Ed Diversos Modelos Estruturais
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Resumo
O objetivo da anlise estrutural determinar os efeitos das aes em uma estrutura, com a finalidade de
efetuar verificaes de estados limites ltimos e de servio (NBR 6118:2003 Projeto de estruturas de
concreto). A anlise estrutural consiste numa das principais etapas do projeto de um edifcio, pois
compreende a escolha dos modelos tericos, que devem representar adequadamente a estrutura real, e do
tipo de anlise, com relao ao comportamento dos materiais. Neste trabalho consideram-se os modelos
estruturais mais utilizados, no clculo de edifcios, compostos por elementos lineares. Realiza-se um
exemplo de um edifcio de oito pavimentos, que visa demonstrar as diferenas nos esforos ou nos
deslocamentos obtidos com modelos estruturais distintos, permitindo ao projetista verificar os tipos de erros
cometidos quando da utilizao de modelos mais simples.
Palavras-Chave: concreto armado; anlise estrutural; modelos estruturais.
Abstract
The aim of structural analysis is to determine the effects of actions in a structure, intending to verify ultimate
limit states and serviceability. (Brazilian Code NBR 6118:2003 Concrete structures design). Structural
analysis is one of the main parts of a building design, since it involves the choice of theoretical models to
represent the real structure and the type of analysis according to material behavior. In this work are
considered the most used structural models in the design of buildings, composed by linear elements. An
example of an eight-store building is presented in order to demonstrate the differences in efforts and
displacements obtained by distinct structural models, what allows designers to verify the kind of errors due to
the use of simpler models.
Keywords: reinforced concrete; structural analysis; structural models.
233
1 Introduo
A anlise de uma estrutura consiste em determinar seus esforos solicitantes e
deslocamentos, por meio de modelos matemticos, aps a idealizao de diversos
fatores, como o comportamento das aes, do material constituinte, das ligaes entre os
diversos elementos em que a estrutura pode ser dividida, e da resposta desses elementos
frente s aes. Segundo a NBR 6118:2003, o objetivo da anlise estrutural determinar
os efeitos das aes em uma estrutura, com a finalidade de efetuar verificaes de
estados limites ltimos e de servio (ELU e ELS).
A decomposio da estrutura em partes, que possam ser associadas a uma teoria de
clculo j consolidada no meio tcnico, d origem aos elementos estruturais. Neste
trabalho sero analisados os elementos lineares, que so caracterizados por ter uma
dimenso bem maior que as demais (igual ou maior que o triplo da maior dimenso da
seo transversal). Com o fim de determinao de esforos, os modelos estruturais
consideram composies de um ou mais tipos de elementos estruturais e devem
contemplar os diferentes esforos que solicitam a estrutura. Entre eles destacam-se os
modelos de vigas contnuas, prticos planos e prticos espaciais.
Sabe-se, hoje em dia que, a anlise de uma estrutura, via modelos que a representem
como um todo, a mais precisa e, portanto, a mais indicada. Deseja-se saber, porm,
que tipos de erros so cometidos quando utilizados modelos mais simples. Assim, quando
se dispe de programas mais simples, que permitam a modelagem apenas de prticos
planos, por exemplo, ou dispe-se apenas do clculo manual, necessrio conhecer as
limitaes do uso de tais modelos. O exemplo, apresentado neste trabalho, visa comparar
os modelos estruturais. Alm disso, conceitos importantes como o de trecho rgido e de
laje como diafragma rgido, na modelagem de prticos, so discutidos. O edifcio foi
modelado com o programa Eberick, da AltoQI.
234
3 Exemplo de edifcio
A estrutura a ser analisada composta de subsolo mais oito pavimentos, sendo um
trreo, seis pavimentos-tipo e a cobertura. Foi adaptada de um projeto realizado pelo
engenheiro Ricardo Frana, professor da EPUSP, para um edifcio de escritrios, em So
Paulo. O pavimento-tipo dado na Figura 2 e igual ao trreo. Na cobertura existem
ainda as lajes L4 e L5 das casas de mquinas, localizadas sobre os poos de elevadores,
com espessura de 20cm. Os pilares P5, P6, P9 e P10 recebem, no nvel da cobertura,
uma fora concentrada vertical de 10kN, proveniente do reservatrio de gua. As escadas
foram consideradas integralmente apoiadas na V2 e em uma viga localizada meia altura
entre os pavimentos, a VE, que se apia nos pilares P9 e P10. As alturas dos pavimentos
podem ser vistas na Figura 3.
