Sobre este e-book
Leia mais títulos de Airton Kraemer
João & Maria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOlhares E Apontamentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Lago No Meu Vale Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a O Espírito Do Rio
Ebooks relacionados
Contos Da Ilha E Outros Escritos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHomem Anfíbio (Traduzido) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Barca Do Mestre Santinho Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos De Pescaria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Do Marajó Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Morte Como Recompensa Nota: 0 de 5 estrelas0 notas2 Contos 4 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO palco é pequeno...: Encruzilhada do Sul "em contos" Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPai Nosso Que Está No Céu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Velho e o Mar [The Old Man and the Sea] Nota: 4 de 5 estrelas4/5O pescador de histórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFolgo Em Te Ver, Liberdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Lenda De Tósten - O Arqueiro Da Floresta Negra Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aniara Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos com gigantes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlmas De Lama Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendas Contos E Tradições Do Folclore Brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO abridor de letras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendas&delírios: Acredite Se Quiser Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMitos, contos e lendas da América Latina e do Caribe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPescador De Histórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Feiticeiro E O Pássaro Da Morte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Minhoca Feliz Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiário De Marinhagem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDunas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Mito Das Castas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos do Norte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOnde Os Homens Se Enquadram Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAsfalto E Mato Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Renascimento Ciliar Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Religião e Espiritualidade para você
Tudo que Quiser é Seu Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Segundo Cu Nota: 3 de 5 estrelas3/5Feitiços De Quimbanda Nota: 4 de 5 estrelas4/5Kamasutra Ilustrado Nota: 3 de 5 estrelas3/5Contos Eróticos Para Mulheres Nota: 3 de 5 estrelas3/5O Livro Mestre De Feitiços & Magias Nota: 4 de 5 estrelas4/5As Pombagiras E Seus Segredos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Encantamentos, Rezas E Benzeduras Nota: 5 de 5 estrelas5/5Capa Preta Nota: 4 de 5 estrelas4/550 Banhos Poderosos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Massagem Erótica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Papo com Deus Nota: 5 de 5 estrelas5/5Umbanda para iniciantes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Magias De Amor Nota: 3 de 5 estrelas3/5Encontrei um pai: Reconheça quem você é, e viva o seu propósito Nota: 5 de 5 estrelas5/5A sala de espera de Deus: O caminho do desespero para a esperança Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lições de liderança de Jesus: Um modelo eterno para os líderes de hoje Nota: 5 de 5 estrelas5/5Grimório de Quimbanda- Sigilos, Feitiços e Rituais com Exús Nota: 4 de 5 estrelas4/5Curso Básico De Violão Nota: 4 de 5 estrelas4/5Manual Do Pompoarismo De Luxo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViciados em si mesmos: Como a esperança do céu nos liberta do egoísmo Nota: 5 de 5 estrelas5/530 minutos para mudar o seu dia Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Livro De Enoque Nota: 0 de 5 estrelas0 notasYamin Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo Sobre Menàge E Sexo Grupal Nota: 1 de 5 estrelas1/5Pecadores nas mãos de um Deus irado e outros sermões Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Livro Proibido Dos Bruxos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Meditações da mulher segundo o coração de Deus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBaralho Cigano Nota: 5 de 5 estrelas5/5As Posições Secretas Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Categorias relacionadas
Avaliações de O Espírito Do Rio
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O Espírito Do Rio - Airton Kraemer
O Espírito do Rio
Airton Kraemer
Para
Beatriz,
Caroline,
Nicole,
e Dona Eugênia
Para Marcos,
Marisa,
Marceli,
Marcílio
E Dona Ilca
PREFÁCIO
O autor de Um Lago no Meu Vale
volta a brindar os leitores com uma instigante história que resulta num amálgama entre ficção e realidade. Fiel às origens de seu primeiro relato, é do vale, do seu vale, que o autor busca a inspiração para o enredo. A construção e o sentido da amizade emergem com força na narrativa, algo que na imaginação do autor pode transcender o tempo e manifestar-se em outras dimensões.
Guardadas
as
localizações
geográficas, a pesca do jaú, imaginada ou de fato acontecida com o pescador Adolar, lembra a luta do Velho e o Mar
no célebre romance de Ernest Hemingway. Não perder o peixe e, ao mesmo tempo, não deixar o barco afundar, parece ser um dilema que
assola muitas pessoas. A luta de Adolar com o jaú agradará ao leitor. Mas esta é apenas uma de tantas histórias percebidas ou convividas entre Adolar e o seu amigo Tom.
