MIRÉIA - Frederic Mistral
()
Sobre este e-book
Relacionado a MIRÉIA - Frederic Mistral
Ebooks relacionados
Dez contos escolhidos de Eça de Queirós Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Farpas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBárbara debaixo da chuva Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRegras de isolamento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA mais amada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEspinhos e alfinetes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemorial de Aires Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmor de perdição: memórias d'uma família Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA expedição Montaigne Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNem para sempre, nem nunca mais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA aventura do estilo: Ensaios e correspondência de Henry James e Robert Louis Stevenson Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNostalgias canibais Nota: 2 de 5 estrelas2/5Discurso do Prêmio Nobel de Literatura 2014 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre o Congo e a Amazônia Nota: 5 de 5 estrelas5/5O som dos anéis de Saturno Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos para velhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO palco tão temido Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória de um Casamento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAjudar a cair Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDesamparo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTom vermelho do verde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulher sob a influência de um algoritmo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasINFERNO - Barbusse Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA LUZ QUE SE APAGOU - Rudyard Kipling Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDepois será tarde Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnquanto Deus não está olhando Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSilenciosa Algazarra: reflexões sobre livros e práticas de leitura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMateriais para confecção de um espanador de tristezas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApartamento 504 Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Poesia para você
Textos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alguma poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pra Você Que Sente Demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poemas selecionados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Laços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Emily Dickinson: Poemas de Amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Vida Contada pela Morte Nota: 5 de 5 estrelas5/5Jamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5As palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Acreditar em mim é a minha única possibilidade de existir Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTodas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Outras coisas que guardei pra mim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemas ruins e minha vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA DIVINA COMÉDIA - inferno Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaos: poemas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu e outras poesias Nota: 4 de 5 estrelas4/5Antologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara o amor que vai chegar Nota: 5 de 5 estrelas5/5Para onde vai o amor? Nota: 5 de 5 estrelas5/5AS METAMORFOSES - Ovídio Nota: 2 de 5 estrelas2/5Meus Amores, Minhas Dores Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de MIRÉIA - Frederic Mistral
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
MIRÉIA - Frederic Mistral - Frederic Mistral
Frederic Mistral
Nobel
MIRÉIA
Título original
Mireille
1a edição
img1.jpgIsbn: 9786558940739
LeBooks.com.br
A LeBooks Editora publica obras clássicas que estejam em domínio público. Não obstante, todos os esforços são feitos para creditar devidamente eventuais detentores de direitos morais sobre tais obras. Eventuais omissões de crédito e copyright não são intencionais e serão devidamente solucionadas, bastando que seus titulares entrem em contato conosco.
Prefácio
Prezado Leitor
Vencedor do Nobel de 1904, Frédéric Mistral (1830 – 1914) nasceu em Maillane, França e se consagrou como um dos maiores escritores franceses do seu tempo. Foi o poeta que liderou o renascimento da literatura e língua occitana no século XIX.
Mirèia, que se passa no próprio tempo e distrito do poeta, é a história da filha de um rico fazendeiro cujo amor pelo filho de um pobre cesteiro é frustrado por seus pais e termina com sua morte na Igreja de Les Saintes-Maries-de-la -Mer.
Neste poema, Mistral derramou seu amor pelo campo onde nasceu. Mirèia combina habilidade narração, diálogo, descrição e lirismo com notável qualidade musical. Sob o título francês, Mireille, inspirou uma ópera de Charles Gounod (1863).
Uma excelente leitura
LeBooks Editora
Sumário
APRESENTAÇÃO
MIRÉIA
CANTO PRIMEIRO
CANTO SEGUNDO
CANTO TERCEIRO
CANTO QUARTO
CANTO QUINTO
CANTO SEXTO
CANTO SÉTIMO
CANTO OITAVO
CANTO NONO
CANTO DÉCIMO
CANTO UNDÉCIMO
CANTO DUODÉCIMO
A MORTE
APRESENTAÇÃO
Sobre o Autor
img2.jpgFrederic Mistral
Vencedor do Nobel de 1904, junto com o dramaturgo espanhol José Echegaray, Frédéric Mistral (1830 – 1914) nasceu em Maillane, França e se consagrou como um dos maiores escritores franceses do seu tempo. Foi o poeta que liderou o renascimento da literatura e língua occitana no século XIX.
Filho de um fazendeiro rico, Mistral nunca precisou se preocupar em ter uma profissão. Ainda jovem, decidiu dedicar seu tempo a escrita. Durante vinte anos trabalhou na criação de um dicionário acadêmico, o qual intitulou Lou Tresor dóu Félibrige. Tal obra lhe garantiu enorme visibilidade.
Suas tentativas de restaurar a língua provençal à sua posição antiga não tiveram sucesso, mas seu gênio poético deu-lhe algumas obras-primas duradouras, e ele é considerado um dos maiores poetas da França.
Sobre a Obra
Mirèia, que se passa no próprio tempo e distrito do poeta, é a história da filha de um rico fazendeiro cujo amor pelo filho de um pobre cesteiro é frustrado por seus pais e termina com sua morte na Igreja de Les Saintes-Maries-de-la -Mer. Neste poema, Mistral derramou seu amor pelo campo onde nasceu. Mirèia combina habilidade narração, diálogo, descrição e lirismo com notável qualidade musical. Sob o título francês, Mireille, inspirou uma ópera de Charles Gounod (1863).
