Manual Nutricao
Manual Nutricao
Manual Nutricao
2010
Formadora: Tânia Alves
Programa:
Bibliografia:
Branco, N. C., 2003, O Poder a quem não o tem: O poder aos alimentos!, Diabetes – Viver
em equilíbrio, Abril / Junho.
Caetano, R., 2009, O que comemos é o reflexo da nossa personalidade, Prevenir, Novembro.
Peres, E., 1994, Saber comer para melhor viver, Caminho, Lisboa.
1. História e Evolução da Alimentação Humana
A influência da alimentação na saúde dos indivíduos sempre foi reconhecida pela maioria das
culturas. A saúde era considerada como o resultado de um estado de equilíbrio para o qual a
alimentação contribuía decisivamente. Ainda hoje, nas sociedades tradicionais, a alimentação
é utilizada como componente fundamental da manutenção e recuperação da saúde, através de
um código rigoroso de escolha e combinação de alimentos.
O ser humano, se há qualquer coisa em que acredita, desde que toma consciência da sua
existência, é a que tem de comer, todos os dias, algo que o sustente, até que um dia as
circunstâncias lhe mostrem que chegou o seu fim, e morre. Acontece que uma boa parte da
humanidade começa a acreditar que está morrendo por comer demais. Mas quando se senta à
mesa e coloca o guardanapo, esquece-se. Durante milhares de anos a população do mundo
viveu em estado de extrema pobreza e foi essa a herança que deixou aos seus filhos e netos: a
de sobreviver no meio da carência. A fome porém, nos últimos 100 anos, está deixando de
nos atormentar e, de ano para ano, a humanidade acaba por descobrir uma nova, e talvez
maior ameaça: o excesso de peso, o sedentarismo e a obesidade.
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e pequenos mamíferos que eram consumidos crus, obrigando a um grande esforço de
mastigação. Esta mudança para a posição ortostática permitiu-lhe alcançar frutos que pendiam
dos ramos das árvores, ou caçar animais com mais facilidade; em lugar de simples recolector,
passou também a ser caçador.
Mais tarde, o domínio do fogo deu lugar à primeira grande revolução nos hábitos alimentares,
a confecção dos alimentos, tornando-os mais tenros e de mais fácil digestão. Abriram-se
assim novas possibilidades alimentares e com elas foi-se modificando a anatomo-fisiologia
dos nossos antepassados.
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Os novos hábitos alimentares das populações, principalmente urbanas, traduzem-se pela
introdução crescente de produtos processados industrialmente, como as massas e outros
derivados dos cereais; a margarina, as conservas, os produtos açucarados, os derivados do
leite, etc.
Este fenómeno designa-se por evolução moderna dos costumes alimentares e é caracterizado
pelo facto de grande parte dos alimentos actualmente consumidos, provirem, da
transformação industrial das matérias-primas.
3) que todas as doença devem ser encaradas como manifestações de mal adaptação a um novo
meio, no qual mergulhámos precipitadamente e para o qual não estamos geneticamente
preparados.
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• redução na ingestão de fibras da ordem dos 75%.
A espécie humana foi-se adaptando a uma oferta alimentar, ela própria de modificação muito
gradual e caracterizada nutricionalmente por grande constância de lípidos, amido, açúcar,
fibra, proteínas e sal.
2. Alimentação e Nutrição
Aquilo que comemos tem um impacto muito importante na nossa qualidade de vida e pode
dar-nos muito prazer, bem como nutrientes vitais para a nossa boa saúde. Muito
simplesmente, a maneira como nos sentimos, está relacionada com a qualidade e a quantidade
de alimentos que consumimos.
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● Demonstrar estatuto social, riqueza e poder político
● Simbolizar experiências emocionais
● Recompensar ou castigar
● Exprimir atitudes morais
● Representar segurança
● Permitir actividades sociais
O nutrimento, é toda a substância contida nos alimentos que vai fornecer a energia e/ou os
materiais necessários para a síntese, manutenção e reparação do organismo.
● Hidratos de Carbono
● Lípidos
● Proteínas
● Álcool (o álcool é aqui incluído por fornecer energia embora seja considerado um produto
não nutritivo)
Os nutrimentos reguladores são os que não contribuem com energia para o organismo, mas
são fundamentais por participarem em inúmeros processos biológicos são eles:
● Minerais
● Vitaminas
● Fibras
● Água
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2.3. Nutrição – A Base da Saúde
O ser humano é uma máquina que, como qualquer outra, necessita de energia para
desenvolver as mais diversas actividades – trabalhar, praticar desporto, andar, falar, dormir,
etc. É principalmente através da alimentação que conseguimos obter a energia que
necessitamos.
