Trigonometria Racional PDF
Trigonometria Racional PDF
Trigonometria Racional PDF
tica - IM
Instituto de Matema
tica - SBM
Sociedade Brasileira de Matema
tica em Rede Nacional - PROFMAT
Mestrado Profissional em Matema
o de Mestrado
Dissertac
a
da Silva
Luiz Jose
Salvador - Bahia
Abril de 2013
da Silva
Luiz Jose
Dissertacao
de
a`
Academica
Comissao
Mestrado
apresentada
Institucional
do
Salvador - Bahia
Abril de 2013
da Silva
Luiz Jose
Dissertacao
de
a`
Academica
Comissao
Mestrado
apresentada
Institucional
do
Banca Examinadora:
Aos meus pais, a minha mulher Elda Schoucair e aos meus filhos Luiz Victor e Louise,
razoes do meu existir.
Agradecimentos
Para nao ser injusto, ou cometer equvocos no esquecimento, agradeco a todos que
de maneira direta ou indireta acreditaram em mim como pessoa, profissional e/ou amigo,
todos que de alguma forma me motivaram a seguir em frente e concluir mais uma etapa
desta formacao, e particularmente a amiga Lise Canario, incentivadora e companheira
de incansaveis tardes e noites de estudos em sua casa, ao seu companheiro fiel e tambem
incentivador Sergio, que foi imprescindvel na logstica com os lanchinhos etc. Ao tambem
companheiro de estudos Ian Santana, com sua jovialidade e perseveranca, que nao deixou em momento algum que fraquejassemos. Um agradecimento especial a Ademildes
Romana, coordenadora de matematica do IFBA/Simoes Filho, pela confianca e apoio
profissional nesse momento atribulado. Aos nossos Mestres que nos conduziram durante
esses dois anos com profissionalismo e zelo. E por fim ao querido professor, orientador e
incentivador Vincius Mello, pela sua dedicacao, confianca e parceria neste trabalho.
Resumo
O objetivo deste trabalho consiste em fazer uma analise critica de uma nova abordagem para o ensino de trigonometria, chamada trigonometria racional, visto que esse e
um topico muito importante no ensino medio, nao so para matematica como tambem para
outras areas. Na pratica, essa nova abordagem minimiza a necessidade de operacoes de
extracao de razes quadradas e outras operacoes transcendentais, substituindo-as apenas
por operacoes racionais.
Abstract
The objective of this work is to make a critical analysis of a new approach to the
teaching of trigonometry, called rational trigonometry, since this is a very important topic
in high school, not only for mathematics but also to other areas. In practice, this new
approach minimizes the need of taking square roots and other transcendental operations,
replacing them only by rational operations.
Sum
ario
Introduc
ao
1 Trigonometria Cl
assica
1.1
Breve Historico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.2
Importancia da Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3
2 Trigonometria Racional
10
2.1
Quadrancia e Abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2
Teorema de Pitagoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3
2.4
Lei da Abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.5
Lei da Coabertura
2.6
2.7
Teorema de Arquimedes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.8
Conclusao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3 Aplicac
oes
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
19
3.1
Resolucao de Triangulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2
Problemas Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4 Conclus
ao
27
Resenhas
Refer
encias Bibliogr
aficas
Introdu
c
ao
publico e notorio que os alunos do ensino medio, sejam da escola p
E
ublica ou
privada, demonstram grandes dificuldades em matematica, em particular no topico trigonometria. Um dos objetivos deste trabalho nao e apontar culpados, mas sim oferecer
algumas sugestoes para reverter tal quadro.
Porem, antes de tudo e bom destacar que tal topico consta no conte
udo programatico das escolas, quer sejam publicas ou privadas, segundo os Parametro Curriculares Nacionais para o Ensino Medio (PCNEM). Nocoes de trigonometria no triangulo
sao vistas desde o 9o ano do ensino fundamental de maneira superficial. A se iniciam os
problemas, pois o ensino de geometria nas escolas de certa forma sofreu uma perda de
carga horaria por ter sido retirada a disciplina desenho geometrico da grade curricular, a
qual dava subsdios significativos ao ensino de geometria.
Essa dificuldade de compreensao por parte dos alunos pode ser devida a diversos
outros fatores, dentre eles a dificuldade que os estudantes tem de conceitualizar os objetos
matematicos, que se apresentam de forma muito abstrata. Segundo Duval [5], os objetos matematicos so sao acessveis por meio de registros de representacoes, pois eles nao
tem existencia fsica. Em relacao aos conte
udos da trigonometria geralmente os alunos
encontram dificuldades na compreensao de conceitos trigonometricos basicos.
Uma excelente alternativa e o trabalho interdisciplinar, com intuito de dar significado aos entes geometricos nas series inicias, com auxlio da historia da matematica,
o que, com certeza, da maior sentido ao estudo de geometria. Em projetos envolvendo
matematica e geografia, por exemplo, trabalhos utilizando teodolito, GPS, e outros instrumentos de localizacao, evidenciariam a necessidade do conhecimento de geometria e
particularmente dos triangulos.
