Fogo Nas Trevas
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Fogo Nas Trevas - Warley Matias De Souza
Fogo
Bernardo estava sem camisa, seu torso nu e lindo, músculos duros aos vinte e dois anos de idade. Na barriga, ondas musculosas na pele muito negra. Diante do espelho — como um Narciso de ébano, descalço, e usando cueca branca, muito justa, que sugeria uma grande saliência entre as pernas, seu instrumento de trabalho, como ele próprio dizia —, chegou o rosto bem próximo do seu reflexo, fez um bico com os lábios grossos da boca grande, dentes muito brancos, que ele arreganhou. Depois, fez uma cara de sedutor e sorriu, convencido. Pegou o controle remoto sobre a cama e apertou o play. E seu quarto foi inundado pela voz de Zé Ramalho, cantando Garoto de aluguel.
Bernardo, olhando para o espelho, encarnou o papel. Cantava junto com o Zé, como se houvesse uma enorme plateia desejosa de sua voz grossa, mas desafinada, e de seu corpo perfeito. Ele mexia o corpo, como uma serpente rastejando sobre o chão do desejo.
— Bei-be!
No rosto, o prazer de cantar. Aquele era seu sonho, ser cantor, famoso, seduzir pela voz, dominar pelo talento. A vida dera-lhe um corpo perfeito; mas Bernardo não era afinado. A voz era gostosa de se ouvir. Quando falava, ao ouvido de seus clientes, era como veludo fazendo cócegas lá no fundo da alma. Mas, quando começava a cantar, podia espantar até o feio mais sequioso de seus beijos.
— Quanto vale um homem para amar vocêêêê...
Ele fechava os olhos e via a multidão chorando, emocionada, com a sua voz. E sentia aquela luz muito azul sobre ele, no centro do palco, diante de um microfone, enquanto dedilhava o violão com naturalidade e maestria. Mas nem sequer tocava violão.
— Como um caramelo que chegasse ao fim-im...
E todos que duvidaram de seu sonho ficariam calados, mortos de inveja. Todos ficariam a seus pés. Seu corpo não seria mais vendido. Ele daria seu corpo para os seus escolhidos, para as suas eleitas. Somente para pessoas tão especiais quanto ele.
— Ôôôô-ôôô...
Mas o telefone tocou, tirando-o de seu sonho impossível. Ele apertou o stop. Atendeu ao telefone, com sua voz grossa e firme. Acertou o programa, vestiu um jeans surrado, uma camisa muito branca, um tênis de marca, sua menina dos olhos. Chave sobre a mesa de cabeceira, pegou-a e saiu, com a música ainda na cabeça, repetindo-se, repetindo-se. Às vezes assoviava a melodia, deixava escapar um Você vai chorando e eu fico sorrindo
e depois um Beibe beibe beibe
e um ôô-ôô-ôôô
, até chegar à casa dos clientes, um casal.
Um homem muito branco, barrigudo, peludo e careca, aparentando uns cinquenta anos, abriu a porta. Bernardo sorriu-lhe. O homem sorriu em troca, com certa timidez. Pediu que Bernardo entrasse. A mulher ainda estava tomando banho, queria beber alguma coisa?
— Gosto de tequila. Você tem tequila?
O homem ficou meio hipnotizado com o sorriso de Bernardo. Gaguejou um sim
. E serviu o rapaz. Minutos depois, a mulher desceu, com uma camisola preta, os cabelos pretos, longos e soltos. Ela era mais alta do que o marido, muito exuberante, o rosto brilhava por causa do creme que acabara de usar. Tentava desesperadamente retardar os estragos do tempo. O batom muito vermelho, os quarenta e cinco anos bem distribuídos num corpo ainda atraente.
Ela sentou-se no sofá, pegou o copo de tequila das mãos de Bernardo, bebeu o resto que estava ali e encheu-o novamente. Mandou Bernardo e o marido tirarem a roupa. E foi dando mais ordens. E, à medida que eram executadas, ela masturbava-se em meio a gemidos e lágrimas, molhava a vagina com tequila. O marido perdera a timidez e sentia-se o homem mais feliz do mundo por estar sendo assim invadido por aquele homem negro e viril.
Foi a mulher quem pagou o programa. O marido parecia estar envergonhado. Depois de gozar, gemendo como um filhote de rato, correra para o andar de cima, sem intenção de voltar. Ela, meio bêbada, beijou a testa de Bernardo e falou:
— Recomendarei seus serviços.
Bernardo colocou o dinheiro no bolso, saiu da casa e caminhou pelas ruas escuras e vazias, contente com seu desempenho, mas sentindo ainda aquele vazio que nos invade após o gozo.
Gostava de sua profissão; mas sabia que não podia viver assim por toda a vida. E ser cantor era apenas um sonho. Por isso, guardava dez por cento de todos os seus programas, como recomendavam os economistas na televisão.
Pensara que a mulher iria querer também; mas acabara comendo um e ganhando o preço de dois. Lucro, sem grande esforço. Já tivera programas bem mais difíceis.
Não estava com muita vontade de trabalhar naquela noite. Tiraria o resto dela de folga. E por que não? Não tinha chefe para controlar sua vida.
Eram duas da manhã. Havia um forte silêncio nas ruas. Ele gostava desse silêncio, gostava de pensar que estava sozinho no planeta, que o mundo existia somente para ele e para mais ninguém. Mas começou a ouvir um burburinho, que foi aumentando, cada vez mais, enquanto os cães latiam. Então, ele viu uma multidão, subindo uma avenida, em sua direção. Parecia que o mundo havia se reunido ali. As luzes das casas eram acesas, muitos se juntavam à turba, que repetia palavras desconexas. Todos carregavam tochas, assim como na Idade Média. Tochas borravam a escuridão. E as luzes dos postes apagavam-se misteriosamente à medida que aquela gente passava, era como se o tempo estivesse retrocedendo, como se Bernardo houvesse entrado em uma máquina do tempo, que o levava gradualmente a um passado longínquo que nunca tivera fim.
Quando chegaram até ele, todos pararam. Tudo era silêncio. As tochas angustiavam. Bernardo estava com medo. Não tinha para onde fugir. Olhou, desesperado, para as mãos daquelas pessoas. Provavelmente, estavam armadas. Mas Bernardo assustou-se quando percebeu que elas carregavam, em uma mão, uma tocha e, na outra, um livro grosso, de capa escura. Por algum motivo, aquilo era mais assustador do que uma metralhadora nas mãos de um louco.
Começaram de novo a dizer coisas desconexas, e um clarão inundou os olhos de Bernardo, que sentiu uma tonteira e desmaiou diante de uma casa em chamas.
As noites são tão fabulosas para uma gata no cio, seus olhos veem luzes multicores,