Paulo Freire: Uma Arqueologia Bibliográfica
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Sobre este e-book
A expressão "Arqueologia bibliográfica" pretende remeter à compreensão que o próprio Paulo Freire tinha da consciência, respectivamente da conscientização, como uma construção histórica composta por complexas tramas que se relacionam de muitas formas, ora se contrapondo, ora se complementando ou confirmando, todas elas compondo um estar-no-mundo único. O livro apresenta instrumentos que auxiliam a encontrar peças e rastros deixados nas páginas por esse nosso grande educador, que inspirem olhares mais profundos e mais largos sobre a educação em nosso tempo. Com as informações sobre a bibliografia referida neste livro, cada leitor e cada leitora poderá compor com mais propriedade a sua própria narrativa sobre Paulo Freire e sua obra.
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Pré-visualização do livro
Paulo Freire - Sandro de Castro Pitano
Freire
VERBETES
A
Adam Schaff 33
Adão José Cardoso 34
Aderbal de Araújo Jurema 34
Admardo Serafim de Oliveira 34
Adolfo Sanchez Vasquez 35
Adriano Salmar Nogueira e Taveira 35
África 36
Agnes Heller 37
Alan R. Lacey 38
Albert Einstein 38
Albert Memmi 39
Alberto Guerreiro Ramos 41
Alberto Heiniger 42
Alda Neves da Graça do Espírito Santo 42
Aldous Huxley 43
Alexander Romanovich Luria 44
Alexis-Charles-Henri Clérel de Tocqueville 44
Alfred De Musset 45
Alfred North Whitehead 46
Alfred Willener 47
Alfredo Bosi 47
Almeida Júnior 47
Almino Monteiro Álvares Affonso 48
Almir Pazzianotto Pinto 48
Aluízio Pessoa de Araújo 48
Álvaro Alves de Faria 49
Álvaro Borges Vieira Pinto 49
Alvaro Manriquez 52
Amadeu Thiago de Mello 52
Amílcar Cabral 53
Ana Mae Barbosa 55
Ana Maria Araújo Freire (Nita) 55
Ana Maria Saul 57
Ana Teberosky 58
Anacleto de Oliveira Faria 58
André João Antonil 58
André Malraux 59
André Nicolai 60
Ângela Antunes Ciseski 60
Ângelo Broccoli 61
Angicos 62
Anísio Spínola Teixeira 63
Ann Berthoff 64
Anoréa Pellegrini Marques 64
Anton Semyonovich Makarenko 64
Antônio Calado 65
Antonio Candido de Mello e Souza 65
Antônio Carneiro Leão 67
Antônio Chizzotti 67
Antônio Cícero de Souza 68
Antonio Faúndez 68
Antonio Gramsci 69
Antônio Joaquim Severino 71
Antonio Lucio Vivaldi 71
Ariano Suassuna 71
Aristides Lobo 72
Aristides Pereira 72
Aristóteles 73
Armin Gruen 74
Arnold Toynbee 74
Ashley Montagu 75
Auguste Comte 75
Auguste François César Prouvensal de Saint-Hilaire 75
Augusto Pinochet 77
Augusto Pinto Boal 77
Augusto Salazar Bondy 78
Aurenice Cardoso 78
B
Balduino Antonio Andreola 79
Beatriz Muniz de Souza 79
Behaviorismo 80
Bernardo Mançano Fernandes 81
Boaventura de Sousa Santos 81
Bogdan Suchodolski 82
Boris Bezema 82
Boris Leonidovitch Pasternak 83
Bronislaw Malinowski 83
Burrhus Frederic Skinner 84
C
Caio Prado Júnior 86
Camilo Torres Restrepo 86
Candido Antonio Mendes de Almeida 88
Carl Gustav Jung 89
Carlos Alberto Torres 89
Carlos Alfredo Arguello 90
Carlos Castaneda 90
Carlos Dias 91
Carlos Drummond de Andrade 91
Carlos Frederico Maciel 91
Carlos Quijano 92
Carlos Rodrigues Brandão 92
Carlos Scliar 93
Carlos Tünnermann Bernheim 93
Carmen Hunter 93
Catherine Walsh 94
Cecília Brandão 95
Cèlestin Freinet 95
Celso Furtado 96
Celso Ruy Beisiegel 97
Charles Bally 98
Charles Spencer Chaplin 98
Charles Wright Mills 99
Chefe
Xavante 100
Chen Yong-Kuei 100
Chiapas 101
Chico Anysio 101
Chico Terra 102
Christian Lalive D’épinay 102
Cid Feijó Sampaio 102
Claude Lévi-Strauss 102
Claudius Ceccon 103
Clodomir Santos de Moraes 103
Clodomir Vianna Moog 103
Conselho de Educação de Adultos da América Latina (CEAAL) 104
Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) 104
Conselho Mundial de Igrejas (CMI) 105
Constance Kazuko Kamii 106
Costa Pinto 106
D
