Projeto Filtro Descendente

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INTRODUO

A filtrao consiste na remoo de partculas suspensas e coloidais e de


microrganismos presentes na gua que escoa atravs de um meio poroso. Os
mecanismos responsveis pela remoo de partculas durante a filtrao com ao de
profundidade so complexos e influenciados principalmente pelas caractersticas fsicas
e qumicas das partculas, da gua e do meio filtrante, da taxa de filtrao e do mtodo
de operao dos filtros. Considera-se a filtrao o resultado da ao de trs mecanismos
distintos: transporte, aderncia e desprendimento (DI BERNADO, 2003).
Tradicionalmente existem dois processos distintos de filtrao: filtrao lenta e
filtrao rpida. A opo por um dos mtodos depende principalmente da qualidade da
gua bruta e do volume a ser tratado e implica em profundas diferenas no projeto da
ETA (MEDEIROS FILHO, s.d).
Os filtros podem ser classificados de acordo com seu funcionamento, da seguinte
forma (Vianna, 2002):
a) Filtrao de fluxo descendente:
De baixa camada de filtrao filtros lentos;
De alta camada de filtrao filtros rpidos: de camada simples ou camadas
mltiplas.
b) Filtrao de fluxo ascendente:
De baixa taxa de filtrao filtros lentos ascendentes;
De alta taxa de filtrao filtros rpidos ascendentes.
O processo de filtrao lenta um pouco esttico em suas alternativas de
projeto. O processo de filtrao rpida bastante dinmico em termos de alternativas de
desenhos, podendo ser projetado com materiais diferentes no leito filtrante, dispositivos
para aumento da capacidade de filtrao, bem como fluxos por gravidade ou forados,
ascencionais ou descendentes (MEDEIROS FILHO, s.d).
A filtrao rpida de fluxo descendente a mais utilizada em estaes de
tratamento de gua, e apresenta o seguinte arranjo geral (figura 1):


Figura 1 - Arranjo de um filtro descendente
Fonte: adaptado de Vianna (2002)

O conhecimento das caractersticas granulomtricas dos materiais granulares que
compem o meio filtrante imprescindvel para que se possa projetar um sistema de
filtrao (DI BERNADO, 2003). Em geral, usa-se areia e o antracito. A camada suporte
comumente composta por seixos rolados.
Aps certo tempo de funcionamento, h necessidade da lavagem do filtro,
geralmente realizada pela introduo de gua no sentido ascensional com velocidade
relativamente alta para promover a fluidificao parcial do meio granular com liberao
das impurezas (DI BERNADO, 2003).
Elaborou-se o presente projeto a fim de dimensionar a unidade de filtrao rpida de
fluxo descendente de uma ETA, para atender uma vazo igual a 0,17 m/s. Os
procedimentos adotados e os dados utilizados esto descritos nos memorial descritivo e de
clculo. E, em anexo sero apresentados os detalhes da unidade dimensionada.











MEMORIAL DESCRITIVO

A unidade a ser dimensionada trata-se da unidade de filtrao rpida de fluxo
descendente, para atender a vazo de projeto (Q) igual a 170 L/s.

Adotou se os seguintes parmetros de projeto:

1. Taxa de filtrao (Tf): 200 m / m.dia;

2. Nmero de filtros (n): 5 filtros;

3. Caractersticas do meio filtrante (Tabela 1):


Areia Antracito
Tamanho dos gros (mm) 0,42 a 1,41 0,6 a 2
Tamanho efetivo (mm) 0,62 0,94
Coef. de desuniformidade 1,5 1,47
Porosidade 0,42 0,52
Coef. de esferecidade 0,8 0,65
Espessura da camada (m) 0,4 0,5


O clculo da perda de carga no meio filtrante leva em considerao o material do
meio filtrante, a espessura da camada, o tamanho dos gros, o tamanho efetivo, o
coeficiente de desuniformidade, a porosidade, o coeficiente de esfericidade e a
temperatura de ambos os materiais empregados no meio filtrante que, no caso so o
antracito e a areia (Di Bernardo & Prezotti, 1991).

4. Fundo do filtro

O fundo do filtro ser do tipo fundo falso com vigas em forma de V invertido, dotadas
de orifcios de dimetro () igual a , espaados (e) 0,15m;

5. Camada suporte

Constituda de seixos rolados ou pedregulhos. A tabela abaixo apresenta a composio
da camada suporte para vigas em forma de V invertido.


