Estrutura e Tipos de Aeronaves-1
Estrutura e Tipos de Aeronaves-1
Estrutura e Tipos de Aeronaves-1
Sees de estudo
Seo 1 Pequena histria da evoluo das aeronaves
Seo 2 Conceituao e classificao
Seo 3 A teoria de voo
Seo 4 A estrutura do avio
Seo 5 Os controles de voo
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Os Bales
A busca pelo voo levou alguns profissionais em outra direo.
Em 1670, o padre Jesuta Francesco de Lana publicou o primeiro
estudo sobre a construo de um barco areo, que se elevaria no
ar por meio de esferas metlicas com vcuo no seu interior. Em
1709, Bartolomeu de Gusmo, tambm Jesuta, apresentou ideia
semelhante ao rei de Portugal, s que utilizando o princpio do ar
quente. Existem inmeros outros relatos de supostas experincias
com bales, mas o crdito pela efetiva criao deles pertence aos
irmos Montgolfier.
No incio de novembro de 1782, Joseph Michel e Jacques Etienne
Montgolfier, fabricaram um balo esfrico, de seda, com cerca
de 1 metro de dimetro, o qual subiu a cerca de 30 metros de
altura, antes de esfriar e cair. Esse evento considerado como o
nascimento do balo de ar quente. Em 1783, o primeiro balo de
ar quente tripulado voou por 23 minutos. A partir desse evento
e durante certo tempo, o balo serviu apenas como curiosidade e
diverso, principalmente porque, aps decolar, o aparelho ficava
merc dos ventos e raramente ia para onde o seu dono desejava.
A questo j no era mais subir, mas controlar a direo e a
velocidade do voo (BELLIS, 2012).
O problema da dirigibilidade s veio a ser solucionado cem anos
depois, quando em 1898 o brasileiro Alberto Santos-Dumont
construiu o primeiro balo semirrgido, em forma de charuto
e com motor gasolina. Esse tipo de balo, posteriormente
conhecido como dirigvel, tinha forma mais aerodinmica que
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O Aeroplano
Embora constem experimentos em praticamente todo o mundo,
buscando a realizao prtica do voo aerdino motorizado,
os mais importantes foram creditados aos irmos americanos
Orville e Wilbur Wright e ao brasileiro radicado na Frana,
Alberto Santos Dumont.
Como vimos at agora, o problema do voo do mais pesado que
o ar j estava praticamente solucionado no final do Sculo XIX,
faltando apenas um motor adequado para transform-lo num
avio de verdade. O sonho de um voo autnomo motorizado
estava prximo.
A inveno do motor gasolina e o incio da produo de
automveis pela Daimler-Benz, em 1886, utilizando este tipo
de motor, fez com que as atenes de muitos dos pioneiros se
voltassem para ele. Na poca, a principal vantagem do motor
gasolina sobre os motores a vapor era a relao peso-potncia.
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O Sculo do Voo
A partir das experincias bem-sucedidas dos pioneiros, como
Santos Dumont e os Irmos Wright, o desenvolvimento do avio
deslanchou de modo surpreendente. Desde a sua efetiva criao,
o avio passou por vrios perodos de amadurecimento, em
que suas caractersticas mais importantes foram sendo definidas.
Podemos identificar esses principais perodos como sendo:
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As quatro foras
Sobre todas as aeronaves em voo atuam quatro foras, sendo
uma delas a fora gravitacional que determina o peso e as outras
provenientes do deslocamento dessa aeronave no ar.
Entender como funcionam essas foras e saber como control-las
com o uso de energia (propulso/velocidade) e os controles de voo
so essenciais para se manter em voo.
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Teorema de Bernoulli O
aumento na velocidade de
um fluido em escoamento
causa uma reduo na
presso esttica.
O voo
Para um avio se movimentar, a trao a ser exercida deve ser
maior do que o arrasto. O avio continuar a se mover e ganhar
velocidade at que a trao e o arrasto se tornem iguais.
A fim de manter uma velocidade constante, trao e arrasto
devem permanecer iguais, assim como a sustentao e o peso
devem ser iguais para manter a altitude constante.
