O Profeta Isaías
O Profeta Isaías
O Profeta Isaías
O PROFETA ISAÍAS
Vida e Obra
Muriaé, MG
2009
ÉDER LÚCIO RODRIGUES FERREIRA
O PROFETA ISAÍAS
Vida e Obra
Muriaé, MG
10 de fevereiro de 2009
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................2
1. A VIDA DO PROFETA..........................................................................................................2
1.1. Seu nome.........................................................................................................................2
1.2. Sua família.......................................................................................................................3
1.2.1. Sua ascendência.....................................................................................................3
1.2.2. Sua descendência...................................................................................................3
1.3. Escopo.............................................................................................................................4
2. A OBRA DO PROFETA.........................................................................................................4
2.1. O contexto histórico........................................................................................................5
2.1.1. A situação política.................................................................................................5
2.1.1.1. O reino de Israel........................................................................................5
2.1.1.2. Uzias, rei de Judá......................................................................................5
2.1.1.3. Jotão, rei de Judá.......................................................................................6
2.1.1.4. Acaz, rei de Judá.......................................................................................7
2.1.1.5. Ezequias, rei de Judá.................................................................................8
2.1.2. A situação espiritual..............................................................................................9
2.2. O chamado profético.......................................................................................................9
2.3. O ministério profético...................................................................................................10
2.3.1. Os períodos de atividades proféticas...................................................................10
2.3.2. A mensagem profética.........................................................................................11
2.3.3. Propósito e teologia das mensagens....................................................................12
2.3.4. O valor ético e teológico das mensagens............................................................12
2.3.5. A forma literária das mensagens.........................................................................13
CONCLUSÃO..........................................................................................................................13
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................14
I
INTRODUÇÃO.
O profeta Isaías tem seu livro classificado na sessão dos “profetas maiores” do Antigo
Testamento. Tal classificação deve-se à extensão dos escritos, contudo posso afirmar que ele
também se destaca diante do conteúdo de suas mensagens, assim como a sua pessoa. Várias
foram as designações dadas a ele, tais como “o rei dos profetas”, “o profeta messiânico” e “o
profeta evangelista”. Seu livro é considerado por alguns como “a Bíblia em miniatura”1.
Todos estes fatores destacam-se e atraem a atenção para esta personagem, que passa
agora a ser analisada de forma sintética quanto à sua vida e obra.
1. A VIDA DO PROFETA.
1Tal atribuição se deve a similaridade de sessões que são duas; no número de capítulos correspondente ao
número dos livros bíblicos; nos enfoques relacionados à lei e a graça advinda com o Messias; na apresentação de
uma “voz” que clama na segunda sessão, correspondente a João Batista no N. T.; e no interlúdio entre as sessões
do livro correspondendo com o interlúdio histórico entre os testamentos bíblicos.
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2É necessário ainda fazer uma distinção entre Amoz, pai do profeta Isaías, e Amós, o profeta. As grafias são
diferentes, mesmo no original, apesar do som ser parecido.
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estar associados tanto ao cativeiro assírio quanto babilônico. Visto que quando o Reino do
Norte foi levado, o Reino do Sul permaneceu apenas porque pagou tributo (2º Cr. 28:21).
1.3. Escopo.
Diferente de Amós, que era boiadeiro profetizando para o Reino do Norte, Isaías viveu
na cidade e concentrou suas atividades no palácio, em Judá. Como profeta advertiu
vigorosamente os palacianos e ao povo contras as alianças com as nações vizinhas exortando-
os a confiar no Senhor, tornando-o alvo de zombarias e de rejeição.
Teve um ministério profético profícuo como se verá adiante, sendo um atento
observador político de sua época e deixando transparecer nos seus escritos que era um homem
culto.
Quanto à sua morte não encontramos registro, e mais uma vez encontramos esta
informação na tradição rabínica, de que ele teria sido colocado dentro de um tronco de árvore
para depois ser serrado ao meio. Contudo Ridderbos (1986, p. 10) argumenta que “de acordo
com a tradição rabínica, Isaías sofreu o martírio pela espada, ou foi serrado em dois durante o
reinado de Manassés. Contudo, estas tradições tendem a não ser dignas de confiança. da
mesma forma, a referência de Hebreus 11;37 ao martírio de pessoas que foram serradas ao
meio não é prova de que esta foi a sorte de Isaías”.