Daniel Matenho Cabixi 107
Darcy Ribeiro 107
Dario Salas 108
David Crystal 108
Debora Mazza 109
Décio Freitas 109
Dermeval Saviani 109
Deus 110
Djacir Lima Menezes 112
Dom Franic Split 112
Dom Hélder Pessoa Câmara 112
Dom José Vicente Távora 113
Dom Pedro Casaldáliga 114
Donald Askins 114
Donaldo Macedo 114
E
E. L. Berlink 116
E. S. Johnson 116
Edmund Husserl 116
Edna Castro de Oliveira 117
Eduardo Chivambo Mondlane 118
Eduardo Frei Montalva 118
Eduardo José Gregorio Nicol I Franciscá 119
Eduardo Sebastiani Ferreira 119
Edward Olsen 120
Eliane Marta Santos Teixeira Lopes 121
Elza Freire 121
Emanuel Kadt 125
Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi 125
Emílio Garrastazu Médici 127
Emmanuel Mounier 127
Enrique Pichon Rivière 129
Eric John Ernest Hobsbawm 129
Erica Sherover-Marcuse 130
Erich Kahler 130
Erich Seligmann Fromm 131
Ernani Maria Fiori 132
Ernesto Carneiro Ribeiro 134
Ernesto Gutierrez 134
Ernesto Oliveira Júnior 134
Ernesto Rafael Che
Guevara de La Serna 135
Ernst Lang 136
Escola Nova 138
Esther Pillar Grossi 139
Eugene Ionesco 140
Eunice Vasconcelos 140
Exílio (Bolívia, Chile, Estados Unidos da América, Suíça) 141
Ezequiel Theodoro da Silva 144
F
Faria Goes 146
Ferdinand de Saussure 146
Fernando Cardenal Martinez 147
Fernando Collor de Mello 148
Fernando de Azevedo 148
Fernando Dénis 150
Fernando Gasparian 150
Fernando Henrique Cardoso 150
Ferreira Gullar 151
Fidel Alejandro Castro Ruz 151
Florestan Fernandes 152
Francisco Chico
Whitaker Ferreira 153
Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand 153
Francisco José de Oliveira Viana 154
Francisco Julião 154
Francisco Weffort 156
François Jacob 157
François Maurice Adrien Marie Mitterrand 158
Frantz Omar Fanon 158
Frei Betto 162
Frei Carlos Mesters 162
Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) 163
Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) 163
Fundação Wilson Pinheiro 164
G
Gabriel Bode 165
Gabriel Marcel 165
Gajo Petrović 167
Galdino Jesus dos Santos 167
Gaston Bachelard 167
Gelson 169
Georg Lukács 170
Georg Wilhelm Friedrich Hegel 171
Georges Snyders 172
Geraldo Bastos Silva 174
Germano de Vasconcelos Coelho 174
Germano Guzman 175
Getúlio Vargas 175
Gianfrancesco Guarnieri 175
Gilberto de Mello Freyre 176
Giuseppe Lombardo Radice 179
Golpe Civil-Militar de 1964 179
Graciliano Ramos de Oliveira 180
Guiomar Namo de Mello 181
Gumercindo de Sousa Milhomem Neto 181
Gustavo Gutiérrez Merino 181
H
H. P. Lee 183
Hannah Arendt 183
Hans Freyer 184
Harry Braverman 184
Heitor Villa-Lobos 185
Helen Mathews Lewis 185
Hélio Jaguaribe Gomes de Mattos 185
Heloíza Bezerra 186
Henri Bergson 186
Henrich Dauber 186
Henrique Cláudio de Lima Vaz 187
Henry Giroux 187
Herbert José de Souza 187
Herbert Marcuse 188
Herbert Read 188
Hermano de Deus Nobre Alves 189
Highlander (Research and Education Center) 189
Hugo Assmann 190
Humberto Maturana 191
I
Igreja Católica 193
Ina Von Binzer 194
Instituto Cajamar 194
Instituto de Ação Cultural (Idac) 195
Instituto de Capacitação e Investigação Em Reforma Agrária (Icira) 196
Instituto Paulo Freire (IPF) 197
Instituto Superior De Estudos Brasileiros (Iseb) 197
Ira Shor 198
Iracy Ornellas 199
Iranxe 199
Irmã Beth Amarante 200
István MészÁRos 200
Ivan Illich 200
J
Jacques Chonchol Chait 203
Jacques Maritain 203
James Hal Cone 204
Jânio da Silva Quadros 204
Jarbas Maciel 204
Jean William Fritz Piaget 205
Jean Ziegler 206
Jean-Paul Sartre 207
Jean-Yves Calvez 208
Jerome Levinson 208
Jesus Belo Galvão 209
Jesus Cristo 209
João Belchior Marques Goulart 211
João Cabral de Melo Neto 212
João Francisco de Souza 212
João Frederico C. A. Meyer 213
João Guimarães Rosa 213
João Mauricio Rugendas 214
João Xxiii (Papa) 215
Joaquim Costa 216
Joaquim Maria Machado de Assis 216
Joaquim Nabuco 217
John Belloff 217