Frédéric Mistral foi um dos grandes escritores franceses do seu tempo. Dedicou a vida a literatura e a poesia. Seu trabalho foi traduzido por um dos maiores escritores brasileirox de todos os tempos, Manuel Bandeira.
MIRÉIA
A LAMARTINE
Te consagro Miréia: é ela a flor dos meus anos;
A minha alma e o meu coração;
— Uva da Crau, com as folhas todas, que te envia,
Humildemente, um aldeão.
MISTRAL
Maillane (Bouches du Rhône), 8 de setembro de 1359.
CANTO PRIMEIRO
A GRANJA DAS ALMEZAS
Exposição. — Invocação ao Cristo, nascido entre os pastores. — Um velho cesteiro, Mestre Ambrósio, e seu filho, Vicente, vão pedir hospitalidade na Granja das Almezas. — Miréia, filha de Mestre Ramon, o dono da granja, dá-lhes as boas-vindas. — Os lavradores, depois da ceia, convidam Mestre Ambrósio a cantar. — O velho, que é um ex-marinheiro, canta um combate naval do Bailio de Suffren. — Miréia interroga Vicente. — Narrativa de Vicente: a caça das cantáridas, a pesca das sanguessugas, o milagre das Santas Marias, a corrida dos homens em Nimes. — Enlevo de Miréia, nascimento de seu amor.
Canto uma moça da Provença.
Em seus amores juvenis,
Nas ribeiras da Crau, até o mar, nos trigais,
Discípulo do grande Homero,
Quero segui-la. Camponesa
Simples como era, não admira
Que só na Crau corresse a fama do seu nome.
Bem que sua fronte brilhasse
De juventude apenas, sem
Jamais diadema de ouro ou manto de Damasco,
Quero vê-la glorificada
Como rainha, e acariciada
Por nossa língua desdenhada,
Pois só cantamos para vós, ó provençais!
Tu, Senhor Deus de minha pátria,
Tu, que nasceste entre pastores,
Dá alento à minha voz, fogo às minhas palavras.
Tu o sabes: em meio à verdura,
Aos raios do sol, à orvalhada,
Quando os figos amadurecem
Vem o homem como um lobo e pilha a árvore toda.
Mas na árvore que ele destroça,
Tu preservas sempre algum ramo
A que não chega à mão insaciável dos homens,
Belo rebento prematuro,
E redolente e virginal,
Belo fruto madalenense,
Onde o pássaro do ar vem aplacar a fome.
Eu, vejo-o bem, esse raminho,
E sua frescura me atrai!
Vejo, bulindo no ar, ao perpassar do vento,
Suas folhas e imortais frutos....
Belo Deus, Deus meu, sobre as asas
De nossa língua provençal,
Dá-me possa eu colher o alto galho dos pássaros!
Ao pé do Ródano, entre os choupos
E os salgueiros de suas margens,
Em pobre choça carcomida pelas águas.
Morava com o filho um cesteiro,
E ganhavam os dois a vida
De granja em granja reparando
Cestas rompidas e canastras estouradas.
Um dia que iam campo afora
Com seus longos feixes de vime:
— Pai
, exclamou Vicente, "olhe só para o sol!
Está vendo, na Magalona,
As nuvens como o envolvem todo?
Se aquele muro se acumula,
Seremos, antes de chegarmos, ensopados."
— "Oh, o vento do mar bole as folhas....
Não!...... a chuva não vem", tornou
O velho.... "Ah, se soprasse o Rau, é diferente!....
— "Quantas charruas em serviço.
Pai, há na Granja das Almezas?"
— Seis
, respondeu o cesteiro.
"É das mais ricas propriedades que há na Crau.
"Olha, vês os seus olivais?
No meio deles há umas faixas",
O velho continuou, "de vinhas e oliveiras.
Mas o belo, e não há na costa
Dois, o belo é que as alamedas
São tantas como os dias do ano,
E em cada uma as árvores também são tantas!"
— Puxa, Pai!
exclamou Vicente.
"Quantas moças não são precisas
Para colher tanta azeitona! —
Oh, isso é o menos!
Venha dezembro, e as raparigas
Encherão sacos e lençóis
De azeitonas vermelhas, pardas!....
E mais que houvesse, elas cantando as colheriam!"
E Mestre Ambrósio prosseguia
Falando.... O sol já descambava.
De variado matiz tingindo as nuvenzinhas;
Os homens, sobre os animais,
Voltavam para a consoada,
De aguilhões em riste .... Nos pântanos
A noite começava a adensar suas sombras.
— "Olhe! já se avista na eira
O topo da meda de palha",
Disse Vicente ao pai. Estamos a bom recato!....
— "Aqui vivem bem as ovelhas!
Ah, no verão, entre os pinheiros;
No inverno, nas secas chanuras",
O velho comentou.... "Oh, aqui há de tudo!
