Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas €10,99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Os Legados das Exposições Universais e o Turismo
Os Legados das Exposições Universais e o Turismo
Os Legados das Exposições Universais e o Turismo
E-book386 páginas4 horas

Os Legados das Exposições Universais e o Turismo

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

As Exposições Universais são um tipo de megaevento, que para seu planejamento, organização e realização, provocam uma série de intervenções políticas, econômicas, sociais e urbanas, nas cidades sede. Após o seu acontecimento, essas intervenções ficam à disposição da população e também para ser usufruída pelo Turismo.

O objetivo proposto pelo trabalho foi identificar as intervenções consideradas legados, categorizá-las e verificar se estão sendo aproveitadas pelo Turismo. A pesquisa foi realizada em busca de respostas para inquietudes, como: por que os países e/ou cidades sedes se empenham tanto para sediar esse tipo de evento? Quais os legados que esse tipo de evento deixa para as cidades sedes? E se esses legados possuem alguma relação com a atividade turística?

Para encontrar as respostas, a pesquisa foi estruturada em eixos teóricos que mostraram desde a origem e evolução das Feiras até chegar às Exposições Universais; a sua institucionalização e a regulamentação e como acontece o planejamento, a organização, a realização, o encerramento e os resultados desse tipo de evento.

Isso possibilitou responder a hipótese levantada de que as Exposições Universais sempre deixam algum tipo de legado nas cidades sede e que o seu aproveitamento tanto pela população quanto pelo Turismo dependerá do destino que os atores sociais envolvidos na organização do evento darão a esses bens.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jun. de 2022
ISBN9786525241562
Os Legados das Exposições Universais e o Turismo

Relacionado a Os Legados das Exposições Universais e o Turismo

Ebooks relacionados

Indústrias para você

Visualizar mais

Avaliações de Os Legados das Exposições Universais e o Turismo

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Os Legados das Exposições Universais e o Turismo - Marlene Matias

    1 DAS FEIRAS ÀS EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS

    Identificar onde e quando surgiu a primeira feira no mundo não é uma tarefa muito fácil, pois nem os registros históricos conseguem precisar o fato, até porque não se sabia ao certo o que era uma feira. Mas, ao se questionar o que seria uma feira, a primeira imagem que vem à mente é a da feira que se conhece hoje, isto é, um lugar que reúne pessoas interessadas em adquirir e em vender produtos, em um ambiente de ruídos diversos, cheiros, cores e muita agitação.

    1.1 ORIGENS E EVOLUÇÃO DAS FEIRAS

    Na ausência de informações precisas sobre o tema, que permitissem situá-lo no tempo e no espaço, buscou-se na sua etimologia indícios que pudessem iluminar essa trajetória, e obteve-se que: a palavra feira é derivada de féria, que em latim - idioma oficial dos romanos na Antiguidade - significava dia consagrado aos deuses, o que implicava a suspensão do trabalho para participar dos cultos e festividades religiosas, que se subentende como dia de descanso, dia de festa, e em latim vulgar mercado¹ e feira.

    Percebe-se no significado da palavra feira certa ambivalência, pois apresenta aspectos relacionados a religião no que se refere ao dia consagrado aos deuses, seus cultos e festividades além da economia ao mencionar mercado e feira, o que sugere a ligação da feira e mercado com os cultos e festividades religiosas.

    Essas hipóteses aparecem também nos primeiros registros encontrados, referindo que as feiras surgiram na Antiguidade, que aconteciam paralelas a uma festividade religiosa e que nessas ocasiões os mercadores vindos de terras distintas traziam seus produtos autóctones para comércio local, e também adquiriam produtos locais, para comercializar em outras localidades.

    Outro elemento que permite conjeturar que o surgimento das feiras aconteceu na Antiguidade é a origem da palavra feira, que vem do latim, que era o idioma oficial do Império Romano (27 a.C. a 476 d. C.).

    Cabe ressaltar, porém, que não foi identificado registro de nenhuma atividade denominada feira no Império Romano, mas sim a prática do comércio que era realizada na época, conforme salienta Rostovtzeef (1973, p. 250).

    [...] houve um notável desenvolvimento do comércio da venda por atacado e varejo, tanto pelas vias terrestres como marítimas. Relações comerciais regulares eram mantidas com os mercados distantes - China, Índia, África Central e Meridional, Arábia, Ásia Central, Rússia Central e Meridional, Germânia e até com a Suécia e Noruega.

