Sociologia Contemporanea
Sociologia Contemporanea
Sociologia Contemporanea
UNIDADE 1
A Sociologia uma das cincias humanas que estuda a sociedade, ou seja, estuda o
comportamento humano em funo do meio e os processos que interligam os indivduos em
associaes, grupos e instituies. Enquanto o indivduo na sua singularidade estudado pela
psicologia, a Sociologia tem uma base terico-metodolgica, que serve para estudar os fenmenos
sociais, tentando explic-los, analisando os homens em suas relaes de interdependncia.
Compreender as diferentes sociedades e culturas um dos objetivos da sociologia.
Os resultados da pesquisa sociolgica no so de interesse apenas de socilogos. Cobrindo
todas as reas do convvio humano desde as relaes na famlia at a organizao das grandes
empresas, o papel da poltica na sociedade ou o comportamento religioso , a Sociologia pode vir
a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras reas do saber. Entretanto, o
maior interessado na produo e sistematizao do conhecimento sociolgico atualmente o
Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina cientfica.
Assim como toda cincia, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de
pesquisa. Ainda que esta tarefa no seja objetivamente alcanvel, tarefa da Sociologia
transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por
essa razo, o conhecimento sociolgico, atravs dos seus conceitos, teorias e mtodos, pode
constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreenso das situaes com que se
defrontam na vida cotidiana, das suas mltiplas relaes sociais e, conseqentemente, de si mesmas
como seres inevitavelmente sociais.
A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observaes do que repetitivo nas relaes
sociais para da formular generalizaes tericas; e tambm se interessa por eventos nicos sujeitos
inferncia sociolgica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gnese do Estado
Moderno), procurando explic-los no seu significado e importncia singulares.
A Sociologia surgiu como uma disciplina no sculo XVIII, na forma de resposta acadmica
para um desafio de modernidade: se o mundo est ficando mais integrado, a experincia de pessoas
do mundo crescentemente atomizada e dispersada. Socilogos no s esperavam entender o que
unia os grupos sociais, mas tambm desenvolver um "antdoto" para a desintegrao social.
Hoje os socilogos pesquisam macroestruturas inerentes organizao da sociedade, como
raa ou etnicidade, classe e gnero, alm de instituies como a famlia; processos sociais que
representam divergncia, ou desarranjos, nestas estruturas, inclusive crime e divrcio. E pesquisam
os microprocessos como relaes interpessoais.
Socilogos fazem uso freqente de tcnicas quantitativas de pesquisa social (como a
estatstica) para descrever padres generalizados nas relaes sociais. Isto ajuda a desenvolver
modelos que possam entender mudanas sociais e como os indivduos respondero a essas
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Isidore Auguste Marie Franois Xavier Comte (Montpellier, 19 de janeiro de 1798 Paris, 5
de setembro de 1857) foi um filsofo francs, fundador da Sociologia e do Positivismo.
Nascido em Montpellier, no Sul da Frana, Augusto Comte desde cedo revelou uma grande
capacidade intelectual e uma prodigiosa memria. Seu interesse pelas cincias naturais era
conjugado pelas questes histricas e sociais e, com 16 anos, em 1814, ingressou na Escola
Politcnica de Paris. No perodo de 1817-1824 foi secretrio do conde Henri de Saint-Simon (17601825), expoente do socialismo utpico; todavia, como Saint-Simon apropriava-se dos escritos de
seus discpulos para si e como dava nfase apenas economia na interpretao dos problemas
sociais, Comte rompeu com ele, passando a desenvolver autonomamente suas reflexes. So dessa
poca algumas frmulas fundamentais: "Tudo relativo, eis o nico princpio absoluto" (1819) e
"Todas as concepes humanas passam por trs estdios sucessivos - teolgico, metafsico e
positivo -, com uma velocidade proporcional velocidade dos fenmenos correspondentes" (1822)
(a famosa "lei dos trs estados").
Comte trabalhava intensamente na criao de uma filosofia positiva quando, em virtude de
problemas conjugais, sofreu um colapso nervoso, em 1826. Recuperado, mergulhou na redao do
Curso de filosofia positiva (posteriormente, em 1848, renomeado para Sistema de filosofia positiva),
que lhe tomou doze anos. Em 1842, por criticar a corporao universitria francesa, perdeu o
emprego de examinador de admisso Escola Politcnica e comeou a ser ajudado por
admiradores, como o pensador ingls John Stuart Mill (1806-1873). No mesmo ano, Comte
separou-se de Caroline Massin, aps 17 anos de casamento. Em 1845, apaixonou-se por Clotilde de
Vaux, que morreria no ano seguinte. Entre 1851 e 1854 Comte redigiu o Sistema de poltica
positiva, em que extraiu algumas das principais conseqncias de sua concepo de mundo noteolgica e no-metafisica, propondo uma interpretao pura e plenamente humana para a sociedade
e sugerindo solues para os problemas sociais; no volume final dessa obra, apresentou as
instituies principais de sua Religio da Humanidade. Em 1856, publicou o livro Sntese subjetiva,
primeiro e nico volume de uma srie de quatro dedicados a tratar de questes especficas das
sociedades humanas: lgica, indstria, pedagogia, psicologia, mas faleceu, possivelmente de cncer,
em 5 de setembro de 1857, em Paris. Sua ltima casa, na rua Monsieur-le-Prince, 10, foi
posteriormente adquirido por positivistas e transformado no Museu Casa de Augusto Comte.
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Todavia, importante notar que uma grande confuso terminolgica ocorre com a obra de
Comte e seu "Positivismo": ele no tem nenhuma ou pouca relao com o chamado Positivismo
Jurdico, ou Juspositivismo, de Hans Kelsen; com a "Psicologia positivista", ou "behaviorismo" (ou
"comportamentalismo"), de Watson e Skinner; com o Neopositivismo, do Crculo de Viena, de Otto
Neurath, Carnap e seus diversos associados, nem com tantos outros "positivismos" de outras reas
do conhecimento.
A FILOSOFIA POSITIVA
A filosofia positiva de Comte nega que a explicao dos fenmenos naturais, assim como
sociais que provenha de um s princpio. A viso positiva dos fatos abandona a considerao das
causas dos fenmenos (Deus ou natureza) e pesquisa suas leis, vistas como relaes abstratas e
constantes entre fenmenos observveis.