As vigas tm seo transversal de 30cm x 55cm, os pilares nos quatro cantos extremos
tm seo 30cm x 40cm, e os demais tm seo 30cm x 60cm. A alvenaria tem 25cm de
largura e um peso especfico de 16kN/m. No caso dos pavimentos trreo e tipo, as
paredes situam-se sobre todas as vigas, com exceo da V2, com altura de 225cm. Sobre
as vigas VE e o trecho da V5 entre os pilares P9 e P10, a alvenaria tem uma altura
menor, de 85cm. Na cobertura h uma parede de 110cm de altura no contorno do
pavimento, e alvenaria de 225cm de altura fechando as casas de mquinas e a caixa da
escada. No subsolo as paredes encontram-se no contorno do pavimento e fechando
tambm os poos de elevadores e a caixa da escada.
235
.
COB
6 TIPO
280
5 TIPO
280
4 TIPO
280
3 TIPO
280
2 TIPO
280
1 TIPO
280
TRREO
350
SS
300
50
236
Figura 4 Modelo Vigas Contnuas para vigas do pavimento-tipo e combinao ltima 1,4g + 1,4q
(unidades: kN e m)
b) Prticos Planos
Os prticos planos analisados esto definidos nas Figura 5 e 6. So eles:
PP1: P1 + P2 + P3 + P4 + V1
PP3: P7 + P8 + P9 + P10 + P11 + P12 + V5 + VE
PP4: P7 + P1 + V6
PP5: P8 + P2 + V7
Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
237
Neste modelo as vigas funcionam como apoios indeslocveis para as lajes. As vigas que
no formam prticos planos, como a V3 e a V4, podem ser analisadas separadamente
pelo modelo Vigas Contnuas. Os pilares pertencentes a mais de um prtico plano,
simultaneamente, devem ter seus esforos calculados a partir da somatria dos obtidos
para cada prtico, separadamente.
PP1
P1
P3
P4
P11
P12
P2
PP6
PP7
V3
P9
P10
PP9
PP5
PP4
P6
PP8
PP2
P5
V4
PP3
P7
P8
PP1
PP4
V1
V6
P3
P2
P1
P4
P7
P1
PP5
PP3
V3
VE
V5
P7
V7
P8 P9 P10 P11
P12
P8
P2
c) Prtico Espacial
A modelagem do prtico espacial foi realizada somente com o esqueleto composto por
vigas e pilares (ver Figura 7). Desta maneira tem-se uma melhor comparao entre os
modelos, pois se a laje fosse modelada como grelha haveria uma distribuio diferente
das reaes das lajes nas vigas. Os elementos lineares, vigas e pilares, apresentam
ligaes rgidas entre si, com trechos flexveis definidos pelas distncias entre os eixos
dos apoios. Na anlise das aes laterais ser modelado um prtico espacial com a
considerao de trechos rgidos nos encontros de vigas e pilares.
238
3.1.2 Resultados
a) Foras normais junto fundao
Os primeiros resultados analisados foram os das foras normais junto fundao, com
valores de clculo. A combinao utilizada foi 1,4g + 1,4q e as diferenas percentuais, na
Tabela 2, referem-se ao modelo Prtico Espacial.
Tabela 2 Foras normais junto fundao (kN)
Modelos
P1
P2
P7
Vigas contnuas
1742,9
2981,0
1708,4
Diferena (%)
-8,4
4,0
-10,7
Prticos planos
2007,6
3052,5
2016,2
Diferena (%)
5,5
6,5
5,4
Prtico espacial
1903,5
2866,4
1912,8
P8
3380,8
51,8
2536,7
13,9
2226,9
Nota-se que o modelo Prticos Planos aproximou-se mais dos resultados obtidos com o
Prtico Espacial do que o modelo Vigas Contnuas, exceto no P2, e com valores sempre a
favor da segurana. O modelo Vigas Contnuas considera que o P8 suporta 52% mais
fora normal que no modelo Prtico Espacial, tornando-o um pilar bem mais carregado
em relao aos outros.