    O desenvolvimento desse tipo de atividade resultou no surgimento de caminhos denominados via de comunicação Oriente-Ocidente ou via de comunicação entre a China e o Ocidente, conhecida também como rotas comerciais, devido a segurança e a proteção concedida tanto nas rotas marítimas quanto nas rotas terrestres, pela política econômica estabelecida pelo Império Romano, para o seu comércio interno e também para o comércio com seus vizinhos.

    Por essas rotas passaram milhares de caravanas entre o século II a.C. e o século XVI, que levavam mercadorias do Oriente para a Europa e para o mundo árabe e vice-versa, mas os itinerários seguidos pelos viajantes ao longo do tempo sofriam alterações devido a situação política vigente nos países que faziam parte do roteiro. Essa via de comunicação Oriente-Ocidente ou via de comunicação entre a China e o Ocidente recebeu o nome de Rota da Seda, do pesquisador alemão Ferdinand Von Richthofen, no final do século XIX, que logo foi aceito pela comunidade acadêmica.

    O itinerário considerado principal da Rota da Seda possuía cerca de, 12 mil km de extensão, permaneceu praticamente o mesmo ao longo dos séculos e, iniciava-se na China na antiga capital Chang’na e seguia na direção noroeste penetrando na Ásia Central, bifurcando em dois² nas imediações do oásis de Dunhuang.

    A Rota da Seda é considerada um elo entre as civilizações antigas da Ásia, Europa e África, pois propiciou o intercâmbio não apenas de mercadorias, mas, também de ideias, crenças religiosas, estilos artísticos e de escolas de pensamentos, funcionando como um gigantesco caldeirão cultural, onde se encontravam e se fundiam as mais diversas experiências culturais, que deixaram um grande número de relíquias nas localidades ao longo do seu caminho, ultrapassando as fronteiras e as diferenças entre etnias. Essa herança cultural, atualmente pode ser usufruída pelo Turismo, por meio de roteiros turísticos denominados Rota da Seda.

    Com o declínio do Império Romano que começou a partir do final do século II, quando o Imperador, para salvar o Império, começou a arruinar a população cobrando altas taxas de impostos. A situação piorou ainda mais no século III, quando o Estado³ apoiado pelo exército, considerado classe inferior, derrotou e humilhou as classes superiores e as deixou na miséria. Esse fato não trouxe nenhuma vantagem para as classes inferiores, que a cada dia aumentava mais, e para aliviar seus sofrimentos, foram buscar conforto na religião.

    No século V as províncias do Império Romano do Ocidente, separadas do Império Romano do Oriente, enfraquecidas pelas questões sociais e financeiras, abandonaram os seus governados aos seus próprios recursos e despesas, tornando-os alvo fácil das invasões dos bárbaros⁴, provocando assim a desintegração do Império Romano do Ocidente, conforme descreve Rostvotzeef (1973, p. 285-286).

    O Império Ocidental gradualmente se fragmentou em suas várias partes componentes que eram a Itália e as províncias, as quais passaram a ser, em alguns casos, governados pelos chefes de diferentes tribos germânicas, que haviam tomado esta ou aquela parte do mundo romano. O fenômeno não é inteiramente novo, pois ainda na época de Diocleciano, de Constantino e seus sucessores, os germanos se destacaram no exército e na corte imperial. No Império Romano Oriental o processo de dissolução é mais lento, e as velhas tradições são mantidas com tenacidade.

    Esse encontro de civilizações provocado pelas migrações germânicas nas províncias italianas faz surgir o que se chamou de civilização medieval (476 a 1453), um período que, devido às características sociais, econômicas e políticas foi dividido em Alta Idade Média que vai do século V até o século X e Baixa Idade Média que abrange do século XI ao XV.

    A sociedade da época na sua maioria vivia no campo, em unidades de produção denominadas feudo. O feudo era cedido por um senhor da nobreza que era grande proprietário de terras a um nobre em troca de obrigações e serviços. O nobre também denominado de vassalo, ao receber a terra jurava fidelidade ao seu senhor, era nos feudos que a maior parte das relações sociais acontecia. A sociedade feudal era composta pela nobreza, pelo clero, pelos servos e pelos artífices.

    Essa estrutura social na Baixa Idade Média sofrerá alterações com o surgimento de outro grupo social o dos mercadores e comerciantes que, segundos estudiosos, é o embrião da classe burguesa.

    A economia no início da Alta Idade Média apresentava ainda características da Antiguidade, como continuidade do comércio marítimo do século V ao VII, entre os portos do Ocidente e os do Oriente, do Egito e Ásia Menor. A partir da interrupção do comércio no final do século VII, tanto por terra, quanto por via marítima e fluvial, e devido ao desaparecimento do comércio das cidades, a atividade comercial se estagna e a Europa Ocidental passa ao estado de região exclusivamente agrícola.

