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CORPO DE BOMBEIROS DA PMPR

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

1
CORPO DE BOMBEIROS DA PMPR

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

O Corpo de Bombeiros da PMPR 3ª Edição


autoriza a reprodução total ou Revisada e Ampliada
parcial, desde que citada a fonte.
Curitiba, PR, abril de 2010
Comandante do Corpo de Bombeiros da PMPR
Cel. QOBM Geraldo Domaneschi

Chefe do Estado do Corpo de Bombeiros da PMPR


Cel. QOBM Hercules William Donadello

Chefe da 3ª Seção do Estado Maior/CCB


Ten-Cel. QOBM Carlos Ferreira Nascimento

Chefe do Centro de Ensino e Instrução do CB


Cap. QOBM Gerson Gross

Equipe de Elaboração
Major QOBM Edemilson de Barros
Major QOBM Paulo Henrique de Souza
Major QOBM Fernando Raimundo Schunig
Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

Revisão Ortográfica
Naemi Rosana Habermann Avila

Organização
Major QOBM Edemilson de Barros
barros@pm.pr.gov.br
Aos nossos grandes mestres!

Cel. BMRR Rene Raul Wengeroth Silva

Ten-Cel. BMRR João Carlos Pinkner

In Memorian
PREFÁCIO

Este Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais é uma


atualização dos antigos alfarrábios que foram elaborados para suprir a
necessidade surgida logo após os incêndios florestais no Paraná em 1963, sendo
uma obra direcionada a todos os bombeiros que já atuaram em fogo de
vegetação.
Os primeiros mementos na área de incêndio florestal foram de autoria do
falecido Coronel QOBM Renê Raul Wengeroth Silva, que foi um estudioso de
assuntos de bombeiro de um modo geral, sempre buscando com isso a melhoria
da instrução e principalmente a padronização de condutas operacionais.
Destaco também nesta área de incêndios florestais a importante
colaboração do falecido Tenente Coronel João Carlos Pinkner, pioneiro juntamente
com outros Oficiais do Corpo de Bombeiros do Paraná pela implantação e
divulgação dos Cursos de Combate a Incêndio Florestal no Estado do Paraná e
para outras corporações da Federação.
A evolução nesta área técnica possibilitou a ida de Oficiais Bombeiros
Militares para os Estados Unidos da América, tanto que em 1993 fomos eu e o
Major Barros representar o Estado do Paraná num intercâmbio com o “US Forest
Service” / Department of Agriculture do Governo Americano, de onde trouxemos
conhecimentos para a aplicação na doutrina de combate a incêndios florestais no
Estado.
Na sequência foram ministrados vários cursos nesta área aos integrantes da
nossa Corporação e das Coirmãs, sempre trazendo novos conhecimentos e
consequentemente o aperfeiçoamento profissional digno de ser estendido a
diversos segmentos ligados ao setor florestal.
Em síntese, este trabalho é um compêndio de literatura, de conhecimentos
práticos e o mais importante, de muita paixão pela prevenção e combate a
incêndios florestais.
Congratulo-me com o Major Barros, um exemplo de bombeiro na
Corporação, pela sua iniciativa e dedicação esperando que este manual, bem
elaborado e organizado, sirva a todos, sendo uma forma de colaboração na
preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

Marcos Antonio Jahnke, Maj. QOBM, Corpo de Bombeiros do Paraná


Pintura “Queimada” – óleo sobre tela de Alfredo Andersen (1860/1935)
Retrata um incêndio florestal no Estado do Paraná
Fonte: Acervo do Palácio Iguaçu – Sede do Governo do Estado do Paraná
INTRODUÇÃO

No ano de 1963 o Estado do Paraná foi assolado por um dos maiores


incêndios florestais que se tem notícia. Chamou-se naquela época tal evento de
“Paraná em Flagelo”. Foram queimados aproximadamente 2.000.000 ha entre
plantações, florestas e campos, tendo ainda o trágico saldo de 73 mortes, cerca
de 4.000 residências queimadas, desabrigando 5.700 famílias.
Por ser um assunto novo na época, as ações de combate foram
extremamente dificultadas, tendo em vista a escassez de pessoal especializado e
recursos necessários.
A partir deste fato, vislumbrou-se a necessidade de organizar, no Estado do
Paraná, uma estrutura para o combate a incêndios florestais, com homens
treinados, material e equipamento especializado.
Foram desenvolvidos estudos viabilizando a implantação de um Curso que
contemplasse o assunto em questão e o Corpo de Bombeiros da PMPR formava
então, no ano de 1967, a primeira turma no Curso de Prevenção e Combate a
Incêndios Florestais.
A formação e doutrina foi baseada no sistema do United States Forest
Service, graças ao empenho e dedicação do então Tenente Renê Raul Wengenroth
Silva, que com a ajuda do Sargento Richard Pedro Bahr e de Celso Schoeniger
traduziram manuais norte americanos, adaptando-os e elaborando assim o
Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, que possibilitou ao Corpo
de Bombeiros do Estado do Paraná assumir a vanguarda de tal atividade,
formando combatentes em diversos Estados da União, bem como participando de
diversas operações em outros Estados, como na Força Tarefa que integrou as
equipes na ajuda ao combate a incêndios florestais no Estado de Roraima em
1998.
Atualmente o Corpo de Bombeiros do Paraná já formou na atividade de
prevenção e combate a incêndios florestais mais de 1000 combatentes e
prevencionistas oriundos de vários Estados do Brasil, contribuindo desta forma,
para a manutenção de nossas matas, florestas e na preservação do meio
ambiente.

CURITIBA, PR, ABRIL DE 2010


SUMARIO

1 TEORIA BÁSICA FLORESTAL.............................................................. 16


1.1 FOGO.................................................................................................. 16
1.1.1 Combustível........................................................................................ 16
1.1.1.1 Classificação dos combustíveis............................................ 16
1.1.2 Comburente........................................................................................ 17
1.1.3 Calor................................................................................................... 17
1.1.3.1 Unidades de calor................................................................ 17
1.1.3.2 Calor de combustão............................................................. 17
1.1.3.3 Absorção de calor................................................................ 17
1.1.3.4 Métodos de transmissão de calor......................................... 18
1.1.4 Temperatura....................................................................................... 20
1.1.4.1 Ponto de fulgor.................................................................... 20
1.1.4.2 Ponto de combustão............................................................ 20
1.1.4.3 Ponto de ignição.................................................................. 20
1.1.5 Tetraedro do fogo............................................................................... 20
1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTÃO......................................................... 21
1.2.1 Fases da combustão........................................................................... 21
1.2.1.1 Pré-aquecimento.................................................................. 22
1.2.1.2 Destilação ou Consumo dos Gases....................................... 22
1.2.1.3 Incandescência ou Consumo de Carvão................................ 22
1.2.2 Classificação das combustões............................................................. 22
1.2.2.1 Vivas................................................................................... 22
1.2.2.2 Lentas.................................................................................. 22
1.2.2.3 Espontâneas......................................................................... 22
1.2.3 Elementos resultantes da combustão.................................................. 25
1.2.3.1 Fumaça................................................................................ 25
1.2.3.2 Chama................................................................................. 26
1.2.3.3 Gases.................................................................................. 26
1.3 INCÊNDIO........................................................................................... 27
1.3.1 Causas de incêndios........................................................................... 27
1.3.1.1 Quanto à origem.................................................................. 27
1.3.1.2 Causas primárias de incêndios............................................. 28
1.3.1.3 Causas secundárias de incêndios......................................... 28
1.3.2 Classificação dos incêndios................................................................ 28
1.3.2.1 Quanto às proporções.......................................................... 28
1.3.2.2 Quanto à propagação........................................................... 28
1.3.2.3 Quanto aos locais................................................................. 28
1.3.3 Processos de extinção........................................................................ 30
1.3.3.1 Retirada do material combustível......................................... 30
1.3.3.2 Resfriamento....................................................................... 30
1.3.3.3 Abafamento......................................................................... 30
1.3.4 Agentes Extintores............................................................................. 30
1.3.4.1 Água.................................................................................... 30
1.3.4.2 Retardantes químicos........................................................... 31
1.3.4.3 Terra do solo....................................................................... 32

2 FATORES DE PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS....................... 34


2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE.............................................................. 34
2.1.1 Combustíveis...................................................................................... 34
2.1.1.1 Umidade do combustível...................................................... 35
2.1.1.2 Arranjo vertical do combustível............................................ 36
2.1.1.3 Carga do combustível........................................................... 37
2.1.1.4 Compactação do combustível............................................... 37
2.1.1.5 Tamanho e forma do combustível........................................ 37
2.1.1.6 Continuidade do combustível............................................... 38
2.1.1.7 Propriedades químicas do combustível................................. 38
2.1.2 Fatores Climáticos.............................................................................. 38
2.1.2.1 Velocidade e direção do vento.............................................. 38
2.1.2.2 Umidade relativa do ar......................................................... 39
2.1.2.3 Precipitação......................................................................... 40
2.1.2.4 Temperatura........................................................................ 41
2.1.2.5 Estabilidade Atmosférica...................................................... 41
2.1.3 Topografia.......................................................................................... 42
2.1.3.1 Inclinação............................................................................. 42
2.1.3.2 Exposição............................................................................ 43
2.1.3.3 Elevação............................................................................... 43
2.2 PARTES DE UM INCÊNDIO FLORESTAL.................................................. 43
2.3 PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS........................................... 44
2.3.1 Propagação pelo vento....................................................................... 44
2.3.2 Propagação pela ação das correntes de convecção............................. 44

3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS 47


FLORESTAIS.......................................................................................
3.1 BOMBAS.............................................................................................. 47
3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS............................................................... 48
3.2.1 Facão com bainha............................................................................... 48
3.2.2 Foice................................................................................................... 48
3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)................................................................. 48
3.2.4 Enxada................................................................................................ 49
3.2.5 Rastelo................................................................................................ 49
3.2.6 Mcleod................................................................................................ 49
3.2.7 Pás e cortadeiras................................................................................. 49
3.2.8 Queimador para incêndio controlado.................................................. 49
3.2.9 Motosserra.......................................................................................... 50
3.2.10 Roçadeira............................................................................................ 50
3.2.11 Abafador............................................................................................. 51
3.2.12 Mangueiras e esguichos...................................................................... 51
3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal............................................................ 51
3.2.14 Manutenção das ferramentas.............................................................. 52
3.3 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO................................................................. 53
3.3.1 Lanterna de mão................................................................................. 53
3.3.2 Lanterna de cabeça............................................................................. 54
3.3.3 Gerador de energia............................................................................. 54
3.3.4 Extensões e lâmpadas......................................................................... 55
3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIADUAL (EPI)................................. 55
3.4.1 Capacete............................................................................................. 55
3.4.2 Protetor auricular................................................................................ 56
3.4.3 Protetor de vista.................................................................................. 56
3.4.4 Lenço em algodão............................................................................... 56
3.4.5 Balaclava............................................................................................. 56
3.4.6 Luva de vaqueta.................................................................................. 57
3.4.7 Bota.................................................................................................... 57
3.4.8 Polainas em couro............................................................................... 57
3.4.9 Roupa resistente a chama................................................................... 57
3.5 VEÍCULOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS.............................. 58
3.5.1 Veículos pesados................................................................................ 59
3.6 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS COM AERONAVES........................ 59
3.6.1 Emprego de aviões.............................................................................. 60
3.6.2 Emprego de helicópteros.................................................................... 61
3.6.2.1 Segurança nas operações com helicópteros.......................... 63
3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS............. 66
3.7.1 Kit “pick-up” para incêndios florestais.................................................. 66
3.7.2 Extintor de explosão........................................................................... 67

4. ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL ............................................................. 69


4.1 GUARNIÇÕES DE INCÊNDIOS FLORESTAIS............................................. 69
4.1.1 Guarnição de Combate a Incêndio Florestal (GCIF)............................... 69
4.1.2 Guarnição de Queima (GQ).................................................................. 69
4.1.3 Guarnição de Tombamento (GT).......................................................... 70
4.2 SOCORRO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS................................................. 70
4.3 PRONTIDÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS.............................................. 70
4.3.1 Prontidão Reduzida............................................................................. 70
4.3.2 Prontidão Padrão................................................................................. 70
4.3.3 Prontidão Ampliada............................................................................. 70

5. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS....... 74


5.1 DETECÇÃO.......................................................................................... 74
5.2 COMUNICAÇÃO................................................................................... 75
5.3 MOBILIZAÇÃO..................................................................................... 75
5.4 CHEGADA AO LOCAL........................................................................... 75
5.5 ESTUDO DA SITUAÇÃO........................................................................ 75
5.6 COMBATE AO INCÊNDIO...................................................................... 77
5.6.1 Ataque Direto..................................................................................... 77
5.6.2 Ataque Indireto................................................................................... 78
5.6.2.1 Aceiro Progressivo............................................................... 78
5.6.2.2 Aceiro por Setor................................................................... 79
5.6.2.3 Princípios de Construção de Aceiros..................................... 79
5.6.3 Técnicas de Queimadas....................................................................... 80
5.7 RESCALDO.......................................................................................... 80
5.8 COMBATE INICIAL................................................................................ 80
5.8.1 Características do Combate Inicial....................................................... 81
5.8.2 Informações iniciais............................................................................ 81
5.8.3 Localizando o incêndio....................................................................... 81
5.8.4 Análise de comportamento do fogo.................................................... 81
5.8.5 Procedimentos no deslocamento......................................................... 81
5.8.6 Chegada na área do incêndio.............................................................. 81
5.8.7 Avaliações do Combate Inicial............................................................. 83
5.8.8 Informações iniciais a serem repassadas............................................. 84
5.9 COMBATE A GRANDES INCÊNDIOS....................................................... 84
5.9.1 O Sistema de Comando de Incidentes................................................. 87
5.9.1.1 Princípios do SCI.................................................................. 87
5.9.1.2 Estrutura e funções do SCI................................................... 87
5.9.1.3 Instalações do SCI................................................................ 87
5.9.1.4 Gerenciamento de recursos.................................................. 87
5.9.1.5 Situação do Incidente........................................................... 88
5.9.1.6 Comunicações no Incidente.................................................. 88
5.9.2 Características de um grande incêndio florestal.................................. 89
5.9.2.1 Transição entre o combate inicial e o combate a um grande 89
incêndio florestal.................................................................
5.9.2.2 Assunção do comando......................................................... 90

6. PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS................................ 99


6.1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS....................................... 99
6.2 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS..................................... 99
6.2.1 Remoção e controle de riscos e causas de incêndios florestais
ocasionados pelo homem................................................................... 99
6.2.1.1 Classificação do risco florestal............................................. 99
6.2.1.2 Origem do incêndio florestal................................................ 99
6.2.1.3 Riscos e causas.................................................................... 100
6.2.2 Prevenção da propagação do fogo....................................................... 101
6.2.2.1 Construção de aceiros de segurança.................................... 102
6.2.2.2 Cortinas de segurança.......................................................... 103
6.2.2.3 Construção de açudes.......................................................... 103
6.2.3 Técnicas de queimadas....................................................................... 103
6.2.3.1 Queima contra o vento......................................................... 103
6.2.3.2 Queima a favor do vento...................................................... 104
6.2.3.3 Queima de flancos............................................................... 104
6.2.3.4 Queima em manchas............................................................ 104
6.2.3.5 Queima central..................................................................... 104
6.2.3.6 Queima em V (Chevron)....................................................... 105
6.2.4 Detecção e aviso de incêndio.............................................................. 105
6.2.5 Plano de proteção florestal.................................................................. 105
6.2.5.1 Objetivos de um plano de proteção florestal........................ 105
6.2.6 Vigilância florestal.............................................................................. 106
6.3 ASPECTOS LEGAIS................................................................................ 109
6.3.1 Código Florestal.................................................................................. 110
6.3.2 Decreto Lei 97.637............................................................................. 111
6.3.3 Decreto Lei 6.515............................................................................... 112
6.3.4 Decreto Estadual 4.223....................................................................... 115
6.3.5 Decreto Estadual 6.416....................................................................... 116

7. METEOROLOGIA APLICADA A INCÊNDIOS FLORESTAIS.................... 118


7.1 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS........................................................... 118
7.1.1 Temperatura....................................................................................... 118
7.1.2 Umidade............................................................................................. 119
7.1.2.1 Pressão de vapor.................................................................. 119
7.1.2.2 Umidade absoluta................................................................ 119
7.1.2.3 Razão da mistura................................................................. 119
7.1.2.4 Umidade relativa.................................................................. 119
7.1.2.5 Medidas de umidade............................................................ 120
7.1.2.6 Umidade dos combustíveis................................................... 120
7.1.3 Vento.................................................................................................. 121
7.1.3.1 Tipos e características de ventos.......................................... 121
7.1.4 Nuvens............................................................................................... 122
7.1.5 Precipitação........................................................................................ 123
7.1.5.1 Medidas de precipitação....................................................... 124
7.1.6 Pressão Atmosférica............................................................................ 124
7.1.7 Estabilidade Atmosférica..................................................................... 125
7.1.7.1 Levantamento orográfico...................................................... 126
7.2 CÁLCULO DE RISCO DE INCÊNDIO....................................................... 126
7.2.1 Cálculo do índice de perigo empregando fórmulas.............................. 127
7.2.1.1 Fórmula de Angstron............................................................ 127
7.2.1.2 Fórmula de Monte Alegre..................................................... 127
7.2.1.3 Fórmula de Monte Alegra alterada........................................ 128
7.3 ÍNDICES DE DESCONFORTO HUMANO.................................................. 129

8. PERÍCIA APLICADA A INCÊNDIOS FLORESTAIS.................................. 132


8.1 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DO INCÊNDIO......................................... 132
8.2 PRINCÍPIOS DA PROPAGAÇÃO DO FOGO.............................................. 132
8.2.1 Vento.................................................................................................. 132
8.2.2 Declividade......................................................................................... 132
8.2.3 Combustíveis...................................................................................... 133
8.2.4 Barreiras............................................................................................. 133
8.3 INDICADORES DA DIREÇÃO DO FOGO................................................. 133
8.3.1 Indicadores nos talos das gramíneas................................................... 133
8.3.2 Indicadores de combustíveis protetores.............................................. 133
8.3.3 Indicadores de queima em forma de cava............................................ 134
8.3.4 Padrão de carbonização...................................................................... 134
8.3.4.1 Forma de “jacaré”................................................................. 135
8.3.4.2 “Congelamento” dos galhos das árvores............................... 135
8.3.4.3 Manchas.............................................................................. 135
8.3.4.4 Fuligem................................................................................ 135
8.4 DETERMINAÇÃO DA CAUSA DO INCÊNDIO........................................... 136
8.4.1 Categoria das causas de incêndio........................................................ 137
8.4.2 Eliminação das causas......................................................................... 137
8.5 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO.............................................................. 138
8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO.................................................. 138
8.6.1 Relâmpagos........................................................................................ 138
8.6.2 Dispositivos incendiários.................................................................... 139
8.6.3 Incêndios causados pela ação humana em fontes de ignição óbvias.... 139
8.6.4 Incêndios causados pela ação humana e cujas fontes de ignição não
são óbvias........................................................................................... 139
8.7 MATERIAIS PARA PERÍCIA..................................................................... 142
8.7.1 Objetos demarcadores........................................................................ 142
8.7.2 Régua................................................................................................. 143
8.7.3 Ímã..................................................................................................... 143
8.7.4 Câmera............................................................................................... 143
8.7.5 Materiais escritos................................................................................ 143
8.7.6 Trena de aço....................................................................................... 143
8.7.7 Bússola............................................................................................... 143
8.7.8 GPS..................................................................................................... 143
8.8 AÇÕES NECESSÁRIAS........................................................................... 143
8.8.1 A caminho do incêndio....................................................................... 143
8.8.2 Chegando ao local do incêndio........................................................... 144

9. TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO E NAVEGAÇÃO...................................... 148


9.1 MAPAS................................................................................................ 148
9.1.1 Mapas topográficos............................................................................. 148
9.1.2 Sistema UTM....................................................................................... 148
9.1.3 Escala................................................................................................. 148
9.1.4 Como ler uma carta topográfica.......................................................... 149
9.1.5 Curvas de nível................................................................................... 150
9.2 BÚSSOLA............................................................................................. 150
9.2.1 Declinação magnética......................................................................... 150
9.2.2 Componentes de uma bússola............................................................ 151
9.2.3 Azimute.............................................................................................. 152
9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa........................................................ 152
9.2.3.2 Azimutes no campo............................................................. 154
9.3 GPS..................................................................................................... 154
9.3.1 “Waypoints”......................................................................................... 155
9.3.2 Função “GO TO”.................................................................................. 155
9.3.3 Função “MOB”..................................................................................... 155
9.3.4 Considerações importantes................................................................. 156
9.3.5 Empregando rotas no GPS................................................................... 156
9.3.6 Uso do GPS em um incêndio florestal.................................................. 156
9.3.6.1 Empregando uma carta topográfica...................................... 156
9.3.6.2 Empregando uma aeronave.................................................. 157
9.4 PERCURSO DE CAMINHADAS................................................................ 157

10. SOCORROS DE URGÊNCIA NOS INCÊNDIOS FLORESTAIS.................. 160


10.1 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DE TRAUMA...................................... 160
10.1.1 Controle da cena................................................................................. 160
10.1.1.1 Segurança do local............................................................... 160
10.1.1.2 Mecanismo de trauma.......................................................... 160
10.1.1.3 Abordagem da vítima........................................................... 160
10.2 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR.................................................. 161
10.2.1 RCP em adultos................................................................................... 162
10.2.1.1 Abertura de vias aéreas........................................................ 162
10.2.1.2 Ventilação............................................................................ 162
10.2.1.3 Compressão torácica............................................................ 162
10.3 FERIMENTOS....................................................................................... 164
10.3.1 Atendimento a vítimas de ferimentos..................................................
10.4 FRATURAS E LUXAÇÕES...................................................................... 165
10.4.1 Classificação das fraturas................................................................... 165
10.4.2 Sinais e Sintomas................................................................................ 166
10.4.3 Atendimento a vítimas de fraturas...................................................... 166
10.4.4 Luxações............................................................................................ 166
10.4.4.1 Sinais e sintomas................................................................. 166
10.4.4.2 Cuidados de emergência...................................................... 166
10.5 QUEIMADURAS.................................................................................... 166
10.5.1 Anatomia da pele................................................................................ 166
10.5.1.1 Epiderme............................................................................. 167
10.5.1.2 Derme.................................................................................. 167
10.5.1.3 Tecido subcutâneo............................................................... 167
10.5.2 Classificação das queimaduras............................................................ 167
10.5.2.1 Quanto às causas................................................................. 167
10.5.2.2 Quanto à profundidade........................................................ 167
10.5.2.3 Quanto à extensão............................................................... 167
10.5.2.4 Quanto à localização............................................................ 167
10.5.2.5 Quanto à gravidade.............................................................. 168
10.5.3 Atendimento ao queimado.................................................................. 168
10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS........................................... 168
10.6.1 Ofídios................................................................................................ 169
10.6.1.1 Gênero Bothropos................................................................ 170
10.6.1.2 Gênero Crotalus................................................................... 170
10.6.1.3 Gênero Micrurus.................................................................. 171
10.6.2 Aranhas.............................................................................................. 172
10.6.2.1 Aranha Marron..................................................................... 172
10.6.2.2 Aranha Armadeira................................................................ 172
10.6.3 Escorpiões.......................................................................................... 172
10.6.4 Insetos................................................................................................ 173

FATORES DE CONVERSÃO.............................................................................. 175

EVOLUÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ............. 177

FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA DE


INCÊNDIO FLORESTAL.................................................................................... 178

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 179
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

01 TEORIA BÁSICA FLORESTAL

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

15
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

1. TEORIA BÁSICA FLORESTAL elemento que serve de campo de


propagação do FOGO.
1.1 FOGO

É o desenvolvimento de luz e 1.1.1.1 Classificação dos combustíveis


calor produzidos simultaneamente pela
combustão de certos corpos. Os combustíveis são assim
Para fins de aplicações práticas, classificados:
foi idealizada uma representação para o a. Quanto ao estado físico:
fogo, sendo ele o resultante de um
elemento geométrico de três lados Sólidos: estes combustíveis para
(Triângulo do Fogo), que se obteria entrarem em combustão, tem que
quando se reunissem três elementos passar do estado sólido para o gasoso.
componentes que são o combustível, o São os comumente encontrados no
comburente (oxigênio) e calor, cada um ambiente florestal. Ex: grama, arbustos,
com uma denominação especial. árvores.

Gasosos: São diversos gases inflamáveis.


O perigo destes gases reside
principalmente na possibilidade de
] vazamento dos mesmos, podendo
formar com o ar atmosférico, misturas
explosivas que facilmente atingem uma
fonte de ignição. Ex: gás liquefeito de
petróleo (GLP).

Líquidos: Raramente encontrados nos


incêndios florestais, exceto quando
atingem depósitos de estocagem destes
produtos. Ex: Álcool, gasolina etc.
FIGURA 1 – Triângulo do fogo
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
b. Quanto à volatilidade
Em qualquer incêndio florestal é
Voláteis: Na temperatura ambiente
necessário haver combustível para
desprendem vapores capazes de
queimar, oxigênio para manter as
inflamar;
chamas e calor para iniciar e manter o
processo de queima. Se retirarmos
Não Voláteis: Necessitam de
qualquer um destes elementos, ou
aquecimento para inflamar.
mesmo reduzi-los a certos níveis, o
processo da combustão é inviável.
c. Quanto à propagação do fogo

1.1.1 Combustível Leves: Compõem-se de grupo de folhas


secas, folhas mortas, arbustos, vegetais
Os combustíveis em sua maioria
oleosos (cedro). São combustíveis de
são compostos orgânicos, verificando-se
fácil propagação e muitas vezes servem
em sua molécula normalmente átomos
de base para combustão em
de carbono e de hidrogênio. É o
combustíveis pesados;

16
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Pesados: São combustíveis de c. BTU (British Thermal Unit)


propagação lenta. Por exemplo: grandes
troncos, árvores de grande porte. É a quantidade de calor que
precisa ser fornecida a uma libra de
1.1.2 Comburente água para elevar sua temperatura de um
grau Fahrenheit.
É o gás que serve para produzir e
manter a combustão por meio da sua 1.1.3.2 Calor de combustão
combinação com os gases provenientes Definimos calor de combustão
do aquecimento dos combustíveis. O como sendo a quantidade de calor
comburente mais abundante é o liberada por unidade de massa ou por
Oxigênio (O2) que é encontrado a 21% unidade de volume, quando se queima
na atmosfera. Experiências mostraram completamente uma substância. Os
que se reduzirmos a porcentagem de calores de combustão dos combustíveis
oxigênio abaixo de 15% não teremos o sólidos e líquidos são normalmente
processo da combustão. expressos em Kcal ou BTU/libra.
O calor de combustão de algumas
1.1.3 Calor substâncias é apresentado na tabela a
É uma forma de energia. Nos seguir:
incêndios florestais, normalmente a
“energia para ignição” é o calor que será SUBSTÂNCIA CALOR DE COMBUSTÃO
originado das maneiras mais diversas, Madeira 4500 kcal/kg
tais como: brasas, pontas de cigarros, Gás de carvão 5400 Kcal/m3
queima de lixo, resíduos de
Gás Natural 9000 a 22500 Kcal/m3
escapamento de veículos, etc. A
Carvão 7000 a 9500 Kcal/m3
temperatura de ignição dos
combustíveis florestais está entre 260 a Álcool Etílico 7000 Kcal/kg
400 ºC. Óleo Combustível 10.000 kcal/kg

1.1.3.1 Unidades de calor 1.1.3.3 Absorção de calor

a. Quilo-caloria (Kcal) A água é capaz de realizar este


fenômeno. Sabemos que a água, para
É a quantidade de calor que deve elevar sua temperatura de um grau,
ser fornecida a um quilograma de água precisa de uma unidade de calor
para elevar a sua temperatura de um chamada “caloria”. Quando a
grau Celsius. temperatura da água atingir 100ºC, sua
massa absorveu certo número de
b. Caloria (cal)
calorias. Suponhamos que um litro de
É a quantidade de calor que deve água a 10ºC de temperatura, para atingir
ser fornecida a um grama de água para 100ºC de temperatura, precisará de 90
elevar a sua temperatura de um grau Kcal. Para um litro de água atingir, do
Celsius. ponto de ebulição ao ponto de vapor,
sua massa absorve mais 540 Kcal.
Portanto, o litro de água utilizado para
extinguir o fogo absorverá, do estado

17
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

líquido ao estado de vapor, 540+90=630 combustíveis próximos, a fim de que o


calorias. incêndio possa avançar ou se propagar.
Essa transferência de calor pode ocorrer
Conclui-se que, para absorver por condução, radiação e convecção.
todo o calor contido num quilograma de
um corpo qualquer em combustão, a. Condução
serão precisos tantos quilogramas de
água quantos o número 630 couber no É a transferência de calor por
número de calorias desprendidas por tal contato direto com a fonte aquecida de
corpo. calor. Quando uma substância é
aquecida ela absorve calor e sua
Exercício de fixação 1: atividade molecular interna aumenta. O
aumento da atividade molecular é
Óleo combustível – 10.000 acompanhado de um aumento de
Kcal/Kg. Quanto de água será necessário temperatura. A capacidade de conduzir
para absorver o calor de óleo calor varia bastante entre diferentes
combustível? substâncias. Os materiais combustíveis
florestais são maus condutores de calor,
10.000 = 15,8 l daí a pequena importância da condução
630 na propagação dos incêndios florestais.

O resultado refere-se a b. Radiação


quantidade para absorção de um litro de
óleo combustível. É a transferência do calor pelo
espaço, por meio de ondas ou raios, em
Exercício de fixação 2: todas as direções, à velocidade da luz.
Radiação é o único meio de transferência
Incêndio em reflorestamento de de calor que não requer uma substância
pinus, com 100 toneladas de madeira. intermediária entre a fonte de calor e a
substância receptora, podendo
Total: 100.000 kg de madeira
processar-se inclusive no vácuo, como
Calor de Combustão: 4500 cal/kg
por exemplo o aquecimento da terra
100.000 * 4500= 450.000.000 cal pelo sol.

450.000.000 cal = 715.000 litros


630

Portanto seriam necessários perto de


715.000 litros de água para a extinção
de tal incêndio admitindo-se que toda a
água se vaporize.

1.1.3.4 Métodos de transmissão de calor

Uma fonte de calor


suficientemente forte é uma das
condições necessárias para a ocorrência
FIGURA 2 – Ação da radiação.
e a continuidade da combustão para os Autor: Sd. QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

18
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

c. Convecção interior das peças individuais de


combustível (pedaços de madeira) por
É a transferência de calor por condução para que a combustão
meio do movimento circular ascendente continue. Para que o fogo se propague,
de massas de ar aquecidas. O ar o calor deve ser transferido para o
aquecido diminui sua densidade, combustível que ainda não queimou e
tornando-se mais leve e tendendo a essa transferência é feita principalmente
subir. Segundo o princípio da convecção, por radiação ou convecção. Se não
o fogo pode criar condições de existe vento e o terreno é plano, a
turbulência aspirando oxigênio pelos coluna de convecção é praticamente
lados e lançando para cima o ar vertical. Nesse caso a transferência de
aquecido. Esse processo é responsável calor para o combustível à frente do
pelo barulho que se ouve em grandes fogo é insignificante e a radiação torna-
incêndios que se movimentam se o mais importante método de
rapidamente. transmissão do calor que sustenta a
combustão. A presença de vento e uma
topografia acidentada favorecem o
movimento convectivo e então a
convecção passa a ser o processo
dominante na propagação,
principalmente dos grandes incêndios.

d. Deslocamento de corpos inflamados

O combustível florestal ao
queimar pode lançar à frente da linha de
fogo, fagulhas ou material florestal em
brasa. Tal fenômeno ocorre
principalmente em função da ação do
vento. Regiões de extensas florestas,
reflorestamentos e campos são mais
FIGURA 3 – Ação da convecção. suscetíveis a tais fenômenos.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

Todos os três métodos de


transferência de calor – condução,
radiação e convecção - geralmente estão
atuando simultaneamente em um
incêndio florestal. No entanto o grau de
importância de cada método varia de
acordo com a situação. No início de um
incêndio, o calor de uma fagulha pode
ser transferido para o combustível por
qualquer um dos métodos, ou por uma
combinação dos mesmos. Ocorrida a FIGURA 4 – Deslocamento de corpos.
ignição, o calor de qualquer um dos Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
combustíveis deve ser transferido para o

19
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Devemos considerar ainda que o 1.1.4.3 Ponto de ignição


incêndio florestal quando assume
proporções maiores cria condições É a temperatura mínima na qual
próprias, principalmente correntes de ar os gases desprendidos dos corpos
em função da convecção. Ex: fagulhas, combustíveis entram em combustão,
quedas de árvores e animais se apenas pelo contato com oxigênio do ar,
deslocando pela floresta com o pelo em independente de qualquer fonte de calor
chamas. externa.

e. Correntes ou descargas elétricas 1.1.5 Tetraedro do Fogo

Ocorrem principalmente devido a O fenômeno químico da


incidência de raios. Já foram registrados Combustão é uma reação que se
casos no Estado do Paraná de incêndios processa em cadeia, que após a partida
florestais que tiveram origem em função inicial, é mantida pelo calor produzido
de descargas atmosféricas. Outro ponto durante o processamento da reação.
que se deve considerar são as torres de Assim, na combustão do Carbono para
alta tensão, pois pode haver formação do CO2, temos a seguinte
rompimento de cabos energizados que reação.
ao cair na vegetação podem dar início C + 02  CO2 + 92,2 Kcal/Mol
aos incêndios.

1.1.4 Temperatura A cadeia de reações formada


durante a combustão propicia a
A idéia sobre a temperatura tem formação de produtos intermediários
sua origem na sensação que nos diz que instáveis, principalmente radicais livres
um corpo está frio ou quente. Todos os prontos para combinar-se com outros
corpos combustíveis para entrarem em elementos, dando origem a novos
combustão, necessitam atingir radicais ou finalmente a corpos estáveis.
determinadas temperaturas: Portanto, na área de combustão sempre
teremos a presença de radicais livres.
1.1.4.1 Ponto de fulgor A estes radicais livres cabe a
É a temperatura mínima na qual responsabilidade da transferência de
os corpos combustíveis começam a energia necessária à transformação da
energia química em calorífica,
desprender vapores que se incendeiam
em contato com uma fonte externa de decompondo as moléculas ainda
calor, entretanto a combustão não se intactas e desta maneira provocando a
mantém, devido a insuficiência na propagação do fogo em uma cadeia de
quantidade de vapores emanados dos reação.
combustíveis. Exemplificaremos abaixo, a
combustão do Hidrogênio no ar:
1.1.4.2 Ponto de combustão
2H2+O2+En.  4H(Rad)+2O(Rad)
É a temperatura mínima na qual
os gases desprendidos dos corpos Duas moléculas de Hidrogênio,
combustíveis, ao entrar em contato com reagem com uma molécula de oxigênio
a fonte externa de calor, entram em ativadas por uma fonte de energia
combustão e continuam a queimar. térmica e produz quatro moléculas

20
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

radicais ativos de H e dois radicais ativos A figura 5, representa o estudo


de O. Cada radical de H combina-se com da combustão como um quadrado (ou
uma molécula de O produzindo um tetraedro), tendo em sua base o
radical ativo de hidroxila (OH), mais um combustível, em suas laterais o
radical ativo de O: Comburente (Oxigênio) e o Calor (Fonte
de Ignição) e na aresta superior a Reação
H(Rad)+O2  OH(Rad)+O(Rad) em cadeia.

Cada radical ativo de O reage com 1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTÃO


uma molécula de H produzindo outro
radical ativo de hidroxila mais um A combustão é uma reação
radical ativo de hidrogênio. química muito frequente na natureza. É
um processo que se realiza sob
O(Rad)+H2  OH(Rad)+H(Rad) temperatura elevada (temperatura de
ignição), entre o comburente (oxigênio
Cada radical ativo de hidroxila do ar) e os átomos, principalmente de
reage com uma molécula de H carbono e hidrogênio de certas
produzindo o produto final estável substâncias que pelo fato de se
(água) e mais um radical ativo de prestarem bem a esse processo, são
hidrogênio. chamados de combustíveis.
Pelo exposto, resumiremos
OH (Rad) + H2  H2O + H dizendo que a combustão é uma
combinação acompanhada de calor e
frequentemente de luz.
Assim sendo, o fenômeno
combustão pode ser por exemplo: o fato
de o carvão arder no ar ambiente, ou o
tungstênio arder em atmosfera de cloro,
porém as combustões mais frequentes e
mais antigas conhecidas, são as
oxidações, ou seja, a reação do
combustível quando aquecido à
temperatura de ignição com o oxigênio.

