Ficha Formativa Camões Lírico
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CAMES LRICO
1 C nesta Babilnia1, donde mana
matria a quanto mal o mundo cria;
c, onde o puro Amor no tem valia,
que a Me2, que manda mais, tudo profana;
5 c, onde o mal se afina, e o bem se dana3,
e pode mais que a honra a tirania;
c, onde a errada e cega Monarquia4
cuida que um nome vo a Deus engana;
c, neste labirinto, onde a nobreza,
10 com esforo e saber pedindo vo
s portas da cobia e da vileza;
c, neste escuro caos de confuso,
cumprindo o curso estou da natureza.
V se me esquecerei de ti, Sio5!
Lus Vaz de Cames, in "Sonetos"
PROPOSTA DE CORREO:
1
corrompe;
poder, governo;
1. Esta Babilnia um local marcado pelo mal (vv. 1-2), maculado pela
sensualidade, em prejuzo do puro amor (vv. 3-4), caracterizado pela perda
de valores (v. 6, 9-10) e por uma governao errnea (vv. 7-8). Estamos
perante uma expresso evidente do tema do desconcerto do mundo.
2. A anfora do advrbio c centra o tom dramtico da negatividade da
Babilnia na proximidade do sujeito potico, demonstrando a impossibilidade
de libertao.
3. O verso concretiza a inevitabilidade do percurso de vida do sujeito potico,
numa ideia de continuidade conferida pelo uso do gerndio na perfrase
cumprindo () estou.
4. O ltimo verso do soneto demarca-se claramente do resto da composio, quer
em termos rtmicos quer no que sua semntica diz respeito. Muito mais
centrado no sujeito potico, aponta para a sua Terra Prometida, questionando,
porm, um eventual esquecimento, pelo ambiente babilnico envolvente. A
expresso do drama lrico assume aqui particular relevncia tambm pelo uso
da frase exclamativa.