Apostila EIA
Apostila EIA
Apostila EIA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
PGE 1017 – TÓPICOS ESPECIAIS EM GEOGRAFIA
ESTUDO
A
DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
B
novembro de 2004
C D
Natal - RN
SUMÁRIO
pg.
1 Introdução. A questão ambiental .................................................... 01
2 Conceitos .............................................................................................. 04
3 Definição de impacto ambiental ...................................................... 07
4 Estudo de impacto ambiental ........................................................... 07
4.1 Atributos do impacto ambiental .............................................................. 08
4.2 Características do impacto ambiental .................................................... 08
Características de valor ..................................................................... 08
Características de ordem ................................................................... 08
Características espaciais ................................................................... 09
Características temporais ou dinâmicas ............................................ 09
5 Atividades do estudo de impacto ambiental ................................. 11
Diagnóstico ambiental ........................................................................ 11
Identificação dos impactos ................................................................. 11
Previsão e medição dos impactos ..................................................... 12
Interpretação e valoração dos impactos ............................................ 12
Definição das medidas mitigadoras ................................................... 12
Comunicação dos resultados ............................................................. 12
6 Poluição e Agentes Poluidores ......................................................... 12
Poluição da água ............................................................................... 14
Poluição do ar .................................................................................... 15
Poluição do solo ................................................................................. 17
Poluição radioativa, calor e ruído ....................................................... 17
Poluição visual ................................................................................... 18
Poluição química ................................................................................ 18
Poluição luminosa .............................................................................. 19
7 Aspectos legais e institucionais. Legislação ambiental ............... 21
Lei Federal no 6.938, de 31.08.81 ..................................................... 22
Lei Federal no 7.347, de 24.07.85 ...................................................... 24
Constituição Federal do Brasil, de 05.10.88 ...................................... 25
8 Caracterização dos meios: físico, biótico e antrópico ................. 25
9 Indicadores de impacto ambiental .................................................. 29
10 Diagnóstico ambiental ....................................................................... 30
11 Prognóstico ambiental ....................................................................... 31
12 Metodologias de avaliação de impacto ambiental ........................ 31
Método AD HOC (Metodologia Espontânea) ..................................... 31
Método das listagens de controle (Ckeck List) .................................. 32
Listagens ponderais ........................................................................... 32
Método das matrizes de interação ..................................................... 32
Método das redes de interação (Networks) ....................................... 33
Método de superposição de cartas .................................................... 33
Método dos modelos de simulação .................................................... 34
13 Qualidade ambiental .......................................................................... 34
14 Medidas mitigadoras de impacto ambiental .................................. 35
15 Bibliografia ........................................................................................... 35
GLOSSÁRIO .......................................................................................... 38
LISTA DE SIGLAS
ACIESP - Academia de Ciências de São Paulo
APA - Área de Proteção Ambiental
CF - Código Florestal
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DOU - Diário Oficial da União
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FNMA - Fundo Nacional para o Meio Ambiente
FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
ICB / UFMG – Instituto de Ciências Biológicas / Universidade Federal de Minas
Gerais
MMA - Ministério de Meio Ambiente
NEPA - National Environmental Policy Act
ORTN - Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
ONG - Organização não governamental
PNMA - Programa Nacional do Meio Ambiente
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
ZEE - Zoneamento Ecológico-Econômico
1
“... criar e manter condições nas quais homem e natureza possam coexistir em
produtiva harmonia...”
A Alemanha adotou o sistema de EIA em 1971. Seguiram-se, entre outros,
Canadá, em 1973, a França e a Irlanda em 1976, a Holanda em 1891. Mesmo
países em desenvolvimento adotaram, com adaptações locais, algum tipo de EIA,
como a Argentina, a Índia, a Coréia e o México, de forma que existem grandes
diferenças na filosofia, extensão e aplicação do EIA entre os países. Vários deles
adaptaram a sua legislação e seus processos de planejamento aos princípios do
EIA, utilizando-os, ainda que sem exigências formais quanto à aprovação dos
estudos, ou vínculos legais, à tomada de decisões (Moreira, 1989).