John Dewey 217
John Gerassi 218
John Locke 219
John Luccock 219
John Macdermott 220
Jomard Muniz de Brito 220
Jonathan Kozol 221
Jorge Ampa 222
Jorge Cláudio Noel Ribeiro Júnior 222
Jorge Leal Amado de Faria 222
Jorge Monteiro de Melo 223
José Arthur Rios 223
José Carlos Mariátegui 223
José Lins do Rego 224
José Luís Fiori 225
José Maria de Eça de Queiroz 225
José Maria Nunes Pereira 226
José Ortega y Gasset 226
José Pessoa 227
Josef Schuber 227
Josef Stalin 227
Joseph Albert Lauwerys 228
Joseph Fitzpatrick 228
Joseph Moermann 228
Jost Trier 228
Juan Mantovani 229
Judy Goleman 229
Jules Regis Debray 229
Júlio de Carvalho 229
Júlio Furquim Sambaquy 230
Julius Nyerere 230
Jürgen Habermas 231
Jürgen Moltmann 232
K
Kampa 234
Karel Kosik 234
Karl Gunnar Myrdal 235
Karl Jaspers 236
Karl Mannheim 237
Karl Marx e Friedrich Engels 240
Karl Popper 245
Karl Vossler 246
Kimiko Nakamo 246
Koch-Grümberg 246
L
Ladislau Dowbor 247
Leonardo Boff 248
Lev Semenovitch Vigotski 248
Linda Johnson 250
Louis Althusser 250
Louis-Jean Calvet 251
Lucien Goldmann 252
Lúcio Lara 253
Luis Cabral 253
Luis Eduardo Wanderley 254
Luis Motta 254
Luís Pedro Alejandro Recaséns Siches 255
Luiz Inácio Lula da Silva 255
Luiza Erundina de Sousa 255
Luiza Teotônio Pereira 256
Lutgardes Costa Freire 256
M
Madalena Freire Weffort 257
Magda Becker Soares 258
Malcon X 259
Manning Marable 259
Manuel Bergström Lourenço Filho 259
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho 261
Manuel Iribarne 261
Manuel Pinto da Costa 261
Mao Tsé-Tung 261
Marcela Gajardo 263
Márcio D’olne Campos 264
Márcio Moreira Alves 264
Marcos Arruda 265
Marcos José de Castro Guerra 266
Margarete May Berkenbrock Rosito 266
Maria Amorim 266
Maria Cristina Freire Heiniger 267
Maria de Fátima Freire Dowbor 267
Maria Edy Ferreira 267
Maria Eliana Novaes 268
Maria Eliete Santiago 268
Maria Tecla Artemisia Montessori 268
Maria Teresa Nidelcoff 269
Marilena Chauí 269
Marilyn Frankenstein 269
Mário Cabral 270
Mário Covas 270
Mario Reis 271
Mário Sérgio Cortella 271
Marisa Lajolo 271
Marta Suplicy 272
Martin Buber 272
Martin Carnoy 274
Martin Luther King 274
Maurice Merleau-Ponty 275
Mauricio Amílcar López 276
Maurício Tragtenberg 277
Max Weber 278
Mere Abramowicz 278
Merril D. Ewert 279
Michel Foucault 279
Michael Huberman 280
Michael Löwy 280
Michael Maccoby 280
Michael Whitman Apple 280
Michel de Nostredame 281
Michel Thiollent 281
Miguel Arraes de Alencar 282
Miguel Arroy 282
Miguel Darcy de Oliveira 282
Miguel de Unamuno y Jugo 284
Miguel Sobrado 284
Mikel Dufrenne 285
Milton Santos 285
Moacir Gadotti 285
Moacyr de Góes 287
Monsenhor Mendez Arceo 287
Morris Langlo West 287
Mouzar Benedito da Silva 287
Movimento de Alfabetização de Adultos (Mova-Sp) 288
Movimento de Cultura Popular (Mcp) 288
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (Mlstp) 289
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (Mst) 290
Movimento Popular de Libertação de Angola (Mpla) 291
Mulheres 291
Musiuoa Gerard Patrick Lekota 294
N
Neal Bruss 296
Neil Postman 296
Nelson Werneck Sodré 298
Nereide Saviani 298
Nicola Abbagnano 298
Noam Chomsky 298
Noelle Bisseret 299
O
Octavio Paz 300
Odilon Ribeiro Coutinho 300
Oduvaldo Vianna Filho 300
Olívio Tavares de Araújo 301
Orlando Fals Borda 301
Orlando Nunes Soto 302
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): 302
Oscar Jara Holliday 303
Oscar Niemeyer 304
Osmar Fávero 304
Osmarino Amâncio 305
Oswald de Andrade 305
Otávio Ianni 306
P
Pablo Neruda 307
Padre Antônio Vieira 307
Padre Chenu 308
Padre José de Anchieta 309
Padre Manuel da Nóbrega 310
Pai e Mãe – Joaquim Temístocles e Edeltrudes Neves Freire 310
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (Paigc) 311
Partido Comunista Brasileiro (PCB) 311
Partido Dos Trabalhadores (PT) 312
