Grafologia é um estudo pseudocientífico[1][2][3][4] que utiliza a análise da escrita manual para inferir sobre a personalidade. Não deve ser confundida com a análise forense de documentos, chamada de grafoscopia ou perícia grafotécnica.

Histórico

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O primeiro registro do estudo da grafia com correspondência na personalidade vem do final do século XI na China, sendo os japoneses os pioneiros em traçar perfis pela escrita. O primeiro livro editado sobre a grafologia foi publicado em Capri, Itália, em 1622 por Camilo Baldi, com título de Trattado come de una lettera missiva se conosco na natura e qualitá dello scrittore (Tratado sobre como, através de uma carta, chega-se ao conhecimento da natureza e das qualidades do autor).

Albrecht Erlenmeyer, médico e diretor psiquiátrico, em 1879 publicou A escrita: caracteres principais de sua psicologia e de sua patologia e William Thierry Preyer, pediatra e fisiologista da Universidade de Iena, em 1895, Contribuição à psicologia da escrita.

O grande avanço da grafologia moderna veio a partir dos trabalhos de Jules Crépieux-Jasmim, com a hierarquização de gêneros e espécies grafológicas. Suas obras são um desdobramento dos estudos feitos por Jean-Hippolyte Michon, sobre o qual se obteve melhor precisão pelos métodos de hierarquização.[carece de fontes?]

Críticas

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No Brasil, diferentemente do resto da América Latina, ainda há um déficit de publicações científicas nesta área do conhecimento da personalidade.[5][6] Apesar disto, assim como na Europa e nos Estados Unidos, milhares de empresas insistem em utilizar a grafologia mesmo nos últimos anos, como, por exemplo, no caso de seleção de candidatos.[7]

A principal crítica à grafologia é a inexistência de base científica que sustente o uso dessa técnica para a investigação da personalidade. A técnica de análise grafológica também é criticada por utilizar regras associativas de caráter simbólico ou analógico sem validade científica e metodologia comprovada. Após longos estudos, a sociedade britânica de psicologia definiu a grafologia com "validade zero".[7]

Em uma metanálise com mais de 200 estudos comparando a grafologia com outros exames de personalidade, concluiu que a grafologia não consegue prever nenhum traço de personalidade.[8]

Os críticos da grafologia alegam ainda que não há provas de que a mente inconsciente seja um reservatório que guarda a verdade sobre uma pessoa, e muito menos de que a grafologia ofereça um portal para esse reservatório. Boa parte da suposta comprovação é por efeito Forer, ou seja, quando se sugere a uma pessoa que ela reconhece em si algum traço de personalidade amplo, comum e subjetivo, pessoas sugestionáveis costumam concordar e considerar como algo peculiar de si mesmo.[9]

Referências

  1. King, Roy N.; Koehler, Derek J. (dezembro de 2000). «Illusory correlations in graphological inference». Journal of Experimental Psychology: Applied (em inglês) (4): 336–348. ISSN 1939-2192. doi:10.1037/1076-898X.6.4.336. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  2. Fluckiger, Fritz A.; Tripp, Clarence A.; Weinberg, George H. (fevereiro de 1961). «A Review of Experimental Research in Graphology, 1933–1960». Perceptual and Motor Skills (em inglês) (1): 67–90. ISSN 0031-5125. doi:10.2466/pms.1961.12.1.67. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  3. Bayne, R., & O'Neill, F. (1988), "Handwriting and personality: A test of some expert graphologists' judgments", Guidance and Assessment Review (4): 1–3.
  4. Lighton, R E (1934). "A Graphological Examination of the Handwriting of Air Pilots". Thesis in the Faculty of Arts (University of Pretoria).
  5. Driver, Russell W.; Buckley, M. Ronald; Frink, Dwight D. (abril de 1996). «Should We Write Off Graphology?». International Journal of Selection and Assessment (em inglês) (2): 78–86. ISSN 0965-075X. doi:10.1111/j.1468-2389.1996.tb00062.x. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  6. Furnham, Adrian; Gunter, Barrie (janeiro de 1987). «Graphology and personality: Another failure to validate graphological analysis». Personality and Individual Differences (em inglês) (3): 433–435. doi:10.1016/0191-8869(87)90045-6. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  7. a b Duffy, Jonathan; Wilson, Giles (1 de fevereiro de 2005). «Writing wrongs». BBC News Magazine. Consultado em 30 de janeiro de 2024. Arquivado do original em 20 de dezembro de 2012 
  8. Jennings, D. L., Amabile, T. M., and Ross, L. (1982), Informal covariation assessment: Data-based versus theory-based judgments. In D. Kahneman, P. Slovic, & A. Tversky (Eds.), Judgment under uncertainty: Heuristics and biases, Cambridge, England: Cambridge University Press, pp. 211–238, Dennis L.; Amabile, Thomas M.; Ross, Lee (1982). «Informal covariation assessment: Data-based versus theory-based judgments». In: Kahneman, Daniel; Slovic, Paul; Tversky, Amos. Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Inglaterra: Cambridge: Cambridge University Press. pp. 211–238. doi:10.1017/CBO9780511809477.016 
  9. Ana Luiza Barbosa de Oliveira (20 de abril de 2004). «Investigando a grafologia». Grafologia. Projeto Ockham. Arquivado do original em 3 de março de 2016