O primeiro EIA realizado no Brasil foi o da Barragem e Usina Hidrelétrica
de Sobradinho, em 1972. No entanto, o estabelecimento de critérios básicos pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) ocorreu em 1986, através da
sua resolução 001/86.
Embora muito discutida, a questão ambiental ainda tem sido pouco
estudada e pouco ensinada entre nós. Por outro lado o forte despertar da
consciência ambientalista no Brasil tem desencadeado uma enorme demanda de
técnicos e de especialistas bem preparados para atender inúmeros problemas da
sociedade, o que torna urgente, não apenas a formação desses técnicos, mas
também o desenvolvimento intensivo de estudos e pesquisas na área ambiental.
Há de salientar que os problemas ambientais têm um forte caráter regional e
local, nem sempre sendo recomendada a importação de conhecimentos de outros
países, cujas realidades são diferentes das nossas. Os estudos e pesquisas
deverão ser realizados aqui mesmo (Magalhães, 1994).
Há, hoje, crescente preocupação em nosso país, pela implantação de
políticas que compatibilizem o desenvolvimento, segundo o modelo sócio-
econômico que adotamos, com uma efetiva manutenção da qualidade ambiental e
da produtividade dos recursos naturais, revertendo o freqüente quadro de
degradação ambiental aqui existente. Muitos países em desenvolvimento, como o
nosso, cada vez mais têm reconhecido que muitas ações e projetos podem ter,
potencialmente, impactos ambientais prejudiciais, os quais devem ser evitados,
ainda na fase de planejamento dos mesmos. É bem conhecido que há projetos
com efeitos radicais sobre o meio ambiente, como os da mineração. É possível,
porém, tanto minimizar os efeitos negativos de uma mineração como,
4
2 – Conceitos
Ludwig von Bertalanffy (biólogo austríaco) tem sido responsável pela base
da Teoria Geral dos Sistemas.
Para Branco (1999), “o sistema, tomado assim como um modelo estrutural
e funcional de um princípio muito mais amplo e extenso adquire as características
de unidade funcional. Sua dimensão mínima é a de uma organização capaz de
funcionar por si só. Pode-se conceber, evidentemente, um sistema formado de
vários subsistemas, que terão de ser, cada um, um sistema menor com
funcionamento autônomo. O que não é concebível é um sistema que dependa de
um outro para seu funcionamento: neste caso ele será apenas um elemento de
um sistema”.
De uma maneira geral, a Teoria Geral dos Sistemas possui conceitos
fundamentais:
Interação: ação recíproca que poderá modificar o comportamento dos
elementos que compõem o sistema.
Totalidade: um sistema não é simplesmente a soma de elementos que o
compõem, é o todo não esquecendo as suas partes.
Organização: refere-se à organização tanto estrutural quanto a
funcional. Ambas se complementam.
Complexidade: o grau de complexidade dependerá do número de
elementos que compõem o sistema, o tipo e o número de inter-relações
existentes entre esses elementos e a sua hierarquização.
Para Christofoletti (1979), geossistema é um sistema espacial natural, aberto e
homogêneo e caracteriza-se por três aspectos:
1. Pela morfologia: que é a expressão física do arranjo dos elementos
e da conseqüente estrutura espacial;
2. Pela dinâmica: que é o fluxo de energia e matéria que passa pelo
sistema e que varia no espaço e no tempo;
3. Pela exploração biológica: da flora, fauna e pelo próprio homem.
5
Características de valor
Segundo Peralta (1997) existem dois tipos de características de valor, a
saber:
a) Impacto positivo ou benéfico: quando uma ação é o resultado de uma
melhoria na qualidade de um fator ou parâmetro ambiental.
b) Impacto negativo ou adverso: quando uma ação é o resultado de um dano
à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental.
Características de ordem
Há dois grandes tipos de impactos ambientais: os impactos diretos e os
indiretos de uma dada ação.
Impactos diretos são as modificações ambientais que exibem uma relação
inicial, de primeira ordem, com um fator importante (Bisset, 1984). Uma
mortandade de peixes, devido a um derrame de produto tóxico num rio, é um
exemplo de impacto direto.
