Sobre este e-book
Relacionado a O Fio de Ariadne
Ebooks relacionados
Quem É Clarisse? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMetades Volúveis De Mim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia Além Da Escuridão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGame Over Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuem Com Ferro Fere... Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGolden Lies Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVastas emoções e pensamentos imperfeitos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Névoa: A história de um guardião de fantasmas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Sem Pudor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Suicida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHockmah Nota: 0 de 5 estrelas0 notas7 melhores contos - Horror I Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCarolina Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFulano Arte Utópica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO que elas contam? Nota: 0 de 5 estrelas0 notaslembrar para sempre Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConto Cômicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnjo do Ar: Anjos Caídos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEventyr Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Segunda Chance De Thomas Lutter Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma espécie de mulher Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Corpos de Palmas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMinha Doce Guerreira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiário de Uma Extinção - Segundo Contato Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVendida para o Don Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Vida Eterna Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRelatos De Uma Dominadora Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma Noite Em Berlim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos e Desencontros Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ficção Geral para você
Pra Você Que Sente Demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5100 dias depois do fim: A história de um recomeço Nota: 5 de 5 estrelas5/5Para todas as pessoas intensas Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Segundo Cu Nota: 3 de 5 estrelas3/5MEMÓRIAS DO SUBSOLO Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Arte da Guerra Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poesias Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pra você que ainda é romântico Nota: 4 de 5 estrelas4/5Gramática Escolar Da Língua Portuguesa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Para todas as pessoas apaixonantes Nota: 5 de 5 estrelas5/5Invista como Warren Buffett: Regras de ouro para atingir suas metas financeiras Nota: 5 de 5 estrelas5/5Onde não existir reciprocidade, não se demore Nota: 4 de 5 estrelas4/5Noites Brancas Nota: 4 de 5 estrelas4/5A História de Pedro Coelho Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos Sexuais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPrometo falhar Nota: 4 de 5 estrelas4/5Palavras para desatar nós Nota: 4 de 5 estrelas4/5As menores histórias de amor do mundo: e outros absurdos Nota: 4 de 5 estrelas4/5Simpatias De Poder Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quincas Borba Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Morte de Ivan Ilitch Nota: 4 de 5 estrelas4/5Novos contos eróticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Eróticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCanção para ninar menino grande Nota: 3 de 5 estrelas3/5Sidarta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Sabedoria dos Estoicos: Escritos Selecionados de Sêneca Epiteto e Marco Aurélio Nota: 3 de 5 estrelas3/5
Categorias relacionadas
Avaliações de O Fio de Ariadne
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O Fio de Ariadne - THOR RESENDE
chegado.
parte um
capítulo I
Do meu quarto ouvi os passos de meu pai pelo chão de madeira. A minha mente denunciava ao meu corpo que, em poucos segundos, nós de dedos bateriam à minha porta, em repetição a um ritual diário. Eu precisava levantar, sabia disso, mas havia uma força que me prendia à cama e simplesmente resolvi obedecê-la.
— Sara. Sara! Acorde. Já está quase na hora de começar a cerimônia! — ele me chamou gritando.
Meu pai gritou como se eu estivesse a quilômetros de distância dele. Acordar com gritos era uma coisa que me irritava. E muito! Ele sabia disso, eu já tinha falado várias vezes, mas parece que ele insistia em fazê-lo só para ter o gostinho de me ver com uma cara emburrada.
Eu não estava nem um pouco com vontade de levantar. A cama estava me abraçando, pedindo que eu lhe fizesse companhia e, como sou uma pessoa muito boa, não deixaria a pobre coitada jogada em um canto com um edredom extremamente chato, como parecia ser.
— Está na hora de irmos para o lançamento do seu livro! — papai gritou de novo. — É hoje, você lembra? Não pode se atrasar…
Naquele momento eu tive um choque de realidade. Não tinha me tocado que já era tarde e eu havia me deitado para descansar um pouco antes do lançamento, para não estar com cara de cansada. Até aquele momento o meu cérebro e eu achávamos que era só mais um dia de manhã como qualquer outro, mas já era noite!
— Já vou, pai — gritei com muita dificuldade e pouca disposição. — Só mais cinco minutos…
Tudo o que eu queria era que ele parasse de gritar as horas como um relógio cuco. Eu sabia do lançamento, sabia do horário que deveria chegar e eu tinha comigo um relógio, ou seja, não precisava que ele ficasse fazendo aquele escândalo todo na porta do meu quarto!
