Cultivo de Dendê No Estado Do Acre
Cultivo de Dendê No Estado Do Acre
Cultivo de Dendê No Estado Do Acre
Pereira, J. B. M.; Guedes, R. S.; Araújo, E.A.; Mastrângelo, J.P.; Amaral, E.F.;
Oliveira, T.K. & Bardales, N.G. Tadário Kamel de Oliveira e Nilson Gomes
PARTE 2
Bardales. Combinação de cultivos florestais com a cultura da palma de óleo no
Estado do Acre. In: Ramalho-Filho, A.; Motta, P. E. F.; Freitas, P. L.; Teixeira, W. Capítulo 12
G. Zoneamento agroecológico, produção e manejo da cultura de palma de
óleo na Amazônia. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2010. P.179-188.
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mentar o nível de certeza de sucesso das Guiomard, Sena Madureira, Epitaciolân-
instituições de fomento e financiamento dia, Brasileia e Cruzeiro do Sul, com idade
(PEREIRA, 2009). Atualmente, existem 24 dos plantios variando entre dois e quatro
ha de palmares plantados no Acre, distri- anos (Figura 2).
buídos em experimentos de Avaliação de
Guedes et al. (2007) avaliaram e com-
Variedades e Unidades de Observação
pararam o desenvolvimento de plantas de
nos municípios de Rio Branco, Senador
diferentes progênies de palma de óleo nas
condições edafoclimáticas
Figura 1 – Planta de palma de óleo com quatro anos de Cruzeiro do Sul (local 1)
de idade em experimento de avaliação de progênies
e Rio Branco (local 2), no Es-
implantado na Embrapa Acre, em Rio Branco/AC
(Foto: João Batista Martiniano Pereira)
tado do Acre. As progênies
implantadas foram a C-2501,
C-2528, C-2301 e C-1001. Um
ano após o plantio, foram re-
alizadas aferições de altura e
diâmetro do colo utilizando
régua e paquímetro. Diferen-
ças significativas entre os lo-
cais de plantio 1 e 2 foram ob-
servadas, sendo que o local 1
apresentou os maiores valo-
res, tanto para a altura quanto
para o diâmetro das plantas.
Verificou-se que a altura de
plantas da progênie C-2301
diferiu significativamente das
demais. Quanto ao diâmetro,
Figura 2 – Detalhe de Unidade de Observação implan- as progênies não diferiram
tada no Município de Senador Guiomard/AC no ano estatisticamente entre si. As
de 2008, onde o produtor consorciou palma de óleo consideráveis diferenças en-
com mandioca (Foto: João Batista Martiniano Pereira) contradas entre os locais 1 e
2 são devidas, possivelmente,
às exigências naturais e nutri-
cionais da cultura da palma
de óleo, visto que esta planta
expressa seu máximo desen-
volvimento em regiões com
alto regime pluviométrico,
chegando a mais de 2.000
mm a diferença de precipita-
ção anual entre os locais es-
tudados.
Esses resultados preli-
minares servem de emba-
samento para definir quais
genótipos podem ser utiliza-
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e Tarauacá-Envira ainda ficam isolados Porém, grande parte das propriedades
durante o período invernoso (geralmen- dessa regional apresenta problemas de
te entre os meses de dezembro a maio) passivo ambiental, no qual foi ultrapas-
devido ao fechamento dos trechos não sada a quantidade legalmente permitida
asfaltados. Isso tem causado uma série de de área de conversão, exigindo-se sua
transtornos às populações locais e impedi- recuperação e recomposição. Além disso,
do o escoamento da produção da região. num processo ainda comum em toda a
Amazônia, algumas dessas áreas encon-
O uso da terra é tipicamente agroflo-
tram-se na forma de pastagens degrada-
restal, com áreas antropizadas dispondo
das e capoeiras abandonadas em diversos
de mosaicos produtivos que vão de pe-
estádios de regeneração (Figuras 3 e 4),
quenas, médias e grandes propriedades
não revertendo ou agregando qualquer
agrícolas, voltadas principalmente para a
ganho para a produção agropecuária e es-
produção de carne e leite, a assentamen-
timulando a conversão de novas áreas em
tos de reforma agrária e extrativismo flo-
pastos e plantações.
