquema messiânico” no interior do pensamento da autora. Como exemplos que sustentariam tal interpretação podem ser citados seu conceito de natalidade, sua descrição de um mundo humano que é a todo momento acossado pelo risco da ruína, sua recusa diante de perspectivas que pensem a história a partir da lógica de processos, entre outros. A partir da tentativa de uma aproximação, ainda preliminar e ensaística, entre as atitudes quanto ao tempo histórico de Hannah Arendt e de seu amigo Walter Benjamin, proporei que a incorporação da dimensão redentora inscrita da teoria da ação de Arendt é imprescindível para se compreender a potência ainda viva de seu pensamento, que se lança na fé e na esperança de que somos todos, em potencial ao menos, milagres capazes de, como nossos feitos e palavras, salvarmos o mundo da catástrofe sempre eminente.
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Jimmy Casas Klausen
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Jimmy Casas Klausen