A ttulo de exemplo, ja realizamos, conjuntamente com o professor de geografia,
um trabalho de levantamento topografico do campus onde trabalhamos e isso nos rendeu
um maior interesse por parte dos alunos no conte
udo que trabalhavamos em sala, trigonometria no triangulo retangulo, no caso. Os alunos fizeram associacoes interessantes
do porque estudamos geometria e trigonometria. Notamos a partir dessa experiencia um
maior interesse por parte dos alunos. Foram cerca de tres encontros conjuntos, todos
2
muito gratificantes para nos professores, pois podemos observar que se concatenarmos
teoria e pratica e, porque nao dizer, historia, o conhecimento e interesse naturalmente
afloram. Observe o que DAmbrosio (citado em [14]) diz:
... nao e necessario que o professor seja um especialista para introduzir
historia da matematica em seus cursos. [...] Basta colocar aqui e ali algumas
reflexoes. Isto pode gerar muito interesse nas aulas de matematica.
Foi esse interesse por trigonometria, que nos levou a conhecer a trigonometria
racional, desenvolvida pelo prof. Norman Wildberger no livro Proporcoes Divinas: da
Trigonometria Racional `a Geometria Universal [16].
A trigonometria tradicional usa funcoes nao-algebricas como sen(x) ou cos(x) para
resolver triangulos, ou seja, usa os valores de alguns de seus parametros (lados a, b,
c e angulos , e , por exemplo) para encontrar os valores dos outros parametros.
Na visao de Wildberger, o uso de funcoes nao-algebricas na trigonometria complica a
analise matematica, tornando os calculos mais complicados e o assunto em si mais difcil
de aprender.
Para evitar essas dificuldades, Wildberger propoe substituir a medida dos lados
a, b e c por seus quadrados (que ele chama de quadrancias), e substituir a medida dos
angulos em graus ou radianos pela abertura (o quadrado do seno do angulo). Nestes
termos, todas as formulas da trigonometria exibem expressoes puramente algebricas. Em
particular, se os dados dos problemas forem racionais, suas solucoes tambem serao, com
o possvel acrescimo, em alguns casos, da extracao de uma raiz quadrada.
Este trabalho esta assim organizado: no captulo 1, veremos um breve historico da
trigonometria classica, juntamente com exemplos de sua importancia pratica e no ensino
da matematica. No captulo 2, faremos uma apresentacao sucinta dos princpios da trigonometria racional, introduzindo os conceitos de abertura e quadrancia e suas cinco leis
basicas. No captulo 3, aplicaremos a trigonometria racional `a resolucao de alguns problemas tpicos. Finalmente, faremos uma breve conclusao, com uma analise crtica dessa
nova abordagem para o ensino da trigonometria. No apendice, apresentamos traducoes de
resenhas [9, 7] do livro Proporcoes Divinas que ajudam a avaliar a trigonometria racional.
Captulo 1
Trigonometria Cl
assica
1.1
Breve Hist
orico
A origem da trigonometria e um topico importante da historia da matematica[2,
15, 13, 6, 11]. Podemos dizer que seu incio se deu por demandas da astronomia, navegacao
e agrimensura, por volta do seculo IV ou V a.C. Os precursores foram os egpcios e os
babilonios. A palavra trigonometria vem do grego tri -tres, gono-angulo e metrien-medida,
significando medida de triangulos, ou seja, o estudo das relacoes entre os lados e os angulos
de um triangulo.
Muito provavelmente, a trigonometria surgiu com a ideia de associar sombras projetadas por uma vara vertical a sequencias numericas, relacionando seus comprimentos
com horas do dia: os relogios de sol. Segundo o historiador Herodoto (490 - 420 a.C.),
foram os gregos que deram o nome gnomon ao relogio de sol que chegou ate eles atraves
dos babilonios, embora ja tivesse sido utilizado pelos egpcios antes de 1500 a.C.[11].
O mais antigo gnomon de que temos conhecimento e que chegou ate nossos dias,
esta no museu de Berlim. Ele evidencia e reforca a hipotese de que a trigonometria
foi uma ferramenta essencial para observacao dos fenomenos astronomicos pelos povos
antigos, uma vez que a documentacao relativa a esse perodo e praticamente inexistente.
O gnomon era uma vareta (GN na figura 1.1) que se espetava no chao, formando
com ele um angulo de 90o , e o comprimento de sua sombra (AN ) era observado, num
horario determinado: meio dia. Uma observacao dos limites da sombra permitia medir a
duracao do ano e o movimento lateral diario do ponto A permitia medir a duracao do dia.
Como o tamanho do gnomon era constante, ou seja, usava-se sempre a mesma
vareta, na mesma posicao, o comprimento de AN ao meio dia variava com o angulo A.
Para nos isto significa uma colocacao de AN , ou
AN
,
GN
nos dias de hoje denominada cotangente. Porem, nao temos nenhum vestgio do nome no
perodo.
3
Precess
ao dos equin
ocios e literalmente um crculo imaginario, riscado na esfera celeste pela projec
ao
do eixo de rotac
ao terrestre. Esse risco, que ha milenios vem sendo acompanhado, se chama precess
ao
que e um movimento para tr
as em relacao ao avanco do ponto vernal do equador celeste, tomando-se
como referencia o ciclo anual do sol. O movimento retrogrado, coloca os eixo norte e sul apontados para
diferentes pontos , ocupados ou n
ao por estrelas, no correr do crculo completo que dura cerca de 25 800
anos, ao fim do qual o eixo norte ou sul apontara para a mesma regiao eventualmente coincidente (ou n
ao)
com uma estrela denominada polar. Devido a este movimento, o equinocio (data em que o dia e noite
tem a mesma durac
ao) de primavera passa a acontecer com a entrada do Sol em diferentes constelac
oes
da eclptica. A este fen
omeno se deu o nome de precessao dos equinocios.