b) Momentos fletores das vigas do pavimento trreo
Foi escolhido o pavimento trreo cuja diferena em relao ao pavimento-tipo reside
apenas na altura dos pilares para analisar os momentos fletores nas vigas, pois foi
onde, em muitas vigas, ocorreram os maiores valores quando da utilizao do modelo
Prtico Espacial. Na Figura 8 tm-se os diagramas de momento fletor da V1 para os
diferentes modelos. Da tabela 3 tabela 6, apresentam-se os resultados da mesma V1 e
das V5, V6 e V7, respectivamente, cujos valores referem-se aos mximos momentos, em
mdulo, observados nos apoios e nos vos.
239
152,07
87,62
V. Contnuas
P2
P1
152,07
87,62
P3
51,53
P4
155,96
155,96
112,57
P. Planos
157,17
P1
110,63
P2
158,10
111,69
P. Espacial
110,72
P2
P1
P4
91,15
158,10
110,72
43,69
91,15
112,57
P3
43,80
91,15
157,17
110,63
111,69
P3
P4
91,15
Mais uma vez a combinao analisada foi 1,4g + 1,4q, e as diferenas percentuais
referem-se ao modelo Prtico Espacial.
Tabela 3 Momentos fletores da V1 (kN.m)
Modelos
P1
Vo
P2
Vo
P3
Vo
P4
Vigas contnuas
Diferena (%)
Prticos planos
Diferena (%)
Prtico espacial
87,62
-21,6
112,57
0,8
111,69
155,96
71,1
91,15
0
91,15
152,07
-3,8
157,17
-0,6
158,10
51,53
17,9
43,80
0,3
43,69
152,07
-3,8
157,17
-0,6
158,05
155,96
71,1
91,15
0
91,15
87,62
-21,6
112,57
0,7
111,75
P7
Vo
P8
Vo
P9
Vo
P10
Vo
P11
Vo
2,48
14,35* 29,58 14,35*
2,48
182,43 143,59
Vigas contnuas 87,62 143,59 182,43
Diferena (%)
-22,5
52,8
21,0
222,3
754,9
222,3
21,0
52,8
10,04
5,24
10,04
151,18 93,53
Prticos planos 113,60 93,53 151,18
Diferena (%)
0,5
-0,5
0,3
-14,4
51,4
-14,4
0,3
-0,5
11,73
3,46
11,73
150,75 94,00
Prtico espacial 113,04 94,00 150,80
* Momentos positivos, ao contrrio do que ocorre nestes apoios, com os demais modelos
P12
87,62
-22,5
113,6
0,5
113,09
Modelos
P7
Vo
P1
Vigas contnuas
Diferena (%)
Prticos planos
Diferena (%)
Prtico espacial
70,93
-10,9
80,10
0,6
79,61
133,01
130,6
57,70
0
57,69
70,93
-12,0
80,10
-0,6
80,60
240
Modelos
P8
Vo
P2
Vigas contnuas
Diferena (%)
Prticos planos
Diferena (%)
Prtico espacial
98,55
-15,0
110,14
-5,0
115,92
156,09
148,4
63,10
0,4
62,85
94,31
-8,6
109,68
6,2
103,24
Verifica-se que nos apoios os momentos so sempre negativos, com exceo dos apoios
P9 e P10 da V5, para o modelo Vigas Contnuas, nos quais as fibras inferiores que se
encontram tracionadas. Nos vos os momentos so sempre positivos, com exceo entre
os pilares P8 e P9 e entre o P10 e o P11, da V5, para os modelos Prticos Planos e
Prtico Espacial, nos quais as fibras superiores que se encontram tracionadas.
Comparando-se os modelos quanto determinao de momentos fletores nas vigas,
observa-se uma boa aproximao entre os modelos Prticos Planos e Prtico Espacial.
Nas vigas V1 e V6, a diferena dos momentos fletores no ultrapassa 1% entre os dois
modelos. J no modelo Vigas Contnuas, nota-se uma tendncia de subestimar levemente
os momentos negativos nos apoios, e de superestimar acentuadamente os momentos
positivos dos vos, em relao ao modelo Prtico Espacial. A V5 apresenta
peculiaridades, como um momento fletor positivo no seu vo central 755% maior para o
modelo Vigas Contnuas.