Sub-camada Espessura (cm) Tamanho (mm)
2 (fundo) 10 - 15 38 - 25,4
2 7,5 - 10 25,4 - 12,7
3 7,5 - 10 12,7 - 6,4
4 7,5 - 10 6,4 - 3,2
5 (topo) 7,5 - 10 3,2 - 1,68
Fonte: Di Bernado e Dantas (2005)

6. Comportas
Comporta adotada com as dimenses de 30 x 30 cm

7. Canaletas

As canaletas estaro localizadas na parte superior dos filtros e sero utilizadas em dois
momentos:
Para distribuio de gua decantada durante o funcionamento dos filtros;
Para coleta de gua de lavagem quando um filtro apresentar grande perda de
carga ou turbidez remanescente maior que o exigido.

Quando as canaletas forem utilizadas para coleta de gua de lavagem dos filtros, o fluxo
convergir para uma comporta existente em cada filtro. A partir da comporta o fluxo ir
para uma caixa provida com tubulao de 200mm, e ento encaminhada ao leito de
secagem para posterior destino final dos resduos.


















MEMORIAL DE CLCULO

Dados:
Vazo de Projeto = 0,17 m/s
Taxa de filtrao = 200 m/m.dia

1. CLCULO DA VAZO DE FILTRAO EM CADA FILTRO. (QF)




Portanto:
QF = 2937,6 m/dia


Onde:
Q = vazo de projeto (m
3
/d);
n = nmero de filtros 5

2. CLCULO DA REA DE FILTRAO DE CADA FILTRO (AF)

Sendo a taxa de filtrao (Tf) igual a 200 m/m.d, calculou-se a rea de filtrao
de cada filtro:



Portanto:
AF = 14,69 m

Onde:
QF= vazo em um filtro (m/d)
TF= taxa de filtrao (m/m.d)

3. FORMAS E DIMENSES DE UM FILTRO



Adotado: B = 2,7 e L = 4,5 m

Onde
B = largura
L = comprimento
N = nmero de filtros 5




4. CONFECO DAS CURVAS GRANULOMTRICAS

a) Areia

Sendo:
Tamanho efetivo dos gros (ou D10) = 0,62mm
Coeficiente de desuniformidade (Cu) = 1,5
Coeficiente de esferecidade = 0,8




Ento D60 0,93 mm e D30 = 0,68 mm. Como o limite inferior e superior so 0,42 mm
e 1,41mm, produziu-se a seguinte curva:



b) Antracito

Sendo:
Tamanho efetivo dos gros (ou D10) = 0,94mm
Coeficiente de desuniformidade (Cu) = 1,47
Coeficiente de esferecidade = 0,65




Ento D60 1,38 mm e D30 = 1,12 mm. Como o limite inferior e superior so 0,60 mm
e 2 mm, produziu-se a seguinte curva:

0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
0,01 0,1 1 10 100
P
o
r
c
e
n
t
a
g
e
m

q
u
e

p
a
s
s
a

d
a

A
m
o
s
t
r
a

T
o
t
a
l

(

%

)

Diametro dos gros ( mm )
Curva Granulomtrica da Areia


5. CLCULO DA PERDA DE CARGA NO MEIO FILTRANTE (Htotal)

Para calcular a perda de carga no meio filtrante, composto por antracito e areia, utilizou-
se:

Para o antracito: hf = 0,24 x 10
-3
x TF
Para a areia: hf = 0,56 x 10
-3
x TF

Portanto:
hf
antracito
= 0,048 m
hf
areia
= 0,012

hf
meiofiltrante =
0,16m

Onde:
TF = Taxa de filtrao (200 m/m.dia)

6. CLCULO DA VAZO NA COMPORTA (Qc)

Para calcular a vazo na comporta utilizou-se:



Portanto

2937,6 m/dia o que equivale a 0,034 m/s



Onde:
TF = Taxa de filtrao (200 m/m.dia)
AF = rea de um filtro (14,69 m)

0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
0,01 0,1 1 10 100
P
o
r
c
e
n
t
a
g
e
m

q
u
e

p
a
s
s
a

d
a

A
m
o
s
t
r
a

T
o
t
a
l

(

%

)

Diametro dos gros ( mm )
Curva Granulomtrica do Antracito
7. CLCULO DA VELOCIDADE NA COMPORTA (Vc)

Adotando-se a comporta com dimenses de 40 x 40 cm. Tem se uma rea de 0,16 m


Portanto

= 0,2125 m/s

8. PERDA DE CARGA NA COMPORTA

Para o clculo da perda de carga na comporta adotou-se o coeficiente de vazo na
comporta (Cv) igual a 0,70 e utilizou-se a equao

(



Portanto hc = 0,0024 m

Onde:
Vc = velocidade na comporta (m/s);
Cv = coeficiente de vazo na comporta;
g = acelerao da gravidade (m/s
2
).