377
,
120
foi tambem
b
c
a
=
=
sen A
sen B
sen C
6
Conhecendo essas formulas, Ptolomeu construiu uma tabela de cordas de uma circunferencia, para angulos que variam de 0o ate 180o , inscrevendo polgonos de 3, 4, 5, 6 e 10
lados num crculo e calculando os comprimentos das cordas subtendidas aos angulos de
120o , 90o , 72o , 60o e 36o , respectivamente. Como ele conhecia um metodo para encontrar
a corda subtendida pela metade do arco de uma corda conhecida,
r
1 cos
sen( ) =
2
2
em linguagem atual, ele obteve, utilizando o que hoje e conhecido como interpolacao,
valores para as cordas com boa precisao. Posteriormente, surge o radiano como unidade
de medidas de angulos, o que veio simplificar seu manuseio na matematica e na fsica.
Na India foi descoberta a mais antiga tabua de senos, por isso se acredita que de la
se originaram. Os seus inventores conheciam as ideias matematicas gregas e babilonias,
que circulavam como subprodutos de um vigoroso comercio romano com o sul da India
pelo Mar Vermelho e Oceano Indico. O aparecimento real do seno de um angulo ocorreu no
trabalho dos indianos. Por volta do ano 500 d.C., Arayabhata elaborou tabelas envolvendo
metade de cordas que agora realmente sao tabelas de senos (jiva meia corda), tabela
esta que foi reproduzida no trabalho de Brahmagupta em 628 e, posteriormente, por
volta de 1150, Bhaskara criou um metodo para construir tabelas de senos para quaisquer
angulos.
Ja o vocabulo cosseno surgiu somente no seculo XVII, definido como sendo o seno
do complemento de um angulo. Esses dois conceitos, seno e cosseno, foram originados
pelos problemas relativos `a astronomia, no entanto, os de tangente e cotangente, ao que
parece, surgiram da necessidade de calcular alturas e distancias. Utilizando-se de uma
vara colocada na posicao horizontal, a variacao na elevacao do sol causava uma variacao
no angulo que os raios solares formavam com a vara, modificando o tamanho da sua
sombra (ver figura 1.3). Esse metodo foi utilizado por Tales para calcular as alturas das
piramides atraves de semelhanca de triangulos.
Ja a secante e a cossecante nao foram usadas pelos antigos astronomos ou agrimensores. Estas surgiram por volta do seculo XV, quando os navegadores comecaram a
preparar tabelas. Nicolau Copernico sabia da secante que ele chamou a hipotenusa. Vi`ete
conhecia os resultados
cossec x
1
1
cos x
= cot x =
e
=
= sen x.
sec x
tg x cossec x
cot x
1.2
Import
ancia da Trigonometria
A trigonometria nao se limita ao estudo de triangulos. Encontramos aplicacoes
1.3
Captulo 2
Trigonometria Racional
2.1
Quadr
ancia e Abertura
Para iniciar o estudo da trigonometria racional, precisamos definir dois novos con-
A2
Q3
Q
Q1
A2
s1
A1
A1
A3
s1 =
Q = Q(A1 , A2 )
Q1
Q3
quadrance, em ingles.
10
11
para A1 = (x1 , y1 ) e A2 = (x2 , y2 ), ou seja, a quadrancia e exatamente o quadrado da
distancia entre A1 e A2 .
Note que, se as coordenadas de A1 e A2 sao racionais, entao Q(A1 , A2 ) tambem e
racional, ao passo que a distancia d(A1 , A2 ) pode ser irracional, por causa da extracao da
raiz quadrada.
O uso de quadrados para medir a separacao entre pontos nao e novo, basta lembrar
do enunciado do Teorema de Pitagoras. Novo e o termo quadrancia. Mas a introducao
desse neologismo se justifica tanto para abreviar os enunciados dos teoremas e problemas, quanto pela sua importancia conceitual, pois quadrancia remete imediatamente a
quadrado da distancia.
Para definir o conceito de abertura2 , vamos considerar inicialmente o triangulo
claro que
retangulo do lado direito da figura 2.1. E
Q1
sen2 A1 =
,
Q3
portanto, a razao entre as quadrancias do cateto oposto e da hipotenusa contem a mesma
informacao que o seno do angulo A1 , ou seja, essencialmente a mesma informacao do
angulo A1 , sendo assim uma boa medida da separacao entre as retas A1 A3 e A1 A2 . Assim,
ao inves de medir o angulo A1 em graus ou radianos, podemos med-lo por sua abertura
s1 =
Q1
.
