Apostila Eletronica Potencia Completa
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Eletrônica de Potência
PRIMEIRA EDIÇÃO
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outros, sem prévia autorização, por escrito, da Gerência Educacional de Eletrônica da Esco-
la Técnica Federal de Santa Catarina.
Introdução à Eletrônica de Potência 3
SUMÁRIO
Capítulo 2: Retificadores
Capítulo 3: Gradadores
Capítulo 4: Comutação
Capítulo 6: Inversores
Para controlar o fluxo de energia elétrica entre dois ou mais sistemas elétricos distintos, foram
desenvolvidos, ao longo dos anos, métodos para o tratamento de grandes potências. Uma revisão histó-
rica da Eletrônica de Potência, como mostra a tabela 1.1, revela os acontecimentos mais significativos
no desenvolvimento da tecnologia da Eletrônica de Potência.
Eletrônica de Potência é uma ciência aplicada, dedicada ao estudo dos conversores estáticos
de energia elétrica.
Os conversores estáticos são sistemas constituídos de elementos passivos, como resistores, capacitores
e indutores, e elementos ativos, tais como diodos, tiristores, transistores, GTOs , entre outros, associa-
dos de acordo com as necessidades preestabelecidas. Eles realizam o tratamento eletrônico de energia,
controlando o fluxo da energia elétrica entre sistemas distintos.
CC CA
Retificador
E1 v1, f
1
Inversor
Conversor CC
E2 Isolado v2, f2
Os veículos elétricos foram os únicos veículos de passageiros no princípio deste século. Entre-
tanto, Henry Ford e outros mudaram esta realidade e os veículos elétricos desapareceram. Mais de 30
anos atrás, iniciaram-se os trabalhos para a produção de veículos elétricos viáveis economicamente.
Atualmente, eles estão recebendo considerável atenção em muitas partes do mundo (Alemanha - BMW
e VW, Itália - Fiat , Canadá, Estados Unidos - Ford, GM e Chysler, Japão - Nissan e França - Renault).
A produção dos veículos elétricos em escala industrial, favoreceria outras aplicações da Eletrô-
nica de Potência, através da redução do custo de muitos componentes eletrônicos.
As utilidades eletro-eletrônicas tem incrementado a geração de harmônicos, por causa das cor-
rentes não senoidais solicitadas da rede de alimentação. Grandes inversores para controle de velocidade
de motores, aquecimento indutivo e retificadores criam este problema, gerando uma nova situação on-
de a aplicação da Eletrônica de Potência torna-se uma necessidade, surgindo um novo produto - O
compensador de Harmônicos. A nova legislação brasileira sobre fator de potência determinando que o
Introdução à Eletrônica de Potência 7
fator de potência de referência das cargas passe de 0,85 para 0,92, fará com que nos próximos dois a-
nos, os equipamentos de correção e compensação de reativos movimente cerca de U$ 1 bilhão.
O Japão é o líder na aplicação de inversores para acionar motores a velocidade variável para
conforto térmico residencial e comercial.
Porém, nos Estados Unidos o custo da energia elétrica é consideravelmente mais baixo do que
no Japão, de modo que o mais alto custo dos inversores para acionamento de motores para condiciona-
dores de ar, não é compensado pela economia de energia que eles proporcionam.
Entretanto, no ano 2000, é provável que a redução no custo dos inversores torne esta aplicação
um produto viável em diversos países.
1.3.6 - Inversores para suprir pico de carga, empregando a energia armazenada por baterias
Algumas destas unidades já se encontram em operação comercial nos Estados Unidos. Há uma
pressão crescente para conservação de energia elétrica, acreditando-se que este produto será muito im-
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 8
portante no início do próximo século, pois ele será capaz de suprir os picos de carga e, em conseqüên-
cia, reduzir a capacidade instalada de kW.
2
Retificadores
2.1 - Introdução
Os diodos semicondutores de potência são construídos com silício e apresentam resistência elétrica variável com a
temperatura.
- Para uma tensão direta VF tal que VF < 0 ele apresenta resistência infinita, sendo capaz de bloquear tensões infini-
tas;
- Para VF > 0 ele apresenta resistência nula, permitindo passagem de corrente sem queda de tensão.
Assim, se o diodo ideal for polarizado diretamente, o mesmo conduz a corrente elétrica sem perda de energia (efei-
to Joule).
No entanto, tais características são ideais visto que os diodos reais apresentam uma pequena resistência à circula-
ção de corrente quando diretamente polarizados além de não bloquearem tensões muito elevadas quando polarizados rever-
samente.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 10
VD
Ei
t
iL
I máx
I o
I mín
t
i Ei
t
iD
t
t ON t OFF
T
Há dois tipos de diodos de potência: o diodo bipolar (baseado em uma junção semicondutora pn) e o diodo S-
chottky. A característica estática do diodo bipolar é mostradas na Fig. 2.2. Tal característica é estabelecida experimental-
mente para cada componente. Em condução, o diodo pode ser representado por uma força eletromotriz EO (que representa a
queda de tensão própria) em série com a resistência rF (resistência em condução do diodo), conforme ilustra a Fig. 2.3.
Na Fig. 2.2 observa-se que o diodo pode bloquear uma tensão finita, representada por VRRM (Tensão de Ruptura
Reversa), acima da qual o diodo entra em condução com corrente reversa e acaba destruído pela elevação da temperatura na
junção. Além disto, observa-se que quando polarizado reversamente circula no diodo uma corrente de baixo valor denomi-
nada corrente de circulação reversa ou corrente de fuga.
Em condução o diodo dissipa parte da energia elétrica que o atravessa sob forma de calor. Tal potência elétrica
pode ser calculada pela seguinte expressão:
Introdução à Eletrônica de Potência 11
Esta expressão é genérica, podendo ser empregada para qualquer forma de onda.
Existem também as perdas durante os processos de entrada em condução e bloqueio (perdas de comutação) porém,
para freqüências menores que 40KHz tais perdas são desprezíveis frente as perdas em condução.
ID(A)
1/rF
VRRM
E0
VD (V)
IR
IF
A K
E rF
O
DISPARO: O diodo bloqueado apresenta uma grande impedância que, quando polarizado diretamente, decai a um
valor muito baixo. Este decaimento, no entanto, não ocorre instantaneamente devido as características físicas da junção.
Desta forma, sempre que o diodo for diretamente polarizado ele não entra em condução imediatamente, ou seja, existe um
tempo de retardo (td) para a condução efetiva. As formas de onda relativas ao disparo de um diodo são apresentadas na Fig.
2.4.
BLOQUEIO: Similarmente ao disparo, existe um tempo para que o diodo bloqueie efetivamente. Quando em con-
dução, existe uma certa quantidade de elétrons do material tipo "n" circulando no material tipo "p" e um grande número de
lacunas no material tipo "n". Isto estabelece um grande número de portadores minoritários em ambos os materiais que com-
põe a junção do diodo. Quando o diodo for polarizado reversamente, os portadores minoritários invertem o sentido da cor-
rente a fim de retornarem ao estado de portadores majoritários. Durante este período, chamado tempo de estocagem (tS) o
diodo comporta-se como um curto circuito, bloqueando-se bruscamente no final deste período, o que provoca uma sobre-
tensão. Após o tempo estocagem existe a transição ou tempo de decaimento da corrente (tf). A soma destes dois períodos
representa o tempo de recuperação do diodo (trr). As formas de onda relativas ao bloqueio de um diodo são apresentadas na
Fig. 2.5.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 12
2.2 - O SCR
Os Retificadores Controlados de Silício são dispositivos semicondutores que, quando polarizados diretamente, só
começam a conduzir se receberem um comando através de uma corrente no terminal de gatilho (GATE). Tanto quanto os
diodos, os SCRs apresentam resistência elétrica variável com a temperatura, portanto, dependente da potência que estiver
conduzindo.
if
t
rf
td t
Fig. 2.4 - Formas de onda relativas ao disparo de um diodo com corrente imposta.
id
IL
t
I RM
vf
vTO
t
ts
tf
t rr
O SCR ideal, enquanto estiver sem corrente de gatilho, é capaz de bloquear tensões diretas e reversas de valor in-
finito. Tal característica é representada pelas retas 1 e 2 na Fig. 2.6
Quando habilitado, ou seja, quando comandado por uma corrente de gatilho Ig, o SCR se comporta como um diodo
ideal como podemos observar nas retas 1 e 3. Sob esta condição o SCR ideal é capaz de bloquear tensões reversas infinitas
e conduzir, quando diretamente polarizado, correntes infinitas sem perda de energia por efeito Joule.
Assim como para os diodos, tais características são ideais e os SCRs reais apresentam uma pequena resistência à
circulação de corrente quando diretamente polarizados e habilitados, além de não bloquearem tensões muito elevadas quan-
do polarizados reversamente.
Existem limites de tensão e corrente que um SCR pode suportar. Tais limites constituem as características estáticas
reais como mostra a Fig. 2.7. As curvas 1 e 2 apresentam as características para o SCR sem IG enquanto as curvas 1 e 3
mostram as características para o SCR habilitado.
(a)
IA
A K
+ VAK -
IA
(b)
3
1 2
VAK
IA(A)
3
IG = 0
IH
1/r F 2
VRRM
EO VBO VAK(V)
IF
1 IR
Analogamente ao diodo, podemos representar o SCR por seu circuito elétrico equivalente, mostrado na Fig. 2.8.
IA
A K
E rF
O
O SCR conduzindo dissipa uma potência elétrica em forma de calor que pode ser calculada por:
onde ITmed e ITef são, respectivamente, as componentes média e eficaz da corrente do SCR.