    É nesse cenário que no século VII, a igreja católica, que era obedecida e temida pelos habitantes, devido ao seu poder econômico e espiritual institui, em 629, as festividades para comemorar o dia de Saint Denys. Durante a realização dos festejos acontecia uma exposição de relíquias do venerado santo, que atraía grandes procissões. Foi na ocasião dessa festa que surgiu a Feira de Saint Denys que, além de peregrinos, atraía um número bastante considerável de compradores e vendedores dos mais diversos produtos.

    A Feira de Saint Denys também denominada de Feira de Lendit, acontecia na estrada que ligava Paris a Abadia de Saint Denys, que foi construída sobre o túmulo do primeiro bispo católico de Paris, Saint Denys.

    Portanto, retrocedendo à definição do objeto de estudo, quando se conjeturou sobre o surgimento das feiras, percebe-se que, tanto a etimologia quanto os registros históricos ofereceram elementos que possibilitaram chegar à origem das feiras em um período posterior da História, àquele que os indícios apontavam possível, e à constatação, na Feira de Saint Denys, da relação existente entre a religião - Dia Santo, Dia de Festa - e a economia, porque foi a partir das feiras realizadas próximas aos castelos e aos mosteiros que surgiram os pequenos mercadores sob a tutela da Igreja.

    A economia nessa época era realizada praticamente entre as aldeias, castelos e burgos, estando voltada somente para o abastecimento das necessidades locais de cereais, madeiras e instrumentos de ferro.

    Essa situação começou a se alterar a partir do século XI, com o advento das cruzadas, onde dezenas de milhares de europeus com o objetivo de resgatar a terra prometida atravessaram a Europa por terra e por mar. Eles eram acompanhados por mercadores que lhes forneciam as provisões que necessitavam durante o trajeto. Ao retornaram ao Ocidente os cruzados traziam hábitos e costumes que haviam incorporados no Oriente, em relação à comida e a roupas, para mantê-los passaram a buscar formas de adquirir esses produtos, criando assim um novo mercado para esse tipo de comércio. Isto estimulou as rotas de comércio entre o Ocidente e Oriente, que envolvia artigos de luxo, como: tecidos finos como a seda, especiarias, perfumes e pergaminhos. As duas rotas comerciais⁶ que ligavam a Europa, são:

    Rota Norte - que partia da Inglaterra se alongava pelo mar do Norte e Báltico, chegando até a Rússia e a Escandinávia. Seus principais centros eram as cidades de Bruges (Flandres), Londres (Inglaterra) e Lubeck (Alemanha). Os principais produtos comercializados eram: cereais, lã, sal, vinho, armas, ferro, chumbo, corante e vidro.

    Rota Mediterrânea - ligava as cidades italianas aos portos do Norte da África (árabes vindos do interior do continente traziam marfim, ouro em pó, pele e plumas) e do Mediterrâneo Oriental (Bizâncio e Alexandria) era de onde chegavam especiarias e produtos vindos da Índia e da China.

    Essas rotas eram interligadas por rotas terrestres e fluviais que cruzavam os Alpes e os rios Ródano (Suíça), Reno (Alemanha), Danúbio (Alemanha), Mosa (França), Vístula (Polônia) e Dnieper (Rússia). Foi ao longo dessas rotas que surgiram as feiras medievais, que aconteciam em determinados locais e época do ano, reunindo mercadores de diversas regiões que comercializavam produtos variados, como: especiarias orientais, lãs da Inglaterra, sedas de Bagdá, brocados de Damasco, peles, cereais, madeiras, cobre, vinho, estanho, sal, cerveja, fumo, mel, azeite e frutas.

    O renascimento comercial na Idade Média foi baseado nos pequenos mercados locais e nas feiras. Os mercados locais passaram a existir em grande quantidade na Europa a partir do século IX, sem esquecer a Feira de Saint Denys (629); as feiras são consideradas posteriores aos mercados, não havendo, portanto, nenhum vínculo que possa determinar que elas sejam derivadas desses pequenos mercados locais.

    Pirenne (1973, p. 103-104) indica que as feiras não derivaram dos mercados locais, conforme o trecho a seguir:

    Os mercados são semanais e seu raio de atração é muito limitado; sua atividade limita-se a compra e a venda a varejo.