Partido Socialista Brasileiro (PSB) 313
Patrício Lopes 314
Paul Legrand 314
Paul Shorey 314
Paul T. K. Lin 314
Paulo (Apóstolo) 315
Paulo Cavalcanti 315
Paulo da Silveira Rosas 315
Paulo de Almeida Campos 316
Paulo de Tarso Santos 316
Paulo Frederico Maciel 317
Paulo Rangel Moreira 317
Paulo Roberto Padilha 317
Pelópidas Silveira 318
Peter Angeles 318
Peter Ferdinand Drucker 318
Peter Mclaren 319
Peter Park 320
Philip H. Coombs 320
Pierre Félix Bourdieu 320
Pierre Furter 320
Pierre Guiraud 321
Platão 321
Plínio Soares de Arruda Sampaio 322
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) 322
R
Regina Leite Garcia 324
Reinhold Niebuhr 324
Ricardo Moura 326
Richard Livingstone 326
Richard Shaull 326
Robert Fox 327
Robert King Merton 327
Roberto Moreira 327
Roberto Tato
Iglesias 329
Roland Cavalcanti de Albuquerque Corbisier 329
Ronald Wilson Reagan 329
Rosa Luxemburgo 330
Rosa Maria Torres 330
Rosiska Darcy de Oliveira 331
Rubem Azevedo Alves 332
Rui Barbosa 333
Rui Britto Álvares Affonso 334
S
Salvador Allende 335
Samir Amim 335
Samora Moisés Machel 336
São Gregório de Nissa 336
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (Sme-Sp) 337
Sérgio Guimarães 337
Serviço Social da Indústria (Sesi) 338
Seymour Martin Lipset 340
Seymour Papert 340
Sigmund Freud 342
Sílvia Maria Manfredi 343
Simone de Beauvoir 344
Simone Weill 344
Sócrates 345
Sonia Couto 346
Stanley Aronowitz 346
Suraia Jamal Batista 347
Susanne Mebes 347
Suzie Hartmann Lontra 347
T
Teilhard de Chardin 348
Temístocles Freire 349
Thomas Hopkins 349
Thomas H. Groome 349
Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) 349
Tristão de Ataíde 349
U
Universidade de Campinas (Unicamp) 351
Universidade de São Paulo (Usp) 351
V
Veloso Van Hoeven Ferreira 352
Venício Artur de Lima 352
Vera Barreto 352
Victor Vincent Valla 352
Vitalino Pereira dos Santos 353
Vitor Hugo 353
Vivian Schelling 353
Vladimir Ilitch Ulyanov (Lenin) 353
W
Werner Simpfendörfer 355
Wilbur Marshall Urban 355
Wilhelm Reich 355
William James Durant 355
William Johnson Sollas 356
William S. Gray 356
Willy Johann Timmer 356
Z
Zacarias de Góis e Vasconcelos 357
Zaquie Jamal 357
Zé Celso Martinez Corrêa 357
Zevedei Barbu 357
A
ADAM SCHAFF (1913-2006)
Alípio Casali
Filósofo polonês nascido na Ucrânia, autor do clássico História e Verdade (1971), obra que influenciou notavelmente a geração de estudiosos do marxismo nos anos 1970 e 1980. Adam Schaff estudou na École des Sciences Politiques et Économiques de Paris e doutorou-se em Filosofia na Universidade de Moscou em 1945. Em Varsóvia, foi membro do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores e da Academia Polonesa de Ciências e Diretor do Instituto de Filosofia e Sociologia. Foi membro do prestigioso Clube de Roma, que pautou o tema dos limites do crescimento
em 1972. Seu marxismo é referenciado pela fenomenologia e o existencialismo e o conjunto de sua obra, de teor humanista, enfatiza as relações do conhecimento com o contexto social. Adam Schaff é citado por Freire no Capítulo III de Extensão ou comunicação? Nessa passagem, Freire está buscando explicitar os fundamentos de sua posição, derivada de Eduardo Nicol: a da relação dialógica como constitutiva do conhecimento (p. 66). Considerando a educação como essencialmente comunicação
e diálogo
(p. 69), Freire explora ali os fundamentos dos atos comunicativos, a partir de Adam Schaff em seu livro Introdução à Semântica (1962). Freire toma a trilha de Urban, citado por Schaff, para afirmar que a comunicação verbal implica a indissociabilidade entre pensamento-linguagem-contexto. Posta nesses termos, insiste Freire, a comunicação educativa é ação de um humanismo que, num processo de reforma agrária, deve inspirar e fundar a relação pedagógica entre os técnicos e os camponeses.