Introdução à Eletrônica de Potência 15
As características dinâmicas do SCR estão ligadas diretamente com o comportamento transitório do componente
durante os processos de entrada em condução e bloqueio. Inicialmente estudar-se-á o comportamento do SCR no disparo
(Fig. 2.9). Considere que no instante t0 a interruptor S é fechado e a fonte VG fornece a corrente IG ao gatilho. As formas de
onda de interesse para o disparo são mostradas na figura 2.10, onde:
O tempo de fechamento ton = td + tr, é o tempo necessário para que o SCR comece a conduzir efetivamente a partir
do disparo.
E VG R
VG
IG
VAK
90%
10%
t
to td tr
t on
Para o estudo da dinâmica de bloqueio utilizamos o circuito da Fig. 2.11. O indutor l representa uma indutância
parasita que influencia no decaimento da corrente do SCR.
R S
l
E1 E2
T
Enquanto o SCR conduz a corrente de carga, o interruptor S encontra-se aberto. Quando, em t = t0 , o interruptor S
é fechado, inicia-se o processo de bloqueio do SCR. No instante t = t1, o interruptor S é novamente aberto e o SCR encon-
tra-se bloqueado. Podemos observar o processo dinâmico de bloqueio do SCR pela Fig. 2.12. Após o tempo de recuperação
do SCR trr, para que o SCR possa bloquear efetivamente é necessário manter a tensão reversa por um tempo igual ou maior
do que tq. Isto é necessário para que o SCR possa alcançar o equilíbrio térmico e permanecer bloqueado até ser aplicada
corrente em seu gatilho.. A corrente reversa máxima (IRM) tem valor limitado e que depende das características do SCR e do
circuito. O tempo tq varia desde 5 µs para os SCR rápidos até 50 - 400 µs para os SCR lentos.
Para entrar em condução o SCR deve conduzir uma corrente suficiente, cujo valor mínimo recebe o nome de cor-
rente de retenção IL. O SCR não entrará em condução se a corrente de gatilho for suprimida antes que a corrente de anodo
atinja o valor IL. Este valor IL é em geral de duas a três vezes a corrente de manutenção IH que, uma vez retirada a corrente
de gatilho, é a suficiente para manter o estado de condução.
Introdução à Eletrônica de Potência 17
A estrutura básica de um retificador monofásico controlado de meia onda alimentando uma carga resistiva é apre-
sentado na figura 2.13. Para esta estrutura, somente os semiciclos positivos da fonte de alimentação, ou parte deles, serão
aplicados na carga quando o SCR for disparado. Os semiciclos negativos são integralmente bloqueados.
O SCR é disparado por uma corrente IG em um ângulo α entre 0 e 180o, passando a conduzir e permitindo a apli-
cação de uma tensão na carga.
As correspondente formas de onda para o retificador da figura 2.13 são mostradas na figura 2.14 para um ângulo
de disparo α.
iA
IL
IF
t
I RM IR
vAK
E1
EO
to t1 t
E2
ts
tf
t rr
tq
t inv
v = 2 ⋅ V0 ⋅ sen(ω ⋅ t ) (2.3)
+ vAK -
T
+
v iR R vR
-
Podemos calcular os valores de tensão e corrente média na carga através das seguintes expressões:
0,225 ⋅ V0
I Rmé d = ⋅ (1 + cos α ) (2.5)
R
Conforme o esperado, a tensão média na carga é função do ângulo de disparo α e, ao variar-se α estamos variando
automaticamente a tensão na carga. A função da tensão média na carga é representada graficamente pela Fig. 2.15. Esta
função é cossenoidal e, portanto, não-linear. Isto dificulta o projeto de circuitos reguladores ou circuitos de controle dos
sistemas de comando dos retificadores a SCR. Porém, pode-se obter uma variação de tensão ao longo de quase 180o.
vR
iR
iG
ωt
0 α π 2π α+2π
VRméd
V0
0,45
0,225
0 α
0 π/2 π
Fig. 2.15 - Tensão média aplicada em carga resistiva por um retificador
controlado de meia-onda em função do ângulo de disparo α.
1 α sen2α
VRe f = V0 ⋅ − + (2.6)
2 2⋅π 4⋅π
V0 1 α sen2α
I Re f = ⋅ − + (2.7)
R 2 2⋅ π 4⋅π
V0 2 1 α sen2α
PRmé d = ⋅ − + (2.8)
R 2 2⋅π 4⋅π
Para esta estrutura, as correntes que circulam na carga são as mesmas que circulam pelo SCR.
Para um dimensionamento correto é necessário o conhecimento da tensão reversa máxima e corrente máxima sobre
o SCR.
VRRM = 2 ⋅ V0 (2.9)
V0
I Amá x = 2 ⋅ (2.10)
R
Observação: Substituindo-se o SCR por um diodo, obtém-se um retificador monofásico de meia onda não controlado
(figura 2.16). Neste retificador, os semiciclos positivos da fonte de alimentação são aplicados integralmente à carga. Assim,
para calcular-se os valores de tensão e corrente média e eficazes e a potência média na carga basta fazer α = 0 nas expres-
sões (2.4) a (2.8),resultando nas expressões (2.11) a (2.15).
0,45 ⋅ V0
I Rmé d = (2.12)
R
V0
VRe f = (2.13)
2
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 20
1 V0
I Re f = ⋅ (2.14)
2 R
V0 2
PRméd = (2.15)
2⋅ R
As formas de onda interesse para o retificador da figura 2.16 são apresentadas na figura 2.17.
+ vAK -
D
+
v iR R vR
-
vR
iR
ωt
0 π 2π
Exemplo 2.1 - O valor eficaz da tensão da fonte de alimentação do circuito da figura 2.13 é 100 V. Calcular os va-
lores médio e eficaz da corrente na carga e desenhar as formas de onda da tensão no SCR para α = 45o e α =135o e R =
10Ω.
0,225 ⋅ 100
I Rméd = ⋅ (1 + cos 45 o ) = 3,84 A
10
0,225 ⋅ 100
I Rméd = ⋅ (1 + cos135 o ) = 0,66 A
10
As formas de onda de tensão no SCR para α = 45o e α =135o são apresentadas abaixo:
vAK
π ωt
o
45 2π
2π ωt
135
o
π
A maioria dos acionamentos industriais que empregam conversores estáticos contém cargas do tipo RL. Tais car-
gas apresentam um funcionamento típico devido a presença do indutor. Como sabemos, os indutores provocam um atraso
na corrente elétrica devido ao fato de que estes constituem-se em elementos armazenadores de energia. Sempre que uma
corrente percorre um indutor, parte da energia elétrica é transformada em energia magnética e fica retida (armazenada) sob
forma de campo magnético no indutor. Quando deseja-se interromper a corrente é necessário que toda a energia armazena-
da pelo indutor seja evacuada pois, os indutores não possuem a capacidade de, quando desconectados do circuito (circuito
aberto), reterem a energia que acumularam.
A Fig. 2.18 mostra o retificador monofásico controlado de meia onda alimentando uma carga RL.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 22
+ vAK -
+
T RL
v i RL vRL
L
-
Então, quando se alimenta uma carga RL através de um retificador monofásico de meia onda, existirá sempre um
atraso devido ao indutor forçar a circulação de corrente mesmo após o início do semiciclo negativo. Em conseqüência disto,
o SCR não mais se bloqueia em ωt=π, ou seja, quando a tensão passa por zero e torna-se negativa. O SCR então permanece
conduzindo enquanto a corrente de carga não se anula, permitindo tensões instantaneamente negativas sobre a carga e fa-
zendo com que a tensão média diminua.
A figura 2.19 apresenta as formas de onda de interesse para o retificador da figura 2.18.
O SCR conduz então por um ângulo γ = β - α, onde β é o ângulo de extinção e π < β < 2π.
Para determinar os valores médios e eficazes da tensão e corrente na carga é necessário que conheçamos o ângulo
γ. A figura 2.20 apresenta uma família de curvas de γ em função de α para vários valores do ângulo de carga φ, onde φ é
calculado por:
ωL
φ = arctg (2.16)
R
A tensão e a corrente média na carga são dadas em função de α e de β por:
0,225 ⋅ V0
I RLmé d = ⋅ (cos α − cos β) (2.18)
R
Observação: Devido ao indutor armazenar e evacuar a energia em cada ciclo de funcionamento, a tensão média sobre ele
é nula. Por esta razão é que se pode calcular a corrente média sobre a carga de acordo com a expressão (2.18)
Introdução à Eletrônica de Potência 23
γ
vRL
i RL
ig
ωt
0 α π β 2π α+2π
360
320 φ = 90 o
280
φ = 75 o
240 o
φ = 60
o
φ = 45
200
φ = 30 o
γ ( o) φ = 15 o
160
o
φ =0
120
80
40
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
α ( o)
A expressão (2.19) define o valor normalizado de corrente (independente do valor da tensão de entrada e da impe-
dância de carga).
I
I= (2.19)
I BASE
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 24
onde:
2 ⋅ V0
I é o valor da corrente em A e IBASE = .
R + (ω ⋅ L)
2 2
A família de curvas da corrente eficaz normalizada em função de α para vários valores do ângulo de carga φ é a-
presentada na figura 2.21.
1.5
φ = 90o
1.2
0.9 φ = 75o
Ι RLef
φ = 60o
0.6 φ = 45o
φ = 0o
0.3
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
α
Fig. 2.21 - Corrente I RLef em função de α para vários valores do ângulo de
carga φ.