Pode-se dizer, seguramente sobre Isaías, que embora não se tenha certeza de sua
ascendência real, ele tem sido chamado de “rei dos profetas” (Ridderbos. 1986, p. 10), pois
através de seus escritos se percebe uma dignidade real por meio de suas ações intrépidas, pelo
estilo nobre e belo de suas mensagens.
2. A OBRA DO PROFETA.
Calcula que Isaías tenha exercido o seu ministério profético por cerca de cinqüenta
anos ou mais no reino de Judá, sendo Jerusalém o palco de suas ações. Ao abrir seu livro,
deparamos com esta realidade: “Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de
Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (Is 1:1). Portanto,
ele profetizou mais ou menos entre 740 a 695 a.C.
Isaías viveu num momento importante para Israel e Judá. Alguns dos primeiros
capítulos do livro refletem esse ambiente. Seu nascimento mesmo foi em dias de grande
prosperidade para Judá, algo que não havia sido experimentado desde a divisão dos reinos.
Entender os dias e o ambiente que cercava o profeta, certamente nos ajuda a entender a sua
obra.
Em Judá, por ocasião da nova disputa pelo poder em Israel, Uzias exerceu sua
liderança trazendo para o povo uma era de prosperidade, ampliando as fronteiras para o sul e
subjugando os amonitas ao oriente.
Algumas justificativas para este período próspero no reinado de Uzias podem ser
apresentadas como sendo o ambiente de cordialidade existente entre Uzias e Jeroboão II, uma
vez que não há registro de ataques entre eles conforme apresentado por Schultz (1984, p.
197). Segundo, o enfraquecimento interno de Israel após Jeroboão II, possibilitando as
expansões ao oriente. Terceiro, os problemas internos no império assírio impedindo sua
ambição expansionista temporariamente. Quarto, os territórios expandidos faziam parte de
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rotas comerciais importantes. Por fim, a direta dependência do regente ao Senhor (cf. 2º Cr
26:5,7).
Infelizmente, Uzias, no auge do seu sucesso, forçou uma postura que era exclusiva dos
sacerdotes, tentando oferecer incenso no templo. A lepra e a perda dos privilégios sociais
foram resultados deste ato punível pelo Senhor. Jotão se torna co-regente.
Ao final do reinado, o império Assírio novamente toma força com Tiglete-Pileser III.
Numa política de oposição, Judá é vencida numa batalha contra os assírios em Arpade.
Schultz comenta:
“embora Tiglete-Pileser houvesse esmagado a oposição conduzida por Azarias
(Uzias), não fez qualquer reivindicação de haver colhido tributo de Judá. Visto que
Menaém pagara uma soma enorme a fim de evitar a invasão punitiva por parte dos
ferozes assírios, Tiglete-Pileser não fez seus exércitos avançarem para o sul, na direção de
Judá, nessa oportunidade. Por conseguinte, Uzias foi capaz de manter uma política anti-
assíra, ao mesmo tempo que contava com Israel, que era favorável à Assíria, como se fora
um estado tampão” (1984, p. 198).
Morre Uzias, mas deixa na história de Judá um reino que superou suas dificuldades
internas e externas, tornando-se desenvolvido e próspero, sendo ultrapassado apenas pelo
progresso experimentado nos dias de Davi e Salomão.
Jotão foi um rei eclipsado por um antecessor forte e firme, mantendo-se em segundo
plano até a morte do pai, e seguindo a política deste; e posteriormente por seu sucessor, Acaz,
que diante da ameaça assíria tornou-se co-regente.
Schultz sintetiza o reinado de Jotão relatando que seu “reinado total é computado
como vinte anos, mas ele (Jotão) reinou sozinho apenas por três ou quatro anos. Na posição
de co-regente com seu pai, ele teve pouquíssimas oportunidades de impor-se. Mais tarde, a
ameaça assíria precipitou a crise que o forçou a retirar-se da vida ativa, enquanto Acaz
advogava amizade com a capital nas margens do rio Tigre” (1984, p. 199 – acréscimo pessoal
em negrito).