Adotando os critrios histrico e sistemtico, outras cincias abstratas antes da Sociologia,
segundo Comte, atingiram a positividade: a Matemtica, a Astronomia, a Fsica, a Qumica e a
Biologia. Assim como nessas cincias, em sua nova cincia inicialmente chamada de fsica social e
posteriormente Sociologia, Comte usaria a observao, a experimentao, da comparao e a
classificao como mtodos - resumidas na filiao histrica - para a compreenso (isto , para
conhecimento) da realidade social. Comte afirmou que os fenmenos sociais podem e devem ser
percebidos como os outros fenmenos da natureza, ou seja, como obedecendo a leis gerais;
entrentanto, sempre insistiu e argumentou que isso no equivale a reduzir os fenmenos sociais a
outros fenmenos naturais (isso seria cometer o erro terico e espistemolgico do materialismo): a
fundao da Sociologia implica que os fenmenos sociais so um tipo especfico de realidade
terica e que devem ser explicados em termos sociais.
Em 1852, Comte, instituiu uma stima cincia, a Moral, cujo mbito de pesquisa a
constituio psicolgica do indivduo e suas interaes sociais.
Pode-se dizer que o conhecimento positivo busca "ver para prever, a fim de prover" - ou seja:
conhecer a realidade para saber o que acontecer a partir de nossas aes, para que o ser humano
possa melhorar sua realidade. Dessa forma, a previso cientfica caracteriza o pensamento positivo.
O esprito positivo, segundo Comte, tem a cincia como investigao do real. No social e no
poltico, o esprito positivo passaria o poder espiritual para o controle dos "filsofos positivos", cujo
poder , nos termos comtianos, exclusivamente baseado nas opinies e no aconselhamento,
constituindo a sociedade civil e afastando-se a ao poltica prtica desse poder espiritual - o que
afasta o risco de tecnocracia (chamada, nos termos comtianos, de "pedantocracia").
O mtodo positivo, em termos gerais, caracteriza-se pela observao. Entretanto, deve-se
perceber que cada cincia, ou melhor, cada tipo de fenmeno tem suas particularidades, de modo
que o mtodo especfico de observao para cada fenmeno ser diferente. Alm disso, a
observao conjuga-se com a imaginao: ambas fazem parte da compreenso da realidade e so
igualmente importantes, mas a relao entre ambas muda quando se passa da teologia para a
positividade. Assim, para Comte, no possvel fazer cincia (ou arte, ou aes prticas, ou at
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mesmo amar!) sem a imaginao, isto , sem uma ativa participao da subjetividade individual e
por assim dizer coletiva: o importante que essa subjetividade seja a todo instante confrontada com
a realidade, isto , com a objetividade.
Dessa forma, para Comte h um mtodo geral para a cincia (observao subordinando a
imaginao), mas no um mtodo nico para todas as cincias; alm disso, a compreenso da
realidade lida sempre com uma relao contnua entre o abstrato e o concreto, entre o objetivo e o
subjetivo. As concluses epistemolgicas a que Comte chega, segundo ele, s so possveis com o
estudo da Humanidade como um todo, o que implica a fundao da Sociologia, que, para ele,
necessariamente histrica.
Alm da realidade, outros princpios caracterizam o Positivismo: o relativismo, o esprito de
conjunto (hoje em dia tambm chamado de "holismo") e a preocupao com o bem pblico
(coletivo e individual). Na verdade, na obra "Apelo aos conservadores", Comte apresenta sete
definies para o termo "positivo": real, til, certo, preciso, relativo, orgnico e simptico.
importante notar que cada um desses estgios representa fases necessrias da evoluo
humana, em que a forma de compreender a realidade conjuga-se com a estrutura social de cada
sociedade e contribuindo para o desenvolvimento do ser humano e de cada sociedade.
Dessa forma, cada uma dessas fases tem suas abstraes, suas observaes e sua imaginao;
o que muda a forma como cada um desses elementos conjuga-se com os demais. Da mesma
forma, como cada um dos estgios uma forma totalizante de compreender o ser humano e a
realidade, cada uma delas consiste em uma forma de filosofar, isto , todas elas engendram
filosofias.
Herbert Spencer nasceu em Derby, Inglaterra, em 1820, e desde a adolescncia mostrou ter
uma personalidade anti-conformista. Aos 13 anos, tentou fugir da educao oferecida por um tio
que era pastor protestante, mas teve que voltar escola, onde se manteve at os 16. Depois disso,
deu continuidade sozinho a sua formao, com leituras que se concentraram acima de tudo em
cincias. Queria ser inventor e acabou, pelo conhecimento que adquiriu sozinho, trabalhando como
engenheiro ferrovirio. Paralelamente, comeou a publicar artigos em que j defendia idias
liberais, argumentando que a ao dos governos no deveria ir alm de garantir os direitos naturais
dos cidados. Em 1848, tornou-se subeditor da revista The Economist, onde trabalhou at 1853,
quando recebeu uma herana do tio e passou a se dedicar apenas a escrever livros atividade que
manteve at a morte, em 1903. Spencer relacionou-se com os principais intelectuais ingleses de seu
tempo e manteve um romance com a escritora George Eliot (pseudnimo de Marian Evans). Sua
obra teve enorme repercusso dentro e fora da Gr-Bretanha. Alguns dos principais livros de
Spencer so: Filosofia Sinttica (que publicou em srie, com pagamento de assinatura antecipada
por seus admiradores), O Homem contra o Estado, Educao Intelectual, Moral e Fsica e
Autobiografia.
Tendo vivido num tempo de grandes avanos cientficos, o filsofo ingls Herbert Spencer foi
o principal representante do evolucionismo nas cincias humanas. Ele intuiu a existncia de regras
evolucionistas na natureza antes de seu compatriota, o naturalista Charles Darwin (1809-1882),
formular a revolucionria teoria da evoluo das espcies. ele o autor da expresso
sobrevivncia do mais apto muitas vezes atribuda a Darwin.
O filsofo aplicou sociologia idias que retirou das cincias naturais, criando um sistema de
pensamento muito influente a seu tempo. Suas concluses o levaram a defender a primazia do
indivduo perante a sociedade e o Estado, e a natureza como fonte da verdade, incluindo a verdade
moral. No campo pedaggico, Spencer fez campanha pelo ensino da cincia, combateu a
interferncia do Estado na educao e afirmou que o principal objetivo da escola era a construo
do carter Ele dizia que os conhecimentos teis, que serviriam para formar os homens de negcios e
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produzir o bem-estar pessoal, eram desprezados em favor do ensino das humanidades, que davam
mais prestgio.
