Escola catedral
Uma escola catedral ou escola catedralícia é um modelo de escola superior urbana que surgiu durante a Alta Idade Média, distinto das escolas monásticas.
Uma das principais funções das escolas catedrais era formar grupos corais para os coros de Igreja.
História
editarNo fim do Império Romano, à medida que a educação municipal entrou em declínio, alguns bispos dão início à fundação de escolas associadas às suas catedrais, de modo a permitir o acesso do clero à educação. A mais antiga escola deste género de que há registo é fundada durante o II Concílio de Toledo, em 527, na Espanha visigótica.[1] Estas primeiras escolas, focadas na aprendizagem religiosa sob a tutela de um bispo, vão sendo fundadas ao longo dos séculos VI e VII em diversas regiões da atual Espanha e em cerca de vinte cidades da Gália.[2] Durante e após a missão gregoriana de Agostinho de Cantuária ao sul de Inglaterra, no fim do século VI, a fundação das próprias dioceses é muitas vezes acompanhada pela fundação de escolas catedrais, algumas delas em funcionamento ininterrupto até aos dias de hoje.
Carlos Magno, rei dos Francos e mais tarde imperador, reconheceu a importância da educação para o clero e, ainda que de forma relativamente menor, para a nobreza. Propôs-se a renovar esta tradição já em declínio, através da promulgação de vários decretos. O decreto Admonitio generalis exigia que fossem fundadas escolas em cada mosteiro e cada diocese, nas quais as "crianças possam aprender a ler e que sejam ensinados salmos, notação, canto, cálculo e gramática".[3] Documentos posteriores, como a epístola De litteris colendis, exigia que os bispos selecionassem para professores homens que tivessem a vontade e capacidade de instruir[4] Um decreto do Concílio de Frankfurt (794) recomendou que os bispos fossem responsáveis pela instrução do clero a seu cargo.[5]
Posteriormente, são fundadas escolas catedrais em algumas das principais cidades europeias, entre as quais Chartres, Orleães, Paris, Laon, Liége, Reims, Ruão e Utreque. No seguimento da tradição anterior, estas escolas catedrais ensinam fundamentalmente o futuro clero e administradores letrados para as cortes cada vez mais complexas durante o Renascimento do século XII. Por exemplo, a corte de Henrique I de Inglaterra tinha laços estreitos com a escola catedral de Laon.[6]
Referências
- ↑ Riché 1978, pp. 126f.
- ↑ Riché 1978, pp. 282–90
- ↑ Riché 1988, p. 191
- ↑ De Litteris Colendis"
- ↑ Riché 1988, pp. 192
- ↑ Hollister 2003, p. 25
Bibliografia
editar- Hollister, Charles Warren (2003). Henry I. [S.l.]: Yale University Press. ISBN 9780300098297
- Riché, Pierre (1978). Education and Culture in the Barbarian West: From the Sixth through the Eighth Century. Columbia: University of South Carolina Press. ISBN 0-87249-376-8
- Riché, Pierre (1988). Daily Life in the World of Charlemagne. [S.l.]: Univ. of Pennsylvania Press. ISBN 0-8122-1096-4
Ligações externas
editar- Escola catedral na Enciclopédia Britannica (em Inglês)
- Escola catedral na Enciclopédia católica (em Inglês)