Campeonato Brasileiro de Futebol de 1975
O Campeonato Brasileiro de Futebol de 1975, originalmente denominado Copa Brasil pela CBD, foi a 20.ª edição do Campeonato Brasileiro e que foi vencido pelo Internacional ao vencer o Cruzeiro na final por 1 a 0, que se tornou o primeiro clube gaúcho e da Região Sul a ser campeão brasileiro, com 19 vitórias, 8 empates e 3 derrotas, 51 gols a favor e 12 contra, fazendo também o artilheiro da competição, Flávio, com 16 gols.
XX Campeonato Brasileiro de Futebol | ||||
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I Copa Brasil de 1975 | ||||
Dados | ||||
Participantes | 42 | |||
Organização | CBD | |||
Anfitrião | Brasil | |||
Período | 20 de agosto – 14 de dezembro | |||
Gol(o)s | 975 | |||
Partidas | 430 | |||
Média | 2,27 gol(o)s por partida | |||
Campeão | Internacional (1º título) | |||
Vice-campeão | Cruzeiro | |||
Melhor marcador | Flávio (Internacional) – 16 gols | |||
Melhor ataque (fase inicial) | Internacional – 24 gols | |||
Melhor defesa (fase inicial) | Cruzeiro – 2 gols | |||
Maior goleada (diferença) |
Vitória 0 – 5 Internacional Estádio da Fonte Nova, Salvador 23 de agosto | |||
Público | 6 873 120 | |||
Média | 15 984 pessoas por partida | |||
Premiações | ||||
Melhor jogador |
Waldir Peres (São Paulo) | |||
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O campeonato teve 430 partidas em três meses e 24 dias de competição.[1] O Internacional fez uma grande campanha e muito regular, com apenas 3 derrotas em 30 jogos, contando com grandes jogadores, como Manga, Figueroa, Falcão, Paulo César Carpeggiani, Valdomiro, Flávio Minuano e Lula, tendo como técnico Rubens Minelli.
Foram acrescentados mais dois clubes ao campeonato: mais uma vaga para o estado de Goiás e, desta vez, foi convidado um clube representante da Paraíba, com o Estado finalmente estreando no torneio, bem como o agora reunificado Rio de Janeiro, cujos grandes clubes, todos localizados na capital, representavam a Guanabara anteriormente (em todo caso, mesmo que o Estado ainda estivesse separado, o Americano seria o representante fluminense). O sistema de pontuação foi alterado: o vencedor de uma partida continua recebendo dois pontos; porém, se a vitória for por uma diferença de dois ou mais gols, a vitória passa a valer três pontos.[1]
Neste ano, o Santa Cruz tornou-se o primeiro clube da Região Nordeste a passar para a fase final do Campeonato Brasileiro em sua versão pós 1971, porém não avançando das semifinais, disputadas além dos finalistas e do clube pernambucano também pelo Fluminense. Pela primeira vez a final não contou com nenhuma equipe de Rio de Janeiro ou São Paulo.
Participantes
editarRegulamento
editarPrimeira Fase: 42 clubes divididos em 4 grupos (dois com 10 clubes cada e dois com 11 clubes cada). Jogos em turno único com grupos se enfrentando (A x B e C x D), classificando-se os 5 primeiros colocados de cada grupo para a Segunda Fase, e os demais para a Repescagem.
Segunda Fase: Dois grupos de dez clubes cada. Turno único, classificando para a terceira fase os seis primeiros colocados de cada grupo.
Repescagem Quatro grupos, sendo cinco clubes em dois deles e seis nos outros dois, classificando para a terceira fase o primeiro colocado de cada chave.
Terceira Fase: Dois grupos com oito clubes cada. Turno único, com os dois primeiros de cada gruupo classificando-se para a Fase Final.
Fase Final: sistema eliminatório (com semifinais e final), em jogo único para cada confronto. O mando de campo e o critério de desempate ficariam com o clube que tivesse melhor campanha em todo o campeonato.
Pontuação
editarUma das novidades deste campeonato foi a bonificação por vitórias com maior diferença de gols, assim, atribuindo ponto aos clubes que alcançassem tal feito. Desse modo, a configuração da pontuação na temporada foi a seguinte:[2]
- 3 pontos - vitória por mais de 1 gol de diferença;
- 2 pontos - vitória por 1 gol de diferença;
- 1 ponto - empate.