Num organismo saudável, deve existir um equilíbrio entre a energia que é libertada pelos
alimentos e aquela que é gasta. Se houver um desequilíbrio entre as calorias que são ingeridas
e aquelas que são consumidas no processo do metabolismo basal e na actividade física diária
que se desenvolve, o peso corporal sofre variações.
Todavia, porque nem só de calorias vive o ser humano, outros componentes alimentares que
existem, agindo numa interacção constante, se revestem de suma importância para o nosso
metabolismo e para o tecido cerebral. Contam-se entre eles, as vitaminas e os sais minerais,
mas também outras substâncias de absoluto relevo, como as fibras ou a celulose e a água.
Todas estas substâncias possuem o nome genérico de nutrientes e são essências para a nossa
saúde.
3.1. Proteínas
As proteínas são uma fonte potencial de energia para o organismo. São os fornecedores por
excelência dos materiais de construção de todos os tecidos e órgãos corporais.
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3.1.1. Estrutura e Bioquímica
Os aminoácidos são as unidades básicas das proteínas. As proteínas, essenciais para qualquer
forma de vida, têm uma determinada sequência linear de aminoácidos.
Aminoácidos (aa):
Há, no entanto, 8 aminoácidos que o organismo adulto não consegue sintetizar. São
denominados essenciais e têm de ser fornecidos pelos alimentos.
→ formação de hormonas.
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3.1.4. Fontes Alimentares
● Proteínas completas ou de alta qualidade, que contêm todos os aae nas quantidades
necessárias ao organismo, encontram-se no ovo, no leite, na carne, entre outros.
● Proteínas incompletas ou de baixa qualidade, que têm défice de certos aae, encontram-se na
gelatina e nos alimentos de origem vegetal.
Quando há uma ingestão proteica excessiva, o nitrogénio é excretado na urina sob a forma de
ureia e os restantes carbonos são utilizados para produzir energia. Se o suplemento energético
exceder as necessidades, o excesso de carbonos irá servir para a síntese de gordura.
3.2. Gorduras
As gorduras (ou lípidos), são alimentos muito energéticos e o nosso corpo precisa deles para
funcionar adequadamente. Facilitam a absorção das vitaminas A, D, E e K e são essenciais
aos músculos, ao cérebro, à pele, ao cabelo, às nossas defesas imunológicas e à estrutura
celular.
Gorduras
Saturadas Insaturadas
↓
lípidos de Monoinsaturadas Polinsaturadas
origem animal
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3.2.1. Funções dos Lípidos
São nutrimentos altamente energéticos, sendo esta a sua principal função. Proporcionam
maior sensação de saciedade que os outros macronutrimentos. Desempenham também a
função plástica.
Os triliões de células vivas que formam o nosso corpo, têm de ser continuamente alimentadas,
de modo a receberem energia. Porém, os alimentos que contêm hidratos de carbono,
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primeiramente terão de ser decompostos, através das enzimas digestivas, até se converterem
em glucose, penetrando então na corrente sanguínea.
Os hidratos de carbono complexos, por seu lado, são constituídos por longas cadeias de
moléculas de açúcar, que têm de ser decompostas pelas enzimas digestivas, em moléculas
simples, antes de poderem ser absorvidas pelo sangue.
Por outro lado, impedem que as proteínas sejam utilizadas como substâncias energéticas.
Nos vegetais:
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No entanto, a glicemia também pode descer demasiado, quando não há ingestão de alimentos
por um largo período de tempo. É então que actua o glucagon, também segregado pelo
pâncreas endócrino. Este faz subir a glicemia, igualmente para valores normais.
3.4. Vitaminas
As vitaminas são imprescindíveis para o bom funcionamento do corpo humano e para o
crescimento normal. Com raras excepções (como é o caso da vitamina D e da B3), não são
sintetizadas pelo organismo humano, pelo que têm de ser assimiladas através da alimentação.
• As vitaminas hidrossolúveis, isto é, as que são solúveis na água, são vitaminas B1,
B2, B6, B12, B3, B9, B5, B8 e C. Ao contrário das primeiras, esta categoria de
vitaminas, é rapidamente eliminada quando consumida em excesso. Devido ao facto
de o organismo só ter capacidade para fazer pequenas reservas destas, torna-se
aconselhável ingerir alimentos que as contenham, diariamente, pois as carências
ocorrem com maior facilidade.