S1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
S2
0
0
0,73
0,79
0,82
0,85
0,87
0,89
0,91
S3 V0 (m/s) Vk (m/s)
1
40
0
1
40
0
1
40
29,22
1
40
31,45
1
40
32,93
1
40
34,05
1
40
34,96
1
40
35,73
1
40
36,40
Vento X
Vento Y
q (kN/m) Ae (m) Ca Vx (kN) Ae (m) Ca Vy (kN)
0
0
0,79
0
0
1,33
0
0
10,5 0,79
0
37,3
1,33
0
0,52
18,9 0,79 7,82
67,1
1,33 46,71
0,61
16,8 0,79 8,05
59,6
1,33 48,09
0,66
16,8 0,79 8,82
59,6
1,33 52,73
0,71
16,8 0,79 9,43
59,6
1,33 56,38
0,75
16,8 0,79 9,95
59,6
1,33 59,44
0,78
16,8 0,79 10,39
59,6
1,33 62,09
0,81
8,4
0,79 5,39
29,8
1,33 32,22
241
1
100 H
a = 1
Equao (1)
1 + 1/ n
2
Equao (2)
Desaprumo Y
Pk (kN)
Dx (kN)
Dy (kN)
831,6
1945,0
1968,9
1935,4
1935,4
1935,4
1935,4
1935,4
1769,4
0,00198
0,00198
0,00198
0,00198
0,00198
0,00198
0,00198
0,00198
0,00198
1,64
3,84
3,89
3,83
3,83
3,83
3,83
3,83
3,50
0,00217
0,00217
0,00217
0,00217
0,00217
0,00217
0,00217
0,00217
0,00217
1,80
4,21
4,26
4,19
4,19
4,19
4,19
4,19
3,83
De acordo com a NBR 6118:2003, pode ser considerado, entre o vento e o desaprumo,
somente aquele que provoca o maior momento total na base da construo. Portanto,
ser considerado o vento, que forneceu maiores valores de aes laterais.
3.2.1 Modelos de clculo
Entre os modelos adotados para a anlise da estrutura, frente s aes laterais, tem-se o
de Prticos Planos Associados, o Prtico Espacial, o Prtico Espacial com Lajes e o
Prtico Espacial com Lajes e Trechos Rgidos.
a) Prticos Planos Associados
O modelo Prticos Planos Associados considera os prticos planos, de cada direo,
conectados por barras que podem ser consideradas com um metro de comprimento, um
metro de largura e 13cm de altura (espessura das lajes L1 e L3). As aes do vento so
aplicadas integralmente no primeiro pilar da associao de prticos, nos correspondentes
pavimentos. Na direo x tem-se a associao de PP1, PP2 e PP3 e, na direo y, temse a associao dos prticos de PP4 a PP9 (ver Figura 5 para a identificao dos
prticos). A Figura 9 mostra a barra admitida na ligao do PP4 ao PP5, no topo do
edifcio, modelada no Eberick.
Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
242
b) Prtico Espacial
O modelo o mesmo descrito para as aes verticais, composto apenas por pilares e
vigas. As aes laterais so aplicadas como foras concentradas nos pilares, no nvel de
cada pavimento, de forma ponderada em relao rigidez de cada pilar, conforme a Eq.3.
Ii o momento de inrcia do pilar genrico i, na direo da ao do vento Vj do pavimento
genrico j, e n o nmero de pilares no pavimento considerado.
Fi = V j .
Ii
n
Equao (3)
i
243
.
Figura 10 Renderizao do modelo Prtico Espacial com Lajes
3.2.2 Resultados
a) Deslocamentos horizontais no topo da estrutura
O deslocamento horizontal da estrutura constitui-se um importante resultado a ser
determinado pela anlise estrutural, tanto para a verificao de ELS como para a
verificao da estabilidade global do edifcio.