Questão Financeira
editarA Confederação Brasileira de Futebol utilizou de valores padrão para a venda dos ingressos, sendo variável dentro de como a entidade classificava a importância da partida. A CBF também proibiu a venda de carnês dos jogos e até mesmo que os clubes beneficiassem seu quadro de sócios com descontos ou vantagens.[2]
Da renda bruta de cada jogo da competição, 20% era descontado para pagamento das despesas do jogo; 5% era destinado à Federação do clube mandante, outros 5% para a Confederação Brasileira de Futebol; Um cruzeiro de cada ingresso vendido era destinado ao Fundo de Participação; 12 mil cruzeiros destinados para o custeio da equipe visitante. Quanto à divisão do restante, 60% ficava para o vencedor da partida, 40% para a equipe derrotada e não havendo vencedor era feita a divisão em partes iguais.[2]
Havia ainda a imposição de que, cada clube que recebesse um dos chamados "doze grandes" na primeira fase, deveria garantir uma cota mínima de 32 mil cruzeiros para este (era como se os clubes "menores" pagassem para receber os maiores em casa). Além disso, a CBF impunha que cada federação deveria garantir a arrecadação mínima de 50 mil cruzeiros por jogo realizado em sua jurisdição, sendo passível de perda de vaga caso isso não ocorresse.[2]
- O Fundo de Participação
A cada jogo do campeonato a quantia de um cruzeiro era recolhida. Do montante total, 60% era recolhido pela CBF e depositado em uma conta da Caixa Econômica Federal, 40% era recolhido pelas federações e distribuída entre os clubes participantes dos "Torneios Incentivo" que eram realizados por cada federação e tinham seus jogos realizados como preliminares, além disso, parte dessa verba atenderia também o futebol amador de cada federação.[2]
Primeira Fase
editarClassficados para a 2ª Fase (Grupos dos vencedores) | |
Classificados para a 2ª fase (Grupos dos perderores) |
PG – Pontos ganhos; J – Jogos; V - Vitórias; PE - Pontos Extras obtidos a cada vitória por 2 ou mais gols de diferença; E - Empates; D - Derrotas; GP – Gols pró; GC – Gols contra; SG – Saldo de gols |
- Os clubes do grupo A enfrentam os clubes do grupo B em turno único.
Grupo Aeditar
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Grupo Beditar
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- Os clubes do grupo C enfrentam os clubes do grupo D em turno único.
Grupo Ceditar
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Grupo Deditar
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Segunda Fase
editarClassficados para a 3ª Fase | |
Eliminados |
PG – Pontos ganhos; J – Jogos; V - Vitórias; PE - Pontos Extras obtidos a cada vitória por 2 ou mais gols de diferença; E - Empates; D - Derrotas; GP – Gols pró; GC – Gols contra; SG – Saldo de gols |
- Os clubes do grupo 1 enfrentam os clubes do grupo 2 em turno único.
Grupos dos Vencedores
editar
Grupo 1editar
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Grupo 2editar
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Grupos dos Perdedores (Repescagem)
editar
Grupo 3editar
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Grupo 4editar
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Grupo 5editar
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Grupo 6editar
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Terceira Fase
editarClassficado para as semifinais |
PG – Pontos ganhos; J – Jogos; V - Vitórias; PE - Pontos Extras obtidos a cada vitória por 2 ou mais gols de diferença; E - Empates; D - Derrotas; GP – Gols pró; GC – Gols contra; SG – Saldo de gols |
- Os clubes do grupo A e B se enfrentam entre si em turno único.
