Carcinoma mucoepidermoide
Carcinoma mucoepidermóide é o tumor maligno mais comum das glândulas salivares, e representa a malignidade de glândula salivar mais comum na infância, podendo atingir tanto as glândulas salivares maiores - glândula parótida, submandibular e sublingual - como as menores. Correspondem a aproximadamente 20% das malignidades de glândula submandibular, 30% das malignidades de glândula salivar menor e 34% das malignidades de parótida, sendo esta o seu sítio mais comum, onde 60% a 90% de tais lesões são encontradas[1]. Esse tipo de carcinoma pode ser classificado em três tipos, de baixo grau, intermediário e de alto grau; essa classificação dar-se a partir da quantidade de formação cística, proporção de cada tipo célula e grau de atipia citológica[2]. Todos são capazes de causar metástases.
Carcinoma mucoepidermoide | |
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Microfotografia de um carcinoma mucoepidermoide. Espécie FNA. Coloração de Papanicolau. | |
Especialidade | oncologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-ICD-O | 8430/3 |
CID-11 | 287052516 |
OMIM | 607536 |
MeSH | D018277 |
Leia o aviso médico |
O carcinoma mucoepidermóide apresenta etiologia desconhecida, no entanto pode estar associado a fatores genéticos, ao tabaco ou a exposição à radiação[3]. Sendo a radiação ionizante um fator de risco definitivamente vinculado a etiopatogenia dessas lesões[2]. Acredita-se que a sua origem se dá através das células de reserva, nos segmentos interlobular e intralobular do sistema ductal salivar.
Atinge ambos os sexos, mas com predominância no sexo feminino e entre a terceira e quinta décadas de vida. Também pode ser encontrado em outros órgãos, como a árvore traqueobrônquica[4].
Os carcinomas mucoepidermóides, como a denominação sugere, caracterizam-se por serem tumores epiteliais produtores de mucina. As células neoplásicas mucosas contêm glicoproteínas neutras, mucinas ácidas, e sulfomucinas.
Como os carcinomas mucoepidermóides exibem comportamentos biológicos que variam de baixo a alto grau, a manifestação clínica dessa lesão vai depender muito do grau de malignidade. Tumores de baixo grau de malignidade apresentam um período prolongado de tumefação não associada à dor. No interior da cavidade bucal, o carcinoma mucoepidermóide frequentemente lembra uma mucocele do tipo retenção ou extravasamento, que algumas vezes pode ser flutuante, como resultado de formação cística mucosa. Tumores de alto grau de malignidade, por outro lado, crescem rapidamente, com frequência, e são acompanhados por dor e ulceração da mucosa. Dentro das glândulas salivares maiores, tumores de alto grau podem apresentar-se com evidência de envolvimento do nervo facial e sinais obstrutivos. Esta neoplasia apresenta-se como lesões radiolúcidas em áreas de molares e pré molares quando na mandíbula ou maxila.O grau de malignidade será determinado através de uma biópsia que fará uma análise histopatológica para determinar o tipo celular predominante e analisar a atipia citológica, ou seja, o pleomorfismo das células.
Como este carcinoma ter característica maligna, ele vai apresentar metástase, ou seja, seu diagnóstico tardio pode levar ao comprometimento de outros órgãos e tecidos.
As características histopatológicas segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) são: presença de células escamosas (epidermóides), células produtoras de muco e células do tipo intermediário. As células escamosas têm forma frequentemente poligonal, pontes intercelulares e, raramente, queratinizarão. As células mucosas variam na forma e contêm citoplasma espumoso abundante que se cora positivamente por mucina. Já as células intermediárias são de formato basalóide. Como os carcinomas mucoepidermóides apresentam diferentes graus de malignidade, a sua histologia dependerá do grau em que a lesão se encontra, assim eles podem ser classificados em três graus histológicos: alto, médio ou baixo grau.
Os tumores de baixo grau são o tipo mais comum, mostrando formação cística proeminente, atipia celular mínima e proporção relativamente alta de células mucosas. Os tumores de grau intermediário são os segundos mais frequentes e mostram características que se situam entre aquelas dos de baixo e alto grau. Ocorre formação cística, porém menos proeminente que o de baixo grau. Os 3 tipos celulares estão presentes, mas há predominância das células intermediárias. Atipias celulares podem aparecer. Por sua vez, os tumores de alto grau são os menos frequentes, sendo constituídos por ilhas sólidas de células escamosas e intermediárias que podem mostrar consideráveis pleomorfismos e atividades mitóticas. As células produtoras de muco podem ser raras e, às vezes, podem tornar o tumor difícil de ser diferenciado de um carcinoma de células escamosas. Os tumores de alto grau podem crescer rapidamente e produzir dor espontânea ou à palpação, podendo ulcerar com facilidade.
A graduação histológica dos carcinomas mucoepidermóides usualmente considera o arranjo tumoral, anaplasia, grau de diferenciação dos componentes celulares, proporção de mitoses, presença ou ausência de necrose, invasão neural ou vascular e a inter-relação entre os 3 tipos celulares. A avaliação da expressividade do antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) em carcinoma mucoepidermóide pode ser utilizada como um procedimento complementar apropriado na classificação histológica desses tumores.
O tratamento do carcinoma mucoepidermóide (CME) vai depender do tamanho do tumor, das condições gerais do paciente e do grau de malignidade da doença. Quando esta for considerada de baixo grau, só é preciso realizar uma excisão cirúrgica, sendo recomendado a resseção de estruturas adjacentes, mesmo que isto cause vários defeitos ao tecido e problemas funcionais, como desconforto ao pronunciar e na mastigação. Já os tumores considerados intermediários e de alto grau, além de ser necessário realização de uma cirurgia, o indivíduo deverá passar por seções de radioterapia pós-operatória.
Após a operação, o paciente passa a utilizar a placa de Hawley, chamada popularmente de contenção. A utilização desse objeto é necessária para o tratamento pois ajuda o indivíduo nas consequências da cirurgia e da resseção, as quais já foram citadas anteriormente. Se o tratamento não for realizado de forma correta, poderá ocorrer uma recidiva da CME.
Referências
editar- ↑ a b REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2008). Patologia Oral, 5ª edição. [S.l.]: ELSEVIER. ISBN 9788535229806
- ↑ a b c Santos, Thiago S.; Melo, Daniela G.; Andrade, Emanuel S.S.; Silva, Emanuel D.O.; Gomes, Ana C.A. «Carcinoma Mucoepidermóide no Palato». Consultado em 20 de dezembro de 2012
- ↑ ANTUNES, A.A.; ANTUNES, A.P. Tumores das Glândulas Salivares Maiores: Estudo Retrospectivo. Rev. Bras. Patol. Oral; v.4, n.1, p.2-7, jan./abr. 2005.
- ↑ C.FEIJÓ, S. M. CAMARGO, P. F. G. CARDOSO, J. C. FELICETTI. «Jornal de Pneumologia». Consultado em 20 de dezembro de 2012
- ↑ FRANÇA; NOVELLI; FERRARINE; MONTEIRO; SILVA; AGUIAR. «Carcinoma Mucoepidermóide» (PDF). Consultado em 20 de dezembro de 2012