9
Características espaciais
Segundo Peralta (1997) existem três tipos de características espaciais:
a) Impacto local: quando uma ação afeta apenas o próprio local e as
proximidades.
b) Impacto regional: quando o efeito se propaga por uma área maior à do
local onde se dá a ação.
c) Impacto estratégico: quando é afetado um componente ambiental de
importância coletiva ou nacional.
• Diagnóstico ambiental
A primeira atividade a se realizar em um estudo de impacto ambiental é o
diagnóstico ambiental da área a ser estudada, o que significa conhecer os
componentes ambientais e suas interações, caracterizando assim a situação
ambiental da área. Essa atividade é muito importante já que é a base das
atividades posteriores.
A primeira questão que se apresenta é o problema da disponibilidade e
organização dos dados:
- Informações cartográficas atualizadas e em escalas adequadas,
- Dados referentes aos componentes físicos e biológicos do meio ambiente,
- Dados econômicos e sociais da população local.
Nem sempre existem todos esses dados, o que exige, na maioria das
vezes, trabalho de campo para sua complementação. Alguns componentes
ambientais podem ser descritos através de dados numéricos, enquanto que
outros só podem ser explanados por dados qualitativos de natureza subjetiva.
Não existem listas de componentes ou fatores e parâmetros ambientais
que possam servir para orientar todos e qualquer dos estudos de impactos
ambientais. Cada situação exige uma lista própria e determinada de fatores ou
parâmetros a serem estudados.
• Poluição da água
Considera-se que a água está poluída quando não é adequada ao
consumo humano, quando os animais aquáticos não podem viver nela, quando as
impurezas nela contidas tornam desagradável ou nocivo seu uso recreativo ou
quando não pode ser usada em nenhuma aplicação industrial.
Os rios, os mares, os lagos e os lençóis subterrâneos de água são o
destino final de todo poluente solúvel lançado no ar ou no solo. O esgoto
doméstico é o poluente orgânico mais comum da água doce e das águas
costeiras, quando em alta concentração. A matéria orgânica transportada pelos
esgotos faz proliferar os microrganismos, entre os quais bactérias e protozoários,
que utilizam o oxigênio existente na água para oxidar seu alimento, e em alguns
casos o reduzem a zero. Os detergentes sintéticos, nem sempre biodegradáveis,
impregnam a água de fosfatos, reduzem ao mínimo a taxa de oxigênio e são
objeto de proibição em vários países, entre eles o Brasil.
Ao serem carregados pela água da chuva ou pela erosão do solo, os
fertilizantes químicos usados na agricultura provocam a proliferação dos
microrganismos e a conseqüente redução da taxa de oxigênio nos rios, lagos e
oceanos. Os pesticidas empregados na agricultura são produtos sintéticos de
origem mineral, extremamente recalcitrantes, que se incorporam à cadeia
alimentar, inclusive a humana. Entre eles, um dos mais conhecidos é o inseticida
15
• Poluição do ar
Embora a poluição do ar sempre tenha existido -- como nos casos das
erupções vulcânicas ou da morte de homens asfixiados por fumaça dentro de
cavernas -- foi só na era industrial que se tornou problema mais grave. Ela ocorre
a partir da presença de substâncias estranhas na atmosfera, ou de uma alteração
importante dos constituintes desta, sendo facilmente observável, pois provoca a
formação de partículas sólidas de poeira e fumaça.
Em 1967, o Conselho da Europa definiu a poluição do ar nos seguintes
termos: "Existe poluição do ar quando a presença de uma substância estranha ou
a variação importante na proporção de seus constituintes pode provocar efeitos
prejudiciais ou criar doenças." Essas substâncias estranhas são os chamados
agentes poluentes, classificados em cinco grupos principais: monóxido de
16
• Poluição do solo
A poluição pode afetar também o solo e dificultar seu cultivo. Nas grandes
aglomerações urbanas, o principal foco de poluição do solo são os resíduos
industriais e domésticos. O lixo das cidades brasileiras, por exemplo, contém de
setenta e a oitenta por cento de matéria orgânica em decomposição e constitui
uma permanente ameaça de surtos epidêmicos. O esgoto tem sido usado em
alguns países para mineralizar a matéria orgânica e irrigar o solo, mas esse
processo apresenta o inconveniente de veicular microrganismos patogênicos.