Grupo Aeditar
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Grupo Beditar
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Fase final
editarSemifinais | Final | ||||||
7 de dezembro, Maracanã | |||||||
Fluminense | 0 | ||||||
Internacional | 2 | ||||||
14 de dezembro, Beira-Rio | |||||||
Internacional | 1 | ||||||
Cruzeiro | 0 | ||||||
7 de dezembro, Arruda | |||||||
Santa Cruz | 2 | ||||||
Cruzeiro | 3 |
Semifinais
editar7 de dezembro | Fluminense | 0 – 2 | Internacional | Maracanã, Rio de Janeiro |
17:00 |
Lula 33' Paulo César Carpegiani 75' |
Público: 97 908 Renda: Cr$ 1.984.098,00 Árbitro: SP Dulcídio Wanderley Boschilia |
Fluminense: Félix; Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antônio; Zé Mário (Cléber), Rivelino e Paulo César; Gil, Manfrini e Zé Roberto (Carlos Alberto). Técnico: Didi
Internacional: Manga; Valdir , Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Falcão , Paulo César Carpeggiani e Caçapava; Valdomiro (Jair), Flávio Minuano e Lula. Técnico: Rubens Minelli
7 de dezembro | Santa Cruz | 2 – 3 | Cruzeiro | Arruda, Recife |
17:00 |
Fumanchu 32' (pen.), 73' (pen.) | Zé Carlos 43' Palhinha 47', 90' |
Público: 38 118 Renda: Cr$ 616.170,00 Árbitro: SP Romualdo Arppi Filho |
Santa Cruz: Jair; Carlos Alberto Barbosa, Lula , Levir Culpi e Pedrinho ; Givanildo, Carlos Alberto II e Alfredo (Volnei); Luiz Fumanchu, Ramón e Pio. Técnico: Paulo Emílio
Cruzeiro: Raul ; Nelinho, Morais, Darci Menezes e Vanderlei ; Wilson Piazza, Zé Carlos e Eduardo Amorim (Isidoro); Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira
Final
editar14 de dezembro | Internacional | 1 – 0 | Cruzeiro | Beira-Rio, Porto Alegre |
17:00 |
Figueroa 56' | Público: 82 568 Renda: Cr$ 1.743.805,00 Árbitro: SP Dulcídio Wanderley Boschillia Auxiliares: RJ Valquir Pimentel e SP Emídio Marques de Mesquita |
Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Falcão e Paulo César Carpeggiani; Valdomiro (Jair), Flávio Minuano e Lula. Técnico: Rubens Minelli
Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Morais e Isidoro; Wilson Piazza, Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata (Eli Mendes), Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira
Premiação
editarCampeonato Brasileiro de Futebol de 1975 |
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Internacional Campeão (1º título) |
Classificação final
editarClassificação final | |||||||||||
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Time | PG | J | V | E | D | PE | GP | GC | SG | ||
1 | Internacional | 58 | 30 | 19 | 8 | 3 | 12 | 51 | 12 | 39 | |
2 | Cruzeiro | 49 | 29 | 15 | 10 | 4 | 9 | 39 | 15 | 24 | |
3 | Fluminense | 48 | 28 | 16 | 4 | 8 | 12 | 51 | 26 | 25 | |
4 | Santa Cruz | 42 | 29 | 13 | 10 | 6 | 6 | 42 | 27 | 15 | |
5 | São Paulo | 41 | 28 | 11 | 14 | 3 | 5 | 35 | 21 | 14 | |
6 | Corinthians | 38 | 27 | 13 | 9 | 5 | 3 | 29 | 17 | 12 | |
7 | Flamengo | 38 | 28 | 13 | 5 | 10 | 7 | 34 | 28 | 6 | |
8 | America | 37 | 27 | 11 | 9 | 7 | 6 | 35 | 27 | 8 | |
9 | Palmeiras | 36 | 27 | 9 | 11 | 7 | 7 | 32 | 27 | 5 | |
10 | Guarani | 34 | 27 | 8 | 12 | 7 | 6 | 29 | 25 | 4 | |
11 | Sport | 32 | 28 | 8 | 13 | 7 | 3 | 29 | 28 | 1 | |
12 | Portuguesa | 30 | 23 | 9 | 8 | 6 | 4 | 28 | 21 | 7 | |
13 | Náutico | 29 | 23 | 9 | 5 | 9 | 6 | 30 | 28 | 2 | |
14 | Grêmio | 29 | 28 | 6 | 13 | 9 | 4 | 32 | 30 | 2 | |
15 | Botafogo | 23 | 21 | 7 | 6 | 8 | 3 | 24 | 25 | -1 | |
16 | Nacional-AM | 15 | 21 | 3 | 8 | 10 | 1 | 14 | 34 | -20 | |
17 | Goiás | 27 | 21 | 6 | 11 | 4 | 4 | 24 | 22 | 2 | |
18 | Remo | 25 | 20 | 7 | 8 | 5 | 3 | 22 | 23 | -1 | |
