Patologia Clínica Veterinária

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Diagramação e Capa: Sofia de Souza Moraes

Copidesque: Lara Alves dos Santos Ferreira de Souza

Revisão: Doralice Daiana da Silva

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Organizadora

Jéssica C. Silva

Médica veterinária formada pela Universidade Paulista (2018), pós-graduanda em Patologia Clínica Veterinária pela UFAPE (2024) e em Docência do Ensino Técnico e Superior pela INESP (2023). Responsável pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da UNIP. Coordenadora e professora do Curso Técnico em Veterinária do Colégio Tableau.

SUMÁRIO

Apresentação

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO E FUNDAMENTOS GERAIS

1.1 Importância e objetivos dos exames laboratoriais

1.2 Tipos e coleta de material biológico

1.2.1 Coleta de sangue

1.2.1.1 Tipos de tubos para coleta de sangue

1.2.2 Coleta de urina e fezes

1.2.3 Coleta de tecidos e líquidos

1.3 Armazenamento e envio de amostras biológicas

1.4 Erros pré-analíticos

1.4.1 Substâncias interferentes

1.5 Erros analíticos e pós-analíticos

CAPÍTULO 2 - HEMATOLOGIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

2.1 Células sanguíneas

2.1.1 Hematopoiese

2.2 Eritrograma

2.2.1 Eritropoiese

2.2.2 Morfologia dos eritrócitos

2.2.2.1 Coloração dos eritrócitos

2.2.2.2 Tamanho dos eritrócitos

2.2.2.3 Alterações morfológicas dos eritrócitos

2.2.3 Classificação das anemias

2.2.3.1 Tamanho dos eritrócitos e teor de hemoglobina

2.2.3.2 Resposta da medula óssea

2.2.4 Classificação das policitemias

2.3 Leucograma

2.3.1 Contagem global e diferencial de leucócitos

2.3.2 Respostas leucocitárias

2.3.2.1 Leucocitoses e desvio à esquerda

2.3.2.2 Leucopenias

2.4 Plaquetograma

2.5 Proteínas plasmáticas

2.6 Pesquisa e identificação de hematozoários

2.6.1 Preparo do esfregaço sanguíneo

2.6.2 Principais hemoparasitas encontrados no esfregaço sanguíneo

CAPÍTULO 3 - HEMOSTASIA

3.1 O que é hemostasia

3.2 Componentes da hemostasia

3.3 Avaliação laboratorial

CAPÍTULO 4 - HEMOCOMPONENTES PARA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA

4.1 Hemocomponentes

4.2 Tipos sanguíneos dos animais domésticos

4.3 Seleção de doadores e testes realizados

4.4 Teste de compatibilidade para transfusão sanguínea

CAPÍTULO 5 - BIOQUÍMICA CLÍNICA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