O início do seu reinado coincide com o de Peca, no reino de Israel, cuja postura
política foi de oposição aos assírios.
Sem expressão política externa diante da pressão assíria na região, apesar de sufocar
um levante entre os amonitas, não foi capaz de manter a cobrança de tributos. Por sua vez na
política interna revelou-se sem grandes feitos, envolvendo a construção de cidades e torres
para o estímulo à agricultura no país, assim como demonstrou interesse religioso ao construir
um portão superior no templo, sem, contudo intervir no culto pagão dos lugares altos (2º Cr
27:2).
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Acaz teve um reinado de vinte anos cheio de dificuldades (2º Rs 16:1-20; 2º Cr 28:1-
17), cedendo à pressão externa imposta pelo império assírio, tornando-se seu partidário.
A Assíria impunha seu desejo de conquista do Crescente Fértil, levando Peca, rei de
Israel, a aliar-se com Rezim, rei de Damasco, numa coalizão de oposição ao expansionismo
assírio. Como parte desta estratégia, compeliram Acaz para que se junta-se a eles. Acaz
recusa-se, evidenciando sua política pró-assíria.
A postura partidária de Acaz, neste momento, lhe trouxe a ameaça da coligação Israel
e Síria3, que tinham a intenção de depô-lo e estabelecer um novo regente favorável a política
anti-Assíria. Este é um dos momentos de intervenção do profeta Isaías, pois Acaz comete a
insensatez de pedir auxílio à Assíria. Judá se torna um estado satélite do império assírio.
Em 732 a. C., Damasco é conquistada e os território ao norte de Israel. Oséias é
colocado como rei em Samaria numa posição de vassalo assírio, mas rebela-se. Em 722 a. C.
Samaria é finalmente sitiada e destruída.
Acaz encontra-se com Tiglete-Pileser em Damasco lhe assegurando vassalagem. Deste
encontro, ele lidera o regresso de Judá ao paganismo, atraindo a condenação e o juízo divino.
“Durante todo o seu reinado Acaz manteve uma política pró-assíria. Enquanto
havia troca de soberanos na Assíria e o reino do Norte chegava ao fim, por causa da
rebelião de Oséias, Acaz guiava com sucesso sua nação através das crises internacionais.
Embora Judá houvesse perdido a sua liberdade, e tivesse tido de pagar pesado tributo à
Assíria, prevaleceu a prosperidade econômica que fora estabelecida sob os ditames
rígidos de Uzias. As riquezas estavam melhor distribuídas do que no reino do Norte, onde
haviam beneficiado exclusivamente a aristocracia. Enquanto o “status quo” não fosse
perturbado por exércitos invasores, Judá suportaria o pagamento de pesado tributo à
Assíria.
Embora contasse com o grande profeta Isaías como seu contemporâneo, Acaz
promoveu as mais esdrúxulas práticas idólatras. de acordo com costumes pagãos, ele fez
seu filho passar pelo fogo. Não somente retirou muitos tesouros do templo, para satisfazer
às exigências do rei assírio, MS também introduziu cultos estrangeiros no lugar onde só
Deus era adorado. Não admira que Judá houvesse incorrido na ira de Deus” (Schultz,
1984, p. 200).
Ezequias reinou de 716 a 695 a. C. Sua liderança se destacou por sua extraordinária
reforma religiosa operada em toda a história de Judá. Compromisso espiritual que lhe
trouxeram benefícios materiais, gozando de um reinado pacífico. Apesar do cerco assírio (701
a. C.), ele sobreviveu pela intervenção divina. Durante sua última década de governo teve
3Esta coalizão é conhecida como sírio-efrainita. Apesar de Jerusalém ter sido sitiada nesta guerra, a cidade não
foi tomada. Mas experimentou uma grande perda, entre mortos e cativos, os quais foram levados para Samaria e
Damasco. Só não houve maior dano, pois alguns dentre o povo de Israel ainda seguiam ao Senhor, que sendo
exortados por um profeta, deixaram livres seus cativos judeus.