19 | Vasco da Gama | 24 | 21 | 7 | 7 | 7 | 3 | 25 | 23 | 2 | |
20 | Atlético Mineiro | 24 | 20 | 6 | 9 | 5 | 3 | 24 | 24 | 0 | |
21 | Figueirense | 22 | 21 | 5 | 10 | 6 | 2 | 25 | 25 | 0 | |
22 | Coritiba | 21 | 20 | 6 | 6 | 8 | 3 | 19 | 20 | -1 | |
23 | Tiradentes-PI | 19 | 20 | 6 | 5 | 9 | 2 | 17 | 23 | -6 | |
24 | América de Natal | 19 | 21 | 6 | 5 | 10 | 2 | 28 | 36 | -8 | |
25 | Bahia | 22 | 16 | 5 | 9 | 2 | 3 | 20 | 12 | 8 | |
26 | Santos | 20 | 16 | 6 | 4 | 6 | 4 | 20 | 18 | 2 | |
27 | Fortaleza | 17 | 14 | 5 | 6 | 3 | 1 | 13 | 11 | 2 | |
28 | Goiânia | 16 | 16 | 6 | 3 | 7 | 1 | 17 | 20 | -3 | |
29 | Atlético Paranaense | 16 | 14 | 5 | 3 | 6 | 3 | 22 | 21 | 1 | |
30 | Comercial-MS | 15 | 14 | 5 | 4 | 5 | 1 | 14 | 17 | -3 | |
31 | Vitória | 15 | 16 | 5 | 3 | 8 | 2 | 13 | 24 | -11 | |
32 | CEUB | 15 | 16 | 4 | 6 | 6 | 1 | 16 | 20 | -4 | |
33 | CSA | 14 | 16 | 5 | 3 | 8 | 1 | 12 | 19 | -7 | |
34 | Ceará | 13 | 14 | 4 | 3 | 7 | 2 | 8 | 15 | -7 | |
35 | Desportiva Ferroviária | 13 | 16 | 4 | 4 | 8 | 1 | 15 | 26 | -11 | |
36 | América Mineiro | 13 | 14 | 2 | 8 | 4 | 1 | 11 | 15 | -4 | |
37 | Paysandu | 12 | 14 | 3 | 5 | 6 | 1 | 18 | 21 | -3 | |
38 | Americano | 11 | 16 | 5 | 0 | 11 | 1 | 12 | 24 | -12 | |
39 | Rio Negro-AM | 11 | 14 | 2 | 6 | 6 | 1 | 9 | 18 | -9 | |
40 | Sergipe | 9 | 16 | 2 | 4 | 10 | 1 | 11 | 27 | -16 | |
41 | Moto Club | 5 | 14 | 1 | 3 | 10 | 0 | 13 | 36 | -23 | |
42 | Campinense | 4 | 16 | 0 | 4 | 12 | 0 | 13 | 44 | -31 | |
PG – pontos; J – jogos disputados; V - vitórias; E - empates; D - derrotas; PE - Pontos Extras obtidos a cada vitória por 2 ou mais gols de diferenças; GP – gols pró; GC – gols contra; SG – saldo de gols |
Finalistas e classificados para a Taça Libertadores da América de 1976. | |
Eliminados nas Semifinais. | |
Eliminados na Terceira Fase. | |
Eliminados na Segunda Fase. | |
Eliminados na Repescagem. |
Artilharia
editarGols[3] | Jogador | Time |
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16 | Flávio Minuano | Internacional |
15 | Roberto Dinamite | Vasco da Gama |
13 | Gil | Fluminense |
Maior público
editar- Fluminense 0-2 Internacional, 97 908 pagantes, 7 de dezembro de 1975.[3]
Árbitros que mais atuaram
editar- Dulcídio Wanderley Boschilia (SP): 22.[4]
- Arnaldo César Coelho (RJ) e Romualdo Arppi Filho (SP): 20.
Bola de Prata de 1975
editarOs melhores jogadores do campeonato em suas posições, eleitos pela revista Placar[5]:
Waldir Peres (São Paulo)
Nelinho (Cruzeiro) • Figueroa (Internacional) • Amaral (Guarani) • Marco Antônio (Fluminense)
Falcão (Internacional) • Carpegiani (Internacional) • Zico (Flamengo)
Gil (Fluminense) • Palhinha (Cruzeiro) • Ziza (Guarani)
Artilheiro: Flávio Minuano (Internacional)
| Vencedor da Bola de Ouro
Ver também
editarNotas
- ↑ À época, não existia o estado do Mato Grosso do Sul, sendo a cidade de Campo Grande parte do estado unificado de Mato Grosso.
Referências
- ↑ a b «Toda a campanha do Inter até a grande decisão com o Cruzeiro». Folha da Manhã. 14 de dezembro de 1975
- ↑ a b c d e «Agora as emoções da "Copa Brasil"». Jornal do Comércio. Manaus, Amazonas. 17 de agosto de 1975. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ a b Jornal do Brasil de 15 de dezembro de 1975 - Caderno de Esportes, página 32.
- ↑ Jornal dos Sports de 15 de dezembro de 1975, página 2 (edição eletrônica 13939).
- ↑ Redação da revista Placar, página editada em 7 de agosto de 2015 e disponível em 16 de novembro de 2016.
Ligações externas
editar
Precedido por Série A 1974 9 de março - 1 de agosto |
Série A 1975 20 de agosto - 14 de dezembro |
Sucedido por Série A 1976 29 de agosto - 12 de dezembro |