Para Spencer, havia uma lei fundamental da matria, que ele chamou de lei da persistncia da
fora. Segundo ela, a tendncia natural de todas as coisas , desde a primeira interao com foras
externas, sair da homogeneidade rumo heterogeneidade e variedade. medida que as foras
vindas de fora continuam a agir sobre o que antes era homogneo, maior se torna o grau de
variedade.
Disponvel em: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/herbert-spencer-307364.shtml
Karl Marx, filsofo alemo, se preocupava muito com a questo da alienao do homem,
principalmente em duas de suas obras, Os Manuscritos Econmico-Filosficos de 1844 e
Elementos para a Crtica da Economia Poltica (1857-58). Procuravam demonstrar a injustia
social que havia no capitalismo, afirmando que se tratava de um regime econmico de explorao,
sendo a mais-valia uma grande arma do sistema. Assim, a alienao se manifesta a partir do
momento que o objeto fabricado se torna alheio ao sujeito criador, ou seja, ao criar algo fora de si, o
funcionrio se nega no objeto criado. As indstrias utilizam de fora de trabalho, sendo que os
funcionrios no necessitam ter o conhecimento do funcionamento da indstria inteira, a produo
totalmente coletivizada, necessitando de vrios funcionrios na obteno de um produto, mas
nenhum deles dominando todo o processo - individualizao.
Por isso, a alienao no trabalho gerada na sociedade devido mercadoria, que so os
produtos confeccionados pelos trabalhadores explorados, e o lucro, que vem a ser a usurpao do
trabalhador para que mais mercadorias sejam produzidas e vendidas acima do preo investido no
trabalhador, assim rompendo o homem de si mesmo. "A atividade produtiva , portanto, a fonte da
conscincia, e a conscincia alienada o reflexo da atividade alienada ou da alienao da
atividade, isto , da auto-alienao do trabalho." Mszaros (1981, p.76).
No entanto, a produo depende do consumo e vice-versa. Sendo que o consumo produz a
produo, e sem o consumo o trabalhador no produz. A produo consome a fora de trabalho,
tambm sustentando o consumo, pois cada mercadoria consumida vira uma mercadoria a ser
produzida. Por conseguinte, ao se consumir de um produto que no por si produzido se fecha o
ciclo de alienao. Pois, quando um produto comprado estar alimentando pessoas por um lado, e
por outro colaborando com sua alienao e suas respectivas exploraes. Onde quer que o capital
imponha relaes entre mercadorias, a alienao se manifesta; a relao social engendrada pelo
capital, seu jeito de ser humano.
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Sua existncia determinada pela economia (razo) exige uma interveno poltica (paixo)
que destrua sua gnese (a posse individual dos meios de produo), que promova uma revoluo na
economia. H tambm a questo de alimentar a alienao, sendo outro prejudicial perante o
consumo, que se trata das propagandas de produtos, que desumaniza os homens, tendo o objetivo de
relacionar o produto com o consumidor, apropriando-se dos homens, e atingindo seu propsito a
partir do momento que o produto consumido, e a sensao de humanizao entregue aps a
utilizao.
Em sntese, para melhor compreender o problema da alienao importante observar sua
dupla contradio. Por um lado, h a ruptura do indivduo com o seu prprio destino e h uma
sntese de ruptura anterior, que apresenta novas possibilidades de romper mesma alienao. O
outro lado se apresenta como uma contradio externa, sendo o capital tentando tirar suas
caractersticas como humano, que leva o homem a lutar pela reapropriao de seus gestos.
Aps Marx confrontar a economia poltica, lanando pela primeira vez o termo alienao no
trabalho e suas conseqncias no cotidiano das pessoas, Marx expe pela primeira vez a alienao
da sociedade burguesa fetichismo, que o fato da pessoa idolatrar certos objetos (automveis,
jias, etc). O importante no mais o sentimento, a conscincia, pensamentos, mas sim o que a
pessoa tem. Sendo o dinheiro o maior fetiche desta cultura, que passa a iluso s pessoas de possuir
tudo o que desejam a respeito de bens materiais.
muito importante tambm destacar que alienao se estende por todos os lados, mas no se
trata de produto da conscincia coletiva. A alienao somente constri uma conscincia
fragmentada, que vem a ser algumas vises que as pessoas tm de um determinado assunto,
algumas alienadas sem saber e outras que no esboam nenhum posicionamento.
mile Durkheim considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador
da escola francesa de sociologia, posterior a Marx, que combinava a pesquisa emprica com a teoria
sociolgica. reconhecido amplamente como um dos melhores tericos do conceito da coeso
social.
Partindo da afirmao de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma
definio do normal e do patolgico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que
ao mesmo tempo obrigatrio para o indivduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a
conscincia coletiva so entidades morais, antes mesmo de terem uma existncia tangvel. Essa
preponderncia da sociedade sobre o indivduo deve permitir a realizao desse, desde que consiga
integrar-se a essa estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma
solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de
modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurdica, pois preciso definir,
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numa sociedade moderna, regras de cooperao e troca de servios entre os que participam do
trabalho coletivo (preponderncia progressiva da solidariedade orgnica).
A sociologia fortaleceu-se graas a Durkheim e seus seguidores. Suas principais obras so:
Da diviso do trabalho social (1893); Regras do mtodo sociolgico (1895); O suicdio (1897); As
formas elementares de vida religiosa (1912). Fundou tambm a revista L'Anne Sociologique, que
afirmou a preeminncia durkheimiana no mundo inteiro.
Durkheim formou-se em Filosofia, porm sua obra inteira dedicada Sociologia. Seu
principal trabalho na reflexo e no reconhecimento da existncia de uma "Conscincia Coletiva".
Ele parte do princpio que o homem seria apenas um animal selvagem que s se tornou Humano
porque se tornou socivel, ou seja, foi capaz de aprender hbitos e costumes caractersticos de seu
grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socializao", a conscincia
coletiva seria ento formada durante a nossa socializao e seria composta por tudo aquilo que
habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E
esse "tudo" ele chamou de "Fatos Sociais", e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo
da Sociologia.