Exemplo 2.2 - O valor eficaz da tensão da fonte de alimentação do circuito da figura 2.18 é 100 V. Calcular os va-
lores médio e eficaz da corrente na carga para α = 45o e R = 10Ω e ωL = 10Ω
Para α = 450 e φ = 450, obtém-se, a partir da figura 2.21, I RLef = 0,5 . Assim:
IRLef = 0,5 10 = 5 A
Quando o retificador estiver alimentando uma carga RL, sempre existirá uma parcela de tensão negativa sobre a
carga devido ao atraso da corrente produzido pelo indutor da carga. Como já foi dito, isso provoca a diminuição da tensão
média sobre a carga caracterizando uma desvantagem.
Introdução à Eletrônica de Potência 25
Então, emprega-se um diodo em paralelo com a carga (diodo de roda-livre) para suprimir a parcela de tensão nega-
tiva, aumentando a tensão média na carga. A Fig. 2.22 apresenta a estrutura do retificador com diodo de roda livre.
+ vAK -
+
T RL
v DRL vRL
L
iRL
-
A estrutura apresenta duas seqüências de funcionamento, conforme ilustra a figura 2.23. Na primeira seqüência,
que ocorre durante o semiciclo positivo da fonte de alimentação, o SCR T conduz a corrente de carga, permitindo uma ten-
são positiva na carga, enquanto o diodo DRL permanece bloqueado. Esta etapa representa o fornecimento de potência à car-
ga. Quando a tensão da fonte inverte de polaridade (semiciclo negativo), o SCR T bloqueia e o diodo DRL assume a corrente
de carga. Nesta etapa a tensão na carga é nula e ocorre a recuperação de energia do indutor, ou seja, a energia armazenada
pelo indutor sob forma de campo magnético será dissipada no resistor RL.
+ vAK - + vAK -
+ +
T i RL T
RL RL
v DRL vRL v DRL vRL
L L
iRL
- -
Devido ao fato da indutância provocar um atraso na extinção da corrente, pode ocorrer condução contínua (a cor-
rente nunca atinge o valor zero) se a constante de tempo da carga for muito elevada, ou seja, se a indutância for muito gran-
de, preponderando sobre a parcela resistiva. A condução contínua pode ser de grande interesse visto que reduz considera-
velmente o número de harmônicos de corrente da carga. A figura 2.24 apresenta as formas de onda de interesse para o reti-
ficador da figura 2.22 operando em condução contínua.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 26
vRL
iRL
ig
ωt
0 α π 2π α+2π
Em muitas aplicações faz-se necessário o uso de um transformador, seja para adaptação de tensão ou para isola-
mento galvânico. Assim, é interessante analisar o funcionamento desta estrutura empregando um transformador.
A Fig. 2.25 mostra o retificador monofásico não-controlado de meia onda com diodo de roda-livre alimentado por
transformador.
i1 i2 i DRL
RL
Vi N1 N2 DRL
i RL L
Para a análise do funcionamento desta estrutura, considera-se uma corrente de carga livre de harmônicas
(puramente contínua) e um transformador com ganho unitário, com corrente magnetizante nula. As correntes envolvidas
estão representadas na figura 2.26
No secundário do transformador circulará corrente apenas quando o diodo principal estiver conduzindo, isto é, du-
rante o semiciclo positivo da fonte de alimentação. Durante o semiciclo negativo a corrente fica "aprisionada" na malha
formada pela carga e DRL, não circulando pelo transformador .
Introdução à Eletrônica de Potência 27
Em conseqüência disto, a corrente no secundário do transformador será de forma retangular (contínua pulsante) e
que pode ser decomposta em duas componentes: uma componente alternada e uma componente contínua, ambas com a me-
tade do valor de pico da onda original.
Define-se a potência nominal aparente do transformador a partir de uma potência definida de carga:
A potência no primário do transformador em função da potência de carga é calculada pela expressão (2.21), en-
quanto que a potência no secundário é calculada por (2.22):
P1 = 1,11 . PL (2.21)
P2 = 1,57 . PL (2.22)
Nota-se que a potência aparente nominal no secundário do transformador é 57% maior do que a potência da carga,
indicando que o mesmo é mal aproveitado e reforçando a idéia de utilização em baixas potências. Ainda, conclui-se que o
dimensionamento do transformador deve ser feito pela potência aparente nominal do secundário.
O fenômeno do mal aproveitamento se deve a componente contínua circulando no secundário, que produz a satu-
ração do núcleo.
Nesta seção é estudado o efeito da inclusão de uma força eletromotriz no circuito de carga de um retificador de
meia onda. Esta é uma situação resultante, por exemplo, do emprego de retificadores para carga de baterias ou para excitar
o circuito de armadura de um motor CC.
A estrutura do retificador monofásico controlado de meia onda alimentando carga RLE é apresentada na figura
2.27.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 28
iRL
I
t
i2 I
t
iDRL I
t
i2CC
I/2
t
i 2CA
i 1CA
I/2
t
-I/2
+ vAK -
+
T RL
v i RL vRLE
L
E
-
v
RLE
i
RLE
ωt
α π β 2π α + 2π
Devido a existência da fonte E na carga, o SCR só estará diretamente polarizado em um instante superior a θ. Isto
se deve ao fato da tensão senoidal da fonte ser menor que E quando ωt é menor do que θ. O ângulo θ é calculado pela ex-
pressão:
onde:
E
m= (2.24)
2 ⋅ V0
As figuras 2.29, 2.30 e 2.31 apresentam, respectivamente, o ângulo de extinção β, a corrente média normalizada e
a corrente eficaz normalizada em função de α com m como parâmetro para o caso da resistência de carga ser desprezível (R
= 0, carga LE).
Exemplo 2.3 - O circuito mostrado na figura 2.27, onde R = 0 e XL = 3 Ω é empregado para carregar um banco de bateri-
as no qual a tensão nominal é E = 72 V. Calcule as correntes média e eficaz na linha (110V/60Hz) e o fator de potência da
fonte se:
350
m=0
300
m = 0.2
250
m = 0.4
β( ο)
m = 0.6
200
m = 0.8
150
100
50 100 150 180
α( ο)
Fig. 2.29 - Ângulo de extinção β em função de α com m como parâmetro para
o retificador monofásico de meia onda alimentando carga LE.
1
m=0
0.8
0.6 m = 0.2
I LEmed
0.4
m = 0.4
0.2 m = 0.6
m = 0.8
0
0 30 60 90 120 150 180
α( o )
Fig. 2.30 - Corrente média normalizada em função de α com m como parâme-
tro para o retificador monofásico de meia onda alimentando carga LE.
Introdução à Eletrônica de Potência 31
1.25
m=0
m = 0.2
0.75
I LEef
0.5 m = 0.4
m = 0.6
0.25
m = 0.8
0
0 30 60 90 120 150 180
α( o )
Fig. 2.31 - Corrente eficaz normalizada em função de α com m como parâme-
tro para o retificador monofásico de meia onda alimentando carga LE.
Solução:
E 48
m= = = 0,315
2 ⋅ V0 2 ⋅ 110
A corrente de base é:
2 ⋅ V0 2 ⋅ 110
= = 51,85A
XL 3
Então:
.
Imed = 0,27 51,85 = 14 A
.
Ief = 0,43 51,85 = 22,3 A
.
PE = 14 48 = 672 W
.
S = 22,3 110 = 2453 VA
Resultando em:
672
FP = = 0,27
2453
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 32
E 78
m= = = 0.50
2 ⋅ V0 2 ⋅ 110
Então:
.
Imed = 0,015 51,85 = 0,78 A
.
Ief = 0,030 51,85 = 1,55 A
.
PE = 0,78 78 = 60,8 W
.
S = 1,55 110 = 170,5 VA
Resultando em:
60,8
FP = = 0,36
170,5
A potência que um SCR pode comandar é limitada apenas pela temperatura suportável pela junção. A corrente cir-
culando através do componente produz calor por efeito joule e este deve ser transferido ao ambiente para manter o compo-
nente dentro dos limites de temperatura, evitando sua destruição.
O calor produzido na junção é gerado durante a condução e também nos processos transitórios das comutações.
Como os transitórios térmicos são lentos enquanto que as comutações são rápidas, podemos considerar apenas o regime
permanente (condução) quando a operação ocorre sob freqüências inferiores a 40 kHz.
Para o cálculo do regime térmico empregamos o circuito térmico equivalente representado abaixo.
P
T
onde:
⇒ Tj - temperatura da junção
⇒ Tc - temperatura do encapsulamento
⇒ Td - temperatura do dissipador
⇒ Ta - temperatura ambiente
As temperaturas são expressas em graus celsius (oC), as resistências térmicas em graus celsius por watt (oC/W) e a
potência térmica em watts (W).
Podemos fazer uma analogia com circuitos elétricos, onde a corrente que circula por um resistor é a razão entre a
diferença de potencial e a resistência elétrica.
V R V2
1
V1 − V2
I= (2.25)
R
Analogamente, para o circuito térmico temos que a potência térmica é a razão entre a diferença de temperatura pe-
la resistência térmica do circuito.
Tj − Ta
P= (2.26)
R ja
onde:
R ja = R jc + R cd + R da (2.27)
Primeiramente, calcula-se a potência térmica (potência média) produzida pelo componente a partir das suas carac-
terísticas estáticas e das correntes média e eficaz que o atravessam. O limite máximo de temperatura na junção é fornecido
pelo fabricante através de catálogos enquanto que a temperatura ambiente depende das condições de projeto e deve ser de-
terminada pelo projetista.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 34
Nos catálogos dos componentes podemos ainda obter a resistência térmica entre a junção e a cápsula e a resistên-
cia térmica de contato entre a cápsula do componente e o dissipador.