1.2.1 Fases da Combustão


FIGURA 5 – Tetraedro do fogo.
FONTE: Manual de combate a incêndios – Corpo de
Bombeiros da PMPR/CEI. Quando um combustível é
submetido à ação do calor, ocorre um
Assim sucessivamente se forma a aumento de temperatura que é
cadeia de combustão produzindo sua decorrente do movimento de aceleração
própria energia de ativação (calor) das moléculas do material. Com o
enquanto houver suprimento de acréscimo da quantidade de calor,
combustível (hidrogênio). algumas dessas moléculas se
Como consequência do acima desprendem e formam vapor ou gás, e
exposto, aparece mais um elemento se a quantidade de calor for suficiente, o
essencial do fogo: a REAÇÃO EM vapor poderá se transformar em
CADEIA. chamas, iniciando-se o processo da

21
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combustão. No ambiente florestal fumaça. A quantidade de calor liberada


observamos três fases distintas: nesta fase depende do tipo de
combustível mas de um modo geral
1.2.1.1 Pré-aquecimento pode-se dizer que 30 a 40% do calor de
combustão da madeira está no seu
Nesta fase, o material combustível conteúdo de carbono. Embora haja certa
é secado, aquecido e parcialmente superposição entre elas, as três fases da
destilado, porém não existem chamas. O combustão podem ser perfeitamente
calor elimina o vapor d’água e continua observadas em um incêndio florestal. A
aquecendo o combustível até a primeira é a zona na qual folhas e
temperatura de ignição, gramíneas se enrolam e se crestam, a
aproximadamente entre 260 e 400ºC medida que são pré-aquecidas, pelo
para a maioria do material florestal. calor das chamas que se aproximam. Em
seguida vem a zona de combustão dos
1.2.1.2 Destilação ou Combustão dos gases, onde se destacam as chamas.
Gases Após a passagem das chamas
vem a terceira e menos distinta das
Os gases destilados do
zonas, a do consumo de carvão.
combustível se acendem e se queimam,
produzindo chamas e altas 1.2.2 Classificação das Combustões
temperaturas, que podem atingir
1250ºC ou um pouco mais. Nesse 1.2.2.1 Vivas
estágio do processo de combustão os
gases estão queimando, mas o São as que se processam com
combustível propriamente dito ainda certa rapidez, produzindo calor e
não está incandescente. Olhando-se desenvolvimento de luz ou
atentamente um pedaço de madeira que incandescência.
está queimando, por exemplo um
fósforo aceso, observa-se que as chamas 1.2.2.2 Lentas
não estão ligadas diretamente à
superfície da madeira, mas separadas Também chamadas “Eremacause”,
dela por uma fina camada de vapor ou são combustões em que o
gás. Isto ocorre porque combustíveis desenvolvimento de calor é pequeno e
sólidos não queimam diretamente, não se faz notar; por exemplo:
necessitando primeiro serem combustão no interior do organismo dos
decompostos ou pirolisados pela ação seres organizados.
do calor, em vários gases – uns
inflamáveis e outros não. 1.2.2.3 Espontâneas

1.2.1.3 Incandescência ou Consumo do Chama-se combustão espontânea


Carvão o fato de alguns corpos terem como
propriedade característica, a
Nesta fase o combustível (carvão) possibilidade de se combinarem com o
é consumido, restando apenas cinzas. O oxigênio do ar ou de outro portador
calor gerado é intenso, mas (agentes oxidantes) com que estejam em
praticamente não existem chamas nem contato, ocasionando uma reação
exotérmica, isto é, com desprendimento

22
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

de calor, o que favorece sua combustão, pela fermentação ou outra ação


sem o concurso de uma fonte externa de microbiana, pois, acima desta
calor, centelha ou outra causa de temperatura cessam todas as atividades
incêndio. vitais dos microorganismos e enzimas.
A combustão espontânea, inicia- O aumento de temperatura no segundo
se normalmente por uma lenta reação estágio é atribuído a uma oxidação
química (oxidação) que gera algum calor química que faculta ao corpo alcançar
e este processo vai se acelerando até seu ponto de ignição.
tomar lugar uma rápida oxidação. Com A madeira quando sujeita a uma
exceção de alguns corpos sujeitos a uma prolongada ação de temperatura não
rápida oxidação, o processo de muito alta, pode queimar
combustão espontânea é lento e a espontaneamente, devido a formação de
ignição pode ocorrer após dias ou carbono poroso ou carvão na superfície
mesmo semanas, durante os quais a exposta da mesma.
temperatura se elevou lentamente. Pode
ocorrer sem efeitos perigosos, desde b. Pirólise
que o calor gerado vá se dissipando à
medida que for sendo produzido e desse A pirólise é definida como sendo
modo não chega a atingir o ponto de a decomposição química de uma
ignição do corpo em que ocorrer. substância, pela ação do calor. Ela
As condições abaixo favorecem avança em três estágios, como segue:
um aquecimento perigoso de muitas
 Certos gases, inclusive o vapor
substâncias, principalmente as sujeitas à
d’água, lentamente são liberados da
combustão espontânea.
decomposição da madeira (usada
como exemplo). O componente
a. Presença da umidade
combustível destes gases aumenta
Em certos casos, este fator, durante os primeiros estágios da
dentro de determinados limites, pode pirólise. Primeiro, a superfície da
favorecer o aquecimento, como por madeira é atacada. Com aumento da
exemplo o carvão de lenha. temperatura a reação se move mais
O carvão de lenha também é a fundo na madeira.
sujeito à combustão espontânea. O  A evolução gasosa continua e, se
fabricado com lenha pesada e em disponível a mínima energia de
retortas é mais sujeito do que aquele ignição, os gases entram em ignição,
feito com madeira leve e em fornos. A quando o limite de inflamabilidade
combustão espontânea ocorre mais mais baixo é atingido. Na
facilmente no carvão recente do que no temperatura em que a ignição
velho, o material mais triturado oferece ocorre, o processo químico geral se
maior perigo. altera de endotérmico para
Este tipo de combustão também exotérmico e a reação se torna auto
pode ocorrer em produtos vegetais sustentadora.
sujeitos a fermentação por bactérias ou  Nesta temperatura de ignição, os
enzimas. Nesta hipótese o aquecimento gases liberados são, em primeiro
dar-se-á em dois ou mais estágios: o lugar, muito ricos em CO2 e vapor
primeiro até 70 ou 80 ºC, provocado d’água para sustentar a chama por
muito tempo. Entretanto, o calor da

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

chama inicia uma reação pirolítica parece haver um mínimo de


secundária em série e ocorre a concentração de agentes oxidantes sob
combustão em fulgor total (chama) os quais a combustão não ocorrerá.
na fase de destilação gasosa dos Exceções: os combustíveis sólidos
vapores. (nitratos de celulose) que contém
A evolução do gás pode ser oxigênio em suas moléculas
rápida, o suficiente para “limpar” a constituintes. O oxigênio nas moléculas
superfície da madeira e excluir o ar, pode ser liberado pelo calor, embora o
evitando-se assim, o retardamento da suprimento de ar seja mínimo ou
penetração de calor, consequentemente inexistente.
se retardado a efetivação da temperatura Não é necessário haver presença
de ignição nas partes mais profundas da de ar para que ocorra uma reação de
madeira. A medida que a temperatura pirólise. Exemplo disso é o mínimo de ar
aumenta, a superfície chamuscada presente nas fornalhas de cozimento,
começa a fulgurar e o ar envolvente em que a madeira é reduzida à carvão
suporta a combustão. vegetal e coque. Outro exemplo é o
Quando se inicia a pirólise, tolueno aquecido em um recipiente
devemos considerar se um equilíbrio ventilado que é exposto ao fogo.
negativo de calor é gerado ou não pela Em resumo, a ciência de proteção
reação. Se o calor liberado é contra o fogo fundamenta-se nos
concentrado e é suficiente para manter o seguintes princípios:
andamento da reação de oxidação, e se
mais calor está sendo gerado do que Um agente oxidante, um material
aquele que se perde pela condução, combustível e uma fonte energética
convecção e radiação, ocorre um são essenciais à combustão.
equilíbrio de calor positivo. Se, no
entanto, todo ou a maioria do calor
O material combustível deve ser
gerado é perdido (como sucede com um
aquecido à sua temperatura de ignição
palito de fósforo em vento forte), ocorre
antes de queimar.
um equilíbrio de calor negativo e o fogo
apaga-se.
Ao mesmo tempo, uma condição A combustão continuará até que:
conhecida como “Feedback”
O material combustível se extinga ou
(alimentação de retorno) pode existir.
seja removido.
Feedback é o uso de algum calor gerado
para preparar a queima de porções
vizinhas do material inflamável, A concentração de agentes oxidantes
causando a pirólise daquele material. Se seja reduzida abaixo da concentração
o processo de alimentação neste sentido necessária a alimentar a combustão.
for inadequado, o fogo extingue-se.
Somando-se ao calor gerado
O material combustível seja resfriado
durante o processo da pirólise a
abaixo de sua temperatura de ignição.
concentração do agente oxidante, outro
fato que determina se a ignição se faz
notar, e a combustão pode ou não Haja inibição de chamas,
ocorrer. Para a maioria dos materiais, quimicamente.

24
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

1.2.3 Elementos Resultantes da tipos de fumaça tem um padrão definido


Combustão quanto à hora do dia em que aparecem,
volume e cor da fumaça e duração do
1.2.3.1. Fumaça tempo em que permanecem visíveis.

São partículas do material


Fumaça Falsa: Se faz passar por
combustível em suspensão, inflamados
fumaça sob certas condições de luz ou
ou não (resíduos da combustão)
de tempo atmosférico, tais como
juntamente com outras substâncias que
despenhadeiros, rochedos distantes,
poderão ser: poeiras, cinzas, gases, etc.
clareiras de mato ou arbustos, pequenas
A cor da fumaça, ou seja, sua
áreas de mata seca, poeira de carros,
maior ou menor transparência, serve de
elementos vivos e colunas de nevoeiro
orientação prática na identificação do
ou nuvens. As fumaças falsas devem ser
material combustível que está
assinaladas no mapa do incidente.
queimando.
Quando em dúvida quanto a uma
possível fumaça falsa, assinale-a como
um “INCÊNDIO”.

Fumaça Ilegítima: Quaisquer


fumaças não autorizadas por Lei ou
Permissão, ou quaisquer fogos sem
controle. Assinale todas as fumaças
ilegítimas como sendo “INCÊNDIO”.

b. Descrição da Fumaça

A sua descrição de volume, tipo e


cor da fumaça, será uma indicação da
FIGURA 6 – Fumaça resultante de I.F.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
grandeza, intensidade do fogo e do
material em combustão.
a. Identificação da Fumaça
TIPO DESCRIÇÃO
A capacidade de identificar rápida Fino Fumaça em pequena extensão.
e apropriamente a fumaça, poderá
Pesada Fumaça em maior
auxiliar o comandante da operação de
intensidade.
combate a incêndio a decidir que atitude
tomar. Poderemos tratar com três tipos Crescente Grande volume de fumaça
erguendo-se verticalmente,
de fumaça: Legitima, Falsa e Ilegítima.
podendo espalhar ou ter um
efeito de agitação no alto.
Fumaça Legítima: Tem autoriza-
ção legal ou permissão e estão sob
Vaga Fumaça que é seguida por
correntes de ar e dá um
controle. Elas vêm de fontes tais como grande efeito de
locomotivas, serrarias, ranchos, queima propagação.
de detritos, operações ou acampa-
Espalhada Fumaça distendida sobre
mentos, e devem ser frequentemente
grandes áreas.
registradas no mapa do incidente. Tais

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

A cor da fumaça indica o tipo de No combate aos incêndios


material em combustão: florestais as equipes de ataque direto e
ataque indireto utilizam a base das
COR TIPO DO MATERIAL chamas como uma referência de ataque
Branca Grama, ervas. ao fogo.

Cinza Arbustos leves. 1.2.3.3 Gases


Avermelhada
Negra Arbustos pesados, Os gases produzidos pela reação
carvalho, toras resinosas. do combustível com comburente,
Amarela Geralmente pinho e dependem do corpo combustível.
ervas.
a. Gás Carbônico (CO2)

Por ocasião da combustão o


carbono do combustível combina-se com
oxigênio do ar na proporção de dois
átomos de oxigênio para um de
carbono, dando como resultado o gás
carbônico, que é produto da combustão
completa.

b. Monóxido de Carbono (CO)


FIGURA 7 – Fumaça branca.
FONTE: Acervo de André Vilas Boas.
Em determinadas circunstâncias,
1.2.3.2 Chama principalmente em ambientes
confinados, quando a combustão se
É a parte visível da combustão. A realiza em lugares com pouca
cor da chama muitas vezes poderá ventilação, a quantidade de oxigênio
indicar o material em combustão. disponível, embora suficiente para
alimentar combustão, não é para
fornecer dois átomos para cada de
carbono. A combustão se realiza com
união apenas de um átomo de oxigênio
para um de carbono, formando o
monóxido de carbono que é um gás
característico das combustões
incompletas.
Neste caso, por não estarem
satisfeitas todas as valências do
carbono, este é instável e ávido por
oxigênio. Dada esta última
particularidade, apresenta dois riscos
que são particularmente de
periculosidade extrema. É explosivo e
FIGURA 8 – Chama resultante de I.F. altamente tóxico. Se for respirado,
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

26
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

mesmo em baixas concentrações, vai como incêndio, em contrapartida o fogo


retirar o oxigênio contido no sangue, que destrói um reflorestamento,
levando o indivíduo à morte. Quando causando prejuízos morais e materiais é
misturado com ar atmosférico em considerado como incêndio. Desta
determinadas proporções (12,5%), forma forma, chegamos a uma definição de
uma mistura explosiva. É comum a incêndio.
confusão que se faz entre o CO e o CO2.
O CO2 não é tóxico, nem INCÊNDIO É TODA E QUALQUER
explosivo. É um gás inerte, por isso não DESTRUIÇÃO OCASIONADA PELO
alimenta combustão e é mesmo FOGO, QUE PROVOQUE DANOS
utilizado como agente extintor. Um MORAIS E MATERIAIS DE MONTA.
ambiente rico em CO é altamente tóxico.
INCÊNDIO FLORESTAL É O TERMO
1.3 INCÊNDIO USADO PARA DEFINIR UM FOGO
INCONTROLADO QUE SE PROPAGA
Após o estudo da combustão LIVREMENTE E CONSOME DIVERSOS
passaremos a estudar o incêndio. TIPOS DE MATERIAL COMBUSTÍVEL
Inicialmente, isso parecerá uma EXISTENTES EM UMA FLORESTA.
redundância, pois quem fala em
incêndio, geralmente fala de fogo. Em Apesar de não ser muito
princípio, isso é verdade, porém uma apropriado o termo incêndio florestal é
verdade que não resiste ao argumento muitas vezes generalizado para definir
de que o fogo foi primeiro elemento incêndios em outros tipos de vegetação
que o homem lançou mão para dar início tais como: capoeiras, campos e
a sua evolução como ser humano pradarias.
inteligente, mas também é verdade ter
sido ele um dos primeiros elementos a 1.3.1 Causas de incêndios
causar a destruição daquilo que ele
Causa de incêndio é o conjunto
produzia. Assim sendo, podemos definir
de ações materiais, humanas e naturais
incêndio como toda e qualquer
destruição ocasionada pelo fogo, de que possam produzir ou transmitir o
bens materiais, móveis e imóveis, além fogo, causando o incêndio. As causas de
de danos físicos ou morais aos seres incêndios tem a seguinte classificação:
humanos.
1.3.1.1 Quanto à origem

Toda e qualquer destruição pelo fogo, a. Natural


que se processa fora do desejo e do
controle do humano, com prejuízos Independe da vontade ou ação do
consideráveis e não previstos, tem a homem. Ex.: descargas atmosféricas
denominação de incêndio. (raios).

b. Dolosa
Consideramos incêndios aqueles
eventos que causem prejuízos e que Caracteriza-se pela intenção e
fujam do controle humano. Por exemplo consumação do fato, constituindo o
queima de combustíveis em uma usina crime. Enquadram-se nesta classificação
termo-elétrica não pode ser considerada os incêndios causados por incendiários.

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

c. Culposa  Princípios de Incêndios;


 Pequenos Incêndios;
Ocorrem por imprudência,  Médios Incêndios;
imperícia ou negligência. Ex.: Incêndio
 Grandes Incêndios;
decorrente de uma queimada de lavoura
ou queimada controlada.  Incêndios Extraordinários.

d. Acidental O professor Ronaldo Viana


Soares, em sua obra Proteção Florestal –
É o fator que produz uma causa 2ª. Ed. 1971A, estabeleceu uma divisão
independente da vontade humana, sem em classes de incêndio, conforme a área
haver culpa ou dolo. atingida em hectares (ha):

1.3.1.2 Causas primárias de incêndios


CLASSE A: < 1ha
a. Natureza Física CLASSE B: 1-10 ha
CLASSE C: 10-100 ha
Originados por um fenômeno CLASSE D: 100-1000 ha
físico. Ex.: atrito, irradiação, convecção e
CLASSE E: > 1000 ha
condução do calor.
1.3.2.2 Quanto à propagação
b. Natureza Química
 Incêndio com fogo rasteiro;
Originados por fenômeno
 Incêndio com fogo de copa;
químico. Ex.: reações químicas que
liberem calor.  Incêndio com fogo total.

c. Natureza Biológica 1.3.2.3 Quanto aos locais

Originados por fenômenos  Terrenos particulares;


biológicos. São normalmente reações  Plantações;
onde intervém a ação de seres vivos  Reservas Florestais;
inferiores, geralmente bactérias. Ex.:  Bosques;
fermentação.  Campos.

1.3.1.3 Causas secundárias de incêndios A classificação mais adequada


para definir os tipos de incêndios se
Caracterizam-se por corpos baseia no grau de envolvimento de cada
incendiados que poderão produzir novos estrato do combustível florestal – desde
incêndios. o solo mineral até o topo das árvores -
no processo da combustão.
1.3.2. Classificação dos Incêndios
Neste caso os incêndios são
1.3.2.1 Quanto às proporções classificados em subterrâneos,
superficiais e de copa.
No Estado do Paraná os incêndios
seguem a classificação preconizada pela a. Incêndios subterrâneos
1ª Edição do Manual de Combate a
Incêndios Florestais, sendo: Os incêndios subterrâneos
propagam-se pelas camadas de húmus

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

ou turfa existentes sobre o solo mineral não decompostos, tais como folhas e
e abaixo do piso da floresta. Esses galhos caídos, gramíneas, arbustos,
combustíveis são de textura fina, enfim, todo material combustível até
relativamente compactados e isolados cerca de 1,80 metros de altura. Esses
da atmosfera. materiais, principalmente durante
Os incêndios subterrâneos períodos de seca, são bastante
ocorrem geralmente em florestas que inflamáveis e por isto os incêndios
apresentam grande acumulação de superficiais apresentam propagação
húmus e em áreas alagadiças, tais como relativamente rápida, abundância de
brejos ou pântanos, que quando secas chamas e muito calor. Entretanto
formam espessas camadas de turfa quando comparados com outros tipos,
abaixo da superfície. os incêndios superficiais não são muito
difíceis de combater, a não ser em
condições extremamente favoráveis à
propagação dos mesmos.

FIGURA 9 – Incêndio subterrâneo.


Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

Normalmente os incêndios
FIGURA 10 – Incêndio de superfície
subterrâneos são precedidos por Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
incêndios superficiais. Devido ao pouco
oxigênio disponível na zona de c. Incêndios de copa
combustão, nos incêndios subterrâneos
o fogo se propaga lentamente, sem Os incêndios de copa
chamas e com pouca fumaça. caracterizam-se pela propagação do
A intensidade do calor e o poder fogo pelas copas das árvores,
de destruição destes incêndios são independentemente do fogo superficial.
bastante altos. Geralmente considera-se incêndio de
copa aquele que ocorre em combustíveis
b. Incêndios Superficiais acima de 1,80 metros de altura. Com
exceção de casos excepcionais, como
Os incêndios superficiais alguns incêndios causados por raios,
propagam-se na superfície do piso da todos os incêndios de copa originam-se
floresta, queimando os restos vegetais de incêndios superficiais. Este é o mais

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espetacular dos tipos de incêndios 1.3.3.3 Resfriamento


florestais. Propaga-se rapidamente,
liberando grande quantidade de calor e Este processo consiste na redução
tornando o combate extremamente ou eliminação da energia produtora da
difícil. reação em cadeia (calor). Baixando a
temperatura, não ocorrerá a evolução e
a continuação do fogo, pois foi baixado
o ponto de ignição do combustível
(absorção do calor).

1.3.3.4 Abafamento

Este processo consiste em


impedir que o comburente, oxigênio
contido no ar atmosférico, permaneça
em contato com o combustível em
porcentagens suficientes para a
combustão. O oxigênio do ar
atmosférico se encontra na proporção
de 21% (vinte e um por cento), no
entanto, o teor mínimo do oxigênio para
existir combustão, gira em torno de 16%
FIGURA 11 – Incêndio de copa
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade (dezesseis por cento). Este processo é
largamente usado no combate a
1.3.3 Processos de Extinção incêndios florestais, quer usando terra
ou com abafadores.
Quando estudamos o fogo,
concluímos que a combustão ocorrerá 1.3.4 Agentes Extintores
sempre, quando em proporções
convenientes, reunindo-se combustível, São substâncias destinadas à
comburente e energia para ignição. A extinção dos incêndios, onde
recíproca é verdadeira. Sempre que normalmente utiliza-se a água, espuma,
eliminamos um ou mais dos fatores, o pó químico seco ou CO2.
fogo se extinguirá. Nos incêndios florestais são
utilizados os seguintes agentes
1.3.3.1 Retirada do material combustível extintores:

Caracteriza-se este processo de


extinção pela retirada do material ÁGUA
combustível impedindo deste modo que AGENTES QUÍMICOS
o fogo continue. Este processo, embora TERRA DO SOLO
econômico é ideal (não requer qualquer
tipo de agente extintor). Este processo é
1.3.4.1 Água
muito utilizado no setor florestal por
meio da construção de aceiros, A água é o agente extintor mais
geralmente aplicado em conjunto com usado na extinção dos incêndios devido
outros processos. a sua alta capacidade de absorver calor.
Quando eficientemente aplicada, a água

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

é o meio mais econômico de se 1.3.4.2 Agentes químicos


combater um incêndio.
No combate aos incêndios A água, como agente de extinção
florestais, o problema é como obter do fogo, pode ser mais eficiente ainda
água em quantidade suficiente e como com a adição de agentes químicos que
usá-la da maneira mais eficiente são substâncias que reduzem a
possível. Em incêndios superficiais de inflamabilidade da vegetação.
baixa ou média intensidade, quando as Segundo POULAIN (1970), os
condições permitem o trabalho de retardantes químicos melhoram as
bombeamento, a água é o meio mais propriedades extintoras da água por
rápido e prático para extinguir o fogo. torná-la mais viscosa e aderente à
Em incêndios superficiais de vegetação, por reduzir a evaporação da
maior intensidade, distantes de água aplicada sobre a vegetação e por
estradas, a aplicação da água torna-se efeitos inibidores diretos sobre a
cara, somente podendo ser feita com o combustão.
auxílio de mangueiras ou combate O efeito dos agentes, entretanto,
aéreo. Porém, mesmo quando existem é independente da umidade, isto é,
limitações e sem seu uso direto nos mesmo depois de seco o material
grandes incêndios, a água é essencial na combustível tratado com os agentes
operação de rescaldo. químicos continua com sua capacidade
Como a água é um elemento de inflamabilidade reduzida. Uma chuva
muito importante na extinção do fogo, porém pode “lavar” o combustível
mas as vezes difícil de conseguir e removendo o retardante químico,
transportar, ela deve ser usada com reduzindo ou mesmo eliminando seu
muito cuidado para se obter a maior efeito protetor.
eficiência possível. O calor de Os agentes químicos mais
combustão do material florestal é cerca utilizados são formados a base de
de 4000 kcal/kg, enquanto o calor fosfato diamônico, fosfato
latente de evaporação da água é cerca monoamônico, sulfato de amônia e
de 500 kcal/kg. Por isso a água não borato de cálcio e sódio.
deve ser aplicada diretamente sobre as Além dos agentes que se
chamas, onde o calor é mais intenso, adicionam à água, existem também os
mas sim na base das chamas, com a retardantes em pó (normalmente
finalidade de resfriar o material avermelhados) que são utilizados em
combustível que ainda não está alguns países lançados de aeronaves
queimando. com grande capacidade para transporte
A capacidade de combate a de carga.
incêndios florestais com a utilização da Tal agente em contato com o fogo
água pode ser melhorada com a gera reações que inibem sua progressão
utilização de aditivos que a tornam mais pela diminuição da taxa de oxigênio,
viscosa e com maiores propriedades de causando até mesmo a extinção
aderência ao combustível, como completa dos incêndios.
veremos a seguir.

31
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

1.3.4.3 Terra do Solo

A terra do solo pode também ser


utilizada como agente extintor em
incêndios florestais, sendo lançada na
base das chamas. Desta forma ela age
por abafamento e por resfriamento, pois
contém umidade.

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

FATORES DE PROPAGAÇÃO
02 DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

2. FATORES DE PROPAGAÇÃO DE Tais componentes interagindo


INCÊNDIOS FLORESTAIS entre si na ocorrência de um incêndio,
determinam as características do
O comportamento do fogo pode comportamento do fogo em um dado
ser definido pela maneira como o momento.
combustível tem sua ignição, chamas se Observando os sete fatores
desenvolvem e incêndios florestais se listados abaixo dos combustíveis, vemos
propagam e exibem outros fenômenos. que a umidade está em primeiro,
A supressão de um incêndio justamente por ser o fator determinante
florestal está baseada na perfeita no combate de um incêndio florestal.
assimilação dos fatores que influenciam Abaixo do clima vemos a velocidade e
o comportamento do fogo, pois pode-se direção do vento como os fatores
precisar quais os esforços e medidas a críticos à propagação dos incêndios
serem tomadas, quais os meios mais florestais. Topografia é o mais constante
indicados para o eficiente combate de dos fatores que fazem parte do meio
cada tipo de incêndio, bem como pode- ambiente do fogo. A inclinação do
se prever os riscos que os combatentes terreno é o tópico significativo, pois
vão encontrar e as formas de saná-los. pode causar profundos efeitos no
comportamento do fogo.
2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE
2.1.1 Combustíveis

Combustível é qualquer material


orgânico vivo ou morto, no solo, abaixo
do solo ou no ar, capaz de entrar em
ignição e queimar. Combustíveis são
encontrados em uma infinita
combinação de tipo, quantidade,
tamanho, forma, posição e arranjo no
ambiente florestal. O combustível é
amplamente encontrado no ambiente
FIGURA 12 – Fatores de influência dos florestal, desde grama esparsa e
incêndios florestais. material morto à coníferas de grande
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
densidade e devido a sua composição
complexa possuí alto índice de
As condições locais, influências e inflamabilidade.
modificações externas determinam o Os combustíveis em sua essência
comportamento dos incêndios. Os três são constituídos pela vegetação
componentes fundamentais que alteram predominante em uma determinada
o comportamento do fogo são: área. O Estado do Paraná conta com
apenas 2,5% da superfície brasileira,
COMBUSTÍVEL porém, detém em seu território a grande
CLIMA maioria das principais unidades
fitogeográficas que ocorrem no país.
TOPOGRAFIA DO TERRENO
Originalmente 83% de sua
superfície eram cobertos por florestas.

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Estas florestas pertencem a três tipos c. Combustível Aéreo


principais, cada um com suas
peculiaridades estruturais e florísticas: a Todo combustível verde ou
Floresta Ombrófila Densa (no Litoral e morto, localizado no topo das árvores
Serra do Mar), a Floresta Ombrófila (copa), como grandes árvores, troncos
Mista ou Floresta de Araucária (no mortos, e grandes arbustos.
leste e sul da Região Planaltina) e a No ambiente florestal os
Floresta Estacional Semi-Decidual (no combustíveis coexistem e interagem
oeste e norte do Estado). Estes três tipos entre si. Em muitas situações os
de Florestas são legalmente combustíveis superficiais servem como
reconhecidos, no Brasil, como fonte de propagação para que incêndios
componentes do Bioma “Mata Atlântica”. atinjam a copa dos combustíveis aéreos,
Segundo Maack (1968), a como na figura 13.
vegetação nos 17% restantes da área do
Estado originalmente era composta por
formações não-florestais, entre estas
estão os campos, encontrados nas
regiões de Ponta Grossa e Guarapuava,
os cerrados, encontrados em fragmentos
como na região de Jaguariaiva, a
vegetação pioneira de influência marinha
(restingas), fluviomarinha (mangues) e
flúvio-lacustre (várzeas), e pela
vegetação herbácea do alto das
montanhas (campos de altitude e
vegetação rupestre). FIGURA 13 – Combustíveis superficiais
O combustível florestal é servindo como “escada” de propagação.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
classificado de acordo com a sua
localização em subterrâneo, superficial 2.1.1.1. Umidade do combustível
e aéreo.
Equivale a porcentagem de água
a. Combustível Subterrâneo contida no combustível em relação a seu
peso seco. O combustível florestal é
Todo material encontrado abaixo encontrado com facilidade em todas as
da superfície da terra, como raízes e regiões, variando de vegetações
pedaços de madeiras enterrados, rasteiras e esparsas até grandes
comumentemente caracterizados pela florestas e reflorestamentos. Se
denominação “turfa”. analisarmos o potencial desse meio
ambiente queimar, imediatamente
b. Combustível Superficial incluiremos a umidade do material
combustível e carga do material como
Todo material localizado pontos extremos. Dados nos tem
imediatamente acima do solo, como mostrado que quando a umidade do
gramas, húmus, turfa, pedaços de material combustível chega acima de
madeiras mortas, pequenos galhos e 25%, a ignição é extremamente
pequenos arbustos. dificultada.

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

FIGURA 14 – Combustíveis com teor de FIGURA 15 – Combustível seco (RÁPIDA


umidade elevado (DIFÍCIL PROPAGAÇÃO) PROPAGAÇÃO)
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR. FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Em uma floresta em que o 2.1.1.2 Arranjo vertical do combustível


material combustível esteja seco por
Definimos arranjo vertical do
conta de um período de estiagem, o
combustível como uma relação entre o
fogo tem uma tendência a se propagar
tamanho relativo do combustível e sua
de uma forma mais rápida. Com efeito
continuidade vertical. Para melhor
florestas onde os combustíveis possuem
compreendermos o arranjo vertical do
elevado umidade devido ao orvalho e
combustível imaginemos um ambiente
por estarem verdes tendem a apresentar
florestal com combustíveis de superfície,
dificuldade na queima.
como grama, combustíveis baixos como
Períodos de inverno com
pequenos arbustos e árvores de
estiagem, aliados a dias frios onde
pequeno porte, combustíveis de média
ocorrem a formação de geadas, comuns
altura como árvores em formação e
no Sul do Brasil, tornam a vegetação
combustíveis de copa caracterizados por
extremamente seca, chegando algumas
árvores formadas (maduras) com altura
vezes ao ponto de arder em grandes
superior a 30 metros. Tais combustíveis
incêndios com rápida propagação.
coexistem entre si no ambiente florestal
e os de menor tamanho agem como se
QUANDO O TEOR DE UMIDADE NO fossem uma escada para que o fogo
COMBUSTÍVEL É GRANDE A IGNIÇÃO É
atinja a copa das árvores de maior porte.
DIFICULTADA E AS CHAMAS SÃO
POBRES, ENTRETANTO SE O TEOR DE Portanto, independente da altura
UMIDADE É BAIXO, A IGNIÇÃO OCORRE máxima do combustível existente em
COM FACILIDADE, COM PROPAGAÇÃO um determinado local, do número de
E QUEIMA RÁPIDA. espécies de combustível envolvidas,
todas tem relacionamento com o arranjo
Isto se explica porque para se vertical. Em reflorestamentos é prática
vaporizar a água existente na umidade comum a desrama das espécies à
do combustível é necessário uma grande medida que vão crescendo com a
quantidade de energia, o que vai gerar finalidade de causar uma quebra no
uma diminuição na energia calorífica arranjo vertical, bem como evitar que
para a queima daquele combustível. folhas ou acículas em queda se
depositem nos galhos mais próximos ao

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

solo e também funcionem como escada bustível é definida como o espaço


para a propagação dos incêndios. existente entre as partículas do material.
Imaginemos um fardo com grama onde
em uma primeira situação temos o
mesmo espalhado em uma superfície
plana e em uma segunda situação o
mesmo estaria compactado em um
recipiente amarrado. No primeiro caso
haveria maior área de contato e mais
circulação de ar entre as partículas,
requerendo menos calor e tempo para a
ignição do fogo. Já no segundo caso
devido à compactação torna-se
necessário mais calor e maior tempo
para a ignição.
FIGURA 16 – Arranjo vertical do combustível
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

2.1.1.3 Carga do combustível

No ambiente florestal a carga do


material combustível é dada como o
peso do material seco dividido pela área
em que o mesmo se encontra, se
totalmente consumido pelo fogo.
Usualmente é expressa em toneladas
por acre (t/a). A carga do material
combustível varia de acordo com o tipo
de vegetação, como nos exemplos
abaixo:

COMBUSTÍVEL CARGA
Gramíneas 1 a 5 t/a
Arbustos 20 a 40 t/a
FIGURA 17 – Compactação do material
Árvores de grande porte 100 – 600 t/a combustível
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

É importante observar que a carga


2.1.1.5 Tamanho e forma do
do material combustível envolve combustível
diferentes tipos de classes de
combustíveis, o arranjo do combustível O tamanho e a forma do material
no terreno e uma particular distribuição combustível afetam a razão área de
sobre uma área específica. superfície – volume dos combustíveis.
Os combustíveis leves tem uma
2.1.1.4 Compactação do combustível razão área de superfície – volume mais
importante do ponto de vista florestal
A compactação do material com- que os pesados. Imaginemos um cubo

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

compacto com um metro de lado por um


metro de profundidade, que totalizaria,
portanto, 1 m³ e uma área de superfície
de 6 m². Se dividirmos o cubo em 16
peças teremos o mesmo volume de
combustível (1 m³), entretanto teremos
uma área de superfície de 18 m². Qual a
importância deste fato no
comportamento do fogo?
Sabemos que combustíveis de
menor tamanho tem ignição e mantém o
fogo mais facilmente que combustíveis
FIGURA 19 – Descontinuidade do Combustível
pesados. Portanto, se requer menos FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
calor para a ignição em partículas
menores de combustível. 2.1.1.7 Propriedades químicas do
combustível
2.1.1.6 Continuidade do combustível
Referem-se à presença de
A continuidade do material substâncias voláteis no material
combustível refere-se à distribuição combustível florestal, como óleos,
horizontal do combustível em uma resinas, ceras, breu, que podem alterar a
determinada área. Afeta diretamente na taxa de propagação do fogo. Devido as
propagação, pois em locais onde há suas características em povoamentos de
combustível de forma contínua, sem coníferas o fogo se propaga mais
barreiras naturais ou criadas, haverá um intensamente que em um povoamento
“caminho” para o fogo percorrer, seja de eucalyptus.
nos combustíveis superficiais ou aéreos.
Ao contrário, uma 2.1.2 Fatores climáticos
descontinuidade do material
Os fatores meteorológicos que
combustível acarretará em uma barreira
atuam diretamente no combustível
para a propagação do fogo.
florestal, facilitando ou dificultando a
propagação dos incêndios, serão vistos
separadamente.