Nem tudo que uma pessoa faz um fato social, para ser um fato social tem de atender a trs
caractersticas: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto , o que as pessoas sentem, pensam
ou fazem independente de suas vontades individuais, um comportamento estabelecido pela
sociedade. No algo que seja imposto especificamente a algum, algo que j estava l antes e
que continua depois e que no d margem a escolhas.
O mrito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica seu livro "As regras do mtodo
sociolgico", onde define uma metodologia de estudo, que embora sendo em boa parte extrada das
cincias naturais, d seriedade nova cincia. Era necessrio revelar as leis que regem o
comportamento social, ou seja, o que comanda os fatos sociais.
Em seus estudos, os quais serviram de pontos expiatrios para os incios de debates contra
Gabriel Tarde (o que perdurou praticamente at o fim de sua carreira), ele concluiu que os fatos
sociais atingem toda a sociedade, o que s possvel se admitirmos que a sociedade um todo
integrado. Se tudo na sociedade est interligado, qualquer alterao afeta toda a sociedade, o que
quer dizer que se algo no vai bem em algum setor da sociedade, toda ela sentir o efeito. Partindo
deste raciocnio ele desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituio social e Anomia.
A instituio social um mecanismo de proteo da sociedade, o conjunto de regras e
procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja
importncia estratgica manter a organizao do grupo e satisfazer as necessidades dos indivduos
que dele participam. As instituies so, portanto, conservadoras por essncia, quer seja famlia,
escola, governo, polcia ou qualquer outra, elas agem fazendo fora contra as mudanas, pela
manuteno da ordem.
Durkheim deixa bem claro em sua obra o quanto acredita que essas instituies so valorosas
e parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputao de conservador, que durante muitos
anos causou antipatia a sua obra. Mas Durkheim no pode ser meramente tachado de conservador,
sua defesa das instituies se baseia num ponto fundamental, o ser humano necessita se sentir
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seguro, protegido e respaldado. Uma sociedade sem regras claras (num conceito do prprio
Durkheim, "em estado de anomia"), sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero.
Preocupado com esse desespero, Durkheim se dedicou ao estudo da criminalidade, do suicdio e da
religio. O homem que inovou construindo uma nova cincia inovava novamente se preocupando
com fatores psicolgicos, antes da existncia da Psicologia. Seus estudos foram fundamentais para
o desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
Basta uma rpida observao do contexto histrico do sculo XIX, para se perceber que as
instituies sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores tradicionais
eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condies miserveis, desempregados,
doentes e marginalizados. Ora, numa sociedade integrada essa gente no podia ser ignorada, de uma
forma ou de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as conseqncias. Aos problemas que ele
observou, ele considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de "Anomana".
A anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio
para isso. O papel do socilogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
Na tentativa de "curar" a sociedade da anomia, Durkheim escreve "Da diviso do trabalho
social", onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgnica entre os
membros da sociedade. A soluo estaria em, seguindo o exemplo de um organismo biolgico,
onde cada rgo tem uma funo e depende dos outros para sobreviver, se cada membro da
sociedade exercer uma funo na diviso do trabalho, ele ser obrigado atravs de um sistema de
direitos e deveres, e tambm sentir a necessidade de se manter coeso e solidrio aos outros. O
importante para ele que o indivduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da
sociedade de forma orgnica, interiorizada e no meramente mecnica.
Foi o mais velho dos sete filhos de Max Weber e Helene Fallenstein. Seu pai, protestante, era
uma figura autocrata. Sua me uma calvinista moderada. A me de Helene tinha sido uma
huguenote francesa, cuja famlia fugira da perseguio na Frana. Ele foi, juntamente com Karl
Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim, um dos modernos fundadores da Sociologia. conhecido
sobretudo pelo seu trabalho sobre a Sociologia da religio.
Para Weber a Sociologia uma cincia que procura compreender a ao social. Por isso,
considerava o indivduo e suas aes como ponto chave da investigao evidenciando o que para
ele era o ponto de partida para a Sociologia, a compreenso e a percepo do sentido que a pessoa
atribui sua conduta.
O principal objetivo de Weber compreender o sentido que cada pessoa d a sua conduta e
perceber assim a sua estrutura inteligvel e no a anlise das instituies sociais como dizia
Durkheim. Aquele prope que se deve compreender, interpretar e explicar respectivamente, o
significado, a organizao e o sentido e evidenciar irregularidade das condutas.
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Por outro lado, o pensamento de Weber caracteriza-se pela crtica ao materialismo histrico,
que dogmatiza e petrifica as relaes entre as formas de produo e de trabalho (a chamada
"estrutura") e as outras manifestaes culturais da sociedade (a chamada "superestrutura"), quando
na verdade se trata de uma relao que, a cada vez, deve ser esclarecida segundo a sua efetiva
configurao. E, para Weber, isso significa que o cientista social deve estar pronto para o
reconhecimento da influncia que as formas culturais, como a religio, por exemplo, podem ter
sobre a prpria estrutura econmica.
A anlise da teoria weberiana como cincia tem como ponto de partida a distino entre
quatro tipos de ao:
A ao racional com relao a um objetivo determinada por expectativas no
comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas
expectativas como condies ou meios para alcance de fins prprios racionalmente avaliados e
perseguidos. uma ao concreta que tem um fim especifico, por exemplo: o engenheiro que
constri uma ponte.
A ao racional com relao a um valor aquela definida pela crena consciente no valor interpretvel como tico, esttico, religioso ou qualquer outra forma - absoluto de uma determinada
conduta. O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, no para obter um resultado exterior,
mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, sua crena consciente no valor, por exemplo, um
capito que afunda com o seu navio.
Entretanto, na concepo de Marx no se podem dissociar cincia e ideologia, pois para ele
ideologia faz parte da cincia. Segundo ele cincia cincia porque explica o objeto tal como ele ,
porm o conhecimento no neutro. Poltica para este tambm luta, mas no de indivduos como
para Weber, , sim, luta de classes.
A sociologia de Max Weber se inspira em uma filosofia existencialista que prope uma dupla
negao. Nega Durkheim quando afirma que nenhuma cincia poder dizer ao homem como deve
viver, ou ensinar s sociedades como se devem organizar. Mas tambm nega Marx quando diz que
nenhuma cincia poder indicar humanidade qual o seu futuro. A cincia weberiana se define
como um esforo destinado a compreender e a explicar os valores aos quais os homens aderiram, e
as obras que construram. Ele considera a Sociologia como uma cincia da conduta humana, na
medida em que essa conduta social.
