Educação Inter/Multicultural: Saberes e Práticas Docentes
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Sobre este e-book
As autoras foram muito felizes ao se debruçarem sobre as escolas existentes no município de Grajaú/MA e no território indígena, na Terra Indígena Morro Branco, em um contexto de legislação educacional que obriga os conteúdos sobre a diversidade étnico-cultural em diálogo com a história local na qual a escola está inserida. Diante dessa contextualização histórica, socioantropológica, apresentam depoimentos de professores não indígenas, de professores Tentehar/Guajajara e de coordenadores pedagógicos das escolas. Tais depoimentos, descritos e analisados pelas autoras, trazem reflexões sobre os desafios enfrentados pelos docentes indígenas e não indígenas para aprender e ensinar sobre a multiculturalidade específica da cidade de Grajaú. Dessa forma, o presente livro traz uma grande contribuição aos estudos sobre a inclusão da diversidade étnico-cultural em sala de aula.
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Educação Inter/Multicultural - Izeth Nascimento Barros
Cultura, multiculturalismo,
pluralismo e interculturalismo
1.1 Uma relação teórica com enfoque na educação escolar
A cultura sempre esteve presente na humanidade, podendo ser retratada nas características de organização de cada sociedade, comunidade ou grupo de indivíduos. Nesse sentido, Laraia (2009, p. 25) define cultura ressaltando que o "termo germânico Kulter era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo".
Esses termos foram resumidos, conforme Tylon (1917 apud LARAIA, 2009, p. 25), no vocábulo inglês Culture, que
[...] tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.
Entretanto, o termo cultura vai ganhando novas denotações, conforme as mudanças da humanidade, o que significa que os costumes de um povo estão atrelados ao seu meio e ao tempo cronológico, além de estarem relacionados ao sentido etnográfico.
Nesse prisma, entender a correlação entre o termo cultura e a educação exige a compreensão de vertentes que foram se configurando a partir de tal termo, que podem ser denominadas como diversidade, multiculturalismo, pluralismo e interculturalismo.
Conforme Candau (2008, p. 13), não há educação que não seja imersa nos processos culturais do contexto em que se situa
. Assim, compreende-se que não se pode separar educação de seu contexto social e, consequentemente, dos processos culturais, visto que há um elo entre educação e cultura.
Para que se entenda o real sentido do termo multiculturalismo, torna-se necessário citar vários derivados do termo cultura, tais como: diversidade, pluralidade, interculturalismo, multiculturalismo, além de outros. Tais denominações, vale esclarecer, estão intrinsecamente associadas ao respeito a etnias, grupos sociais, sexualidades, dentre outros.
Sobre essa questão, Machado (2002, p. 31) afirma:
A teoria sobre a cultura tem sido progressivamente substituída pela ideia de culturas, uma pluralidade que inclui a cultura elite, mas também, a de diferentes grupos sociais, denotando os diferentes a respeito das etnias, nacionalidades, sexualidades e gerações. Nessa complexidade de relações de significados, de forma diferençada, é que surgiu a perspectiva multicultural. Isso significa reconhecer a pluralidade dos grupos sociais, étnicos e culturais que a compõem. Significa valorizar a riqueza que a heterogeneidade traz à sociedade e rejeitar quaisquer mecanismos discriminatórios contra grupos que se manifestem em seu interior.
Como dito precedentemente, conforme as transformações que ocorreram na vida humana, o termo cultura ganhou novos sentidos, os quais podem ser aplicados nos meios sociais, políticos e culturais.
Diante do exposto, pode-se depreender que multiculturalismo é sinônimo de cultura, visto que a ligação desses termos está atrelada ao fato de fazerem referência à existência da diversidade étnico-racial e cultural.
No que tange ao real sentido do termo, Knechtel (2003, p. 30) ressalta:
O multiculturalismo nada mais é do que o fato de várias culturas se encontrarem no mesmo espaço e tempo. Quando no mesmo país, numa cidade, num mesmo bairro, várias culturas se encontram e procuram coexistir, tem-se o multiculturalismo. Multi (muita) culturalismo (culturas).