5.1 Avaliação bioquímica e funcional dos rins

5.1.1 Avaliação laboratorial da ureia e da creatinina

5.1.2 Avaliação laboratorial dos eletrólitos

5.1.3 Avaliação laboratorial dos distúrbios acidobásicos

5.1.4 Alterações laboratoriais da insuficiência renal

5.1.4.1 Azotemia pré-renal, renal e pós-renal

5.2 Avaliação bioquímica e funcional do fígado

5.2.1 Alterações laboratoriais da doença hepática e insuficiência hepática

5.2.1.1 Classificação das icterícias

5.3 Avaliação bioquímica e funcional do pâncreas exócrino

5.3.1 Alterações laboratoriais da insuficiência pancreática exócrina (IPE)

CAPÍTULO 6 - URINÁLISE

6.1 Coleta e armazenamento de urina

6.2 Exame físico da urina

6.3 Exame químico da urina

6.3.1 pH urinário

6.3.2 Proteína

6.3.3 Sangue oculto (heme)

6.3.4 Glicose

6.3.5 Cetonas

6.3.6 Bilirrubinas

6.3.7 Urobilinogênio

6.3.8 Nitritos

6.4 Sedimentoscopia da urina

6.4.1 Hemácias

6.4.2 Leucócitos

6.4.3 Células epiteliais

6.4.4 Bactérias

6.4.5 Leveduras e fungos

6.4.6 Parasitas

6.4.7 Cilindros

6.4.8 Cristais

CAPÍTULO 7 - EXAME COPROPARASITOLÓGICO

7.1 Coleta e armazenamento de fezes

7.2 Métodos coproparasitológicos

7.2.1 Exame a fresco

7.2.2 Método de Willis-Mollay

7.2.3 Método de Sheather

7.2.4 Método de Faust

7.2.5 Método de sedimentação simples

7.2.6 Método de Gordon e Whitlock

7.3 Coprofuncional

CAPÍTULO 8 - CITOLOGIA

8.1 Obtenção da amostra para análise

8.2 Classificação geral das alterações citológicas

8.2.1 Processos inflamatórios e infecciosos

8.2.2 Processos neoplásicos

CAPÍTULO 9 - LÍQUIDO CAVITÁRIO, EFUSÕES E LÍQUOR

9.1 Tipos de efusão

9.2 Técnicas de coleta e encaminhamento de amostras

9.2.1 Processamento e análise das amostras

9.2.1.1 Quantificação de proteína

9.2.1.2 Hematimetria e contagem de células nucleadas totais

9.3 Análise de líquor ou líquido cefalorraquidiano (LCR)

9.3.1 Técnica de coleta

9.3.2 Análise laboratorial

CAPÍTULO 10 - TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM BIOLOGIA MOLECULAR

10.1 Biologia molecular na veterinária

10.2 PCR

10.2.1 PCR convencional

10.2.2 PCR em tempo real (qPCR)

10.2.3 PCR de transcriptase reversa (RT-PCR)

CONSIDERAÇÕES GERAIS

REFERÊNCIAS

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Tubos de coleta de sangue com tampas de cores específicas

Figura 1.2 – Substâncias interferentes presentes nas amostras

Figura 2.1 – Células sanguíneas em esfregaço sanguíneo de cão

Figura 2.2 – Hipocromasia em hemácias de cão com anemia

Figura 2.3 – Eosinófilo (esquerda) e basófilo (direita) em esfregaço sanguíneo de equino

Figura 2.4 – Técnica de confecção do esfregaço sanguíneo

Figura 2.5 – Presença de estruturas compatíveis com Babesia sp. em hemácia de cão

Figura 2.6 – Microfilária presente em esfregaço sanguíneo de cão

Figura 2.7 – Inclusão viral de cinomose dentro de eritrócito (círculo) de cão

Figura 4.1 – Teste rápido para detecção do Vírus da Leucemia Felina e Imunodeficiência Felina em gato doador

Figura 6.1 – Coleta de urina por cistocentese guiada por ultrassom

Figura 6.2 – Tira reagente para exame químico da urina

Figura 6.3 – Presença de grande quantidade de hemácias na urina

Figura 6.4 – Ovo de Dioctophyma renale em amostra de urina

Figura 6.5 – Cristal de oxalato de cálcio em urina

Figura 6.6 – Cristal de estruvita em urina

Figura 7.1 – Análise física das fezes de cão

Figura 7.2 – Oocistos de coccídeos em fezes de caprino identificados no método de Willis-Mollay

Figura 7.3 – Ovo de Ancylostoma sp. em fezes de cão identificado no método de Faust

Figura 7.4 – Ovo de cestódeo em fezes de galinha identificados no método de sedimentação simples

Figura 8.1 – Técnica de coleta de citologia e confecção da lâmina

Figura 9.1 – Técnica de coleta de efusão abdominal

Figura 9.2 – Representação do local de coleta de LCR

Apresentação

Caros leitores,

É com muita alegria que apresento a vocês o livro Patologia Clínica Veterinária. Este livro é um guia essencial para todos que desejam entender as formas de diagnóstico das doenças que podem afetar nossos animais de estimação, por meio de exames clínicos.

Neste livro, exploraremos de maneira simples e direta a patologia clínica veterinária, uma área que se dedica ao estudo das doenças por meio da análise de amostras como sangue, urina e tecidos. Especialmente desenhado para estudantes de veterinária e entusiastas do cuidado animal, esta obra detalha como diferentes doenças alteram o estado normal do organismo dos animais.

O objetivo aqui é tornar o tema do diagnóstico veterinário acessível e instigante para todos. Espero que este livro sirva como uma porta de entrada para o conhecimento profundo sobre a saúde dos nossos animais domésticos, melhorando a eficácia do cuidado que lhes proporcionamos.

Abraços e boa leitura!

INTRODUÇÃO

Patologia Clínica Veterinária é um livro essencial para estudantes de Medicina Veterinária que buscam uma compreensão aprofundada das doenças que afetam animais. Esta obra guia os leitores através dos fundamentos do diagnóstico laboratorial, uma ferramenta crucial no tratamento e na compreensão da saúde animal.

A obra aborda técnicas de coleta e análise de amostras, como sangue, urina e tecidos, e ensina como interpretar esses dados para formular diagnósticos precisos. Com uma linguagem clara e exemplos práticos, o livro torna conceitos complexos acessíveis e aplicáveis à prática veterinária diária.