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Manassés como co-regente. Seu sepultamento foi honroso, diferente de alguns de seus
antepassados.
Schultz sintetiza este reinado demonstrando Ezequias como um rei “dotado de sincera
devoção à tarefa, [...] conduziu seu povo à maior reforma que houve na história de Judá. Visto
que o reino do Norte já não possuía governo independente, essa reforma religiosa atingiu
aquele território. Excetuando a ameaça Assíria, Ezequias gozou de um reinado pacífico”
(1984, p. 205).
O reinado tem início nos vinte e cinco anos de Ezequias. Ele foi testemunha da
desintegração do Reino do Norte pela Assíria, percebendo que tal fato era resultado de juízo
divino uma vez que eleshaviam abandonado ao Senhor. Judá encontrava-se numa posição de
vassalagem ao império assírio, com Sargão II, assim não foi incomodado nestes anos iniciais.
Sendo um governante de percepção, diante do quadro que se desenrolava de rebelião
no reino assírio depois da morte de Sargão II (705 a.C), antecipou o ataque assírio
concentrando suas atenções num programa de defesa em Jerusalém. Fortificações foram
reforçadas; escudos e armas foram fabricados; o exército capacitado; e por fim foram
planejados e executados os meios de aumentar a capacidade de obtenção e armazenamento de
água para Jerusalém durante um cerco. Contudo, tais atos não substituíram sua confiança e
dependência do Senhor (2º Cr 32:8).
Em 701 a. C. Senaqueribe concretizou as ameaças de subjugar totalmente o reino de
Judá. Numa primeira tentativa assíria, Ezequias se vê obrigado a pagar um pesado tributo (cf.
2º Rs 18:14). Schultz (1984, p. 204) argumenta que a doença de Ezequias desenvolve-se neste
período de intensa pressão assíria. Isaías adverte que o rei se prepare para a morte, mas o
Senhor concede-lhe a graça de ter sua saúde restabelecida e que ficaria livre dos assírios. O
Senhor interveio com uma revolta na Babilônia fazendo com que parte do exército retornasse
e aqueles que caminhavam para o cerco de Jerusalém fossem destruídos pelo anjo do Senhor
(2º Cr 32:21).
A aclamação e o reconhecimento das nações vizinhas foram expressos na forma de
presentes enviados à Ezequias. Dentre estes, veio uma comitiva babilônica, que estava
fomentando a rebelião na Babilônia, para prestar suas homenagens. Foi nestas circunstâncias
que Ezequias mostra a riqueza de Jerusalém e recebe a advertência profética do cativeiro
babilônico.
apresentam até mesmo mais de dois autores para estas mensagens. Contudo, creio no ponto de
vista tradicional, que apresenta um único autor4.
CONCLUSÃO.
Dentro todos os profetas do Antigo Testamento, Isaías sempre me fascinou, talvez por
seu conteúdo profético retratando de forma especial o Senhor Jesus como o “servo sofredor”.
Portanto pesquisar sobre sua vida e obra tornou-se um prazer e momentos de edificação.
Certamente a designação dada a ele de “o rei dos profetas” lhe faz justiça.
Fica uma lição pessoal diante deste trabalho e aproveito para registrá-la. Não
importam quaisquer que sejam as circunstâncias da vida, Deus, o Santo, tem um plano que se
descortina em bênçãos através do Senhor Jesus, mediante minha inteira confiança e
dependência da Sua Pessoa. Esta é sem dúvida a mensagem apresentada pela vida e obra deste
profeta.
4Visto que o presente trabalho enfoca apenas a vida e obra do profeta Isaías, não vejo necessidade de discorrer
sobre a questão crítica dos capítulos quarenta a sessenta e seis, sendo objeto de estudo para outro trabalho.
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BIBLIOGRAFIA.
DOUGLAS, J. D. (ed.). O Novo Dicionário da Bíblia. 2 vols. São Paulo, SP: Edições Vida
Nova, 1984.
ELLISEN, Stnaley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Traduzido por Emma Anders
de Souza Lima. São Paulo, SP: Editora Vida, 1993.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 3. ed. Traduzido por Degmar
Ribas Júnior. Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003.