2.1.2.1 Velocidade e direção do Vento

O vento é o mais variável e o mais


crítico fator que altera o comportamento
do fogo, sendo também o mais
imprevisível deles. O vento é resultado
da diferença de temperatura causada
por gradientes de pressão entre
diferentes áreas, resultantes dos
processos de aquecimento e
FIGURA 18 – Combustível em continuidade resfriamento. O vento afeta a
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
intensidade, direção e propagação do

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fogo, pré aquecendo combustíveis por


radiação e convecção, fornece
suprimento de oxigênio necessário à
propagação, favorece uma troca rápida
de umidade entre o ar e os
combustíveis, o que os tornarão mais
secos, carrega partículas de combustível
(fagulhas) e lança-as a frente da linha de
fogo, em áreas ainda não queimadas.
Nos incêndios de copa o vento torna
possível o transporte de calor e das FIGURA 21 – Comportamento do vento
chamas entre a copa das árvores. conforme o período.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

2.1.2.2 Umidade relativa do ar

Quando discutimos umidade na


atmosfera é importante conhecermos
dois pontos de referência para qualificar
a umidade em qualquer tempo e lugar,
que são o ponto de orvalho e a
umidade relativa do ar.
A umidade relativa do ar destaca-
se no estudo do comportamento do
fogo, principalmente em nossa região
onde existe, nos períodos críticos à
FIGURA 20 – A ação do vento determina a
intensidade e a propagação dos incêndios eclosão dos incêndios florestais, uma
florestais. tendência a dias com umidade relativa
FONTE: sobreventos.com
do ar extremamente baixa. Fato
semelhante ocorre na região central de
O incêndio florestal, devido às
nosso país que também é violentamente
suas características próprias, causa
assolada pelos incêndios florestais,
correntes locais que interagem ao efeito
principalmente no cerrado. A umidade
das correntes de ar, atuando na
do material combustível varia de acordo
propagação do fogo. Pelo princípio das
com a umidade relativa do ar, no caso
correntes de convecção o ar que está
da inexistência de precipitações. Os
sobre as chamas (aquecido) tende a
combustíveis absorvem água de uma
subir, alimentando a combustão com
atmosfera úmida e a liberam em dias
entrada de ar renovado. O mesmo
quentes, entretanto tal fenômeno está
processo ocorre quando o sol aquece o
também intimamente ligado ao
solo, fazendo com que o ar que está
tamanho, compactação e arranjo do
próximo ao mesmo se levante, o que
material. À medida que a umidade
nos permite observar que durante o dia
relativa do ar decresce a velocidade de
a tendência das correntes de vento é
propagação do fogo aumenta,
subir os vales e declives, ocorrendo
tornando-se o combate extremamente
processo inverso a noite devido à
difícil. Outro ponto de destaque que
inversão das correntes.
merece a atenção de quem comandará

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as ações de combate aos incêndios UMIDADE RELATIVA FATOR DE


florestais é o desgaste dos combatentes DO AR (%) PROPAGAÇÃO
devido à baixa umidade, que poderá
45 – 41 1,0
causar desidratações e outras
40 – 31 1,4
complicações, portanto a rehidratação é
fator que deve ser colocado em primeiro 30 – 26 2,0
plano para um combate eficaz e sem 25 – 16 2,8
perda de pessoal. < 16 3,2
No período noturno, devido a
existência de uma maior umidade no ar, 2.1.2.3 Precipitação
podemos ter a formação do orvalho, que
resulta da condensação do vapor de A ocorrência de chuvas é o
água sobre superfícies arrefecidas. principal fator na extinção de um
Normalmente ocorre em noites claras, incêndio florestal. Sua influência direta
em que o calor do solo é perdido por na propagação do fogo é evidente.
radiação, e consiste na formação de Entretanto precisamos compreender de
gotas de água nas superfícies frias que forma ela age, principalmente no
(folhas, ervas, pedras). combustível florestal.
Assim, se a temperatura da
vegetação baixar, então o excesso de
vapor de água existente na atmosfera
condensa-se e deposita-se na vegetação,
formando o orvalho. Neste caso, a
tendência do incêndio é de arder mais
lentamente, devido a umidade absorvida
pelos combustíveis, fato este que
favorece o combate à noite, porque em
certos casos, o combate durante o dia
torna-se extremamente dificultado pelas
condições climáticas.
Entretanto devemos sempre
FIGURA 22 – Ação da chuva na floresta
empregar todos os esforços para se FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
combater os incêndios durante o dia,
pois o risco de acidentes é menor, bem Longos períodos de estiagem
como no caso de grandes incêndios é afetam o potencial de propagação do
necessário se prever o descanso de incêndio, principalmente pela secagem
pessoal empregado. Quando não for do combustível, o que aumentará a
possível tal combate, esforços maiores probabilidade de ignição e facilitará a
devem ser dispensados à noite, desde propagação.
que o terreno ofereça condições para tal Com a ocorrência de precipitação
prática. o potencial de propagação pode ser
A tabela a seguir mostra a relação reduzido a zero, mas devemos
entre a umidade relativa do ar e a considerar que condições críticas de
velocidade de propagação do fogo. inflamabilidade não são revertidas
facilmente, pois combustíveis secos
devido a longos períodos de estiagem

40
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

são umedecidos superficialmente com a Devemos lembrar que é muito


ocorrência de precipitação, mas na difícil medir a temperatura de um
continuidade de tempo seco eles voltam combustível durante um incêndio,
as mesmas condições que se portanto alguns pontos precisam
apresentavam, tornando-se novamente sempre ser reavivados por quem for
inflamáveis. combater ou planejar o combate a um
incêndio florestal:
2.1.2.4 Temperatura
 Os combustíveis finos tem
A temperatura do ar atua em
aquecimento facilitado pela
conjunto com praticamente todos os temperatura do ar e radiação;
demais fatores de propagação dos
incêndios florestais. Normalmente ela é  Durante a parte mais quente do dia,
os combustíveis voltados para as
medida em um termômetro e mensurada
encostas norte e oeste apresentam
em graus Celsius (º C) ou Fahrenheit (º temperaturas mais altas que os
F). combustíveis das faces sul e leste;
Para conversão de Celsius para
Fahrenheit aplicar a fórmula a seguir:  Combustíveis maiores respondem
mais lentamente aos efeitos das
mudanças de temperatura do ar e
da radiação solar;
C/5 = (F –32)/9
 Combustíveis maiores apresentam
menor temperatura que os finos
O combustível florestal depende durante o dia, ocorrendo o inverso
da temperatura do ar em volta dele para à noite;
entrar em ignição. Experiências
 Dos combustíveis expostos à
mostraram que a temperatura de ignição radiação solar os superficiais
do combustível varia de 260º a 400º C, apresentam maior temperatura que
variando de acordo com o tipo do os aéreos.
combustível e com as condições
atmosféricas. O tempo necessário para o
2.1.2.5 Estabilidade atmosférica
início da combustão depende do teor de
umidade do combustível, ou seja, da O ar na atmosfera pode estar
quantidade de calor necessária para estável, neutro ou instável, dependendo
vaporizar a água antes que a ignição da temperatura em que se encontra. A
possa iniciar. A temperatura máxima estabilidade atmosférica refere-se a tais
que o combustível pode atingir se movimentos, que dependendo das
considerando apenas a radiação solar é condições locais alteram o
em torno de 75º C, o que não é comportamento do fogo.
suficiente para provocar a ignição. Na atmosfera encontramos o ar
Entretanto o aquecimento solar em movimento constante, variando de
principalmente nos dias com pouca acordo com a temperatura, umidade,
incidência de nuvens pode favorecer tal pressão e outras propriedades. Na
fenômeno, pois quanto maior for a ocorrência de um incêndio em uma
temperatura do combustível, menor será floresta, a atmosfera próxima das
a diferença entre sua temperatura inicial chamas se tornará extremamente
e temperatura de ignição. aquecida, o que produzirá grande

41
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

instabilidade em níveis acima, criando 2.1.3.1 Inclinação


movimentos verticais das correntes de ar
que poderão incrementar a atividade do Os incêndios tendem a se
fogo. Tal fenômeno ocorre também em propagar mais rapidamente em
dias muito quentes, quando o ar montanhas e vales acima (aclives) e mais
aquecido por radiação solar gera lentamente nos declives. A medida que a
correntes verticais de instabilidade. inclinação aumenta a propagação do
fogo também aumenta, causando mais
destruição.

FIGURA 23 – Instabilidade atmosférica


resultante de incêndio florestal.
FONTE: USDA – Forest Service.

2.1.3 Topografia (relevo)

A topografia do terreno afeta o


meio ambiente do incêndio por alterar
os processos normais de transmissão de
calor e influenciar nas modificações do FIGURA 24 – Propagação do incêndio
conforme a inclinação.
clima local, influenciando no tipo de Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
vegetação e combustível. Pode-se dizer
que resulta em micro climas com Nos aclives a inclinação favorece a
condições de umidade localizadas e aproximação da chama com o
específicas. combustível, o que gera uma exposição
Para melhor entendermos os maior às ondas de calor transmitidas por
fatores topográficos nos incêndios em radiação e convecção aquecendo e
florestas passamos a abordá-los a secando rapidamente o material
seguir: combustível, causando uma propagação
mais intensa do fogo. Ocorre ainda uma
interação de fenômenos, pois a corrente
de ar gerada pelo fogo encaminha-se

42
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

por convecção aclive acima gerando um secagem do material combustível,


abastecimento de novo suprimento de ar aumentando o potencial de incidência e
que favorecerá a combustão. Nos aclives propagação de incêndios florestais.
o combustível incendiado pode rolar
morro abaixo, dando início a novos 2.1.3.3 Elevação
focos de fogo em áreas intactas e
expondo os combatentes ao risco de A elevação está diretamente
ficarem confinados entre duas frentes de relacionada com a estabilidade
incêndio. atmosférica. Quanto maior a altitude,
mais rarefeito é o ar e mais baixas são
2.1.3.2 Exposição as temperaturas, o que influencia na
propagação do fogo. Topos de
A exposição refere-se a incidência montanhas e fundos de vales
direta dos raios solares no terreno. apresentam diferentes condições de
Abaixo do Equador os raios solares queima devido às correntes de vento e
incidem com maior intensidade nas às condições de temperatura e umidade
faces voltadas para o norte, sendo estas em cada um deles. O potencial de
as mais aquecidas. Em seguida temos as propagação é maior no fundo de um
faces oeste, leste e sul, nesta ordem, vale durante o dia, sendo que à noite o
como as mais aquecidas. processo se inverte.

2.2 PARTES DE UM INCÊNDIO FLORESTAL

Se visualizarmos de cima, um
incêndio florestal começa de um ponto
que vai crescendo – trata-se de um foco
de incêndio.
O incêndio começa por um ponto
e vai se alastrando, desenvolvendo-se
inicialmente num pequeno círculo. A
energia do centro se junta com a energia
dos novos combustíveis que começam a
queimar. Passado pouco tempo observa-
se que, no centro, já não há chamas,
porém a quantidade de calor começa a
ser suficiente para que haja auto-
propagação.
Temos então três tipos de zonas
de chamas evoluindo:
FIGURA 25 – Exposição aos raios solares na
floresta.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros  A favor do vento ou encosta acima
(frente do incêndio);
Devido a tal incidência, as faces  Contra o vento ou encosta abaixo
que mais recebem radiação vão (retaguarda);
apresentar umidade de combustível mais
 Entre estas zonas (flancos).
baixa, menor umidade relativa do ar,
maior temperatura, ocasionando assim a

43
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Às diferentes partes de um 2.3 PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS


incêndio florestal são dados nomes, que FLORESTAIS
todos os combatentes devem conhecer:
Como já abordado, os principais
fatores que influenciam na propagação
 Frente principal ou cabeça – zona
onde o incêndio se propaga com dos incêndios florestais são o vento e as
maior intensidade; correntes de convecção.

 Retaguarda ou cauda – zona 2.3.1 Propagação pelo vento


oposta à frente, onde o incêndio
assume menor intensidade, ainda
Os incêndios propagados pelo
que possa também progredir nessa
direção; vento tem como características uma
coluna de fumaça direcionada para a
 Flanco – parte lateral situada entre direção do vento, o que favorece ao
a frente e a retaguarda. São
combatente identificar a cabeça,
divididos entre direito e esquerdo;
retaguarda e flancos.
 Dedo – saliência num flanco, Podemos ainda observar nesses
correspondente ao local onde o
tipos de incêndios:
incêndio se propaga com maior
velocidade;
 Propagam-se de forma elíptica;
 Ilha – área situada no interior do
perímetro do incêndio que não foi  A intensidade e o sentido de
atingida pelo mesmo, isto é, não foi propagação estão diretamente
queimada; relacionados com a velocidade e
direção do vento;
 Foco secundário – ponto exterior,
separado do perímetro do incêndio  Ocorrem, frequentemente, focos
principal, onde se verifica a ignição secundários na frente do incêndio;
de um novo foco de incêndio;
 A retaguarda e os flancos podem
 Bolsa – zona compreendida entre o ser dominados, com relativa
flanco e o dedo. facilidade;
 É possível prever para onde o
incêndio vai propagar.

FIGURA 26 – Partes de um incêndio florestal.


Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
FIGURA 27 – Propagação em função do
vento.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

44
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

FIGURA 28 – Comportamento de incêndio FIGURA 29 – Ação das correntes de


florestal em função do vento. convecção em um incêndio florestal.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade FONTE: Combate a incêndios florestais – Escola
Nacional de Bombeiros – Portugal.

2.3.2 Propagação pela ação das


correntes de convecção

Nos incêndios propagados pela


ação das correntes de convecção
observam-se colunas de fumaça
ascendentes. Muita atenção neste tipo
de incêndio, pois, nestas situações, não
é possível determinar onde ficam a
cabeça, os flancos e a retaguarda.
Podemos ainda observar nesses
tipos de incêndios:

 A velocidade e direção de
propagação são atípicas;
 Pode haver fogo encosta abaixo e
sem a ajuda do vento;
 Não há, normalmente, projeção de
materiais e partículas
incandescentes a grande distância;
 Pode haver queda de partículas
incandescentes na área de
influência da coluna de fumaça,
mas a sua direção é aleatória;
 O incêndio propaga-se de uma
forma intensa;
 A dificuldade em dominar o
incêndio é muito grande;
 Não é possível prever para onde o
incêndio se vai propagar.

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

03 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
DE COMBATE A INCÊNDIOS
FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS INDIVIDUAL (EPI)


DE COMBATE A INCÊNDIOS  MATERIAL ESPECIAL
FLORESTAIS
 VEÍCULOS
Nas ações de combate a incêndios
florestais as ferramentas e aparelhos
Tendo em vista o campo de
ocupam papel de destaque, pois os
Combate a Incêndios Florestais ser
trabalhos desenvolvidos, na maioria das
específico e possuir materiais
vezes, nas áreas de incêndios, são
característicos passaremos a estudá-los
inacessíveis ao transporte moto-
abaixo:
mecanizado terrestre, restando assim o
transporte do material portátil pelo 3.1 BOMBAS
próprio homem ou por aeronaves.
O emprego de equipamentos São equipamentos hidráulicos
pesados, tais como veículos de combate destinados a deslocar líquidos para a
a incêndio, tratores e aeronaves extinção de incêndios. As bombas
facilitam muito o trabalho dos socorros poderão fazer parte de uma viatura de
e guarnições de combate, pois executam combate a incêndios ou ser
rapidamente o trabalho de diversos independentes. Sabemos que a água é o
homens. agente mais eficaz para o combate a
O material deverá estar sempre incêndios, portanto sempre que for
reservado e disponível para o pronto possível ela deverá ser levada ao local
emprego. Os materiais de corte (enxada, do incêndio. Caso seja viável se
machado, pás, foices, facões, etc.) aproximar de um incêndio florestal com
devem ser destinados exclusivamente uma viatura de combate a incêndios tipo
para tal finalidade devendo ser Auto Bomba Tanque (ABT) teremos uma
marcados, acondicionados em locais certa capacidade de água e uma bomba
previamente determinados e ter para lançar o agente extintor.
manutenção periódica. Entretanto, é comum na prática do
A classificação dos materiais e combate, nos depararmos com locais
equipamentos obedece, no Corpo de inacessíveis, e caso haja próximo uma
Bombeiros do Estado do Paraná, os fonte de água poderemos lançar mão de
seguintes critérios: bombas portáteis, que serão muito
úteis. Atualmente existem bombas
 BOMBAS portáteis que necessitam estabelecer
uma coluna de água para se iniciar o
 ESCADAS
bombeamento e também bombas auto-
 EXTINTORES escorvantes onde basta funcioná-las
 FERRAMENTAS E APARELHOS para que se inicie o bombeamento. As
bombas auto escorvantes são as mais
 MATERIAL DE ABASTECIMENTO
indicadas, pois tem o manuseio
 MATERIAL DE COMUNICAÇÃO facilitado, existindo inclusive bombas
 MATERIAL DE ESTABELECIMENTO flutuantes, que realizam o
bombeamento em finas lâminas de água
 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO
(mínimo de 10 cm).
 MATERIAL DE PROTEÇÃO

47
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

As bombas possuem acessórios guarnição; e na construção de aceiros


para seu manuseio como mangotes para esta distância deve ser pelo menos de
sucção, mangueiras e esguichos. dois a quatro metros.
Devemos lembrar da previsão de
combustível sobressalente se O manuseio correto das
utilizarmos bombas no combate aos ferramentas poupa o combatente de
incêndios florestais. esforços desnecessários, como por
exemplo, elevá-las demais não fará com
que o serviço tenha melhor qualidade,
somente desgastará o combatente.

3.2.1 Facão com bainha

Utilizado normalmente pelo


Chefe da Guarnição de Combate a
Incêndio Florestal, é empregado para se
2 marcar a linha de aceiro a ser seguida,
1 no corte de vegetação baixa e pequenos
arbustos. Durante o seu manuseio o
operador deve estar atento quanto a
acidentes que podem ocorrer.
Após utilizar a ferramenta a
mesma deve ser afiada, observando-se
um sentido único para o fio, bem como
3 o fio deve ser protegido por fita que o
isole (fita crepe ou similar).

FIGURA 30 – Bombas de combate a 3.2.2 Foice


incêndios florestais. 1 Bomba Mosquito. 2
Bomba flutuante (Floto-Pump). 3 Bomba
Mark 3. Possui emprego similar ao do
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR facão, porém com capacidade de corte
de arbustos de maior porte a árvores de
3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS pequeno diâmetro. Pode ser empregada
após a confecção do aceiro para se roçar
As ferramentas e aparelhos são a vegetação em ambos os lados a fim de
empregados no ataque direto e no diminuir a carga do material combustível
ataque indireto aos incêndios florestais, a ser queimado.
devendo seu uso ser exclusivo para tal O uso da foice na linha de aceiro
atividade. As ferramentas devem ser requer muita atenção por parte de seu
utilizadas de forma correta, observando- operador, a fim de se evitar acidentes.
se condições de segurança, tanto no
transporte, quando no trabalho de 3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)
campo.
Quando se anda em linha É empregado quando o abate de
devemos manter um mínimo de 1,5 árvores é necessário e o uso da foice é
(uma vez e meia) a distância do cabo da ineficiente.
ferramenta entre os componentes da

48
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Pode ser utilizado também para no lançamento de terra na base das


raspar solos rígidos na linha de aceiro, chamas ou para cobrir troncos e árvores
empregando o lado oposto ao de corte. incendiadas que estão no solo.

1 1

2a
3 A
2

FIGURA 31 – Ferramentas de combate a 2b


incêndios florestais. 1 Foice. 2 Pulaski. 3 A
Facão.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR 3

3.2.4 Enxada 4

A enxada é ferramenta
fundamental para corte e remoção na
confecção de um aceiro. A vegetação FIGURA 32 – Ferramentas de combate a
incêndios florestais. 1 Enxada. 2A e 2B
próxima ao solo deve ser retirada com o Rastelo. 3 McLeod. 4 Pá.
emprego da enxada. FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.5 Rastelo (ancinho) 3.2.8 Queimador para incêndio


controlado
É empregado para a remoção do
material que foi cortado. Lembrar que Aparelho conhecido pela
tal material deve ser depositado, no lado denominação “pinga-fogo”, é utilizado
oposto ao sentido de progressão da para as práticas de fogo contra-fogo e
frente de fogo. queimada controlada. Confeccionado em
metal com capacidade para 5 litros de
3.2.6 “McLeod” combustível, que deverá ser uma
mistura de óleo diesel e gasolina ou
Ferramenta combinada com dupla querosene na seguinte proporção:
finalidade (enxada e rastelo) que pode
ser empregada para corte e raspagem Óleo Diesel/Gasolina: 4/1 litros
do combustível florestal e do solo.
Óleo Diesel/Querosene: 3,5/1,5 litros.
3.2.7 Pás e cortadeiras
Jamais deverá ser utilizada uma
Tem emprego importante na proporção maior que a recomendada de
execução de aceiros, podendo ser gasolina em sua mistura, pois poderá
utilizadas para retirar material cortado, ocorrer risco para o operador.

49
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

O aparelho possui dois sistemas acidentes com as guarnições que


de regulagem, um para combustível e estejam trabalhando na área. Sinais
outro para ar, e só funciona com ambas sonoros que indiquem queda de árvore
abertas. É possível dosar a quantidade devem ser do conhecimento de todas as
de combustível a ser lançado na equipes que estejam empenhadas no
vegetação, bem como a abertura para combate. O operador de motosserra
entrada de ar. deverá estar equipado com todos os
Virando o aparelho com as equipamentos de proteção individual
regulagens devidamente calibradas, o (EPI) que o caso requer.
combustível é lançado sobre uma Guarnições deverão prever
superfície espargidora, que é acesa pelo combustível extra para as motosserras
operador. Ao caminhar com o aparelho quando executarem tal atividade.
virado na vegetação gotas de
combustível incendiado são lançadas
iniciando focos de incêndio.
O queimador deverá ser operado
por pessoa que tenha conhecimento das
técnicas e dos tipos de queimadas, pois
seus efeitos podem gerar transtornos e
destruições com a criação de novos
focos de incêndio sem controle.
FIGURA 34 – Motosserra
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.10 Roçadeira

Importante aliada na confecção de


aceiros com maior velocidade, a
roçadeira pode ser utilizada em
vegetação baixa, devendo o operador
estar atento a tocos e pedras. Como na
motosserra, é fundamental o uso de EPI
e a previsão de combustível extra.

FIGURA 33 – Queimador para incêndio


controlado (pinga-fogo).
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.9 Motosserra

Utilizada na confecção de aceiros


onde se necessite abater árvores de
grande porte ou para cortar árvores já
incendiadas que estejam em brasa. A
operação com motosserra merece
cuidado especial do operador para FIGURA 35 – Roçadeira.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
evitar acidentes pessoais, bem como

50
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

3.2.11 Abafador 3.2.12 Mangueiras e esguichos

Tem grande utilização no ataque São utilizados nos combates a


direto aos Incêndios Florestais. O incêndios florestais, quando é possível a
abafador age basicamente pelo princípio utilização de água para o combate, seja
do abafamento, ao batê-lo contra o fogo. disponível por meio de viaturas de
Existem dois tipos de abafadores, combate a incêndio ou moto bombas.
sendo que o primeiro consiste em um As viaturas destinadas a tal
retângulo de borracha flexível com atividade deverão ser providas de
aproximadamente 40 cm de grande quantidade de mangueiras, pois
comprimento, 30 cm de largura e 0,6 cm muitas vezes há necessidade de se
de espessura, presos a uma armação de penetrar em longos trechos de
ferro em formato de T, e fixado a um vegetação, ou mesmo caminhar morro
cabo de madeira com 2 m de acima, necessitando assim a utilização
comprimento mínimo. Uma outra de vários lances até que se atinja a área
solução para confecção de abafadores queimada.
consiste em cortar pedaços de
mangueira de combate a incêndios, com
40 cm de comprimento, e fixá-las na
mesma estrutura acima descrita. Neste
tipo de abafador devemos lembrar que
2
não se deve abrir a mangueira, pois o 1
aquecimento tende a enrolar seu
material, o que prejudica o combate.
Em situações de emergência ou
onde não existam abafadores, pode-se
abrir mão de arbustos para tal
atividade.
3 4

FIGURA 37 – 1 Mangueira. 2 Esguichos. 3


Derivantes. 4. Válvulas.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal

Equipamento de grande
versatilidade utilizado no combate ao
incêndio florestal no ataque direto ao
fogo. A bomba costal possui uma
capacidade de transporte de 20 litros de
água sendo carregada como uma
mochila nas costas do combatente.
Possui um sistema manual de
FIGURA 36 – Abafador
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR pressurização e um esguicho com
requinte ajustável que permite regular a
qualidade do jato. Devemos lembrar que

51
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

ao lançarmos água em um combate a uso de todo o equipamento que se


incêndio florestal deveremos fazê-lo na encontra dentro de suas atribuições.
base das chamas. Após o uso elas devem ser
A mochila costal possui as inspecionadas, ter a manutenção
mesmas características operacionais da realizada e serem acondicionadas
bomba costal, porém confeccionada em prontas para um próximo emprego.
PVC maleável que se molda
perfeitamente as costas do combatente, a. Cabo das Ferramentas
lhe garantido mais conforto no
transporte e no combate. Cuidado especial deve ser dado
No seu manuseio o combatente ao cabo das ferramentas. Eles devem ser
florestal deverá estar atento a galhos, inspecionados a procura de rachaduras,
tocos, cercas de arame e outros objetos deverão estar bem firmes e serem
que possam vir a danificá-la. colocados nas ferramentas com a
utilização de cunhas em madeira para
dar aperto.

b. Fio de Ferramentas

Ao afiarmos ferramentas devemos


ter o cuidado de não superaquecê-las. A
lima deve obedecer sempre ao sentido
de corte das mesmas e o fio é feito em
um único sentido. Após afiadas as
ferramentas é importante proteger o seu
fio com a colocação de uma fita
aderente (crepe) no mesmo, pois assim
garantiremos também proteção contra
ferrugem.
O responsável pela afiação deverá
estar portando luvas.

c. Transporte de Ferramentas

O transporte das ferramentas é


FIGURA 38 – Bomba e mochila costal. fator importante dentro de um combate
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
a incêndios florestais. Jamais podemos
transportar ferramentas e combatentes
3.2.14 Manutenção das ferramentas
juntos, devendo portanto haver um local
específico para as mesmas,
O trabalho de combate a
preferencialmente, em compartimentos
incêndios florestais eficiente será
exclusivos. No transporte em linha por
possível com ferramentas em boas
combatentes o fio de corte sempre
condições de uso. Todos os
deverá estar voltado para o solo, e por
combatentes são responsáveis pela
questões de padronização e segurança
manutenção das melhores condições de
todas as ferramentas devem ser

52
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

transportadas do mesmo lado. A


distância entre homens será de no
mínimo 1,5 vez o tamanho do cabo da
ferramenta do companheiro da frente
em estrada e pelo menos 2 a 4 metros
no campo.

FIGURA 40 – Organização do almoxarifado


de campo.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

3.3 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO

São os materiais empregados nos


incêndios florestais nas missões
FIGURA 39 – Transporte de ferramentas por noturnas, para garantir segurança
uma guarnição de combate a incêndios pessoal, bem como propiciar condições
florestais (GCIF).
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning de trabalho. São empregados nos
acampamentos para iluminação e
As ferramentas destinadas ao desenvolvimento de todas as atividades
incêndio florestal devem ter um fim de apoio, onde se necessite energia
específico para tal, não devendo ser elétrica e iluminação.
empregadas em outras atividades que
não seja a confecção de linhas de 3.3.1 Lanterna de mão
aceiros ou em missões de combate aos
incêndios florestais. São essenciais para garantir
Em campo, quando houver segurança ao combatente de incêndios
possibilidade, deve ser construído um florestais. Deve-se optar por uma
local específico para o lanterna de boa qualidade, com
acondicionamento adequado das interruptores protegidos, que não
ferramentas e equipamentos. Tal local apresentem o risco de ligar a lanterna
recebe a denominação de almoxarifado acidentalmente. O foco ajustável é uma
de ferramentas e deve ter um excelente característica disponível em
encarregado que irá oferecer suporte algumas lanternas. O refletor gira,
logístico de manutenção e reparos. permitindo um foco mais concentrado
As ferramentas devem ser para iluminar mais a distância. Uma
acondicionadas conforme o trabalho que lanterna sempre deverá possuir focos
cada uma realiza (corte, remoção, sobressalentes, bem como baterias para
raspagem) objetivando facilitar a reposição. Para uma lanterna de mão
organização do almoxarifado e evitar deverá ser previsto dois focos
que ocorram acidentes. sobressalentes e dois jogos de bateria,
de preferência alcalina.

53
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Atualmente existem lanternas deslocamentos. É importante o emprego


dotadas de baterias recarregáveis que de modelos onde seja possível que a
também podem ser empregadas pelas lanterna seja presa ao capacete do
guarnições de combate a incêndio combatente florestal.
florestal, desde que seja possível a carga A existência da lanterna de
das mesmas em campo, com a utilização cabeça não desobriga o uso da lanterna
de geradores de energia ou viaturas que de mão, pois todo combatente deve
permitam tal operação. possuir duas lanternas para sua maior
segurança.

FIGURA 42 – Lanternas de cabeça.


FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
FIGURA 41 – Lanternas de mão.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.3.3 Gerador de Energia
3.3.2 Lanterna de Cabeça (Headlamps)
Nos acampamentos organizados
Tem a mesma finalidade da para atividades de combate a incêndios
lanterna de mão, porém é de florestais, os geradores de energia são
fundamental importância nas atividades peças de fundamental importância, pois
de combate a incêndios florestais nos garantem a comodidade e o conforto
horários noturnos, bem como nos mínimo para o descanso das equipes
deslocamentos a noite, por ter um empenhadas no combate, bem como o
sistema de tiras elásticas, a mesma se funcionamento da base e de toda a
adapta à cabeça do combatente, estrutura necessária para o controle do
deixando suas mãos livres para incidente. Os geradores devem ser
trabalhos na linha de aceiro, dando previstos de acordo com o número de
também mais confiança e segurança nos homens empregados na ação de

54
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

combate ao incêndio florestal. Deve-se gerador de energia sempre deverá


prever também a quais equipamentos possuir sobressalentes suas peças
eles fornecerão energia, tais como básicas para funcionamento, como velas
carregadores de rádios de comunicação, e cordeletes de partida. Deve-se prever
material de informática e iluminação, também o combustível para seu
entre outros. funcionamento. O controle e
abastecimento do gerador deve ser feito
somente por uma única pessoa, de
preferência o encarregado do
almoxarifado do acampamento.

3.3.4 Extensões e Lâmpadas

Extensões deverão ser previstas


para todo o acampamento. Deve-se
sempre procurar fornecer energia a
todas as barracas onde os combatentes
irão descansar. O local destinado às
refeições deve ser bem iluminado.
Lâmpadas também devem ser previstas
admitindo-se um número elevado de
queimas, devido às oscilações
apresentadas pelo gerador.

3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO


INDIVIDUAL (EPI)

Todo o combatente de incêndio


florestal deverá utilizar EPI, mesmo que
esteja empenhado no ataque indireto,
pois há o risco de acidentes que podem
gerar transtorno ao combatente e à
operação de combate.

FIGURA 42 – Geradores de energia. 3.4.1 Capacete


FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
Garante ao combatente proteção
Em qualquer acampamento é mecânica contra queda de galhos e
imprescindível a utilização de dois pequenos arbustos, além de protegê-lo
geradores, o que torna possível um de eventuais acidentes com ferramentas
revezamento, evitando desgastes e equipamentos. Preferencialmente
excessivos, que poderão gerar panes deve-se optar por capacete que seja leve
elétricas. É importante lembrar que em e cômodo ao combatente, e possua
muitos incêndios florestais os geradores jugular ajustável, bem como encaixe
poderão funcionar por 24 horas para lanterna.
ininterruptamente, pois fornecerão
energia para estações fixas de rádio. O

55
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

3.4.4 Lenço em Algodão

Garante ao combatente de
incêndios florestais uma proteção facial
contra a fumaça, pois funciona como um
filtro contra a fuligem eliminada junto
com a fumaça. Garante também ao
combatente maior conforto, quando
preso junto ao capacete (envolvendo a
cabeça), pois é uma forma de dar maior
firmeza ao capacete, bem como um
filtro para o suor eliminado. Recomenda-
se a utilização de um lenço em algodão
com as dimensões de 55 cm por 50 cm.
FIGURA 44 – Capacete
FONTE: MSA/Gallet

3.4.2 Protetor Auricular

Para proteção quando se utiliza


equipamentos como motosserras,
motogeradores e outros com elevada
taxa de emissão de ruídos.

3.4.3 Protetor de vista

Para proteção das vistas contra FIGURA 46 – Lenço em algodão.


galhos, pedaços de madeira e outros FONTE: sossul.com.br

riscos, além de proteção contra a


fumaça liberada nos incêndios. Deve ser 3.4.5 Balaclava
transparente, garantir um fechamento
Confeccionada em tecido anti-
total das vistas, inclusive lateral,
chamas oferece proteção ao combatente
devendo ainda ser provido de meios que
florestal, principalmente na região da
evitem sua perda em caso de queda
face e pescoço. Deve ser utilizada em
(cordeletes).
conjunto com o capacete.

FIGURA 45 – Óculos de proteção. FIGURA 47 – Balaclava.


FONTE: sossul.com.br FONTE: igbionline.com.br

56
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

3.4.6 Luva de vaqueta O material de sua constituição


deve ser preferencialmente o couro, pois
Para proteção das mãos nas resiste mais à caloria dos incêndios e de
atividades de Ataque Direto ou Indireto. pequenas fagulhas em brasa que
Importante utilizar uma luva que possua venham a entrar em contato como
sistema de fecho no punho. calçado.

3.4.8 Polainas em couro

Para a proteção das pernas do


combatente contra fagulhas e cortes em
pontas de madeira. Conforme a
constituição da polaina ela poderá
oferecer proteção contra picadas de
ofídios.

FIGURA 48 – Luva de Couro com reforço. 3.4.9 Roupa resistente a chama


FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
Em uma atividade de combate a
3.4.7 Bota incêndios florestais, devemos utilizar
roupas adequadas, que resistam a ação
O calçado para o combate a um das chamas e ofereçam proteção em
incêndio florestal merece destaque, pois caso de contato próximo com as
deve dar garantias ao seu usuário de mesmas.
resistência e conforto. Existem no Existem atualmente roupas
mercado vários tipos de calçados que confeccionadas em tecidos anti-chamas
oferecem tais condições, entretanto não e ignifugantes que resistem a chamas
devemos deixar de lembrar que a bota devido a sua constituição química.
deverá ser robusta o suficiente para Capas de combate a incêndios
suportar os arranhões de rochas e garantem proteção ao combatente,
outros obstáculos comuns ao ambiente porém limitam seus movimentos. Caso
florestal, além de possuir solado que não seja possível a utilização de tecidos
permita o caminhamento por curtos anti chamas, devemos lembrar que
períodos em áreas com brasa. tecidos em algodão são os mais
recomendados, devendo-se evitar a
utilização de tecidos sintéticos, até
mesmo nas roupas íntimas, camisetas e
meias.
Vale lembrar que mesmo que o
combatente esteja utilizando uma roupa
adequada e todos os EPI recomendados,
todos os preceitos de segurança devem
ser observados, principalmente das
guarnições de ataque direto ao fogo,
que devem evitar contato direto com o
mesmo por um longo período. Jamais o
FIGURA 49 – Bota reforçada.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR combatente deve se colocar em uma

57
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

condição que permaneça em exposição base das chamas de forma neblinada.


direta às chamas sem rota de fuga Portanto a melhor opção para um
previamente estabelecida. veículo de combate a incêndio florestal
tipo Auto Bomba Tanque, é a
configuração para uma capacidade
transportável de 2.500 a 3.000 litros de
água, devendo ainda tal veículo ser
provido de um sistema de suspensão
reforçado e de mecanismo de tração
auxiliar. Seu sistema de bomba deve ser
independente para que permita ao
veículo transitar em estradas lançando
água ou espuma na vegetação próxima.

FIGURA 50 – EPI para combate a incêndios


florestais.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

3.5 VEÍCULOS DE COMBATE A


INCÊNDIOS FLORESTAIS

Veículos que transportam água


FIGURA 51 – Veículo para combate a
são fundamentais para apoio nas incêndios florestais.
operações de combate aos incêndios em FONTE: www.hvba.pt
florestas. Para esta finalidade algumas
diferenças entre os veículos para Os equipamentos e ferramentas
atividades de combate a incêndios disponibilizados para tal veículo devem
urbanos são necessárias, devido ser acondicionados de forma a ficarem
principalmente ao local por onde tais presos e travados, para que não sofram
veículos vão trafegar. avarias ao se trafegar por trechos de
Devemos considerar que grande estradas não pavimentadas, bem como
quantidade de transporte de água é devem possuir compartimentos
normalmente incompatível com a específicos para cada tipo de material. A
realidade de um incêndio florestal, pois fim de se evitar acidentes devemos
as viaturas vão transitar em áreas de evitar o transporte de ferramentas,
difícil acesso, necessitando ser materiais, equipamentos e pessoal.
relativamente leves e curtas para facilitar Veículos 4 x 4 são essenciais para
as manobras. Para um eficaz combate tal atividade, pois possibilitam acesso a
não se necessita de muita vazão de trechos onde veículos normais (sem
água, pois a mesma deve ser lançada na sistema 4 x 4) não conseguem passar.

58
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Devemos observar também o tipo de


vegetação e a presença de rochas que
venham a retardar ou impedir o serviço.

FIGURA 52 – Veículo 4 x 4 (transporte de


GCIF e equipamentos com segurança).
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

3.5.1 Veículos pesados


FIGURA 53 – Trator de esteira (empregado
Tratores são meios eficientes para na confecção de aceiros).
o combate aos incêndios florestais, FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
principalmente na confecção de aceiros.
Onde for possível o acesso de um A utilização de tratores deve
trator, ele fará o trabalho de várias prever pessoal especializado, sendo o
guarnições. tratorista e o localizador, que o orientará
Quando possível, deve-se adotar sobre o caminho correto a ser seguido
os tratores com esteiras para execução na construção da linha de aceiro. Prever
da linha de aceiro, mas pode-se também ainda combustível sobressalente.
empregar tratores com rodas desde que As motoniveladoras são
as condições de terreno assim importante no alargamento dos aceiros,
permitam. Existem limitações de pois desenvolvem maior velocidade e
terreno, mas de um modo geral são mais facilmente encontradas, sendo
podemos empregar tratores com possíveis requisitá-las junto à prefeituras
lâminas obedecendo aos seguintes e fazendas.
critérios: A ninguém será permitido viajar
sobre o trator além do operador ou
mecânico.
DECLIVES: Em inclinações de até 70%;
3.6 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS
ACLIVES: Em inclinações de até 60% ;
COM AERONAVES
LADEIRAS: Máximo de 45%.
O emprego de aeronaves
caracateriza-se como uma das formas
Antes da utilização dos tratores
mais eficientes para o efetivo combate a
deve-se fazer uma avaliação do terreno,
um incêndio florestal, sejam de asa fixa
pois o mesmo pode ser alagadiço o que
(aviões) ou asa móvel (helicópteros),
causará transtornos à operação.

59
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

pois ambos facilitam as operações de empregado para lançamento de 6137


apoio e combate propriamente ditas. litros de água. Tais aviões abastecem em
movimento sobre represas e outras
3.6.1 Emprego de aviões fontes de captação de água,
necessitando de 12 segundos para o
Os aviões são eficazes no abastecimento completo, além de um
transporte de tropa, transporte de trecho que compreenda 1190 metros
grande capacidade de carga e material para manobras de descida e decolagem.
de combate. O percurso percorrido no
Além disso são empregados no abastecimento é de aproximadamente
ataque direto às chamas, lançando 380 metros.
agentes retardantes em áreas ainda não
atingidas pelo fogo, ou água sobre os
incêndios.
No Estado do Paraná tem sido utilizado
com sucesso o emprego de aviões
agrícolas, tipo Ipanema, com capacidade
para transporte de 600 litros de água,
que permite um lançamento na
vegetação que está queimando dividido
em duas cargas de aproximadamente
300 litros de água cada, ou uma única
com a capacidade total de transporte.

FIGURA 55 – Aeronave C-130 executando


lançamento de retardante em pó.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

FIGURA 54 – Aeronave Ipanema executando


lançamento de água.
FONTE: fca.unesp.br

Internacionalmente se empregam
aviões maiores, com maior capacidade
de transporte de carga. Nos Estados
Unidos os aviões Hércules C 130
FIGURA 56 – Aeronave CL 415 executando
transportam e lançam retardante em pó.
lançamento de água.
No Canadá são empregado os modelos FONTE: USDA – Forest Service
CL, sendo atualmente o CL 415

60
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

O emprego de aviões requer comando do piloto (comando elétrico).


pessoal especializado, como piloto e Podem ser empregados também
equipe de apoio de terra. tanques fixos ao helicóptero que são
destinados ao lançamento de água.
Existem no mercado equipamentos com
PRINCIPAIS VANTAGENS (AVIÕES)
capacidade de 420 litros até 3000 litros
 Rápida mobilização; de água.
 Grande capacidade de transporte
de pessoal e material;
 Localização de focos de incêndio
facilitada;
 Evita desgaste desnecessário de
equipes de terra.

