Luís Severino de Almeida Cabral (Bissau,[2] 11 de abril de 1931Torres Vedras, 30 de maio de 2009[3][4]) foi o primeiro presidente da Guiné-Bissau. Ocupou o cargo de 1973 a 1980, quando foi deposto por um golpe de estado militar. Ironicamente, ele morreu poucos meses após o assassinato brutal de seu rival Vieira por facções extremistas em 2009.

Luís Cabral
Luís Cabral
Luís Cabral
1º Presidente da Guiné-Bissau
Período 24 de Setembro de 1973
até 14 de Novembro de 1980
Antecessor(a) Criação do título
Sucessor(a) João Bernardo Vieira
Dados pessoais
Nome completo Luís Severino de Almeida Cabral
Nascimento
Bissau, Guiné-Bissau
Morte 30 de maio de 2009 (78 anos)
Torres Vedras, Portugal
Cônjuge Lucete Cabral[1]
Partido PAIGC

Biografía

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No início dos anos 1960, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) lançou uma guerra de guerrilha anticolonial contra as autoridades portuguesas. A subida de Luís Cabral à liderança começou em 1973, após o assassinato na Guiné-Conakri do seu meio-irmão Amílcar Cabral, conhecido intelectual pan-africanista e fundador do PAIGC. A liderança do partido, então envolvido na luta pela independência contra o governo português tanto para a Guiné-Bissau (então conhecida como Guiné Portuguesa) como para Cabo Verde, foi assumida por Aristides Pereira, que mais tarde viria a tornar-se presidente de Cabo Verde. O ramo do partido da Guiné-Bissau, no entanto, seguiu Luís Cabral.

 
Luís Cabral (1973)

Após a Revolução dos Cravos (25 de Abril de 1974) em Lisboa, o governo revolucionário de esquerda que dirigia Portugal reconheceu a independência da Guiné-Bissau, a 10 de Setembro do mesmo ano, embora o PAIGC já a tivesse proclamado unilateralmente no ano anterior, sendo reconhecida por muitos Estados e pelas próprias Nações Unidas, com Luís Cabral como Presidente da República. Teve então início um programa de reconstrução nacional e desenvolvimento, de inspiração socialista (com o apoio da União Soviética, da China e também dos países nórdicos). No entanto, desde a morte de Amílcar Cabral e a independência, tinha-se instalado no partido alguma suspeita e instabilidade. Luís Cabral e outros membros com raízes cabo-verdianas foram acusados por algumas facções de dominarem o partido. Usando esta justificação, João Bernardo Vieira (Nino Vieira), Primeiro Ministro de Cabral e antigo comandante das forças armadas, organizou o seu derrube por um golpe militar, a 14 de Novembro de 1980. Luís Cabral foi acusado do fuzilamento dos comandos africanos (que tinham lutado do lado português) e de milhares de outros africanos que de alguma forma tinham colaborado com os Portugueses. A acusação veio a ser provada com a abertura das valas comuns, por ordem de Nino Vieira, nas matas de Cumeré, Portogole e Mansaba,[5] embora seja improvável que o próprio Nino Vieira e outros chefes do PAIGC não tivessem tido igual ou maior nível de envolvimento. Luís Cabral foi preso e detido durante treze meses, partindo depois para o exílio, primeiro em Cuba, que se ofereceu para recebê-lo, e seguidamente, a partir de 1984, em Portugal, onde o governo o recebeu e providenciou as condições necessárias à sua subsistência e à da sua família, até à sua morte em 2009.

Pouco depois de ser nomeado primeiro-ministro, no seguimento da Guerra Civil na Guiné-Bissau, Francisco Fadul apelou ao retorno de Cabral do seu exílio em Dezembro de 1998. Cabral disse, em resposta, no jornal português 24 Horas, que gostaria de voltar, mas que não o faria enquanto Vieira continuasse no poder; Vieira disse que não podia garantir a segurança de Cabral. Como resultado, Cabral afirmou que temia pela sua vida se voltasse enquanto Vieira continuasse como presidente.[6] A 22 de Outubro de 1999, após o derrube de Vieira do poder, Ansumane Mané, que liderou o golpe de estado, convidou Cabral a voltar, oferecendo-lhe um passaporte que o designava como "Presidente do Conselho de Estado da Guiné-Bissau".[7] Regressou a Bissau em meados de Novembro de 1999, afirmando na ocasião que não tinha intenção de voltar a ter um papel activo na política ou a voltar a juntar-se ao PAIGC.[8]

Era membro da Maçonaria, tendo sido iniciado na Loja Marquês de Pombal, integrada na Grande Loja Legal de Portugal.[9]

Morreu no hospital de Torres Vedras, em Portugal,[10] após doença prolongada.

Referências

  1. http://conosaba.blogspot.com/2019/09/lucete-cabral-esposa-do-primeiro.html
  2. «Luís Cabral - Biografia/Perfil - RTP Notícias». tv1.rtp.pt. Consultado em 31 de maio de 2009 
  3. «Guiné Bissau - Morreu Luís Cabral, primeiro presidente do país - Expresso.pt». aeiou.expresso.pt. Consultado em 31 de maio de 2009 
  4. «Morreu Luís Cabral, primeiro presidente do país - RTP Notícias». tv1.rtp.pt. Consultado em 31 de maio de 2009 
  5. Jornal "Nô Pinctha", de 29/11/1980
  6. «IRIN Africa|West Africa|Guinea-Bissau|GUINEA-BISSAU: Former leader ready to return home|Governance|News Item». www.irinnews.org. Consultado em 31 de maio de 2009 
  7. "Guinea Bissau's first president invited to return from exile", RTP Internacional TV, Lisbon (nl.newsbank.com), October 22, 1999.
  8. "Guinea-Bissau: Former President Cabral returns home 19 years after being ousted", Diario de Noticias web site (nl.newsbank.com), November 15, 1999.
  9. «Maçonaria recruta altos dirigentes na Lusofonia». SOL. Consultado em 25 de dezembro de 2023 
  10. «Luís Cabral, primeiro presidente da Guiné-Bissau, morreu este sábado». Consultado em 30 de maio de 2009 

Ver também

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Precedido por
Presidente da Guiné-Bissau
1973 - 1980
Sucedido por
João Bernardo Vieira