De posse destes dados podemos calcular a resistência térmica do dissipador e, através de um catálogo de dissipa-
dores, encontrar aquele mais adequado para utilização.
Quando a resistência térmica calculada tiver valor diferente dos valores comerciais disponíveis no catálogo, deve-
mos optar pelo dissipador comercial com resistência térmica de valor imediatamente inferior ao calculado.
Isto se deve ao fato de que, quanto maior for a resistência térmica do dissipador, menor será a capacidade de dissi-
pação.
A tabela 2.1, fornecida pelo fabricante SEMIKRON, apresenta os dissipadores e suas respectivas resistências tér-
micas.
O crescimento da temperatura em qualquer matéria ocorre de forma exponencial ao longo do tempo e não instan-
taneamente, como podemos observar na figura 2.34. Isto ocorre devido a impedância térmica, que é a capacidade dos mate-
riais de se oporem ao crescimento abrupto de temperatura. A impedância térmica é variável no tempo e representada por ZT,
sendo que tal lei se aplica também aos dispositivos semicondutores. O valor de ZT é, geralmente, fornecido pelos fabrican-
tes.
O conceito de impedância térmica é de vital importância quando um (ou mais) componente opera com correntes
impulsivas de grande intensidade e curta duração. Conhecendo a impedância térmica podemos calcular a diferença instantâ-
nea de temperatura para uma determinada potência a que o SCR esteja submetido:
∆T = Z T . P (2.28)
Tabela 2.1
Dissipadores SEMIKRON e seus valores de resistência térmica.
RESISTÊNCIA RESISTÊNCIA
MASSA TÉRMICA COM TÉRMICA COM
DIODOS DISSIPADORES APROXIMADA (g) CONVECÇÃO VENTILAÇÃO
NATURAL FORÇADA
(oC/W) (oC/W)
SKN12, SKR12 K9-M4 50 10,5 -
K9-M6 50 9,5 -
SKN20, SKR20
K5-M6 100 5,7 -
SKN26,SKR26
K3-M6 200 3,8 -
SKNa20
K1,1-M6 700 2,2 -
SKN45 K5-M8 100 5,0 -
SKR45 K3-M8 200 3,0 -
SKN70 K1,1-M8 700 1,3 0,60
SKR70 P1/120-M8 1300 0,85 0,40
SKN100 K3-M12 200 3,1 -
SKR100 K1,1-M12 700 1,2 0,40
SKN130 P1/120-M12 1300 0,65 0,27
SKR130 K0,55-M12 2000 0,65 0,25
Introdução à Eletrônica de Potência 35
Tj
∆T
t
t0 t1
Fig. 2.34- Representação gráfica do transitório térmico: um degrau de po-
tência excitando o sistema térmico e a correspondente resposta em tempe-
ratura.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 36
A estrutura do retificador monofásico de onda completa com ponto médio é apresentada na Fig. 2.35. Este retifica-
dor emprega obrigatoriamente um transformador , devido a necessidade de uma derivação central que possibilite manter a
tensão positiva sobre a carga quando a tensão da fonte inverte seu sentido.
T1
i1
V2
R
V1
i2
V2
T2
A estrutura apresenta duas seqüências de funcionamento. Durante o semiciclo positivo da tensão de alimentação o
SCR T1 é responsável, após o disparo em um dado ângulo α, pela condução da corrente de carga (i1). Durante o semiciclo
negativo, T1 bloqueia enquanto T2 será responsável, após o disparo em α + π, pela corrente de carga (i2). Podemos notar
que ambas as correntes tem o mesmo sentido e, portanto, a corrente na carga será contínua. A figura 2.36 apresenta as for-
mas de onda de tensão e corrente na carga para o retificador da figura 2.35.
Podemos calcular os valores de tensão e corrente média na carga através das seguintes expressões:
0,45 ⋅ V2
I Rmé d = ⋅ (1 + cos α) (2.30)
R
Para o cálculo da tensão e corrente eficaz na carga, empregam-se as expressões abaixo:
α sen2α
VRe f = V2 ⋅ 1 − + (2.31)
π 2 ⋅π
V2 α sen 2α
I Re f = ⋅ 1 − + (2.32)
R π 2 ⋅π
Introdução à Eletrônica de Potência 37
vRL
i RL
iG
ωt
0 α π α+ π 2π α+2π
As componentes média e eficaz da corrente sobre cada SCR em função das correntes média e eficaz na carga são
expressa por:
I Rmé d
I Tmé d = (2.33)
2
I Re f
I Tef = (2.34)
2
A tensão de pico sobre cada SCR é igual a soma das tensões de pico dos dois enrolamentos do secundário do trans-
formador.
VRRM = 2 ⋅ 2 ⋅ V2 (2.35)
O fato da tensão sobre cada diodo ser o dobro da tensão na carga constitui uma das desvantagens desta estrutura.
Quando o retificador monofásico de onda completa alimenta carga indutiva, pode ocorrer condução contínua ou
descontínua, dependendo dos valores de resistência e indutância de carga.
Devido aos SCRs serem comandados com ângulos complementares (α e α + π), quando a carga apresentar indu-
tância, a corrente se manterá mesmo após os SCRs serem polarizados reversamente.
• Descontínua - β < α + π;
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 38
• Contínua - β > α + π.
As formas de onda de corrente e tensão na carga para os modos contínuo e descontínuo são apresentadas, respecti-
vamente, pelas figuras 2.37 e 2.38.
vRL
i RL
ωt
ig
ωt
0 α π α+π 2π α+2π
Como a tensão média sobre o indutor é nula, pode-se calcular as componentes média de tensão e corrente na carga
empregando-se as expressões (2.36) e (2.37)
0,45 ⋅ V2
I RLmé d = ⋅ (cos α − cos β) (2.37)
R
A tensão eficaz na carga pode ser calculada por:
V2 β − α sen2α − sen2β
VRLef = ⋅ + (2.38)
2 π 2 ⋅π
γ
vRL
i RL
ωt
ig
ωt
0 α π β α+π 2π α+2π
• O ângulo de disparo é α = 0.
Como pode ser observado a partir da figura 2.35 a corrente i1 circula por um dos enrolamentos do secundário e
com um determinado sentido (positivo). Ao contrário, i2 circula com um sentido inverso (negativo) e pelo outro enrolamen-
to. Na carga, ambas correntes circulam no mesmo sentido (positivo).
Visto isto e as considerações inicialmente feitas, faz-se uma análise gráfica do comportamento do transformador,
conforme ilustra a figura 2.39.
Devido ao secundário do transformador ser dividido em dois enrolamentos, o aproveitamento do mesmo fica com-
prometido. O dimensionamento deve ser feito pela potência aparente do secundário que deve ser 57% maior do que a po-
tência da carga.
P2 = 1,57 . PL (2.39)
• Não apresenta o problema de saturação do núcleo do transformador por componente contínua de corrente no secundá-
rio.
• A corrente de carga tem menor conteúdo harmônico, sendo assim mais próxima de uma CC.
iRL
I
t
iT1 I
t
iT2 I
t
i2 I
-I
O retificador em ponte completa e suas duas seqüências de funcionamento são apresentados na figura 2.40. Como
a ponte completa emprega quatro SCRs ela é também chamada de ponte totalmente controlada.
T1 T2 T1 T2
+ +
V0 V0
Carga Carga
+ - - +
- -
T3 T4 T3 T4
VRRM = 2 ⋅ V0 (2.40)
O retificador monofásico em ponte apresenta como vantagem sobre o de ponto médio, o fato de não necessitar de
um transformador para o seu funcionamento. Porém, este tipo de retificador emprega quatro semicondutores, o que pode
aumentar o custo da estrutura.
Sempre que for necessário a adaptação de tensão ou isolamento de corrente é necessário o emprego de um trans-
formador . Para o estudo do seu comportamento junto da estrutura do retificador monofásico em ponte utiliza-se as mesmas
considerações feitas para o retificador de ponto médio.
Através da Fig. 2.41 pode-se verificar que não existe componente contínua de corrente circulando no secundário
do transformador e também que o enrolamento secundário do transformador é totalmente utilizado, ou seja, sempre circula
corrente em todo o enrolamento e não apenas em parte do mesmo.
Esta diferença, quando comparado o funcionamento do transformador nas estruturas retificadoras anteriormente
estudadas, é fundamental, pois indica um melhor aproveitamento do mesmo. Isto pode ser comprovado pela expressão 2.41
que fornece a potência aparente nominal necessária no secundário do transformador em função da potência de carga.
P2 = 1,1 . PL (2.41)
O retificador monofásico de onda completa funciona associado a um transformador sem que este último necessite ser su-
perdimensionado.
Durante o semiciclo positivo, a tensão da fonte de alimentação é aplicada na carga somente após o disparo de T1,
que conduzirá a corrente de carga juntamente com D2. No intervalo entre o início do semiciclo negativo e o disparo de T2, a
corrente circula em roda-livre através de T1 e D1 (figura 2.42a) ou D1 e D2 (figura 2.42b). Após o disparo de T2, que junta-
mente com D1 conduzirá a corrente de carga, é restabelecida a tensão na carga , até o início do semiciclo positivo. Do início
do semiciclo positivo até o novo disparo de T1, a roda-livre acontece por T2 e D2 ou D1 e D2, dependendo da configuração.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 42
iRL
I
t
i T1 ,iT4 I
t
i T2 ,iT3 I
t
i2 I
-I
T1 T2 T1 D1
+ +
V0 V0
Carga Carga
+ - - - +
-
D1 D2 T2 D2
(a) (b)
A seqüência de funcionamento da ponte mista da figura 2.42a é apresentada na figura 2.43 e sua formas de onda de
tensão na carga é ilustrada pela figura 2.44.