9. CLCULO DO NMERO DE VIGAS (nv)

Adotando-se vigas pr-fabricados, calculou-se o nmero de vigas por meio da equao:



Portanto:
nv= 15 vigas

Onde:
L = comprimento do filtro (4,5m)

10. ESPAAMENTO ENTRE ORIFICIOS DA VIGA

Podendo ser entre 7,5 cm e 25 cm, foi-se adotado 0,15 m

11. NMERO DE FUROS EM UMA VIGA

(

)

Portanto Nfviga = 56

Onde:
L = comprimento do filtro (4,5m)
Espaamento = 0,15m
12. NMERO DE FUROS EM UM FILTRO



Portanto NF = 840

Onde:
Nv = Nmero de vigas em um filtro (15)
Nfviga = Nmero de furos em uma viga (56)

13. DETERMINAO DA REA DE UM FURO

Adotando-se o dimetro de furo com 1/2 tem-se que:



Sendo assim Af = 0,000127 m

Onde
d = dimetro do orifcio (0,0127m)
14. DETERMINAO DA VAZO DE UM FURO



Portanto Qf = 3,497 m/dia que equivalente a 0,000040 m/s

Onde:
QF = Vazo de filtrao em cada filtro (2973,6 m/dia)
NF = Nmero de furos em um filtro (840)


15. DETERMINAO DA VELOCIDADE NOS FUROS



Portanto Vf = 0,3195 m/s
Onde:

Qf = vazo de um furo (0,000040 m/s)
Af = rea de cada furo (0,000127 m)

16. PERDA DE CARGA NOS FUROS

Sendo K = 1/Cd, e Cd adotado como 0,65:




Portanto hff = 0,00800557 m

Onde:
g = acelerao da gravidade (9,8 m/s)
vf = velocidade nos furos (0,319 m/s)
K = coeficiente (0,65)

17. PERDA DE CARGA TURBULENTA TOTAL

Ser a perda de carga da comporta mais a perda de carga proveniente dos furos



Sendo assim, hft igual a 0,010m

Onde:
hff = perda de carga nos furos (0,008m)
hc = perda de carga nos furos (0,0024m)


18. PERDA DE CARGA TOTAL NO FILTRO

A perda de carga total no filtro ser a soma da perda de carga no meio filtrante, mais as
perdas de carga das comportas e dos furos:



Sendo assim: hft = 0,17m

19. DIMENSIONAMENTO DAS CALHAS COLETORAS DE GUA DE
LAVAGEM

Devendo a coleta ser descarregada livremente e no ficar afogada:

(


Portanto ho (altura da lmina de gua) ser igual a 0,41m, portanto, a altura da calha
ser de 0,5m

Onde:
bc = largura da calha adotada (0,5m)
Q = vazo de gua de lavagem (0,17 m/s)


20. CLCULO DA ALTURA TOTAL DO FILTRO (HT)

Para definir a altura do filtro considerou-se as seguintes alturas:
Altura da comporta inferior (coleta de gua filtrada) igual a 0,7 m;
Altura das vigas igual a 0,3m;
Altura total do meio filtrante 0,9m;
Expanso do meio filtrante no momento da lavagem igual a 30% - o que
equivale a 0,30m..
Carga Hidrulica igual a 1,10m;
Altura da canaleta de distribuio de gua nos filtros igual a 0,50m;
Borda livre igual a 30 cm;
Parede comporta inferior igual a 0,15m e fundo da canaleta de distribuio de
gua nos filtros de 0,20m cada, totalizando 0,35m.

Desta forma, a partir dos valores acima citados definiu-se que cada filtro ter uma altura
de 4,45m

REFERNCIAS

DI BERNARDO, L. Tratamento de gua para abastecimento por filtrao direta.
Rio de Janeiro : ABES, RiMa, 2003 498 p. : il. Projeto PROSAB

MEDEIROS FILHO, C. F. Abastecimento de gua. Universidade Federal de Campina
Grande UFCG - Campina Grande PB. 147 paginas.

VIANNA, MARCOS ROCHA. Hidrulica aplicada s estaes de tratamento de gua.
4. ed. Belo Horizonte: Imprimatur, 2002.

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