Q3
A abertura e sempre um n
umero entre 0 e 1 e podemos adaptar um transferidor para
medir angulos em abertura (figura 2.2). Se os pontos A1 , A2 e A3 possuem coordenadas
racionais, entao s1 tambem e racional.
spread, em ingles
12
a expressao angulo geodetico puro para designar um angulo cujo quadrado do seno
seja racional. Tais angulos aparecem frequentemente como angulos diedrais de poliedros
regulares (platonicos ou arquimedianos). Nesse artigo, Conway recomendou o emprego
da notacao r para denotar um angulo de abertura r, ou equivalentemente,
r = arcsen r
.
Passemos a estudar agora como os principais fatos da trigonometria podem ser
expressos em termos de quadrancia e abertura.
2.2
Teorema de Pit
agoras
Q3
A2
Q1
A1
A3
Q2
2.3
F
ormula das Tr
es Quadr
ancias
Como a area Q de um retangulo e dada pelo produto do comprimento da base
pela altura, segue que Q2 e igual ao produto das quadrancias dos lados (lado esquerdo
13
Q1
Q2
Q3
(2.1)
Essa condicao pode ser colocada em uma forma mais simetrica se considerarmos a
seguinte identidade polinomial:
4xy (x + y z)2 = 4xy (x2 + y 2 + z 2 + 2xy 2xz 2yz)
= x2 y 2 z 2 + 2xy + 2xz + 2yz
= (x + y + z)2 2(x2 + y 2 + z 2 ),
ou seja,
(x + y + z)2 2(x2 + y 2 + z 2 ) = 4xy (x + y z)2 .
(Simetria)
14
Q2
Q1
Q2
Q1
Q2 = Q1 Q2
A1
A3
A2
Q3 = Q1 + Q2 + 2Q
2.4
Lei da Abertura
A2
s2
Q3
Q1
s1
A1
s3
P1
P3
A3
Q2
Figura 2.6: Triangulo utilizado nas demonstracoes das Leis da Abertura e da Coabertura.
15
Da figura 2.6, vemos que
s1 =
H
H
e s3 =
,
Q3
Q1
2.5
Lei da Coabertura
Ainda com base na figura 2.6,
P1 = Q3 H,
(2.2)
(2.3)
16
A Lei da Coabertura e analoga a` Lei dos Cossenos
d3 2 = d1 2 + d2 2 2d1 d2 cos A3
e pode ser facilmente derivada dela, bastando notar que
c3 = 1 s3 = 1 sen2 A3 = cos2 A3 .
2.6
F
ormula das Tr
es Aberturas
Pela Lei da Abertura,
s1
s2
s3
1
=
=
= ,
Q1
Q2
Q3
D
assim Q1 = s1 D, Q2 = s2 D e Q3 = s3 D. Substituindo esses valores na Lei da Coabertura,
temos que
(s1 D + s2 D s3 D)2 = 4(s1 D)(s2 D)c3
e, cancelando o D2 em ambos os membros,
(s1 + s2 s3 )2 = 4s1 s2 c3
= 4s1 s2 (1 s3 )
= 4s1 s2 4s1 s2 s3 .
Aplicando a identidade (Simetria), chegamos ao seguinte teorema:
Teorema 2.6.1 (Formula das Tres Aberturas6 ). Em qualquer triangulo,
(s1 + s2 + s3 )2 2(s21 + s22 + s23 ) = 4s1 s2 s3 ,
ou seja, A(s1 , s2 , s3 ) = 4s1 s2 s3 .
Essa formula permite obter a abertura de um dos angulos do triangulo, conhecidas
as abertura dos outros dois angulos, sendo assim analoga ao fato que os angulos de um
triangulo somam 180o .
2.7
Teorema de Arquimedes
Vamos agora encontrar uma formula para a area S de um triangulo em funcao das
Q2 H
,
4
17
ou seja, 4S 2 = Q2 H = Q2 Q1 s3 . Por outro lado, pela Lei da Coabertura,
(Q1 + Q2 Q3 )2 = 4Q1 Q2 c3
= 4Q1 Q2 (1 s3 )
= 4Q1 Q2 4Q1 Q2 s3
= 4Q1 Q2 16S 2 ,
donde
16S 2 = 4Q1 Q2 (Q1 + Q2 Q3 )2 .
Aplicando (Simetria), chegamos a relacao desejada:
Teorema 2.7.1 (Teorema de Arquimedes). A area S de um triangulo 4A1 A2 A3 com
quadrancias Q1 , Q2 e Q3 e determinada pela formula
16S 2 = (Q1 + Q2 + Q3 )2 2(Q21 + Q22 + Q23 ),
ou seja,
S2 =
1
A(Q1 , Q2 , Q3 ).
16
onde o u
ltimo determinante e a versao bidimensional do determinante de Cayley-Menger [4].
O determinante de Cayley-Menger permite calcular o volume de um simplexo n-dimensional
conhecendo-se apenas as medidas dos seus lados, ou suas quadrancias, mais exatamente.
18
O Teorema de Arquimedes e equivalente `a Formula de Heron e pode ser derivado
dela da seguinte maneira:
p
2
16S 2 = 16
s(s d1 )(s d2 )(s d3 )
= (d1 + d2 + d3 )(d1 + d2 + d3 )(d1 d2 + d3 )(d1 + d2 d3 )
= ((d1 + d2 )2 d23 )(d23 (d1 d2 )2 )
= ((d1 + d2 )2 + (d1 d2 )2 ))Q3 (d1 + d2 )2 (d1 d2 )2 Q23
= 2(Q1 + Q2 )Q3 (d21 d22 )2 Q23
= 2(Q1 + Q2 )Q3 (Q1 Q2 )2 Q23
= (Q1 + Q2 + Q3 )2 2(Q21 + Q22 + Q23 ).