NECESSIDADES (EMPREGO)
 Pessoal especializado;
 Pista para pouso;
 Previsão de meios para
reabastecimento (caminhão ou
cisterna com moto-bomba);
 Reabastecimento de combustível;
 Custo elevado;
 Operação limitada à condições de
visibilidade. FIGURA 57 – Bambi bucket.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

3.6.2 Emprego de Helicópteros

Os helicópteros tem realizado


com sucesso inúmeras operações de
combate a incêndios florestais, pois
comparativamente com os aviões
apresentam vantagens em mobilidade e
deslocamentos devido as suas
características únicas.
Eles podem ser também
empregados no transporte e lançamento
de tropa, materiais e equipamentos,
além de possuírem equipamentos FIGURA 58 – Sikorski 64
FONTE: USDA – Forest Service
específicos para o combate.
O “Bambi Bucket” é um cesto em
Inúmeros modelos de
lona preso ao helicóptero para o
helicópteros são empregados para o
transporte e lançamento de água ao

61
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

combate aos incêndios florestais, sendo lançamento de pessoal e material;


que os de maior potência devem ser  Localização de focos de incêndios
priorizados para tal fim, pois a medida facilitada;
que se aumenta a potência pode-se
 Evita desgaste desnecessário de
transportar e, consequentemente, lançar equipes de terra;
mais água em um incêndio, como no
 Não necessita de pista para pouso;
caso do helicóptero Sikorski S 64, que
transporta 9000 litros de água em  Abastecimento do “ Bambi Bucket “
compartimento fixo. pode ser feito em pontos com
pequenas capacidades de água e
Outros modelos são
pouca lâmina;
tradicionalmente empregados nas ações
de combate a incêndios florestais como  Permite rápida evacuação de
feridos;
os Bell (212, 412, etc.) e os modelos
Eurocopter (Esquilo).  Vistoria grandes áreas em curto
espaço de tempo;
 Fornece ao Comandante do
Incidente uma visão ampla da área
e a realidade da situação;
 Apoio ao pessoal de terra quanto a
melhores caminhos e itinerários.

FIGURA 59 – Bell 412 em operação.


FONTE: flickr.net

VANTAGENS (HELICÓPTEROS) FIGURA 60 – lançamento de água por


helicóptero.
 Rápida mobilização; FONTE: Combate a incêndios florestais – Escola
Nacional de Bombeiros – Portugal.
 Agilidade no transporte e

62
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

NECESSIDADES (HELICÓPTEROS)
b. Aproximar-se somente pela frente do
 Pessoal especializado; helicóptero, para que o piloto tenha sua
 Heliponto; visualização. Jamais se aproxime do
 Reabastecimento de combustível; rotor de cauda.

 Uso limitado à luz do dia;


 Operação com custo elevado;
 Operação limitada a condições de
visibilidade.

3.6.2.1 Segurança nas operações com


helicópteros

As operações que envolvam


helicópteros devem ser realizadas
observando-se todos os preceitos de
segurança, pois a aeronave exige uma
criteriosa rotina de segurança que deve c. Em terrenos inclinados, aproxime-se
ser seguida para evitar que acidentes sempre pelo nível mais baixo.
ocorram.
As recomendações abaixo são
válidas para o emprego em qualquer
tipo de helicóptero e garantem ao
combatente e a guarnição da aeronave a
segurança mínima, por isso devem ser
sempre observadas.

Fatores de segurança a serem


observados pelas equipes de terra:
d. Não olhe para o helicóptero quando
ele está prestes a levantar vôo. Use
a. Mantenha-se afastado no mínimo a
proteção para vistas, pois objetos
20m do helicóptero quando ele estiver
podem ser lançados devido ao
próximo ao solo. Procure ficar agachado
deslocamento de ar ocasionado pelo
para maior proteção.
movimento do rotor.

63
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

e. Ao aproximar-se do helicóptero com h. Mantenha entulhos, material cortado


equipamentos e ferramentas, mantê-los nos incêndios florestais e qualquer tipo
próximo ao solo e segurá-los de objeto no mínimo a 30 metros da
firmemente. área de manobra dos helicópteros.

f. Somente pessoal qualificado deve


colocar cargas e pessoas no helicóptero.
Seguir as orientações do Comandante da
Aeronave.

i. Não descarregue, nem lance nenhum


material ou equipamento do helicóptero
enquanto o mesmo não estiver
estabilizado no solo.

g. Procure sempre indicar a direção do


vento ao piloto.

64
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

j. Em caso de acidente com a aeronave, c. Informe ao piloto dos riscos que


após a retirada dos tripulantes e podem afetar o helicóptero durante o
guarnição mantenha distância e procure vôo.
isolar a área.

Fatores de segurança a serem


observados em vôo:

a. Mantenha distância dos controles,


voando como tripulante.
d. Use Sempre Cinto de Segurança (SEAT
BELT).

b. Mantenha equipamentos,
ferramentas, mapas e papéis
devidamente seguros em vôo.

Nota: todas as ilustrações utilizadas são


de origem do Helicopter Safet Sumary –
USDA Forest Service. Tradução do autor.

65
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

3.7.1 Kit “pick-up” para incêndios


POSIÇÃO DE EMERGÊNCIA (EM VÔO)
florestais
 Mantenha o cinto de segurança;
 Pernas elevadas (sentado); É constituído de um kit contendo
conjunto de moto bomba, mangueiras,
 Braços envolvendo as pernas;
esguicho e tanque com capacidade de
 Mãos entrelaçadas; armazenamento de 400 litros de água. O
 Cabeça entre os joelhos. kit pode ser facilmente instalado na
caçamba de uma “pick-up”, podendo ser
empregado em locais de difícil acesso
aos veículos pesados de combate a
SINAIS VISUAIS DE EMERGÊNCIA
incêndios florestais. É possível também
acoplar ao kit um sistema gerador de
Necessário a presença de médico,
ferido em estado grave
 espuma (retardante químico),
potencializando desta forma o emprego
Necessário suprimentos
primeiros socorros
médicos,
= do equipamento.

Incapaz para prosseguir X


Necessário água e comida F
Necessário armas e munição V
Necessário material de orientação e
navegação

Necessário equipamento
comunicação e iluminação
de

Indicar qual direção devo seguir K
Estou seguindo nesta direção 
Necessário combustível L
Tudo bem LL FIGURA 61 – Kit “pick-up” para incêndios
florestais.
Não N
FONTE: sossul.com.br
Sim Y
Não entendido JL Outros modelos de kit podem ser
Necessário mecânico W
instalados em veículos tipo pick-up,
inclusive com tanque fixo. Em ambos os
Necessário socorro urgente SOS
casos é importante que o veículo possua
tração 4x4, pára-choque com ângulo de
3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A ataque adequado e guincho elétrico. Os
INCÊNDIOS FLORESTAIS pneus devem ser compatíveis com o
terreno tanto “on road” quanto “off
Os materiais especiais são road”.
aqueles que apóiam as ações de
combate, não se enquadrando nas
classificações já estudadas.

66
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

FIGURA 62 – Viatura preparada para


combate a incêndios florestais, com tanque
fixo para 700 litros de água e kit de
ferramentas (Corpo de Bombeiros de
Londrina/PR). FIGURA 63 – Extintor de explosão.
FONTE: 3º GB – Londrina-PR FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

3.7.2 Extintor de explosão Por se tratar de um equipamento


que pode oferecer risco ao seu usuário,
Trata-se de um equipamento
recomenda-se que somente seja operado
especial de combate a incêndios
por pessoal que tenha treinamento
florestais.
especializado sobre seu correto
Sua constituição apresenta
emprego, e que as distâncias de
retardante químico (fosfato de amônia,
segurança abaixo sejam observadas,
água e explosivo), o qual age
pois foram verificadas com base nos
triplamente, quebrando o triângulo do
resultados de testes efetuados em
fogo, por meio dos efeitos abaixo
laboratórios:
descritos:

 30 metros: mínima para evitar


 A explosão gerada cria uma bolha danos físicos (extintores de 5 kg);
desprovida de oxigênio;
 90 metros: distância mínima, a fim
 O retardante químico reduz a de evitar prejuízos para os ouvidos
temperatura juntamente com a causados pela explosão de nível
água, aumentando a umidade e sonoro (5 kg).
zona de proteção;
 O efeito expansivo da detonação
Devido à sua composição, a
gera dispersão do material em
volta. poluição gerada após explosão está
limitada aos resíduos sólidos do casco
do extintor (plástico) que se
O extintor de explosão pode ser
despedaçam no momento da explosão.
empregado tanto na prevenção, pois
O equipamento pode ser
pode ser colocado no terreno em locais
transportado em veículos, embarcações
onde não há fogo, quanto no ataque
e aeronaves devendo ter cuidado com o
direto disponibilizado nos locais onde
perfeito acondicionamento do mesmo.
há a incidência de fogo.

67
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

04 ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

68
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

4. ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL 1 chefe e 5 auxiliares, porém tal número


pode ser expandido, recomendando-se
O Serviço de Combate a Incêndio que não se perca o alcance de controle.
Florestal para dar atendimento à missão
que lhe cabe, é tecnicamente organizado
em:

 Guarnições de Incêndios Florestais;


 Socorro de Incêndios Florestais;
 Prontidão de Incêndios Florestais.

O modelo organizacional que será


apresentado serve como referência para
a composição das equipes que irão dar
combate aos incêndios florestais.
FIGURA 64 – GCIF atuando em construção
Com a adoção da ferramenta de linha de aceiro.
Sistema de Comando de Incidentes (SCI), FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
devemos lembrar que alguns princípios
devem ser observados quando 4.1.2. Guarnição de Queima (GQ)
designarmos efetivo para ações de
combate a incêndios florestais, entre Composta por um chefe e dois
eles o alcance de controle. auxiliares, a guarnição de queima é
responsável pela realização de contra
4.1 GUARNIÇÕES DE INCÊNDIOS fogo, fogo de eliminação e aplicação das
FLORESTAIS várias técnicas de queima.
A queima para manutenção ou
São as unidades básicas eliminação devem ser estreitamente
operacionais de combate a incêndios ligadas entre si e coordenadas. A
florestais. Elas são divididas em: queima deve ser feita observando-se
todos os preceitos de segurança, bem
 Guarnição de Combate a Incêndios como os fatores climáticos, de modo a
Florestais; evitar que novos focos de fogo sem
 Guarnição de Queima; controle sejam criados.
O principal equipamento para
 Guarnição de Tombamento.
queima é o queimador para incêndios
controlados ou “pinga fogo”. Podem ser
4.1.1 Guarnição de Combate a Incêndios empregados também tochas e outros
Florestais (GCIF) meios disponíveis.
Para a manutenção serão
Menor fração destinada ao empregados com freqüência: bombas e
combate aos incêndios florestais, que mochilas costais, bombas de combate a
pode atuar tanto de forma direta quanto incêndio, pás e machados-picaretas ou
indireta (confecção da linha de aceiro). “pulaskis”.
No estado do Paraná, o Corpo de
Bombeiros emprega GCIF composta por

69
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

inclinação do terreno, espécies de árvore


e disposição da mata.
Deve-se prever uma via de fuga
antes de ser tombada a árvore.

4.2 SOCORRO DE INCÊNDIOS


FLORESTAIS

É o conjunto de guarnições sob o


comando de um chefe de socorro e tem
por finalidade dar atendimento a todas
as solicitações de incêndios florestais.
FIGURA 65 – GQ atuando em construção de
linha de aceiro com fogo de eliminação.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning 4.3 PRONTIDÃO DE INCÊNDIOS
FLORESTAIS
4.1.3 Guarnição de Tombamento (GT)
É o conjunto de homens e
A guarnição de Tombamento é equipamentos alojados em centros de
composta por dois bombeiros, socorros, com a finalidade de dar
trabalhando com motosserras sob a atendimento aos pedidos de socorro
direção de um chefe, que deverá atuar dentro de uma determinada área de
como vigia da segurança do trabalho. segurança. Uma prontidão de incêndios
florestais é formada de um ou mais
socorros. O comandante das ações de
combate a incêndios florestais recebe a
designação de comandante do incidente
(CI).
As prontidões de incêndios
florestais são classificadas em:

 Reduzida;
 Padrão;
 Ampliada.

FIGURA 66 – Guarnição de tombamento


4.3.1 Prontidão Reduzida
trabalhando com motosserra.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning
É composta por um chefe de
Todos os componentes da socorro, uma guarnição de bomba, um
guarnição deverão portar EPI e deve-se condutor de viatura leve, um condutor
atentar para peso da ponta das arvores, de viatura pesada e uma guarnição de
direção do vento, proximidade de outras combate a incêndios florestais (GCIF),
árvores, proximidade de outras totalizando um mínimo de 11
guarnições ou pessoas, galhos soltos ou combatentes.
secos, direção da inclinação da árvore,

70
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

4.3.2 Prontidão Padrão Por se tratar de um evento de


grandes proporções o CI terá ao seu
A prontidão padrão de combate a dispor uma estrutura completa de apoio
incêndios florestais é apresentada no operacional e administrativo,
esquema abaixo: estabelecendo, conforme a necessidade,
o “Staff de Comando”, compreendendo:

 Oficial de Segurança;
Chefe do Adjunto
Socorro  Oficial de Informações Públicas;
 Oficial de Ligação.
GB GQ GCIF GCIF GCIF
Poderá ser estabelecido ainda, o
“Staff Geral” do incidente, constituído
de:
FIGURA 67 – Prontidão padrão de incêndios
florestais.
FONTE: Produzido pelo autor (EB).  Seção de Planejamento;
 Seção de Operações;
 Seção de Logística;
 01 Chefe do Socorro;  Seção de Administração e
 01 Adjunto do Socorro; Finanças.
 01 Condutor ABT;
Cada uma das Seções do Staff
 04 Condutores de Pick-up 4 x 4; Geral deverá verificar da necessidade de
 19 combatentes florestais. estabelecer suas unidades, conforme a
 TOTAL: 26 COMPONENTES situação requeira ou o Comandante do
Incidente solicite.
O Chefe do Socorro assumirá a As guarnições operacionais serão
função do Comandante do Incidente até constituídas na Seção de Operações,
que seja feita a transferência de com capacidade de se expandir e retrair.
comando. A figura 68 apresenta um modelo
de organograma a ser estabelecido para
4.3.3. Prontidão Ampliada uma prontidão ampliada de combate a
incêndios florestais.
A prontidão ampliada será O número de combatentes
estabelecida em situações de incêndios designados para uma prontidão
florestais que ultrapassem a capacidade ampliada varia de acordo com a situação
rotineira de resposta da prontidão e magnitude do incêndio florestal que se
padrão. está combatendo.
A administração de um evento Tendo em vista que um dos
desta natureza tem por base a princípios do SCI trata da terminologia
ferramenta do Sistema de Comando de comum na designação de funções,
Incidentes. foram feitas algumas adaptações
A prontidão ampliada será necessárias, porém sem comprometer
comandado por um diretor de incêndio os conceitos já vistos.
florestal que receberá a designação de
Comandante do Incidente (CI).

71
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

.
FIGURA 68 – Organograma de uma prontidão ampliada de combate a incêndios florestais
AUTOR: Major QOBM Edemilson de Barros

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

5 TÉCNICAS E TÁTICAS DE
COMBATE

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

5. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE de incêndios florestais possuem


A INCÊNDIOS FLORESTAIS sistemas de detecção que facilitam o
trabalho das equipes de combate. O
O combatente florestal deve ter sistema normalmente é composto por
em mente que a prevenção é a primeira dispositivos que permitem descobrir e
linha de defesa contra os incêndios comunicar à pessoa responsável pelo
florestais. Se a ocorrência de incêndios combate, todos os incêndios que
em áreas florestadas ou reflorestadas ocorrerem na área antes que o fogo se
pudesse ser totalmente prevenida, todos torne muito intenso, de modo a
os danos produzidos pelo fogo viabilizar o combate o mais rápido
poderiam ser evitados. Um incêndio possível, bem como localizar o fogo com
prevenido não precisa ser combatido e precisão suficiente para permitir às
não causa nenhum dano. Entretanto, equipes de combate chegarem ao local
mesmo se adotando as melhores pela rota mais curta, no menor intervalo
técnicas de prevenção, incêndios de tempo possível.
ocorrerão, necessitando de uma rápida e As torres de vigilância
decidida ação de combate. constituem-se no mais prático e eficiente
A operação de combate envolve meio de detecção, localização e
NOVE etapas distintas: informação de incêndios florestais.

 DETECÇÃO;
 COMUNICAÇÃO;
 MOBILIZAÇÃO;
 CHEGADA AO LOCAL;
 ESTUDO DA SITUAÇÃO;
 COMBATE AO INCÊNDIO;
 RESCALDO;
 DESMOBILIZAÇÃO;
 REGRESSO DAS GUARNIÇÕES.

5.1 DETECÇÃO

Tempo decorrido entre a ignição


ou início do fogo e o tempo que ele é
visto por alguém.
Quanto menor o fogo mais fácil o
seu combate. Por isto, a capacidade de
detectar ou descobrir rapidamente os
focos de incêndio é um dos principais FIGURA 69 – Torre de vigilância
objetivos dos serviços de prevenção e FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
combate aos incêndios florestais.
As reflorestadoras e alguns O serviço executado pelo Corpo
parques localizados em áreas de risco de Bombeiros não contempla tal

74
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

atividade e a detecção dos incêndios rapidamente mobilizada para se dirigir


florestais, via de regra, é informada às ao local do fogo.
centrais de operações por meio de Portanto, nos períodos críticos à
contatos telefônicos, via sistema de eclosão dos incêndios florestais, é
comunicação VHF com órgãos importante que sejam mantidas
ambientais ou por meio de informações guarnições em prontidão para uma
de aeronaves que sobrevoam áreas eventual e rápida resposta.
atingidas por incêndios florestais. O treinamento das equipes de
combate, principalmente a de primeira
5.2 COMUNICAÇÃO resposta, é fundamental para se
conseguir um rápido controle do
Tempo compreendido entre a incêndio. Neste treinamento o
detecção do fogo e o recebimento da responsável pela ação inicial deve definir
informação pela Central de Operações claramente as atribuições e
do Corpo de Bombeiros. responsabilidades de todo o efetivo
Um sistema de comunicação empregado.
eficiente definirá o sucesso no combate O tempo de viagem ou de
a um incêndio florestal. Além das linhas locomoção é talvez o ponto mais crítico
de emergência (193/199), é importante entre as várias fases que precedem o
que a central seja provida de um sistema combate propriamente dito. Se o
de comunicação que permita o acesso incêndio é muito distante e as vias de
ao maior número possível de acesso são precárias, o tempo
frequências dos órgãos de apoio, tais consumido no deslocamento da equipe
como batalhões ambientais, órgãos poderá permitir um grande aumento do
ambientais municipais, estaduais, perímetro do fogo, dificultando seu
federais, e concessionárias de serviços combate. Por este motivo é importante
em estradas. O sistema VHF tem uma manutenção de estradas e aceiros
se destacado nas missões executadas, nas áreas de risco.
entretanto o mesmo se tornará mais Quando possível é interessante a
eficiente com a instalação de repetidoras descentralização das equipes de
em pontos elevados. Deve-se sempre combate, de modo que se possa sempre
prever a comunicação entre todas as mobilizar a equipe mais próxima do
equipes de combate e a Central de local do incêndio.
Operações ou o Posto de Comando do
Incidente. 5.4 CHEGADA AO LOCAL

5.3 MOBILIZAÇÃO
Tempo compreendido entre a saída
do pessoal de combate e a chegada da
Tempo decorrido entre o
primeira equipe ao incêndio. A primeira
recebimento da informação da
equipe de resposta deverá manter a
existência do fogo e o deslocamento das
Central de Operações informada de sua
guarnições para o combate.
chegada ao local, bem como da situação
Após a detecção, comunicação e
inicialmente constatada no local.
localização do incêndio é necessário que
a equipe responsável pelo combate seja

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5.5 ESTUDO DA SITUAÇÃO 8. Quais são as rotas de acesso e de saída


mais seguras para permitir o fluxo de
pessoal e do equipamento?
O combatente de maior posto ou 9. Quais são as capacidades presentes e
grau hierárquico, com capacidade de futuras, em termos de recursos e
resposta e decisão deverá assumir o organização?
comando local do incidente, sendo Ao estabelecer um perímetro de
responsável para avaliar o segurança devem ser considerados os
seguintes aspectos:
comportamento do fogo e planejar a
estratégia de combate.  Tipo do Incidente .
Para tanto ele deverá lançar mão da  Tamanho da área afetada.
TARJETA DE CAMPO, que é um  Topografia.
 Localização do incidente em
instrumento de auxílio ao primeiro
relação à via de acesso e áreas
respondedor que chega ao local do disponíveis ao redor.
incêndio florestal.  Áreas sujeitas a
desmoronamentos, explosões
potenciais, queda de escombros,
Guia de trabalho para o período inicial acidentes com cabos elétricos.
no Sistema de Comando de Incidentes  Condições atmosféricas.
 Possível entrada e saída de
Oito passos a seguir se você é o veículos.
primeiro a chegar à cena com  Coordenar a função de isolamento
capacidade operacional: perimetral com o organismo de
1. Informar à base de sua chegada à zona segurança correspondente.
de impacto.  Solicitar ao organismo de
2. Assumir e estabelecer o Posto de segurança correspondente a
Comando. retirada de todas as pessoas que
3. Avaliar a situação. se encontrem na zona de impacto,
4. Definir um perímetro de segurança. exceto o pessoal de resposta
5. Estabelecer seus objetivos. autorizado.
6. Determinar as estratégias. Ao transferir o comando considere os
7. Determinar a necessidade de recursos e seguintes aspectos:
possíveis instalações.
8. Preparar as informações para transferir  Estado do incidente.
o comando.  Situação atual de segurança.
Ao estabelecer o Posto de Comando,  Objetivos e prioridades.
assegure-se que este tenha:  Organização atual.
 Designação de recursos.
 Segurança e visibilidade  Recursos solicitados e a caminho.
 Facilidades de acesso e circulação  Instalações estabelecidas.
 Disponibilidade de comunicações  Plano de comunicações.
 Lugar distante da cena, do ruído e  Provável evolução.
da confusão.
 Capacidade de expansão física.
Aspectos a considerar ao avaliar a
Um dos erros mais frequentes no
situação: combate é a precipitação na tomada das
1. Qual é a natureza do incidente? primeiras decisões. Isto pode, às vezes,
2. O que ocorreu? dificultar ou retardar a ação de combate,
3. Quais ameaças estão presentes? quando por exemplo se constroem
4. Qual o tamanho da área afetada? aceiros em locais inadequados ou se
5. Como poderia evoluir?
6. Como seria possível isolar a área? criam novas frentes de fogo por meio de
7. Quais seriam os lugares mais contra-fogos mal colocados.
adequados para PC, E e ACV?

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Por este motivo, o responsável pela que permitam aproximação suficiente do


ação de combate deve estudar pessoal de combate. Deve-se iniciar o
detalhadamente a situação antes de ataque pelos flancos do fogo até chegar
tomar qualquer decisão. à cabeça.
O estudo da situação compreende, Há casos onde já existe um
por exemplo, o dimensionamento do aumento na caloria e o ataque direto é
fogo (tamanho, extensão da frente, feito com uma linha de homens, sendo
velocidade de propagação e que cada um bate no fogo com
intensidade), condições climáticas, tipo abafadores e sai para que o próximo
de vegetação, rede de aceiros, estradas, realize o mesmo serviço. Desta forma, a
locais para captação de água e exposição dos combatentes ao fogo se
possibilidade do emprego de aeronaves. reduz.

5.6 COMBATE AO INCÊNDIO

Tempo decorrido na operação de


combate ou eliminação definitiva do
incêndio, incluindo o rescaldo.
Não existem condições para
ocorrência ou propagação de um
incêndio na ausência de qualquer um
dos elementos do triângulo do fogo, isto
é, calor, oxigênio e combustível.
Portanto o princípio básico do
combate aos incêndios é remover um ou
mais desses elementos, da maneira mais FIGURA 70 – Ataque direto por meio de
abafadores.
rápida e eficiente possível.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
O combustível pode ser removido
por meio de um aceiro. O oxigênio pode Sempre que possível deve-se
ser reduzido temporariamente por meio utilizar a água no ataque direto, seja
de abafamento ou aplicação de água. E o com viaturas ou bombas/mochilas
calor pode ser reduzido empregando costais, pois há uma redução
resfriamento com água ou terra. significativa na caloria gerada pelo
Para se controlar um incêndio incêndio que possibilita uma maior
florestal, com uma ou mais equipes de aproximação do combatente à frente de
combate, existem duas estratégias que fogo. O emprego desta técnica permite
podem ser empregadas: ATAQUE que homens realizem o trabalho com
DIRETO E ATAQUE INDIRETO. bombas costais e abafadores, com
excelentes resultados na ação de
5.6.1 Ataque Direto
controle das chamas.
Ao optar por tal estratégia
Neste método o fogo é diretamente
devemos prever uma rota de fuga
atacado com abafadores ou por meio da
segura, bem como um ponto onde a
aplicação de água ou terra.
guarnição se reúna na necessidade de se
O ataque direto somente pode ser
evacuar a área em uma situação de
feito em incêndios de baixa intensidade,
emergência.

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viabilizar a conclusão do serviço antes


da chegada do fogo.
O contra-fogo é uma técnica
eficiente, entretanto deve ser utilizada
somente por pessoal experiente, mesmo
assim tomando todas as medidas de
segurança necessárias. Também no
método indireto é necessário fazer o
rescaldo, ou seja, apagar por meio do
ataque direto todos os vestígios de fogo
dentro da área queimada.
Para a construção da linha de
FIGURA 71 – Ataque direto bombas costais
aceiro pode-se empregar tratores, que
(no caso a linha férrea serve como rota de
fuga).
facilitam sobremaneira o trabalho das
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros. guarnições, além de proporcionar um
ganho substancial na progressão da
5.6.2 Ataque Indireto equipe.
Usualmente se utiliza na confecção
Este método é utilizado quando a de linhas de aceiro uma distância de
intensidade do fogo é alta e não há pelo menos uma vez e meia o tamanho
possibilidade de se aproximar do da vegetação predominante, entretanto
mesmo. Neste caso, deve-se abrir um fatores do clima, principalmente a ação
aceiro largo na frente do fogo para que do vento, pode gerar situações onde a
o mesmo cesse ao encontrar o aceiro. frente de fogo ultrapasse o aceiro
Pode-se também abrir o aceiro e confeccionado.
usar contra-fogo para ampliá-lo ainda Caso se utilize homens para tal
mais. evento existem duas maneiras de se
realizar o aceiro:

5.6.2.1 Aceiro Progressivo

Técnica na qual a guarnição de


combate a incêndios florestais tem um
passo constante, ou seja, após o chefe
da equipe definir o comprimento,
traçado e forma de construção da linha
de aceiro, ele adentra à vegetação
iniciando a marcação, sendo que logo
em seguida iniciam-se os trabalhos das
ferramentas de corte e raspagem, que
FIGURA 72 – Construção de linha de aceiro.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.
vão caminhando e limpando a área.
Ao final todos se encontram no
O trabalho de construção de ponto preestabelecido pelo chefe da
aceiros deve ser feito a uma distância equipe, estando concluído o trabalho.
segura da frente de fogo a fim de Quando o aceiro progressivo é
executado de forma rápida e com uma

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pequena largura, com o objetivo de A utilização de uma ou outra


diminuir a carga do combsutível, para técnica dependerá das condições que se
que se possa realizar um contra fogo, apresentarem, como tamanho da frente
ele é conhecido como “golpe único” ou de fogo, distância da mesma à linha de
“método paralelo”. aceiro e velocidade de propagação.
Devemos lembrar também que
em muitas ocasiões basta raspar uma
pequena área (quebra da continuidade
do material combustível) e roçar a
vegetação próxima (quebra do arranjo
vertical e diminuição da carga do
material combustível – bordadura).

5.6.2.3 Princípios de Construção de


Aceiros

Execute o aceiro após considerar


os quinze tópicos apresentados no
FIGURA 73 – Construção de linha de aceiro –
quadro a seguir:
técnica aceiro progressivo.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.

1. Execute a linha de aceiro a uma


5.6.2.2 Aceiro por Setor distância que possibilite o término da
mesma antes da chegada da frente de
Nesta técnica, o chefe da fogo;
guarnição necessita posicionar cada 2. Calcule o tempo de forma que a
integrante da mesma em determinado guarnição não execute apenas a linha
ponto, estando os mesmos de aceiro, mas também outros
equidistantes. Ao comando de iniciar o trabalhos necessários;
trabalho cada um dos integrantes é 3. Fazer uma linha de aceiro curta e
responsável por um determinado setor, estreita é a forma mais rápida e
que deverá estar limpo no término do prática;
mesmo. 4. Procure utilizar rotas fáceis, que
Se compararmos as duas técnicas não sacrifiquem a guarnição.
acima descritas observamos haver 5. Elimine a possibilidade de riscos
diferenças significativas entre ambas, vindos da área queimada. Procure
pois no aceiro progressivo se emprega isolar pontos considerados críticos
diferentes ferramentas, contrariamente como arbustos secos, combustível
ao aceiro por setor, onde se necessita morto, etc.;
que cada integrante possua ferramenta 6. Evite pontos quentes na linha de
semelhante para executar o serviço. aceiro, como ângulos retos, que
A experiência tem mostrado que propiciam um encontro de fogo
gerando intensa caloria;
o aceiro progressivo é executado de
forma mais rápida, porém a qualidade 7. Procure utilizar barreiras naturais e
do serviço normalmente é melhor no barreiras construídas pelo homem;
aceiro por setor. 8. Use maquinário quando possível
para a construção do aceiro;

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de propagação devido ao fato de estar


9. Faça a previsão para socorro de
feridos a qualquer momento; progredindo contra a direção do vento.
A queima pode ser empregada na
10. Considere o meio ambiente
prevenção de incêndios, com a aplicação
predominante;
das técnicas que serão abordadas no
11. Percorra a linha de aceiro várias capítulo 6.
vezes para certificar-se do serviço;
12. Oriente que na área raspada o 5.7 RESCALDO
solo mineral deve ser exposto;
13. Avise a guarnição para ficar atenta O rescaldo é a operação que deve
quanto aos riscos de acidentes com ser tomada após o fogo extinto, para
répteis, rochas e troncos que podem evitar que ele se reative e volte a se
rolar;
propagar.
14. Fique atento para a utilização dos O rescaldo inclui as seguintes
EPIs necessários; tarefas:
15. Após concluído o serviço coloque
combatentes estrategicamente 1. Descobrir e eliminar possíveis
posicionados, portando bombas “incêndios de pontos”, causados por
costais, que atuarão em caso do fogo fagulhas lançadas na frente do fogo;
ultrapassar a linha de aceiro.
2. Ampliar o aceiro ou faixa limpa em
torno da área queimada, para melhor
5.6.3 Técnicas de Queimadas isolamento da mesma;
3. Derrubar e enterrar árvores ou
Em muitas situações o emprego arbustos que ainda estejam
do fogo pode ser uma medida eficiente queimando ou em incandescência,
no controle dos incêndios florestais; são para evitar que lancem fagulhas;
as chamadas “queimas controladas”. 4. Eliminar, utilizando água ou terra,
Quando for realizar este tipo de todos os resíduos de fogo dentro da
combate, devem ser observados os área queimada (encobrir troncos com
fatores ambientais, tais como velocidade terra);
e direção do vento, umidade relativa do 5. Manter patrulhamento, com número
ar e condições atmosféricas. Em suficiente de pessoas até que não haja
hipótese alguma novos incêndios mais perigo de reativação do fogo.
florestais devem ser gerados devido ao Voltar no dia seguinte para nova
verificação;
emprego das técnicas de queima.
A queima pode ser realizada com 6. Confinar toda a área queimada
a finalidade de se aumentar um aceiro, executando a raspagem no limite de
separação do combustível queimado
também chamada de fogo de
(linha de controle).
eliminação, bem como pode ser
empregada por meio da técnica fogo
contra fogo, onde é feito um fogo à 5.8 COMBATE INICIAL
frente da cabeça do incêndio de modo
que este “caminhe” de encontro ao fogo O combate inicial consiste na
principal, consumindo o combustível primeira adoção de medidas visando o
florestal, porém com menor velocidade controle de um incêndio florestal. Os
recursos de pessoal e materiais

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necessários ao ataque inicial dependem 5.8.3 Localizando o incêndio


do risco do incêndio, tipo de
combustível, bens a proteger e outros Use mapas, cartas da região e
valores. Normalmente se caracteriza por mídia eletrônica disponível (Ex.: Google
envolver poucos recursos em pequenos Earth) para:
incêndios.
A grande maioria dos incêndios
 Determinar e marcar a posição, por
atendidos pelo Corpo de Bombeiros são meio de coordenadas;
controlados por meio do ataque inicial.
 Determinar a melhor rota de
acesso;
5.8.1 Características do combate inicial
 Verificar riscos e facilidades no
local do incidente;
 Utiliza poucos recursos para seu
 Analisar a melhor forma de
controle (1 GCIF);
combater e controlar o incêndio.
 Normalmente abrange princípios de
incêndios, pequenos e médios
incêndios; 5.8.4 Análise do comportamento do
fogo
 Normalmente limita-se a um
período único de combate, mas que
pode evoluir; Verifique as principais questões a
respeito do comportamento do fogo,
 Não requer um Plano de Operações
considerando fatores que venham a
de Combate (Plano de Ação do
Incidente); afetá-lo. Considere o índice de perigo
para o local em questão.
 O combate inicial é comandado
pelo combatente mais experiente
que responde pela função de 5.8.5 Procedimentos no deslocamento
Comandante do Incidente.
O deslocamento deve ser seguro.
Todos os combatentes devem utilizar o
5.8.2 Informações Iniciais
cinto de segurança. Os materiais e
equipamentos devem estar separados
Procure considerar as
dos componentes da guarnição e a
informações preliminares, conforme
viatura deverá ser estacionada em local
abaixo descrito:
seguro.
Em grandes incidentes, deverá
 Nome do informante; deslocar para a Área de Espera e
 Localização do incêndio; aguardar ordens.
Mentalize as informações colhidas
 Melhor acesso;
previamente e aquelas que sejam
 Proprietário da área; informadas pela Central de Operações
 Tamanho aproximado; durante o trajeto:
 Como o fogo está propagando;
 Tipo de combustível predominante;
 Causa inicial;
 Acessos;
 Bens a proteger.
 Barreiras à propagação do fogo;

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placas de veículos ou outras


 Proprietário;
informações que possam identificar
 Históricos de outros incêndios na as prováveis causas;
área;
 Use cautela na aproximação;
 Recursos disponíveis;
 Determine rotas de escape;
 Forças reservas disponíveis.
 Procure por rotas de acessos
alternativas;
Considerações importantes sobre  Procure por evidências de como o
o comportamento do fogo: fogo foi iniciado e preserve-as.