Referências
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971.
SCHAFF, Adam. Introdução à Semântica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
ADÃO JOSÉ CARDOSO (1951-1997)
Gepeg - UFPel¹
Foi um biólogo e professor da Unicamp, que sempre se destacou como um interessado no ensino, tanto de graduação como do ensino básico. É agradecido por Paulo Freire na introdução do livro Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido e citado durante a obra Professora sim, tia não quando Freire conta sobre uma visita que Adão Cardoso havia feito a Amazônia e sua conversa científica com um índio que entrevistara durante uma pescaria.
ADERBAL DE ARAÚJO JUREMA (1912-1986)
Gepeg - UFPel
Nascido na Paraíba, mas com maior atuação em Pernambuco, formou-se advogado pela Faculdade de Direito do Recife, e posteriormente ali, tornou-se professor. Foi também um político brasileiro via PSD (Partido Social Democrático), e, em seguida, outros partidos, elegendo-se duas vezes deputado federal. É referido na obra Educação e atualidade brasileira, quando Freire fala a respeito da descentralização do poder político citando seu escrito Problemas de política objetiva: Caminhos de Planificação.
ADMARDO SERAFIM DE OLIVEIRA (?-1995)
Gepeg - UFPel
Doutor em Filosofia pela University of Ottawa, Canadá, estudioso do pensamento de Paulo Freire, foi professor da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes. Freire dedica à memória de Admardo Serafim de Oliveira, falecido em 1995, a obra Pedagogia da autonomia, cujo prefácio é escrito por Edna Castro de Oliveira, sua esposa.
ADOLFO SANCHEZ VASQUEZ (1915-2011)
Fernanda dos Santos Paulo
Filósofo espanhol que estudou Filosofia na Universidade de Madri e foi radicado no México. Marxista, faz-se presente na concepção de educação de Paulo Freire, sobretudo na nona carta intitulada como: Contexto concreto – contexto teórico, que está no livro Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1993). Esse autor colabora na construção da formulação do entendimento da ciência enquanto prática a serviço da transformação social. Ou seja, a ciência construída na relação dialética entre prática e teoria, opondo-se à ciência que se distancia das necessidades práticas. Por isso, os temas-problemas a serem estudados, pesquisados e refletidos não podem estar separados de uma ação dialógica que visa à práxis libertadora (FREIRE, 1992). Vasquez é, portanto, uma das influências de Paulo Freire no tocante a compreensão do conhecimento enquanto práxis.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d´Água, 1993.
ADRIANO SALMAR NOGUEIRA E TAVEIRA
Fernanda dos Santos Paulo
Jornalista pela PUC de Campinas (1974) e professor da Universidade Estadual de Campinas. Cursou o mestrado em Filosofia/História da Educação na Unicamp (1985) e doutorado em Educação pela PUC-SP (1992). O compromisso político com a educação popular de Adriano Nogueira é exposto no livro publicado com Freire o livro: Que fazer: teoria e prática em educação popular (1989). Nessa obra, eles discutem, principalmente, o conceito de educação popular e movimentos populares, trazendo o debate da mudança e transformação social. Em Pedagogia da esperança, Paulo Freire tece agradecimentos a Adriano Nogueira pelo estímulo recebido desde o projeto até a produção do livro.
