Orações Puritanas
Orações Puritanas
Orações Puritanas
O Mediador
Ó DEUS DE ABRÃO, ISAQUE E JACÓ,
Esperamos em tua Palavra.
Nela vemos a ti, não sobre um terrível trono de juízo
Mas sobre um trono de graça
a espera para ser gracioso e exaltado em misericórdia.
Ouvimos a ti dizendo, não “apartai-vos de mim, malditos”, mas
“Olhai para mim e sede salvos,
Pois eu sou Deus e não há outro além de mim”.
Aqueles que conhecem teu nome põem a confiança em ti.
Quantos destes agora estão glorificados no céu e quantos dos que vivem
sobre a terra
são testemunhas tuas, Ó Deus,
ilustrando com o resgate das ruínas da queda
a tua graça livre, rica e eficaz!
Todos que um dia foram salvos, foram salvos por ti,
e irão exclamar pela eternidade: “Não a nós, mas
ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e verdade”.
Escolhestes transmitir todo o teu conselho a nós
através de um mediador, em quem habita toda a plenitude
e que é exaltado como príncipe e salvador.
Para ele olhamos, dele dependemos, através dele somos justificados.
Que possamos obter alívio através dos seus sofrimentos
sem cessarmos de aborrecer o pecado
ou deixarmos de perseguir a santidade;
sentir a dupla eficácia do seu sangue
pacificando e limpando nossas consciências;
nos deleitar em servi-lo tanto quanto nos deleitamos em seu sacrifício;
sermos constrangidos por seu amor
a viver não para nós mesmos, mas para ele;
nutrir uma grandiosa e alegre disposição,
não murmurando ou entristecendo-nos se nossos desejos não são
satisfeitos,
ou se com as alegrias também experimentamos provações.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers &
Devotions, organizado por Arthur Bennett, p.220-221.
MORTIFICAÇÃO
Ó LEGISLADOR DIVINO,
Envergonho-me de mim mesmo,
pela violação aberta da tua lei,
por minhas faltas secretas,
minha omissão dos deveres,
minha fraca busca dos meios de graça,
minha carnalidade na adoração a ti,
e todos os pecados nos meus atos santos.
Minhas iniqüidades se elevaram acima da minha cabeça:
Minhas transgressões chegaram até aos céus,
e Cristo também as conheceu,
meu advogado junto ao Pai,
a propiciação por meus pecados,
de quem ouço palavras de paz.
No momento, trago pequenas coisas comigo,
tenho luz bastante para ver minhas trevas,
sensibilidade bastante para sentir a dureza do meu coração,
espiritualidade bastante para clamar por uma mente celestial;
mas eu poderia ter feito mais,
deveria ter feito mais,
não tenho me agarrado a ti,
e embora ponhas sempre perante mim infinita plenitude,
não tenho desfrutado dela.
Confesso e lamento minhas deficiências e apostasias:
Lamento minhas inumeráveis falhas,
minha renitência debaixo das repreensões,
abusando da tua clemência,
e negligenciando as oportunidades de ser útil.
As coisas não eram assim tempos atrás;
Oh, chama-me para ti novamente, e permite-me sentir meu primeiro amor.
Que eu possa progredir de acordo com o que tens me proporcionado,
Que minha vontade se conforme às decisões do meu juízo,
minhas escolhas sejam aquelas que a minha consciência aprovar,
e que eu nunca venha a me condenar em nada daquilo que aprovo!
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision:
A Collection of Puritan Prayers & Devotions,
editado por Arthur Bennett, p.80.
Retrospecção e Expectação
SUPREMO GOVERNANTE DOS MUNDOS VISÍVEL E INVISÍVEL,
Meu coração é levado a buscar-te
por tuas maravilhosas graça e misericórdia.
Tu conservas viva diante de mim a minha conversão,
o alvorecer da minha primeira consolação espiritual
quando atravessei o Mar Vermelho
de um modo inesperado.
Alegro-me, então, por aquela travessia inimaginável
que libertou-me do terror do egípcio
quando quase desesperava da vida.
Alegro-me agora porque isso está fresco e vívido em minha mente.
Minha alma se derrama quando lembro daqueles teus dias comigo,
nos quais, criatura pobre e indigna
sem sabedoria para caminhar nem força que me valesse,
fui posto sob a feliz necessidade
de viver de ti e de encontrar as tuas desmedidas consolações.
