Anatomia Topográfica Do Casco Equino
Anatomia Topográfica Do Casco Equino
Anatomia Topográfica Do Casco Equino
Introduo
Durante milhares de anos as espcies que deram origem ao cavalo moderno (Equus cabalus) sofreram inmeras mudanas, dentre elas a adaptao para corrida em velocidade a partir da simplificao da poro distal dos membros a um s dgito. Alm disso, estruturas tendneas fortes, inmeros ligamentos e potentes msculos (flexores e extensores) tornaram o cavalo um exmio velocista. Dentre todas as adaptaes, o surgimento do nico dgito a partir da falange distal, juntamente com o casco que a reveste foram das mais relevantes. O casco, grosso modo uma estrutura queratinizada que recobre a falange distal como uma capa e tem formato de cunha. Esse estojo crneo tambm chamado parede do p, possui todo um complexo aparato anatmico que confere funo protetora e meio de defesa ao animal. O completo diagnstico e exame dos cascos bastante relevante, o veterinrio deve ter um leque de conhecimentos anatmicos e fisiolgicos, tendo em vista que as causas mais comuns de claudicao decorrem de problemas no casco.
A falange distal do membro eqino recoberta pelo casco, que uma espcie de queratinizao especial sobre o epitlio normal em forma de cunha. Sendo assim, o tegumento comum do casco formado de trs partes:
Epiderme, derme e hipoderme. A epiderme subdivide-se em: estrato germinativo, que a zona de crescimento formada por clulas especiais, os queratincitos, e o estrato crneo que uma regio insensvel e forma a parede da muralha. A partir de suas adaptaes, entre elas o nico dgito recoberto por um casco, o cavalo desenvolveu mecanismos evolutivos que o garantiu alcanar grandes velocidades para fugir de seus predadores naturais. Alm disso, a funo amortecedora e de concusso junto com a falange distal e ossos sesamides, bem como sua defesa a partir do coice complementam a funcionalidade dessa estrutura.
FIGURA 1. Casco do eqino e sua relao anatmica com as estruturas sseas da regio distal do membro. I: primeira falange; II: segundafalange; III: terceira falange; N: osso navicular (sesamide distal).
3. Diviso do Casco.
De modo geral, o casco pode ser divido em: Parede, perioplo, sola e ranilha. 3.1 Parede tambm chamada de muralha, a parede a regio visvel do casco no animal parado, medindo de 0.2 a 0.5cm, essa parte do casco cresce de cima para abaixo aproximadamente um cm por ms. A parede mais espessa na ponta e mais delgada nas barras, alm disso, a muralha mais alta na poro dorsal e decresce dos lados at formar os tales na
regio posterior. Na camada interna o casco formado de inmeras lminas que se interdigitam, as lminas primrias e secundrias. Os tales so as continuaes traseiras das barras do casco. As barras aplicam fora nos tales e permitem que o casco resista ao impacto do peso do eqino quando o casco apia-se no solo, alm de possibilitar a expanso do casco. A cada momento que a ranilha suporta peso, o ngulo das barras do casco aumenta expandindo o casco e prevenindo a contrao dos tales (ANDRADE, 1986). 3.2 Perioplo a regio de crescimento do casco eqino que cresce a partir do tecido epitelial na subdiviso da derme. Essa estrutura uma camada brilhante de tecido crneo prximo coroa e que se expande at a face palmar/plantar onde reveste os tales. 3.3 Sola a regio inferior do casco. Possui formato cncavo e preenche a regio entre a parede e a ranilha. Sua funo no est relacionada sustentao do peso, sendo uma estrutura menos resistente e densa, tendo em vista que constituda de 33% a mais de gua do que a muralha. A sola crnea, embora mais macia que a da parede, tambm consiste em uma mistura de crneo tubular e intertubular; tende a tornar-se esponjosa e a descamar em animais solicitados a pisotear terrenos para plantao (DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinria. 3 ed. So Paulo: Elsevier, 2004. P. 574). A fuso da sola e da parede conhecida como linha branca, na qual (que tambm chamada de Alba) so posicionados os cravos da ferradura. 3.4 Ranilha ou Cunha uma estrutura elstica e cuneiforme que se projeta na sola. A ranilha separada das barras e da sola por sulcos profundos (paracuneais), que acentuam suas bordas medial e lateral. Os sulcos so convenientes para aplicao de testadores de casco (grandes pinas usadas para detectar pontos sensveis em estruturas profundas). (DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinria. 3 ed. So Paulo: Elsevier, 2004. P. 574). O posicionamento da sola deriva do osso da terceira falange e do tendo flexor profundo, situando-se dessa forma no meio da barra do casco. Alm de atuar como elemento de concusso, amortecendo foras mecnicas, a ranilha ajuda na irrigao do casco eqino.
FIGURA 2. Diviso do casco Eqino.A: Viso Lateral. 1. Faixa Coronria; 2. Pina; 3. Quarto; 4. Talo. B: Viso Plantar. I. Barra; II. Sulco Central da Ranilha. III. Sulco Lateral da Ranilha
continuando at a insero na FIII dentro do casco, e separa o tendo do coxim digital.(DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinria. 3 ed. So Paulo: Elsevier, 2004. P. 569).
Imagem : Braz. J. vet. Res. anim. Sci., So Paulo, v. 45, n. 2, p. 101-108, 2008
FIGURA 3: Corte sagital da regio distal Do membro torcico de um assinino,evidenciando O ponto de insero do tendo flexor digital Profundo(seta) e bolsa podotroclear(crculo).
Referncias Bibliogrficas
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinria. 3 ed. So Paulo: Elsevier, 2004.
FRANDSON, R.D.; WILKE, W.L.; FAILS, A.D.; Anatomia e Fisiologia dos Animais da Fazenda. 1 ed. Barueri, SP, Editora: Guanabara Koogan. 2005
GETTY, R. Sisson/Grossman. Anatomia dos Animais Domsticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Interamericana. v.1. 1981.
POPESKO, P. Atlas de anatomia topogrfica dos animais domsticos. So Paulo: Manole, 1985. 3 v. SWENSON, M.J.; REECE, W.O.; Dukes Fisiologia dos Animais Domsticos. 11 ed. Rio de Janeiro, RJ, Editora: Guanabara Koogan, Cap.38, p.635-637, 1996