CONSUMO EQUIVALENT
VITAMINA FONTES PRINCIPAIS DIÁRIO E FUNÇÕES
(RECOMENDADO) ALIMENTAR
Potencia a visão, o
Fígado, peixe gordo,
24mg por crescimento e a
gema, margarina,
cada kg de formação dos ossos e
A legumes verdes e 2 gemas
betacarote dentes. Protege as
amarelos, leite e
no mucosas de
derivados.
infecções.
Assegura o
Germes de cereais, metabolismo dos
manteiga, miudezas, glícidos, das gorduras
B1 ou farinha integral, leite, 100g de e das proteínas e o
1mg
tiamina lentilhas, avelãs, nozes, presunto bom funcionamento
ervilhas, feijão, carne cerebral, das células
de porco, peixe e ovos. nervosas e do
coração.
B2 ou Miudezas, germes de 1,5mg 50g de Auxilia a
riboflavin cereais, farinha fígado de transformação dos
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integral, manteiga,
damascos, leite e seus
alimentos em
a derivados, nozes e aves
energia.
avelãs, peixe e
legumes secos.
(continua)
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CONSUMO EQUIVALENT
VITAMINA FONTES PRINCIPAIS DIÁRIO E FUNÇÕES
(RECOMENDADO) ALIMENTAR
Auxilia a
transformação dos
alimentos em
energia e participa
Levedura de no processo de
50g de
B3 ou PP cerveja, miudezas, síntese de ADN
15mg fígado de
ou niacina farinha integral e celular. Contribui
aves
germe de trigo. para um melhor
funcionamento da
pele, do sistema
nervoso e do
aparelho digestivo.
Incrementa o
B5 ou Miudezas, farinha crescimento celular
50g de
ácido integral, ovo, e auxilia na
10mg fígado de
pantoténic leguminosas secas, transformação dos
aves
o nozes e peixe. alimentos em
energia.
Auxilia o
Levedura de
metabolismo das
cerveja, cereais
proteínas, o bom
B6 ou integrais, frutos 1 dose de
2mg funcionamento do
piridoxina secos, carne de peixe
cérebro e a
porco, germes de
formação de
cereais.
glóbulos vermelhos.
Auxilia no
crescimento, na
Levedura de
formação de ácidos
B8 ou cerveja, gema, 1 dose de
300mg gordos e no
biotina fígado, banana, lentilhas
metabolismo das
melancia e leite.
proteínas e dos
açúcares.
Auxilia a formação
Fígado, legumes
B9 ou 1 dose de de glóbulos
verdes, cereais
ácido 0.4mg feijão vermelhos e a
integrais e frutos
fólico verde síntese do ADN
secos.
celular.
Incrementa a
Fígado, rim, carne produção de
B12 ou
de porco e de vaca, glóbulos vermelhos
cobalamin 3mg
ovos, leite, e o bom
a
crustáceos e soja. funcionamento do
sistema nervoso.
C ou ácido Couve, espinafres, 45mg 1 laranja Previne doenças das
ascórbico alface, ervilhas, gengivas e dos
agrião, salsa, dentes, em geral.
tomate, pimento, Garante uma
limão, laranja, conveniente fixação
abacate, morangos do ferro e a
e groselhas. regeneração dos
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tecidos. Acelera os
processos de
cicatrização.
Leite e derivados, É essencial na
1 dose de
D ou peixes gordos, óleo formação dos ossos,
400mg peixe
calciferol de fígado de peixe da dentição e facilita
gordo
e ovo. a absorção de cálcio.
Auxilia na formação
de glóbulos
Óleos vegetais,
vermelhos, na
nozes, produtos
E ou 1 dose de assimilação da
lácteos, carne, 15mg
tocoferol alface vitamina K e possui,
cereais, legumes
também,
verdes e gema.
propriedades
antioxidantes.
Auxilia no
K ou Brócolos, couves,
crescimento, na
vitamina espinafres, couve-
formação de ácidos
da flor, cereais, soja e 1 dose de
15mg gordos e no
coagulaçã fígado. É produzida alface
metabolismo das
o ou pelas bactérias do
proteínas e dos
filaquinona intestino.
açúcares.
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3.5. Sais Minerais
Constituem um grupo fundamental de nutrientes, que devem estar presentes na nossa
alimentação diária. Actuam, entre outras funções, como agentes plásticos na formação e
manutenção do esqueleto e dos dentes e, ainda, como agentes reguladores e protectores do
metabolismo. Evitam transtornos graves, prolongam a vida, embelezam a pele e aumentam o
vigor e a sexualidade.
