Mosteiro de Grijó

antigo mosteiro em Grijó, município de Vila Nova de Gaia

O Mosteiro de São Salvador de Grijó, popularmente referido apenas como Mosteiro de Grijó, localiza-se em Grijó, na atual freguesia de Grijó e Sermonde, município de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, em Portugal.[1]

Mosteiro de Grijó
Mosteiro de Grijó
Igreja do Mosteiro de Grijó
Informações gerais
Nomes alternativos Mosteiro de São Salvador
Início da construção 1574
Inauguração 1626 (primeira missa)
Proprietário inicial Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho
Função inicial Mosteiro masculino
Proprietário atual Estado Português (igreja, claustro e túmulo)
Privado (cerca)
Função atual Religiosa, turística
Património de Portugal
Classificação Logotipo Imóvel de Interesse Público
Ano 1938
DGPC 74106
SIPA 5361
Geografia
País Portugal
Cidade Vila Nova de Gaia
Coordenadas 41° 01′ 44″ N, 8° 34′ 47″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1938.[2] O Túmulo de D. Rodrigo Sanches que se encontra no seu interior está classificado como Monumento Nacional desde 1910.[1]

História

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Fachada principal; galilé

De acordo com a tradição, o primitivo mosteiro foi fundado em 922, no lugar de Murraceses por dois clérigos, Guterre e Ausindo Soares, vindo a adotar a regra e o hábito da Ordem de Santo Agostinho em 938.

No ano de 1112 foi transferido para a atual localização. A igreja do novo mosteiro foi sagrada em 1235 pelo então bispo da Diocese do Porto, D. Pedro (IV) Salvadores (1235-1247).

No início do século XVI o convento encontrava-se em ruínas e, em 1535, João III de Portugal autorizou sua transferência para a serra de São Nicolau, em Gaia (Mosteiro da Serra do Pilar). No entanto, nem todos os clérigos concordaram com a transferência e, desse modo, em 1566 o Papa Pio V separou os dois mosteiros.

Com o retorno dos monges a Grijó, diante da necessidade de reformas no edifício, a comunidade contratou, em 1572, o arquiteto Francisco Velasquez, então mestre de obras da Sé de Miranda do Douro, para desenhar o novo projeto. Dois anos depois, a 28 de junho de 1574, era lançada a primeira pedra do dormitório. Até 1600 estavam concluídas duas alas do claustro, o refeitório e a sala do capítulo. No entanto a construção da igreja arrastou-se por mais cerca de trinta anos, uma vez que a capela-mor só foi fechada em 1629.

No ano de 1770 o convento foi extinto, passando os seus bens para o Convento de Mafra.

Características

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Interior da igreja

O complexo conventual é constituído pela igreja, de planta longitudinal de nave única, e pelas dependências conventuais, situadas à direita, com claustro de planta quadrada. A fachada principal da igreja divide-se em três registos, possuindo no primeiro galilé, à qual se tem acesso por arcada. Sobre esta, um entablamento divide este espaço do segundo registo, que possui ao centro janelão rasgado a toda a altura, ladeado por dois nichos com as imagens de São Pedro e São Paulo, encimados por janelas quadradas. As pilastras que ladeiam os nichos são estriadas, com terço inferior decorado por motivos florais. O registo é rematado por entablamento. A fachada é coroada por frontão triangular interrompido, antecedido por varandim, com duplos pináculos sobre acrotério e relógio ao centro, emoldurado e encimado por pináculos e cruz.

A fachada de São Salvador de Grijó apresenta um modelo retabular, que destaca a verticalidade e a sobreposição de ordens arquitectónicas, numa ambiguidade tipicamente maneirista. São evidentes as semelhanças entre esta fachada e a do templo do Mosteiro de São Salvador de Moreira da Maia, para a qual Grijó deve ter servido de modelo).

Interiormente, o templo possui nave única coberta por abóbada de caixotões, possuindo seis capelas colaterais comunicantes com retábulos de talha maneiristas. O arco triunfal é ladeado por pilastras coríntias e rematado por entablamento decorado. A capela-mor, coberta por abóbada de caixotões decorada por motivos geométricos, possui painéis de azulejos enxaquetados, tendo um cadeiral de madeira e retábulo-mor de talha, elaborado em 1737 pelo mestre António Vidal, com painel representando a Transfiguração de Cristo pintado em 1795 por Pedro Alexandrino.

No espaço adjacente à igreja foi construído o claustro, de planta quadrada, com dois registos, tendo no primeiro a ordem jónica e no segundo a ordem coríntia. O registo superior é coberto por tecto de madeira. No espaço do claustro existem diversos painéis de azulejos policromos com figurações de apóstolos e doutores da igreja. Ao centro do espaço claustral foi edificado um chafariz de modelo flamengo, decorado por carrancas.

Na ala norte do claustro foi colocado o túmulo de D. Rodrigo Sanches, filho ilegítimo de D. Sancho I. Classificada como Monumento Nacional desde 1910, esta notável obra escultórica do século XIII foi executada nas oficinas de Coimbra e é talvez "o mais antigo exemplar dos monumentos funerários portugueses a possuir estátua jacente, se exceptuarmos o túmulo dito de D. Urraca, presente na Igreja do Mosteiro de Alcobaça, sobre o qual existem dúvidas de identificação e cronologia". Em 2013, o túmulo foi deslocado do arcossólio claustral – onde permaneceu em parte escondido durante 387 anos – para a antiga Sala do Capítulo, podendo de novo ser apreciado na sua totalidade.[3][4]

Patronato

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Foram patronos do Mosteiro de São Salvador de Grijó:

Referências

  1. a b Ficha na base de dados SIPA/DGPC
  2. «Mosteiro de Grijó». DGPC. Consultado em 20 de abril de 2019 
  3. «Túmulo de D. Rodrigo Sanches (Grijó)». DGPC. Consultado em 20 de abril de 2019 
  4. Sousa, João de. D. Rodrigo Sanches e o seu túmulo. Grijó; Paróquia de S. Salvador de Grijó, 2014.

Ligações externas

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