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UNIDADE 2
Intelectual do fordismo
Ocorre que Parsons, que tambm foi tradutor da obra de Max Weber e
seu difusor nos Estados Unidos, foi contemporneo das linhas de
montagem, a Scientific Management, o chamado Gerenciamento
Cientfico, introduzidas por F.Taylor (1856-1915) e por Henry Ford
(1863-1947), cujas espantosas modificaes no processo produtivo,
verdadeiramente revolucionrias, foram necessrias produo em
massa. A nova maneira de produzir os manufaturados comeou a ser
adotada em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial,
difundindo-se de modo impressionante nos anos de 1920 por boa parte do mundo. Pode-se ento
dizer que Talcott Parsons foi, antes de tudo, o intelectual orgnico das novas tcnicas produtivas
adotadas
pelas
industrias:
o
taylorismo
e
o
fordismo.
Agindo ento tal como se fora um capataz de fbrica ou um engenheiro de produo, ele
naturalmente via qualquer dissonncia, crtica, protesto ou greve, como algo perturbador, como um
desvio, quando no uma expresso da patologia, que atrapalhava o todo. Para ele o sistema, como
qualquer outro corpo biolgico, no s era estvel como buscava ser harmonioso, equnime e
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UNIDADE 3
A teoria sociolgica formulada por Elias concebe sua tarefa como a de analisar os processos
sociais baseados nas atividades dos indivduos que, atravs de suas disposies bsicas - ou seja,
suas necessidades - so orientados uns para os outros e unidos uns aos outros das mais diferentes
maneiras.
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O PROCESSO CIVILIZADOR
Como Norbert Elias explica a mudana social? Segundo ele, a mudana social decorre do fato
de que as cadeias de interdependncia modificam-se. A teoria sociolgica denomina esse processo
de diferenciao e integrao.
As cadeias de interdependncia se tornam mais complexas - e medida que o grau de
complexidade aumenta, antigas formaes sociais so solapadas por uma nova. Esse o critrio
para caracterizar diferentes formaes sociais, que do origem a uma nova estrutura de mentalidade.
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O que Elias chama de processo civilizador nada mais , portanto, do que o reflexo direto das
mudanas nas cadeias de interdependncia humana, que tiveram origem nas prprias teias de
interdependncia social.
Pierre Flix Bourdieu foi um importante socilogo francs. De origem campesina, filsofo de
formao, chegou a docente na cole de Sociologie du Collge de France, instituio que o
consagrou como um dos maiores intelectuais de seu tempo. Desenvolveu, ao longo de sua vida,
mais de 300 trabalhos abordando a questo da dominao e , sem dvida, um dos autores mais
lidos, em todo o mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia, cuja contribuio alcana as
mais variadas reas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educao,
cultura, literatura, arte, mdia, lingstica e poltica.
A sociedade cabila, na Arglia, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu primeiro livro,
Sociologia da Arglia (1958), discute a organizao social da sociedade cabila, e em particular,
como o sistema colonial interferiu na sociedade cabila, em suas estruturas e desculturao. Dirigiu,
por muitos anos, a revista "Actes de la recherche en sciences sociales" e presidiu o CISIA (Comit
Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se posicionado clara e lucidamente
contra o liberalismo e a globalizao.
Sua discusso sociolgica centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os
mecanismos da reproduo social que legitimam as diversas formas de dominao. Para
empreender esta tarefa, Bourdieu desenvolve conceitos especficos, retirando os fatores econmicos
do epicentro das anlises da sociedade, a partir de um conceito concebido por ele como violncia
simblica, no qual Bourdieu advoga acerca da no arbitrariedade da produo simblica na vida
social, advertindo para seu carter efetivamente legitimador das foras dominantes, que expressam
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por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que ele pretende ser uma distino
social. O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido luz de trs conceitos fundamentais:
campo, habitus e capital.
TEORIA SOCIAL
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ANTHONY GIDDENS
Anthony Giddens (18 de janeiro de 1938, Londres) um socilogo britnico, renomado por
sua Teoria da estruturao. Considerado por muitos como o mais importante filsofo social ingls
contemporneo, figura de proa do novo trabalhismo britnico e terico pioneiro da Terceira via, tem
mais de vinte livros publicados ao longo de duas dcadas.
Do ponto de vista acadmico, o seu interesse centra-se em reformular a teoria social e
reexaminar a compreenso do desenvolvimento e da modernidade. As suas ideias tiveram uma
enorme influncia quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo.
A sua obra abarca diversas temticas, entre as quais a histria do pensamento social, a estrutura de
classes, elites e poder, naes e nacionalismos, identidade pessoal e social, a famlia, relaes e
sexualidade.
Foi um dos primeiros autores a trabalhar o conceito de globalizao. Mais recentemente tem
estado na vanguarda do desenvolvimento de ideias polticas de centro-esquerda, tendo ajudado a
popularizar a ideia de Terceira via, com que pretende contribuir para a renovao da socialdemocracia.
Foi Director da London School of Economics and Political Science (LSE) entre 1997 e 2003.
Anteriormente foi professor de Sociologia em Cambridge. Muitos livros foram publicados sobre
este autor e a sua obra. Foram-lhe concedidos diversos ttulos honorficos. Foi co-fundador, em
1985, de uma editora de livros cientficos, a Polity Press. Giddens trabalhou como assessor do exPrimeiro-ministro britnico Tony Blair.
MICHEL FOUCAULT
Michel Foucault, contemporneo filsofo francs, morreu em Paris, 25 de junho de 1984) foi
um importante filsofo e professor da ctedra de Histria dos Sistemas de Pensamento no Collge
de France desde 1970 a 1984. Suas idias notveis envolvem o biopoder e a sociedade disciplinar,
sendo seu pensamento influenciado por Nietzsche, Heidegger, Althusser e Canguilhem.
