O Fogo Purificador Da Provação
De Silvio Dutra
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O Fogo Purificador Da Provação - Silvio Dutra
Até Que Nível de Prova se Pode Suportar?
Antes de tudo, devemos ter em permanente consideração que há sempre um controle da parte de Deus para que não sejamos provados além daquilo que possamos suportar e que Ele também nos dá a graça necessária para que sejamos livrados (I Cor 10.13).
Todavia, nem sempre o cristão está consciente desta verdade, ou ainda que a conheça, pode considerar que seja possível que Deus falhe naquilo que nos prometeu, ou então que haja alguma situação excepcional à qual a promessa divina não se aplique, porque poderá, a seu juízo, pensar que ficam excluídas as provações às quais nós mesmos tenhamos dado causa, por um mau comportamento ocasional, ou por negligência dos nossos deveres espirituais para com Deus.
Não devemos esquecer que a misericórdia triunfa sobre o juízo (Tg 2.13), ou seja, ela será sempre concedida por Deus àqueles que têm também usado de misericórdia para com o seu próximo, livrando-os assim de muitos juízos que lhes viriam da parte de Deus, caso não fossem misericordiosos.
Daqui aprendemos também que a misericórdia de Deus sempre acompanha os Seus juízos corretivos, e assim, não permitirá que sejamos provados além das nossas forças, e se compadecerá de nós, dando-nos, a Seu tempo, o escape.
Para quem pensa que não é possível triunfar sobre determinados tipos de provações, especialmente aquelas que são muito pesadas, a vida do apóstolo Paulo nos foi dada como exemplo, para que saibamos que não há grau de provação que seja maior do que a graça de Jesus.
Veja o seu próprio testemunho em I Cor 11.3-33/12.1-10:
11.3 São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes.
24 Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um;
25 fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar;
26 em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;
27 em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez.
28 Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas.
29 Quem enfraquece, que também eu não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me inflame?
30 Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.
31 O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto.
32 Em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender;
33 mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim me livrei das suas mãos.
12.1 Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do Senhor.
2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe)
3 e sei que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe)
4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir.
5 De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas.
6 Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve.
7 E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte.
8 Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.
Vemos assim, pelo testemunho de Paulo, que não há provação que possa vencer o cristão, quando ele se consagra inteiramente à vontade e ao serviço de Deus.
Há muitos cristãos que estão sofrendo terríveis injustiças e perseguições, todavia, nenhum deles tem motivo para se afastar do Senhor, ou alegar que foi abandonado por Ele.
Nenhum deles terá razão quando afirmar que foi desamparado pela justiça, e que servir a Deus não foi afinal um bom negócio, porque suas tribulações aumentaram em vez de diminuírem.
Ainda que nos obriguem a comer o pão da aflição, diariamente, Deus untará com seu santo óleo as nossas feridas, e abrandará as nossas dores, e trará paz e sossego aos nossos corações.
Este é um mundo adverso, no qual os inimigos do homem podem ser até mesmo os da sua própria casa. O reino das trevas está presente no mundo e sempre estará até que Cristo volte para inaugurar o Seu reino de paz e justiça eterno e perfeito.
Assim, enquanto estivermos no mundo, necessitaremos da paciência e da perseverança, e sobretudo da fé para buscarmos socorro e auxílio no Senhor, para que sejamos fortalecidos, tal como Paulo, em nossas fraquezas.
Lembremos que se diz que: ...através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.
(At 14.22b).
Porque há necessidade das tribulações para que tanto o corpo, e especialmente a alma, sejam quebrados por Deus, e uma vez crucificados tais desejos, o espírito possa assumir de novo o comando que lhe fora reservado por Deus desde o princípio, e daí se dizer o seguinte em Rom 5.3-5:
"3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."
Refinados no Fogo das Provações
Deus quer que sejamos tal como Ele é, ou seja, que sejamos seus imitadores.
Deus é paciente, longânimo, perdoador, benigno, amoroso, justo, e tudo o mais que é condizente com o Seu caráter bom e perfeito.
Então teremos que aprender a ser pacientes, longânimos, perdoadores, benignos, amorosos, justos etc.
Assim, para o propósito de aprendermos a paciência, o Senhor permitirá que passemos por várias tribulações, para que sejamos pacientes de modo prático e verdadeiro.
E para que possamos também louvar a glória da sua graça, que sempre nos assistirá e nos livrará de todas essas tribulações, conforme ele nos tem prometido fazer, se tão somente permanecermos firmes na fé, aguardando pacientemente pelo seu socorro.
Assim, isto não poderá ser feito sem estarmos em comunhão com Cristo, porque é a força da Sua graça que nos capacitará ao exercício da paciência.
De igual modo, para sermos amorosos, justos, serenos, perdoadores e misericordiosos, o Senhor permitirá que sejamos submetidos a várias injustiças, tanto contra nós, como contra as pessoas que nos sejam queridas.
De maneira que, aprenderemos a receber a implantação dos atributos divinos em nossa nova natureza, recebida na conversão, do Espírito Santo, por meio do fogo da fornalha da provação.
Então, teremos que aprender a clamar muitas vezes, apresentando nossas petições ao Senhor, em meio às nossas tristezas e aflições, para acharmos consolo e graça para suportarmos tudo com paciência e bom ânimo.
Antídoto Feito do Próprio Veneno
Quando a Bíblia fala em tribulações, especialmente no contexto do Novo Testamento, isto não se refere especificamente a problemas graves e sérios em relação às nossas condições de saúde física e às demais diversas áreas do nosso viver, como a sentimental, emocional e financeira, ainda que isto não seja excluído.
Todavia, a referência mais comum diz respeito às lutas espirituais contra os principados e potestades das trevas que tentam impedir a todo custo a nossa consagração a Deus e a continuidade do nosso empenho na oração, no culto de adoração público, e em tudo o mais que lhe é devido.
O controle da intensidade e profundidade de todas as nossas tribulações está sob o cuidado de Deus, de modo que não sejamos atribulados além do que possamos suportar, como se lê em I Cor 10.13, onde não somente isto é afirmado, como também que Deus proverá a força que necessitamos, bem como o livramento destas tribulações no momento oportuno.
O apóstolo Paulo não pediu o espinho na carne que lhe fora enviado, e nem seria de se supor que ele o pedisse. E assim também nós, não devemos pedir tribulações, mas é certo que elas nos virão à medida da nossa necessidade, para o nosso benefício e aperfeiçoamento em maturidade espiritual, conforme isto se encontra controlado pelo Senhor.
Por conseguinte, nunca devemos ficar numa posição de permanente perplexidade e desânimo enquanto debaixo de aflições, uma vez conhecendo qual é o seu grande objetivo. Ao contrário devemos ter a firme convicção de que produzirão afinal em nós um bom fruto, e também devemos buscar ânimo e força em nosso Senhor Jesus Cristo, especialmente pela oração e meditação na Sua Palavra.