O som vertebrado
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Sobre este e-book
Um ano após vencer, com livros diferentes e em um intervalo de quinze dias, o Prêmio São Paulo e o Oceanos, Edimilson de Almeida Pereira, um dos escritores contemporâneos mais renomados, estreia na Editora José Olympio com O som vertebrado. Organizado em quatro partes – "Mapa em colapso", "O som vertebrado", "Escavações" e "Porte étoile" –, o livro apresenta quarenta e cinco poemas inéditos, que dialogam com forças naturais, humanas, maquínicas e espirituais.
Nestas páginas, despontam cantos advindos dos mais de quatrocentos anos de trabalho de escavação nas terras de Minas Gerais. Os ecos desse ofício ainda estão impressos no relevo, nos animais, nas construções e nas pessoas; e são expostos aqui nas palavras do premiado escritor Edimilson de Almeida Pereira.
Conforme Evando Nascimento indica no texto de orelha do livro, "Trata-se de experiência outra, diferencial, de um poeta latino-americano, cuja textualidade se faz por matrizes ocidentais e não ocidentais, rompendo com os imaginários limites geográficos. [...] É uma poesia que passa incessantemente do individual ao coletivo, e vice-versa. Sobressai-se, desse modo, uma inteligência extremamente sensível, reunindo humanos, minerais, plantas e animais, por vezes numa mesma dor. [...] Dedicado a nosso trovador maior, Milton Nascimento, O som vertebrado se afirma como uma cosmopolítica babélica, com signos disseminados em defesa da vida nas mais variadas feições".
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Pré-visualização do livro
O som vertebrado - Edimilson de Almeida Pereira
Copyright © Edimilson de Almeida Pereira, 2022
Design de capa: Violaine Cadinot
Imagem de capa: Josefa Alves dos Reis (Dona Zefa), Araçuaí, Vale do Jequitinhonha/mg, fotografia de Lori Figueiró
Projeto gráfico de miolo: Ligia Barreto | Ilustrarte Design
O autor agradece a Bruna Beber, Carolina Torres e Letícia Féres, pelas leituras e sugestões preciosas durante a edição destes sons inesperados.
Este livro foi revisado segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, o armazenamento ou a transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Reservam-se os direitos desta edição à
Editora José Olympio LTDA.
Rua Argentina, 171 – 3o andar – São Cristóvão
20921-380 – Rio de Janeiro, RJ
Tel.: (21) 2585–2000.
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ISBN 978-65-5847-113-4
Produzido no Brasil
2022
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Pereira, Edimilson de Almeida
P49s
O som vertebrado [recurso eletrônico] / Edimilson de Almeida Pereira. - 1. ed. - Rio de Janeiro : José Olympio, 2022.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5847-113-4 (recurso eletrônico)
1. Poesia brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
22-80793
CDD: 869.1
CDU: 82-1(81)
Gabriela Faray Ferreira Lopes – Bibliotecária – crb-7/6643
Para Milton Nascimento
"Margem de
erro: margem
de liberdade."
ORIDES FONTELA*
* Errância
. Trevo (1969–1988). São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 192. (Coleção Claro Enigma.)
MAPA EM COLAPSO
1.
Minas nega o desperdício.
Um grão fora do seu tempo
e o fruto apodrece.
Seca-se uma avareza
de cada vez,
quebram-se as que
não atingiram a têmpera.
Algo desanda, no entanto.
Um baile exclama
sob o véu de Saturno,
alguém desarma
a bomba do próprio nome.
Não há acordo.
Com a roda
trabalhando à míngua,
sendo Minas, desperdiçar
é justa economia.
2.
Não se adivinha
o que vai enterrado na raiz
dos dentes.
É pó, talvez se revele
em montanhas
de livros.
Não adianta um baque,
a faca
enferrujada
pela metade,
as formigas impedindo
a passagem.
Não se adivinha
o que está e nos satura
na raiz dos dentes.
Tudo diverge
à boca do cofre, afinal
o desespero
a flor morta
na península
são o pouco acumulado.
3.
Cada peça sobre esse corpo
não foi cosida a esmo.
Perguntou-se (como quem
avalia os impostos)
se seria fácil despi-lo.
Se teria o élan do morto
que atira flores quando
namora. Lavrou-se em ata
que os fios dariam
a quem os vestisse a certeza
de parecer completo.
De dúvida e dívida fez-se
o trabalho: a mão que o iniciou
queda sem posse
e salário. Outras nascendo
dela –
perdida a órbita do corpo –
desfiam a si mesmas.
4.
Tenho mais idade do que João
e Antônio.
Sem ilusões, sei muito
sobre pessoas
objetos e ofícios.
Assino em três vias
para que não restem