Embora possamos falar de vários minerais a nível individual, os nutrientes não podem ser
considerados separadamente, no que diz respeito às suas funções, uma vez que interagem e
influenciam-se mutuamente. Vamos então conhecer os sais minerais mais importantes.
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de folhas de murta e
eucalipto, cebola, folhas
carbono.
de aveia, feijões e ervilhas
secas.
Laranja, banana, leite,
Equilibra o ritmo cardíaco e a tensão
Potássio batatas, cacau, café, chá e
arterial.
leguminosas secas.
Fígado, peixe, crustáceos, Contribui para um melhor fornecimento
gema, brócolos, cebolas, de oxigénio ao coração e para a
Selénio
couve, cereais integrais e elasticidade dos tecidos, retardando o
levedura de cerveja. envelhecimento.
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3.6. Fibras
A designação genérica de fibras engloba um conjunto complexo de substâncias: celulose,
hemicelulose, pectinas, gomas, mucilagens e lenhina. À excepção da lenhina, quimicamente
são polissacarídeos não amiláceos, indigeríveis pelas enzimas humanas.
São fundamentais à saúde pela sua acção preventiva de doenças cardiovasculares e intestinais
como a obstipação, diverticulose e cancro do cólon.
3.6.1. Funções
Desempenham muitas e diversificadas funções de que se destacam:
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3.7. Água
É o nutrimento necessário em maior quantidade, sem o qual o organismo não sobrevive mais
do que alguns dias. É o composto mais abundante nos organismos em estado de vida activa.
3.7.1. Funções
A água é fundamental para manter o equilíbrio do organismo. A maior parte das trocas iónicas
exigem água.
● como constituinte do plasma serve de meio de transporte dos produtos que irão ser
posteriormente eliminados pela urina;
● actividade física: pessoas com actividade física mais activa deverão consumir maior
quantidade de água, pois têm perdas aumentadas pela transpiração e respiração.
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● clima: as necessidades aumentam em climas quentes, devido ao aumento de perdas pela
transpiração.
● perdas aumentadas: por vómitos, diarreia, febre, ou por certos tipos de doença.
Se a água ingerida for demasiadamente excessiva pode levar a que certos sais minerais que
não deviam ser expelidos o sejam.
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4.1. Cereais, derivados e tubérculos
Os alimentos deste grupo devem constituir a “espinha dorsal” das nossas refeições, ou seja,
devem existir uma maior proporção deste tipo de alimentos, pois fornecem a energia e os
nutrientes chave de que o organismo precisa.
A importância dos alimentos deste grupo, deve-se à sua riqueza em hidratos de carbono, a
nossa principal fonte de energia. Na sua composição nutricional, também se incluem proteínas
que, combinadas com as proteínas das leguminosas, ou de origem animal, se complementam.
A riqueza nutricional depende do grau de refinação que sofreram: quanto mais refinados, mais
empobrecidos em nutrimentos, nomeadamente vitaminas, minerais e fibras. O facto de os
alimentos deste grupo fornecerem fibras alimentares, torna-os também muito importantes na
protecção contra doenças coronárias e contra o cancro.
4.2. Hortícolas
É comum utilizar-se a palavra legumes, para designar produtos vegetais muito diferentes:
plantas herbáceas (alfaces, couves, espinafres), raízes (cenouras, rabanetes, beterraba), bolbos
(cebolas, alhos) e frutos (abóbora, pepino, tomate).
As folhas verdes têm desempenhado o papel mais importante na alimentação, pelos seus
efeitos favoráveis para a saúde.
A sua riqueza em nutrimentos reguladores (vitaminas, minerais, fibra e água), confere aos
alimentos deste grupo, grande valor na promoção da saúde e prevenção das chamadas
“doenças da ocidentalização”: obstipação, diverticulose e cancro do cólon, entre outras.
4.3. Fruta
Existem muitos mitos em volta da fruta. Por um lado, há quem diga que esta engorda e traz
desvantagens; por outro, há quem defenda que, devido ao facto de comer poucas proteínas e
gorduras, é ideal para quem está a fazer uma dieta de emagrecimento.
Os frutos são uma excelente fonte de vitaminas, minerais e fibras, mas também são ricos em
hidratos de carbono. Por isso, as pessoas que têm restrições ao consumo de açúcares, devem
consumi-los com precaução.
