Coleção de Educação Jurídica
De Edmar Oliveira da Silva, Emerson Luiz de Castro, Gustavo Henrique de Almeida e Caroline Amorim Costa
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Sobre este e-book
E esse desafio só será superado a cada dia com professores preparados, engajados e, acima de tudo, abertos às novas mudanças!
Este livro é a prova de que muitos professores desse novo perfil estão atentos e focados em apresentar propostas, ideias e estratégias para esse novo momento na educação do nosso país.
Parabéns aos organizadores e autores desta importante obra.
Excelente leitura!
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Coleção de Educação Jurídica - Edmar Oliveira da Silva
A METODOLOGIA DO TEAM BASED LEARNING – TBL COMO FERRAMENTA DE MELHORIA NA QUALIDADE DA DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR
THE TEAM BASED LEARNING METHODOLOGY – TBL AS A TOOL FOR IMPROVING THE QUALITY OF TEACHING IN HIGHER EDUCATION
Samantha Caroline Ferreira Moreira¹
Sabrina Tôrres Lage Peixoto de Melo²
RESUMO: O presente artigo tem por escopo apresentar e propor a aplicação da metodologia ativa de ensino denominada Team Based Learning – TBL, como ferramenta viável para melhoria na qualidade da didática. Percebe-se que a forma de ensinar precisa e deve evoluir para alcançar o perfil do público moderno que tem acesso a uma gama de informações e experiências outrora obtidas apenas em pesquisas bibliográficas físicas. A referida técnica propõe inovação na prática docente em sala de aula, a fim de possibilitar a quebra do modelo tradicional de atuação, onde o aluno permanece sempre na posição passiva. Tem sua fundamentação baseada em trabalhos em equipe, em que o professor se torna um facilitador para a aprendizagem em um ambiente despido de autoritarismo, demonstrando que é possível estimular o desenvolvimento de habilidades e competências ativas dos alunos.
Palavras-chave: metodologias ativas; Team Based Learning; aprendizagem em equipe; educação; docência.
ABSTRACT: The purpose of this article is to present and propose the application of the active teaching methodology called Team Based Learning – TBL, as a viable tool for improving the quality of teaching. It is perceived that the way of teaching needs and must evolve to reach the profile of the modern public that has access to a range of information and experiences previously obtained only in physical bibliographic research. This technique proposes innovation in the teaching practice in the classroom, in order to make it possible to break the traditional model of performance, where the student always remains in a passive position. It is based on team work, in which the teacher becomes a facilitator for learning in na environment devoid of authoritarianism, demonstrating that it is possible to stimulate the development of students’ active skills and competences.
Keywords: active methodologies; Team Based Learning; Team learning; education; teaching
1. Introdução
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 elevou o direito à educação à categoria de direito fundamental, incluindo a educação no rol dos direitos de caráter social que integram o título II, dedicado justamente aos Direitos e Garantias Fundamentais
.
A qualificação atribuída pela Constituição ao direito à educação corrobora ao valor inestimável contido nesse direito, e proclama o lugar de destaque ocupado por ele na ordem constitucional brasileira.
A fundamentalidade do direito à educação é inquestionável, notadamente quando se trata do nível básico da educação e é primordial para o desenvolvimento do ser humano, considerando suas capacidades intelectuais individuais e sua vocação social.
O efetivo acesso à educação básica constrói a estrutura necessária para que o indivíduo se integre à sociedade, na medida em que propicia as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de suas potencialidades e aptidões.
Por ser um direito fundamental, a educação está alicerçada no princípio da dignidade humana, e almeja a proteção dessa dignidade em todas as suas dimensões.
Nesse sentido, questiona-se: quais são as providências a serem realizadas pelos docentes em prol do robustecimento da qualidade da educação?
Diversas são as possibilidades e medidas que podem ser adotadas na estrutura e no processo de aprendizagem, sendo apresentada na atual pesquisa a metodologia ativa denominada Team Based Learning³ – TBL, como hipótese de inserção de novas práticas e quebra de paradigmas na atuação do docente em sala de aula.
A docência tradicional se pauta na transmissão de conhecimentos somente pelo professor, que possui atuação de agente ativo. Entretanto, como se pode observar a realidade que hoje se apresenta no público discente, a metodologia necessita de mudanças, não só de concepção acerca de sua função, mas também de ações práticas para que adequações sejam efetivadas.
Metodologias ativas de aprendizagem são todas aquelas que deslocam o papel central do professor para o estudante (DIESEL, 2017).
O presente artigo visa sugerir a prática de uma metodologia ativa interessante, qual seja, a Team Based Learning – TBL, em que o professor assume um papel de mediador entre os conhecimentos dos alunos e as informações científicas que dispõe, relacionando-os também com a tecnologia digital, de forma dinâmica, cooperativa e motivadora. Para tanto, foi utilizado o procedimento bibliográfico, pela natureza da temática a se investigar.
2. METODOLOGIA ATIVA E A APLICABILIDADE DO TBL
Frente à complexidade e transformação dos alunos, além da concorrência com o mundo digital em sala de aula, como acesso aos aplicativos de redes sociais e mensagens via Whatsapp, é imprescindível que o docente insira no mundo acadêmico novas metodologias para efetivo alcance da transmissão do conhecimento.