2.8
Conclus
ao
A trigonometria racional faz com que alguns problemas sejam resolvidos apenas
Captulo 3
Aplica
c
oes
3.1
Resoluc
ao de Tri
angulos
Vamos comparar a trigometria classica com a racional nos tres casos de resolucao
de triangulos:
1 - Tr
es lados Tr
es Quadr
ancias
Soluc
ao Tradicional
Soluc
ao Racional
Aplicando a Lei dos Cossenos, descobrimos Aplicando a Lei das Coaberturas, descobrimos uma das aberturas, s1 por exemplo,
um dos angulos, por exemplo,
= cos1
(Q2 + Q3 Q1 )2
1 s1 =
,
4Q2 Q3
b 2 + c 2 a2
2bc
ou seja,
4Q2 Q3 (Q2 + Q3 Q1 )2
s1 =
4Q2 Q3
A(Q1 , Q2 , Q3 )
=
,
4Q2 Q3
= sen1 (
= sen1 (
b sen
),
a
c sen
).
a
A(Q1 , Q2 , Q3 )
4Q1 Q3
s3 =
A(Q1 , Q2 , Q3 )
.
4Q1 Q2
19
20
A3
s3
Q1
Q2
s2
A2
s1
Q3
A1
2 - Dois lados e um
angulo Duas quadr
ancias e uma abertura
Soluc
ao Tradicional
Soluc
ao Racional
a2 = b2 + c2 2bc cos .
b sen
),
a
= sen1 (
c sen
).
a
s2 =
A(Q1 , Q2 , Q3 )
4Q1 Q3
s3 =
A(Q1 , Q2 , Q3 )
.
4Q1 Q2
21
3 - Dois
angulos e um lado Duas aberturas e uma quadr
ancia
Soluc
ao Racional
Soluc
ao Tradicional
s3 :
A(s1 , s2 , s3 ) = 4s1 s2 s3 .
a sen
b=
,
sen
e
c=
a sen
.
sen
Q2 =
s2 Q1
s1
Q3 =
s3 Q1
.
s1
3.2
Problemas Resolvidos
22
s
A
Soluc
ao: Aplicando a Lei da Coabertura
(Q(A, C) + Q(A, B) Q(B, C))2 = 4Q(A, C)Q(A, B)(1 s),
donde
(17 + 13 8)2 = 4.17.13(1 s),
ou seja,
s=1
222
100
=
.
4.17.13
221
Logo,
H = 17S = 17
100
100
=
.
221
13
23
C
s3
s2
s1
16
Soluc
ao: Pela Lei da Coabertura,
(4 + 16 9)2 = 4.4.16(1 s3 ),
da concluimos que s3 =
135
256
4s3
15
= ,
9
64
s2 =
16s3
15
= .
9
16
Problema 3. No ponto A, sob um angulo de 30o o navegador verifica que do outro lado
do rio no ponto P esta o farol. Apos a embarcacao percorrer 1000 metros, chegando ao
ponto B ele avista o farol sob um angulo de 60o . Seguindo sempre na direcao AB, qual a
menor distancia entre a embarcacao e o farol?
Este problema foi adaptado de Bongiovanni [1], mas apresenta um modelo recorrente em varios concursos, inclusive no Enem 2011 (figura 1.4). A escolha dos angulos
24
facilita o problema, pois neste caso o angulo em P e igual ao angulo em A e o triangulo
e isosceles, portanto BP tambem mede 1000 m. Assim, a menor distancia h satisfaz
sen 60o =
h
,
1000
ou seja, h = 500 3.
Considere agora uma generalizacao do problema, onde a distancia d = d(A, B) e
os angulos e sao conhecidos e se pede a distancia h. Se = 2, o triangulo e isosceles
e a solucao e como vimos acima. Vamos supor, portanto, apenas que > .
Soluc
ao Racional
(d + x) tg = h = x tg ,
A(sA , sB , sP ) = 4sA sB sP
donde
x=
d tg
,
tg tg
e
h=
d tg tg
.
tg tg
sA Q(A, B)
,
sP
e
H = Q(P, C) = Q(P, B)sB .
Coment
ario: Note como nesse caso simples a nao-linearidade da trigonometria racional
complica desnecessariamente a solucao.
25
Problema 4. Calcule o raio do crculo abaixo?
Soluc
ao: Seja K = (raio)2 . Como o quadrilatero esta inscrito no crculo, os angulo
opostos sao suplementares, portanto possuem a mesma abertura s. Aplicando a Lei da
Coabertura duas vezes, temos que
(4 + 25 Q)2 = 4.4.25(1 s)
e
(9 + 16 Q)2 = 4.9.16(1 s).
Segue que
(1 s) =
(29 Q)2
(25 Q)2
=
,
400
576
ou seja,
29 Q
25 Q
=
,
20
24
donde Q = 49 ou Q = 299
. Portanto
11
K=
Q1 Q2 Q3
3298
=
A(Q1 , Q2 , Q3 )
480
e o raio e igual a
r
3298
.