ÁFRICA
Maria de Fátima de Lima das Chagas
Continente de grande diversidade cultural, social e política, a África vivia nas décadas de 1970-1980 lutas revolucionárias em busca da independência política e do poder colonial. No período de exílio, Freire esteve em vários países da América Latina e da África, que viviam desafios sociais, políticos, educacionais e econômicos, próprios do período colonial e pós-colonial. A semelhança que sentia entre o território, a cultura, as pessoas e o seu país de origem fazia Paulo Freire se sentir em casa. Na África, ante a um índice maior que 90% de analfabetos, participa do desenvolvimento de programas de alfabetização e pós-alfabetização de adultos para países como Tanzânia, Cabo Verde, São Tomé e Guiné-Bissau, destacando a importância de uma educação político-libertadora que favoreça as lutas de independência do poder colonial partindo de uma revolução interna, de uma produção de conhecimentos na África e para a África. Nos círculos de cultura
(2011, p. 154), com metodologias político-educativas de pós-alfabetização de adultos [...] buscava aprofundar e diversificar, mais e mais, [...] o ato de conhecimento iniciado na alfabetização
(2011, p. 131) como momento superior da alfabetização
(FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 156), como um esforço de leitura e de releitura da realidade, no processo de sua transformação
(FREIRE, 2011, p. 113). Em suas metodologias, incluiu o diálogo, a reflexão e uniu teoria e prática quando associou o trabalho às atividades escolares, levando a Escola ao campo
(2011, p. 34). Na guerra contra a colonização que tinha por objetivo a desafricanização
(2011, p. 24) dos sujeitos, a pedagogia freiriana contribuiu para uma reconstrução nacional
(2011, p. 34) quando propôs a reflexão quanto à [...] debilidade dos oprimidos se faz força, capaz de transformar a força dos opressores em fraqueza
(2011, p. 32). Para isso, sua proposta filosófica, política e pedagógica de uma educação, sugere uma descolonização das mentes
, uma reafricanização das mentalidades
(2011, p. 26). Em seus encontros de aprendizagem com os africanos, denunciou a violência colonial e anunciou uma descolonização. Pois, para ele, a mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação
(FREIRE, 2000, p. 81). Dessa forma, a presença de Paulo Freire no contexto histórico de descolonização desse continente faz emergir não só um processo de descolonialidade dos sujeitos e do conhecimento, mas a esperança, esperança não como espera, mas como ação, como autoconfiança
(2011, p. 236), que conduz ao compromisso e de reconstrução do lugar, da vida. Assim, a África, considerado berço da humanidade, foi para Paulo Freire uma escola que junto com os africanos e as africanas edificou em solidariedade, modos de se perceber e de perceber o continente, entre a África explorada e sofrida e a África sonhada (FREIRE; GUIMARÃES, 2003). Nesses seus encontros e reencontros com a África, compreendeu e reconheceu o valor da cultura e do povo africano, um povo revolucionário pós-colonial, resistente. Escreveu, o indivíduo aqui vale enquanto gente. A pessoa humana é algo concreto e não uma abstração
(2011, p. 56), identificou-se com o continente e destacou que sua presença, entre as massas populares, da expressão de uma cultura que os colonizadores não conseguiram matar, por mais que se esforçassem para fazê-lo, tudo isso me tomou todo e me fez perceber que eu era mais africano do que pensava
(FREIRE, 2011, p. 14), e, acredito que, se temos maior consciência da necessidade de respeitar a cultura-outra na América Latina, é porque o aprendemos na África
(FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 90).
Referências
FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau. Registro de uma experiência em processo. 4ª. Ed. São Paulo. Paz e Terra; 2011. 262p.
FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. A África ensinando a gente: Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. São Paulo: Paz e Terra. 2003. 228p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. 134p.
FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1985. 158p.
AGNES HELLER (1929)
Rita de Cássia Fraga Machado
A articulação de Paulo Freire com o pensamento de Agnes Heller está explicitada principalmente no texto Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra, em que Macedo e Freire tecem reflexões sobre a importância de repensar a educação crítica, especialmente a alfabetização dos oprimidos. Não me parece possível discutir a liberdade, a transformação do mundo, a revolução, a democracia, sem compreender a crítica do papel da subjetividade que não seja de um lado, a própria objetividade, de outro lado uma entidade toda poderosa
(FREIRE, 1990, p. 114). E ao refletir essas questões, Paulo Freire vai entender que essa entidade toda-poderosa é a questão do poder e sua reinvenção, essa questão segundo o próprio Freire não é idealista e, portanto, caberia à educação essa tarefa, a de transformar o oprimido em alfabetizado, portanto, um problema concreto. Como mesmo afirma Paulo Freire, são temas presentes na obra de Agnes Heller uma ex-discípula de Lukács
(FREIRE, 1990 p. 114). Destacando-se que a reinvenção do poder não se trata de uma visão idealista e sim a possibilidade de a educação ser uma ferramenta para isso quando os oprimidos aprendem a ler e escrever.
Referências
HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Tradução de Carlos Nelson e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
FREIRE, Paulo. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
ALAN R. LACEY (?-2016)
Gepeg - UFPel
Foi professor titular do Departamento de Filosofia da King’s College, Universidade de Londres, autor do Dicionário de Filosofia referido por Paulo Freire na obra Política e educação ao se referir à qualidade das coisas, o que as caracteriza. Depois de sua aposentadoria em 1991, ele ensinou por tempo parcial até 1998. Seu principal interesse era a filosofia grega em seu surgimento.
ALBERT EINSTEIN (1879-1955)
Sandro de Castro Pitano
Foi um físico teórico alemão. Ainda que ele seja mais conhecido por sua fórmula de equivalência massa-energia, E=mc², foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física de 1921 por suas colaborações à física teórica e, principalmente, por sua descoberta da lei do efeito fotoelétrico, que foi fundamental no estabelecimento da teoria quântica. Entre seus principais trabalhos, desenvolveu a teoria da relatividade geral, ao lado da mecânica quântica, um dos dois pilares da física moderna. Por Freire é citado na obra Pedagogia da tolerância quando fala de curiosidade, metodização e rigor.