A Tabela 9 contm os valores mximos e mnimos dos deslocamentos na cobertura, para
os diferentes modelos, pois os pontos dos pavimentos no se deslocam de maneira
uniforme. As combinaes de aes utilizadas nas direes x e y, respectivamente, foram
Vx e Vy, e, portanto, fornecem valores caractersticos de deslocamentos. A nolinearidade fsica foi considerada de forma simplificada, com a reduo da rigidez bruta
em 0,3 EciIc para lajes, 0,4 EciIc para vigas e 0,8 EciIc para pilares. A diferena percentual
refere-se aos valores mximos, quando comparados com o modelo Prtico Espacial com
Lajes e Trechos Rgidos.
Tabela 9 Deslocamentos horizontais no topo da estrutura (cm)
Direo X
Direo Y
Modelos
Mx.
Mn. Diferena (%) Mx.
Mn. Diferena (%)
Prticos planos associados
0,45
0,44
15,4
2,51
2,48
24,9
Prtico espacial
0,40
0,33
2,6
2,82
1,91
40,3
Prtico espacial com lajes
0,39
0,32
0
2,45
2,45
21,9
Prtico espacial com lajes e
0,39
0,33
2,01
2,01
trechos rgidos
Apesar do edifcio analisado ter seus pilares posicionados sempre com a maior inrcia na
direo y, tm-se deslocamentos bem maiores nesta direo, uma vez que a rea lateral
do prdio, que recebe o vento, bem superior da direo x.
Os resultados foram bem coerentes para os diversos modelos, com exceo do Prtico
Espacial, que modelado apenas com o esqueleto de vigas e pilares, apresentou
deslocamentos bem variados em um mesmo pavimento, na direo y (ver Figura 12).
Este modelo deve ser utilizado apenas se houver a possibilidade, no programa utilizado,
de compatibilizar os deslocamentos dos ns dos pavimentos, com a implementao de
um n mestre, por exemplo. Os dois outros modelos de prtico espacial, em que foram
inclusas as lajes, apresentaram deslocamentos mais uniformes ao longo dos pavimentos,
confirmando o funcionamento das lajes como diafragmas rgidos.
Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
244
Figura 12 Modelo Prtico Espacial: vista superior dos deslocamentos devidos ao vento da direo y
(deslocamentos aumentados em 100 vezes e legenda em cm)
Figura 13 - Modelo Prtico Espacial com Lajes e Trechos Rgidos: vista superior dos deslocamentos
devidos ao vento da direo x (deslocamentos aumentados em 400 vezes e legenda em cm)
Figura 14 - Modelo Prtico Espacial com Lajes e Trechos Rgidos: vista superior dos deslocamentos
devidos ao vento da direo y (deslocamentos aumentados em 100 vezes e legenda em cm)
Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
245
A altura total do edifcio de 2380cm, o que torna o deslocamento limite igual a 1,40cm
(H/1700), de acordo com a tabela 13.2 da NBR 6118:2003. Os valores a serem
comparados com o deslocamento limite so os da combinao freqente (1 = 0,30),
considerando que apenas as foras do vento esto atuando. Por se tratar de uma anlise
linear, pode-se multiplicar diretamente os valores de deslocamentos da Tabela 9 por 0,30,
que mostram ento ser menores que o valor limite para deslocamentos.
A Tabela 10 mostra os valores de Z para os diferentes modelos, que no foram muito
diferentes entre si ao se considerar no clculo o valor mdio dos deslocamentos
horizontais nos pavimentos. O edifcio pode ser considerado uma estrutura de ns fixos.
Tabela 10 Valores de Z
Modelos
Direo X
Direo Y
1,06
1,05
1,04
1,05
1,05
1,05
1,04
1,04
Prtico espacial
88,3
133,1
-88,0
-167,5
Diferena (%)
-0,3
0,6
0,3
0,8
102,6
127,6
-102,4
-159,6
Diferena (%)
Prtico espacial c/ lajes e
trechos rgidos
15,8
-3,6
-16,0
5,5
88,6
132,3
-88,3
-168,8
246
Figura 15, com um momento positivo junto ao apoio esquerdo, um momento negativo
junto ao apoio direito, e uma variao linear entre ambos os momentos.