 Combustível;
5.8.6 Chegada na área do incêndio:
 Topografia;
 Clima;  Procure adotar os passos previstos
 Como este incêndio se comportará na Tarjeta de Campo;
comparado com áreas similares?  Tenha em mente que o incêndio
 O risco de incêndio cresce ou deve ser combatido rapidamente,
decresce? entretanto jamais esquecer da
segurança e proteção de toda a
equipe, materiais e equipamentos.
Considere os indicadores do
 Jamais se aproximar pela frente da
clima:
linha de fogo;
 Viaturas devem ser estacionadas
 Cheque o vento. É forte ou fraco? em locais seguros, acessíveis, com
Sopra para a mesma direção janelas fechadas e chaves na
sempre? ignição prontas para uma saída
 Existem correntes de vento ou rápida (estabeleça uma Área de
turbilhonamentos que indiquem Espera);
mudanças severas no comporta-  Se a situação permitir faça o
mento do fogo? reconhecimento da área, porém
 São desfavoráveis as mudanças sempre prevendo rota de fuga.
climáticas iminentes?
MENTALIZE OS SEGUINTES PASSOS
Após visualizar a coluna de
1º Passo
fumaça:

Formule um plano de combate


 Cheque o volume, tamanho, cor, inicial logo após o reconhecimento. Ele
direção, densidade e formato; deve ser rápido e baseado no tamanho
 Verifique a expectativa do do incêndio a ser combatido. A intenção
comportamento do fogo pela é de iniciar o trabalho logo que possível.
observação da coluna de fumaça. Para tanto, considere:

Ao se aproximar do fogo:
 Localização da Rota de Fuga;
 Riscos especiais, como tocos em
 Procure por pessoas na área, anote brasa e pontos quentes;

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

3º Passo
 Bons pontos de fuga, como
estradas, áreas queimadas, etc.;
Após adotadas as medidas de
 Onde atacar o fogo (flancos);
supressão e iniciadas as ações de
 Como atacar o fogo (direta, controle, continue avaliando o incêndio,
indiretamente ou queimada); reúna informações e procure determinar
 Possibilidade do uso de água por a sua causa.
meio de viaturas ou bombas;
 Possibilidade de apoio aéreo; 5.8.7 Avaliações do Combate Inicial
 Tipo de aceiro necessário;
Caminhe em torno do fogo, ou
 Existência de barreiras que podem procure um ponto elevado onde seja
ser usadas;
possível visualizá-lo amplamente. Se
 Quando novos recursos de apoio pequeno, a avaliação é feita
chegarão; rapidamente, enquanto se caminha pelo
 Como a topografia afetará o seu perímetro. Em casos maiores, ou
comportamento do fogo; ocorrendo rápida propagação, procure
 Localização e preservação do ponto um bom ponto de visualização, ou até
de origem do incêndio. mesmo uma aeronave pode ser
necessária. Utilize observadores se
2º Passo necessário. Considere o seguinte:

Converse com a guarnição antes  Segurança – procure por áreas de


de iniciar o trabalho. Repasse risco e avalie as rotas de escape;
claramente as ordens, pois as ações  Ponto de origem e causa;
definidas no estágio inicial indicarão o
 Tamanho do fogo;
sucesso ou não do combate inicial.
Inicie o combate pelos flancos,  Perímetro do fogo;
para atingir a cabeça, a fim de extinguir  Bens a frente da linha de fogo;
o fogo rapidamente ou diminuir sua
 Clima;
propagação. Exceções ocorrerão:
 Comportamento do fogo – Qual a
expectativa;
 Fogo caminha em direção a uma
 Intensidade do Fogo;
barreira natural que impedirá sua
propagação;  Tipo de combustível;
 Existem bens a ser protegidos em  Topografia;
outros locais fora do perímetro do  Hora do dia.
fogo;
 Vários fogos esparsos em
combustíveis fora do perímetro do Avaliação Plano de Combate
foco principal, mas que podem Inicial:
resultar em um aumento na
propagação;
 O combate inicial está dando
 Fogo está subindo morro, próximo resultados. Se não, por quê?
ao horário de inversão térmica.
 São necessários recursos

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

adicionais? 5.9 COMBATE A GRANDES INCÊNDIOS


 Em quanto tempo será finalizada a
linha de aceiro? Quando não for possível o
controle pelo combate inicial, onde é
 Haverá mudanças climáticas, no
combustível e na topografia que necessária a presença de recursos que
causarão impactos significativos no devem ser organizados pelo Diretor de
comportamento do fogo? Operações Florestais, deverão ser
 A propagação e intensidade são adotadas medidas de instalação do
maiores que a esperada. Reporte Sistema de Comando de Incidentes.
imediatamente ao superior.
 Bens a proteger. 5.9.1 O Sistema de Comando de
Incidentes

Se o plano do combate inicial


O conceito de Sistema de
estiver funcionando, continue. Caso não,
Comando de Incidentes foi desenvolvido
mude o plano e implemente as
há mais de 30 anos, após um incêndio
mudanças. Informe a Central de
florestal que devastou a Califórnia.
Operações caso a complexidade do
Durante treze dias, no ano de 1970,
incêndio exceder a capacidade
dezesseis vidas foram perdidas, mais de
operacional de combate.
setecentas edificações, de todas as
Solicite apoio sempre que julgar
naturezas, foram destruídas e mais de
necessário.
meio milhão de acres de vegetação
5.8.8 Informações iniciais a serem foram queimados. O custo total
reportadas estimado com as perdas durante os
incêndios foram de US$ 18 milhões por
Assim que possível, as dia. E, embora todas as agências e
informações abaixo listadas devem ser instituições que responderam aos
reportadas à Central de Operações. incêndios tenham dado o melhor de si, a
Qualquer alteração a respeito da falta de comunicações integradas e
evolução do incêndio deve ser coordenação entre elas levaram à perda
constantemente informada. de efetividade das ações desenvolvidas.
Como resultado disso, o
 Localização exata; Congresso americano determinou ao
Serviço Florestal dos Estados Unidos da
 Acessos;
América que desenvolvesse um sistema
 Tipo de terreno; que daria “um grande salto na
 Tamanho do fogo; capacidade das agências de proteção de
 Causa (se possível); incêndios florestais do sul da Califórnia
de efetivamente coordenar ações
 Bens a proteger;
integradas e alocar recursos para
 Hora estimada do controle; combate a situações dinâmicas de
 Clima; múltiplos incêndios”.
 Recursos utilizados; O Departamento de Proteção
Florestal e de Incêndios da Califórnia,
 Recursos necessários;
Secretaria de Serviços de Emergência, os
 Comportamento do fogo. Corpos de Bombeiros dos Condados de

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Los Angeles, Santa Bárbara e Ventura e o Os esforços para resolver essas


Corpo de Bombeiros da cidade de Los dificuldades resultaram no
Angeles se juntaram ao Serviço Florestal desenvolvimento do modelo original do
dos EUA para desenvolver o sistema. SCI para gerenciamento de incidentes.
Este sistema, inicialmente, ficou Entretanto, o que foi originalmente
conhecido como FIRESCOPE (FIrefighting desenvolvido para combate a incêndios
RESources of California Organized for florestais, evoluiu para um sistema
Potential Emergencies). Em 1973, a aplicável a qualquer tipo de emergência
primeira equipe técnica do FIRESCOPE foi e, muito do sucesso do SCI, é resultado
estabelecida para conduzir as pesquisas da aplicação direta de uma estrutura
e o desenvolvimento do projeto. Os dois organizacional comum e princípios de
principais componentes que resultaram gerenciamento padronizados.
deste trabalho foram o Incident Durante meados dos anos 1970,
Command System (Sistema de Comando as agências que integravam o FIRESCOPE
de Incidentes) e o Multi-Agency concordaram formalmente em adotar os
Coordination System (Sistema de procedimentos e terminologia comuns
Coordenação de Múltiplas Agências). desenvolvidos para o SCI, conduzindo
Após analisar os resultados experiências práticas do uso da
desastrosos da atuação integrada e ferramenta. Em 1980, o SCI já havia sido
improvisada de diversos órgãos e utilizado com sucesso na maioria dos
jurisdições naquele episódio, o grandes incêndios florestais e urbanos
FIRESCOPE concluiu que o problema daquela época. Foi formalmente adotado
maior não estava na quantidade nem na pelo Corpo de Bombeiros de Los
qualidade dos recursos envolvidos, o Angeles, pelo Departamento de Proteção
problema estava na dificuldade em Florestal e de Incêndios da Califórnia e
coordenar as ações de diferentes órgãos pela Secretaria de Serviços de
e jurisdições de maneira articulada e Emergência, além de ter sido endossado
eficiente. pela Diretoria de Serviços de Incêndio
O FIRESCOPE identificou inúmeros daquele estado americano.
problemas comuns às respostas a Em 1981 o Sistema de Comando
sinistros envolvendo múltiplos órgãos e de Incidentes é alterado e melhorado
jurisdições, tais como: para atender aos padrões nacionais de
atendimento às emergências e
desastres, e, em 1982, toda a
 Falta de uma estrutura de comando
clara, definida e adaptável às documentação do Sistema de Comando
situações; de Incidentes é revisada de acordo com
a terminologia e organização do NIIMS
 Dificuldade em estabelecer
prioridades e objetivos comuns; (National Interagency Incident
Management System), que é o Sistema
 Falta de uma terminologia comum
Nacional de Gerenciamento
entre os órgãos envolvidos;
Interinstitucional de Incidentes. Este
 Falta de integração e padronização sistema é utilizado para integrar os
das comunicações;
níveis federal, estadual e municipal na
 Falta de planos e ordens resposta aos desastres nos EUA.
consolidadas. Em virtude do sucesso relatado
pelos órgãos de emergência americanos

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

que utilizavam o Sistema de Comando  O uso eficiente dos recursos


de Incidentes no gerenciamento de disponibilizados.
emergências, o presidente americano,
George W. Bush expediu no dia 28 de A flexibilidade inerente à
fevereiro de 2003, a Diretiva Presidencial ferramenta faz com que ela possa
de nº. 5 (HSPD 5) - Homeland Security expandir ou contrair para atingir as
Presidential Directive nº 5. Por meio diferentes necessidades impostas pelo
desta Diretiva foi criado o Sistema evento que se está atendendo. Esta
Nacional de Gerenciamento de flexibilidade torna o método de
Emergências (NIMS – National Incident gerenciamento efetivo para qualquer
Management System), sendo que o situação, complexa ou simples, tanto do
Sistema de Comando de Incidentes (ICS ponto de vista do custo operacional,
– Incident Command System) foi quanto do ponto de vista da eficiência
estabelecido como sendo a ferramenta da abordagem gerencial.
de gerenciamento de emergências Sendo utilizado de maneira
oficialmente a ser utilizada em território correta e respeitando-se os princípios
norte-americano, independentemente da adotados para a ferramenta, o SCI deve
causa, magnitude ou complexidade do atingir as finalidades e os benefícios
evento. para os quais o sistema foi
Nos Estados Unidos o Sistema de desenvolvido, que seriam:
Comando de Incidentes foi testado e
validado em resposta a vários tipos de
 Atender as necessidades dos
incidentes e situações emergenciais ou
incidentes, independente do seu
não, tais como: resposta a desastres tipo ou magnitude;
naturais, emergências com produtos
 Permitir que o pessoal empregado
perigosos, acidentes com múltiplas
no evento, proveniente de uma
vítimas, eventos planejados variada gama de agências,
(celebrações, paradas militares, organizações e instituições,
concertos, etc.), operações policiais possam ser integrados rapidamente
envolvendo outros órgãos, catástrofes, e com eficiência a uma estrutura de
incêndios, missões de busca e gerenciamento padronizada;
salvamento, programa de vacinação em  Prover suporte administrativo e
massa. logístico ao pessoal da área
A correta utilização do Sistema de operacional;
Comando de Incidentes vai permitir que  Ser efetivo, do ponto de vista do
sejam atingidos três objetivos principais custo e do emprego dos recursos,
durante o atendimento de um incidente: evitando-se a sobreposição de
esforços.

 A segurança dos respondedores do


incidente, bem como de todas as Neste capítulo, não se pretende
pessoas envolvidas ou atingidas esgotar o assunto relativo ao Sistema de
pelo evento; Comando de Incidentes, apenas
 O cumprimento dos objetivos proporcionar ao leitor conhecimentos
táticos definidos para o básicos que possibilitem sua integração
desenvolvimento das ações à ferramenta.
relacionadas ao incidente;

86
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Desta forma recomenda-se que Staff Geral:


seja consultado o manual do Curso do
Sistema de Comando de Incidentes,
 Planejamento;
elaborado pela Secretaria Nacional de
Segurança Pública em 2008.  Operações;
 Logística;
5.9.1.1 Princípios do SCI  Administração e Finanças;

O SCI é uma ferramenta de


Staff do Comando:
gerenciamento. Sendo assim, ele possui
uma série de princípios que, colocados
em prática, torna-o uma ferramenta  Segurança;
adequada para coordenar a atuação  Informações Públicas;
integrada de múltiplos órgãos em
 Ligação.
situações diversas. Por isso, é
importante destacar que o SCI é muito
mais do que apenas um organograma 5.9.1.3 Instalações do SCI
demonstrando as funções de cada um.
O SCI se baseia em nove Instalações são espaços físicos ou
princípios, que devem ser seguidos para estruturas fixas ou móveis, designadas
o efetivo funcionamento da ferramenta: pelo Comandante do Incidente (CI) para
cumprir uma função específica no SCI.
As instalações do SCI incluem:
 Terminologia Comum;
 Alcance de Controle;
 Posto de Comando (PC);
 Organização Modular;
 Área de Espera (E);
 Comunicações Integradas;
 Área de Concentração de Vítimas
 Plano de Ação do Incidente; (ACV);
 Cadeia de Comando;  Base (B);
 Comando Unificado;  Acampamento (A);
 Instalações Padronizadas;  Helibase (H);
 Gerenciamento Integral dos  Heliponto (H1).
Recursos.
5.9.1.4 Gerenciamento de Recursos
5.9.1.2 Estrutura e Funções do SCI
Recursos são definidos como
O Sistema de Comando de pessoal, equipes, equipamentos,
Incidentes está baseado em oito suprimentos e instalações disponíveis ou
funções, sendo uma delas o Comando potencialmente disponíveis para serem
do Incidente e as demais estão divididas utilizadas no apoio ao gerenciamento do
em dois Staffs: incidente ou nas atividades operacionais
de resposta.
 Comandante do Incidente; A capacidade de gerenciar
recursos em um incidente é um fator

87
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

decisivo para a eficiência da resposta. Informações essenciais para os


Desta forma, pelo princípio do quadros situacionais:
Gerenciamento Integral dos Recursos é
 Histórico do incidente;
possível a categorização, solicitação,
despacho, controle e otimização do  Objetivos;
emprego dos recursos.  Organograma;
Para a categorização é empregada  Recursos;
uma terminologia específica, bem como
 Mapas da área do incidente.
o emprego dos recursos se dá pela
utilização de formulários de registro e
consulta que são descritos no manual da 5.9.1.6. Comunicações no incidente
SENASP já comentado.
A capacidade de se comunicar
5.9.1.5 Situação do Incidente entre os elementos do SCI é
absolutamente fundamental na resposta
Durante o gerenciamento de um a um incidente ou evento onde o
incidente, uma das ações primordiais sistema esteja implementado. Isso nem
para o controle efetivo das operações é sempre é fácil, pois de um modo geral a
a criação e a implementação de quadros comunicação entre os órgãos que
situacionais que possam disseminar, respondem a emergências é dificultada
sucintamente, todas as informações pela incompatibilidade entre
relevantes a respeito do evento, equipamentos e freqüências.
informações essas que serão utilizadas Por isso, é absolutamente
pelos operadores do SCI. necessário que o SCI desenvolva um
Plano de Comunicações prevendo “quem
conversará com quem e como”. Para
garantir a integração, pode ser
necessário distribuir, trocar ou
programar equipamentos.
De acordo com a necessidade, o
Plano de Comunicações pode prever o
estabelecimento de diferentes redes de
comunicação:

 Rede de Comando;
 Rede Tática;
FIGURA 74 – Apresentação da Situação do  Rede Administrativa;
Incidente por meio de “Flip Chart”.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros  Rede Terra-Ar;
 Rede Ar-Ar;
Essas informações são
 Rede de Suporte Médico;
apresentadas por meio de quadros,
mapas, organogramas, etc. e são de  Rede Estratégica.
responsabilidade do Líder da Unidade de
Situação, o qual responde diretamente Regras para uma comunicação
ao Chefe da Seção de Planejamento. eficiente:

88
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

 Empregue o equipamento na  A extensão do incêndio ultrapassa


freqüência que for determinada 45000 m2 (45 hectares).
pelo Comandante do Incidente.
 Necessita de várias guarnições para
 Ao receber um equipamento de controle;
comunicação procure testá-lo e
 São necessários equipes de
certificar-se da freqüência de
Planejamento, Operações,
operação, bem como da
Logística e Administração e
disponibilidade da carga da bateria,
Finanças;
caso equipamento portátil.
 Necessita de Operações Aéreas;
 Procure falar a uma distância
aproximada de 10 cm do microfone  Necessita de elaboração de Plano
do equipamento. de Operações (Plano de Ação do
Incidente) para seu controle;
 Pense primeiro na mensagem a ser
transmitida e somente depois  Necessita de montagem de
acione o botão de transmissão. estruturas (Posto de Comando,
Área de Espera, Base,
 Fale devagar e de modo claro, a fim
Acampamento).
de ter certeza que o receptor
compreendeu a mensagem
transmitida. 5.9.2.1 Transição entre o combate inicial
 Nunca pressione o botão de e o combate a um grande incêndio
transmissão enquanto estiver florestal
recebendo ou quando a rede estiver
ocupada. Ao ser reportado pelo
 Proteja o microfone se houver Comandante do combate inicial que o
ventos em grande intensidade. incêndio não está sendo suprimido pela
 Evite conversas desnecessárias. sua equipe torna-se necessário o
emprego de forças extras adicionais.
 Priorize as mensagens e
principalmente as emergências. Deverão ser mobilizadas o mais rápido
possível novas equipes que se
 Ao notar qualquer anomalia com o deslocarão ao local do incêndio.
equipamento, não tente desmontá-
lo, mas sim chame um técnico para O responsável pelo ataque inicial
que o faça. deverá providenciar a transferência de
comando:
 Não dê partida em viaturas com o
rádio transmissor ligado.
 Estabelecimento de um Posto de
Comando, onde receba as forças
5.9.2 Características de um grande
extras, e repasse as informações.
Incêndio Florestal Normalmente a própria viatura
indicará tal local.
O combatente inicial de um
 Documentos e meios necessários a
incêndio florestal, ao verificar que as organização das ações de combate
ações iniciais não foram suficientes para (formulários padronizados do SCI);
o controle do fogo, deverá ter em mente
 Situação do incêndio;
as questões a seguir, as quais sugerem
estar tratando de um incêndio florestal  Progresso atingido pela equipe de
de grandes proporções:

89
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

combate; Conforme a necessidade o


 Recursos adicionais necessários; Comandante do Incidente deverá
estabelecer sua equipe de apoio, sendo
 Condições climáticas, especial-
o “Staff Geral” e “Staff de Comando”.
mente mudanças severas;

a. Staff Geral
5.9.2.2 Assunção do comando
O Staff Geral divide-se em quatro
Após a chegada, o Comandante seções que tem a responsabilidade de
do Incidente (Diretor de Operações uma área funcional específica no
Florestais) assumirá as funções de incidente (Planejamento, Operações,
coordenação, onde deverá adotar os Logística, Administração/Finanças).
seguintes critérios: As Seções são funções
subordinadas diretamente ao CI; estão
 Assumir o comando e estabelecer o sob a responsabilidade de um Chefe e
PC, obtendo informações sobre o contém unidades específicas.
ataque inicial, bem como sobre o
desenvolvimento do incêndio; Comandante

 Zelar pela segurança do pessoal e do Incidente

da segurança pública;
Seção de Seção de Seção de Seção de
 Avaliar as prioridades do incidente; Operações Planejamento Logística Administração
e Finanças

 Determinar os objetivos
operacionais; FIGURA 75 – Seções do “Staff Geral”.
FONTE: Manual SCI/SENASP - Adaptado pelo autor.
 Desenvolver e executar o Plano de
Ação do Incidente (PAI); a.1 Seção de Planejamento
 Desenvolver uma estrutura
organizacional apropriada; As funções dessa Seção incluem
 Manter o alcançe de controle; recolher, avaliar, difundir e usar a
 Administrar os recursos; informação acerca do desenvolvimento
do incidente e manter um controle dos
 Manter a coordenação geral das
recursos. Sob sua direção estão os
atividades;
Líderes das Unidades de Recursos, de
 Coordenar as ações das instituições Situação, de Documentação,
que se incorporarem ao Sistema;
Desmobilização e Unidades Técnicas.
 Autorizar a divulgação das O Chefe da Seção de
informações pelos meios de Planejamento reporta-se ao CI,
comunicação pública; determina a estrutura organizacional
 Manter um quadro de situação que interna da Seção e coordena as
mostre o estado e aplicação dos atividades.
recursos. Neste caso verificar os As responsabilidades do Chefe da
mapas da região, plotando os
Seção de Planejamento, são:
locais de risco e posicionamento da
frente de fogo;
 Encarregar-se da documentação e  Obter informações do CI sobre o
controle de gastos e apresentar o evento;
Relatório Final.  Ativar as unidades da Seção de

90
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Planejamento; relacionada com o incidente e provê as


 Estabelecer as necessidades e cópias necessárias.
agendas de informação para todo o
Sistema de Comando do Incidente a.1.4 Unidade de Desmobilização
(SCI);
 Notificar a unidade de recursos Em emergências complexas ou de
acerca de todas as unidades da grande magnitude, ajuda a efetuar a
Seção de Planejamento que tenham desmobilização do pessoal de maneira
sido ativadas, incluindo os nomes e ordenada, segura e rentável, quando
locais onde está todo o pessoal
deixa de haver necessidade de seu uso
designado;
no incidente.
 Identificar a necessidade de uso de
recursos especializados; a.2 Seção de Operações
 Compilar e distribuir informações
resumidas acerca do estado do A Seção de Operações é a
incidente; responsável pela execução das ações de
 Recursos empregados disponíveis; resposta. O Chefe da Seção de
 Recursos necessários; Operações reporta-se ao CI, determina a
estrutura organizacional interna da
 Disponibilidade de reconhecimen-
to aéreo com fotos. Seção, dirige e coordena todas as
operações cuidando da segurança do
 Disponibilidade de água para
pessoal da Seção, assiste o CI no
combate;
desenvolvimento dos objetivos da
 Previsão climática disponível. resposta ao incidente e executa o Plano
de Ação do Incidente (PAI).
a.1.1 Unidade de Recursos Responsabilidades do chefe da
seção:
Responsável por todas as
atividades de registro e de manter um  Obter informações do CI sobre o
registro do estado de todos os recursos, evento;
inclusive pessoal e equipamentos
 Obter um rápido relatório do CI;
designados para o incidente.
 Desenvolver a parte operacional do
a.1.2 Unidade de Situação Plano de Ação do Incidente (PAI) em
conjunto com a seção de
planejamento;
Compila e processa as
informações sobre a posição atual,  Apresentar um rápido relato e dar
destino ao pessoal de operações de
prepara apresentações e resumos sobre
acordo com o PAI;
a situação, desenvolve mapas e
projeções.  Supervisionar as operações;
 Determinar as necessidades e
a.1.3 Unidade de Documentação solicitar recursos adicionais;
 Compor as equipes de resposta
Prepara o Plano de Ação do designadas para a Seção de
Incidente, mantém toda a documentação Operações;
 Manter informado o CI acerca de

91
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

atividades especiais da operação. pessoal designado;


 Definição da área de espera;  Identificar os serviços e
necessidades de apoio para as
 Definição da estratégia de ataque;
operações planejadas e esperadas;
 Definição das táticas;
 Coordenar e processar as
 Avaliação e uso de aeronaves; solicitações de recursos adicionais;
 Definição da operação das  Assegurar o bem-estar geral e
guarnições de terra; segurança do pessoal da Seção de
 Avaliação e uso de tratores; Logística.

 Operações com Viaturas ABT;  Montagem de acampamento /


acantonamento (barracas ou
 Localização de base de helicóptero; instalações que possam ser
 Localização de aeroportos; utilizadas) ;

 Condições da fumaça gerada  Montagem do Posto de Comando;


(efeitos na operação aérea, trafego  Acessos e rotas;
de veículos e observação da
floresta/vegetação).  Equipamentos de Comunicação ;
 Plano de Comunicações;
a.3 Seção de Logística  Enfermaria;
 Conhecimento dos principais riscos
A Seção de Logística é a (animais, desidratação, etc.);
responsável por prover instalações,  Alimentação;
serviços e materiais, incluindo o pessoal
 Instalações Sanitárias;
que operará os equipamentos
solicitados para atender o incidente. As  Cozinha e Refeitório;
funções da Seção são de apoio exclusivo  Transporte de pessoal;
aos que respondem ao incidente. Ela
 Combustíveis;
supervisiona o Coordenador do Setor de
Serviços e o Coordenador do Setor de  Almoxarifado de Ferramentas;
Apoio; bem como suas respectivas
unidades, conforme veremos na a.3.1 Unidade de Comunicações
sequência.
O Chefe da Seção se reporta Desenvolve o Plano de
diretamente ao Comandante do Comunicações, distribui e mantém todos
Incidente, determina a estrutura os tipos de equipamentos de
organizacional interna da Seção e comunicações e se encarrega do Centro
coordena as atividades. de Comunicações do Incidente.
Responsabilidades:
a.3.2 Unidade Médica
 Planejar a organização da Seção de
Logística; Desenvolve o Plano Médico e
provê primeiros socorros e atenção
 Notificar à unidade de recursos
médica intensiva ao pessoal designado
acerca das unidades da seção de
Logística que sejam ativadas, para a emergência.
incluindo nome e localização do

92
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

a.3.3 Unidade de Alimentação interna da Seção e coordena as


atividades.
É responsável por determinar e Responsabilidades:
satisfazer as necessidades de
alimentação e hidratação em todas as
 Obter breve informação do CI;
instalações do incidente e por todos os
recursos ativos dentro da Seção de  Fazer acompanhamento dos
recursos financeiros
Operações.
disponibilizados e empregados
durante o incidente;
a.3.4 Unidade de Materiais
 Realizar compras, locação,
contratação e pagamento de
Relaciona o pessoal, materiais e serviços;
equipamentos e materiais. Além disto,
 Controlar e registrar os custos da
armazena, mantém e controla a
operação.
distribuição dos materiais, assim como
ajusta e realiza manutenção dos
equipamentos. a.4.1 Unidade de Tempo

a.3.5 Unidade de Instalações Deve registrar o período de


emprego do pessoal designado para o
Instala e mantém qualquer incidente.
instalação requerida para o incidente.
a.4.2 Unidade de Provedoria
a.3.6 Unidade de Apoio Terrestre
Gerencia o trâmite dos
Oferece transporte e se encarrega documentos administrativos
da manutenção dos veículos designados relacionados com o aluguel de
para o incidente. equipamentos e os contratos de
materiais e outros insumos. É
a.4 Seção de Administração e Finanças responsável pelo relatório das horas de
uso dos equipamentos.
É responsável por justificar,
controlar e registrar todos os gastos e a.4.3 Unidade de Custos
por manter em dia a documentação
requerida para processos indenizatórios. Responsável por colher toda a
A Seção de Administração e informação sobre custos e apresentar
Finanças é especialmente importante orçamentos e recomendações que
quando o incidente apresenta um porte permitam economia de gastos.
que poderia resultar na Decretação de Oferece transporte e se encarrega
Situação de Emergência ou Estado de da manutenção dos veículos designados
Calamidade Pública. Esta Seção dirige os para o incidente.
Líderes das Unidades de Tempos, de
Provedoria e de Custos. b. Staff do Comando
O Chefe da Seção se reporta ao
CI, determina a estrutura organizacional O Staff de Comando é composto
por três funções de assessoria ao

93
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Comandante do Incidente. Estas Será o responsável pelo contato


funções, dependendo da complexidade com os meios de comunicação ou outras
e tamanho do evento, podem ser organizações que busquem informação
desempenhadas pelo próprio CI ou este direta sobre o incidente. Ainda que
poderá delegá-las a outros. O título dado todos os órgãos que estejam
a estas funções é de Oficial. respondendo ao incidente possam
O organograma abaixo apresenta designar membros de seu pessoal como
a cadeia de comando entre o CI e seu oficiais de Informação Pública, durante o
Staff. evento haverá somente um “Porta-Voz”.
Os demais atuarão como
Comandante do Incidente auxiliares. Toda a informação deverá ser
aprovada pelo CI.
Segurança Responsabilidades:

Informações Públicas
 Obter um breve relato do
Comandante do Incidente;
Ligação
 Estabelecer um centro único de
FIGURA 76 – Funções do “Staff do informações, sempre que possível;
Comando”.  Tomar as providências para
FONTE: Manual SCI/SENASP - Adaptado pelo autor. proporcionar espaço de trabalho,
materiais, telefone e pessoal;
b.1. Oficial de Segurança
 Preparar um resumo inicial de
informações depois de chegar ao
Tem a função de vigilância e incidente;
avaliação de situações perigosas e
 Respeitar as limitações para a
inseguras, assim como o emissão de informação que
desenvolvimento de medidas para a imponha o CI;
segurança do pessoal.
 Obter a aprovação do CI para a
Responsabilidades: emissão de informação;
 Emitir notícias aos meios de
 Obter um breve relato do imprensa e enviá-las ao Posto de
Comandante do Incidente; Comando e outras instâncias
 Identificar situações perigosas relevantes;
associadas com o incidente;  Responder às solicitações especiais
 Identificar situações potencial- de informação.
mente inseguras durante as
operações táticas; b.3 Oficial de Ligação
 Fazer uso de sua autoridade para
deter ou prevenir ações perigosas; É o responsável pela integração
 Investigar/pesquisar os acidentes das instituições que estejam trabalhando
que ocorram nas áreas do no incidente ou que possam ser
incidente. convocadas. Isto inclui organismos de
primeira resposta, saúde, obras públicas
b.2 Oficial de Informações Pública ou outras organizações.

94
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Responsabilidades: suficiente, bem distribuídos e prontos


para qualquer eventualidade;

 Obter um breve relato do 2. Dirigir a(s) equipe(s) ao local do


Comandante do Incidente; incêndio, sem demora, a qualquer
hora;
 Proporcionar um ponto de contato
para os representantes de todas as 3. Deve-se combater o fogo pelos
instituições; pontos que oferecem maior risco de
propagação, observando o ataque
 Identificar os representantes de inicial pelos flancos;
cada uma das instituições,
incluindo sua localização e linhas 4. Deve-se usar no combate número
de comunicação; necessário e indispensável de
pessoas;
 Responder às solicitações do
pessoal do incidente para 5. Deve-se determinar, assim que
estabelecer contatos com outras possível, a causa provável do
organizações; incêndio.

 Observar as operações do incidente


para identificar problemas atuais ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ATAQUE
ou potenciais entre as diversas
1. Deve-se dividir os combatentes em
organizações.
GCIFs de no máximo 7 pessoas, com
um chefe competente, designando o
Os passos acima se referem ao setor e o serviço de cada equipe;
combate a um incêndio florestal que 2. É Indispensável dimensionar
pode durar vários dias. Devemos lembra adequadamente o incêndio, a fim de
que é de fundamental importância se poder planejar, com rapidez e
garantir o mínimo conforto às equipes eficiência, a forma de ataque;
de combate, com instalações de repouso 3. Manter-se constantemente
condizentes, alimentação adequada e informado sobre o avanço e o
balanceada para o tipo de atividade comportamento do fogo;
desenvolvida e apoio de viaturas, 4. Tomar decisões rápidas e ter um
materiais e equipamentos que se conceito definitivo de cada ação
fizerem necessários. planejada.
Jamais se poderá lançar mão de
todas as equipes disponíveis, pois é de HORA DE COMBATE
extrema importância a previsão de um
1. Deve-se evitar o combate noturno,
dia de descanso a cada três dias de
pois se trata de risco elevado, além da
trabalho, pois o combate ao incêndio necessidade do descanso a noite;
florestal é uma atividade extenuante.
2. Estar atento e aproveitar as
eventuais diminuições de intensidade
PONTOS IMPORTANTES A de fogo, causados por mudanças de
CONSIDERAR NO COMBATE AOS vento, aumentos de umidade ou
INCÊNDIOS FLORESTAIS reduções de temperatura.
3. A prática do combate logo nas
primeiras horas do dia oferece várias
PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL vantagens;
1. Estar preparado, dispor de
ferramentas e pessoal em quantidade

95
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

PONTOS QUE NÃO SE DEVE


PONTO E MÉTODO DE ATAQUE
ESQUECER
1. Procurar confinar o fogo tão logo
seja possível; em incêndios de
pequenas ou de baixa intensidade, o 1. No início o fogo se propaga em
ataque deve ser feito diretamente círculo, expandindo gradativamente
sobre a frente de fogo; em incêndios em todas as direções; depois o ventos
de intensidade alta o combate deve e as condições de combustível
ser feito pelos flancos e ir avançando determinam a direção e a intensidade
até a cabeça; de propagação.
2. O responsável deve decidir pela 2. A magnitude de um incêndio
forma de combate que considere mais depende da quantidade de material
eficiente para a circunstância; combustível existente;
3. Deve-se estar atento para os 3. Uma atmosfera úmida retarda o
incêndios causados por fagulhas fogo, uma atmosfera seca aumenta
oriundas da frente de fogo. sua intensidade;
4. O melhor período para se combater
ECONOMIA NO COMBATE um incêndio vai do entardecer até a
manhã do dia seguinte, porque o ar
1. Eliminar o fogo enquanto pequeno contém mais umidade, a temperatura
e concentrar um número suficiente de é menor e a atmosfera se encontra
combatentes para assegurar a calma. SOMENTE CONSIDERAR ESTA
extinção no menor tempo possível; POSSIBILIDADE, SE NÃO HOUVER
2. Escolher técnicas que assegurem a RISCO AOS COMBATENTES.
máxima rapidez no combate; 5. Nunca abandonar uma área após
3. Manter vigilância na área até que se um incêndio, sem se certificar que o
tenha certeza de que não há mais fogo não tem mais condições de se
perigo de reativação do fogo. reativar; deve-se ter certeza que o
incêndio está realmente extinto.

ERROS COMUNS NO COMBATE


13 SITUAÇÕES DE RISCO PARA OS
COMBATENTES FLORESTAIS
1. Demora em iniciar o combate;
2. Desatenção no estudo da situação;
1. Equipes atuando em uma encosta
3. Falta de planejamento adequado no acima do incêndio.
Combate;
2. Equipes em encosta com material
4. Ferramentas em más condições; rolante incandescente que poderá
5. Equipes destreinadas; originar focos secundários e/ou atingi-
los.
6. Uso de equipamentos não
recomendados; 3. Vento começa a soprar, aumenta de
velocidade ou muda de direção.
7. Não revezar as turmas antes que se
cansem em demasia; 4. Tempo quente e seco.

8. Não manter atuação e vigilância 5. Equipes se encontram em aceiro ou


adequada nos flancos; divisoras abertos em combustíveis
pesados.
9. Fazer rescaldo ineficiente.
6. Equipes em locais onde a topografia

96
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

ou a vegetação impeçam ou dificultem


o seu deslocamento.
7. Equipes em terreno desconhecido.
8. Desconhecimento dos fatores
locais que influenciam o
comportamento do incêndio.
9. Ataque direto pela cabeça do
incêndio.
10. Quando, no lado oposto da linha
de aceiro, aparecem focos secundários
com maior frequência.
11. Quando não é possível ver o
desenvolvimento do incêndio, nem ter
comunicação entre as equipes.
12. Ordens transmitidas não
assimiladas.
13. Equipes cansadas, com sono e
quando houver o risco de se deixar
adormecer perto do incêndio.

97
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

PREVENCÃO CONTRA
6 INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

98
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

6. PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS ocasionados pelo homem.


FLORESTAIS  Prevenção da Propagação do Fogo.

Não existe mérito em se combater


6.2.1 Remoção e controle de riscos e
um incêndio florestal se você não for
causas de incêndios florestais
capaz de preveni-lo!
ocasionados pelo homem
A frase acima revela a importância
do significado da palavra prevenção. A remoção e controle dos riscos de
Todos os esforços devem ser envidados incêndios florestais está ligado aos
no sentido de que o incêndio não incêndios que são causados pelo
ocorra. Para tanto, são necessários que homem. Deverá ser feita a proteção do
se compreendam os conceitos a seguir material combustível por meio da
expostos. educação da população com campanhas
preventivas, aplicação de legislação
6. 1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
específica e adoção de medidas
FLORESTAIS
coercitivas que venham a evitar que o
Proteção contra incêndios incêndio ocorra.
florestais é o conjunto de ações
preventivas aliadas ao 6.2.1.1 Classificação do risco florestal
preparo de pessoal e material de
a. Risco Geral
combate a incêndios florestais.
Na falha da prevenção, ações de
É o risco global a ser protegido.
combate serão efetuadas empregando-
Para o Corpo de Bombeiros é
se material e pessoal treinado.
representado pelo Estado como um
Portanto, temos o seguinte
todo. Para uma empresa particular pode
conceito:
ser representado por um
reflorestamento.
A Proteção contra incêndios florestais
é obtida pela prevenção comple- b. Risco Particular
mentada pelo combate ao incêndio.
Representa uma parte do risco
geral e se caracteriza pelo aspecto
6. 2 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
individual. Para o Corpo de Bombeiros
FLORESTAIS
uma área reflorestada dentro do Estado
É o conjunto de medidas tomadas do Paraná é considerada um risco
e ações realizadas, de modo a evitar a particular. Por outro lado, quando o
deflagração do incêndio, detectar o risco é geral, para uma entidade, é uma
incêndio e avisar a sua posição, porção do terreno reflorestado ou
facilitando as ações de combate e mesmo de reserva natural, por exemplo
provendo a segurança do pessoal. alguns alqueires reflorestados de
A prevenção contra incêndios eucaliptus dentro de um reflorestamento
florestais envolve os seguintes aspectos: maior.