ALBERT MEMMI (1920)
Luciane Rocha Ferreira e Telmo Adams
Nascido na Tunísia; Ensaísta (Romancista); Filósofo; Professor – do ensino secundário ao universitário. Seu trabalho de não ficção mais conhecido é The Colonizer and the Colonized, sobre a relação interdependente dos dois grupos sociais. Foi publicado em 1957, época em que muitos movimentos de libertação nacional estavam ativos. Jean-Paul Sartre escreveu o prefácio. O trabalho é muitas vezes lido por Freire em conjunto com Os Condenados da Terra de Frantz Fanon. Em 2006, foi publicada a obra "Descolonização e Decolonização". Nesse livro, Memmi sugere que, na esteira da descolonização global, o sofrimento das antigas colônias não pode ser atribuído aos antigos colonizadores, mas aos líderes corruptos e governos que controlam esses Estados. Para Memmi, o racismo é uma experiência vivida
que surge em situações humanas que só secundariamente se tornam experiências sociais
– em que o racismo é endêmico à existência humana coletiva
. As duas obras de Memmi mais mencionadas são: Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador – 1977; e The Colonizer and The Colonized – 1957. Sua presença, direta e/ou indireta, é expressa por 16 vezes ao todo, distribuídas nestas dez obras de Freire: Ação cultural para a liberdade (1970); Pedagogia do Oprimido (1970); Cartas a Guiné-Bissau (1977); Por uma pedagogia da pergunta (1985); O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social (1990); Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido (1992); Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1993); Cartas a Cristina (1994); Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos (2000); Pedagogia da tolerância (2005). Em cada uma destas, o diálogo acontece ao menos uma vez, sendo mais citado na obra Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, de 1992 (quatro momentos). As categorias mais presentes são racismo, relação colonizador x colonizado – o mito da inferioridade ontológica
destes e superioridade daqueles (FREIRE, 1978, p. 164); e a questão da liberdade humana, em que o dominador habita a intimidade do dominado (e o) processo de libertação implica a expulsão do dominador
(FREIRE, 2004, p. 29). Freire compôs seu conteúdo reflexivo e radical, uma construção solidária que nasce do diálogo com vários interlocutores. Numa passagem na Obra O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social, após citar Memmi, ele afirma que quando conheço algum livro – e digo conheço porque alguns livros são como pessoas – refaço minha prática teoricamente. Sou mais capaz de entender a teoria dentro de minha ação
(FREIRE, ٢٠٠٣, p. ٦٢). Desse movimento, nasceu sua desobediência paradigmática que entendia a emergência do reconhecimento de si e do outro como alicerces fundamentais para a transformação dos mundos que somos e dos que nos cercam, que nos limitam, que nos moldam, escravizam e alienam:
Só no entendimento dialético, repitamos, de como se dão consciência e mundo, é possível compreender o fenômeno da introjeção do(a) opressor(a) pelo(a) oprimido(a), a aderência
deste àquele, a dificuldade que tem o(a) oprimido(a) de localizar o(a) opressor(a) fora de si, oprimido(a) – Sartre, Fanon, Memmi [...] (FREIRE, 1992, p. 106).
Fica marcante a compreensão radical de Freire sobre a construção cultural colonialista que demarca os corpos e as mentes – as entranhas subjetivas e as estruturas objetivas – das relações estabelecidas entre um grupo social (marginalizado) e outro (dominante).
O grande ou um dos grandes riscos [...] é, um pouco por nostalgia do colonizado, o sentimento ambivalente que o colonizado tem pelo colonizador, de repulsa e de atração, a que Memmi se refere – um pouco por necessidade, um pouco por pressão, irem aprofundando entre elas e suas ex-expressões
laços que encarnem agora um novo tipo de expressão: o neocolonial. Não que eu defenda [...] o impossível e o absurdo: a ruptura absoluta com o passado, que, no fundo, não se transforma e a renúncia à positividade das influências culturais da velha Europa. O que defendo e sugiro é a ruptura radical com o colonialismo e a recusa igualmente radical ao neocolonialismo (FREIRE, 1992, p. 178).