Se em voo nivelado a potncia do motor reduzida, a trao
torna-se menor, e o avio desacelera. Enquanto a trao for
menor do que o arrasto, o avio continuar a desacelerar at que
sua velocidade atinja um valor insuficiente para sustent-la no ar.
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A relao pitch/potncia
Em um voo reto e nivelado, o ngulo de ataque melhor
percebido pelo piloto por meio da posio do nariz do avio
em relao ao horizonte ao qual chamamos de pitch, ou seja, o
pitch o ngulo formado entre o eixo longitudinal do avio e o
horizonte. O voo reto e nivelado pode ser sustentado em uma
ampla gama de velocidades. Para manter um voo nivelado, o piloto
deve coordenar o ngulo de ataque (AOA) o ngulo entre a
linha de corda da asa e a direo do vento relativo e o regime de
potncia necessrio para manter a velocidade desejada. Sempre que
quisermos alterar a velocidade nesse tipo de voo, seremos obrigados
a coordenar um novo ajuste de pitch e potncia. Grosso modo, esses
regimes podem ser agrupados em trs categorias: voo de baixa
velocidade, de cruzeiro e de alta velocidade.
A sustentao tem relao direta com a velocidade e o ngulo
de ataque, ou seja, quanto maior a velocidade maior ser a
sustentao, assim como o aumento do ngulo de ataque gera
aumento da sustentao, desde que haja trao suficiente para
manter a velocidade acima da mnima necessria.
Os movimentos
Existem trs linhas imaginrias que passam pelo centro de
gravidade (CG) da aeronave em ngulos de 90 entre si. Essas
linhas so os eixos em torno dos quais o avio gira. Sempre que
uma aeronave muda sua atitude de voo ou de posio durante o
voo, ela est se movimentando ou girando em torno de um ou
mais dos seus trs eixos.
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Os principais componentes
A maioria dos avies composta do corpo ou fuselagem como
estrutura principal, onde h espao para pessoas ou coisas. Na
fuselagem existem as conexes estruturais onde so instaladas as
asas, a empenagem, o trem de pouso, o conjunto motopropulsor
e, finalmente, so incorporados os diversos outros subconjuntos
complementares chamados de sistemas, como por exemplo, o
sistema de combustvel, eltrico, hidrulico etc.
Figura 1.14 Os principais componentes de um avio
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Estrutura tubular
A principal desvantagem da estrutura tubular a dificuldade
em se obter um formato mais aerodinmico e eficiente. Nesse
processo de construo, longos pedaos de tubos de ao postos no
sentido longitudinal e chamados de longarinas so soldados entre
si, com tubos menores para formar um quadro bem resistente.
Suportes verticais e horizontais so soldados s longarinas para
dar estrutura uma forma quadrada ou retangular. Suportes
adicionais como cabos de ao esticados em diversos pontos so
necessrios para suportar os esforos estruturais de trao. Outras
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Estrutura monocoque
A construo monocoque usa o revestimento como pea principal
para suportar quase todas as cargas estruturais. Esse revestimento
geralmente feito de chapa metlica, sendo que a mais comum
utiliza as ligas de alumnio, mas tambm podem ser de plstico
reforado ou madeira compensada. O formato aerodinmico
obtido pelas cavernas que podem suportar parte do esforo. Apesar
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Estrutura semimonocoque
A construo semimonocoque usa uma infraestrutura em que
o revestimento do avio aplicado. Esse tipo de construo o
mais utilizado nos dias atuais. Essa infraestrutura que d suporte
ao revestimento consiste de anteparas, reforadores e nervuras
de vrios tamanhos e longarinas aplicados na parte interna
do revestimento. Ela d maior resistncia ao conjunto, pois
divide com o revestimento a resistncia aos esforos aplicados
fuselagem, sem a necessidade de uma estrutura maior, mantendo
as vantagens da construo monocoque.
