Região dos Abrolhos
A Região dos Abrolhos compreende um importante conjunto de ecossistemas marinhos e costeiros localizados ao sul do estado da Bahia e norte do Espírito Santo, na costa do Brasil. Possui a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, a área mais extensa de recifes de coral do Brasil e o maior banco de algas calcárias do mundo.[1][2]
Limites e características
editarLimita-se ao sul pela foz do Rio Doce e ao norte pela foz do Rio Jequitinhonha. Na porção marinha compreende os bancos dos Abrolhos e Royal Charlotte estendendo-se até a quebra da plataforma continental, por volta dos 70 metros[3]. Esta grande porção de águas rasas estende-se à distâncias de até 200km da costa, compreendendo uma área de aproximadamente 56.000 km² que abriga um mosaico de ambientes marinhos e costeiros incluindo recifes de coral, bancos de algas calcárias, fundos de sedimentos finos, bancos de gramas marinhas, manguezais, restingas e praias. O Arquipélago dos Abrolhos constitui um grupo de cinco pequenas ilhas vulcânicas situadas na parte central desta grande região, no município de Caravelas.
Vida marinha
editarA região é conhecida por abrigar a maior biodiversidade marinha registrada em todo o Oceano Atlântico Sul[4]. Em Abrolhos estão os mais extensos recifes de coral do Brasil, que se distribuem por cerca de 8.844km², sendo que a maior parte era desconhecida até recentemente[5]. Na borda externa do Banco dos Abrolhos existe também o maior banco de algas calcárias do mundo, cobrindo cerca de 20.900km², que ocorrem em forma de pequenas esferas denominadas rodolitos[1][6]. Os processos ecológicos que ocorrem nesta área são de grande importância para a vida marinha em todo a região. Abrolhos é também a principal área de concentração das baleias-jubartes no Oceano Atlântico Sul, que frequentam a região anualmente entre os meses de julho e novembro para se reproduzirem[7].
Conservação
editarA Região dos Abrolhos é ameaçada pela sobrepesca, pelos sedimentos trazidos da zona costeira, pelo crescente interesse do setor de petróleo na região, por fatores decorrentes das mudanças climáticas e pela ocupação costeira desordenada. Os primeiros passos na conservação da região ocorreram no final da década de 70, resultando na criação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos em 1983.[2] O parque abrange uma área de 882km², incluindo o Arquipélago dos Abrolhos, o parcel dos Abrolhos e o Recife das Timbebas. No ano 2000 foi criada a Reserva Extrativista Marinha do Corumbau (895 km²) que protege recifes costeiros e o meio de vida das comunidades de pescadores tradicionais da área. Em 2006 e 2009 foram criadas também as Reservas Extrativistas de Canavieiras (1006km²) e Cassurubá (1007km²), ambas protegendo os principais estuários da região e suas comunidades extrativistas. Abrolhos faz parte também da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica desde 2008.[2] Apesar destes avanços, há ainda muito por fazer para que parcelas mais representativas dos habitats da região sejam protegidas já que essas quatro unidades de conservação representam menos de 7% de sua área total. Propostas de ampliação da rede de áreas marinhas protegidas tem sido discutidas pelo ICMBio, ONGs, pesquisadores e comunidades locais, mas a falta de prioridade do Governo Brasileiro para avançar nas ações de proteção tem sido um grande obstáculo para que a conservação dos Abrolhos seja mais efetiva[8][9].
Referências
- ↑ a b «O maior do mundo sob ameaça». Consultado em 11 de junho de 2015. Arquivado do original em 14 de junho de 2015
- ↑ a b c «Abrolhos: Patrimônio ambiental no sul da Bahia». Consultado em 11 de junho de 2015. Arquivado do original em 18 de junho de 2015
- ↑ Dutra et al. 2011. The Abrolhos Seascape. In: Stone et al. Oceans: Heart of Our Blue Planet. CEMEX/iLCP/CI, Arlington, VA.
- ↑ Dutra et al. 2005. Rapid Marine Biodiversity Assessment of the Abrolhos Bank, Brazil. RAP Bull. Biol. Assessment 38.
- ↑ Moura et al. 2012. Spatial patterns of benthic megahabitats and conservation planning in the Abrolhos Bank. Continental Shelf Research, 2013,
- ↑ Amado-Filho et al. 2012. Rhodolith Beds are Major CaCO3 Bio-factories in the Tropical South West Atlantic. PLoS ONE 7(4): e35171.
- ↑ Andriolo et al. 2010. Humpback whales within the Brazilian breeding ground: distribution and population size estimate. Endange Species Res. 11: 233-243.
- ↑ Dutra & Camargo (2013). Conservar, a palavra chave. In: Abrolhos. Cultura Sub e Conservação Internacional. São Paulo, SP.
- ↑ «Abrolhos vive momento decisivo». Consultado em 11 de junho de 2015. Arquivado do original em 16 de junho de 2015