T1 T2 T1 T2
+ i
+
V0 V0
+ - - + -
i
- i
D1 D2 D1 D2
T1 T2 T1 T2
+ i
+
V0 V0
- + + - i-
i-
D1 D2 D1 D2
v carga
ωt
α π α+π 2π α+2π
T2 T1 T1 T2 T2 T1
D2 D2 D1 D1 D2 D2
A estrutura do retificador trifásico de ponto médio alimentando uma carga resistiva é apresen-
tada na figura. 2.45. Nesse tipo de retificador é indispensável a utilização do neutro do sistema de ali-
mentação.
Cada SCR estará diretamente polarizado quando a tensão da fase à que estiver ligado for mais
positiva que a tensão das outras duas fases. Isto ocorre durante 1200 por período. Devido ao fato dos
SCRs só se encontrarem diretamente polarizados quando a tensão que está ligada ao anodo do SCR se
torna mais positiva do que a que está ligada ao catodo, o ângulo de disparo é considerado zero quando
as duas ondas de tensão se interceptam, conforme ilustra a figura 2.46.
V1 T1
N V2 T2
V3 T3
RL
As Figs. 2.46 e 2.47 apresentam a forma de onda de tensão na carga para α = 300 e para α =
600. Observe que para 0 < α < 300 a condução é contínua e para α > 300 a condução é descontínua.
A Corrente média na carga é dada pela razão da tensão média pela resistência de carga.
VRmé d
I Rmé d = (2.44)
R
A corrente média sobre cada SCR é obtida dividindo-se a corrente média na carga por 3.
Introdução à Eletrônica de Potência 45
I Rméd
ITméd = (2.45)
3
Como para α < 300 tem-se condução contínua mesmo para cargas puramente resistivas e, con-
siderando que valores razoáveis de indutância provocam atrasos consideráveis na corrente de carga, o
estudo aqui realizado deter-se-á apenas na condução contínua. Assim:
Vmax = v1 v2 v3
2 Vo vR
Vmax
2
α=0 ωt
ωt
vD
-1,5 Vmax
- 3 Vmax
T1 T2 T3 T1
Fig.
2.46 - Formas de onda de tensão na carga e de tensão no SCR T1 para o reti-
ficador de ponto médio com α = 0.
v1 v2 v3
ωt
o
α = 30
v1 v2 v3
α = 60
o ωt
A estrutura trifásica de ponto médio pode operar em dois quadrantes, ou seja, como retificador
para 0 < α < 900 ou como inversor não-autônomo para 900 < α < 1800. Na Fig. 2.50 está representada a
forma de onda de tensão e corrente na carga com condução contínua e o retificador trifásico de ponto
médio operando como retificador.
VRLméd
V0
1,17
0 π/2 π α
-1,17
Vmd > 0 - Retificador Vmd < 0 - Inversor
v1 v2 v3
v RL
iRL
ωt
α = 48o
Fig. 2.50 - Tensão na carga para o retificador de ponto médio com carga
indutiva.
Introdução à Eletrônica de Potência 47
Assim como o retificador monofásico em ponte controlado, a ponte trifásica pode ser imple-
mentada de duas maneiras:
- ponte completa ou totalmente controlada, composta por seis SCRs;
- ponte mista ou parcialmente controlada, composta por três diodos e três SCRs.
A ponte de Graetz, apresentada na figura 2.51, pode ser considerada uma associação de dois re-
tificadores trifásicos de ponto médio, conforme ilustra a figura 2.52.
As formas de onda de interesse para α = 0 são apresentadas na figura 2.53. Percebe-se a partir
desta figura que o retificador trifásico em ponte proporciona uma tensão, e conseqüentemente, uma
corrente mais “lisa”, ou seja mais próxima da CC pura, independente do tipo de carga aplicada.
Sempre dois SCRs conduzem simultaneamente e a cada 600 ocorre uma comutação. Portanto, a
tensão na carga possui freqüência seis vezes maior que a da rede de alimentação.
V1 T1 T2 T3
V2
RL VRL
V3 T4 T5 T6
V1 T1
V2 T2
V3 T3 RL /2 VP
T4 N
RL /2 VN
T5
T6
v 12 v 13 v 23 v 21 v 31 v 32
v1 v2 v3
Vp
D1 D2 D3
D5 D6 D4
Vn
VRL
0o 60o 120o ωt
α=0
Fig. 2.53 - Formas de onda para o circuito da figura 2.51.
a. Carga Resistiva
Introdução à Eletrônica de Potência 49
Para valores de α compreendidos entre 0o e 60o tem-se condução contínua, mesmo para carga
puramente resistiva. Quando os SCR’s forem disparados entre 60o e 120o a condução será descontínua.
A Fig. 2.54 representa a tensão na carga para α = 60o e α = 90o.
O SCR pode entrar em condução sempre que, estando diretamente polarizado, receber o co-
mando por corrente de gatilho. A polarização direta ocorre após o cruzamento das tensões de fase em
ωt = 300 ou no cruzamento das tensões de linha em ωt = 600. Aqui adota-se a referência pelas tensões
de linha, então, α = 00 quando ωt = 600.
A Corrente média na carga é dada pela razão da tensão média pela resistência de carga.
VRmé d
I Rmé d = (2.49)
R
A corrente média sobre cada SCR é obtida dividindo-se a corrente média na carga por 3.
I Rméd
I Tméd = (2.50)
3
b. Carga Indutiva
Como para α < 600 tem-se condução contínua mesmo para cargas puramente resistivas e, con-
siderando que valores razoáveis de indutância provocam atrasos consideráveis na corrente de carga, o
estudo aqui realizado deter-se-á apenas na condução contínua. Assim:
A estrutura pode operar como retificador para 00 < α < 900 e como inversor para 900 < α <
120 . A Fig. 2.55 apresenta a tensão em uma carga indutiva para α = 900.
0
Quando a operação como inversor não é necessária, emprega-se a ponte mista (figura 2.56) com
as seguintes vantagens:
4 5 6 4 5 6
2 3 1 2 3 1 2
v 12 v13 v 23 v21 v 31 v32
v1 v2 v3
α = 90
(a)
4 5 6 4 5 6
2 3 1 2 3 1 2
v 12 v13 v 23 v21 v 31 v32
v1 v2 v3
α = 90
(b)
Fig. 2.54 - Tensão na carga para a ponte de Graetz com carga resistiva:
(a) α = 60 e (b) α = 90 .
o o
Introdução à Eletrônica de Potência 51
4 5 6 4 5 6
2 3 1 2 3 1 2
v 12 v13 v 23 v21 v 31 v32
v1 v2 v3
α = 90
Fig. 2.55 - Tensão na carga para a ponte de Graetz com carga indutiva pa-
ra α = 90 .
o
V1 T1 T2 T3
V2
RL VRL
V3 D1 D2 D3
Para efeito de análise, a ponte mista pode ser representada por dois retificadores de ponto mé-
dio, um controlado e um não controlado, conforme a figura 2.57.
Verificou-se em sala de aula, desenhando-se a tensão na carga para vários valores de α que in-
dependente do tipo de carga (resistiva ou indutiva), a ponte mista permite apenas tensão positiva na
carga, sendo a tensão média na mesma expressa por:
V1 T1
V2 T2
V3 T3 RL /2 VP
D1 N
RL /2 VN
D2
D3
Gradadores
Para variar-se a tensão eficaz sobre uma carga qualquer, mantendo-a em contato direto com a
fonte e sem tratamento intermediário de energia, podem ser empregados conversores estáticos conhe-
cidos por gradadores. Os gradadores podem ser construídos com triac's (Fig. 3.1a) , para cargas de pe-
quena potência, ou com SCRs (Fig. 3.1b), para potências maiores.
⇒ controle de temperatura
+
T RL
v vRL
L
-
(a)
T1
T2 +
RL
v i RL vRL
L
-
(b)
Seja o gradador apresentado na Fig. 3.1b alimentando uma carga puramente resistiva. A corren-
te média na carga é nula enquanto a tensão e a corrente eficaz na carga podem ser calculadas pelas ex-
pressões 3.1 e 3.2.
1
α sen2α 2
VRe f = VO 1 − + (3.1)
π 2π
1
V α sen2α 2
I Re f = O 1 − + (3.2)
R π 2π
2 . VO
I Tmed = ( cosα + 1) (3.3)
2 π. R
Introdução à Eletrônica de Potência 55
I Re f
I Tef = (3.4)
2
As formas de onda de um gradador monofásico alimentando uma carga resistiva são apresenta-
das na figura 3.2.
v
RL
i
RL
ωt
v
T
π α+π
α ωt
Fig. 3.2 - Tensão e corrente na carga e tensão sobre os Scr’s para o gra-
dador monofásico alimentando uma carga resistica
3.2.2 Carga RL
R
cos φ = (3.5)
R 2 + (ω. L) 2
onde
ω. L
φ = tan−1 (3.6)
R
é o ângulo da carga.
Para uma carga RL pode ocorrer conducão contínua ou descontínua, dependendo apenas de φ e
do ângulo α de disparo dos tiristores.
