Alzheimer: A doença e seus cuidados
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Alzheimer - Alessandro Ferrari Jacinto
acima.
[13] 1
Um cenário cada vez mais comum
Percebi que algo não ia bem quando a Amália¹ tinha 75 anos. À noite, senti um cheiro de frutas no quarto. Achei estranho. Procurei, procurei. Em vez de guardar na geladeira, ela tinha colocado embaixo da cama várias frutas! Perguntei e minha mulher simplesmente falou que ali era mais fresquinho. Outra vez encontrei 70 maçãs na cozinha. Uma vizinha contou-me que naquele dia ela tinha ido à feira cinco ou seis vezes. Ah, achei bonito
, disse ela. (Olavo, 93 anos, eletricista aposentado, marido de Amália)
[14] Os sintomas começaram aos 78 anos. Meu marido tinha um Passat, colocou placa de vende-se. Uma pessoa se disse interessada, pediu para ir ao banco buscar o dinheiro com o carro e o Fernando deixou. Perguntei: Cadê o carro?
. E ele foi levando: O cara é bom, vai voltar
. Não voltou, claro. Estranhamos porque meu marido era acostumado a negociar várias coisas, até gado. Como foi entregar o carro? (Laura, 84 anos, dona de casa, esposa de Fernando)
Um dia, minha mãe se viu no espelho da suíte com os cabelos soltos e perguntou: Quem é?
Você
, respondi. Não, eu tenho 45 anos e essa aí é velha, é a minha mãe
. Veja só, ela estava com mais de 90 anos e se recordava dela mais moça. Também comia e não se lembrava. Chegou a falar sobre isso várias vezes. Você não sabe, faz dois dias que ninguém me dá nada pra comer
. (Lígia, 72 anos, dona de casa, filha de Lívia)
As histórias de Amália, Fernando e Lívia são apenas alguns exemplos reais do dia a dia de quem sofre os graves danos da demência da doença de Alzheimer. E há milhões de casos iguais a esses no mundo. Um número que não para de crescer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Alzheimer’s Disease International (ADI), no mundo, existem cerca de 47,5 milhões de pessoas com demência em geral. Número que deve chegar a 75,6 milhões em 2030 [15] e a 135,5 milhões em 2050. Em 2015, o custo global das demências foi estimado em 818 bilhões de dólares pela ADI.
A doença de Alzheimer (DA) é a causa mais comum de demência, responsável por cerca de 65% do total dos casos. Ainda não há cura para ela, mas existe tratamento para retardar seu avanço. De acordo com pesquisas, a doença afeta 13% das pessoas com mais de 65 anos e atinge 45% da faixa etária acima de 85 anos. Depois da demência do Alzheimer, as mais frequentes são a vascular, a com corpos de Lewy e a frontotemporal. E há muitas outras de menor incidência.
Caducou? Esclerosou?
"Com voz chorosa, minha bisavó italiana garantiu que passava fome. E sempre. Falou isso bem num dia de festa, com a família inteira reunida. Deixou todo mundo – filhos, netos, bisnetos – de boca aberta. Como assim? Tinha 85 anos e morava com a filha, [16] cozinheira de mão cheia. Minha avó ficou desolada. Jamais faria isso com a mãe, conta Clara, 66 anos, advogada. Era o fim dos anos 1950 e a família tratou logo de consolá-la:
A nonna Rosa come e esquece, isso é coisa de velho, ela está caducando, melhor se acostumar". Continuou se queixando de falta de comida, muitas e muitas vezes, diante de incrédulas testemunhas. E se esqueceu de outras coisas, como recados, nomes, lugares, receitas... Até morrer, aos 89 anos, em 1962.
Os segredos da cozinha também foram escapando da memória da avó, que o jornalista, escritor e autor de novelas Walcyr Carrasco descreveu na crônica Bolinhos de chuva, de 2007. Ele conta a história da avó espanhola, que fazia maravilhosos quitutes, como o tal bolinho do título. Conforme foi envelhecendo, porém, resolveram que ela deveria passar um período com cada filho. Mas, com a casa reduzida a uma mala, ela decaiu rapidamente
, conta no texto. Como sempre, um dia Walcyr pediu para ela fazer o pudim de queijo, seu preferido. Mas ela não acertou a receita. A mãe explicou, então, longe das vistas da avó: O que ela fez desandou. Eu fiz outro escondido para ela pensar que tinha acertado
. Sofri. Minha avó não conseguia mais fazer pudim! Nem bolinhos de chuva! Seu estado se alterou. Foi preciso levá-la para uma casa de saúde
, contou o escritor na crônica.
Apesar das falhas na memória, Walcyr explicou (por e-mail) que não sabe se a avó tinha Alzheimer. [17] Ela nunca foi diagnosticada
, admitiu. A nonna de Clara também não. Durante muito tempo, costumava-se dizer que a pessoa estava caduca e perder a memória ou ficar confuso com as tarefas corriqueiras era comum na velhice. Mas os estudos mostram que não é bem assim.
Um esquecimento ou outro pode acontecer com qualquer um, independentemente da idade. Esquecer chaves e guarda-chuvas é exemplo clássico disso, recados não dados e contas não pagas também. Vivemos tempos de muita informação e esquecimentos podem acontecer com o avanço da idade ou em quadros de estresse e depressão, por exemplo. Não se pode generalizar e garantir que toda alteração de memória é causada pelo Alzheimer.
Mas é preciso ficar atento: até que ponto esse lapso interfere no dia a dia, prejudica as tarefas cotidianas, oferece riscos? A pessoa esquece algumas coisas, mas faz tudo sozinha? Sai, dirige, pega metrô ou ônibus, faz contas, cozinha normalmente e nada mudou? Não há demência da doença de Alzheimer (esse termo é usado desde 2011) sem alteração da funcionalidade.
[18]
Execução comprometida
Há vários domínios cognitivos e a memória é apenas um deles. Às vezes, e mais raramente no caso do Alzheimer, não é a memória a afetada no início da doença, mas a função executiva. Por exemplo, uma dona de casa que sempre preparou aquele bolo sem receita começa a ter dificuldade para fazê-lo, atrapalha-se e não consegue se organizar. Não há falhas de motricidade, como um problema no braço, por exemplo. É a execução que se mostra comprometida.
Foi o que aconteceu com Sueli, de 81 anos. Era uma costureira experiente, fazia até vestido de noiva, há seis anos. Mas aí teve de parar: não sabia mais nem colocar linha na agulha da máquina
, explica seu filho único, Victor, 60 anos, operador de empilhadeira. "Começou a fazer almoço às 8 da manhã, guardar as coisas fora de lugar. Eu pensava que era depressão. Demorei dois ou três anos para levá-la ao médico. Foi uma conhecida, que já tinha trabalhado para uma pessoa com Alzheimer, que desconfiou que minha mãe estava com a mesma doença,