"E todos esses arvoredos,
Que sobre os telhados dão sombra!
E essa bonita fonte a correr em um viveiro!
E todos esses colmeais,
Despojados a cada outono,
E que penduram, vindo maio,
Mil enxames nas grandes franças dos almezes!
— "Oh! depois, em toda esta terra,
Pai, o que ainda mais me agrada",
Interrompe Vicente, "é a mocinha da granja....
Não está lembrado, meu pai?
No último verão tecemos
Dois cabazes para colheita,
E pusemos alças novas em um cestinho."
Desta sorte os dois, conversando,
Dirigiram-se para a porta.
Dera a moça comida aos seus bichos-da-seda;
Depois do que, em pé na soleira,
Ficou torcendo uma meada.
— Boa tarde a todos!
o cesteiro
Saudou, depondo em terra os seus feixes de vime.
— Boa tarde, Mestre Ambrósio
, disse
A moça, "estou prendendo o fio
Na ponta do meu fuso! E vocês? De onde vêm
Tão tarde assim? De Valabregue?"
— Justamente! está chegando à Granja
Das Almezas, pernoitaremos
Aqui, dissemos, o palheiro é boa cama!"
E o velho cesteiro e seu filho
Foram sentar-se sobre um rolo,
Sem dizer mais palavra: a tecer todos dois
Uma canastra começada
Aplicaram-se alguns instantes,
E sacando do feixe os vimes
Cruzavam com perícia as varetas flexíveis.
Tinha o filho dezesseis anos,
Mas de corpo como de cara
Era um belo rapaz, dos de melhor estampa;
Faces bastante amorenadas,
Lá isso eram, porém, a terra
Negra sempre produz bom trigo,
E o vinho de uva escura é o que mais faz dançar!
De tudo o que de seu ofício
Deve conhecer um cesteiro
Ele sabia a fundo, ainda que de ordinário
Não trabalhasse em obra fina:
Mas canastras para cangalhas,
Tudo o que é preciso nas granjas,
Balaios cômodos, cabazes, açafates,
Cestos de caniço talhado,
Tudo objetos de pronta venda,
Canistréis para o milho, e muitas coisas mais,
Ele os fabricava com mão
De mestre, fortes e polidos....
Mas já dá labuta campestre
Haviam regressado a casa os lavradores.
Já lá fora a linda Miréia
Havia posto sobre a mesa
De cedro a habitual salada de legumes;
E da travessa transbordante
Cada homem já se servia
Sua colherada de fava....
E Ambrósio e o filho sempre a trançar.... — "É, amigos!
Então? Não vêm comer conosco?
Com seu ar meio desabrido
Interpelou Mestre Ramon, dono da granja.
"Vamos, basta de trabalhar!
Não veem nascer as estrelas?
Miréia, traze uma escudela.
À mesa, que vocês devem de estar cansados!"
— Com prazer!
disse o cesteiro.
E a um canto da mesa de pedra
Assenta-se com o filho e cortaram seu pão.
Miréia, lépida e graciosa.
Temperou para eles com
Azeite um prato de favinhas,
Que em seguida veio trazer-lhes ela mesma.
Miréia andava em seus quinze anos....
Costas azuis de Fonte Velha,
Vós, colinas de Baux, vós, planícies da Crau,
Nunca vistes nada mais belo:
Botão desabrochado ao sol!
Em suas faces frescas e ingênuas,
Duas covinhas vinham abrir cada sorriso.
E seu olhar era um orvalho
Que dissipava toda pena....
Menos doce luz uma estreia e menos pura;
Os cabelos negrejavam,
Anelando-se até as pontas;
E seus peitos arredondados
Eram dois pêssegos ainda não maduros.
E buliçosa, brincalhona,
Seu tanto selvagem também,
Ah, se vísseis em um copo de água aquela graça,
Em um trago a teríeis bebido!
Depois que cada qual, conforme
O uso, falou de seu trabalho
(Como na granja de meu pai, bom tempo, ai, ai!),
— "Então, Mestre Ambrósio, esta noite
Não nos vai cantar qualquer coisa?"
Reclamaram. Vai-se dormir, matada a fome?
— Psiu! meus bons amigos, quem zomba",
O velho respondeu, "Deus sopra,
Fá-lo girar como um pião!....
Cantem vocês, que são rapazes e são fortes!"
— Mestre Ambrósio
, responderam,
"Não, não! não estamos zombando!
Olhe, o vinho da Crau vai com pouco entornar-se
Do seu copo.... Eia pois! Bebamos!"
— "Ah, no meu tempo fui cantor.
Bom cantor!" retrucou o cesteiro.
Mas agora sou uma cigarra que estourou!
— "Cante, Mestre Ambrósio, é tão bom!
Cante um pouco!" pediu Miréia.
— Minha bela menina
, Ambrósio respondeu,
"Minha voz é espiga sem grão,
Mas vou te fazer a vontade."
E sem mais começou destarte,
Após virar de uma só vez seu vinho todo:
I
Bailio Suffren, que no mar comanda,
Deu-nos sinal no porto de Toulon....
Lá embarcamos, quinhentos provençais.
De