A parte principal da fuselagem tambm inclui pontos de fixao
das asas e um anteparo contra fogo. Em avies monomotores, o
conjunto motopropulsor composto de motor e hlice geralmente
colocado na parte dianteira da fuselagem, sendo separado da
cabine de pilotagem por um anteparo, geralmente feito de
material resistente ao calor, como o ao inoxidvel, colocado entre
a parte traseira do motor e a cabine para proteger o piloto e os
passageiros de um incndio acidental do motor.
Um novo processo de construo que est surgindo a utilizao
dos compsitos em parte da estrutura ou at mesmo aeronaves
feitas inteiramente de materiais compostos. Vamos entender
melhor como isso funciona e quais so suas vantagens e
desvantagens. (DEPARTMENT OF TRANSPORTATION
FEDERAL AVIATION, 1976).
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Delaminao Utiliza-se
o termo delaminao
para se referir a situaes
em que temos separao
de estruturas que
habitualmente ficam unidas.
No caso dos compsitos,
refere-se separao das
camadas de fibras entre si
ou de fibras da matriz.
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A empenagem
A empenagem o conjunto de superfcies destinadas a estabilizar
o voo. Esse conjunto geralmente compreende duas partes,
uma vertical e outra horizontal, que compem toda a cauda
da aeronave, consistindo em superfcies fixas e mveis. Essas
superfcies se opem tendncia de guinada (superfcie vertical) e
de variao do pitch, ou seja, variao da atitude do nariz de subir
ou descer (superfcie horizontal).
Figura 1.20 A Empenagem
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A pilotagem
Como j vimos, o piloto controla as foras de voo, a direo
e as atitudes da aeronave por meio dos comandos de voo, ou
seja, do manche e dos pedais. Para ter o controle, ele atuar nas
superfcies de controle de voo e, por consequncia, ter o controle
dos movimentos do avio, a fim de conseguir executar a manobra
necessria para manter o voo.
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Sntese
Nesta unidade, vocs viram que levamos sculos para desenvolver
o conhecimento necessrio para produzir mquinas voadoras.
Em seguida, entendemos que as aeronaves so classificadas
como aerstatos mais leves que o ar (bales) ou aerdinos
mais pesados que o ar (avies) dependendo do conceito da
fsica que empregam para manter-se em voo. Cabe ressaltar que
existem vrias outras classificaes das aeronaves com relao
a sua construo e fixao das asas, quantidade de motores, seu
tamanho ou peso, seu uso etc.
Estudamos tambm a construo das aeronaves, os seus
principais componentes, os materiais empregados, suas vantagens
e desvantagens e as principais estruturas conhecidas.
Para facilitar o entendimento do funcionamento de um avio,
fizemos uma pequena introduo da teoria de voo e discutimos
as quatro principais foras atuantes durante o voo: o peso, a
sustentao, a trao e o arrasto; e vimos como o piloto dever
usar os controles de voo para gerenciar essas foras e manobrar
a aeronave em torno de seus trs principais eixos, provocando os
movimentos de rolagem, arfagem e de guinada, de forma isolada
ou coordenadamente.
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Atividades de autoavaliao
Ao final de cada unidade, voc realizar atividades de autoavaliao. O
gabarito est disponvel no final do livro didtico. Mas esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, voc estar
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
1) Preencha os espaos em branco para tornar verdadeira as afirmaes:
a) O tipo de fuselagem que construdo com cavernas, longarinas e
revestimento chamado __________________.
b) O _________, os ___________ e o ___________ so superfcies
de controle primria. J os flapes e os slats so denominados
________________________ .
c) A asa do tipo ___________ fixada na ____________ da fuselagem
por meio de suporte e estais. Se a asa no tiver suportes do
tipo_______________.
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Saiba mais
Se voc desejar, aprofunde os contedos estudados nesta unidade,
consultando as seguintes referncias:
TALAY, Theodore A. Introduction to the aerodynamics of
flight. Langley Research Center. NASA Washington DC. 1975.
SAINTIVE, Newton Soler. Teoria de Voo Introduo
aerodinmica. ASA Brasil 2001.
PRADINES, Luiz. Fundamentos da teoria de vo. Edies
Inteligentes. Brasil 2004
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