P7 (V6)
ou
P8 (V7)
P1 (V6)
ou
P2 (V7)
P7
P1
54,12
53,76
20,9
20,1
Prtico espacial
51,17
51,17
Diferena (%)
Prtico espacial com
lajes
Diferena (%)
Prtico espacial com
lajes e trechos rgidos
14,3
14,3
52,47
52,47
17,2
17,2
44,76
44,76
Prticos planos
associados
Diferena (%)
P8
P2
69,20
68,88
4,4
4,0
Prtico espacial
68,85
68,71
Diferena (%)
Prtico espacial com
lajes
Diferena (%)
Prtico espacial com
lajes e trechos rgidos
3,9
3,7
68,22
68,09
3,0
2,8
66,26
66,12
Prticos planos
associados
Diferena (%)
Quase todos os modelos apresentaram resultados bem prximos. Na V7, por exemplo, os
valores no diferem em mais que 5%. A exceo foi o modelo Prtico Espacial com Lajes
e Trechos Rgidos, que, na V6, fez com que os demais modelos apresentassem valores
maiores, entre 14 e 21%. No entanto, pode-se notar uma boa padronizao dos
resultados dos diferentes modelos, para momentos fletores em vigas causados por aes
de vento.
247
248
.
Figura 16 Momentos fletores nas vigas do pavimento trreo (kN.m)
Tabela 15 Momentos fletores nas vigas V6 e V7
V6
V7
Combinao
P1
Vo
P4
P8
Vo
1,4g + 1,4q + 0,84Vy
42,34
56,79
103,85
53,21
60,55
1,4g + 1,4q
79,93
55,03
66,26
108,87
57,05
Diferena (%)
-47,0
3,2
56,7
-51,1
6,1
P2
132,30
76,76
72,4
4 Concluses
Na anlise das aes verticais, o modelo Vigas Contnuas apresentou resultados mais
dspares, em relao ao Prtico Espacial, do que o de Prticos Planos, tanto para as
foras normais junto fundao como para os momentos fletores analisados, do
pavimento trreo.
Recomenda-se, portanto, a utilizao do modelo Vigas Contnuas somente para edifcios
de menor porte, nos quais os tramos das vigas apresentam uma certa padronizao em
termos de comprimento do vo e no carregamento. Este modelo tende a ser cada vez
menos aplicado nas anlises estruturais, pois no permite o clculo dos esforos
decorrentes de aes laterais, e a NBR 6118:2003 tornou obrigatria a considerao das
aes do vento, em todas as edificaes. Para o edifcio apresentado, o modelo Prticos
Planos mostrou-se satisfatrio quanto anlise de foras normais e de momentos
fletores, esforos de suma importncia em um projeto de concreto armado. Sua utilizao
na anlise de aes verticais s se torna inadequada se houver grandes assimetrias na
estrutura do edifcio, o que gera esforos significativos decorrentes da toro do edifcio,
somente captados pelo Prtico Espacial. Obviamente, sempre que possvel, deve ser
dada preferncia utilizao do Prtico Espacial.
Na anlise das aes horizontais, destaca-se a necessidade de modelar as lajes no
prtico espacial, ou represent-las por meio das barras rgidas, como no modelo Prticos
Planos Associados, para que se possa medir de forma mais coerente os deslocamentos
horizontais da estrutura. A introduo de trechos rgidos conduz a resultados mais
realistas, pois a interseo de vigas e pilares no se comporta como um trecho de barra
flexvel e, na verificao da estabilidade global, por meio do coeficiente z, houve pouca
variao entre os modelos, para o exemplo considerado.
Em geral, para esforos normais em pilares e momentos fletores em vigas, os quatro
modelos estruturais considerados na anlise das aes horizontais apresentaram
resultados satisfatrios.
necessria, para a determinao dos esforos ltimos, a considerao conjunta das
aes horizontais e verticais, conforme o item 3.3.
5 Bibliografia
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6118:2003. Projeto de
estruturas de concreto Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.
CORRA, M.R.S. Aperfeioamento de modelos usualmente empregados no projeto
de sistemas estruturais de edifcios. Tese (Doutorado). So Carlos, Escola de
Engenharia de So Carlos - Universidade de So Paulo, 1991.
FONTES, Fernando F. Anlise estrutural de elementos lineares segundo a NBR
6118:2003. Dissertao (Mestrado). So Carlos, Escola de Engenharia de So Carlos Universidade de So Paulo, 2005.
Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
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