    As feiras são ao contrário lugares de reuniões periódicas dos mercadores profissionais. São centro de intercâmbios e principalmente de intercâmbios de grande escala, que se esforçam em trazer até eles, fora de toda consideração local, o maior número possível de homens e produtos.

    Sobre o caráter das feiras o referido autor coloca que: [...] não se excluem nada nem ninguém; seja qual for a sua pátria, qualquer objeto negociável, seja qual for à natureza será bem recebido.

    Segundo alguns autores, o desenvolvimento das feiras data do século XI, mas pelo encontrado nos registros históricos, elas só apareceram nos séculos XII e aumentaram consideravelmente a sua realização no século XIII. A localização das feiras era orientada de acordo com as rotas comerciais da época; conforme observa Pirenne (1973, p. 174), só o príncipe territorial tem o direito de fundar feiras. Fez, amiúde, dotação delas às cidades: mas não se deve crer que todas as grandes aglomerações urbanas às possuíssem. Por exemplo, cidades de primeira grandeza na época como Milão e Veneza, não possuíram feiras em seus territórios.

    Portanto, fica claro que para a implantação de feiras em um determinado território não dependia de ser a cidade ou a vila de primeira grandeza, em termos de dimensão territorial, populacional e econômica, mas sim, da vontade política e da visão econômica dos seus governantes em autorizá-las, tendo em vista a série de vantagens que propiciava aos locais onde elas aconteciam. Isso demonstra que o Estado interferia diretamente na implantação das feiras, como também estabelecia regras ou leis para o seu funcionamento, conforme salienta Pirenne (1973, p. 105), no que chamou de Direito das Feiras.

    O terreno em que se realizam é protegido por uma paz especial que estabelece castigos particularmente severos em caso de infração. Todas as pessoas que a elas comparecerem acham-se sob o conduit (salvo conduto), isto é, sob a proteção do príncipe territorial. Os guarda da feira (custodes nundinarum) nelas exercem uma polícia e uma jurisdição de exceção. Empresta-se uma força particular as cartas de mercê seladas com o seu timbre. Diversos privilégios têm por fim atrair o maior número possível de participantes.

    A maioria das feiras que aconteceram na Idade Média, no Continente Europeu, possuía estrutura administrativa, sujeita à intervenção do Estado, que estabelecia regulamentos e leis, isto é, cada país ou região possuíam normatizações próprias.

    O Quadro 1.1 a seguir apresenta uma cronologia que busca mostrar a trajetória de desenvolvimento das feiras no período.

    Quadro 1.1 - Cronologia das Feiras realizadas na Idade Média

    Fonte: Quadro elaborado por Marlene Matias com base em pesquisas realizadas em diversas fontes.

    Nota (-): Ano não informado, mas de acordo com as fontes consultadas, pode-se verificar que poderiam ser incluídas onde estão colocadas.

    Como se pode verificar no Quadro 1.1 acima, a partir da segunda metade do século XIV, há certa, paralisação da atividade feira, devido a uma série de acontecimentos de ordem política, econômica e social que estavam acontecendo na Europa, como: a Guerra entre Condado de Flandres e os reis da França (1302 a 1320); a Guerra dos Cem anos (1337 a 1453), entre a França e Inglaterra; as sucessivas guerras no Reinado de Fernando I de Portugal (1357 a 1367) com o Reino de Castela, na Espanha; a crise de 1383 a 1385 em Portugal, que foi um período de guerra civil e anarquia, também chamado de Interregno, devido à ausência de poder; e no Reinado de Felipe IV (1285 a 1314), na França, o rei resolveu regulamentar as feiras instituindo uma série de taxas que acabou por cessar com a atividade.

    Mas, ainda em relação às feiras da Idade Média apresentadas no Quadro 1.1 acima, cabe destacar aquelas que conseguiram vencer a barreira do tempo por meio de reconstituição histórica, chegando aos dias de hoje e, fazem parte do Calendário de Feiras Medievais de Portugal, são elas: Feira de Ponte Lima. Feira do Castelo Mendo, Feira de Santa Maria da Feira e Feira de Caminha. Essas feiras podem ser consideradas legados de suas antecessoras e propiciam aos visitantes e turistas a experiência de vivenciar a cultura de outra época.

    Devido aos fatos citados anteriormente, a atividade comercial realizada por meio das rotas comerciais e das feiras entram em declínio, principalmente as feiras que eram realizadas, na França, devido às medidas tomadas pelo Rei Felipe IV. Após esse período a atividade foi reativada com a criação das Feiras de Lyon (1463), e no século XVI surgiram as Feiras de Rouen (1505) e a Feira de Toulouse (1595).