Excrementos humanos podem provocar a contaminação de poços e mananciais
de superfície. Os resíduos radioativos, juntamente com nutrientes, são absorvidos
pelas plantas. Os fertilizantes e pesticidas sintéticos são suscetíveis de
incorporar-se à cadeia alimentar.
Fator principal de poluição do solo é o desmatamento, causa de
desequilíbrios hidrogeológicos, pois em conseqüência de tal prática a terra deixa
de reter as águas pluviais.
Outra grande ameaça à agricultura é o fenômeno conhecido como chuva
ácida. Trata-se de gases tóxicos em suspensão na atmosfera que são arrastados
para a terra pelas precipitações. A chuva ácida afeta regiões com elevado índice
de industrialização e exerce uma ação nefasta sobre as áreas cultivadas e os
campos em geral.
máquinas movidas a vapor também lançam água quente nos rios, o que chega a
provocar o aparecimento de fauna e flora de latitudes mais altas, com
conseqüências prejudiciais para determinadas espécies de peixes.
O som também se revela poluente, sobretudo no caso do trânsito urbano.
Diversos problemas de saúde, inclusive a perda permanente da audição, podem
ser provocados pela exposição prolongada a barulhos acima desse limite,
excedido por muitos dos ruídos comumente registrados nos centros urbanos, tais
como o som das turbinas dos aviões a jato ou de música excessivamente alta.
O barulho ou o som alto de rádios, toca-discos e outros aparelhos produz
poluição sonora. A curto e a médio prazos, a poluição sonora provoca irritação
nas pessoas, determinando alterações de comportamento; a longo prazo, provoca
diminuição da audição e até surdez. Por esse motivo, as danceterias americanas,
por exemplo, estão obrigadas a afixar o seguinte aviso: "Aqui você está sujeito à
surdez".
No Brasil, além dos despejos industriais, o problema da poluição é
agravado pela rápida urbanização que pressiona a infra-estrutura urbana com
quantidades crescentes de lixo, esgotos, gases e ruídos de automóveis, entre
outros fatores, com a conseqüente degradação das águas, do ar e do solo. Já no
campo, os dois principais agentes poluidores são as queimadas, para fins de
cultivo, pecuária ou mineração, e o uso indiscriminado de agrotóxicos nas
plantações. Tais práticas, além de provocarem desequilíbrios ecológicos,
acarretam riscos de erosão e desertificação.
• Poluição visual
As propagandas veiculadas através de faixas, cartazes, placas, painéis,
letreiros, as pichações dos grafiteiros, as edificações e monumentos mal cuidados
são os principais responsáveis pela poluição visual.
• Poluição química
O aumento das substâncias não-biodegradáveis no meio tem trazido sérios
problemas para os ecossistemas. As substâncias biodegradáveis são
decompostas por organismos, principalmente bactérias. Os produtos não-
biodegradáveis, entretanto, não são decompostos, como acontece principalmente
com as substâncias organocloradas, como o DDT, e os metais pesados, como o
19
Fonte (www.mesologia.hpg.ig.com.br/index.htm)
• Poluição luminosa
Informações Complementares
As luminárias erradas dão a falsa sensação de que estão clareando, por exemplo:
se você mora em uma rua escura apesar de haver lâmpadas, isso não é por falta
de mais postes ou pouca potência das lâmpadas. A causa de ruas escuras é o
fato das luminárias não serem apropriadas.
Algumas vezes, as lâmpadas da iluminação pública não permitem que as pessoas
durmam com tranqüilidade, pois a luz excessiva atrapalha o sono. Esta luz que te
incomoda durante a noite, deveria estar clareando apenas o chão, não o seu
quarto.