480
26
Coment
ario: Como o raio r da circunferencia circunscrita ao triangulo satisfaz,
r=
abc
,
4A
Q1 Q2 Q3
.
A(Q1 , Q2 , Q3 )
Captulo 4
Conclus
ao
Depois desse estudo sobre trigonometria racional, temos a impressao que nao deva
existir dicotomias entre trigonometria racional e classica, visto que em nenhum momento
as duas se contradizem. Observamos que pode, sim, existir uma boa complementacao
entre elas, no ensino medio principalmente, com a ampliacao dos problemas propostos,
saindo do ciclo de problemas com apenas arcos notaveis.
Negar tudo que foi feito com o conhecimento da trigonometria classica, tachando-a
de errada, como por vezes o prof. Wildberger faz, entretanto, seria negar o conhecimento
ate aqui desenvolvido. Como diz Michael Gilsdorf em [8]:
Embora Wildberger possa muito bem estar correto ao afirmar que a maneira como a trigonometria e ensinada esta errada, e um erro dizer que trigonometria classica e a causa, ou que a trigonometria racional e uma alternativa
melhor. Educadores devem simplesmente mudar o modo de ensinar trigonometria, e nao substitu-la por uma teoria nao-linear que e incompatvel com
o nosso sistema linear de medidas, tem uma aplicacao limitada (por exemplo,
principalmente triangulos), envolve geralmente mais calculos, pode ser menos
intuitiva, e ainda exige que o aluno aprenda a teoria classica, no todo ou em
parte.
Por outro lado, nao ha como negar que a trigonometria racional traz para muitos
problemas certo traco de elegancia, no que diz respeito `a apresentacao dos calculos, como
vimos em algumas comparacoes feitas no captulo 3. Tambem e notavel que o fato de
trabalhar com quadrados de senos e n
umeros racionais facilita muito os calculos, dispensando muitas vezes o uso de tabelas e calculadoras cientficas. De fato, a trigonometria
racional e mais eficiente que a classica, do ponto de vista computacional, nos problemas
de resolucao de triangulos, como foi demonstrado em [10], se nao contarmos a extracao
de razes que transforma quadrancias em distancias.
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Observamos tambem que as leis apresentadas pela trigonometria racional na sua
maioria sao correspondentes `as da trigonometria classica e portanto a introducao delas
nao causara grandes dificuldades no ensino. Cabera ao professor perceber em que momento deve apresentar a trigonometria racional aos alunos, sem que haja necessidade de
apresenta-la como algo diferente, mas simplesmente uma nova forma de ver alguns fatos
da trigonometria classica.
Portanto, neste momento, cabe a todos nos, diante da apropriacao dessa nova
abordagem proposta para o ensino de trigonometria, particularmente na resolucao de
triangulos, que foi a proposta deste trabalho, aferir se e possvel a sua implementacao e
que fatores positivos ou nao traria a adocao deste caminho no ensino de trigonometria no
ensino medio.
Resenhas
Proporc
oes Divinas: da Trigonometria Racional `
a Geometria Universal,
por N. J. Wildberger
Resenhado por Michael Henle
The American Mathematical Monthly, Vol. 114, No. 10 (Dec., 2007), pp. 933-937
2
cartesiano, entao a quadrancia Q(A, B) entre eles e dada por
Q(A, B) = (x1 x2 )2 + (y1 y2 )2 ,
enquanto se `1 e `2 sao retas dadas por equacoes `1 : a1 x + b1 y = c1 e `2 : a2 x + b2 y = c2 ,
entao a abertura s(`1 , `2 ) entre elas e dada por
s(`1 , `2 ) =
(a1 b2 a2 b1 )2
.
(a21 + b21 )(a22 + b22 )
Note que a abertura depende apenas das retas `1 e `2 , nao das equacoes particulares
escolhidas para representa-las. Utilizando-se quadrancia e abertura, trigonometria se
torna um assunto racional, quadratico, de fato.
A trigonometria classica preocupa-se em grande medida com triangulos. Tres pontos A, B e C determinam um triangulo que contem as tres quadrancias e as tres aberturas mostradas na figura 4.1. A figura tambem mostra as convencoes visuais adotadas
por Wildberger para evitar confusao com as figuras euclidianas tradicionais. Cinco leis
3
F
ormula das Tr
es Quadr
ancias: Pontos A, B e C sao colineares se, e somente se,
(Q1 + Q2 + Q3 )2 2(Q21 + Q22 + Q23 ) = 0.
F
ormula das Tr
es Aberturas: Em qualquer triangulo,
(s1 + s2 + s3 )2 2(s21 + s22 + s23 ) = 4s1 s2 s3 .
As tres primeiras leis sao classicas. A Lei da Abertura e a Lei dos Senos; A Lei
da Coabertura e a Lei dos Cossenos (Coabertura e o analogo trigonometrico-racional do
cosseno o cosseno ao quadrado, e claro). As duas u
ltimas leis sao de Wildberger. A
Formula das Tres Quadrancias e uma versao da Lei da Coabertura e a Formula das Tres
Aberturas codifica o fato que a soma dos angulos internos de um triangulo e uma certa
constante.