Em consonância com a autora, em uma sociedade ocorre o encontro de uma diversidade que significa afirmar a existência de diferenças, sejam elas étnico-raciais ou culturais. Portanto, cada povo tem suas especificidades culturais, as quais diferem uns dos outros, pelo fato de suas origens históricas estarem presentes em seu modo de ser e de viver. Então, a identidade de um povo é fundamental para que aconteça a valorização das origens culturais que se expressam de diferentes maneiras.
Candau (2002, p. 31) conceitua tal termo do seguinte modo:
Identidade é um conceito polissêmico, podendo representar o que uma pessoa tem de mais característico ou exclusivo, ao mesmo tempo em que indica que pertencemos ao mesmo grupo. No entanto, este termo, usado com sentido jurídico, psicológico e cultural, é fundamental na compreensão das relações humanas, sociais e educativas e interessa-nos trabalhá-lo na sua relação com a dimensão cultural. A cultura tem sido um dos principais pilares de construção e afirmação da identidade. [...] a identidade é compreendida enquanto construção social que produz efeitos sociais.
Dentre os diferentes sentidos do termo identidade, busca-se o sentido cultural por destacar a importância de um indivíduo, grupo, sociedade ou país autorreconhecer seus aspectos identitários. Portanto, é admitindo origens históricas e culturais que a valorização e o reconhecimento das diferenças — sejam elas étnico-raciais, culturais, sociais etc. — se tornam evidentes.
Para Silva (2000, p. 44-45), há uma distinção entre diversidade e diferença:
Em geral utiliza-se o termo diversidade para advogar uma política de tolerância e respeito entre as diferenças culturais. Ele tem, entretanto, pouca relevância teórica, sobretudo por seu evidente essencialismo cultural, trazendo implícita a ideia de que a diversidade está dada, que ela preexiste aos processos sociais pelos quais – numa outra perspectiva – ela foi, antes de qualquer outra coisa, criada. Prefere-se, neste sentido, o conceito de diferença
, por enfatizar o processo social de produção da diferença e da identidade, em suas conexões, sobretudo com relação de poder e autoridade.
Conforme os diferentes autores apontados neste estudo, o termo cultura traz várias abordagens, a serem analisadas para que se possa entender suas influências na escola. Nesse viés, torna-se imprescindível absorver a cultura que está fora do ambiente escolar, assim como o inter/multiculturalismo presente na sociedade.
Diante do exposto, a perspectiva multicultural está pautada em valorizar e reconhecer as diferenças étnico-raciais, culturais, sexuais e outras, além de ser contra qualquer forma de discriminação, visto que a sociedade é heterogênea, devendo haver, portanto, interação entre os mais diversos grupos.
Outrossim, é importante pontuar que o multiculturalismo e o interculturalismo andam juntos, já que um depende do outro. Então, para se discutir o encontro de culturas em um mesmo espaço é necessário observar a inter-relação estabelecida entre diferentes culturas em um mesmo espaço.
O interculturalismo surgiu da necessidade de interação harmônica entre as diferentes culturas, considerando como objetivo a importância do conhecimento mútuo, respeitando a identidade de cada um, bem como reconhecendo e valorizando a cultura do outro.
O termo multiculturalismo, por sua vez, ganhou vários enfoques, os quais podem ser retratados pela história das lutas dos movimentos sociais, principalmente o movimento negro, que, devido ao fato de estar ligado a vários movimentos sociais, recebeu vários significados.
Para discorrer sobre o sentindo do termo multiculturalismo, Candau (2005a) destaca as abordagens assimilacionista, diferencialista, monoculturalismo plural e interativo/integralidade, distinguindo uma da outra conforme os aspectos históricos.
Segundo a autora, o multiculturalismo assimilacionista foi uma política que tinha como objetivo integrar todos os grupos excluídos de uma sociedade, o que acabava incorporando uma cultura a outra, ou seja, havia o processo de homogeneização, porém, a cultura dos grupos discriminados não era reconhecida, uma vez que tinham de se integrar à cultura dominante, no caso, a do branco. A cultura dos negros e dos índios, ao contrário, era relegada, deslegitimando, assim, seus saberes, línguas, crenças