Indagada acerca do assunto via e-mail, certa companhia elétrica respondeu o
seguinte: "o processo utilizado atualmente é o que melhor atende as nossas
condições de relevo, estrutura etc".
Nossos argumentos não são análises singulares, subjetivas ou destrutivas. Atrás
de toda essa pesquisa, encontram-se profissionais competentes tanto no Brasil
como no exterior.
21
I - meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indireta:
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o
não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e
danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
24
ambiente e a terceiros, efetuados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados
terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao
meio ambiente.
Art. 15 - O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal ou estiver
tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito a pena de reclusão de 1 (um) a 3
(três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 MVR.
Art. 18
Parágrafo Único - As pessoas físicas ou jurídicas que, de qualquer modo, degradarem reservas ou
estações ecológicas, bem como outras áreas declaradas como relevante interesse ecológico,
estão sujeitas às penalidades previstas no artigo 14 desta Lei.”
Essa lei, sem prejuízo da ação popular, disciplinada pela Lei no 4.717, de
29.06.65, veio disciplinar a ação civil pública como um instrumento processual
específico para a defesa do ambiente, possibilitando que a agressão ambiental
finalmente viesse a se tornar um caso de Justiça e que também pudesse ser
proposta pelas associações civis.
Teve o mérito, portanto, de abrir as portas do Poder Judiciário às
associações que defendem o meio ambiente – o que, no plano da legitimação, foi
considerado uma extraordinária transformação – e, ainda, o mérito de ter criado
um fundo com recursos advindos das condenações em dinheiro, destinado à
reconstituição dos bens lesados (art. 13).
• do Meio Natural:
geologia, geomorfologia, água superficial e subterrânea, clima, ar, solo,
vegetação, fauna, espécies e ecossistemas críticos, outros.
• do Meio Antrópico:
população, qualidade de vida, estrutura socioeconômica, atividades, meio
construído, usos do espaço, assentamentos humanos, valores culturais, outros.
Cabe frisar que alguns dos componentes ambientais podem ser descritos
através de dados numéricos, enquanto que outros só podem ser expressos por
dados qualitativos de natureza subjetiva.
A seguir são apresentados dois roteiros para estudos de impacto ambiental
sugeridos pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e Fundação
Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais.
10 – Diagnóstico ambiental.
11 – Prognóstico ambiental.
Listagens ponderais
Listagem de parâmetros ambientais. Importância relativa de cada um dos
parâmetros em relação à soma dos impactos do projeto é dada pela atribuição de
pesos.
Características:
é abrangente e seletivo ao mesmo tempo
é bastante objetivo para a comparação de alternativas
não permite a interação dos impactos
permite previsão de magnitude pelo emprego de escala normalizada de
valores
não distingue a distribuição temporal
13 – Qualidade ambiental.
15 – Bibliografia
Bedê, L. C.; Weber, M.; Resende, S. R. O.; Piper, W.; Schulte, W. Manual para
mapeamento de biótopos no Brasil – base para um planejamento ambiental
eficiente. Belo Horizonte: Fundação Alexandre Brandt, 1997, 146p.
Bisset, R. Methods for environmental impact analysis: recent trend and future
prospects. J. environ. Mgmt., n.11, p.24-43. 1980
36
Perazza, M. C.; Birraque, M. J.; Link, V. R.; Queiroz, N. H. L.de. Estudo analítico
de metodologias de avaliação de impacto ambiental. São Paulo: CETESB, 1985,
12 p.
37
Silva, J. A. da. Direito ambiental constitucional. 2a ed. ver. Aum. São Paulo:
Malheiros Editores, 1994, 243p.
Wathern, P. Methods for assessing indirect impacts. In: Clark, B. D. et al. (eds.)
Perspectives on environmental impact assessment. New York: Reidel Publ.
Comp., p. 213-231, 1984.
38
GLOSSÁRIO
A
Ações antrópicas
Ações realizadas pela espécie humana. Do grego anthropos (homem).