Ambas as leis triplasestao relacionadas a` identidade polinomial
(Q1 + Q2 + Q3 )2 2(Q21 + Q22 + Q23 ) = 4Q1 Q2 (Q1 + Q2 Q3 )2 .
Em um triangulo retangulo, claramente
(Q1 + Q2 + Q3 )2 2(Q21 + Q22 + Q23 ) = 4Q1 Q2 .
Wildberger toma o lado esquerdo (que de acordo com a Formula das Tres Quadrancias
mede quanto os tres pontos A, B e C deixam de ser colineares) como o analogo trigonometrico-racional da area, denominando-a quadrarea. Ela e igual a 16 vezes o quadrado
da area usual seja o triangulo ABC reto ou nao.
Esses resultados estao citados para mostrar a elegancia da formulacao de Wildberger. Proporcoes Divinas e recheado com resultados similares envolvendo varias combinacoes de quadrancias e aberturas. Muitos outros sao dados como exerccios. Todos
eles sao relacoes polinomiais ou interpretacoes geometricas dessas relacoes. As demonstracoes sao faceis de seguir. Enquanto lemos o livro, e bastante simples inserir as hipoteses
da maioria dos teoremas/exerccios em um sistema de algebra computacional e verificar
suas conclusoes (i.e., prova-los) com uma u
nica digitacao, uma sugestao que o proprio
Wildberger faz.
Resolver triangulos, um objetivo principal da trigonometria, e um processo direto.
Dadas tres ou mais das seis quantidades Q1 , Q2 , Q3 , s1 , s2 , s3 utiliza-se as leis
acima para se determinar as outras. Se e preciso resolver uma equacao do segundo grau,
entao alguma atencao sera necessaria para se escolher a raiz correta (apesar de que,
naturalmente, alguns problemas desse tipo possuem m
ultiplas solucoes). Uma vez que as
leis nao envolvem nada mais complicado que equacoes quadraticas, nada mais complicado
que extracao de razes quadradas e necessario em termos aritmeticos.
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Geometria Universal. Quadrancia e abertura tem definicoes racionais. Portanto elas
fazem sentido sobre qualquer corpo de caracterstica diferente de 2. Isso leva a uma
teoria geral da geometria euclidiana sobre tais corpos, que Wildberger chama geometria
universal.
O terco medio de Proporcoes Divinas e devotado a essa teoria. Triangulos, quadrilateros, crculos, centros de triangulos, proporcao e secoes conicas sao discutidos em
captulos separados. Analogos de muitos teoremas classicos (e.g., os de Menelau e Ceva, o
crculo de nove pontos) sao obtidos. Como no caso da trigonometria racional, todos esses
topicos sao construdos sobre identidades polinomiais.
Essa e uma teoria elegante de grande generalidade. Parece abrir-se uma area
substancial de pesquisa posterior. Adicionalmente, Wildberger promete versoes esferica,
hiperbolica e projetiva no futuro.
Para arredondar este resumo de Proporcoes Divinas, o u
ltimo terco e uma sequencia
de captulos miscelaneos sobre aplicacoes em agrimensura, problemas de movimento e
medidas de aberturas, entre outras. Ha tambem captulos sobre geometria tridimensional,
incluindo um captulo sobre solidos platonicos.
Crtica `
a Trigonometria Cl
assica. Em Proporcoes Divinas e no material auxiliar [1][3], disponvel no stio do livro ( http://web.maths.unsw.edu.au/~norman/Rational1.
htm, Wildberger realiza um ataque determinado, mas nao generoso e, ao final, f
util, sobre
a trigonometria classica, chamando-a de trigonometria errada. Em [1] ele escreve
Incontaveis jovens ao longo das eras tiveram que aprender uma teoria artificial e improvisada que complica desnecessariamente o assunto e leva a perda
de precisao em aplicacoes praticas. Infelizmente, repeticao continuada tem
cimentado essa abordagem nas mentes de educadores como a u
nica possvel.
Como voce vera, isso e um erro.
Sua objecao recai em varias categorias.
Primeiro, e um argumento baseado na facilidade de uso. Wildberger faz o convincente, mas artificial, caso que trigonometria racional e nao apenas mais facil de usar,
como tambem mais acurada que a trigonometria classica, se nao se permite o uso de
computadores, calculadoras ou tabelas. O artigo [2] coloca o argumento em um divertido
contexto de uma competicao em uma ilha deserta. Certamente pode-se concordar que e
uma vergonha que esta teoria nao tenha sido descoberta seculos atras.
Entretanto, esse e um falso argumento. Com calculadoras (ou mesmo tabelas), os
algoritmos da trigonometria classica sao tao faceis quanto os algoritmos racionais. Eles
envolvem ate mesmo sutilezas analogas por exemplo, escolher o angulo certo ou a raiz
correta de uma equacao quadratica a partir de varias alternativas. Trigonometria classica,
5
ao menos no que diz respeito a resolucao de triangulos, pode ser tao concisamente sumarizada quanto as cinco leis citadas acima. Quanto a precisao, calculadoras e computadores
sao suficientes para todos os propositos praticos. Finalmente, a precisao de qualquer
procedimento depende da precisao dos dados de entrada. Aberturas medidas com instrumentos projetados apropriadamente (como o transferidor de aberturas mostrado em
Proporcoes Divinas) nao serao mais acuradas que os angulos medidos por instrumentos
classicos de agrimensura provavelmente serao menos.