Junto com a reflexão supracitada, que é retomada nas outras obras, fica visível a influência de Memmi na discussão recorrente que problematiza o ser, o fazer e o poder estabelecido sob uma égide racista, classista, sexista e patriarcal.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo; HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da tolerância. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
ALBERTO GUERREIRO RAMOS (1915-1982)
Sandro de Castro Pitano
Sociólogo e político brasileiro, Guerreiro Ramos foi um importante intelectual, referência nos estudos sobre questão racial, influenciando pensadores de todo o mundo em áreas como sociologia e política. Foi diretor do departamento de sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) na segunda metade dos anos 1950. É com os escritos desse período que Guerreiro Ramos se faz presente na obra de Paulo Freire, sobretudo em seus dois primeiros livros, Educação e atualidade brasileira e Educação como prática da liberdade. Cabe destacar que a obra A redução sociológica: introdução ao estudo da razão sociológica está presente em ambos. Trata-se da última publicação de Guerreiro Ramos como integrante do Iseb, lançada em 1958, período em que o otimismo quanto ao progresso e o desenvolvimento marcava as conjunturas nacional e internacional. Inserido nesse contexto, Freire (2002, p. 28) busca fundamentação em Guerreiro Ramos para refletir sobre a postura humana diante do mundo, assimilando a noção de parlamentarização
do sociólogo, identificada com a rejeição de posições quietistas
, de viés participante. Na sequência, ainda em sua primeira obra, Freire dedica uma longa nota (2002, p. 32-33) para destacar a reflexão sobre os níveis de consciência, ancorado em Álvaro Vieira Pinto e Guerreiro Ramos. Tematizando as noções de consciência ingênua e consciência crítica desenvolvidas por este em A redução sociológica (1996), Freire afirma se opor parcialmente, considerando que os graus de consciência possuem uma condição intermediária, chamada por ele de transitividade, sem a qual o ser humano não alcança a consciência crítica. Não haveria, segundo Freire, uma passagem automática de consciência ingênua para consciência crítica, conforme entendia Guerreiro Ramos. Nessa transição teria papel fundamental o processo educativo: A consciência transitivo-crítica há de resultar de trabalho formador, apoiado em condições históricas propícias
(FREIRE, 2002, p. 34). Em Educação como prática da liberdade Paulo Freire (2002a, p. 53) aborda a noção de homem parentético
de Guerreiro Ramos, oposta ao rinocerontismo
pela dimensão crítica que a caracteriza. Ele entende haver relações entre essa noção e a imaginação sociológica de Wright Mills. Na mesma obra, analisando a atualidade brasileira
, Freire (2002a, p. 61) critica, amparado em Guerreiro Ramos (A redução sociológica), a adoção de soluções meramente copiadas de outros contextos sociais, considerando que resultam inoperantes
e provocam desânimo e atitudes de inferioridade
. Portanto, percebe-se que a obra de Guerreiro Ramos exerceu influência no pensamento de Paulo Freire, principalmente em sua fase inicial, conforme revelam os seus dois primeiros escritos.
Referências
FREIRE, Paulo. Educação e atualidade brasileira. ٢ª ed. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, ٢٠٠٢.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 26ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002a.
RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociológica. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.
ALBERTO HEINIGER
Gepeg - UFPel
É agradecido por Paulo Freire por ter contribuído na construção da obra Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido.
ALDA NEVES DA GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO (1926-2010)
Leonardo Camargo Lodi
Escritora e poetisa de língua portuguesa, foi uma das representantes na busca da identidade feminina na literatura. Alda do Espírito Santo nasceu em São Tomé e Príncipe, onde foi, entre muitas outras ocupações, ministra da Educação e Cultura e secretária geral da União Nacional de Escritores e Artistas. A poetisa é citada por Paulo Freire, na obra Por uma pedagogia da pergunta, enquanto ministra, quando o autor, em diálogo com Antonio Faundez, fala de um projeto de recuperação das estórias
e dos contos populares. A proposta era a criação de uma coleção de literatura popular que exaltasse e que recuperasse a memória de mitos da cultura, valorizando esses materiais que seriam organizados com respeito à sintaxe popular, [sendo] algo na verdade que urge ser feito
segundo Freire.
ALDOUS HUXLEY (1894-1963)
Alípio Casali
Aclamado escritor inglês, viveu grande parte de sua vida nos Estados Unidos. Autor de duas obras clássicas da literatura crítica: Admirável Mundo Novo (1931) e As portas da Percepção (1954), ademais de vasta coleção de poemas, contos, romances, literatura de viagem e roteiros de filmes. Sua obra remete com frequência à tensão e conflitos entre o autoritarismo político e a pulsão de liberdade do sujeito. Esse espírito crítico de Huxley atraiu Freire, que o cita em duas de suas obras fundantes. Em Educação e atualidade brasileira (1959), no Capítulo I, Freire está descrevendo os traços da transitividade crítica da consciência, fruto da educação dialógica (em contraste com a ingênua intransitividade). Nessa passagem, ele cita pela primeira vez Aldous Huxley (El Fin y los Medios, 1931) e sua arte de dissociar ideias
(p. 36), pela qual o sujeito separa-se (criticamente) das imagens agradáveis da política domesticadora (leia-se antidemocrática
). A mesma citação se repete em Educação como prática da liberdade (1965, p. 129), no item 4, intitulado Educação e conscientização. Nessa passagem, Freire está descrevendo o que ele chamou de execução prática
do seu método de alfabetização.