Acidez
São ácidas as dissoluções que têm pH menor que 7. Isto significa que sua
concentração de íons H3O+ é maior que a de íons OH-. As dissoluções ácidas
corroem os metais, têm um sabor picante característico (ex.: limão, vinagre, etc.)
e podem produzir queimaduras e outros danos se postos em contato com a pele,
quando o pH é muito baixo.
Aqüífero
Acumulação de água subterrânea que impregna uma camada de terreno
impermeável. Situa-se sobre uma camada de materiais impermeáveis (argila ou
calcário). Pode estar ou coberto com outra camada impermeável, em cujo caso
chama-se aqüífero ou lençol freático confinado.
ADN
Ácido desoxirribonucléico. Molécula do núcleo celular que contem a informação
genética. Quando resulta danificada pelas radiações ou outros motivos, mudam
os genes, o que provoca mutações e malformações genéticas.
Agentes Poluidores
São quaisquer elementos que provoquem alterações das propriedades físicas,
químicas e biológicas das águas e que possam importar em prejuízo à saúde, à
segurança e ao bem-estar das populações e ainda comprometer a sua utilização
para fins agrícolas, industriais, comerciais, e principalmente, a existência normal
da fauna aquática.
Aluviões
Depósito de cascalho, areia e argila que se forma junto às margens ou à foz dos
rios, proveniente do trabalho de erosão.
Asbesto
Mineral formado por fibras de silicato de origem natural. Usa-se como isolante
mas é muito perigoso porque provoca danos importantes aos pulmões,
39
B
Bactéria coliforme
Bactérias que se encontram no intestino humano ou no de outras espécies. A
mais conhecida é Escherichia coli. Usa-se nas análises de qualidade das águas
pois sua presença indica contaminação com fezes. A Organização Mundial da
Saúde recomenda uma recontagem de zero colônias por cada 100ml de água
para beber.
Biocenose
É a comunidade: o conjunto de seres vivos de um ecossistema.
Bioma
São superfícies imensas onde a paisagem vegetal é criada por algumas espécies
dominantes e está associada a uma fauna específica.
Biosfera
Todos os organismos vivos da Terra. Reúne, por tanto, a todas a comunidades.
Biotopo
Costuma se denominar assim ao substrato não vivo do ecossistema, isto é, ao
conjunto de todos os elementos abióticos (não vivos).
C
Caducifólia
Árvores cuja folha cai no inverno.
Clima
É uma media dos tempos meteorológicos de uma zona a longo de vários anos.
Para se definir um clima usam-se medias de temperatura, precipitação, etc. de
vinte ou trinta anos. Um clima é, por exemplo, o mediterrâneo, caracterizado por
verões cálidos e secos, invernos mornos e chuvas, às vezes, torrenciais, em
outono e primavera. Tempo meteorológico é a situação atual da atmosfera em
um local determinado. Está caracterizada por uma combinação local e passageira
de temperatura, pressão, umidade, precipitação, nebulosidade …. Mudanças
acontecem em questão de horas ou dias. Tipos de tempo são, por exemplo:
ensolarado, chuvoso, etc.
Clímax
É o estágio máximo de desenvolvimento de uma comunidade em função das
condições ambientais.
Comunidade
Todos os organismos vivos que se encontram em um ambiente determinado.
40
Inclui portanto, todas as populações das diferentes espécies que vivem nesse
ambiente.
Conservação Ambiental
Utilização dos recursos naturais, de conformidade com o manejo ecológico.
Contaminação
Qualquer alteração física, química ou biológica do ar, a água ou o solo que produz
danos aos organismos vivos.
Contaminante primário
Substâncias produzidas nas atividades humanas ou na natureza que entram
diretamente no ar alterando sua composição normal.
Contaminante secundário
Substância que se forma na atmosfera quando algum contaminante primário
reage com outros componentes do ar.
D
Degradação Ambiental
É toda e qualquer alteração física, química ou biológica no meio ambiente, com
ou sem a concorrência de atividades humanas, que venham a comprometer o uso
dos recursos naturais ou causar danos à população humana.
E
Ecologia
Do grego "eco" que significa casa e "logos": estudo. Haeckel empregou essa
palavra pela primeira vez no século XIX.