restal da borracha. Também é marcante,
nessa regional, a presença de terras indí- O Zoneamento Ecológico-Econômico
genas e Unidades de Conservação, que (ZEE) (ACRE, 2006), por intermédio da Po-
propiciaram a preservação do patrimônio lítica de Valorização do Ativo Ambiental e
florestal. Florestal (ACRE, 2008), vem desenvolvendo
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Figura 5 – Mapa das áreas estratégicas para reflorestamento com palma de óleo na BR-364. Fonte: ACRE (2009)
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Existem estudos teóricos sobre siste- de 7,80 m entre as linhas de plantio e 9,00
mas de produção para a palma de óleo m entre plantas. Nessa condição, inúme-
na Amazônia (HOMMA et al., 2000), assim ras são as possibilidades que se tem de
como experimentações agrícolas realiza- combinar culturas nas entrelinhas da pal-
das no sentido de definir modelos de pro- ma de óleo. Com o objetivo de preservar
dução agrícola consorciada com a palma a cultura principal, propõe-se que as cul-
de óleo e culturas alimentares, como, por turas consorciadas sejam plantadas com
exemplo, feijão, milho, banana, abacaxi e um afastamento mínimo de 1,00 m das
mandioca, entre outros (MONTEIRO et al., plantas de palma de óleo.
2006; ROCHA, 2007). Os consórcios testa-
Para o consórcio palma de óleo x fei-
dos apresentaram resultados bastante sa-
jão, utilizando o espaçamento de 0,50 m
tisfatórios em termos financeiros, concor-
x 0,30 m, é possível o plantio de 13 linhas
rendo para a amortização dos custos de
em cada entrelinha da palma de óleo.
implantação e de manutenção do palmar
Com essa disposição, tem-se uma densi-
até que as plantas iniciassem a fase de
dade 47.667 plantas de feijão, o equivalen-
produção.
te a 71% do stand para o feijão se fosse
Nas regionais focadas pelo Governo plantado em monocultivo.
do Acre para implantação da cultura da
Caso a cultura explorada seja o milho,
palma de óleo, são tradicionais os cultivos
em que se adota o espaçamento de 1,00
de abacaxi, banana e mandioca, predomi-
m x 0,40 m, em áreas de menor nível tec-
nando esta última, que tem grandes áre-
nológico, podem ser plantadas sete linhas
as cultivadas para a produção de farinha
de milho, proporcionando um stand de
(ACRE, 2009).
19.250 plantas, equivalendo a 77% da po-
Não deve ser desprezada a produção pulação de milho solteiro/ha.
de feijão consorciado com a palma de
A banana deve ser plantada no espaça-
óleo. Essa cultura é plantada normalmen-
mento recomendado de 3,00 m x 2,00 m.
te em monocultivo, gerando uma renda
Como essa cultura necessita de mais espa-
considerável ao agricultor local. Em pelo
ço para o adequado desenvolvimento do
menos duas das unidades de observa-
seu rizoma, seria recomendável o plantio
ção de palma de óleo conduzidas pela
de até duas linhas de banana nas entreli-
Embrapa Acre no município de Brasileia,
nhas da palma de óleo, com um stand de
agricultores vêm adotando esse consór-
1.110 covas de banana, correspondendo a
cio, demonstrando boa adaptabilidade do
67% de plantas caso a banana fosse plan-
feijão nas entrelinhas da palma de óleo.
tada em sistema solteiro, e equivalente ao
Além disso, deve também ser destacada
mesmo stand de um hectare de banana
a contribuição do feijoeiro no tocante ao
plantado no espaçamento 3,00 m x 3,00 m.
fornecimento de nitrogênio via fixação
biológica para a nutrição da palma de O abacaxi é plantado em sistema de
óleo, o que pode significar redução nos fileiras duplas, com espaçamento de 0,60
custos da adubação. No entanto, são ne- m x 0,60 m x 1,00 m. Nessa situação, seria
cessários estudos mais precisos sobre este recomendável plantar quatro fileiras du-
aspecto nutricional. plas de abacaxi consorciado com palma
de óleo, obtendo-se um stand de 7.334
A densidade mais utilizada para a cul-
plantas, o que equivale a 70% do stand do
tura da palma de óleo é de 143 plantas/
abacaxi em monocultivo.
ha, arranjadas em triângulo equilátero de
9,00 m de lado, ou seja, um espaçamento Para a cultura da mandioca, planta-se
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