Tu és o meu tesouro divino no qual habita toda a plenitude,
minha vida, esperança, alegria, paz, glória, fim;
Que eu seja diariamente cada vez mais conformado à tua imagem,
com a mansidão e a serenidade do Cordeiro em minha alma,
e o sentimento da bem-aventurança celestial,
onde anseio juntar-me aos anjos perfeitos,
onde a imagem do meu adorado Salvador
será totalmente restaurada em mim,
para que eu esteja pronto para alegrá-lo e servi-lo.
Não temo olhar face a face o rei dos terrores,
porque sei que serei tomado, não exterminado, do mundo.
Até lá, deixa-me, então, brilhar e arder por ti,
e quando chegar a grande e última mudança
faz-me despertar à tua semelhança,
deixando para trás um exemplo que te glorificará
enquanto meu espírito rejubila no céu,
e seja abençoada a minha memória sobre a terra,
com aqueles que comigo louvam-te por minha vida.
Tradução: Marcos Vasconcelos
Extraído de: The Valley of Vision:
A Collection of Puritan Prayers & Devotions,
editado por Arthur Bennet, p. 205.
TERRA E CÉU
OH SENHOR,
Vivo aqui como um peixe num vaso d’água,
com o bastante apenas para continuar vivo,
mas no céu eu nadarei num oceano.
Aqui, tenho em mim só o escasso ar que me mantém respirando,
mas lá terei ventanias doces e refrescantes;
Aqui, tenho um raio de sol para iluminar minha treva,
um feixe morno que me impede de congelar;
lá viverei em luz e fervor para sempre.
Meus desejos naturais são corrompidos e desviados,
e tua misericórdia é destruí-los;
Meus anseios espirituais foram plantados por ti,
e tu os regarás e os farás crescer;
Aviva a minha fome e a minha sede pelo reino do alto.
Aqui, eu posso ter o mundo,
lá, em Cristo, Senhor, terei a ti;
Aqui, a vida é de ansiedade e oração,
lá é segurança sem suspeita,
súplica sem negativa;
Aqui as consolações são rudes, são mais fardos que favores,
lá está a alegria sem o amargor,
a consolação sem o sofrimento,
o amor sem a inconstância,
o descanso sem a fadiga.
Faz-me saber que o céu é todo amor,
é onde o olho sensibiliza o coração,
e a continuada contemplação da tua beleza,
mantém a alma em permanente êxtase deleitoso.
Faz-me saber que o céu é todo paz,
onde o erro, o orgulho, a rebeldia e a paixão não erguem a cabeça.
Faz-me saber que o céu é todo alegria,
é o término da fé, do jejum, da oração, do pranto,
da humilhação, da vigilância, do temor, do descontentamento;
E leva-me logo para lá.
Tradução: Marcos Vasconcelos
Extraído de: The Valley of Vision:
A Collection of Puritan Prayers & Devotions,
editado por Arthur Bennet, p. 203.
O TRONO
Ó DEUS DO MEU DELEITE,
Teu trono de graça é a base do prazer da minha alma.
Aqui obtenho misericórdia em tempo de necessidade,
aqui vejo o sorriso da tua face reconciliada,
aqui profiro alegremente o nome de Jesus,
aqui afio a espada do Espírito,
cinjo a couraça da fé,
ponho o capacete da salvação,
colho o maná da tua palavra,
sou fortalecido em cada conflito,
jamais esquivando-me da batalha,
capacitado a vencer cada inimigo;
Ajuda-me a vir a Cristo
como a principal fonte de onde as bênçãos procedem,
como a larga porta aberta para um dilúvio de misericórdia.
Espanta-me minha insensata tolice,
que com tão ricos favores a meu alcance
eu seja lento para estender a mão e tomá-los.
Tem misericórdia do meu estado mortal em razão do teu nome.
Estimula-me, revolve-me, enche-me com santo zelo.
Fortalece-me para que eu possa me apegar a ti e não te deixa ir embora.
Que teu Espírito modele dentro em mim todas as bênçãos da tua mão.
Quando eu não avanço, retrocedo.
Faz-me andar humildemente por causa do bem omitido e do mal cometido.
Imprime sobre minha mente a brevidade do tempo,
a obra na qual se engajar,
a conta a ser prestada,
a proximidade da eternidade,
o temível pecado de desprezar teu Espírito.
Que eu nunca esqueça que teus olhos sempre vêem,
teus ouvidos sempre ouvem,
tua mão registradora sempre escreve.
Que eu nunca te dê descanso até que Cristo seja o pulsar do meu coração;
aquele que fala pelos meus lábios, a lâmpada dos meus pés.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision:
A Collection of Puritan Prayers & Devotions,
editado por Arthur Bennett, p.150.