2 . V0
IPICO = (3.7)
R 2 + ( ω. L)
2
o o
φ = 15 o φ = 30 o φ = 45 φ = 60 φ = 75 o
180
φ = 90 o
160
140 o
φ =0
120
100
γ ( o)
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
α ( o)
o o
φ = 45 o φ = 60 φ = 75
0.318
o
φ = 90
0.254
0.191 φ = 0o
Ι Tmed
0.127
0.064
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
α
Fig. 3.4 - Corrente I Tmed em função de α para vários valores do ângulo de
carga φ.
o
φ = 45o φ = 60o φ = 75
0.5
φ = 0o φ = 90o
0.4
0.3
ΙTef
0.2
0.1
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
α
As formas de onda de interesse para o gradador monofásico alimentando uma carga indutiva
são mostradas na Fig. 3.6.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 58
v
RL
i
RL
ωt
v
T
β α+π
β−π α β+π ωt
As estruturas trifásicas mais utilizadas industrialmente estão representadas nas Fig. 3.5, 3.6 e
3.7.
v1 T1
RL L
T4
v2 T2
N RL L
T5
v3 T3
RL L
T6
v1 T1
RL L
T4
v2 T2
RL
N
T5
v3 T3 L
RL L
T6
v1 T1
RL L
T4
T5 T2
v2
N
RL
v3 L T3
RL L
T6
⇒ Presença de fator de potência variável, pois o mesmo é função do ângulo de disparo. Para
valores elevados de α, o fator de potência é muito baixo.
Em algumas aplicações, como aquecimento resistivo, pode-se utilizar o controle por ciclos in-
teiros, onde aplica-se sobre a carga uma quantidade n de ciclos da rede por um intervalo de tempo t1 e
desliga-se a carga da rede por um tempo t2. A soma dos tempos t1 e t2 constitui o período de controle T,
composto de N ciclos onde:
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 60
n≤N
t1 + t 2 = T
2 Io
t1 t2
A corrente assume um valor eficaz igual a I0 durante o intervalo de tempo t1 e igual a zero du-
rante t2. A corrente eficaz total no período de controle é:
t1
I ef = .I (3.9)
T 0
Pode-se também escrever:
n
I ef = .I (3.10)
N 0
Mantendo-se constante o período de controle (ou o número de ciclos totais N), pode-se contro-
lar a potência transferida à carga pelo número de ciclos aplicados n.
P = R. I ef 2 (3.11)
n
P= . R. I 20 (3.12)
N
⇒ Não há geração de RFI, visto que a operação é sempre com formato senoidal puro;
Maior expectativa de vida para os tiristores, já que a corrente inicial é sempre baixa (baixo di/dt).
Introdução à Eletrônica de Potência 61
Comutação
Sabe-se que toda fonte de alimentação apresenta uma impedância interna, que pode ter as se-
guintes origens:
Considerando a estrutura de um retificador trifásico de ponto médio onde, em série com cada
fase da fonte de alimentação trifásica tem-se uma indutância LC, denominada impedância de comuta-
ção e que representa a impedância interna da fonte, estudaremos o fenômeno da comutação.
V D
I
I
V D
V D
I D1 = I (4.1)
circula, ID1, não anular-se instantaneamente. Desta forma, durante o intervalo de tempo em que ocorre
a comutação, os diodos D1 e D2 conduzem simultaneamente a corrente de carga I, conforme podemos
constatar através da figura 4.2.
V D
I
I
V D
I
V D
I = I D1 + I D 2 (4.2)
No instante t1, sendo t1-t0 o intervalo de tempo da comutação, o diodo D2 assume integralmente
a corrente de carga e D1 bloqueia efetivamente. Assim:
I D2 = I (4.3)
Durante as comutações, como existe a condução de, no mínimo, duas chaves (diodos, tiristores,
transistores etc.), a carga fica submetida à diferença instantânea de tensão entre as fases da fonte de a-
limentação. No caso da figura 4.2, a tensão sobre a carga é dada pela média aritmética dos valores ins-
tantâneos das tensões V1 e V2. Assim, o valor da tensão resultante na carga durante a comutação entre
D1 e D2 é:
V1 + V2
V= (4.4)
2
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 64
Na figura 4.3, vemos as formas de onda das tensões e correntes durante a comutação entre D1 e
D2. Podemos notar pela área hachurada que existe uma redução nos valores instantâneos da tensão so-
bre a carga, resultando em um menor valor médio. Este é o principal efeito provocado por LC.
VLC = n. f . L C . I (4.5)
u = ωt 1 − ωt 0 ( rad ) (4.6)
−1 ω. L C . I
u = cos 1 −
( )
(4.7)
2 . V0 . sen π n
Vcarga
V V2
1
i d1 i d2
I
ωt 0 ωt1
Neste caso, a indutância de dispersão do primário lp dever ter seu valor refletido ao secundário
da seguinte forma:
N 2 2
lp '= .l p (4.8)
N1
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 66
A reflexão da(s) indutância(s) de dispersão do primário deve levar em conta o número de enro-
lamentos do primário e o número de enrolamentos do secundário do transformador. A indutância de
dispersão refletida do primário ao secundário é, então:
N S . N 2 2
lp ''= .l p (4.9)
N P . N1
Devemos observar porém, que a indutância refletida do primário para o secundário é propor-
cional ao número total de espiras do primário e do secundário. Portanto, quando o número de enrola-
mentos do secundário for diferente do número de enrolamentos do primário, devemos verificar a con-
tribuição da indutância refletida sobre o total de espiras sobre cada enrolamento.
Como exemplo podemos citar um transformador com apenas um enrolamento primário e dois
enrolamentos secundários (derivação central), como aquele utilizado pelo retificador monofásico de
ponto médio, onde a contribuição da indutância refletida ao secundário sobre cada enrolamento é igual
a metade da indutância total refletida.
A impedância total do secundário do transformador, que irá interferir nas comutações, é dada
por:
L C = l p '+ l s (4.10)
(a)
(b)
φ1
1.6 Exemplo
lp = 0,6mH D1
l S = 3,5mH
N2 = 200 espiras RL = 2 Ω
220 V N1 = 150 espiras
60 Hz L = 50 mH
N2
l S = 3,5mH
D2
Solução:
2 ⋅ 200 2
l p '' = ⋅ 0,6m = 4,3mH
150
A tensão média na carga será a tensão média que se teria sem a presença da indutância de co-
mutação menos a redução média de tensão causada pela indutância de comutação. Assim:
Vmed = 0,9 ⋅ Vo − n ⋅ f ⋅ I ⋅ L C
I ⋅ R = 0,9 ⋅ Vo − n ⋅ f ⋅ I ⋅ L C
Assim:
I = 98,6 A
−1 377 ⋅ 5,65 ⋅ 10 −3 ⋅ 98,6
u = cos 1 − ≅ 60 o
( )
π
2 .293,33 ⋅ sen 2
Introdução à Eletrônica de Potência 69
Circuitos de Comando
5.1 Introdução:
A função básica dos circuitos de comando é determinar, manual ou automaticamente, o instante apropriado para o
disparo dos interruptores eletrônicas dos conversores estáticos e enviar a corrente de disparo com a forma e o valor mais
adequado.
O comando mais utilizado em retificadores controlados é aquele em que se realiza a comparação de uma onda den-
te de serra sincronizada com a tensão de alimentação com uma tensão contínua. O instante de disparo do(s) SCR(s) é aquele
em que as duas tensões apresentam o mesmo valor instantâneo.
A figura 5.2 mostra o diagrama de blocos de um circuito básico de comando. O transformador, além de reduzir a
tensão da rede, proporciona o isolamento galvânico do circuito. O bloco 1 é o responsável pela geração da dente de serra
sincronizada com a da tensão de alimentação, tensão esta que serve como tensão de referência. No bloco 2 a rampa é com-
parada com uma tensão contínua de comando (VC), produzindo uma onda retangular na saída. Os blocos 3 e 4 são, respecti-
vamente, um oscilador e uma porta lógica E. A porta lógica é a responsável pela produção de um trem de pulsos. Por últi-
mo, o bloco 5 é o responsável pelo isolamento amplificação e envio do sinal de gatilho.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 70
vL
iG
α π 2π α+2π
V3 CARGA
3
VR
V2 V4 T
1 2 4 5 iG
N VC
O TCA 785 é um CI dedicado ao controle de SCRs e triacs. O pulso de gatilho pode ser deslocado em uma faixa
entre 0o e 180o.
Introdução à Eletrônica de Potência 71
vR
vC
v2
v3
iG
vL
α π 2π α+2π
O diagrama de blocos da figura 5.4 e o diagrama de pulsos da figura 5.5 apresentam as funções essenciais do TCA
785.
O sinal de sincronismo é obtido a partir da rede de alimentação através de um resistor de alta impedância (pino 5).
Um comparador detecta a passagem por zero da tensão de alimentação e informa ao registrador de sincronismo. Este regis-
trador controla um gerador de rampa, o capacitor externo C10 (< 0,5 µF) o qual é carregado por uma corrente constante de-
terminada por um resistor externo R9 (20 a 500 kΩ). O tempo de subida da rampa é determinado pela combinação RC.
Quando a tensão de rampa V10 excede, a tensão de controle V11, um sinal é enviado a Lógica. Dependendo da magnitude da
tensão de controle V11, o ângulo de disparo α pode ser deslocado numa faixa de 0o a 180o.
Para todo semiciclo, um pulso positivo de aproximadamente 30µs de duração aparece nas saídas Q1 e Q2. A dura-
ção do pulso pode ser prolongada até 180o via capacitor externo C12, conforme a tabela 5.1. Se o pino 12 é conectado a ter-
ra, resultam pulsos com uma duração de 180o - α. As duas saídas Q1 e Q2, em seguidor de emissor, podem fornecer uma
corrente de 250 mA. As demais saídas são em coletor aberto com capacidade máxima de corrente de 10 mA.
