Avaliar para Promover
Avaliar para Promover
Avaliar para Promover
Hoffmann
Para Hoffmann, o trajeto a ser percorrido, quando praticamos a avaliao,
impulsionado pelo inusitado, pelo sonho, pelo desejo de superao, pela
vontade de chegar ao objetivo/destino que vai sendo traado, assim como
quando realizamos o caminho a Santiago de Compostela, na Espanha. Da
mesma forma, avaliar necessita da conversa uns com os outros, para compartilhar dos sentimentos de conquista, da compreenso das setas.
A ousadia do ato de avaliar, neste caminho, tem o sentido de avanar sempre:
promover e a autora nos apresenta as setas do caminho.
Buscando Caminhos
A avaliao, compreendida como a avaliao da aprendizagem escolar, deve
servir promoo, isto , acesso a um nvel superior de aprendizagem por
meio de uma educao digna e de direito de todos os seres humanos.
Hoffmann contrria ideia de que primeiro preciso mudar a escola e a
sociedade para depois mudar a avaliao. Pelo contrrio, a avaliao, por ser
uma atividade de reflexo sobre os prprios atos, interagidos com o meio fsico
e social, influi e sofre a influncia desse prprio ato de pensar e agir. Assim, a
avaliao reflexiva que pode transformar a realidade avaliada.
Para transformar a escola, lugar em que ocorre a gesto educacional de um
trabalho coletivo, necessrio que ocorra uma reflexo conjunta de
professores, alunos e comunidade, pois a partir disso desencadeiam-se
processos de mudana muito mais amplos do que a simples modificao das
prticas de ensino.
Esse processo, assim como no caminho a Santiago de Compostela, gera
inquietao e incertezas para os professores, as quais devem ser respeitadas,
por meio de oportunidades de expresso desses sentimentos, de compreenso
de outras perspectivas e de reflexo sobre as prprias crenas. no confronto
de ideias que a avaliao vai se construindo para cada um dos professores
medida que discutem, em conjunto, valores, princpios e metodologias.
Rumos da Avaliao neste sculo
O problema da avaliao da aprendizagem tem sido discutido intensamente
neste ltimo sculo. Nas ltimas dcadas, adquiriu um enfoque poltico e
social, que intensificou a pesquisa sobre o assunto.
A tendncia, dentre os principais estudiosos do assunto, a de procurar
superar a concepo positivista e classificatria das prticas
avaliativas escolares (baseada em verdades absolutas, critrios objetivos,
medidas padronizadas e estatsticas) em favor de uma ao consciente e
reflexiva sobre o valor do objeto avaliado, as situaes avaliadas e do exerccio
do dilogo entre os envolvidos.
Dessa maneira, assume-se conscientemente o papel do avaliador no processo,
dentro de um dado contexto, que confere ao educador uma grande
responsabilidade por seu compromisso com o objeto avaliado e com sua
prpria aprendizagem - a de como ocorre o processo avaliativo.
Essa reflexo envolve os prprios princpios da democracia, cidadania e direito
educao, que se contrapem s concepes avaliativas classificatrias,
que se fundamentam na competio, no individualismo, no poder, na
DE
PARA
Inteno de acompanhamento
permanente de mediao e interveno
pedaggica favorvel a aprendizagem.
Organizao homogeneizada,
classificao e competio.
As reformas educacionais
Oriundas de posturas polticas que no devem se sobrepujar aos atos
educativos, as novas medidas em avaliao educacional afetam os sentimentos dos atores envolvidos, por se tratar de uma atividade prtica, tica em
seu sentido mais original, porque est embasada em juzo de valor.
No concordamos que deva haver regra nica em avaliao, ainda que
elencada no bojo de diretrizes unificadoras das reformas educacionais, porque
cada situao envolve a singularidade dos participantes do processo educativo.
No encontramos mecanismos nicos, classificatrios que dem conta da
complexidade do ato avaliativo. preciso considerar, como alerta Morin, a
complexidade inerente a tal finalidade.