    Portugal apresentou situação semelhante à da França, devido aos fatos que ocorriam na Europa Ocidental; teve seu período negro no reinado de Manoel I de Portugal (1495 - 1521). Após esse período ruim o país retoma a atividade, institui as feiras de Vila Viçosa (1528), e a feira do Porto (1576 e 1720).

    Em 1524, foi criada pelo Príncipe Basílio IV, a Feira de Nijni Novgorod, na Rússia, às margens do rio Volga perto de Vassilsursk, o que mostra a descentralização dos centros comerciais e a manutenção da intervenção do estado na atividade. Em 1641 a Feira foi deslocada rio acima até o Mosteiro de Macario do Lago Amarelo, tornando-se a Feira de Makariev. Em 1816 a feira foi destruída por um incêndio, e em 1817 foi deslocada de novo rio acima a Nijni Novgorod; depois de manter por muitos anos o nome de Makariev, voltou a ser a Feira de Nijni Novgorod, e acontece até os dias de hoje.

    Na França, aconteceu em 1622 a Feira de Saint Laurent, mas não foi encontrada nenhuma informação adicional sobre o evento.

    A França sempre foi a pioneira na realização de feiras, mas outros países começaram a perceber que a atividade tinha um caráter informativo, uma vez que, por seu intermédio, as pessoas tomavam conhecimento das novidades que estavam sendo produzidas, tanto de origem nacional como internacional, possibilitando a comercialização dos produtos, geração de riqueza e o deslocamento de um grande número de pessoas interessadas em conhecer as novidades e estabelecer contatos com outros povos.

    Isso fez com que em 1628 a Alemanha, criasse a Feira de Leipzig, uma das mais famosas do país, que também recebeu privilégios do Estado, isto é, na sua concessão ficava proibido a realização de qualquer outra feira semelhante num raio de 500 Km.

    Nas feiras permanentes de Leipzig vendiam-se de tudo, principalmente tecidos, objetos em ouro e prata, mas no final do século XIX, mudou-se radicalmente a filosofia das feiras de mercadorias de Leipzig. Em vez de simplesmente realizar as feiras de mercadorias, o comércio sentiu necessidade de orientar os produtores e fabricantes locais, para o gosto e preferência dos compradores. Para tanto, seria necessário apresentarem amostras de tudo aquilo que poderiam fabricar em série. A partir de então as feiras passaram a categoria de Feiras de Amostras, onde os produtores passaram a vender ideias (amostras) de seus produtos. As transações eram feitas à base de amostras expostas no local da feira, valorizando o comprador, considerado consumidor.

    No final do século XVII, 1689, foi realizada a primeira Feira Moderna de negócios, na cidade Leiden, na Holanda.

    A partir da segunda metade do século XVII ocorreu a diminuição no número de feiras devido ao fato do processo de produção dos produtos estarem passando por mudança; do artesanal para o mecanizado. Essa mudança, segundo alguns historiadores, pode ser constatada, em 1733, quando John Kay, inventa a lançadeira volante⁷, era um instrumento adaptado aos teares manuais, que aumentava a capacidade de tecer. Até então o tecelão só podia fazer um tecido da largura dos seus braços.

    Essas alterações causadas no processo de produção pela Revolução Industrial fizeram surgir uma nova estrutura social composta pela burguesia, os proprietários dos meios produtivos, enquanto o proletariado possuía a força produtiva. O sistema econômico resultante dessa nova estrutura é o capitalista.

    Esse novo tipo de produção emergente causou o surgimento de novos produtos que, consequentemente, provocou uma mudança no mundo das feiras, que passou a necessitar de espaços adequados para expor e comercializar os produtos. Isso ocasionou a adequação de espaços já existentes e a construção de novos espaços, e sedimentou de vez uma tendência que já vinha acontecendo, a sedentariedade das feiras.

    Um dos primeiros espaços que sofreu adequação foi a Society of Arts fundada em 1754, por William Shipley Visconde de Folkstone e Romney, com o objetivo de promover as artes, a produtividade e o comércio. Foi a primeira organização criada na Grã-Bretanha para beneficiar a arte e a ciência. Em 1761, a Society of Arts adquiriu todos os desenhos, modelos e máquinas premiadas, e realizou a primeira exposição pública, onde as peças expostas deram origem a criação de um museu.

    Nessa época iniciou-se a primeira fase da Revolução Industrial (1760-1850), no Reino Unido, dando a Inglaterra o título de Oficina do Mundo, mas

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1