Em 1996, realizou-se um estudo, mostrando que os estudantes necessitam de 3 a 5 minutos para se acomodarem, e, depois, manterem sua concentração estimada entre 10 e 18 minutos. Após esse tempo, a atenção pode ser retomada, mas por períodos inferiores: 3 a 4 minutos (MIDDENDORF; KALISH, 1996).
O’Flaherty e Phillips (2015) aduzem que há uma pressão crescente para que as instituições de ensino superior sofram uma transformação, impelindo a educação a adaptar-se de maneira que atenda às necessidades conceituais contemporâneas.
Para tanto, em oposição à chamada aula tradicional, expositiva
– Lecture –, representada como uma experiência passiva, transmissiva, que elimina o senso de autonomia nos alunos (ABEYSEKERA; DAWSON, 2015), não os mantendo no engajamento necessário para aprendizagem, surge a Active Learning. O método pedagógico de aprendizagem flexível busca o engajamento do discente, por meio do uso de práticas centradas nele próprio (WANNER; PALMER, 2015).
Na aprendizagem focada no aluno, o professor deixa de ser protagonista e figura muito mais como mediador. Em outras palavras, são apresentadas as chamadas metodologias ativas de aprendizagem, em que o aluno se torna o centro do processo.
Para Anastasiou (2013), há uma necessidade de renovação do modelo de ensino, já que cada geração traz consigo capacidades diferentes, sendo auxiliares e complementares, contudo, novas. A autora afirma ainda que é preciso que os docentes compreendam que o aluno de hoje está acostumado a fazer diversas coisas ao mesmo tempo, não concentrando sua atenção por muito tempo ao ensino, quando este não desperta seu interesse.
O processo de ensino e aprendizagem precisa ser ampliado. O aluno merece ser ouvido e ter a oportunidade de atuar no polo ativo do conhecimento, pois é por meio das reflexões coletivas em sala que os interesses serão despertados e as aprendizagens edificadas.
Por conseguinte, o professor passa a atuar não mais na centralidade da sala de aula e torna-se um problematizador de conhecimentos e mediador de aprendizagens.
Veiga (2006) sugere algumas ações a serem efetivadas pelos docentes para melhorias do processo educativo, sendo elas: romper com a forma conservadora de ensinar, aprender a pesquisar e avaliar; reconfigurar saberes, buscar superar dicotomias entre conhecimento científico e senso comum, ciência e cultura, teoria e prática; explorar novas alternativas teórico-metodológicas em busca de possibilidades de escolha; procurar renovação da sensibilidade ao alicerçar-se na dimensão estética, no novo, no criativo, na inventividade; e atribuir a ética um significado importante a ser lembrado no espaço educacional.
A utilização da tecnologia e didática inovadora no processo educativo não é mais uma opção, e sim uma condição de sobrevivência. Nesse sentido, Moran (2015) adverte que:
As metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Se queremos que os alunos sejam proativos, precisamos adotar metodologias em que os alunos se envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se queremos que sejam criativos, eles precisam experimentar inúmeras possibilidades de mostrar sua iniciativa. (MORAN, 2015, p. 19).
Assim, o docente precisa repensar suas concepções e práticas, buscando compreender se o que pensam e fazem estão de acordo com a realidade da sala de aula e com as exigências da instituição de ensino a que ele se vincula.
2.1 Aprendizagem baseada em equipes
A metodologia Team Based Learning, ou, Aprendizagem por Equipes, surgiu na década de 1970 por Larry Michaelsen, que a definiu como um procedimento capaz de desenvolver aprendizagem de forma dinâmica, cooperativa e motivadora.
Tal metodologia visa criar oportunidades e obter os benefícios do trabalho em pequenos grupos de aprendizagem, de modo que se possa formar equipes de cinco a sete estudantes, que trabalharão no mesmo espaço físico (sala de aula). Pode ser usado para grupos com mais de 100 estudantes e turmas menores, com até 25 alunos.
Neste sentido, segundo Michaelsen e Sweet (2008), a TBL vai além de transmissão de conteúdo, garantindo aos alunos a oportunidade de praticar o uso de conceitos do curso para resolver problemas práticos.
A referida prática propõe induzir os estudantes ao estudo prévio para as atividades que serão realizadas na sala de aula. E de que forma?
A organização para aplicação da metodologia pode, assim, ser realizada:
1º) Liberação prévia aos alunos de materiais como textos, artigos científicos, e capítulos de livro e/ou vídeos.
2º) Realização individual de resoluções de questões de acordo com os materiais disponibilizados;
3ª) Divisão dos alunos em pequenos grupos para que sejam realizadas as mesmas questões anteriormente feitas de forma individual;
4º) Apresentação de uma só resposta pelo grupo de alunos concernente às questões que foram inicialmente resolvidas individualmente. Uma forma interessante de trabalhar este item seria a identificação da questão através de uma cartela de respostas em formato de raspadinha: na medida em que o aluno vai assinalando, a resposta já aparece de imediato se está correta ou não. Caso não esteja correta, o grupo pode buscar outra alternativa, hipótese essa em que a pontuação vai diminuindo.
5º) As questões são corrigidas pelo docente de forma interativa e imediata, apontando qual grupo teve melhor desempenho com o acerto das questões.
6º) Os alunos que não concordarem com a resposta podem recorrer do gabarito, fazendo apelação
.
Para fins de ilustração, a figura a seguir demonstra as referidas fases:
Fonte: Michaelsen e Sweet (2008).
O interessante dessa metodologia é a possibilidade do desenvolvimento da competência, em conceitos na tomada de decisão,