6.2.1.2 Origem do incêndio florestal


 Remoção e controle de riscos e
causas de incêndios florestais Muitos incêndios florestais

99
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

acontecem por descuido humano. Os visitantes de lugares remotos.


incêndios resultam dos atos dos homens
e são causados pelo descuido ou
Causas + Riscos = Possíveis Incêndios
negligência. Para se realizar um bom
trabalho de prevenção contra incêndios
Quando as causas e os riscos são
florestais será preciso que se determine
combinados, o resultado é muitas vezes
como iniciam os incêndios e quem os
um incêndio. A prevenção deve evitar
inicia.
que ele ocorra, removendo os riscos ou
6.2.1.3 Riscos e causas controlando as causas.
A remoção e controle dos riscos e
Os incêndios causados pelo causas de incêndios florestais, pode ser
homem são resultados de uma alcançada por:
combinação de riscos e causas. Um risco
é qualquer material combustível que  Educação Preventiva;
possa ocasionar o incêndio. Alguns  Regulamentação do Uso da Floresta;
riscos são decorrentes da ação do
 Ação Legal.
homem, tais como o acúmulo de lixo.
Outros riscos advêm da própria
natureza, como pequenos arbustos, a. Educação Preventiva
acículas e combustível florestal morto.
É o controle e remoção de riscos
Alguns riscos são mais ou menos sérios
de incêndios florestais persuadindo as
que outros. Por exemplo, folhas secas
pessoas a adotar um comportamento
queimam com muito mais rapidez que
compatível à segurança florestal,
folhas verdes. Se há grande quantidade
objetivando seu próprio bem ou de seus
de combustível em determinada área, o
semelhantes. Ao notarmos práticas
risco é classificado como alto.
indevidas, tais como abandono de
As causas são fenômenos que
resíduos combustíveis em matas,
causam a eclosão do incêndio. Exemplos
acampamentos, liberação de resíduos de
de causas são fósforos e isqueiros na
serrarias, e outros descontroles de
mão de crianças, cinzas quentes,
riscos, podemos por meio de ação
fagulhas de chaminés, uma pessoa
educativa formar uma conscientização
fumando em local de risco de incêndios
no público alvo sobre a importância da
florestais e que atire pontas de cigarro
floresta e os danos que os incêndios
na vegetação, caçadores e
ocasionam a mesma.
acampamentos com fogueiras não
Para se chegar a tal objetivo deve-
protegidas e em áreas impróprias ou
se atingir todas as classes de pessoas
proibidas, ferrovias cruzando florestas,
que possam vir a ocasionar tais
queimadas não autorizadas e pessoas
incêndios, por meio de uma linguagem
que causam incêndios propositadamente
clara e objetiva, mostrando porque o
(incendiários).
incêndio deve ser evitado.
Registros mostram que inúmeros
Os principais veículos de
incêndios causados pelo homem são
comunicação visando a educação da
decorrentes de pessoas residentes na
população são a elaboração de livros,
floresta, ou que trabalham na floresta.
cartilhas, mensagens em rádio e
Muitos são causados por
televisão, apresentação de filmes,

100
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

painéis e palestras além de se realizar florestais como intangíveis, proibindo-se


nas regiões de maior risco, o contato desta forma, a passagem de pessoas por
pessoal explicando os riscos e danos do determinados locais, garantindo-se
incêndio florestal. assim uma prevenção mais efetiva.
Um plano de educação preventiva
requer perseverança e continuidade, de c. Ação Legal
modo a forçar o homem a agir
preventivamente, por hábito. Este tipo de ação é obtido de leis
O órgão responsável pela e regulamentos, os quais obrigam o
elaboração, planificação e fiscalização homem a acatar e agir preventivamente,
da proteção, deve organizar e por em evitando incêndios. Essa ação é
prática um programa de educação complementada pela ação fiscalizadora.
preventiva, dentro do qual serão Existem sempre pessoas
abordados os aspectos citados negligentes, descuidadas e refratárias a
anteriormente. qualquer legislação, que agem sempre
É importante também se difundir em seus interesses pessoais. Para estas
os aspectos legais que implicarão na pessoas a aplicação rigorosa da
deflagração de incêndios florestais legislação é a medida mais eficiente na
ocasionados por descuido ou prevenção de incêndios. A aplicação da
intencionalmente. legislação nem sempre é fácil, pois deve-
se descobrir a causa do incêndio, em
b. Regulamentação do Uso da Floresta seguida deve-se estabelecer a identidade
da pessoa responsável pelo fogo.
A regulamentação está Finalmente, é necessário provar
relacionada com a educação da legalmente o envolvimento da pessoa ao
população e com a aplicação da incêndio.
legislação. Isto porque inicialmente é
necessário uma campanha de 6.2.2 Prevenção da propagação do fogo
esclarecimento no sentido de explicar as
razões das restrições no uso da floresta. O risco florestal, mesmo sem
A forma mais drástica de agravantes produzidos pelo homem
regulamentação seria fechar a floresta, (resíduos inúteis), em função das
ou os setores mais suscetíveis ao variáveis fornecidas pela natureza –
incêndio durante os períodos críticos. fatores de propagação dos incêndios
Outras medidas que poderiam ser florestais – se predispõe à eclosão de
adotadas são a proibição ou restrição de incêndios. Desta forma todos os
fumar em determinadas áreas em esforços devem ser direcionados para o
épocas de grande perigo, determinação controle absoluto e remoção das
de locais específicos para área de principais causas de incêndio, quer por
acampamentos, proibição de pesca em meio de ação educativa, quer pela ação
certas áreas durante a estação de legal.
incêndio e outras medidas de caráter As causas impossíveis de serem
local ou regional. removidas, deverão ser criteriosamente
Conforme a situação de risco da controladas. Por exemplo, certas
floresta e a necessidade em preservá-la, práticas agrícolas exigem tecnicamente
é possível a decretação de certas áreas a queima de vegetação, assim sendo,

101
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

deverá ser procedida dentro de uma parte raspada. Por exemplo em um


tecnologia apurada, observando a hora, aceiro de 20 metros pelo menos 6
posicionamento do fogo inicial, aceiros e metros deverão ser raspados por
outras ações técnicas indispensáveis à tratores.
segurança. Os aceiros não servem apenas
Todos os pontos quentes na para impedir temporariamente a
floresta devem ser catalogados para propagação do incêndio, mas também
devido controle, tais como: atividades facilitar o acesso e permitir a
industriais, operacionalidade com demarcação do terreno.
máquinas em abertura de estradas, Os aceiros, quando seguem um
ferrovias e outros. sistema rígido de divisão topográfica
Mesmo os mais eficientes (seções, subseções) recebem o nome de
programas de prevenção não divisoras, por outro lado, as faixas
conseguem evitar totalmente o início de limpas do combustível (roçado) são os
incêndios em áreas florestais. Por este contornos.
motivo necessita-se estabelecer sistemas
que dificultem a propagação dos
incêndios, principalmente pelo controle
da quantidade, arranjo, continuidade e
inflamabilidade, ou potencial de queima
do material combustível.
A redução do risco de propagação
dos incêndios em áreas florestais pode
ser conseguida com a implantação das
seguintes técnicas preventivas:

 Construção de aceiros de
segurança; FIGURA 77 – Separação de aceiros
AUTOR: Major QOBM Edemilson de Barros
 Cortinas de segurança;
 Construção de açudes. Geralmente, um talhão é separado
do outro por divisoras (faixas
6.2.2.1 Construção de aceiros de transitáveis raspadas). No planejamento
segurança de reflorestamentos, sempre devem
constar as divisoras, devidamente
Aceiros são técnicas de prevenção marcadas, e sem plantio.
que visam quebrar a continuidade do Normalmente, as divisoras de um
combustível. São trechos livres de talhão medem 20 m de largura e os
vegetação, podendo ser criados pelo contornos 10 metros.
homem ou naturais, distribuídos na Nas práticas preventivas, a
floresta ou reflorestamento, de acordo redução do combustível próximo ao
com as necessidades preventivas. aceiro é chamada de bordadura.
Os aceiros de proteção podem A redução de material
variar de 10 a 50 metros em função do combustível em uma floresta pode ser
risco a proteger. Eles normalmente feita por métodos químicos, mecânicos
constam de uma parte roçada e outra ou por queima controlada.

102
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

6.2.2.2 Cortinas de segurança material combustível florestal, sendo


empregadas com sucesso como uma
As cortinas de segurança são técnica de combate. Entretanto se trata
técnicas que basicamente, alteram a de uma forma arriscada que pode ser
inflamabilidade do material combustível. feita no interior da floresta desde que a
espécie seja resistente ao fogo.
A redução do material
combustível resistente ao fogo pode ser
feita também na periferia da floresta,
formando aceiros temporários que
impedem ou dificultam a penetração na
floresta dos incêndios vindos de fora. A
queima de vegetação seca às margens
de estradas em locais suscetíveis à
ocorrência de incêndios, é também um
meio eficiente de redução do material
combustível.
Para que se possa realizar uma
queima com segurança, o primeiro fator
que devemos considerar é a direção do
vento, pois a fumaça resultante deve ser
afastada de áreas sensíveis como
estradas, residências e aeroportos.

FIGURA 78 – Cortina de segurança


6.2.3.1 Queima contra o vento
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Neste caso o fogo progride em


O plantio de espécies menos
sentido contrário ao que o vento está se
inflamáveis, como o Eucaliptus, pode
propagando.
servir como proteção a espécies com
níveis de inflamabilidade superior, tais
como as coníferas resinosas.

6.2.2.3 Construção de açudes

A construção de pequenos
açudes, formados por simples barragens
de terra ao longo de pequenos cursos de
água trazem vários benefícios, como
locais para captação de água, inclusive
para aeronaves (helicópteros),e no FIGURA 79 – Queima contra o vento
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
aumento da umidade relativa do ar local.

6.2.3 Técnicas de queimada É importante que a velocidade do


vento esteja entre 6,5 e 16 km/h, para
As queimadas são meios dissipação da fumaça e do calor. A
econômicos e eficientes de redução do propagação do fogo tem baixa taxa de

103
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

velocidade, entre 0,0055 e 0,00166 m/s.


(SOARES, BATISTA e NUNES - 2008).

6.2.3.2 Queima a favor o vento

Devem ser feitas uma ou mais


linhas de fogo, de forma que nenhuma
desenvolva grande intensidade.
É importante combinar queima a
favor e contra o vento, devendo estar
atento ao ponto de encontro das frentes FIGURA 81 – Queima de flancos
de fogo. (SOARES, BATISTA e NUNES - FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

2008)
6.2.3.4 Queima em manchas

Esta técnica consiste de uma série


de pequenos pontos ou círculos de fogo,
que queimam em todas as direções,
porém se encontram antes de se
tornarem maiores.
A distância entre eles deve estar
entre 40m a 60m. (SOARES, BATISTA e
NUNES - 2008).

FIGURA 80 – Queima a favor do vento


FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

6.2.3.3 Queima de flancos

Esta técnica consiste em se


realizar linhas de fogo que sejam
paralelas à direção do vento, formando
um ângulo reto com o mesmo.
Esta é uma boa forma de segurar
o fogo lateralmente em conjunto com
outras técnicas.
FIGURA 82 – Queima em manchas
Útil para pequenas áreas, ou em FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
grandes áreas em períodos de tempo
curto. (SOARES, BATISTA e NUNES - 6.2.3.5 Queima central
2008).
Vários pontos devem ser acesos
no centro da área a ser queimada, com o
aumento da propagação e liberação de
calor por meio de uma coluna de
convecção.

104
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Em áreas maiores que 4ha deve entre o incêndio urbano e o incêndio


ser formado um anel de fogo em volta florestal, nota-se uma diferença entre os
do fogo central, que tende a se deslocar dois tipos de incêndio.
por meio de convecção ao encontro do No incêndio urbano o Corpo de
ponto central. (SOARES, BATISTA e Bombeiros é rapidamente avisado,
NUNES - 2008). podendo atuar no combate ao princípio
do incêndio, tornando o trabalho mais
fácil.
No incêndio florestal, devido ao
isolamento da floresta, normalmente
quando ocorre o aviso, já existem
grandes extensões de fogo e uma larga
área já foi devastada. E as proporções já
podem ter atingido a necessidade de um
dispositivo de reação muito grande.
Concluindo, podemos afirmar que
a floresta, principalmente na época
propícia à eclosão de incêndios
FIGURA 83 – Queima central florestais, precisa ser OBSERVADA, e em
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
casos de incêndios, os mesmos devem
ser prontamente detectados, mostrando
6.2.3.6 Queima em V (Chevron)
aos combatentes do fogo a sua posição
Empregada em áreas exata e, se possível, um quadro da
montanhosas. Neste caso se acendem situação para que ocorra um pronto
linhas de fogo simultaneamente, atendimento antes que o incêndio
partindo de um único ponto no ápice da florestal fuja de controle. Portanto,
montanha, e fazendo progredir para a ações eficientes de combate a incêndios
parte de baixo. florestais deixarão de existir se não
ocorrer um apoio da prevenção contra
incêndios florestais, por meio de um
sistema de observação e detecção de
incêndios.

6.2.5 Plano de proteção florestal

A elaboração de um plano de
proteção florestal é uma das primeiras
ações necessárias para o
desenvolvimento eficitente de ações de
prevenção e combate. O plano de
proteção florestal deve envolver todos
FIGURA 84 – Queima em V os segmentos da sociedade organizada,
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008 em especial dos órgãos que integram o
Sistema de Defesa Civil. Para que se
6.2.4 Detecção e aviso de incêndio atinja tal propósito é fundamental o
envolvimento de órgãos governamen-
Se fizermos uma comparação

105
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

tais, que detêm o poder da tomada de adoção de medidas preventivas especiais


decisão, e das entidades não para as áreas de maior risco.
governamentais com capacidade de
apoio e integração. Tão importante b. Causas dos incêndios
quanto a elaboração do um plano, a
Para se fazer um trabalho objetivo
colocação em prática do mesmo
de prevenção de incêndios em uma área
culminará com o seu sucesso e
é necessário conhecer as principais
aperfeiçoamento.
causas ou grupos de causas desses
Para tanto, deverão ser
incêndios. Pode-se citar: raios, queimas
desenvolvidas várias etapas que
para limpeza, operações florestais,
contemplem a elaboração de normas e
fogos campestres, fumantes,
adoção de medidas de prevenção
incendiários, estradas de ferro e
(PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO), bem como
diversos.
as ações efetivas que devem ser
As causas variam de região para
desencadeadas por todos os órgãos
região, principalmente em países de
participantes do sistema (RESPOSTA E
grande extensão territorial.
RECONSTRUÇÃO/RECUPERAÇÃO).
Para maior eficiência da
c. Duração do período de ocorrência
prevenção dos incêndios florestais,
planos regionais ou locais, especificando Os incêndios, devido
as técnicas mais adequadas e viáveis, principalmente às condições climáticas,
podem ser estabelecidos. Para se não ocorrem com a mesma freqüência
elaborar um plano de prevenção de durante todos os meses da ano. A
incêndios são necessárias algumas variação do número de ocorrências de
informações e estatísticas sobre incêndio, de região para região, ao
ocorrências anteriores de fogo a longo dos meses, deve-se às
aspectos gerais da área. Estas diversidades climáticas ou às diferenças
informações, basicamente, são: nos níveis de atividades agrícolas e
florestais.
a. Regiões de ocorrências
d. Zonas prioritárias
Os incêndios não se distribuem
uniformemente nas áreas florestais. Nenhum planejamento deve ser
Existem locais onde a ocorrência de feito sem definir claramente as áreas
incêndios é mais freqüente, como por que devem ser protegidas. Apesar de
exemplo em vilas ou acampamentos, toda a floresta precisar de proteção,
margens de rodovias, margens de existem sempre áreas que devem
estradas de ferro, proximidades de áreas receber tratamento prioritário e por isto
agrícolas e margens de rios e lagos. Por mesmo marcadas com destaque no
outro lado existem locais que raramente mapa da região. A elaboração desses
ocorrem incêndios. mapas, de preferência com o uso de
A elaboração de um mapa de cores diferentes indicando os diversos
risco, por meio da marcação dos pontos tipos de vegetação, permite prever em
onde ocorreram os incêndios, possibilita que áreas o fogo oferece maior risco de
visualização das áreas de maior propagação.
incidência de incêndios e ajuda na 6.2.5.1 Objetivos de um plano de

106
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

proteção florestal reuniões deverão abordar minimamente


os seguintes tópicos:
a. Integração
 Abertura;
A integração é a base sólida para
o desenvolvimento de ações preventivas.  Análise dos incêndios florestais
ocorridos no período;
Ele deve acontecer no momento
preventivo e preparatório visando um  Avaliações práticas das ações de
contato prévio entre as agências resposta;
envolvidas no plano de proteção, que  Atividades preventivas (planejamento
tende a resultar em uma harmonização – adotado);
base para um trabalho com eficiência e  Exposição das atividades realizadas
eficácia no momento de resposta em um por cada órgão que participa do
desastre. Neste contexto, deve-se plano;
estabelecer uma estrutura de parceria  Encerramento dos trabalhos.
interinstitucional para prevenção e
combate, envolvendo órgãos públicos,
Todas as reuniões deverão ser
iniciativa privada, mídia e segmentos
registradas em atas que serão
organizados da sociedade.
devidamente arquivadas.

b. Monitoramento
d. Plano de Chamada

Um serviço de monitoramento e
Um plano de chamada deverá ser
acompanhamento da situação da
elaborado, associado ao protocolo de
vegetação, seja por meio de observação
ações preventivas e de resposta de cada
direta da floresta em áreas particulares,
organismo integrante, que deverá
ou via satélite, deve ser implementado
constar de uma ficha específica. Desta
nos períodos críticos para a deflagração
forma, as atualizações no plano serão
dos incêndios florestais. Sendo assim é
constantemente executadas com a
possível o processo de informações de
substituição da ficha de controle.
uma forma rápida culminando com a
rápida localização de um incêndio e a
e. Análise dos incêndios florestais
adoção de medidas de respostas rápidas
e eficientes. Além disto, o
A análise dos incêndios visa o
monitoramento nos possibilita a
aprimoramento dos procedimentos
determinação dos índices de perigo de
adotados, da legislação e da
um incêndio em uma determinada
performance individual ou do grupo
região, e a manutenção de uma banco
envolvido no episódio. É imprescindível
de dados com as informações coletadas.
analisar como todos os componentes
(policiais, bombeiros, empresas
c. Reuniões períodicas
privadas, agentes públicos, técnicos das
mais diversas áreas, etc.) das agências
Visando a integração, bem como
envolvidas se relacionam, analisar as
o monitoramento correspondente, faz-se
desconformidades, detectar pontos
necessário a adoção de um calendário
fracos para, a partir deles estabelecer
de reuniões nos períodos críticos. Tais
metas para a almejada evolução

107
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

acontecer de maneira gradativa. Assim, dentro da sua área (ambiental,


estudos de caso devem ser objeto das emergencial, policial, trânsito, etc.),
reuniões periódicas. porém, necessita-se convergir os
As constatações sobre pontos objetivos de cada instituição – que
críticos devem servir de subsídio para justificam sua existência – à preparação
planejamentos coletivos. técnica durante a formação de cada
profissional envolvido e qual o seu nível
f. Ações preventivas de contato nos momentos da
normalidade (prevenção e preparação) e
As ações preventivas sempre de anormalidade (resposta e
serão contempladas nos planos de reconstrução), em relação aos incêndios
prevenção florestal. Gestões devem ser florestais.
feitas objetivando a divulgação de Uma análise rápida logo se traduz
campanhas preventivas, recuperativas e em constatação: não existe um
educacionais. nivelamento entre os agentes
As campanhas essencialmente responsáveis. Essa dedução não provém
priorizarão a conscientização, a de um caráter empírico e irrestrito a
divulgação e a educação ambiental. É de uma ou outra instituição, mas genérico a
fundamental importância a adoção de ponto de ser necessário o
material de apoio, por meio de “folder”, desenvolvimento de um calendário de
cartazes, folhetos, manuais, multimídia cursos de capacitação que objetivem a
e adesivos. qualificação integrada, proporcionando
A campanha preventiva deve ser desde o treinamento à possibilidade das
colocada em prática anualmente no pessoas que potencialmente poderão
período crítico, por meio dos veículos de interagir num local de sinistro se
comunicação social, ações diretas nas conhecerem, o que acarreta perguntas
comunidades localizadas próximas a simples com respostas nem tão simples
área de risco e por meio de todas as assim:
instituições que se integram ao plano de
proteção florestal.
 Qual o papel de cada órgão num
atendimento integrado de combate a
g. Cooperação incêndio florestal?
 Quem vai organizar o pessoal
Cada instituição deve contribuir disponível?
com todos os seus esforços possíveis
 Onde estão os recursos materiais?
com o objetivo de reduzir os incêndios
florestais, bem como atuar de forma  A quem caberá a logística?
eficiente e eficaz nas ações de resposta.  Quem aplicará a multa?
 Quais informações o Ministério
h. Qualificação integrada Público precisa para apurar as
responsabilidades?
A qualificação é uma das
 Quem e como acionará o Ministério
facilitadoras para o sucesso da execução Público?
do que foi planejado. Cada agente
 Como preencher as ocorrências para
envolvido no atendimento a um incêndio
alimentar um banco de dados? E
florestal possui sua formação específica como é esse formulário?

108
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

emergenciais dos diversos órgãos


Essas são apenas algumas participantes do plano de prevenção
perguntas que costumam surgir durante deve ser contemplado. A definição de
um incidente, e respondê-las com equipes de plantão 24 horas, de
correção e velocidade requer um telefones que atendam no momento em
preparo prévio que passa pela que a resposta faz a diferença para uma
integração entre os órgãos, além da orientação técnica adequada, diminuição
capacitação de seus agentes. do tempo resposta para se chegar até o
local do atendimento e capacitação para
i. Aquisição e distribuição de materiais e integrar o SICOE/SCI. O Ministério
equipamentos Público tem interesse em realizar a
apuração de responsabilidades, porém,
Atender a incêndios florestais eventualmente esbarra na simples falta
expõe recursos humanos e custa caro, de dados que deixaram de ser coletados
sem contar, é claro, o dano ambiental. porque os relatórios dos órgãos que
Caberá a alguém o pagamento dessa participaram daquele atendimento não
conta. Nesse aspecto, o sistema previam a necessidade de se obter tal
apresenta-se vulnerável e depende de informação. Enfim, esses apontamentos
um ajuste entre seus partícipes para que constituem-se numa série de detalhes
o panorama deixe de ser desfavorável imprescindíveis e que implicam,
nesses momentos. O agente humano diretamente, no êxito ou fracasso de
corre risco, a população lindeira correrá, uma operação.
por conseguinte, riscos semelhantes,
assim como a natureza fica 6.2.6 Vigilância florestal
comprometida pela precariedade com
que se atende tais incêndios. É a observação e marcação dos
Não adianta plano elaborado, incêndios florestais.
comitês e metas estabelecidas, se não A vigilância preventiva é feita por
houver recursos treinados, equipados e patrulhas onde é difundida a educação
com segurança debelando chamas. preventiva e a orientação do controle de
Para tanto o plano deve indicar a riscos e controle de remoção de causas.
forma de aquisição de equipamentos, Pode ser considerada:
sua distribuição na área a ser protegida,
bem como a forma de emprego dos  Móvel: Patrulhamento Aéreo e
recuros. Terrestre
 Fixa: Empregando Torres de
j. Fluxo de informações Observação.

A comunicação incide diretamente a. Vigilância móvel


na probabilidade de obtermos êxito num
atendimento. Além de funcionar em A vigilância móvel é utilizada em
caráter intra-institucional precisa fluir vários países desenvolvidos e vem sendo
inter-institucionalmente, não apenas no implementada no Brasil, por se tratar de
momento da emergência, mas nas fases um sistema comprovadamente eficaz na
preventiva e preparatória. detecção e localização de incêndios
O acionamento das estruturas florestais.

109
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

O meio utilizado é também períodos críticos à eclosão de incêndios


empregado nas ações de combate. florestais e onde as áreas se limitam
Aviões e helicópteros, providos do com plantações e pastagens.
equipamento GPS, marcam em
coordenadas os focos do incêndio,
possibilitando que sejam lançadas
equipes de terra para o combate,
devidamente orientadas sobre o
localização exata do incêndio.
A mobilidade do sistema de
vigilância móvel é um ponto positivo,
pois com aviões e helicópteros se
percorrem extensas áreas em curto
espaço de tempo, além do que é
possível um acompanhamento da
progressão do fogo para aviso das
FIGURA 85 – Torre de observação em
equipes de mudanças de direção ou
reflorestamento
outros fenômenos. FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Nos reflorestamentos particulares
os patrulhamentos terrestres, 6. 3 ASPECTOS LEGAIS
empregando veículos para trabalho em
terrenos acidentados têm sido Existe uma farta, porém recente,
eficientes, pois atingem grandes áreas legislação relacionada ao uso do fogo no
sem desgastar pessoal. Brasil e em diversos Estados. A
legislação em vigor define as condições
b. Vigilância fixa de utilização do fogo, suas restrições,
responsabilidades por danos causados
Quando o setor preventivo, por ao meio ambiente e a terceiros, medidas
algum motivo falha, ou quando a origem de prevenção e combate e penalidades
é uma causa natural e esta atinge o risco pelo seu uso incorreto.
(floresta), temos a deflagração do
incêndio que deve ser imediatamente 6.3.1 Código Florestal
observado, localizado e transmitido para
o Centro de Socorro com o objetivo de O Código Florestal – Lei Federal
dar combate às chamas. n.º 4771, de 15 de setembro de 1965,
Na vigilância fixa se empregam possui vários artigos relacionados à
torres de observação. Tal método tem questão dos incêndios florestais, sendo
mostrado sua eficiência em nosso país, destaque os seguintes:
existindo inclusive fabricantes
especializados na montagem de tais Art. 11 – “O emprego de produtos
torres. florestais ou hulha como combustível
Nas empresas de reflorestamento obriga o uso de dispositivos que
de grande porte, que dependem impeçam a difusão de fagulhas
diretamente de suas florestas para a susceptíveis de provocar incêndios nas
fabricação de matéria prima, é o sistema florestas e demais formas de vegetação
mais utilizado, principalmente nos marginal”.

110
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Art. 25 – “Em caso de incêndio PREVFOGO – Sistema Nacional de


rural, que não se possa extinguir com os Prevenção e Combate aos Incêndios
recursos ordinários, compete não só ao Florestais, que possui os seguintes
funcionário florestal como a qualquer artigos:
outra autoridade pública requisitar os
meios materiais e convocar os homens Art. 1º. – Incêndio Florestal é fogo
em condições de prestar auxílio”. sem controle em qualquer forma de
vegetação.
Art. 26 – “Constituem
contravenções penais, puníveis com três 1º - É proibido o uso do fogo sem
meses a um ano de prisão simples ou controle nas florestas e demais formas
multa de um a cem vezes o Maior Valor de vegetação, bem assim qualquer ato
de Referência, ou ambas as penas ou omissão que possa ocasionar
cumulativamente: incêndio florestal.

Fazer fogo, por qualquer modo, em 2º - Quando peculiaridades locais


florestas e demais formas de vegetação, ou regionais justificarem o emprego do
sem tomar as precauções adequadas. fogo, na forma de queima controlada,
em práticas agropastoris ou florestais,
Fabricar, vender, transportar ou soltar poderá ser permitido, circunscrevendo
balões que possam provocar incêndios as áreas estabelecidas e observando as
nas florestas e demais formas de normas de precaução.
vegetação.
3º - Compete ao Instituto
Art. 27 – “É proibido o uso do fogo nas Brasileiro do Meio Ambiente e dos
florestas e demais formas de vegetação. Recursos Naturais Renováveis
estabelecer as condições de uso do
Parágrafo único – Se peculiaridades fogo, sob a forma de queima controlada.
locais ou regionais justificarem o
emprego do fogo em práticas Art. 2º - A prevenção de incêndios
agropastoris ou florestais, a permissão florestais será promovida através do
será estabelecida em ato do Poder Sistema Nacional de Prevenção e
Público, circunscrevendo as áreas e Combate aos Incêndios Florestais –
estabelecendo as normas de precaução. PREVFOGO.

Art. 28 – “Além das contravenções Parágrafo único – A coordenação


estabelecidas, substituem os do PREVFOGO ficará a cargo do Instituto
dispositivos previstos no Código Penal Brasileiro do Meio Ambiente e dos
(Art. 250) e nas demais leis, com as Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.
penalidades neles cominadas.
Art. 3º - O Combate a incêndio
6.3.2 Decreto Lei 97.635 florestal será exercido por:

O Decreto Lei n.º 97.635, de 10 Corpo de Bombeiros;


de abril de 1989, regulamentou o artigo Grupo de voluntários organizados pela
27 do Código Florestal e criou o comunidade ou brigadas.

111
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Art. 4º - No caso de incêndio


florestal, que não possa ser extinto com § 2º Os Programas serão destinados,
os recursos ordinários, cabe à prioritariamente, para as atividades de
autoridade pública requisitar os meios prevenção e defesa contra crimes e
materiais necessários, qualquer que seja infrações ambientais, bem como para a
seu proprietário, para extinção do preservação do meio ambiente, da fauna
incêndio. e da flora, conforme previsto neste
Decreto e no ato formal específico de
Art. 5º - Será segurado contra adesão dos entes federativos
danos direta ou indiretamente interessados.
provocados por incêndio florestal aquele
que prestar serviço nesta atividade, Art. 2º Os Programas de Segurança
compreendendo-se neste seguro os Ambiental previstos neste Decreto serão
eventos de doenças, invalidez e morte, orientados pelos seguintes princípios e
bem como pensão ao cônjuge, diretrizes:
companheiro e dependentes. I - cooperação ambiental;
II - solidariedade federativa;
Art. 6º - Os trabalhos de combate III - planejamento e fiscalização do uso
a incêndio florestal são considerados de dos recursos ambientais;
relevante interesse público. IV - proteção de áreas ameaçadas de
degradação e de espaços territoriais a
6.3.3 Decreto Lei 6.515 serem protegidos e seus componentes;
V - prevenção contra crimes e infrações
O Decreto Lei 6.515, de 22 de ambientais;
julho de 2008, Institui, no âmbito dos VI - emprego de técnicas adequadas à
Ministérios do Meio Ambiente e da preservação ambiental; e
Justiça, os Programas de Segurança VII - qualificação especial para gestão de
Ambiental denominados Guarda conflitos.
Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-
Parques, onde se destaca: Art. 3º As ações do Programa Guarda
Ambiental Nacional serão executadas
Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos por integrantes das unidades
Ministérios do Meio Ambiente e da especializadas em policiamento
Justiça, os Programas de Segurança ambiental dos entes federativos
Ambiental denominados Guarda conveniados, cuja atuação será dirigida
Ambiental Nacional e Corpo de Guarda- à proteção e ao apoio de atividades
Parques, com o objetivo de desenvolver desenvolvidas por servidores do
ações de cooperação federativa na área Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
ambiental. dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA ou do Instituto Chico Mendes de
§ 1º Para a execução dos Programas de Conservação da Biodiversidade -
que trata o caput, a União, por meio dos Instituto Chico Mendes, conforme regras
Ministérios do Meio Ambiente e da específicas a serem estabelecidas nos
Justiça, celebrará convênios com os convênios de que trata o art. 1º.
Estados e o Distrito Federal, inclusive
com a previsão de repasse de recursos. Parágrafo único. O contingente

112
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

mobilizável da Guarda Ambiental de modo a contribuir com as atividades


Nacional será composto por servidores da Guarda Ambiental Nacional.
que tenham recebido treinamento
especial para atuação conjunta com Art. 5º O Programa Corpo de Guarda-
integrantes das polícias federais e dos Parques será formado por integrantes do
órgãos de segurança pública e de Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar,
preservação do meio ambiente dos e seus Batalhões Florestais e Ambientais,
Estados e do Distrito Federal. cuja atuação será dirigida à proteção
ambiental das unidades de conservação
Art. 4º Caberá conjuntamente aos federais situadas no território do
Ministros de Estado do Meio Ambiente e respectivo ente federativo.
da Justiça determinar o emprego da
Guarda Ambiental Nacional, bem como § 1º Caberá ao Corpo de Guarda-
coordenar seu planejamento, preparo e Parques:
mobilização, compreendendo, inclusive, I - prevenir, fiscalizar e combater
a definição da estrutura de comando dos incêndios florestais e queimadas no
seus integrantes. interior das unidades de conservação e
em seu entorno imediato;
§ 1º O ato que determinar o emprego da II - garantir a segurança dos visitantes e
Guarda Ambiental Nacional conterá: funcionários das unidades de
I - delimitação da área de atuação e conservação;
limitação do prazo nos quais suas III - empreender ações de busca e
atividades serão desempenhadas; salvamento no interior das unidades de
II - indicação das medidas de proteção conservação;
ambiental a serem implementadas; e IV - promover atividades de
III - as diretrizes que nortearão o interpretação natural, cultural e histórica
desenvolvimento das operações. relacionadas com as unidades de
conservação;
§ 2º O emprego da Guarda Ambiental V - promover ações de caráter sócio-
Nacional será episódico e planejado, ambiental voltadas para as comunidades
segundo as condições estabelecidas residentes na unidade de conservação e
neste Decreto e nos respectivos no seu entorno;
convênios. VI - prestar apoio operacional e de
segurança aos servidores competentes
§ 3º Antes de cada operação da Guarda para exercer o poder de polícia
Ambiental Nacional, o Ministro de ambiental nas unidades de conservação
Estado do Meio Ambiente deverá federais; e
informar os Governadores dos Estados VII - zelar pelo patrimônio físico das
onde serão realizadas as operações. unidades de conservação.

§ 4º Por autorização do Ministro de § 2º O Corpo de Guarda-Parques


Estado da Justiça, a Força Nacional de disponível em cada unidade de
Segurança Pública poderá oferecer conservação contribuirá para o
instalações, recursos de inteligência, funcionamento, em parceria com os
transporte, logística, treinamento e sua servidores da área ambiental, de postos
tropa especializada de pronto emprego, florestais de proteção ambiental nessas

113
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

unidades. V - coordenar o planejamento


orçamentário geral e realizar a gestão
Art. 6º Os servidores mobilizados para financeira relativos à execução das
atuar de forma integrada nos Programas atividades dos Programas de que trata
de Segurança Ambiental mencionados este Decreto;
neste Decreto ficarão sob coordenação VI - estabelecer a interlocução com os
dos Ministérios do Meio Ambiente e da Estados e o Distrito Federal, bem assim
Justiça enquanto durar sua mobilização, com seus órgãos ambientais e demais
mas continuam a integrar o quadro órgãos do Governo Federal, para a
funcional de seus respectivos órgãos. disponibilização de recursos humanos,
materiais e financeiros necessários ao
Art. 7º O Ministério do Meio Ambiente, funcionamento dos Programas de
consultados os entes federativos que Segurança Ambiental; e
aderirem aos Programas de Segurança VII - definir, de acordo com a legislação
Ambiental, elaborará proposta para a aplicável, os sinais exteriores de
provisão de assistência médica e seguro identificação e o uniforme dos
de vida e de acidentes dos servidores servidores mobilizados para atuar nas
mobilizados, quando vitimados em operações dos Programas de Segurança
atuação efetiva em operações dos Ambiental.
Programas.
Art. 9º Os servidores dos Estados e do
Art. 8º Ao Ministério do Meio Ambiente Distrito Federal mobilizados para atuar
caberá a coordenação geral dos nos programas mencionados neste
Programas de que trata este Decreto, Decreto serão designados pelos seus
bem como: respectivos Governadores.
I - realizar consultas a outros órgãos da
administração pública federal, quando Parágrafo único. Caso algum servidor
necessário, sobre aspectos pertinentes público federal mobilizado venha a
às atividades dos Programas de responder a inquérito policial ou a
Segurança Ambiental; processo judicial por sua atuação efetiva
II - solicitar apoio da administração dos em operações dos Programas de
Estados e do Distrito Federal às Segurança Ambiental, poderá ser ele
atividades dos Programas de Segurança representado judicialmente pela
Ambiental, respeitando- se a Advocacia-Geral da União, nos termos do
organização federativa; art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril
III - providenciar a aquisição de bens e de 1995.
equipamentos necessários às atividades
dos Programas de Segurança Ambiental Art. 10. As despesas com a execução
e coordenar ações de apoio material e das atividades dos Programas de
reaparelhamento destinadas aos órgãos Segurança Ambiental e suas respectivas
ambientais dos Estados e do Distrito ações correrão à conta das dotações
Federal; orçamentárias consignadas anualmente
IV - estabelecer as diretrizes e os nos orçamentos do Ministério do Meio
critérios de seleção e treinamento dos Ambiente e do Ministério da Justiça.
servidores integrantes dos Programas de
Segurança Ambiental; § 1º Os Ministérios referidos no caput

114
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

realizarão, no âmbito das suas sua recuperação natural.


respectivas competências, o No art. 3º, trata da utilização do
planejamento orçamentário relativo à fogo como elemento de manejo
execução das atividades dos Programas ecológico de campos, cerrados e outros
de que trata este Decreto, observado o tipos de savana adaptados à ocorrência
disposto no inciso V do art. 8o. de incêndios periódicos, vedando tal
§ 2º O Ministério do Meio Ambiente prática em áreas florestais das Unidades
fornecerá os recursos materiais de Conservação, exceto se
complementares necessários para expressamente autorizada pelo
fortalecer a atuação específica na área CONAMA.
ambiental dos órgãos que participarem
dos Programas estabelecidos neste 6.3.4 Decreto Estadual 4223
Decreto.
O Decreto Estadual 4223, de 14
de abril de 1998, cria o Plano Estadual
Art. 11. Este Decreto entra em vigor na
de Prevenção e Combate aos Incêndios
data de sua publicação.
Florestais para o Estado do Paraná, bem
como estabelece critérios para manejo
Além destes diplomas legais, as
do fogo por meio de queima controlada,
portarias e resoluções do IBDF – Instituto
onde destaca-se:
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal,
atual IBAMA e do CONAMA – Conselho
Art. 1º - Considera-se incêndio florestal,
Nacional do Meio ambiente abaixo
todo fogo sem controle sobre qualquer
relacionadas tratam da questão dos
forma de vegetação, provocado pelo
incêndios florestais:
homem intencionalmente ou por
negligência, ou ainda por fonte natural.
A Portaria IBDF n.º 183, de
Parágrafo único - O incêndio florestal
06/06/84, institui o Dia Nacional de
provocado pelo homem, por ação ou
Prevenção aos incêndios Florestais (1º
omissão, é considerado crime e sujeitará
de junho de cada ano).
os seus autores às penalidades da Lei.

A Portaria IBDF n.º 231, de


Art. 2º - Queimadas são práticas
08/08/88 trata do emprego de fogo sob
agropastoris ou florestais, onde o fogo é
forma de queima controlada.
utilizado de forma controlada, atuando
como fator de manejo da vegetação ou
A portaria Normativa IBDF n.º
do solo.
292-P, de 12/10/88 institui o
documento “Termo de Responsabilidade
Art. 3º - A emissão de autorização para
e Permissão para Queima Controlada –
os casos em que se justifique o uso de
TR”.
fogo, sob a forma de queima controlada,
em práticas agropastoris e/ou florestais,
A Resolução CONAMA n.º 011, de
será condicionada à observância dos
14/12/88, estabelece em seu art. 1º que
princípios e critérios aqui estabelecidos
as Unidades de Conservação, contendo
e nas demais normas vigentes.
ecossistemas florestais, mesmo quando
atingidas pelo fogo, devem sempre
Art. 4º - O pedido de autorização para a
continuar a ser mantidas, com vistas a

115
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

queima controlada deverá ser


protocolado junto ao Instituto Ambiental
do Paraná com antecedência mínima de
15 (quinze) dias da data em que se
pretende fazer uso do fogo.

6.3.5 Decreto Estadual 6416

O Decreto Estadual 6416, de 11


de outubro de 2002 aprovou o
regulamento do Sistema Integrado de
Comando em Emergência – SICOE para o
Estado do Paraná, trazendo em seus
anexos o citado regulamento, onde
destaca-se:

Art. 10. Considera-se, ainda, como


passível de mobilização do SICOE, as
emergências que:

V - tenham comprometimento do meio


ambiente;
VIII - resultem em incêndios florestais
que fujam do controle das autoridades
locais;

Art. 13. O Comandante da Emergência é


o comandante do SICOE e responde por
todas as ações no local do desastre.

Parágrafo único - O Comandante da


Emergência será a maior autoridade
militar do Corpo de Bombeiros na área
do desastre.