Ecosfera
O ecossistema mundial. Abrange todos os organismos vivos -a biosfera- e as
interações entre eles, e com o solo, a água e a atmosfera.
Ecossistema
É o conjunto de componentes bióticos e abióticos que em um determinado meio
trocam matéria e energia.
Ecótone
41
Elemento radioativo
Isótopos dos elementos químicos que emitem radiação. A radiação liberada pode
ser partículas alfa, beta ou raios gama.
Espécies endêmicas
Que somente são encontrados nesse lugar.
Eutrofização
Palavra procedente do grego que significa "bem alimentado". Lago ou pântano
com abundância de nutrientes que favorecem o crescimento das algas e outros
organismos que, quando morrem, apodrecem consumindo oxigênio, além de
gerar odores fortes e desagradáveis. Há degradação da água.
F
Fitoplancton
Organismos microscópicos vegetais que flutuam nos ecossistemas aquáticos.
Fonte Poluidora
É toda instalação ou atividade, através das quais se verifique a emissão de
poluentes ou a probabilidade dessa emissão.
G
Gramíneas
Nome botânico do grupo de plantas formado pelas ervas.
H
Habitat
Lugar de vida de um organismo, local de características ecológicas do lugar
específico habitado por um organismo ou população. Área física onde o
organismo é encontrado, por exemplo, o habitat da minhoca é o subsolo.
I
Impacto ambiental
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, diretamente ou indiretamente afetem a saúde, a
segurança e o bem estar da população interessada.
42
M
Malthus
Inglês (1797 - 1834). Foi autor de vários livros sobre economia e população. Sua
tese mais conhecida refere-se a um posicionamento pessimista do futuro que diz:
enquanto os alimentos crescem em progressão aritmética, a população cresce em
progressão geométrica, trazendo como conseqüência a fome.
Meio ambiente
É o conjunto de todas condições e influências externas que afetam a vida e o
desenvolvimento de um organismo.
Microrganismo patogênico
Bactéria, vírus ou outros organismos de tamanho microscópico que provocam
doenças.
Monocultivo
Plantações de grande extensão com árvores ou outro tipo de plantas de uma
espécie só. Por exemplo, com eucalipto ou pinus, no caso de árvores, ou grandes
plantações de cereais.
N
Nitratos
Compostos químicos utilizados como fertilizantes na agricultura. São uma fonte
importante de contaminação difusa. Em altas concentrações podem provocar
danos à saúde, especialmente às crianças.
Nível freático
Superfície que separa a zona do subsolo inundada com água subterrânea da
zona na qual as fendas estão com água e ar.
O
Oligotrófico
Lago ou pântano com águas pobres em nutrientes. Suas águas são claras e
transparentes.
Oxigênio Dissolvido
OD: É a medida do oxigênio dissolvido na água, expresso normalmente em ppm
(partes por milhão). A solubilidade do oxigênio na água depende da temperatura:
em temperaturas maiores menos oxigênio se dissolve. Por outro lado se a água
está contaminada e tem muitos microrganismos e matéria orgânica, a grande
atividade respiratória diminui o oxigênio dissolvido. Um nível alto de OD indica
que a água é de boa qualidade.
43
P
Percolação
Ação pela qual a água atravessa o solo seguindo a gravidade.
Poluente
É qualquer forma de matéria ou energia que cause ou possa causar poluição no
meio ambiente.
Poluição
É qualquer alteração das características físicas, químicas ou biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia, para cuja existência
a atividade humana haja contribuído, quer direta ou indiretamente, e que cause
dano à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população, cause danos à flora, à
fauna, crie ou possa criar condições inadequadas para fins públicos, domésticos,
industriais, comerciais, agropecuários, recreativos e outros meios lícitos e
benéficos à comunidade.
Preservação Ambiental
Manutenção de um ecossistema em sua integridade, eliminando, do mesmo,
qualquer interferência humana, salvo aquelas destinadas a possibilitar a própria
preservação.
População
Grupo de seres vivos da mesma espécie que vivem na mesma área e na mesma
época.
ppm
Partes por milhão. Forma de medir concentrações pequenas. 300 ppm equivalem
a 0,03%.