Sua obra, desde a Histria da Loucura at a Histria da sexualidade (a qual no pde
completar devido a sua morte) situam-se dentro de uma filosofia do conhecimento. As teorias sobre
o saber, o poder e o sujeito romperam com as concepes modernas destes termos, motivo pelo qual
considerado por certos autores, contrariando a prpria opinio de si mesmo, um ps-moderno. Os
primeiros trabalhos (Histria da Loucura, O Nascimento da Clnica, As Palavras e as Coisas, A
Arqueologia do Saber) seguem uma linha ps-estruturalista, o que no impede que seja considerado
geralmente como um estruturalista devido a obras posteriores como Vigiar e Punir e A Histria da
Sexualidade. Alm desses livros, so publicadas hoje em dia transcries de seus cursos realizados
no Collge de France e inmeras entrevistas, que auxiliam na introduo ao pensamento deste autor.
Foucault trata principalmente do tema do poder, rompendo com as concepes clssicas deste
termo. Para ele, o poder no pode ser localizado em uma instituio ou no Estado, o que tornaria
impossvel a "tomada de poder" proposta pelos marxistas. O poder no considerado como algo
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que o indivduo cede a um soberano (concepo contratual jurdico-poltica), mas sim como uma
relao de foras. Ao ser relao, o poder est em todas as partes, uma pessoa est atravessada por
relaes de poder, no pode ser considerada independente delas. Para Foucault, o poder no
somente reprime, mas tambm produz efeitos de verdade e saber, constituindo verdades, prticas e
subjetividades.
Para analisar o poder, Foucault estuda o poder disciplinar e o biopoder, e os dispositivos da
loucura e da sexualidade. Para isto, em lugar de uma anlise histrica, realiza uma genealogia, um
estudo histrico que no busca uma origem nica e causal, mas que se baseia no estudo das
multiplicidades e das lutas. Tambm abriu novos campos no estudo da histria e da epistemologia.
As criticas e anlises feitas por Foucault (1979) so pertinentes principalmente em relao ao
significado de categorias de anlise como soberania; mecanismos de poder; efeitos de verdade,
regras de poder; etc., categorias essas de fundamental importncia para a anlise e compreenso do
funcionamento do Estado e dos problemas cotidianos do homem comum.
Foucault (1979) renega os modos tradicionais de analisar o poder e procura realizar suas
anlises no de forma dedutiva e sim indutiva, por isso passou a ter como objeto de anlise no
categorias superiores e abstratas de anlise tal como questes do que o poder, o que o origina e
tantos outros elementos tericos, voltando-se para elementos mais perifricos do sistema total, isto,
, passou-se a interessar-se pelos locais onde a lei efetivada realmente. Hospitais psiquitricos,
foras policiais, etc, sos os locais preferidos do pensador para a compreenso das foras reais em
ao e as quais devemos realmente nos preocupar, compreender e buscar renovar constantemente.
Segundo este pensamento, devemos compreender que a lei uma verdade "construda" de
acordo com as necessidades do poder, em suma, do sistema econmico vigente, sistema,
atualmente, preocupado principalmente com a produo de mais-valia econmica e mais-valia
cultural, tal como explicado por Guattari (1993). O poder em qualquer sociedade precisa de um
delimitao formal, precisa ser justificado de forma abstrata o suficiente para que seja introjetada
psicologicamente, a nvel macro social, como uma verdade a priori, universal. Desta necessidade,
desenvolvem-se a regras do direito, surgindo, portanto, os elementos necessrios para a produo,
transmisso e oficializao de "verdades". "O poder precisa da produo de discursos de verdade
(p.180), como diria Foucault (1979). O poder no fechado, ele estabelece relaes mltiplas de
poder, caracterizando e constituindo o corpo social e, para que no desmorone, necessita de uma
produo, acumulao, uma circulao e um funcionamento de um discurso slido e convincente.
"Somos obrigados pelo poder a produzir verdade", nos confessa o pensador, "somos obrigados ou
condenados a confessar a verdade ou encontr-la () Estamos submetidos verdade tambm no
sentido em que ela a lei, e produz o discurso da verdade que decide, transmite e reproduz, pelo
menos em parte, efeitos de poder (p.180)."
Portanto a anlise das relaes de poder no devem ser centradas no estudo dos seus
mecanismos gerais e seus efeitos constantes, e sim realizar sua analise pelos "elementos perifricos"
do sistema do poder. Devemos estudar onde esto as, "prticas reais e efetivas; estudar o poder em
sua face externa, onde ele se relaciona direta e imediatamente com aquilo que podemos chamar
provisoriamente de seu objeto () onde ele se implanta e produz efeitos reais () como funcionam
as coisas ao nvel do processo de sujeio ou dos processos contnuos e ininterruptos que sujeitam
corpos, dirigem gestos, regem os comportamentos (Foucault, 1979, p.182)".
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UNIDADE 4
ESTRUTURALISMO
O CURSO DE SAUSSURE
ESTRUTURALISMO NA LINGUSTICA
ESTRUTURALISMO NA ANTROPOLOGIA
ESTRUTURALISMO NO PS-GUERRA
ESTRUTURALISMO NA PSICOLOGIA
REAES AO ESTRUTURALISMO
social,
Senso/sentido,
semntica
social,
generalizao
simblica
paradoxo da diferenciao, assimetria/identidade, re-entry
interao, expectativa normativa, expectativa cognitiva, sociedade
cincia/observao de segunda ordem,sociedade complexa, seletividade, Teoria da
evoluo/construtivismo
sistema/ambiente, estrutura/funo, acoplamento estrutural, cdigo binrio de
referncia, autopoiese, autorreferncia
mudana/aprendizagem/consenso
O Direito da Sociedade.
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b) PS-MARX
JRGEN HABERMAS
Jrgen Habermas (Dsseldorf, 18 de Junho 1929) um filsofo e socilogo alemo.
Licenciou-se em 1954 na Universidade de Bonn, com uma tese sobre Schelling (1775-1854),
intitulada O Absoluto e a Histria. De 1956 a 1959, foi assistente de Theodor Adorno no Instituto
de Pesquisa Social de Frankfurt. No incio dos anos 1960, realizou uma pesquisa emprica sobre a
participao estudantil na poltica alem, intitulada 'Estudante e Poltica' (Student und Politik).
Em 1968, transferiu-se para Nova York, passando a lecionar na New School for Social
Research de Nova York. A partir de 1971, dirigiu o Instituto Max Planck, em Starnberg, na
Baviera. Em 1983, transferiu-se para a Universidade Johann Wolfgang von Goethe, de Frankfurt,
onde permaneceu at aposentar-se, em 1994. Continua, at o presente momento, muito prolfico,
publicando novos trabalhos a cada ano. Freqentemente participa de debates e atua em jornais,
como cronista poltico.