Em outra direcao, Wildberger argumenta que a trigonometria racional e conceitualmente mais simples que a classica e mais facil de aprender. Esse argumento, entretanto,
depende de como a comparacao e feita. Wildberger escreve como se a trigonometria racional consistisse apenas de quadrancia e abertura enquanto a classica, por outro lado,
inclusse distancia, medidas de angulo, senos, cossenos, tangentes, series de potencias, teoria da proporcao, e assim por diante. Colocado dessa maneira, claro que a trigonometria
racional e mais simples de se entender e mais facil de aprender. Se, ao inves, comparamos
quadrancia e abertura simplesmente com distancia, angulo e seno, entao sem d
uvida a
trigonometria classica e geometricamente mais fundamental e mais facil de compreender.
Qualquer complicacao criada pela trigonometria classica em termos de m
ultiplas funcoes
e identidades e comparavel com as criadas pela trigonometria racional, com sua propria
multiplicidade de identidades polinomiais.
A trigonometria racional espertamente esconde as funcoes trancendentes, explcitas
na trigonometria classica, dentro do conceito de abertura. Em trigonometria racional,
medidas de angulos e calculos de senos sao a mesma coisa. Muitos estudantes, entretanto, ainda irao querer aprender sobre seno e cosseno. Wildberger desdenha das funcoes
classicas, afirmando que elas sao u
teis apenas para o estudo do movimento circular. Ele
escolhe ignorar o papel primario delas como funcoes periodicas arquetpicas, essencial
para a analise de Fourier e outras aplicacoes. Como as mais elementares das funcoes
transcendentais, elas sao tambem belos e importantes objetos de estudos por si mesmas.
Conclus
ao. Proporcoes Divinas contem muitas ideias e resultados elegantes. Este talvez seja o lugar para mencionar que trata-se de um livro excepcionalmente bem produzido.
Impresso em papel de alta qualidade, e tao bom de olhar, como o material que ele contem
e bom de ler. Ele emprega uma recurso bem pensado: teoremas sao citados nao somente
por nome e n
umero, mas tambem por pagina.
Que Wildberger conseguiu contribuir com novas ideias para uma das mais antigas disciplinas matematicas, e um feito notavel. Diminuir a trigonometria classica de
maneira tao sem reserva, como ele faz, entretanto, e contraproducente. Uma sntese de
ideias classicas e racionais e possvel e e provavelmente a u
nica maneira de conceitos
6
racionais entrarem no canone da trigonometria.
Reforma de um grande ramo da matematica e uma batalha morro acima. Sucesso demanda um forte argumento para a superioridade de qualquer novo metodo ou
abordagem. Ate aqui, o caso para a trigonometria racional nao chegou la.
Refer
encias
[1] N.J. Wildberger, A rational approach totrigonometry, disponvel em http:
//web.maths.unsw.edu.au/~norman/papers/RationalTrig.pdf
[2] N.J. Wildberger, Survivor: the trigonometry challenge, disponvel em http:
//web.maths.unsw.edu.au/~norman/papers/Survivor.pdf
[3] N.J. Wildberger, The wrong trigonometry, disponvel em http://web.maths.
unsw.edu.au/~norman/papers/WrongTrig.pdf
7
Proporc
oes Divinas: da Trigonometria Racional `
a Geometria Universal,
por N. J. Wildberger
Resenhado por Dan Gaffney
Uniken, No. 29 (Nov., 2005), p. 12
8
gonometricas senos, cossenos, tangentes e suas funcoes inversas do conjunto de
ferramentas trigonometricas.
Em vez disso, o Professor Wildberger trouxe `a tona a natureza essencialmente
quadratica da geometria. Ele suplantou as nocoes quase-lineares de angulos e distancias
com novos conceitos chamados abertura e quadrancia para que os problemas trigonometricos possam ser resolvidos com algebra e aritmetica simples. Como consequencia,
os calculos podem ser feito sem tabelas trigonometricas ou calculadoras, muitas vezes com
maior precisao.
As novas ideias provocativas do Professor Wildberger representam uma mudanca
kuhniana de paradigma nas areas de geometria euclidiana e trigonometria. Resta ver se
elas sao feitas da mesma materia das revolucoes cientficas.
Refer
encias Bibliogr
aficas
10
Instituto de Matematica. Programa de Pos-Graduacao em Ensino de Matematica.,
2012.
[13] K. Ribnikov. Historia de las Matematicas. Editora Mir, Moscou, 1987.
[14] E. R Simionato, I. M. e Pacheco. Um olhar historico a` trigonometria como fonte de
motivacao em sala de aula. Secretaria de Estado da Educacao do Parana, 2011.
[15] D.J. Struik. Historia Concisa das Matematicas. Editora Gradiva, Lisboa, 1992.
[16] N.J. Wildberger. Divine Proportions: Rational Trigonometry to Universal Geometry.
Wild Egg Books, Sydney, 2005.
[17] N.J. Wildberger. Greek geometry, rational trigonometry, and the Snellius Pothenot
surveying problem. Chamchuri Journal of Mathematics, 2, December 2010.