116
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

METEOROLOGIA APLICADA
7 A INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

117
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

7. METEOROLOGIA APLICADA À Por sua vez não podemos ignorar o


INCÊNDIOS FLORESTAIS efeito das intempéries sobre o homem,
em face de atividade intensa do combate
A meteorologia (do grego
a incêndios florestais, com elevado
meteoros, que significa elevado no ar, e
desgaste físico e stress.
logos, que significa estudo) é a ciência
que estuda a atmosfera terrestre. Seus 7.1 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS
aspectos mais tradicionais e conhecidos
são a previsão do tempo e a Os aspectos meteorológicos que
climatologia. influenciam decisivamente o
O tempo pode ser definido como comportamento dos incêndios florestais
o estado da atmosfera em determinado são: a temperatura e a umidade relativa
instante e lugar. O clima tem sido do ar e o rumo e velocidade do vento.
frequentemente definido como um Faremos ainda uma abordagem quanto a
tempo médio, ou seja, um conjunto de pressão do ar e tipo e quantidade de
condições normais que dominam uma chuvas e nuvens.
região, obtidas das médias das
observações durante um intervalo de 7.1.1 Temperatura
tempo.
A temperatura é uma grandeza
Os serviços de combate a
física, característica de um dado corpo
incêndios florestais são afetados pelas
(sólido, líquido ou gasoso), que é
condições do tempo, principalmente as
superior ou inferior consoante esse
variáveis meteorológicas como: a
corpo absorveu mais ou menos energia.
temperatura do ar, a umidade do ar, a
É necessária a definição de que
pressão do ar, a velocidade e direção do
calor é a energia cinética total dos
vento, tipo e quantidade de precipitação
átomos e moléculas que compõem uma
e o tipo e quantidade de nuvens.
substância e temperatura é uma medida
As estações do ano possuem
da energia cinética média das moléculas
variações de comportamento em nosso
ou átomos individuais.
Estado, no entanto podemos definir
Utilizaremos três escalas: a
algumas características comuns, como a
Celsius, a Fahrenheit e a Kelvin (ou
seca (em média entre os meses de junho
absoluta). A escala Fahrenheit é muito
a setembro) com suas características de
usada em países de língua inglesa,
baixa umidade relativa do ar, formação
principalmente Estados Unidos e
de nevoeiros, grande variação de
Inglaterra. A escala Kelvin também é
temperatura ao longo do dia e a falta de
usada para fins científicos.
chuva; a das águas (em média entre os
O ponto de fusão do gelo
meses de novembro e março) com
corresponde a 0º C na escala Celsius,
acumulados de chuva em curto espaço;
32º F na escala Fahrenheit e 273 K na
desencadeando estiagens e cheias, de
escala Kelvin. O ponto de ebulição da
forma que as variáveis com valores
água corresponde, respectivamente, a
muito acima ou muito abaixo da média
100º C 212º F e 373 K. O ponto zero da
histórica vêm determinar o número e a
escala Kelvin (zero absoluto)
gravidade das emergências, motivo pelo
corresponde, ao menos teoricamente, à
qual será objeto deste estudo.
temperatura na qual cessa o movimento
molecular e o objeto não emite radiação

118
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

eletromagnética. Não há temperaturas Temperatura ºC g/kg


abaixo dessa. As relações entre as -40 0,1
diversas escalas é dada por: -30 0,3
-20 0,75
C/5 = (F-32)/9 -10 2
K = C + 273 0 3,5
5 5
Quanto maior for a temperatura 10 7
ambiente mais seca fica a vegetação e, 15 10
por conseguinte, mais aumentam as 20 14
condições para a ignição e rápida 25 20
propagação de incêndios. 30 26,5
35 35
7.1.2 Umidade 40 47

A umidade atmosférica exprime a 7.1.2.2 Umidade absoluta


quantidade de vapor de água existente
na atmosfera. A capacidade que o ar tem A umidade absoluta é definida
para adquirir umidade é muito como a massa de vapor de água
importante. Quanto mais alta for a (usualmente em gramas) por unidade de
temperatura, maior a quantidade de volume (usualmente em m³), sendo
vapor de água que se pode manter no ar calculada por:
sem passar ao estado líquido
(condensar). Ao contrário, quanto mais UA= mv
frio estiver o ar, menos capacidade terá V
em manter o vapor de água sem este se
condensar. 7.1.2.3 Razão de mistura
Esta presença de vapor d’água
A razão de mistura é a massa de
pode ser descrita quantitativamente de
vapor d’água (usualmente em gramas)
várias maneiras. Entre elas estão a
por unidade de massa de ar seco
pressão de vapor, a umidade absoluta, a
(usualmente Kg):
razão de mistura e a umidade relativa.

7.1.2.1 Pressão de vapor W= mv


md
A pressão de vapor é
simplesmente a parte da pressão 7.1.2.4 Umidade relativa
atmosférica total devida ao seu
Umidade relativa é a razão entre a
conteúdo de vapor d’água e é
razão de mistura real w e a razão de
diretamente proporcional à
mistura de saturação ws:
concentração de vapor no ar. Surge
então o conceito de pressão de vapor de
UR= W x 100%
saturação, sendo a quantidade máxima
Ws
de vapor de água a determinada
temperatura, conforme tabela:
A UR indica quão próximo o ar
está da saturação, ao invés de indicar a
real quantidade de vapor d’água no ar.

119
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Como exemplo, vemos que em Um deles é o chamado


25° C, ws = 20 g/kg. Se o ar contém 10 termômetro de bulbo úmido, que tem
g/k num dia com 25° C, UR = 50%. um pedaço de musselina amarrado em
Variações da umidade relativa torno do bulbo. Para usar o psicrômetro,
causadas por variações da temperatura o tecido é molhado e é exposto a
ocorrem na natureza tipicamente por contínua corrente de ar, ou girando o
variação diurna da temperatura, instrumento ou forçando uma corrente
movimento horizontal de massa de ar e de ar por meio dele até atingir uma
movimento vertical de ar. temperatura estacionária (saturação).
A temperatura de bulbo úmido
cai, devido ao calor retirado para
evaporar a água. O seu resfriamento é
diretamente proporcional à secura do ar.
Quanto mais seco o ar, maior o
resfriamento. Portanto, quanto maior a
diferença entre as temperaturas de
bulbo úmido e de bulbo seco, menor a
umidade relativa; quanto menor a
diferença, maior a umidade relativa. Se o
FIGURA 86 – Variação UR x Temperatura ar está saturado, nenhuma evaporação
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes ocorrerá e os dois termômetros terão
leituras idênticas.
7.1.2.5 Medidas de umidade
7.1.2.6 Umidade dos combustíveis
A umidade absoluta e razão de
mistura são difíceis de medir A umidade atmosférica também
diretamente, mas podem ser obtidas da influencia a umidade dos combustíveis.
umidade relativa, por meio de gráficos Com efeito, durante o dia o ar seco
ou tabelas. Para medir umidade relativa retira a umidade da vegetação (88), pois
usam-se higrômetros. está a uma temperatura mais elevada e
Um dos mais simples, o tem maior capacidade de absorver vapor
psicrômetro, consiste de dois de água.
termômetros idênticos, montados lado a
lado, conforme figura a seguir

FIGURA 88 – Troca de umidade (dia)


FIGURA 87 – Psicômetro Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

120
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Durante a noite passa-se o 7.1.3 Vento


contrário, pois o ar, mais frio, tem maior
teor de vapor de água e são os O vento é o movimento do ar e
combustíveis florestais que absorvem pode ocorrer em qualquer direção. Na
umidade do ar (89). observação do vento considera-se, por
convenção, o rumo de onde sopra o ar,
referido aos pontos da rosa dos ventos:
cardeais, colaterais e intermédios,
consoante o pormenor desejado.
Um bom indicador do rumo do
vento é a movimentação das nuvens,
porque são por ele empurradas. O ar
desloca-se dos locais de maior pressão
atmosférica para aqueles onde ela é
menor. Sabe-se que o ar quente sobe e,
pelo contrário, o ar frio desce.

FIGURA 89 – Troca de umidade (noite)


Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
7.1.3.1 Tipos e características de ventos

Outra grandeza importante A classificação a seguir considera


relacionada à umidade é a temperatura a velocidade do vento para que se possa
de ponto de orvalho, que é a estabelecer uma classificação de força,
temperatura a que o ar deveria ser apresentando uma designação.
resfriado à pressão constante para ficar
saturado.
O termo ponto de orvalho provém
do fato de que durante a noite objetos
próximos à superfície da Terra
freqüentemente se resfriam abaixo da
temperatura de ponto de orvalho.
O ar em contato com estas
superfícies também se resfria por
condução até tornar-se saturado e o
orvalho começar a formar-se. Assim, se
a temperatura da vegetação baixar,
então o excesso de vapor de água
existente na atmosfera condensa-se e
deposita-se na vegetação, formando o
orvalho.
Quando a temperatura de ponto
de orvalho está abaixo da temperatura
de congelamento, o vapor d’água é
depositado como geada.
Quanto mais alto o ponto de
orvalho, maior a concentração de vapor continua
d’água.

121
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

individuais globulares de nuvens, com


aparência de domos salientes. Qualquer
nuvem reflete uma destas formas
básicas ou é combinação delas.
Com base na altitude, as nuvens
mais comuns na troposfera são
agrupadas em quatro famílias: Nuvens
altas, médias, baixas e nuvens com
desenvolvimento vertical. As nuvens das
três primeiras famílias são produzidas
por levantamento brando sobre áreas
extensas. Estas nuvens se espalham
lateralmente e são chamadas
estratiformes.
Nuvens com desenvolvimento
vertical geralmente cobrem pequenas
áreas e são associadas com
levantamento bem mais vigoroso. São
chamadas nuvens cumuliformes.
Nuvens altas normalmente têm
bases acima de 6000 m, nuvens médias
geralmente têm base entre 2000 a 6000
FIGURA 90 – Tipos e características de m e nuvens baixas tem base até 2000
ventos m. Estes números não são fixos. Há
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes variações sazonais e latitudinais. Em
altas latitudes ou durante o inverno em
7.1.4 Nuvens latitudes médias as nuvens altas são
geralmente encontradas em altitudes
O vapor d’água é um gás invisível,
menores.
mas os produtos da condensação e
Devido às baixas temperaturas e
deposição de vapor d’água são visíveis.
pequenas quantidades de vapor d’água
As nuvens são manifestações
em altas altitudes, todas as nuvens altas
visíveis da condensação e deposição de
são finas e formadas de cristais de gelo.
vapor d’água na atmosfera. Podem ser
Como há mais vapor d’água disponível
definidas como conjuntos visíveis de
em altitudes mais baixas, as nuvens
minúsculas gotículas de água ou cristais
médias e baixas são mais densas.
de gelo, ou uma mistura de ambos.
Nuvens em camadas em qualquer
As nuvens são classificadas com
dessas altitudes geralmente indicam que
base em dois critérios: aparência e
o ar é estável. Não esperaríamos
altitude.
normalmente que nuvens crescessem ou
Com base na aparência,
persistissem no ar estável. Todavia, o
distinguem-se três tipos: cirrus, cumulus
desenvolvimento de nuvens desse tipo é
e stratus. Cirrus são nuvens fibrosas,
comum quando o ar é forçado a subir,
altas, brancas e finas. Stratus são
como ao longo de uma frente ou
camadas que cobrem grande parte ou
próximo ao centro de um ciclone,
todo o céu. Cumulus são massas
quando ventos convergentes provocam a

122
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

subida do ar. Tal subida forçada de ar


estável leva à formação de uma camada
estratificada de nuvens que tem uma
extensão horizontal grande comparada
com sua profundidade.
Nuvens com desenvolvimento
vertical estão relacionadas com ar
instável. Correntes convectivas
associadas ao ar instável podem
produzir nuvens cumulus, cumulus
congestus e cumulonimbus. Como a FIGURA 91 – Tipos de nuvens
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
convecção é controlada pelo
aquecimento solar, o desenvolvimento
7.1.5 Precipitação
de nuvens cumulus freqüentemente
segue a variação diurna da insolação. Todas as nuvens contem água, no
Num dia de bom tempo as nuvens entanto algumas produzem precipitação
cumulus começam a formar-se do meio e outras não. Isto ocorre, por dois
para o final da manhã, após o sol ter motivos, o primeiro por que as gotículas
aquecido o solo. A cobertura de cumulus de nuvem são minúsculas, com diâmetro
no céu é maior à tarde, visto que é médio menor que 20 mm.
usualmente o período mais quente do Devido ao pequeno tamanho, sua
dia. velocidade de queda é tão pequena, de
Se as nuvens cumulus apresentam modo que, mesmo na ausência de
algum crescimento vertical, estas correntes ascendentes, ela se evapora
normalmente chamadas cumulus de poucos metros abaixo da base da
"bom-tempo" podem produzir leve nuvem. Segundo, por que as nuvens
chuva. Ao aproximar-se o pôr-do-sol a consistem de muitas destas gotículas,
convecção se enfraquece e as nuvens todas competindo pela água disponível,
cumulus começam a dissipar-se (elas logo seu crescimento via condensação é
evaporam). pequeno.
Uma vez formados os cumulus, o A velocidade de queda de uma
perfil de estabilidade da troposfera gotícula de nuvem ou cristal de gelo por
determina o seu crescimento. Se o ar meio do ar calmo depende de duas
ambiente é estável mais para cima o forças: a força da gravidade (peso) e o
crescimento vertical é inibido. Se é atrito com o ar.
instável para ar saturado, então o O processo de colisão-
movimento vertical é aumentado e os coalescência ocorre em algumas nuvens
topos das nuvens cumulus sobem. Se o quentes, isto é, nuvens com temperatura
ar ambiente é instável até grandes acima do ponto de congelamento da
altitudes, a massa da nuvem toma a água (0° C).
aparência de uma couve-flor, enquanto
se transforma em cumulus congestus e
então em cumulonimbus, que produz
tempestades.

123
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

7.1.5.1 Medidas de precipitação

A forma mais comum de


precipitação, a chuva, é provavelmente a
mais fácil de medir. Entretanto,
dispositivos sofisticados são usados
para medir pequenas quantidades de
chuva mais precisamente, assim como
para reduzir perdas por evaporação.
O pluviômetro padrão (Fig. 88)
tem um diâmetro em torno de 20 cm no
topo. Quando a água é recolhida, um
funil a conduz a uma pequena abertura
num tubo de medida cilíndrico que tem
área de seção reta de somente um
décimo da área do coletor.
Consequentemente, a espessura
da chuva precipitada é aumentada 10
vezes, o que permite medidas com
FIGURA 92 – O processo de coalisão – precisão de até 0,025 cm, enquanto a
coalescência abertura estreita minimiza a evaporação.
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
Quando a quantidade de chuva é menor
que 0,025 cm, é considerada um traço
Essas nuvens são inteiramente
de precipitação.
compostas de gotículas de água líquida
e precisam conter gotículas com
diâmetros maiores que 20 mm para que
se forme precipitação. Estas gotículas
maiores se formam quando núcleos de
condensação "gigantes" estão presentes
e quando partículas higroscópicas, como
sal marinho, existem.
Estas partículas higroscópicas
começam a remover vapor d’água do ar
em umidades relativas abaixo de 100% e
podem crescer muito. Como essas
gotículas gigantes caem rapidamente,
elas colidem com as gotículas menores e
mais lentas e coalescem (combinam) FIGURA 93 – Pluviômetro
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
com elas, tornando-se cada vez maiores.
Tornando-se maiores, elas caem mais
7.1.6 Pressão atmosférica
rapidamente e aumentam suas chances
de colisão e crescimento.
Entre os vários elementos do
Após um milhão de colisões, elas
tempo (pressão, temperatura, umidade,
estão suficientemente grandes para cair
precipitação, ventos, etc.) a pressão é a
até a superfície sem se evaporar.
menos perceptível fisicamente. Contudo,

124
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

diferenças de pressão de um lugar para Estima-se que a pressão cai em


outro são responsáveis pelos ventos e torno de 1 mb a cada 8 m de ascensão
variações na pressão têm importante vertical.
influência na variação do tempo. Como A variação de pressão causa
veremos, a pressão do ar está mudanças de temperatura e gera a
intimamente relacionada com os outros instabilidade atmosférica, que influi
elementos do tempo. diretamente nos incêndios florestais e
A pressão atmosférica em uma vice-versa.
dada posição é usualmente definida Em latitudes médias o tempo é
como o peso por unidade de área da dominado por um movimento contínuo
coluna de ar acima desta posição. No de diferentes massas de ar que trazem
nível do mar uma coluna padrão de ar junto mudanças na pressão atmosférica
com base de 1 cm² pesa um pouco mais e mudanças no tempo. Em geral, o
que 1 kg, isto representa a pressão de tempo torna-se tempestuoso quando a
uma atmosfera, ou seja, 1 atm, pressão cai e bom quando pressão sobe.
correspondente também a 1 BAR. Uma massa de ar é um volume enorme
À medida que a altitude aumenta, de ar que é relativamente uniforme
a pressão diminui, pois diminui o peso (horizontalmente) quanto à temperatura
da coluna de ar acima. Como o ar é e à concentração de vapor d’água.
compressível, diminui também a
densidade com a altura, o que contribui 7.1.7 Estabilidade atmosférica
para diminuir ainda mais o peso da
coluna de ar à medida que a altitude Qualquer fator que cause o
aumenta. Inversamente, quando a aquecimento do ar mais próximo à
altitude diminui, aumenta a pressão e a superfície em relação ao ar mais para
densidade. cima aumenta a instabilidade. O oposto
é verdadeiro, sendo que qualquer fator
que resfrie o ar mais próximo à
superfície torna o ar mais estável.
A estabilidade é aumentada por
resfriamento radiativo da superfície da
Terra após o por do sol e, por
conseqüência, do ar próximo à
superfície; resfriamento de uma massa
de ar por baixo quando ela atravessa
uma superfície fria; e subsidência de
uma coluna de ar.
A instabilidade é aumentada por
intensa radiação solar que aquece o solo
e, por conseqüência, o ar por baixo;
aquecimento de uma massa de ar por
baixo quando ela atravessa uma
superfície quente; movimento
FIGURA 94 – Variação Pressão x Altitude
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes ascendente do ar associado com
convergência geral; levantamento
forçado de ar, tal como o induzido por

125
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

montanhas; e resfriamento radiativo do formadas e a quantidade de


topo de nuvens. precipitação.

7.1.7.1 Levantamento orográfico

Este fenômeno ocorre quando


terreno inclinado, como montanhas, age
como barreira ao fluxo de ar e força o ar
a subir.
Além do levantamento para tornar
o ar instável, as montanhas ainda
removem umidade do ar por outros FIGURA 96 – Levantamento frontal (ar
meios. estável).
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
A topografia irregular das
montanhas dá lugar à aquecimento
diferencial e instabilidade de superfície.
Por tudo isso, há geralmente
precipitação mais alta associada com
regiões montanhosas, comparada com a
das regiões baixas vizinhas.

FIGURA 97 – Levantamento frontal (ar


instável)
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

7.2 CÁLCULO DE RISCO DE INCÊNDIO

O cálculo do risco de incêndio


FIGURA 95 – Estabilidade Atmosférica mede a probabilidade de início de
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
incêndios, da intensidade de queima e
marcha de propagação dos incêndios já
O levantamento por cunha frontal
iniciados.
ocorre quando ar frio atua como uma
O comportamento do fogo
cunha sobre a qual o ar mais quente e
esperado para classe típicas de incêndio
menos denso sobe. Este fenômeno é
pode ser classificado em:
comum no sul do Brasil e é responsável
por grande parte da precipitação. As
a. Baixo ou Nulo
figuras 96 e 97 ilustram o levantamento
de ar estável e instável.
Os incêndios não irrompem
O levantamento forçado é
prontamente da maioria das causas
importante para produzir nuvens. A
acidentais, embora muitos fogos
estabilidade do ar, contudo, determina
provenientes de raios tenham início em
em grande parte o tipo de nuvens
algumas áreas durante os períodos de
baixo risco. Os incêndios que irrompem

126
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

desenvolvem-se lentamente, e há pouca geralmente incontroláveis enquanto


tendência para surgirem. prevalecerem períodos de extremo risco
Freqüentemente ardem com e o trabalho mais eficiente se resumirá
obscuridade, mas desenvolvem-se em aos flancos.
ramificações.
7.2.1 Cálculo do índice de perigo
b. Pequeno ou Baixo empregando fórmulas

Podem surgir de causas 7.2.1.1 Fórmula de ANGSTRON


acidentais, mas o número de princípios
é geralmente baixo. Marcha de B= 0,05 x H x 0,1 x (T-27)
propagação moderada, concentrações
pesadas de combustíveis arderão com
B= índice de Angstron
grande caloria podendo haver
H= umidade relativa do ar em %
ramificações. O controle dos incêndios
T= temperatura do ar em º C.
durante períodos de risco geralmente
não apresenta problemas.
 RISCO BAIXO: B ≥ 3,0
c. Médio ou Moderado  RISCO MODERADO: 2,5 < B < 3,0
 RISCO ELEVADO: B ≤ 2,5
Os incêndios terão início com
bastante facilidade, arderão com caloria
7.2.1.2 Fórmula de Monte Alegre (FMA)
elevada, propagando-se rapidamente,
ramificando-se prontamente. O controle Desenvolvida com os dados da
dos incêndios durante o período de risco
região central do Estado do Paraná, é um
médio pode tornar-se difícil se não índice acumulativo, e tem como única
combatidos de imediato.
variável a umidade relativa do ar,
medida às 13 horas.
d. Alto ou Elevado
n
Os incêndios irrompem FMA=  (100/H)
facilmente, terão propagação rápida e i=1
em alta marcha de propagação, com
considerada ramificação. O ataque
FMA= Fórmula de Monte Alegre
direto pela frente do incêndio é
H= Umidade relativa do ar em %.
raramente possível após este arder por
alguns minutos.
a. Restrições da FMA

e. Extremo
Chuva do dia Modificação do Cálculo
(mm)
Os incêndios irrompem facilmente
de todas as causas podendo iniciar por ≤ 2,4 Nenhuma
Abater 30% na FMA
meios de causas comuns e inesperadas,
2,5 a 4,9 calculada na véspera e
ardem e propagam-se rápida e somar (100/H) do dia.
intensamente. O ataque raramente é Abater 60% na FMA
possível. As frentes que avançam são 5,0 a 9,9 calculada na véspera e

127
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

somar (100/H) do dia.


Abater 80% na FMA
Abater 80% na FMA 10,0 a 12,9 calculada na véspera e
10,0 a 12,9 calculada na véspera e somar (100/H) do dia.
somar (100/H) do dia. Interromper o cálculo
Interromper o cálculo  12,9 (FMA=0) e recomeçar a
 12,9 (FMA=0) e recomeçar a somatória no dia
somatória no dia seguinte.
seguinte.
b. Escala de perigo da FMA+
b. Escala de perigo da FMA
Valor FMA Grau de Perigo
Valor FMA Grau de Perigo
≤ 3,0 Nulo
≤ 1,0 Nulo
3,1 a 8,0 Pequeno
1,1 a 3,0 Pequeno
8,1 a 14,0 Médio
3,1 a 8,0 Médio
14,0 a 24,0 Alto
8,1 a 20,0 Alto
 24,0 Extremo
 20,0 Extremo
De posse dos dados é possível o
7.2.1.3 Fórmula de Monte Alegre desenvolvimento de programas
alterada (FMA+) preventivos alertando a população sobre
o risco dos incêndios florestais.
n Atualmente são mantidas placas em
FMA =  (100/Hi)ve
+ 0,04
pontos estratégicos das rodovias com
i=1 informações sobre o risco, como abaixo
ilustrado.
H= Umidade relativa do ar em
porcentagem, medida às 13:00h;
n= número de dias sem chuva maior ou
igual a 13 mm;
v= velocidade do vento em m/s, medida
às 13:00h;
e= base dos logaritmos naturais
(2,718282).

a. Restrições da FMA+

Chuva do dia Modificação do Cálculo


(mm)
≤ 2,4 Nenhuma
Abater 30% na FMA
2,5 a 4,9 calculada na véspera e
somar (100/H) do dia. FIGURA 98 – Placa indicativa do risco de
Abater 60% na FMA perigo.
5,0 a 9,9 calculada na véspera e FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
somar (100/H) do dia.

128
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

7.3. ÍNDICES DE DESCONFORTO HUMANO Temperatura Umidade Relativa (%)


o
F o
C 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
A sensação de temperatura que o 70 21,1 64 64 65 66 66 67 68 68 69 70
corpo humano sente é freqüentemente 75 23,9 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75
afetada por vários fatores. O corpo 80 26,7 69 70 71 72 73 75 76 77 78 80
humano é uma máquina térmica que
85 29,4 71 73 74 76 77 79 80 82 83 85
constantemente libera energia e
90 32,2 74 75 77 79 81 82 84 86 88 90
qualquer fator que interfira na taxa de
95 35,0 76 78 80 82 84 86 88 90 92 95
perda de calor do corpo afeta sua
100 37,8 79 81 83 86 88 90 93 95 97 100
sensação de temperatura. Além da
105 40,6 82 84 87 89 92 95 97 100 102 105
temperatura do ar, outros fatores
significativos que controlam o conforto
Legenda
térmico do corpo humano são: umidade
Sensação de frio
relativa, vento e radiação solar.
Nenhum desconforto
O índice de temperatura-umidade
Pequeno desconforto
(ITU) é um avaliador do conforto
humano para o verão, baseado em Desconforto considerável

condições de temperatura e umidade. Grande desconforto


Máximo desconforto

ITU = T - 0.55 (1 - UR )( T - 14 ) FIGURA 99 – Índice de temperatura-umidade


FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

No inverno, o desconforto
onde T é a temperatura dada em graus
humano com o frio é aumentado pelo
Celsius e UR é a umidade relativa dada
vento, que afeta a sensação de
em fração decimal.
temperatura. O vento não apenas
Como a evaporação é um
aumenta o resfriamento por evaporação,
processo de resfriamento, a evaporação
devido ao aumento da taxa de
do suor é uma maneira natural de
evaporação, mas também aumenta a
regular a temperatura do corpo. Quando
taxa de perda de calor sensível (efeito
o ar está muito úmido, contudo, a perda
combinado de condução e convecção)
de calor por evaporação é reduzida. Por
devido à constante troca do ar aquecido
isso, um dia quente e úmido parecerá
junto ao corpo por ar frio.
mais quente e desconfortável que um
Por exemplo, quando a
dia quente e seco.
temperatura é -8ºC e a velocidade do
Valores de ITU acima de 25
vento é 30Km/h, a sensação de
indicam que a maior parte das pessoas
temperatura seria aproximadamente -
se sentirá desconfortável, enquanto
25ºC. A temperatura equivalente
valores entre 15 e 20 são aceitos pela
"windchill" ou índice "windchill" ilustra
maioria como confortáveis. Na tabela
os efeitos do vento.
abaixo são mostrados os ITU calculados
Examinando a tabela a seguir (Fig.
com temperaturas em graus Fahrenheit
100), nota-se que o efeito de
e Celsius.
resfriamento do vento aumenta quando
a velocidade do vento aumenta e a
temperatura diminui. Portanto, o índice

129
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

"windchill" é mais importante no


inverno.
No exemplo acima não se deve
imaginar que a temperatura da pele
realmente desça a -25ºC. Por meio da
transferência de calor sensível a
temperatura da pele não poderia descer
abaixo de -8ºC, que é a temperatura do
ar nesse exemplo. O que se pode
concluir é que as partes expostas do
corpo perdem calor a uma taxa
equivalente a condições induzidas por
ventos calmos com -25ºC. Deve-se
lembrar que, além do vento, outros
fatores podem influir no conforto
humano no inverno, como umidade e
aquecimento ou resfriamento radiativo.

Velocidade do Vento ( km/h )

6 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
20 20 18 16 14 13 13 12 12 12 12 12

16 16 14 11 9 7 7 6 6 5 5 5
TEMPERATURA REAL (ºc)

12 12 9 5 3 1 0 0 -1 -1 -1 -1
8 8 5 0 -3 -5 -6 -7 -7 -8 -8 -8

4 4 0 -5 -8 -11 -12 -13 -14 -14 -14 -14

0 0 -4 -10 -14 -17 -18 -19 -20 -21 -21 -21

-4 -4 -8 -15 -20 -23 -25 -26 -27 -27 -27 -27


-8 -8 -13 -21 -25 -29 -31 -32 -33 -34 -34 -34

-12 -12 -17 -26 -31 -35 -37 -39 -40 -40 -40 -40

-16 -16 -22 -31 -37 -41 -43 -45 -46 -47 -47 -47

-20 -20 -26 -36 -43 -47 -49 -51 -52 -53 -53 -53

FIGURA 100 – Temperatura equivalente


"windchill"
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

130
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

PERÍCIA APLICADA A
8 INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

131
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

8. PERÍCIA APLICADA À INCÊNDIOS poderá continuar a fim de encontrar


FLORESTAIS vestígios da causa do fogo.

O serviço de perícia se trata de


8.2 PRINCÍPIOS DE PROPAGAÇÃO DO
uma atividade fundamental para a
FOGO.
elucidação das causas de um incêndio
florestal. A perícia é uma ação que
O fogo sempre queima para fora
ocorre paralelamente ao combate às
do seu ponto de origem e se todas as
chamas, cabendo ao perito designado
condições forem iguais, ele queimará em
seguir um protocolo que o leve a
círculo ou num padrão oval. Próximo à
identificar a causa do incêndio.
área do início do incêndio o fogo
geralmente é pequeno, queima devagar
8.1 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DO
e deixa grande quantidade de material
INCÊNDIO.
não queimado no solo.
Depois que o fogo atinge um
A descoberta imediata do
determinado tamanho, ele não se
incêndio e a demarcação correta do
manterá inaIterado e com igual
mesmo darão uma vantagem na
intensidade. Devido a velocidade do
determinação de sua causa.
vento, declividade do terreno,
Em incêndios de grandes
quantidade de combustível e barreiras, o
proporções teremos muitos quilômetros
fogo queimará devagar ou aumentará e
quadrados para determinar o ponto
queimará com maior ou menor
exato da origem do incêndio.
intensidade. Essas mudanças geralmente
Conhecimento sobre o
são visíveis no solo e ajudarão na
comportamento do fogo é uma
descoberta da origem do incêndio.
necessidade para a determinação do
ponto de origem. Os incêndios começam
8.2.1 Vento
pequenos. Eles existem em condições
latentes, movem-se lentamente,
O vento provavelmente possui o
alastram-se, terminam e deixam marcas.
maior efeito sobre todos os elementos
O comportamento deles é
de propagação do fogo e de sua
controlado pelas condições climáticas,
intensidade. O fogo que queima a favor
combustíveis e topografia. A medida que
do vento tem maior velocidade do que
o fogo espalha-se por uma determinada
um fogo contra o vento. Poderemos
área, os carvões deixados terão padrões
observar a diferença nos tipos de carvão
característicos que indicarão a direção
e na quantidade de combustível
que o fogo estava indo. Os diversos
consumida. Após o fogo atingir
padrões de carvões, quando colocados
determinado tamanho ele começará a
juntos, levarão à origem do incêndio.
criar o seu próprio vento e queimará
Utilizando os princípios de
mais rápido do que no início. O fogo
propagação do fogo e os indicadores da
normalmente jogará faísca criando
direção do fogo contidos neste capítulo,
novos focos na direção que o vento está
poderemos reduzir vários hectares a um
soprando. Se um novo foco for
ponto de origem exato. Somente após
detectado em direção contrária,
determinar aquele ponto a pesquisa
devemos checá-Io.

132
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

8.2.2 Declividade 8.3.1 Indicadores nos talos de


gramíneas
Declividade é o próximo mais
importante fator que influencia a taxa de A medida que o fogo se aproxima
propagação do fogo. O fogo queimará de um talo de gramínea ele aquece e
mais rapidamente morro acima do que começa a carbonizar de um lado
morro abaixo, devido ao pre- primeiro. Esse lado é reduzido em
aquecimento dos combustíveis tamanho e força. O efeito é quase o
existentes em lugares altos. Um mesmo que um corte baixo em uma
incêndio morro abaixo mover-se-á mais árvore. Consequentemente o talo da
lentamente. gramínea tombará para o lado mais
fraco. A medida que o fogo avança em
8.2.3 Combustíveis um determinado padrão de vegetação,
os talos caídos indicarão a direção de
Os combustíveis são também uma onde o fogo veio. Entretanto, como
peça importante. O fogo queimará mais acontece com todos os indicadores,
depressa e completamente, quando os poderemos obter a direção correta a
combustíveis forem secos. Com alta partir de diferentes fontes, pois
umidade ou orvalho os combustíveis determinados fatores tais como vento ou
queimarão mais devagar e deixarão mais o tempo podem afetar a direção para
material não queimado. onde os talos dobram.

8.2.4 Barreiras

Barreiras tais como toras ou


rochas podem diminuir a intensidade do
fogo ou até mesmo extinguí-Io. Quase
todas as barreiras irão, pelo menos,
diminuir a intensidade do fogo à medida
que ele as ultrapasse. As barreiras
geralmente causam turbilhões de
ventos, que podem mudar a direção do
fogo pelo menos em distâncias
pequenas. FIGURA 101 – Gramínea indicando a origem
Não devemos confundir efeito de de um incêndio florestal
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
uma mudança temporária de uma Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
barreira da direção do vento com a real
direção de onde o vento veio. 8.3.2 Indicadores de combustíveis
protetores
8.3 INDICADORES DA DIREÇÃO DO
FOGO Um incêndio de queima vagarosa
em baixa temperatura queimará
A maioria dos indicadores abaixo somente a vegetação no lado em que ela
estarão aparentes tanto nos estiver virada para o fogo. Geralmente
combustíveis pesados, quanto nos leves. os combustíveis que são protegidos não
mostram qualquer sinal de terem

133
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

queimado. Devido a esse fato, uma sensação mais aveludada e a mais


enorme área que queime vagarosamente áspera.
apresentará uma coloração mais clara
devido às cinzas, uma combustão mais
completa quando avistada longe e uma
coloração mais escura quando
observada próxima a sua origem.

FIGURA 103 – Queima em forma de cava.


FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

8.3.4 Padrão de carbonização

Um incêndio queimando morro


FIGURA 102 – Gramínea indicando a origem acima ou com o vento a favor, cria um
de um incêndio florestal pela coloração
tipo de carbonização padrão. O carvão
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA. inclinará num ângulo maior do que o
declive do solo. Isso é um padrão
8.3.3 Indicadores de queima em forma normal nas árvores e permanecerá por
de cava muitos anos após o incêndio. Isso é
causado por um vácuo no lado de trás
Cavas normalmente ocorrem na da árvore que atrairá as chamas em uma
direção do vento, tanto no tronco de contra-corrente naquele lado. As chamas
árvore quanto nos gramíneos. Este é o são, portanto, puxadas para cima da
lado exposto ao vento mais forte e árvore por um movimento de calor.
portanto, espera-se que queime
profundamente, enquanto o outro lado
permanece mais frio e protegido pelos
restos do lado queimado. Esse efeito
ocorre até mesmo em gramíneas e pode
ser examinado de perto friccionando-se
as costas do punho. Esse movimento,
quando feito na direção em que o fogo
veio, dará uma sensação de algo
aveludado, ao passo que quando feito
no sentido contrário a sensação será de FIGURA 104 – Padrão de carbonização com
algo áspero. Você deverá fazer esse fogo morro acima
movimento em todas as direções até FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
encontrar a direção que proporcione a

134
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Um fogo retrocedendo morro 8.3.4.1 Forma de “jacaré”


abaixo ou contra o vento criará um tipo
padrão de carbonização paralelo ao É uma forma de carbonização e
solo. normalmente é encontrada em objetos
tais como cercas de estacas, quadros,
estruturas, placas de sinalização, etc.
Pode ser grande ou pequena,
assim como lustrosa ou opaca. A
expressão "escalas largas e lustrosas"
significa que a queima resultou de um
fogo quente e rápido, enquanto que a
expressão "escalas pequenas e opacas"
significa que a queima resultou de um
fogo lento e não muito quente. A
profundidade da carbonização é um
bom indicador da trajetória do fogo.

FIGURA 105 – Padrão de carbonização com


fogo morro abaixo ou contra o vento
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

Devemos considerar ainda:

 Quanto mais fraco for o vento


maior será o padrão de queima
vertical;
 Em ventos fortes esse padrão fica
quase que paralelo ao solo . FIGURA 106 – Carbonização em forma de
 Inicialmente um incêndio que se “jacaré”
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
movimenta vagarosamente Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
desenvolvendo calor e velocidade.
 No local da origem do incêndio a 8.3.4.2 “Congelamento” dos galhos das
temperatura é relativamente baixa árvores
à medida que a superficie dos
combustíveis queima, ficando as
copas das árvores mais ou menos Quando as folhas e pequenos
intactas. galhos recebem muito calor, tendem a
ficar macios e facilmente se curvam na
 Distante da origem do incêndio a
temperatura aumenta e mais copas direção da corrente do vento. Quando o
são queimadas; incêndio é debelado e eles se resfriam,
geralmente ficam apontados na mesma
 Todas as copas podem ser
queimadas a medida que o direção. Novamente, é necessário testar
incêndio se intensifica. diversos indicadores para certificar-se da
direção do fogo.

135
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

pelo fogo apresentarão manchas de


queima.

8.3.4.4 Fuligem

A fuligem será depositada no lado


das cercas na direção de origem do
incêndio e pode ser notada pela fricção
das mãos na superfície das cercas
Quando realizarmos uma análise em
uma cerca de arame o local a ser
considerado deve ser a parte mais baixa
FIGURA 107 – Congelamento dos galhos da cerca, pois eles mostrarão mais
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
evidência de fuligem do que na parte
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
mais alta.
8.3.4.3 Manchas

Rochas, latas de alumínio e outros


objetos não inflamáveis que estejam
expostos ao fogo ficarão manchados
pelos combustíveis vaporizáveis e
minúsculas partículas carregadas pelo
fogo.