R
Rift
Afundamento do terreno devido à formação de falhas. Produz-se em lugares nos
quais as placas da litosfera estão se abrindo. É característico o Rift africano que
ao longo de milhares de quilômetros sulca a zona oriental de África.
S
Silvicultura
Técnica do cultivo e trabalho das florestas. Exploração florestal.
Sotobosque
Arbustos, ervas e outras plantas que se situam abaixo das árvores de uma
floresta.
44
Sucessão
É o processo de desenvolvimento de uma comunidade em função de
modificações no ambiente considerado, culminando no estágio clímax.
T
Tectônica Global
Parte da geologia que estuda as placas da litosfera e as deformações e
processos geológicos provocados pelo movimento das placas. Tem sido muito útil
para explicar a concentração de vulcões e terremotos em determinadas áreas da
Terra, a formação de cordilheiras, o deslocamento dos continentes, etc.
Tempo meteorológico
É a situação atual da atmosfera em um determinado lugar. Está caracterizado
pela combinação local e pasageira de temperatura, pressão, umidade,
precipitações, nebulosidade…. Muda em questão de horas ou dias. Tipos de
tempo são: caloroso, chuvoso, etc.
Trôfico
Do grego "tropho" que significa alimento.
V
Valorização de resíduos
Denomina-se assim aos processos que permitem aproveitar os resíduos para se
obter novos produtos ou outros rendimentos úteis.
Z
Zooplancton
Organismos microscópicos animais que flutuam nos ecossistemas aquáticos.
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Dispõe sobre os critérios e diretrizes básicas para o processo de Estudos de Impactos Ambientais-
EIA e Relatório de Impactos Ambientais-RIMA
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe
confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de julho de 1983, para efetivo exercício das
responsabilidades que lhe são atribuídas do mesmo decreto, e
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de
impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do
IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais
como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos
IV -Aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, artigo 48, Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230Kv;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins
hidrelétricos acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação,
drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras,
transposição de bacias, diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de
10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petro-químicos, siderúrgicos,
cloroquímicos, os destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou
menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de
vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse
ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por
dia.
Artigo 3º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem
submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei, seja de
competência federal.
Artigo 4º - Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais SISNAMA deverão
compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planejamento e implantação das
atividades modificadoras do meio Ambiente, respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por
esta Resolução e tendo por natureza, o porte e as peculiaridades de cada atividade.
Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender a legislação, em especial os
princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do ambiente, obedecerá às seguintes
diretrizes gerais:
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Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (Vetado)
e dá outras providências.
Art. 1º . Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos causados:
I. ao meio-ambiente;
II. ao consumidor;
III. a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV. (Vetado).
Art. 2º . As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo
juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Art. 3º . A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 4º . Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar o
dano ao meio-ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (Vetado).
Art. 5º . A ação principal e a cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União,
pelos Estados e Municípios. Poderão também ser propostas por autarquia, empresa pública,
fundação, sociedade de economia mista ou por associação que:
§ 1º . O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como
fiscal da lei.
§ 2º . Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo
habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
Art. 6º . Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério
Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-
lhe os elementos de convicção.
Art. 7º . Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as
providências cabíveis.
§ 1º . O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de
qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
§ 2º . Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação,
hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo
ao juiz requisitá-los.
§ 1º . Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob
pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério
Público.
Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10
(dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o
retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando
requisitados pelo Ministério Público.
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva,
sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão
sujeita a agravo.
§ 1º . A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à
ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que
competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão
fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias
a partir da publicação do ato.
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente
o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à
reconstituição dos bens lesados.
Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em
estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.
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Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Art. 15. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público.
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, exceto se a ação for julgada improcedente
por deficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Art. 17. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os honorários advocatícios
arbitrados na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código
de Processo Civil, quando reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
Art. 18. Nas ações de que trata esta Lei não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas.
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado
pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições.
Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regulamentado pelo Poder Executivo no
prazo de 90 (noventa) dias.