Um sinal de α + 180o o qual pode ser usado para controlar uma lógica externa está disponível no pino 3.
Um sinal que corresponde a lógica não-ou entre Q1 e Q2 está disponível na saída QZ (pino 7).
A tensão CC de alimentação é internamente regulada para uma tensão de referência de 3.1 V. Isto faz com que a
operação do CI fique insensível as oscilações da tensão de alimentação e admita uma tensão de alimentação de 8 a 18 V
CC. O potencial positivo da fonte de alimentação deve ser aplicada ao pino 16 e o potencial negativo (terra) ao pino 1. O
consumo de corrente do CI é cerca de 6,5 mA.
Tabela 5.1
Largura do pulso da saída em função do capacitor C12
Capacitância C12 para exten-
0 100 220 330 680 1000
são do pulso (pF)
Largura do pulso (µs) 30 80 130 200 370 550
Detector de zero
Sincronismo 5 Registrador
Monitor de 14 Q1
descarga de
Alimentação 16
Sincronismo 15 Q2
3.1V
=
= 4 Q1
Lógica
Icte Controlador de 2 Q2
- controle
Terra 1
+ 3 Qu
Transistor
de descarga 7 Qz
8 9 10 11 6 13 12
Inibição
Quando o conversor alimenta uma carga puramente resistiva, um pulso de corrente de gatilho com 10 µs de dura-
ção é suficiente para colocar um SCR em condução. Quando a carga for indutiva, a corrente de gatilho deve ser mantida
com o valor adequado durante o tempo necessário para que a corrente de ânodo atinja o valor da corrente de retenção IL.
Até o momento, estudou-se circuitos de comando que controlavam a potência transferida à carga através do
controle do ângulo de disparo ou de fase α.
O controle de fase é normalmente empregado onde se deseja uma resposta dinâmica rápida ou, ainda, quando a
carga não permite a utilização de outro processo. Temos como casos típicos, o controle de intensidade luminosa de lâmpa-
das incandescentes e de velocidade de motores CC.
• Geração de interferência RF, pois ocorre a introdução de harmônicas importantes na rede de alimentação;
Introdução à Eletrônica de Potência 73
• Presença de fator de potência variável, pois o mesmo é função do ângulo de disparo. Para valores elevados de α, o fa-
tor de potência é muito baixo.
Em determinadas aplicações, onde não há necessidade de uma resposta dinâmica muito rápida, pode ser utilizado o
sistema de controle por ciclos inteiros. A idéia é trabalhar com o formato senoidal puro, onde a potência é controlada pelo
número de ciclos entregues a carga. A figura 5.5 mostra o princípio de funcionamento deste controle.
v
C1
v
C2
A potência é controlada através da relação entre TON e TOFF. A constante de tempo deve ser suficientemente alta
para integrar os “pacotes de energia”, de modo que seja obtido o valor médio dos mesmos. O controle por ciclos inteiros se
adapta perfeitamente em aplicações de aquecimento resistivo. Como vantagens esse processo oferece:
•Não há geração de RFI, visto que a operação é sempre com formato senoidal puro;
• Maior expectativa de vida para os tiristores, já que a corrente inicial é sempre pequena (baixo di/dt).
O circuito que aciona os tiristores deve ter uma lógica que permite dispará-los sempre na passagem por zero, de
modo que as formas de onda na carga sejam senoidais. Não é necessário preocupar-se com o desligamento em zero, já que
esta é uma característica dos tiristores com carga puramente resistiva.
A figura 5.6 mostra um diagrama de blocos proposto para o acionamento por ciclos inteiros. O modulador PWM
fornece pulsos (sinal de recorte) cujo a largura é proporcional à tensão de controle. A modulação é feita comparando-se
uma rampa linear com um nível CC que é a tensão de controle, conforme mostra a figura 5.7.
V0
Modulador PWM Detector de Zero Tiristor
VC
Carga
VCONT VS
(Tensão de Controle) (Tensão de Sincronismo)
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 74
vR
vCONT
v
0
vC
Porém neste tipo de acionamento, o número de semi-ciclos pode ser ímpar. Um número ímpar de semi-ciclos in-
troduz na carga uma componente contínua, o que pode ser prejudicial se a alimentação da carga é feita por transformadores.
Uma solução para se obter períodos inteiros, consiste em obter o sinal de recorte a partir de um gerador de escada cujos
“degraus” tenham uma duração igual ao período da rede (figura 5.8). Outra solução seria conservar a lógica da figura 5.6,
porém fazendo com que o disparo do tiristor no semi-ciclo positivo imponha automaticamente a condução do mesmo duran-
te o semi-ciclo negativo seguinte.
VCC
Gerador de
Escada
Comparador
V0
VCONT
Material necessário
Procedimento
Fonte Linear
F 1N4004 +Vcc
____________________________________________________________________
V11 e V10
V15
V14
V2
V2 com o pino 12
aterrado
V3
V7
Fi
g.2 - Diagrama de Pulsos do TCA 785
Introdução à Eletrônica de Potência 77
Inversores
6.1 - Introdução:
Os inversores são conversores estáticos que transformam energia elétrica de corrente contínua
em energia elétrica de corrente alternada.
•Aquecimento indutivo;
S1 i S2
R
E -
+
VR
S3 S4
VR , iR
E/R
t
-E
-E/R
S1 , S4 S2 , S3 S1 , S4
Quando a carga for indutiva, devem ser adicionados a estrutura da figura 6.1 os diodos de circu-
lação D1, D2, D3 e D4, como indica a figura 6.3. Observe que com carga indutiva a fonte E deve ser re-
versível em corrente.
i S 1 D1 S2 D 2 S 1 D1 S2 D 2
i
i RL i RL
E - S D E
S3 D3+ VRL 4 4 S3 D3 - V RL + S4 D4
S1 D1 S2 D 2 i S 1 D1 S2 D 2
i
i RL i RL
E - S D E - S D
S3 D3+ VRL 4 4 S3 D3+ VRL 4 4
Este circuito representado na figura 6.5, emprega apenas um braço, sendo desse modo mais
simples de ser comandado que o inversor em ponte.
V ,i
RL RL
E
Imax
Imin
-E
D1 S ,S D2 S ,S D1 S ,S
D4 1 4 D3 2 3 D4 1 4 CONDUZINDO
S ,S S ,S S ,S HABILITADO
1 4 2 3 1 4
S1 D1
E/2
S2 D2
E/2
Este circuito é apropriado para baixas freqüências e baixas potências e apresenta as seguintes
características:
D1
S1
n1 R
n2
E
S2 n1 L
D2
Fig. 6.6 - Inversor Push-Pull
O controle na entrada é muito comum. Quando a fonte de entrada for uma bateria, emprega-se
um conversor CC-CC; quando a fonte de entrada for alternada, emprega-se um retificador controlado.
D1 D1
S1 + i E S1 v-
v1 i RL
- +
R +
1
- i RL R
v2 v2
E + E - +
iE S2 v1 - L
S2 v 1 L
- +
D2 D2
D1 D1
S1 - S1 +
iE v1 i R v1
+ - RL - + i RL R
E - v2 E + v2
S2 v1 + L
S2 v1 - L
+ -
D2 D2
Fig. 6.7 - Etapas de funcionamento do Inversor Push-Pull.
Para a estrutura da figura 6.9, sejam as formas de onda apresentadas na figura 6.10. Observe
que a tensão média na carga depende da defasagem entre VAN e VBN. Assim o controle de tensão de
saída pode ser obtido através da variação do ângulo de deslocamento θ. Quando θ for nulo, obtém-se a
máxima tensão de saída. Quando θ = π, VL = 0.
A figura 6.11 apresenta as formas de onda de interesse para o controle por defasagem da tensão
de saída em um inversor monofásico em ponte alimentando uma carga RL.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 82
VRL , iRL
E
Imax
Imin
-E
iE
VS1
2.E
t
D2 S2 D1 S1 D2 S2
E/2 S1 S2
A B
O CARGA
+ VL -
E/2
S3 S4
VAO
E/2
S1 S1
S3 t
-E/2
VBO
E/2
S2
S4 S4 t
VAB -E/2
θ
E
-E
Fig. 6.10 - Formas de onda da tensão na carga para o controle por defasagem
A modulação PWM (Pulse Width Modulation) é bastante utilizada nos inversores comerciais
mais antigos, por ser facilmente implementada com circuitos analógicos. senoidal. Ela é utilizada para
se reduzir as harmônicas de tensão na carga. A figura 6.12 mostra um exemplo de modulação senoidal
a dois níveis (E, -E).
Através da comparação entre uma forma de onda triangular e uma forma de onda senoidal de-
termina-se os instantes de comutação das chaves Sn do inversor em ponte da figura 6.10. Variando a
amplitude de VR ou de VT regula-se a amplitude da fundamental da tensão de saída VL.
A modulação PWM apresentada na figura 6.12 possui um único comando para cada duas cha-
ves (S1,S4 e S2,S3), sendo que o comando de S2 e S3 é complementar ao comando de S1 e S4. Observe
que entre o comando e o seu complementar deve ser utilizado um tempo morto (onde não é enviado
sinal de comando para nenhuma das chaves), evitando um curto circuito entre as chaves que atuam de
forma complementar.
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 84
S1 S1
S3
S2 S2
S4 S4
VAB
iRL
iS1
iS4
iD3
iD2
Fig. 6.11 - Controle de Tensão por defasagem, inversor monofásico em ponte, car-
ga RL.