A participao das famlias
Os pais devem participar da escolaridade de seus filhos, considerando,
entretanto, a natureza do envolvimento; a realidade social destes pais; a
constituio de suas famlias; a luta pela sobrevivncia, etc., nos faz ponderar
que as dificuldades de aprendizagem dos alunos no podem ser atribudas s
famlias, muito menos o trabalho de superao destas dificuldades no pode
recair sob a responsabilidade destes, mas dos profissionais que atuam nas
escolas, bem como so de sua responsabilidade a aquisio de atitudes e habilidades que favoream o enriquecimento das relaes interpessoais no
ambiente escolar.
compromisso dos pais acompanhar o processo vivido pelos filhos, dialogar
com a escola, assumir o que lhes de responsabilidade. (34)
Promover o dilogo entre os pais e os professores funo da escola, que no
significa atribuir a eles a tarefa da escola.
A educao inclusiva
Num processo de avaliao mediadora, a promoo se baseia na evoluo
alcanada pelo aluno, na sua singularidade e de acordo com suas
possibilidades, desde que se tenha garantido as melhores oportunidades
possveis aprendizagem e ao desenvolvimento de todos e de cada um.
Nesse contexto, a responsabilidade pelo fracasso no pode ser atribuda ao
aluno, s suas dificuldades ou sua incapacidade. A responsabilidade pelo
desenvolvimento da aprendizagem contnua do aluno recai sobre os educadores e sobre a comunidade.
Dessa compreenso decorre o princpio da educao inclusiva: oferecer ao
aluno oportunidade mxima de aprendizagem e de insero social, em
condies de igualdade educativa, isto , oferece ao aluno condies
adequadas de aprendizagem de acordo com suas caractersticas, suas
possibilidades. Isso significa encontrar meios para favorecer aprendizagem de
todos os alunos.
Assim, so professores e escolas que precisam adequar-se aos alunos e no os
alunos que devem adequar-se s escolas e aos professores.
A, dimenso da excluso de muitos alunos da escola pode ser medida:
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A dinmica da avaliao complexa, uma vez que o processo de aprendizagem, entendido como construo do conhecimento, ao mesmo tempo
individual e coletivo, pois resulta da ao do aprendiz sobre o objeto de
conhecimento e da interao social, que o leva a uma interpretao que
necessita, e pode ser reformulada, ampliada progressivamente, tornando-o
capaz de pensar sobre seus prprios pensamentos elaborando seus conceitos
e reelaborando outros.
Pela mobilizao chegamos expresso do conhecimento, realizamos a
experincia educativa, o que nos possibilita mobilizar novas competncias
adquiridas no processo.
Mediando a mobilizao
A expresso/construo da "aprendizagem significativa" pode se realizar de
mltiplas formas e em diferentes nveis de compreenso.
A avaliao mediadora destina-se a mobilizar, favorecer a experincia
educativa e a expresso do conhecimento e a abertura a novas possibilidades
por parte do aprendiz.
No h sentido em avaliar tarefas coletivas atribuindo valores individuais ou
somar pontos por participao e outras atividades, uma vez que essas
atividades so oportunidades de interao em meio ao processo e no pontos
de chegada.
Para Charlot, o conceito de mobilizao implica a ideia do movimento.
Qual o papel do educador/ avaliador?
o papel de mediador, exigindo-lhe manter-se flexvel, atento, crtico sobre
seu planejamento. preciso que ele seja propositivo, sem delimitar, consiga
questionar e provocar, sem antecipar respostas prontas; articular novas
perguntas a um processo contnuo de construo do conhecimento.
O papel do educador ao desencadear processos de aprendizagem o de
mediador da mobilizao para o aprender.
A investigao de concepes prvias
A anlise das concepes prvias dos alunos no pode ser confundida com as
condies prvias do aluno. O que o aluno j sabe baseado em elaboraes
intuitivas sobre dados da realidade, que necessita ser aperfeioado. As
condies prvias referem-se a histria escolar e de vida de cada aluno, que
devem ser conhecidas em favor do alunos e no para fortalecer pr-conceitos
sobre ele.
A finalidade da avaliao no que se refere mobilizao de adequar as
propostas e as situaes s necessidades e possibilidades dos alunos, para
poder fornecer-lhes a aprendizagem significativa.
Conhecer as concepes prvias do aluno favorece o planejamento em termos
de pontos de partida, e os possveis rumos a seguir, mas estes necessitam ser
redimensionados continuamente ao longo do processo. Conhecer as condies
prvias permite planejar tempos de descobertas, de dilogos, de encontros, de
interao de trocas, de expresso, ao longo do perodo letivo.
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