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4.4. Lacticínios
Muito próximo de ser um alimento completo, o leite é indispensável na alimentação. Podemos
consumi-lo na sua forma natural ou transformado em iogurte, queijo, requeijão e natas.
A sua riqueza nutricional torna-o um elemento obrigatório na alimentação. O leite deve ser
tomado por crianças, adultos e idosos.
Contudo, devido à grande quantidade de gorduras que o leite completo possui, devemos ter
em atenção que, se por um lado garante um elevado valor energético e a presença de
vitaminas solúveis nas gorduras (A, D, E e K), por outro constitui um inconveniente para as
pessoas que têm doenças como a diabetes, problemas de excesso de peso ou elevados níveis
de colesterol.
As proteínas da carne são bem digeridas e de valor biológico elevado. Contudo, existem
variações na quantidade de aminoácidos presente, não só nas diferentes espécies, como
também em diferentes cortes do mesmo animal.
A carne é também uma fonte importante de vitaminas do complexo B. Como estas são
hidrossolúveis, encontram-se fundamentalmente nas partes magras. Ocorrem perdas
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vitamínicas durante o processo culinário, dependendo das temperaturas e duração do
cozinhado.
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São ainda boas fontes de minerais: ferro, fósforo, crómio, cobalto, selénio e zinco.
Pescado
Nos anos 70, o consumo de peixe passou a ser muito recomendado pelos investigadores que
associaram a baixa prevalência de doenças coronária dos esquimós aos seus hábitos
alimentares, em que este alimento ocupa lugar central.
A grande diferença nutricional entre a carne e o peixe, baseia-se no facto de este ter um menor
índice de gorduras. A gordura dos peixes contém um teor notável de ácidos gordos
polinsaturados, as chamadas “gorduras boas”, por serem mais saudáveis do que as gorduras
saturadas (que existem na carne, por exemplo).
Além de ser também muito rico em proteínas, o peixe contém outros elementos de grande
valor nutritivo. Uma alimentação saudável e equilibrada deverá incluir, por isso, o consumo
diário de peixe.
Ovos
O ovo é particularmente importante pelo teor e qualidade das suas proteínas. O equilíbrio em
aminoácidos do ovo é quase perfeito, assemelhando-se muito às necessidades nutricionais do
Homem. Contudo, além do risco de causarem alergias alimentares, possuem um elevado teor
de colesterol, sendo aconselhável que um adulto não exceda 3 ou 4 unidades por semana.
O ovo é assim um alimento que tem o seu lugar numa alimentação saudável. É rico em quase
todos os nutrimentos, excepto vitamina C e hidratos de carbono.
4.6. Leguminosas
As leguminosas têm um papel fundamental para manutenção da saúde pela contribuição que
dão em termos energéticos, sob a forma de amido e de proteínas. Também fornecem fibras,
vitaminas e minerais.
As proteínas das leguminosas podem ser complementadas com as dos cereais. Uma boa
maneira de equilibrar a alimentação é, por exemplo, a combinação de arroz com feijão.
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• Gorduras visíveis ou de condimento – Podem ser líquidas, como o azeite e óleos
(girassol, milho, soja ou amendoim); ou pastosas ou sólidas, como a manteiga, a
margarina, a banha, o toucinho e as gorduras da carne.
• Gorduras ocultas ou invisíveis – São as que fazem parte da própria constituição dos
alimentos, isto é, o teor de gorduras da carne, dos ovos, do peixe, etc.
4.8. Água
A água, não possuindo um grupo próprio, está também representada em todos eles, pois faz
parte da constituição de quase todos os alimentos. Sendo a água imprescindível à vida, é
fundamental que se beba em abundância diariamente. As necessidades de água podem variar
entre 1,5 a 3 litros por dia.
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Temos então:
A actividade física deve ser moderada ou forte, e não ser inferior a 30 minutos por dia.
5. Alimentação Equilibrada
Variando de composição ao longo dos tempos, os regimes alimentares têm-se tornado
hipercalóricos, com sobrecarga de gorduras e açúcar. Estes erros alimentares provocam
problemas de saúde bastante graves, como a obesidade ou anorexias nervosas, por exemplo.
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5.1. Padrão Alimentar Saudável
Como deve ser a alimentação, para que dela resulte bem-estar? Como se caracterizará o
“padrão alimentar saudável”?