Eu até entendo que ele queria que fôssemos logo, afinal, era a filha dele que estaria lançando um livro e isso era muito especial. Não que eu não estivesse animada, era a realização de um grande sonho, mas, naquele momento, o sono era um pouco maior que minha animação. Sim! Eu sou estranha. Quando passo por situações de extrema tensão, eu fico com sono em vez de ficar ligada.
O que eu imaginava o tempo todo era um salão imenso, com pouquíssimos gatos pingados ocupando algumas cadeiras da frente, o que me deixaria muito triste, claro. Imaginei que muitos dos poucos que lá estariam ficariam bocejando o tempo todo, talvez como forma de demonstrar o seu desinteresse, e que outros estariam fingindo interesse só para me agradar. E isso é outra coisa que me irrita muito: as pessoas fingirem ser o que não são para agradar!
Eu estava quieta na minha cama quando tive uma sensação de que o Olodum tinha entrado em meu quarto e estava com todos os tambores tocando o mais alto possível ali naquele pequeno cômodo.
Quando voltei a mim, vi que era apenas o papai batendo à porta de novo, avisando que faltavam apenas vinte minutos para o horário marcado para o início da cerimônia de lançamento e eu ainda estava ali, deitada, imersa em um sonho que me enganou direitinho, me fazendo pensar que já estava no salão.
Levantei rápido, corri para o banheiro e tomei o meu banho em tempo recorde. Peguei a roupa que já estava há mais de uma semana preparada para aquela ocasião, a vesti e penteei os cabelos, arrumando-os da melhor maneira e no menor tempo possível. Peguei tudo de que precisava, inclusive a minha coragem para falar em público, e saí correndo pelo portão.
Quando cheguei ao carro, encontrei o papai com uma expressão muito tranquila para quem estava desesperado com o horário. Não entendi direito como ele podia estar tão bem, visto que eu havia atrasado tanto. Dei um beijo nele e me desculpei pelo atraso. Havia algo de estranho. Quando olhei para o relógio do carro, constatei que minhas suspeitas eram verdadeiras. Ainda faltavam trinta minutos, tudo isso depois de eu levantar, tomar banho e me arrumar.
— Mas… Não faltavam vinte minutos? — perguntei, confusa.
— Não. Na verdade, faltavam cinquenta. Fiz isso para você se apressar — ele me respondeu com um sorriso torto, querendo mostrar sua perspicácia.
Eu não podia acreditar naquilo. Céus! Eu poderia ter dormido mais um pouco e, assim, estar mais tranquila e mais bela do que já sou para o lançamento do meu livro. Pensei um pouco e quase pedi que ele desligasse o som para que fizéssemos um minuto de silêncio pela morte do meu sono (e quase a minha morte, depois do susto com aquelas batidas na porta!).
Por um instante pensei que eu estava indo até a Colômbia de carro, tão demorado foi para chegar ao salão. Na verdade, acho que eu estava ansiosa demais. Minha cabeça fervilhava de pensamentos e eu não conseguia conter meus pés, que se movimentavam nervosamente, isso sem falar em minhas unhas e meus dentes, que passaram a ter uma atração impressionante uns pelos outros.
Depois do que pareceram horas, nós chegamos ao local. Achar lugar para estacionar foi um sacrifício, o que aumentou bastante minha ansiedade. Logo que conseguimos parar o carro, eu me olhei no espelho para ver se meus cabelos estavam decentes e concluí que estavam. Ajeitei meu vestido e tomei o rumo da entrada.
Logo que cheguei, encontrei uma silhueta conhecida andando de um lado para o outro. Era Genoveva, a diretora do meu colégio e por quem eu tinha uma afeição muito grande. Mulher de uns 53 anos, já apresentando muitas rugas e cabelos brancos, parecia ser mais velha do que realmente era. Ela era uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci na vida. Desde que entrei no Levi Strauss (o que não tem muito tempo, pois estou no colégio há apenas um ano), ela era a diretora e, muito mais que isso, para mim ela era como uma mãe que eu nunca tive.
— Oi, Sara. Boa noite — ela me cumprimentou. — Tranquila?