Nos diálogos que constrói, e que podem gerar alguma controvérsia, o autor se posiciona sobre o que entende por um relacionamento sustentável entre homem e natureza diante de uma sociedade egocêntrica, marcada pelo consumismo e pela vaidade. Mas o texto serve também como subsídio para discutir os diversos impactos sócio-ambientais no Oeste do Paraná, principalmente aqueles gerados pela construção da usina de Itaipu.
O geógrafo Yi-fu Tuan costuma chamar de topofilia
o sentimento que emerge e se constrói a partir da percepção
afetiva que se desenvolve entre os seres humanos e o meio em que vivem. Não fugindo ao que narrou em Um Lago no Meu Vale
, Airton demonstra perseguir esta dimensão. Neste sentido, seu conto pode nos ajudar a sermos melhores e a melhorar nosso relacionamento entre nós mesmos e o ambiente que nos proporciona a vida.
Tarcísio Vanderlinde
(Primavera/2005)
INTRODUÇÃO
Adolar Scherner foi uma das figuras mais humanas e mais queridas que conheci.
Convenceu-me de que é possível sentir-se feliz mesmo na pobreza, na simplicidade.
Não é que ele não tivesse sonhos e ambições. Aspirava sempre melhores condições de vida para si e sua família, mas resignava-se com o que a vida lhe dava.
A presente obra retrata um pouco da grandeza desse homem do rio e do mato
, que dizia: "O bom não é ser importante; o
importante é ser bom". Um humilde pescador que, por sua liderança nata e pelos seus feitos, terá sua imagem sempre respeitada e reverenciada pelos pescadores
do lago de Itaipu e de seus afluentes. Será para sempre uma lembrança querida por todos que o conheceram.
O Espírito do Rio
relata passagens reais, mas não só isso. A história se envereda também pela ficção, pelo mistério sobre um estranho espírito que habita o Rio São Francisco. É uma narrativa para homenagear a memória de um amigo do rio.
Para preservar a imagem inesquecível de Adolar, o pescador.
(O autor).
O Rio Paraná
O Rio Paraná fervilhava, num turbilhão de águas revoltas. Correntezas e redemoinhos produziam sons de trovão.
Uma espuma esbranquiçada saltava em meio a estrondos, e ia sendo levada pela torrente. Às vezes um pouco da espuma desviava-se em direção aos remansos e ia bater nas pedras, nos arbustos de sarandi e nas areias brancas, que emolduravam uma paisagem ao mesmo tempo assustadora e fascinante. Das matas paraguaias, na margem direita, surgiam bandos de araras e papagaios que cruzavam os céus em algazarra. Eles vinham ao Brasil, na margem esquerda do rio, sobrevoavam lavouras de soja e milho, mas o seu alvo
eram os pomares com frutos maduros e apetitosos, nas fazendas ribeirinhas. Após se fartar, voltavam em vôos majestosos às matas paraguaias, abrigando-se para mais uma noite quente de verão. A floresta densa e fechada na margem direita do rio Paraná lhes oferecia conforto e proteção.
Ali, naquele ponto, o Possuelo desembocava no Paraná e formava um belo cenário, com praias de areias brancas nas duas margens, emolduradas por rochedos.
O Possuelo era um pequeno rio de águas cristalinas, como tantos outros que desciam pelas barrancas, no lado paraguaio, e serviam de refúgio e berçário para importantes espécies de peixes, como dourados, piauçus, curimbatás, chinelos, piavas, surubins, jaús, pintados, mandis, bagres e muitos outros.
Era janeiro de 1982.
Sentado na areia, na margem brasileira do Paranazão, Adolar contemplou o rio caudaloso, as barrancas, a mata, as aves, e começou a recolher a sua linhada de mão.
Eram mais de 40 metros de linha, cujo anzol com pesada chumbada ele arremessara para além do remanso. Era lá, bem no meio da correnteza, que esperava fisgar um bom pintado para vender ao peixeiro
, conhecido pela alcunha de Xirú, uma espécie de atravessador que comprava o pescado diretamente dos pescadores e o revendia aos supermercados e peixarias, não sem antes aplicar uma gorda margem de lucro para si. Adolar, como tantos outros pescadores, estava conformado com a situação. – "Nós trabalhamos e quem
ganha mais dinheiro é o Xirú. Não tem outro jeito. A gente não tem condições de vender o peixe lá na cidade, e tem que aceitar o preço que o Xirú oferece."
Ele falava em voz alta, enquanto recolhia a linhada. –Faltam poucos metros, pensou. E a linha vinha leve. Era mais uma tentativa fracassada de fisgar um belo pintado. Quando faltavam apenas três metros de linha a serem recolhidos, ele ainda pôde contemplar os pequenos peixinhos, filhotes de bagres e barbados, mordiscando os