PENSAMENTO
Em geral considerado como o principal herdeiro das discusses da Escola de Frankfurt,
Habermas procurou, no entanto, superar o pessimismo dos fundadores da Escola, quanto s
possibilidades de realizao do projeto moderno, tal como formulado pelos iluministas.
Profundamente marcados pelo desastre da Segunda Guerra Mundial, Adorno e Horkheimer
consideravam que houvesse um vnculo primordial entre conhecimento racional e dominao, o que
teria determinado a falncia dos ideais modernos de emancipao social.
Para recolocar o potencial emancipatrio da razo, Habermas adota o paradigma
comunicacional. Seu ponto de partida a tica comunicativa de Karl Otto Apel[1] , alm do conceito
de "razo objetiva" de Adorno, tambm presente em Plato, Aristteles e no Idealismo alemo particularmente na idia hegeliana de reconhecimento intersubjetivo.
Assim, Habermas concebe a razo comunicativa - e a ao comunicativa ou seja, a
comunicao livre, racional e crtica - como alternativa razo instrumental e superao da razo
iluminista - "aprisionada" pela lgica instrumental, que encobre a dominao. Ao pretender a
recuperao do contedo emancipatrio do projeto moderno, no fundo, Habermas est preocupado
com o restabelecimento dos vnculos entre socialismo e democracia.
Segundo o autor, duas esferas coexistem na sociedade: o sistema e o mundo da vida. O
sistema refere-se 'reproduo material', regida pela lgica instrumental (adequao de meios a
fins), incorporada nas relaes hierrquicas (poder poltico) e de intercmbio (economia).
O mundo da vida a esfera de 'reproduo simblica', da linguagem, das redes de significados
que compem determinada viso de mundo, sejam eles referentes aos fatos objetivos, s normas
sociais ou aos contedos subjetivos.
conhecido o diagnstico habermasiano da colonizao do mundo da vida pelo sistema e a
crescente instrumentalizao desencadeada pela modernidade, sobretudo com o surgimento do
direito positivo, que reserva o debate normativo aos tcnicos e especialistas.
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UNIDADE 5
A) ALAIN TOURAINE
Alain Touraine (Hermanville-sur-Mer, 3 de agosto de 1925) um socilogo francs. Tornouse conhecido por ter sido o pai da expresso "sociedade ps-industrial". Seu trabalho baseado na
"sociologia de aco" e seu principal ponto de interesse tem sido o estudo dos movimentos sociais.
Touraine acredita que a sociedade molda o seu futuro atravs de mecanismos estruturais e das suas
prprias lutas sociais. Tem estudado e escrito acerca dos movimentos de trabalhadores em todo o
mundo, particularmente na Amrica Latina e, mais recentemente, na Polnia , onde observou e
ajudou ao nascimento do Solidarno e desenvolveu um mtodo de pesquisa denominado
interveno sociolgica.
Touraine ganhou imensa popularidade na Amrica Latina bem como na Europa Continental.
No entanto, esse reconhecimento tem tardado a chegar dos pases do mundo anglo-saxo. De cerca
de vinte livros que publicou, menos da metade foi traduzida para a Lngua Inglesa.
Em seus escritos, Touraine aponta para as transformaes pelas quais a sociedade moderna e
industrial vem passando. Trava dilogos com os autores clssicos da sociologia como Durkheim e
Marx - com este ltimo, sobre as novas formas de conflitos sociais.
Touraine faz parte de uma linha terica denominada ps-moderna, ainda que critique a mesma
em alguns pontos e de fato no assuma todas as teses dessa vertente, como algumas asseres a
respeito do fim da histria, fim dos conflitos e principalmente da inviabilidade da compreenso
racional dos mecanismo sociais. Para Touraine, a sociedade ps-industrial, longe de acabar com os
conflitos, generaliza-os.
Em A sociedade ps-industrial", afirma que a sociologia no fruto da revoluo industrial,
mas somente se consolidou a partir da segunda metade do sculo XIX, quando a sociedade passa a
ter um maior controle dos mecanismos econmicos surgidos com as revolues industriais, os
quais, no momento de seu surgimento, levaram s construes tericas do incio do sculo XIX que
identificavam um desenvolvimento econmico intervindo na organizao social. Com a retomada
do controle social das mudanas econmicas que, portanto, a sociologia pode se constituir numa
cincia que no mais fetichizava o social, tal como o indivduo da filosofia. Passa-se da
identificao de uma natureza social para o reconhecimento da historicidade, ou seja, da ao social
e da capacidade desta em direcionar o desenvolvimento do conjunto da sociedade.
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sob estas premissas que Touraine fala da sociologia de uma sociedade ps-industrial. Com
os primrdios do desenvolvimento industrial, a empresa capitalista e o proletariado eram de fato os
elementos centrais na transformao social e poltica.
Porm na sociedade ps-industrial, segundo o autor, esta centralidade da indstria - e,
portanto, do fator econmico produtivo - se perde. Nesta nova sociedade, o conhecimento e a
informao passam a constituir elementos chaves na produo.
Os conflitos sociais, da mesma maneira, no se concentram mais no elemento econmico.
Apesar dos conflitos de classe no desaparecerem (a indstria no desaparece), a relao
trabalhador-patronato no detm mais a proeminncia de outrora. Isto, principalmente, pelo fato
destes conflitos de classes terem, de uma forma geral, se insitucionalizado, abrindo espao para
outras reivindicaes sociais, agora no mais econmicas, mas destacadamente culturais: surgem os
movimentos feministas, de homossexuais, estudantil, etc.
Os laos que unem estes novos movimentos so mais comunitrios e localizados, apesar de
uma abrangncia socialmente ampla. Se permanecerem reivindicaes localizadas e restritas no se
constituem, segundo Touraine, em movimentos sociais propriamente ditos. Para tanto devem
adquirir um destaque mais amplo e nacional. A direo para a qual devem caminhar tais
movimentos so as instituies e, portanto, o mbito das decises polticas. A sociedade, segundo
Touraine, deve lutar para democratizar o acesso aos mecanismos decisrios da poltica.
Da a importncia que este autor d ao tema da alienao - esta, pautada pela participao
dependente, ou seja, a integrao dos indivduos no jogo dos aparelhos dominantes que visam impor
um modelo de desenvolvimento econmico sob um aspecto impessoal, de forma a aparecer como
nica alternativa possvel e no interesse de toda a sociedade. Os termos de que Touraine se utiliza
para descrever esta alienao so a integrao, a manipulao e a seduo.
B) ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman (19 de novembro de 1925, Pozna) um socilogo polons que iniciou sua
carreira na Universidade de Varsvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado
da universidade. Logo em seguida emigrou da Polnia, reconstruindo sua carreira no Canad,
Estados Unidos e Austrlia, at chegar Gr-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da
universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. L conheceu o filsofo islands Ji Caze,
que influenciou sua prodigiosa produo intelectual, pela qual recebeu os prmios Amalfi (em
1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra).
Atualmente professor emrito de sociologia das universidades de Leeds e Varsvia. Tem mais de
dezesseis obras publicadas no Brasil por Jorge Zahar Editor, todas elas de grande sucesso, dentre as
quais podemos destacar Amor Lquido, Globalizao: as Conseqncias Humanas e Vidas
Desperdiadas. Bauman tornou-se conhecido por suas anlises das ligaes entre modernidade e o
holocausto e do consumismo ps-moderno.
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Quando a Polnia foi invadida pelos nazistas, em 1939, sua famlia fugiu para o leste na
Unio Sovitica. Bauman passou a servir no controle sovitico Primeiro Exrcito polons,
Trabalhando como instrutor de educao poltica e tomando parte nas batalhas de Kolberg (agora
Koobrzeg) e Berlim. Em maio de 1945, foi condecorado com a Cruz Militar de Valour.
De acordo com o semi-declaraes oficiais de um historiador com o polons Instituto de
Memria Nacional feita na revista ultra-conservador Ozon maio 2006, 1945-1953 Bauman realizada
uma funo semelhante no Corpo de Segurana Interna (KBW), uma unidade militar formada para
combater a Ucraniano insurgentes nacionalistas e parte dos remanescentes do exrcito polons em
casa.
Bauman distinguiu-se como o lder de uma unidade que capturou um grande nmero de
combatentes no subsolo. Alm disso, o autor cita evidncias de que Bauman trabalhava como
informante para a Inteligncia Militar 1945-1948. No entanto, a natureza ea extenso de sua
colaborao permanecem desconhecidos, bem como as circunstncias exactas em que foi encerrado.
Em uma entrevista em The Guardian, Bauman confirmou que ele havia sido um comunista
durante e aps a Segunda Guerra Mundial e que nunca havia feito um segredo dele. Ele admitiu, no
entanto, que a adeso ao servio de inteligncia militar em 19 anos de idade foi um erro mesmo que
ele tinha uma "montona" mesa-trabalho e no se lembrar da informao sobre ningum.
Enquanto servia na KBW, Bauman estudou primeiramente sociologia em Varsvia Academia
de Cincias Sociais. Ele passou a estudar filosofia no Universidade de Varsvia - Sociologia havia
sido cancelado temporariamente do currculo polons como uma "burguesa" disciplina -, onde seus
professores incluram Stanisaw Ossowski e Julian Hochfeld.
No KBW, Bauman tinha subido para o posto de major, quando foi subitamente desonrosa
apurado em 1953, depois que seu pai se aproximou da embaixada de Israel em Varsvia, com vista
a emigrar para Israel. Como Bauman no partes de seu pai Sionista tendncias e na verdade era
fortemente anti-sionista, a sua demisso causou um grave, embora temporrio afastamento de seu
pai. Durante o perodo de desemprego que se seguiram, ele completou seu mestrado e em 1954
tornou-se professor na Universidade de Varsvia, onde permaneceu at 1968.
Durante a sua estadia no London School of Economics, Onde seu supervisor foi Robert
McKenzie, Ele preparou um estudo exaustivo sobre a British socialista movimento, seu primeiro
livro importante. Publicado em polons, em 1959, uma traduo e edio revista surgiu em Ingls
em 1972.
Bauman passou a publicar outros livros, incluindo Socjologia na co dzie ( "Sociologia da
vida cotidiana", 1964), que alcanou uma grande audincia popular na Polnia e mais tarde formou
a base para o texto no idioma Ingls--livro Pensar Sociologicamente (1990).
Inicialmente, Bauman se manteve prximo ortodoxo Marxista doutrina, mas influenciado por
Antonio Gramsci e Georg Simmel, Ele se tornou cada vez mais crtico do governo comunista da
Polnia. Devido a isso ele nunca ganhou um professor mesmo depois de ter terminado os seus
habilitao, mas depois que seu ex-professor Julian Hochfeld foi feito vice-diretor do UNESCO's
Departamento de Cincias Sociais em Paris, em 1962, Bauman, de facto, herdado cadeira
Hochfeld's.
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Bauman, como o filsofo Giorgio Agamben, Sustentou que os mesmos processos de excluso que
estavam trabalhando no Holocausto poderia, e na medida em que, ainda entram em jogo hoje.
PS-MODERNIDADE E O CONSUMISMO
Em meados da dcada de 1990 e livros de Bauman comeou a olhar para duas disciplinas
diferentes, mas interligados: a ps-modernidade eo consumismo. Bauman comeou a desenvolver a
posio de que a mudana teve lugar na sociedade moderna, na segunda metade do sculo 20 - tinha
de ser alterada a partir de uma sociedade de produtores para uma sociedade de consumidores. Essa
opo, Bauman argumenta, inverteu o comrcio moderno 'Freud'-off: neste momento a segurana
foi entregue, a fim de desfrutar de maior liberdade, liberdade para comprar, consumir e gozar a
vida. Em seus livros na dcada de 1990 Bauman escreveu esta mudana de modernidade como
sendo uma mudana de 'a' ps-modernidade ". Desde a virada do milnio, seus livros tm tentado
evitar a confuso em torno do termo ps-modernidade ', usando as metforas de "lquidos" e
"modernidade slida". Em seus livros sobre o consumismo moderno Bauman ainda escreve sobre as
mesmas incertezas que ele retratou em seus escritos sobre a "modernidade slida", mas nestes livros
que ele escreve sobre estes receios so mais difusa e difcil de definir. Na verdade, eles so, para
usar o ttulo de um de seus livros, 'medos lquido' - os temores sobre a pedofilia, por exemplo, que
so amorfa e que no tm facilmente identificveis referente.
LIQUID MODERNITY
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