— Acho que tranquilidade não é uma palavra que me define bem nesse momento — respondi. — Talvez ansiosa
seja melhor.
— Aí dentro tem uma plateia enorme esperando sua chegada e louca para ler seu livro. É a realização do seu sonho! — ela tentou me animar.
— É isso! É a realização do meu sonho — eu repeti a última frase, passando por um transe nostálgico.
Fiquei algum tempo parada pensando em tudo que havia passado até a chegada daquele grande dia. Saí do transe quando Genoveva se adiantou até mim, me deu um abraço forte, quase unindo os meus ombros, e me desejou sorte. Ou melhor, me desejou sucesso.
— Sara, não vou te desejar boa sorte, pois para quem é competente naquilo que faz desejamos sucesso. Boa sorte é para quem precisa dela. Para você eu desejo sucesso, pois você tem talento. Estou muito orgulhosa de você, minha querida!
Tenho certeza de que nesse momento minhas bochechas ficaram, no mínimo, rosadas, isso se não tiverem ficado extremamente vermelhas como duas maçãs. O máximo que eu consegui foi agradecer timidamente e, logo depois, vê-la partir para dentro do salão.
Confesso que por algum tempo eu relutei em entrar. Um filme começou a passar em minha mente. Pensei em várias fases da minha vida. Primeiro, eu me imaginei criança, brincando com minhas bonecas; depois, minha adolescência extremamente conflituosa pelo fato de não ter uma mãe; e agora, no início da minha fase adulta (se é que já estou em início de fase adulta), o lançamento do meu livro, um sonho que eu tinha desde os onze anos de idade.
Junto com isso, pensei em todas as fases de produção do meu livro. Foram dias e dias que eu sentava para escrever. Às vezes escrevia capítulos, às vezes escrevia linhas e, com um trabalho de formiguinha, fui construindo meu primeiro livro. Agora me sinto extremamente orgulhosa de mim por estar prestes a entrar em um salão onde acontecerá o lançamento desse meu trabalho.
Quando, enfim, encontrei coragem para entrar, fui surpreendida. Contrariando meus devaneios pessimistas, muitas pessoas foram ao lançamento. Olhei com cuidado toda a extensão do salão e isso fez com que eu encontrasse muitas carinhas conhecidas. Vi minhas amigas de infância, minhas amigas do colégio, a professora Patrícia, que foi uma grande incentivadora, a Genoveva, que já havia se acomodado, pais de alguns amigos meus com quem eu tinha uma ótima relação e, lá na frente, sentado na primeira fileira, o meu grande herói, o meu amor maior, a minha razão de viver: meu pai.
O coração começou a bater mais forte e eu o sentia na minha garganta. Com cuidado, fui andando passo a passo, observando cada canto daquele salão e, à medida que andava, retribuía sorrisos e acenos de pessoas extremamente queridas que estavam ali para me prestigiar.
O meu transe pessoal foi cortado por uma moça do cerimonial que indicou o lugar para que eu sentasse.
— Senhorita Sara Máximo, reservamos um lugar para você. Por favor, me acompanhe.
Uhul! Me senti uma estrela de Hollywood nesse momento! Quando é que eu iria imaginar que um dia na vida eu teria um lugar reservado
? É claro que imediatamente eu acompanhei a moça.
Logo que cheguei, vi que meu lugar reservado
ficava ao lado de papai e, à medida que ia me aproximando, o sorriso orgulhoso dele aumentava de tamanho. Do meu lado direito estava Valentina Valente, editora que tinha apostado nas minhas habilidades como escritora.
Sentei-me e olhei para trás para ver se reconhecia mais alguém. Ainda estava virada, olhando, quando ouvi algumas batidinhas no microfone; quando me voltei para a frente, acabei tomando um enorme susto. No púlpito estava o homem mais lindo que eu já vi na face da terra! Ele tinha mais ou menos vinte anos, vestia um smoking extremamente lindo, acompanhado de uma gravata borboleta que combinava com seus cabelos pretos, o que fazia um contraste enorme com sua pele branca como a neve (mas não tinha sete anões ao lado dele!). Talvez não fosse o mais lindo de todos; afinal de contas, no mundo inteiro temos o Caio Castro, o David Beckham, o Cauã Reymond e vários outros, mas ele tinha o que eu achava mais fofo em um homem: a carinha de bebê, sendo que os cabelos cacheados contribuíam muito para essa impressão.