O conceito tem evoluído e afina-se. Uma coisa é certa: a alimentação saudável não depende
apenas de conhecer e satisfazer as necessidades nutricionais do organismo; depende também,
aliás, preponderantemente, da boa utilização e do equilíbrio entre os alimentos que satisfazem
aquelas necessidades. O momento actual é o da procura da prática alimentar que proporciona
a situação nutricional e emocional mais propícia ao bem-estar, e não o da procura teórica e
simplista de um padrão nutricional fisiologicamente adequado.
Por isso, não existe apenas um padrão alimentar saudável; são possíveis vários, como aliás já
se deduzia de estudos em povos com hábitos tão diferentes como japoneses rurais ou europeus
mediterrânicos.
A maioria das pessoas precisa de comer a intervalos de cerca de 3 horas e meia porque,
passado esse tempo após a última refeição, a glicemia tende a descer, o que prejudica a
atenção e a precisão de movimentos e desperta apetite ou sintomas equivalentes: cansaço,
esvaimento, irritabilidade, cefaleia e “baixas de tensão”. Uma comida pobre em gorduras
cozinhadas, digere-se com facilidade e deixa o estômago vazio e, por isso, a sensação de
apetite, reaparece mais depressa.
Assim, quem começa cedo o dia, deve tomar o pequeno almoço pouco depois de se levantar, e
precisará de merendar sempre a meio da manhã.
Quem janta tarde e almoça cedo, precisará de merendar duas vezes durante a tarde, para se
sentir activo e tranquilo nas últimas horas da jornada.
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Quem se deita tarde, deve cear antes de ir para a cama, embora muito ligeiramente.
Quem trabalha com os músculos, precisa de mais comida do que aquele que leva uma vida
fisicamente pouco activa.
As necessidades alimentares por dia e por refeição variam, portanto, conforme as situações.
Mas a natureza e proporção dos alimentos a consumir, são praticamente iguais em todos os
casos.
5.2.1. Pequeno-almoço
Os nutrimentos fornecidos pelas últimas refeições da véspera, já estão gastos à hora de
acordar. Quando o jejum se prolonga ou a primeira refeição é insignificante, o organismo
recorre às reservas e destrói as proteínas estruturais, entrando em perda. Em consequência,
destreza e qualidade de trabalho deterioram-se, atenção e tempos de resposta a estímulos são
prejudicados, capacidade intelectual baixa, a fadiga instala-se.
- Fruta fresca ao natural: 100g a 200g limpos; de preferência citrinos, morangos, framboesas,
amoras, maracujá, kiwi ou ananás bem mastigados;
- 40g a 80g de pão, de preferência escuro, seja de trigo ou mistura; tostado no forno ou
torrado.
- Completar o pequeno-almoço com 1 ovo quente, cozido, escalfado, estrelado sem gordura.
Também pode ser 25g de fiambre magro.
O que importa é que não deixe de merendar quem se levanta cedo; exige-o a segurança e o
rendimento do trabalho, a atenção e a capacidade para o esforço escolar.
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5.2.3. Almoço
Num dia alimentar, com 5 ou 6 refeições, cabe a esta refeição fornecer 25 a 30% da ração
calórica diária; à mesa, em ambiente calmo, com tempo para mastigar e ensalivar. O almoço
pode ter a seguinte composição:
- Sopa de abundantes produtos hortícolas, sempre com uma pequena porção de leguminosas e
um pouco de outro farináceo, como massinhas, farinha, batata, etc.
- O prato deverá ser de uma confecção apaladada e de digestão fácil. E na ausência da sopa,
este deverá ser reforçado com hortaliças cozinhadas ou legumes crus em salada. Deve ser
também acompanhado por fornecedores de hidratos de carbono, como 1 batata grande ou 4
colheres de arroz, entre outros.
- Fruta fresca é a sobremesa ideal no dia-a-dia, numa porção de 100 a 200g, embora uma vez
por outra, se possa comer doce ou gelado, sem inconvenientes.
No caso de o jantar ser tarde, em vez de uma merenda, poderão ser necessárias duas. Uma
cedo, com a composição atrás indicada e a segundo, mais ligeira. Nesta circunstância, ou o
jantar será aligeirado e haverá lugar para uma ceia, ou o jantar será normal e não haverá razão
para cear.
5.2.5. Jantar
Terá composição semelhante à do almoço. No que respeita a quantidade, nunca será mais
abundante, deverá ser igual ou um pouco mais escasso.
5.2.6. Ceia
É uma refeição cuja importância está a ser redescoberta. Dispensável para quem se deita 1 a 2
horas após o jantar, não pode escapar a quem vai dormir 3 ou mais horas depois ou a quem
dança ou pedala depois de jantar.
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