VT
VR
VL E
-E
Fig. 6.12 - Modulação por Largura de Pulso Senoidal para o inversor monofásico
em ponte.
Introdução à Eletrônica de Potência 85
CONVERSORES CC-CC
7.1 - Introdução:
Os conversores CC-CC controlam o fluxo de energia entre dois sistemas de corrente contínua.
Estes conversores são empregados, principalmente, em fontes de alimentação e para o controle de ve-
locidade de motores de corrente contínua.
A figura 7.1 mostra um conversor conectando dois sistemas cujos terminais apresentam correntes e
tensões contínuas.
Ii Io
+ +
CC
Ei Eo
CC
- -
Fig. 7.2 - Conversor CC isolado, formado por dois conversores CA/CC cas-
cateados.
VRM = D ⋅ E i (7.1)
onde
S
+
Ei R VR
-
VR (a)
Ei
t ON t
T
(b)
t ON
D= (7.2)
T
com
D - razão cíclica
T - período de operação
Seja a estrutura apresentada na figura 7.4a, que possui duas etapas de funcionamento, confor-
me as figuras 7.4b e 7.4c. O indutor L é colocado em série com a fonte Eo para obter-se pequena ondu-
lação na corrente de carga.
Na primeira etapa (figura 7.4b), o interruptor S encontra-se fechado e a corrente de carga é for-
necida pela fonte Ei; VD é aproximadamente igual a Ei., o diodo D está reversamente polarizado e Co
está se carregando. Na segunda etapa (figura 7.4c), o interruptor S encontra-se aberto e a corrente de
carga circula pelo diodo D. A tensão VD é transformada pelo filtro LC em uma tensão CC “limpa”.
(E i − E o ) ⋅ t
S ON ⇒ i L = I min + (7.3)
L
E o ⋅ ( t − t ON )
S OFF ⇒ i L = I max − (7.4)
L
Observe que para a obtenção das equações 7.3 e 7.4 os interruptores foram considerados ideais
e a condução contínua.
As formas de onda para o conversor CC-CC da figura 7.4 em regime permanente são apresen-
tadas na figura 7.5.
Deseja-se obter uma expressão que relacione corrente média e a tensão na saída:
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 88
S L
+
E D C R E
-
(a)
S L
iL
+
E D C R E
-
(b)
S L
iL +
Ei D C R Eo
-
(c)
Fig. 7.4 - (a) Conversor CC-CC abaixador com filtro LC, (b) Primeira eta-
pa de funcionamento e (c) Segunda etapa de funcionamento.
1 ∆i L+ ⋅ t ON ∆i L− ⋅ t O
Io = ⋅ + (7.5)
T 2 2
mas:
então:
1 ∆i L+ ⋅ t ON ∆i L+ ⋅ t O
Io = ⋅ + (7.7)
T 2 2
e de (7.6) resulta:
(Ei − Eo ) Eo
⋅ t ON = ⋅t (7.8)
L L O
ou:
(Ei − Eo )
to = ⋅ t ON (7.9)
Eo
Introdução à Eletrônica de Potência 89
VD
Ei
t
iL
I máx
Io
I mín
t
i Ei
t
iD
t
t ON t OFF
T
VD
Ei
Eo
t
iL
I máx
∆ iL+ ∆ iL -
tO t
t ON t OFF
T
∆i L+ ⋅ t ON E i − E o
Io = ⋅ 1 + (7.10)
2⋅T Eo
mas:
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 90
(Ei − Eo )
∆i L+ = ⋅ t ON (7.11)
L
Assim:
t ON 2 ⋅ E i Ei − Eo
Io = ⋅ (7.12)
2⋅T⋅ L Eo
ou
D2 ⋅ E i E i
Io = ⋅ − 1 (7.13)
2 ⋅ L ⋅ f Eo
Fazendo:
Eo
=a (7.14)
Ei
obtém-se:
2 ⋅ L ⋅ f ⋅ Io 1
= D2 ⋅ − 1 (7.15)
Ei a
2 ⋅ L ⋅ f ⋅ Io
onde = I o é a corrente média na saída parametrizada.
Ei
Assim:
1
I o = D2 ⋅ − 1 (7.16)
a
ou
D2
a= (7.17)
I o + D2
A expressão (7.16) é válida para condução descontínua.
a=D (7.18)
Traçando a expressão (7.16) para diversos valores de razão cíclica, obtém-se a característica de carga
dos conversores CC-CC abaixadores, mostrada na figura 7.7.
Observa-se, da figura acima, que quando a condução é descontínua a tensão de carga varia com a
corrente de carga. Esta forma de funcionamento é indesejável porque dificulta o controle do conversor.
2 ⋅ L CR ⋅ f ⋅ I o
= D ⋅ (1 − D) (7.18)
Ei
a
1
D = 0,9
0.8
D = 0,7
0.6
D = 0,5
0.4
D = 0,3
0.2
D = 0,1
0
0 0.12 0.24 0.36 0.48 0.6
Io
Condução descontínua
Condução contínua
Fig. 7.7 - Característica de Carga do conversor abaixador.
Observa-se, a partir da figura 7.4, que a corrente através de L é igual a corrente média da carga
Io mais uma ondulação ∆iL. Admitindo-se uma ondulação máxima de corrente no indutor ∆iL = 0,4 Io,
obtém-se da equação 7.16:
2,5 ⋅ (1 − D) ⋅ D ⋅ E i
L= (7.19)
f ⋅ Io
IC = IL - Io = ∆iL (7.20)
A corrente IC provoca uma ondulação de tensão no capacitor ∆VC e uma queda de tensão na sua
resistência série ∆VRSE. A figura 7.8 apresenta a ondulação total da tensão na saída ∆Vo e suas duas
componentes, que como se pode observar estão defasadas de 900. Percebe-se desta figura que a ondu-
lação na saída será aproximadamente igual a componente de maior amplitude.
∆Q
∆VC = (7.21)
C
mas
1 ∆i L T ∆i L ⋅ T
∆Q = ⋅ ⋅ = (7.22)
2 2 2 8
D ⋅ (1 − D) ⋅ E i
∆VC = (7.23)
8⋅ L⋅C⋅ f 2
(1 − D) ⋅ E i
∆VRSE = ⋅ RSE (7.25)
L⋅f
De acordo com o que foi discutido anteriormente, para se selecionar o capacitor de saída é pre-
ciso conhecer a sua resistência série. A partir da ondulação desejada na saída calcula-se o valor do ca-
pacitor pela expressão (7.24) e sua máxima RSE empregando a expressão (7.25) fazendo ∆VC =
∆VRSE.= ∆Vo.
Introdução à Eletrônica de Potência 93
∆ VRSE
∆ VC
∆Vo
L D
+
Ei S C R Eo
-
Se a ondulação de corrente no indutor L for pequena, de modo que IL possa ser considerada
constante, o circuito da figura 7.9 pode ser redesenhado conforma a figura 7.10.
+
IL S C R Eo
-
Se o interruptor opera com freqüência fixa e razão cíclica variável, as formas de onda de cor-
rente e tensão no interruptor para o circuito da figura 7.10 são apresentados na figura 7.11.
Wi = E i ⋅ I ⋅ T (7.26)
Wo = E o ⋅ I ⋅ t OFF (7.27)
Wo = E o ⋅ I ⋅ ( T − t ON ) (7.28)
E i ⋅ I ⋅ T = E o ⋅ I ⋅ ( T − t ON ) (7.29)
Assim:
1
Eo = Ei ⋅ (7.30)
1− D
IS
t
VS
Eo
t ON t OFF
T
1 ∆i L + ⋅ t O
Io = ⋅ (7.31)
T 2
onde:
Introdução à Eletrônica de Potência 95
VS
Eo
Ei
t
iL
I máx
∆ iL+ ∆ iL -
tO t
t ON t OFF
T
Ei
∆i L+ = ⋅t (7.32)
L ON
então:
E i ⋅ t ON ⋅ t O
Io = (7.33)
2⋅L⋅T
mas:
e de (7.34) resulta:
Ei E − Ei
⋅ t ON = o ⋅ tO (7.35)
L L
ou:
Ei
to = ⋅t (7.36)
E o − E i ON
t ON 2 ⋅ E i Ei
Io = ⋅ (7.37)
2 ⋅T⋅L Eo − Ei
ou
Eletrônica de Potência - Gerência de Eletrônica - ETFSC 96
Ei D 2
Io = ⋅ (7.38)
2 ⋅ L ⋅ f Eo
− 1
Ei
Fazendo:
Eo
=a (7.39)
Ei
obtém-se:
2 ⋅ L ⋅ f ⋅ Io D2
= (7.40)
Ei a −1
2 ⋅ L ⋅ f ⋅ Io
onde = I o é a corrente média na saída parametrizada.
Ei
Assim:
D2
Io = (7.41)
a −1
ou
D2
a = 1+ (7.42)
Io
As expressão (7.41) e (7.42) são válidas para condução descontínua. No limite da descontinui-
dade tem-se:
Eo 1
=a = (7.43)
Ei 1− D
1
Assim, fazendo-se a = na expressão (7.40), obtém-se:
1− D
2 ⋅ L CR ⋅ f ⋅ I o
= D ⋅ (1 − D) (7.44)
Ei
a −1
ou, substituindo D = em (7.40), resulta:
a
2 ⋅ LCR ⋅ f ⋅ I o a − 1
= 2 (7.45)
Ei a
Introdução à Eletrônica de Potência 97