Cada capítulo inclui ilustrações detalhadas e casos que simulam situações reais, ajudando os estudantes a visualizar a aplicação dos conceitos aprendidos. Além disso, o livro está atualizado com as últimas tecnologias e metodologias de diagnóstico, incluindo avanços em técnicas moleculares, preparando os futuros veterinários para uma prática moderna e eficaz.

Este livro não só fundamenta os alunos em técnicas laboratoriais essenciais, mas também incentiva o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade analítica, habilidades indispensáveis para qualquer profissional da área.

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO E FUNDAMENTOS GERAIS

1.1 Importância e objetivos dos exames laboratoriais

A realização de exames laboratoriais na veterinária desempenha um papel importante no diagnóstico, no monitoramento e na prevenção de doenças em animais. Esses exames fornecem informações valiosas sobre a saúde geral dos animais, permitindo aos veterinários fazer diagnósticos precisos e administrar tratamentos adequados.

Comecemos com o hemograma, um dos exames mais fundamentais na prática veterinária. Ele oferece um panorama detalhado dos componentes sanguíneos do animal, incluindo hemácias, leucócitos e plaquetas. Esta análise ajuda a identificar condições como anemias, infecções e distúrbios de coagulação. Ao entender as variações nessas células, o veterinário pode detectar sinais precoces de doenças, até mesmo antes do surgimento de sintomas clínicos, possibilitando intervenções mais rápidas e eficazes.

Os exames bioquímicos, no entanto, fornecem uma visão sobre o funcionamento interno dos órgãos e sistemas do animal. Avaliam parâmetros como enzimas hepáticas, função renal, níveis de glicose e eletrólitos, oferecendo pistas essenciais sobre a saúde do fígado, dos rins, do pâncreas e outros órgãos. Esses exames são fundamentais, por exemplo, para monitorar animais com doenças crônicas, como diabetes ou insuficiência renal, permitindo ajustes finos no tratamento e na dieta.

A urinálise é outro exame comum, que examina as propriedades físicas e químicas da urina. Ela pode revelar problemas que vão desde infecções do trato urinário até condições mais graves, como doenças renais e hepáticas. A análise de sedimentos urinários pode identificar cristais, células e bactérias, fornecendo informações cruciais para o diagnóstico de diversas patologias.

Por fim, os exames coproparasitológicos são vitais para a detecção de parasitas intestinais, que podem causar desde desconfortos leves até doenças graves e debilitantes. Esses exames são particularmente importantes em animais jovens e em populações de animais em que a transmissão de parasitas é mais prevalente.

Em resumo, os exames laboratoriais na veterinária são ferramentas indispensáveis que auxiliam no diagnóstico preciso e no monitoramento da saúde animal. Eles permitem intervenções terapêuticas mais direcionadas e eficazes, contribuindo significativamente para o bem-estar e a longevidade dos animais. Além disso, ao fornecerem um registro detalhado da saúde do animal ao longo do tempo, esses exames ajudam a estabelecer padrões de normalidade e a detectar quaisquer desvios que possam indicar problemas subjacentes, assegurando uma abordagem proativa na manutenção da saúde animal.

1.2 Tipos e coleta de material biológico

A coleta de amostras biológicas em animais é um procedimento essencial para a realização de exames laboratoriais, que são primordiais para o diagnóstico, o monitoramento e a prevenção de doenças. Diversos tipos de amostras podem ser coletadas, incluindo sangue, urina, fezes, tecidos e fluidos corporais. Cada tipo de amostra requer métodos específicos de coleta e preparo do animal, garantindo a segurança do paciente e a precisão dos resultados.

1.2.1 Coleta de sangue

O preparo adequado do animal para a coleta de sangue, incluindo o jejum, é um aspecto crucial para garantir a precisão dos resultados dos exames laboratoriais. O jejum ajuda a minimizar variações nos parâmetros sanguíneos que podem ser influenciados pela ingestão de alimentos, proporcionando um contexto mais controlado para a análise.

De modo geral, recomenda-se que os animais domésticos estejam em jejum por um período que pode variar de 8 a 12 horas antes da coleta de sangue. Esse período permite que o trato gastrointestinal processe completamente os alimentos consumidos e reduz a lipemia, que é a presença de partículas lipídicas no sangue após a ingestão de alimentos, podendo interferir em algumas análises, como as bioquímicas e hormonais.

Entretanto, é essencial considerar que o jejum deve ser adaptado à idade, ao estado de saúde e à espécie do animal. Por exemplo, filhotes, que têm requisitos energéticos mais elevados e reservas menores, podem não tolerar períodos longos de jejum da mesma forma que um animal adulto saudável. Da mesma forma, animais com certas