Tive um pouco de dificuldade, mas consegui me concentrar no que ele estava dizendo e não apenas em sua beleza. Primeiro ele falou um pouco sobre a minha vida, depois chamou meu pai para falar um pouco sobre mim. Ele disse todos aqueles clichês que um pai diz para uma filha, mas, além disso, ele disse que era para ele o maior orgulho do mundo ter uma filha escritora, fazendo com que nós dois ficássemos emocionados e tendo que terminar precocemente seu discurso.
Depois foi o momento de ouvir as palavras de Genoveva, que, com seu tom maternal de sempre, me dirigiu palavras extremamente encorajadoras e de desejo de sucesso, como uma mãe faria para uma filha. Esse momento me tocou tanto quanto as palavras de meu pai.
Logo após foi a vez da professora Patrícia, minha grande incentivadora e minha primeira leitora. Ela foi extremamente carinhosa e disse que eu sempre fui uma aluna muito dedicada e que escrevia muito bem (o que é verdade, diga-se de passagem). No fim de seu discurso, ela fez uma pausa e anunciou o que chamou de grande surpresa da noite
.
— Eu sempre soube que Sara tem a escritora Melina Barros como sua grande influência na literatura — ela anunciou. — Então, como eu tenho uma relação de amizade com Melina, resolvi convidá-la para o lançamento de seu livro, Sara. — Ela se virou para mim com um olhar fraterno. — Melina, por favor!
NÃO! NÃO! Eu não podia acreditar naquilo que tinha ouvido. Não, de jeito nenhum. Ela havia se enganado. Como assim? Como podia? Ela nunca perderia seu tempo indo lá. Está vendo? Ela nem apareceu. É um blefe deles, eu pensei. Não podia ser! Só acreditei quando ela se levantou. Ela estava lá! Meu Deus! Era inacreditável…
Melina Barros é simplesmente a escritora mais top que eu já conheci na minha vida! E ela estava lá, no lançamento do meu livro (eu pensei que ia morrer. Juro!).
Foi difícil me segurar na cadeira. A minha vontade era de correr até ela, abraçá-la e pedir um autógrafo, claro. Mas pensei melhor e vi que não seria muito adequado ter uma crise de tiete no meio da cerimônia de lançamento do meu livro. Então, apesar da dificuldade, consegui me manter quieta onde eu estava.
Ela se levantou e foi até o palco com a sua elegância muito característica, tendo sido evidenciada pelo salto quinze que usava. Pelos deuses do Olimpo! Aquele foi um dos momentos mais incríveis da minha vida.
De uma forma muito peculiar e elegante, ela tirou os óculos do decote da blusa e leu um trecho do meu livro, que, por coincidência, era uma das partes que eu mais amava também.
— Acredito que a esperança e a perseverança são as qualidades mais importantes do ser humano, pois a primeira sonha enquanto a segunda realiza, e esse conjunto nos mantém de pé
.
Logo depois, ela tirou os óculos do rosto e levantou a cabeça em direção à plateia. Percebi que demorou um tempo para ela me localizar, mas, depois que o fez, manteve os olhos fixos em mim, o que me deixou extremamente lisonjeada.
— Acho esse trecho do livro extremamente acertado, principalmente pelo fato de se adequar à minha história como escritora — Melina afirmou. — Eu sempre sonhei muito em seguir essa carreira e, a despeito de todas as dificuldades que me foram impostas, perseverei e alcancei o meu sonho.
Como ela é modesta, pensei. Ela é uma escritora sensacional!
— Em pouco tempo, Sara será uma escritora reconhecida no Brasil, eu acredito. Seu livro, Na ponta do salto, tem tudo para ser um best-seller Sara, fico muito honrada em estar aqui hoje! Parabéns.
Dei um sorriso e assenti com a cabeça, tentando manter a pose de uma mulher civilizada, que eu precisava fingir ser; mas a minha vontade era de sair correndo e ir até ela. Gente! Ela disse que ficou honrada! E ela leu meu livro… Pela segunda vez em uma só noite, eu me senti uma estrela de Hollywood
— Agora chamo a estrela da noite, a escritora Sara Máximo Prado, para falar sobre seu livro — anunciou o gato do