Máscara Para Um Rosto Nu
De Helena T. e Eduardo Pupa
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Máscara Para Um Rosto Nu - Helena T.
Nestes contos apresentados como variegado aperitivo, encontra-se um banquete. Helena T. tece retalhos do cotidiano para revelar aquilo que ele tem de mais genuíno: nos detalhes, o cotidiano é sempre diferente, a cada vez que parece se repetir. Aí, nada é o que parece e, por parecer o que não é, acaba sendo aquilo que é.
Estamos diante da máscara e suas inúmeras vertentes. Nas culturas ancestrais a máscara exercia uma função contrária ao que aparenta: ela era aquilo mesmo que parecia não ser. Entre xamãs das antigas tribos, usava-se a máscara de Deus para incorporar Deus, e a máscara lhes permitia exercer uma função sagrada. No papel ambíguo da máscara encontrava-se a verdade do paradoxo.
Por intermédio das verdades reveladas pela máscara do cotidiano, estes contos de Helena T. nos arremessam à diversidade vertiginosa da vida, todo o oposto da banalidade.
Não é isso um banquete e tanto?
João Silvério Trevisan
Créditos
© Helena T.
Título Original: Máscara para um rosto nu.
Organização e coordenação: Maria Célia Furtado
Capa e ilustrações: Eduardo Pupa
Diagramação: Cristiana Serpa - CG Studio
Revisão: Viviane Akemi Uemura
Conversão para eBook: SCALT Soluções Editoriais
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
T., Helena
Máscara para um rosto nu / Helena T. ;
(ilustrações Eduardo Pupa) . -- 1 ed. -- São Paulo :
Editora Degustar, 2020.
ISBN: 978-65-990326-6-0
1. Contos brasileiros 2. Erotismo 3. Relacionamentos
I. Pupa, Eduardo. II. Título
Índices para catálogo sistemático:
I. Contos : Literatura brasileira B869.3
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
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Para Helena, minha mãe, de quem herdei o nome e a paixão por ler.
Audição de piano Cheiro de antigo Destinos possíveis Dia de soltar pipa Flagrante Hora da missa Par-ti-tu-ras A vista Romance Distância Amor doído Batom gosto cereja Bola na rede Breguice Ciúme Estranheza Prisioneira Sândalo De véu e grinalda Anjo caído Esbarrão Exposta Na biblioteca Ônibus em dia de chuva Máscara para um rosto nu Uma questão de tempo Cansaços Hora certa Calçada da estrela Crônica de réveillon Lar doce lar Os sonhos de Tetê Às claras Matéria vertente Sobre águas Réquiem para um coração partido A voz do dono When a woman loves a man A beleza de Anita A mensageira Brilhos Erógena zona Fera Sobre morangos Mosaico português Naked lunch O pedido Rolling stones Sexta-feira Sábado Vitrine Espirros
Ninguém viu quando me esgueirei do grupo e, escondido, fui para a varanda e me droguei.
Comi a caixa toda de Bis e bebi uma lata inteirinha de Guaraná. Arrotei e fiquei um pouco enjoado.
Depois, vi estrelas e escutei sinos, meu corpo todo formigando.
Para ouvir melhor o que diziam meus pensamentos, deitei no chão de lajotas e tomei uma séria decisão — quando eu crescer e for muito rico, dono do meu nariz, comprarei milhões de caixas de Bis, trilhões de latinhas de Guaraná e terei uma Via Láctea só para mim.
Audição de piano
Madrinha disse que vai me levar num conserto. Consertar o quê?, perguntei. Ela e mamãe riram, Claudinha riu também. Isso me deixa nervoso, não gosto que riam de mim. Meu rosto ficou vermelho, senti a quentura. É concerto com a letra c
, bobinho, madrinha explicou. Não entendi nada, ainda por cima me chamou de bobinho.
A quentura que era de vergonha virou de raiva, apertei as mãos.
— Conserto com a letra s
é de consertar — ela falou —, concerto com c é uma audição, nesse caso, meu menino, audição de piano com orquestra e tudo.
Eu sabia o que era uma orquestra, não sabia o que era uma audição, mas nem falei nada, já tinham me achado um bobinho, iam me achar burro também. Vamos no domingo, madrinha avisou. Prepare-se! Senti um frio por dentro. Como assim, prepare-se? Será que a gente vai consertar um piano? Fiquei apavorado! Como um garoto de 9 anos vai saber consertar um piano? Continuei quieto, dei um tempo e saí de mansinho da sala antes que inventassem mais coisa pra mim. Tinha um negócio agarrado na minha garganta; acho que era medo. Passei em frente ao piano que madrinha costumava tocar, fica numa espécie de corredor entre a sala de visitas e a de jantar. Nunca entendi de onde vinha a música que saía dali, também nunca prestei muita atenção. Mas naquele dia olhei bem, levantei a tampa, tirei o pano vermelho e passei os dedos naquela parte meio branca, meio amarela; era macia, macia, lisinha. Tinha um pouco de pó, limpei a mão na calça. Tenho nojo de pó. Não gosto de pisar no chão também, nunca ando descalço; às vezes, por causa da preguiça, ando de meia, mamãe briga.
A parte de cima do piano parece com a porta de um armário da casa da vovó que de vez em quando eu abro, tem um cheiro esquisito e muitas caixas com coisas e coisas, fotos, lenços, cartões. Gosto de fingir que são segredos e que sou um detetive. Mas o piano não abre do mesmo jeito que se abre o armário. Bem que eu queria saber o que tinha dentro, ver como a música sai de lá. Talvez seja segredo também.
De sábado para domingo tive pesadelos horríveis. Eu corria por um corredor atrás de um banheiro, abria uma porta, abria outra e nenhuma era o banheiro. Acordei doido pra mijar. Depois passei a manhã nervoso, queria e não queria que chegasse a hora do almoço, quando madrinha ia me levar para o tal concerto. Tive fome, mas não consegui comer, parecia que tinha um furo dentro da minha barriga a mudar de lugar toda hora. Botei o tênis novo que mamãe comprou pra eu usar, estava meio apertado. Não reclamei, não queria que prestassem atenção em mim, queria ser invisível ou me agarrar no teto como o homem-aranha pra ninguém me achar. Ninguém fica olhando pro teto. Saímos num táxi, só madrinha e eu, ela segura a minha mão, o tênis novo aperta meu pé, fecho os olhos e rezo pro meu anjo da guarda. Então me sinto confiante, nada ruim vai acontecer, meu peito fica cheio de ar como um balão, estou mais animado. Chegamos ao teatro, um lugar de luzes e de muita gente, olha só que lindos os vitrais, como jogam cores nas paredes!, aponta madrinha.Minhas mãos estão molhadas, a garganta arde, tenho sede. O teto é todo pintado de gente meio sem roupa, meio vestida, rios e mares, muito céu e montanhas, fico tonto e arrepiado, o cheiro é de coisa antiga, entramos numa sala que parece mais um cinema gigantesco. Olha o piano no palco, meu filho, diz madrinha. Isso é um piano? Piano de cauda. Cauda que nem de gato? Não, menino, é só um jeito de falar porque é comprido, a gente abre aquela tampa