FIGURA 109 – Fuligem em cerca de arame


FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

Devemos lembrar que a medida que


nos aproximarmos do ponto de
origem do incêndio, o tamanho do
indicador diminuí.
FIGURA 108 – Manchas em rocha
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
8.4 DETERMINAÇÃO DA CAUSA DO
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
INCÊNDIO
A parte manchada do objeto
normalmente indica o caminho Uma vez tendo trabalhado sobre
percorrido pelo fogo. Os objetos tais os indicadores de direção para chegar à
como latas de cerveja, pedaços de origem do incêndio, a causa da ignição
fragmentos de metal, torrões de terra pode estar aparente. Se o incêndio foi
suja e vegetação que não foi atingida acidental, a causa da ignição pode estar
ainda no local. Mas, se o incêndio foi

136
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

intencional, a fonte de ignição poderá propriedade que não pertença a ele e


ter sido removida ou destruída pelo sem o consentimento do proprietário
fogo. ou procurador. (Exclua os incêndios
causados por negligência quando da
Em qualquer dessas hipóteses,
queima para limpeza).
deve-se vasculhar a área do foco inicial,
visando encontrar a fonte de ignição que f. Uso de Equipamentos: Incêndios
identifique a causa do incêndio. Essa causados por equipamentos
procura deverá ser contínua até termos mecânicos além daquelas operações
certeza que a fonte de ignição foi de ferrovias.
removida ou destruída.
g. Estrada de Ferro: Incêndios
causados por todas as operações das
8.4.1 Categoria das causas de incêndio estradas de ferro, incluindo
queimadas em estradas/atalhos de
O resultado final da causa terra e pontas de cigarro jogadas
determinante do incêndio será a pelos empregados.
localização da causa do incêndio em
uma das nove categorias gerais h. Crianças: Incêndios causados por
crianças menores de 12 anos de
acordadas abaixo em conformidade com
idade.
as agências e organizações de
prevenção aos incêndios. São elas: i. Diversos: Incêndios que não podem
ser corretamente classificados em
neunhuma das causas anteriores.
a. Relâmpago: Auto-explicativa.

b. Fogueira de acampamento: Um 8.4.2 Eliminação das causas


incêndio florestal resultante de um
foco iniciado por cozimento, Como mencionado anteriormente,
aquecimento ou produzido por luz ou uma vez definida a área de origem do
calor moderado. (Excluir as operações incêndio a causa dele pode estar
nas ferrovias).
aparente. Mesmo que a fonte de ignição
c. Fumantes: Incêndios causados não esteja aparente, devemos estar
pelos fumantes por meio de fósforos, aptos a eliminar o que não o causou. Por
isqueiros, tabaco ou outro material de exemplo, se não tiver ocorrido nenhum
fumo. (Excluir as crianças que brincam relâmpago, então poderemos eliminar
de fazer fogo e as operações em essa hipótese.
ferrovias). Pelo mesmo motivo, se não
houver nenhuma estação de estrada de
d. Queima para limpeza: A
propagação de um incêndio ferro a alguns quilômetros do local do
proveniente da limpeza do solo, incêndio, poderemos eliminar as
galhos cortados, entulhos, pastagens, operações em ferrovias como causa e se
toras, campinas, estradas de terra, o fogo estiver no meio de uma área
serviços de corte de madeira ou totalmente inalterada e inacessível, você
outras queimas prescritas. (Exclua as
poderá também descartar o uso de
operações em ferrovias).
equipamentos.
e. Incendiário: Um incêndio causado Com o emprego desse processo
propositalmente por alguém para de eliminação, poderemos nos
queimar ou exterminar a vegetação ou concentrar melhor na busca da fonte de

137
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

ignição, utilizando os indicadores examinada cuidadosamente. Toda a área


listados anteriormente. de origem do incêndio deve ser coberta
dessa maneira.
8.5 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO

Existem tantas maneiras de


pesquisar a área de origem do incêndio
quanto de dividir a área em
seguimentos. Se a área total for pequena
poderá ser pesquisada de uma só vez.
Entretanto, é melhor dividí-Ia em vários
seguimentos e compartimentos,
conforme as figuras 110 e 111.

FIGURA 111 – Pesquisa detalhada de área


FONTE: USDA Forest Service

Um imã forte (pelo menos 50


libras de atração/força) deve ser movido
sob a área a fim de coletar partículas
finas magnéticas, tais como fragmentos
de metais de sapatos ou partículas de
escapamentos de veículos que possam
ter causado o incêndio.

FIGURA 110 – Divisão de área para perícia 8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO
FONTE: USDA Forest Service.

A seguir veremos as descrições de


Devemos lembrar que
indicadores que identificarão a causa do
geralmente não existe uma segunda
incêndio. Uma vez determinado o foco
chance. Portanto, é aconselhável
do incêndio poderemos classificar as
pesquisar cada área duas ou três vezes
causas de acordo com o abordado no
e, se possível, ter uma segunda pessoa
ítem 8.4.
pesquisando-a pelo menos uma vez
antes que se passe para uma outra área.
8.6.1 Relâmpagos
Quando pesquisando cada
seguimento da área de origem do
Incêndios causados por
incêndio, devemos nos concentrar na
relâmpagos geralmente são fáceis de ser
menor porção possível de área de cada
determinados devido às evidência fisicas
vez. Isto pode ser feito movendo o
lançadas na área de origem. Isto inclui
ponto de visão a partir de uma régua
marcas de raios em árvores, postes,
colocada ao longo da parte mais estreita
fendas/rachaduras nas toras, árvores,
de cada seguimento e movendo-a
raízes e solo perturbado, etc.
levemente somente após cada área ser

138
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Outro indicador é o conhecimento 8.6.3 Incêndios causados peIa ação


de que a área de origem do incêndio humana e onde as prováveis fontes de
localiza-se em área de recente ignição do incêndio são óbvias.
tempestade com raios. Distância e
improbabilidade da atividade humana Abaixo estão listadas algumas
também são considerados indicadores. fontes de ignição que podem ser
rapidamente identificadas:
8.6.2 Dispositivos incendiários.
 Edifícios queimando;
Incêndios premeditados  Depósitos de lixo queimando;
normalmente envolvem o uso de  Veículos queimando;
dispositivos tais como fósforos,  Fogueiras de acampamento;
cigarros, velas, cordas, arame, fita/tiras  Acidentes de avião;
de borracha, podendo aparecer em  Queima de lixo;
diversas formas e combinações. Um  Práticas de manejo do solo:
cigarro, em combinação com fósforos,  Queima em campo;
geralmente é um dispositivo incendiário.  Queima para limpeza de
Quando um cigarro for encontrado na terreno;
área de origem do incêndio, observe se  Queimada prescrita;
há no local resquícios de fita, barbante  Queimada na borda das
ou ligas de borracha. Todas essas estradas.
combinações indicam muito mais um  Sinais de fogo (pessoa perdida);
fogo incendiário do que um incêndio  Queima para espantar abelhas
natural. com fumaça ou brincando de
Quando um isqueiro for utilizado, fazer sinais de fumaça.
ele normalmente será recolocado no
bolso do seu usuário, daí não restará 8.6.4 Incêndios causados peJa ação
nenhuma evidência. Essa falta de humana e cujas prováveis fontes de
evidência também é um indicador. ignição não são óbvias
Quando os fósforos são
utilizados, um ou mais palitos podem A seguir encontram-se algumas
ser encontrados na área de origem do fontes de ignição que não são
incêndio. Por outro lado, a pessoa que rapidamente identificadas.
provocou o incêndio pode desfazer-se
dos fósforos em outro local após mantê-  Dinamite
Ios em seu poder temporariamente. Essa expressão está associada a
Se nenhum dispositivo for construção, limpeza de área, construção
encontrado, o investigador pode de estradas ou remoção de tocos.
localizar o ponto de ignição e Geralmente existe uma atividade
determinar a altura acima do nível do humana associada e uma forte evidência
solo onde o dispositivo foi utilizado. A do uso de dinamite no terreno.
altura do material restante e uma área A ignição do fogo pode ocorrer
de combustão mais completa indicará o logo após a explosão de material
ponto de aplicação do dispositivo. detonado na área vizinha.

139
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

 Uso de equipamentos. (4) Descarga/Escapamento: Descargas


ou partículas de carbono desprendidas
(1) Fragmentos de metal: num sistema de exaustão devem ser
Fragmentos, tais como pedaços ou fortes o suficiente para manter a
lascas de metal, podem causar incêndio temperatura necessária para incendiar
e geralmente estão associados às os combustíveis. Motores de grande
construções de ferrovias. Isto porte e de baixa compressão, tais como
normalmente ocorre com trens, quando caminhões, locomotivas ou tratores são
transitando em declives ou quando mais susceptíveis à emissão de
freiam ao aproximarem-se de curvas, partículas maiores de carbono do que os
pátios de manobras, desvios, pequenas motores de pequeno porte e de alta
comunidades ou entroncamentos. compressão como os dos automóveis.
Geralmente o fragmento é
suficientemente grande para ser visto a (5) Atrito: Nas operações de transporte
olho nu e pode rolar ladeira abaixo até a de lenha o atrito entre cabos de aço e
próxima elevação do terreno. lenhas, árvores ou tocos de madeiras
são possíveis fontes de ignição. O atrito
(2) Colapsos: Falha mecânica ou queda entre duas superficies de metal ou entre
de energia podem resultar em pedaços duas superficies de metal e uma pedra
quebrados de metal quente, dispersos pode produzir faíscas. Os indicadores
como por um ventilador. Numa estrada são desgastes no ponto de contato e/ou
pavimentada o ponto de impacto pode partículas metálicas na área de origem.
ser demarcado por ranhuras ou pedaços Aqui, mais uma vez, o imã poderá
arrancados. A disposição dos detectar pequenas partículas.
fragmentos de metal indicarão a direção
da trajetória do veículo e a velocidade (6) Canos com várias ligações e
aproximada dele. Falhas de freios amortecedores: Durante uma operação
ocorrem mais frequentemente em de veículo, as temperaturas dentro de
longos declives. Deslizamentos de um motor de combustão interna são tão
embreagem e fragmentação ocorrem altas que podem chegar a 1.000 graus.
durante as subidas. Depois de um período de operação todo
o sistema de exaustão está muito
(3) Corte, Solda e Amolamento: Numa aquecido. Combustíveis tais como
proporção menor, os trabalhos de solda gramíneas e arbustos, podem entrar em
e corte, amolamento em esmeril e contato com um cano de descarga.
alisamento de rodas são fontes de Pedaços de vegetação leve podem ficar
ignição. Quando partículas quentes presas no sistema de exaustão. Com o
caem sobre madeira seca e podre ou funcionamento do veículo os materiais
sobre feno fino e prensado, geralmente de combustão podem cair e acender a
ocorre um incêndio de combustão lenta. superficie dos combustíveis. Essa fonte
O vento e o aquecimento provocados de ignição do fogo pode ser identificada,
pelo calor do sol aumentarão as determinando-se a que hora um veículo
possibilidades de ignição a partir dessas estacionou ou passou pela área. Marcas
fontes. de pneus com resquícios de capim
queimado entre as marcas, indica que
um veículo estacionou ali.

140
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

(7) Pneus e Óleo lubrificante. Um veículo elementos tais como condições


com vazamento de óleo, borracha climáticas, combustíveis secos,
derretida ou graxa deixará uma trilha exposição do vidro ou metal ao sol,
visível. Gotas congeladas de combustível precisam estar presentes para iniciar um
não inflamável serão encontradas fora incêndio.
da área do incêndio ao longo da rota do
trajeto percorrido pelo veículo. O início  Linhas elétricas
da ignição pode ocorrer tanto ao nível
como acima do solo, dependendo da Linhas de transmissão e
altura e da densidade do combustível. distribuição de alta tensão ou os
suportes que as acompanham, podem
 Cercas elétricas dar início a incêndios por si próprias.
Quando objetos enraizados caem ou são
Incêndios podem ser causados arrancados num único movimento pode
por cercas elétricas. O fogo pode ocorrer ocorrer ignição. Pode ocorrer incêndio
em qualquer parte da cerca que esteja em um poste de luz quando o isolador
em contato com a vegetação. Um dele estiver com defeito ou quando uma
indicador é um toco queimado em linha estiver sobrecarregada ou a
determinada altura da cerca. manutenção de rotina não estiver sendo
cumprida. Os fios podem se encontrar
 Fogos de artifício ou penderem até a vegetação encoberta
ou adjacente, resultando em explosão
Os chamados "seguros" fogos de ou curto circuito.
artifício apresentam um perigo Incêndios superficiais podem ser
relativamente pequeno para o seu causados por fios elétricos caídos ou
usuário mas continuam a apresentar um quebrados/partidos. Objetos externos,
alto potencial de fonte de ignição. tais como animais ou pássaros
eletrocutados e árvores ou galhos
 Tochas e labaredas podem incendiar-se antes de cairem.
Outras possibilidades incluem cruzetas
Essas fontes químicas de ignição queimadas, topos de varas, partes de
possuem uma junta de metal ou papel transformadores e fusíveis queimados.
que funciona como uma alça ou suporte. Pode ocorrer incêndio se um fio elétrico
A menos que o usuário o jogue no lixo caído for reenergizado durante um teste
após o seu uso, esse resto de dispositivo de linha.
permanecerá após o consumo do
foguete. Um pó cinza característico é  Fumaça, cigarros e fósforos
deixado nos locais onde são utilizados
dispositivos químicos para iniciar a Os combustíveis devem estar
ignição. extremamente secos antes de um
cigarro poder iniciar um incêndio. A
 Lentes de vidro e Metal refletivo umidade relativa geralmente não deve
exceder a 25 % e pelo menos 30 % da
A probabilidade de ignição queima do cigarro deve ficar em contato
advinda desses materiais é com um combustível extremamente
extremamente remota. Todos os fino.

141
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

A parte inferior do cigarro que  Projéteis Luminosos e munição


está diretamente em contato com o solo incendiária
não é completamente consumida como
o toco de cigarro que queima Projéteis luminosos e munição
progressivamente. incendiária podem causar um incêndio a
Esse papel de cigarro não centenas de quilômetros de distância do
consumido/queimado e a presença de lugar que a arma de fogo foi detonada,
mancha de nicotina caso a munição caia sobre material de
indicam/caracterizam um cigarro fácil combustão.
descartado. Pontas de cigarros antigas
são prontamente identificadas pelo seu 8.7 MATERIAIS PARA PERÍCIA
desgaste e a ausência de queima
progressiva. Existem algumas ferramentas
básicas e simples que auxiliarão na
 Combustão espontânea investigação da causa de um incêndio.
Esta lista não é de todo completa;
As combustões espontâneas entretanto, para realizar um trabalho
implicam na ignição de algum objeto eficiente, deve ser considerada como
sem nenhuma fonte externa de calor. No uma condição mínima.
caso de compostos tais como óleo,
graxa ou tinta, o processo ocorre por
meio de reação química.
A ação bacteriana inicia o
processo quando substâncias vegetais,
tais como decomposição de feno,
sementes/cereais ou serragem são
envolvidas. Isto é causado pelo calor
gerado num espaço isolado, sem
oxigênio, adequado para uma completa
oxidação.
Um tempo considerável deve ser FIGURA 112 – Materiais para perícia
gasto antes que o processo químico ou FONTE: USDA Forest Service
bacteriano desenvolva calor suficiente
para a combustão. 8.7.1 Objetos demarcadores
Os elementos umidade, calor e
falta de ar são criticos neste processo de Os objetos demarcadores de
combustão. Feno molhado ou montes de qualquer perturbação servirão para
serragem úmida são a mais frequente demarcar e resguardar a área de origem
fonte de combustão expontânea nos do incêndio.
casos de incêndios florestais. Tais objetos também ajudarão a
Material preto carbonizado como dividir a área de investigação em
o carvão é produzido e ajuda na seguimentos para uma averiguação mais
identificação dessa fonte de ignição. detalhada.

142
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

8.7.2 Régua 8.7.7 Bússola.

Uma régua auxiliará em pontos de Uma bússola deverá ser utilizada


pouca visibilidade quando no exame da para orientar esboços para todos os 4
área de origem do incêndio. Servirá de pontos cardeais.
fundo para fotos das evidências. Ela
deverá ser opaca por razões 8.7.8 GPS
fotográficas.
No GPS deverá ser plotado o
8.7.3. Ímã ponto de origem do incêndio, bem como
a definição das prováveis rotas de
Um imã (envolto num saco caminhamento do incêndio. O
plástico para ajudar a limpeza) auxiliará equipamento poderá ser empregado
a localizar partículas magnéticas tais também como ferramenta de cálculo de
como fragmentos de metal existentes área se vários pontos forem plotados.
em sapatos, que são muito pequenos
para serem vistos a olho nu. A tração do 8.8 AÇÕES NECESSÁRIAS
ímã deverá ser de, pelo menos, 50
libras. A investigação quanto à causa do
incêndio deve começar antes de
8.7.4 Câmera qualquer ação de combate. AS
ANOTAÇÕES DE CAMPO DEVEM INICIAR
Preferencialmente digital, o A PARTIR DO MOMENTO EM QUE
operador deverá atentar para tirar fotos RECEBER O CHAMADO.
com qualidade entre 1,2Mp a 3 Mp.
Ela ajudará a confirmar 8.8.1 A caminho do incêndio
visualmente qualquer evidência
encontrada na área de origem do As anotações da hora do
incêndio, podendo a imagem ser recebimento do chamado até a sua
ampliada em computadores, visando chegada ao local do incêndio devem
esclarecer possíveis dúvidas. incluir o seguinte:

8.7.5 Materiais escritos a. Auto-identificação

Um fichário, contendo papel Coloque seu nome, unidade e


gráfico pautado, lápis e borracha é cargo nas anotações.
necessário tanto para tomar notas como
para fazer esboços da área de origem do b. Data e hora
incêndio.
Registre a data e a hora em que
8.7.6. Trena de aço você recebeu o chamado.

Uma fita métrica de metal dará as c. Pessoa que fez o chamado


distâncias exatas na localização das
evidências conforme relatadas nos Registre todos os dados da
marcos permanentes. pessoa que fez o chamado. Ela poderá

143
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

ser a única testemunha que o seu chuvas, etc.


representante da legislação em vigor
tenha para entrevistar. Certifique-se de 8.8.2 Chegando ao local do incêndio
pegar o endereço e telefone dele(a) se
possível. Ao chegar ao local do incêndio
sua responsabilidade é impedir nova
c. Pessoas e/ou veículos propagação do incêndio. Ao mesmo
tempo você deve estar apto a fazer o
Registre todas as descrições, seguinte: FAÇA ANOTAÇÕES DAS SUAS
localizações e hora em que as pessoas e AÇÕES.
veículos foram vistas vindo da direção
do local do incêndio. a. Avalie a dimensão do incêndio

d. Portões e/ou trilhas Registre suas avaliações e o


tempo que você gastou para fazê-Ias.
Registre quaisquer portões que Escreva o tamanho, direção e velocidade
estejam quebrados, abertos ou da propagação, o tipo de combustível, o
fechados. Se estiver em estrada de terra, grau de inclinação, a direção e a
observe cuidadosamente os rastros de velocidade do vento e outras condições
pneus de carros ou pegadas humanas. climáticas.
Dirija ou caminhe de tal forma que não
destrua essas pistas. Informe aos b. Localize e proteja a área de origem do
bombeiros que estarão com você da incêndio
presença dessas marcas e da
necessidade de protegê-Ias. Partindo do princípio de que 90%
de todos os incêndio florestais são
e. Coluna de fumaça controláveis em menos de 4 hectares,
você provavelmente será capaz de
A caminho do local do incêndio localizar a área geral do foco do
atente para a coluna de fumaça e a sua incêndio tão logo chegue ao local. Caso
aparência. Faça uma estimativa da isso seja possível, use imediatamente os
direção e da velocidade do vento, assim objetos demarcadores que levou consigo
como da dimensão do incêndio. Registre para demarcar a área. Você deverá então
a hora da sua estimativa no seu caderno avaliar a dimensão do incêndio e outros
de anotações. fatos mencionados no parágrafo
anterior.
f. Itens esquecidos Se possível, coloque um guarda
na área de origem e mantenha sua ação
Coisas que estão faltando de combate nessa área de forma
também são tão importantes quanto as reduzida. Veículo, brigadas de incêndio
que você vê. Anote isso também. móveis, bombeiros florestais e outros
devem estar posicionados ao redor
g. Itens do tempo dessa área. Certifique-se de que os
bombeiros ou observadores não joguem
Registre as condições climáticas materiais tais como pontas de cigarros
tais como temperatura, tipo de nuvens, na área demarcada.

144
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Caso o incêndio seja tão grande ajudá-Io registrando as seguintes


que a área de origem não seja fácil de informações nas suas anotações de
encontrar, isole ou restrinja o acesso a campo:
uma grande área, na qual supõe que
provavelmente se encontre o foco do  Nome e descrição das pessoas
incêndio. O mais importante nesse presentes no local do incêndio;
momento é proteger toda a área para  Anote o número das placas e
evitar futuros distúrbios. descrição dos veículos no local do
incêndio;
c. Procure e proteja as evidências  Anote quaisquer observações
feitas por pessoas no local do
Após proteger a área de origem incêndio e que estejam, de
do incêndio, olhe ao seu redor e observe alguma forma, relacionadas com
coisas tais como pessoas, veículos, ele.
pegadas, dispositivos que possam iniciar
o fogo, sacos de papel, latas de cerveja As pessoas que você encontrar no
ou quaisquer objetos ou impressões que local do incêndio quando de sua
possam ter a mais leve possibilidade de chegada, ou aquelas que aparecem
vir a ser uma possível pista. durante o desenvolver do incêndio,
geralmente prestarão seus depoimentos
NÃO DESTRUA ESSES OBJETOS voluntariamente e por escrito, mas
relutarão a fazê-lo depois, ou seja,
quando o incêndio passar.
Utilize os objetos demarcadores Não hesite em aproveitar-se desta
que você levou para demarcar qualquer situação. Esse fato não deve ser
coisa que você encontre. Marcas de confundido com a entrevista de
pneus de carro na estrada podem ser testemunha, uma vez que você estará
protegidas posicionando um veículo somente solicitando a essas pessoas que
sobre as mesmas. Pegadas humanas ou registrem quaisquer observações ou
marcas de carros nas trilhas deverão ser outros fatos que elas estejam aptas a
protegidas pelo desvio da rota do fornecer por declarações feitas a mão.
trânsito para um dos lados da trilha. Os seguintes passos deverão ser
Caso não exista maneira de evitar observados quando obtendo declarações
a destruição de pistas valiosas, remova- voluntárias:
as cuidadosamente e guarde-as em lugar
seguro.  Peça para a pessoa escrever os
fatos detalhadarnente;
d. Identifique as testemunhas  Se possível proporcione à pessoa
algum tipo de privacidade para
Entrevistar as testemunhas no que não seja interrompida;
local do incêndio é uma parte muito  Solicite que a pessoa coloque o
importante na investigação do incêndio número de seu telefone para
mas, devido às leis estaduais e federal, contato, date e assine cada folha
as testemunhas devem ser entrevistadas da declaração.
somente por um representante da
legislação em vigor. Você pode

145
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Se essas declarações forem encontrar as evidências físicas das


alguma vez incluídas num processo  causas do incêndio.
judicial, nunca serão tão importantes
 Proteja as evidências, mas NÃO AS
quanto seus registros imediatos e
REMOVA, a menos que seja
precisos de todas as observações e necessário, a fim de evitar a sua
conhecimentos relatados pela destruição.
testemunha.
 Faça esboços da área de origem do
Não compartilhe com ninguém incêndio utilizando medidas exatas
suas opiniões ou o que você tenha da localização referente a todas as
observado no local do incêndio. evidências encontradas .
Quaisquer informações sobre pessoas  Tire fotografias de todos os
ou evidencias que possam ser os ângulos, incluindo as paisagens de
causadores do incêndio não devem ser longa, média e curta distância da
compartilhadas com ninguém, a não ser área de origem do incêndio e das
com a autoridade competente ou o evidências importantes.
Comandante do Incidente, que tem a  Remeta todas as anotações,
responsabilidade de combater o informações e evidências físicas
incêndio. Lembre-se: para a autoridade competente.

“ O SEU TRABALHO É OBTER...E NÃO


DAR INFORMAÇÕES ”.

LISTA DE CHECAGEM
 Obter um breve relato do
Comandante do Incidente;
 Leve os materiais essenciais para
investigação com você ao local do
incêndio.
 Faça anotações objetivas de todas
as suas ações e descobertas,
incluindo:
a) hora em que o incêndio foi
notificado.
b) nome e identificação da pessoa
que notificou o incêndio.
c) observações a caminho do local
do incêndio - pessoas e veículos.
d) condições do tempo -
ensolarado, nublado, etc.
e) nome e identificação de pessoas
e veículos que estejam nas
proximidades da origem do fogo.
 Localize e proteja a área de origem
do incêndio.
 Pesquise a área de origem do
incêndio com o propósito de

146
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO
9 E NAVEGAÇÃO

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

147
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

9. TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO E sul são chamadas de Latitude. A


NAVEGAÇÃO longitude é medida em 180 graus leste
ou oeste, começando a partir do
Nos incêndios florestais a Meridiano de Greenwich na Inglaterra. A
orientação é um processo imprescindível latitude é medida em 90 graus norte ou
para quem for combatê-los, tanto no sul e começa na linha do Equador.
aspecto de segurança na entrada e saída
da floresta, quanto na correta
elaboração dos trabalhos de construção
das linhas de aceiro.
Em missão, o combatente
florestal deverá estar apto a operar
mapas, bússolas e o aparelho GPS
(Global Positioning System) para sua
orientação.
Deve-se sempre priorizar as rotas FIGURA 113 – Latitude e Longitude.
de fuga em um incêndio na floresta. Para FONTE: cdb.br
tanto, em inúmeros casos as mesmas
são elaboradas com o auxílio de Determinada a intersecção das
instrumentos de orientação. linhas de latitude e longitude, qualquer
ponto na superfície terrestre pode ser
9.1 MAPAS (CARTAS TOPOGRÁFICAS) localizado. Curitiba, por exemplo
localiza-se a 49 graus e 15 segundos de
Um mapa é a representação longitude oeste e 25 graus e trinta
gráfica, em geral uma superfície plana segundos de latitude sul (49º 15’ W 25º
em uma determinada escala, com a 30’ S). Cada grau é dividido em 60
representação dos acidentes físicos e da minutos e cada minuto em 60 segundos.
superfície do terreno. No mapa, uma latitude sul de 50
Todo o trabalho de combate a graus, 47 minutos e 35 segundos
incêndios florestais deve ser feito com escreve-se: 50º47’35” S.
um prévio planejamento sobre um mapa
(carta da região). É importante se ter 9.1.2 Sistema UTM
conhecimento da data de publicação da
carta, pois estradas, trilhas e outros O sistema UTM (Universo
aceiros naturais podem ser alterados Transverso de Mercator) é hoje um dos
com o tempo. mais eficazes para utilização no
planejamento de combate a incêndios
9.1.1 Mapas topográficos florestais, pois nele desconsidera-se a
declinação magnética, que deve sempre
Os cartógrafos dividem a terra em ser observada quando trabalhamos com
360 unidades chamadas graus. O globo latitude e longitude.
terrestre é então dividido em linhas Baseado em coordenadas
verticais, os meridianos, e linhas métricas, é definido em 60 zonas UTM,
horizontais, os paralelos. A medida leste múltiplas de 6 graus de longitude, na
e a medida oeste são chamadas de Projeção Universal Transversal de
Longitude e a medida norte e a medida Mercator e cujos eixos cartesianos de

148
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

origem são o Equador, para coordenadas Tendo-se a escala é fácil calcular


N (norte) e o meridiano central de cada as distâncias. Basta apanhar a medida
zona, para coordenadas E (leste), em centímetros na carta e multiplicar
devendo ainda ser indicada a zona UTM pelo denominador da escala. Para saber
da projeção. o inverso, quanto representa uma
medida no terreno numa carta de escala
conhecida, divide-se a medida (estimada
andada) pelo denominador da escala.
Normalmente as cartas
topográficas utilizadas nas atividades de
combate a incêndios florestais são
utilizadas na escala 1: 50.000, onde 1
centímetro na carta vale 500 metros no
FIGURA 114 – Sistema UTM. terreno.
FONTE: gis.nwcg.gov

9.1.4 Como ler uma carta topográfica


Tal sistema é empregado em
cartas militares e baseia-se na divisão de Inicialmente devemos estar
áreas em quadrículas, que variam de atentos a todas as informações
acordo com a escala que se está oferecidas pela carta topográfica, tais
trabalhando. Normalmente em um como edição, sinais convencionais (vias
incêndio florestal adotaremos o uso de de circulação, limites, elementos
cartas na escala 1:50.000, que nos planimétricos, elementos altimétricos,
fornece quadrículas divididas de 15’ em elementos de vegetação e hidrografia).
15’ (4cm em 4cm). Tais informações são facilmente colhida
na base inferior de uma carta
9.1.3 Escala topográfica.
A articulação da folha, localização
A escala de uma carta topográfica da folha da unidade de federação e
é a proporção entre uma medida gráfica divisão administrativa, fornece
na carta e uma medida real. A escala informações para que o usuário localize
normalmente vem indicada na carta, na a carta em um contexto mais amplo.
parte de baixo, por uma fração numérica A carta topográfica fornece ainda
ou gráfica. Por exemplo: 1:10.000, onde informações sobre curvas de níveis,
um centímetro na carta equivale a datum horizontal e vertical, bem como
10.000 centímetros, ou seja 100 metros, coordenadas.
ou ainda 10 centímetros são iguais a 1 A declinação magnética da carta é
quilômetro. fornecida de acordo com o ano de
A regra básica pode ser edição da mesma, sendo necessário a
representada da seguinte forma: uma realização de cálculos para atualização
medida n na carta representa uma (o dado de crescimento da declinação é
grandeza n x 1.000 maior no terreno; ou fornecido).
o inverso, onde uma medida n no
terreno é equivalente a uma medida n x
1.000 x menor na carta.

149
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

9.1.5 Curvas de nível impressas com maior espessura são


denominadas curvas de nível mestras, e
As cartas topográficas normalmente indicam a altitude daquele
representam, além das coordenadas de ponto específico.
latitude e longitude, a altitude do Podemos verificar na figura 115
terreno por meio das curvas de nível. que quanto mais acentuado for o
Saber interpretar uma curva de declive, mais próximas estarão as curvas
nível é de fundamental importância para de nível na representação planificada.
o combatente florestal, pois ele
conseguirá distinguir o melhor caminho 9.2 BÚSSOLA
quando for traçar uma linha de aceiro
em carta. Poderá encontrar pontos onde A bússola é um instrumento de
possivelmente existam lugares de orientação e navegação que possuí uma
abastecimento de água, bem como agulha imantada que a mantém voltada
poderá definir o melhor local para a para uma direção permanente, o Norte
progressão das equipes de combate. Magnético.
Sua caixa contém uma agulha de
aço imantado, um limbo fixo ou móvel,
A curva de nível é uma linha
imaginária que une pontos de mesma graduado no sentido NE SO (nordeste
altitude um uma carta, representando sudoeste), com leituras de 360º ou
as condições do terreno naquele local. 6400”.
Toda bússola apresenta as
mesmas propriedades de
funcionamento, servindo a determinação
de ângulos horizontais (azimutais) e
eventualmente para medir ângulos
verticais, ou orientar cartas.
Nos incêndios florestais a bússola
é importante instrumento de orientação
e na confecção de aceiros.
Normalmente utiliza-se o aparelho
GPS e um helicóptero para marcar os
limites do aceiro, sendo que logo após a
plotagem dos pontos necessário no GPS,
abre-se o aceiro na mata com emprego
da bússola, que deve ser orientada de
acordo com a ângulo BRG do GPS.

9.2.1 Declinação magnética


FIGURA 115 – Representação das curvas de
nível
FONTE: ibge.gov.br A agulha da bússola é atraída
para o norte magnético, enquanto a
Para que seja possível a maioria dos mapas é orientada para um
representação de um determinado ponto diferente na Terra, o polo norte
trecho do terreno são necessárias várias geográfico (norte verdadeiro).
curvas de nível. As curvas de nível

150
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Esta diferença entre o norte A figura 113 demonstra a forma


verdadeiro e norte magnético, medida de como se orienta um mapa, conforme
em graus, é chamada declinação a declinação magnética do mesmo.
magnética.
Um simples ajuste na bússola é
necessário para corrigir a declinação
magnética.
Em áreas a oeste da linha de
declinação zero, a agulha magnética
aponta para algum lugar a leste (para a
direita) do norte verdadeiro, então
dizemos que esta área tem declinação
leste.
Trabalha-se o oposto para áreas a
leste da linha de declinação zero. Aqui a
agulha magnética aponta para algum
lugar a oeste (esquerda) do norte
verdadeiro, assim esta área tem
declinação oeste.
Considerando uma montanha na
Serra do Mar, onde a declinação atual é
17º08'. O rumo verdadeiro é o ângulo
medido entre a linha do norte
verdadeiro e o ângulo de direção de
viagem. FIGURA 116 – Orientando uma mapa
A agulha magnética entretanto, é FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

atraída para o norte magnético, não o


Desta forma, colocamos a bússola
norte verdadeiro. Então ao invés disso,
sobre o mapa, próximo ao diagrama de
meça o ângulo entre a linha do norte
declinação. Girar o mapa e a bússola
magnético e a linha de direção. este
juntos até que a agulha que aponta para
“rumo magnético” é 17º08' maior que o
o norte magnético esteja alinhada ou
rumo verdadeiro. Para conhecer o rumo
paralela com a direção do norte
verdadeiro devemos subtrair 17º08' do
magnético no diagrama. O mapa estará
rumo magnético.
orientado em relação a área.
Em áreas de declinação leste,
soma-se a declinação ao rumo
9.2.2 Componentes de uma bússola:
verdadeiro, e em áreas com declinação
oeste, que é nosso caso, subtrai-se a
 Agulha magnética com rotação livre.
declinação do rumo magnético para
Uma ponta tem cor diferente da
conhecer o rumo verdadeiro.
outra, assim você diferencia
Usualmente a declinação vem
facilmente qual ponta está indicando
expressa nas margens dos mapas.
o norte;
As vezes torna-se necessário
 Caixa ou compartimento circular
orientar um mapa para se entender a
estanque e giratório para a agulha.
relação entre o mesmo e o local onde
Este compartimento é preenchido
nos encontramos.

151
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

com um fluído que reduz as vibrações O mostrador redondo de uma


da agulha, tornando-a mais acurada; bússola é dividido como os cartógrafos
 Mostrador em volta da circunferência dividem a Terra, em 360 graus.
do compartimento da agulha. O A direção em graus de cada ponto
mostrador é graduado no sentido cardeal, partindo do topo em sentido
horário em graus que vão de 0 a horário é: norte, 0º (o mesmo que 360º);
360º; leste, 90º; sul 180º e oeste, 270º.
 Seta de orientação e uma conjunto de A bússola é utilizada em duas
linhas ou meridianos paralelos. estes tarefas básicas, considerando os
estão por baixo da agulha imantada; azimutes:
 Linha de índice onde se faz a leitura
do rumo;  Para “tirar” rumos, ou seja pode-se
 Base retangular e transparente para dizer que é usada para medir
completar a unidade. Esta base inclui azimutes. Tirar o rumo significa medir
a linha de direção de viagem (algumas a direção a partir de um ponto até o
vezes com uma seta na ponta) para outro, no mapa ou no terreno.
apontar na direção do objetivo.  Para plotar azimutes, ou seja, traçar
Quanto maior esta lâmina de base, rumos. Traçar um rumo significa
mais fácil de fazer a leitura. ajustar um rumo específico na
bússola e então plotá-lo ou segui-lo
Ponteiro
Indicador na direção que o rumo aponta,
Seta de
também no mapa ou no terreno
Orientação

9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa

A bússola é usada como um


transferidor para medir e traçar rumos
Linhas
no mapa. O norte magnético e a
Meridianas
declinação magnética não influenciam
nesses cálculos.
Além disso devemos ignorar a
agulha magnética da bússola. Nunca
Mostrador
devemos usar a agulha magnética para
Agulha
medir ou traçar azimutes sobre um
mapa.
FIGURA 117 – Bússola SUUNTO O único momento em que a
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
agulha magnética é usada é sempre que
quisermos orientar o mapa com o norte
9.2.3 Azimute
verdadeiro.
Não há necessidade de orientar o
O azimute ou rumo é a direção
mapa para traçar ou medir azimutes.
tomada de um lugar para outro, medido
em graus de um ângulo em relação a
a. Medindo um azimute no mapa
uma aceitável linha de referência. Esta
referência é a linha que aponta para o
Colocamos a bússola sobre o
norte verdadeiro.
mapa com a borda maior da base

152
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

correndo diretamente entre dois pontos Giramos o compartimento


de interesse. giratório até que as linhas de meridianos
estejam paralelas com a linha norte sul
do mapa. Devemos ter certeza que a
flecha de orientação, que gira junto com
as linhas de meridiano, esteja
apontando para o topo do mapa, para o
norte. Se estiver apontando para baixo a
leitura estará 180º fora. Então lemos o
número indicado na linha de índice. Este
é o azimute de um ponto a outro. Este
azimute encontrado é o azimute de
quadrícula. Para que tenhamos o
azimute magnético deverá ser verificada
a declinação magnética da carta e somar
ao ângulo (azimute) encontrado.

b. Traçando (seguindo) um azimute no


mapa

Devemos partir de um azimute


conhecido, que foi previamente lido em
campo. Imaginemos que no regresso de
um combate a um incêndio florestal a
equipe localizou uma fumaça legítima e
anotou o rumo 120º em um ponto
demarcado no terreno (cume, trilha,
picada, casa, etc.).
Para lançarmos uma nova equipe
de combate do ponto anotado faremos o
seguinte: primeiro ajustaremos o rumo
de 120º na linha de índice da bússola.
Coloque a bússola com a lateral maior
tocando o ponto de referência do rumo.
Gire a bússola inteira (não só o
compartimento da agulha) até que as
linhas meridianas estejam paralelas com
as linhas norte sul do mapa e tenha
certeza que a borda da lâmina de base
FIGURA 118 A e B – Medindo um azimute
ainda esteja tocando a referência. Mais
sobre um mapa
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
uma vez certifique-se que a seta de
orientação esteja apontada para o norte.
Para medir o rumo de um ponto a Siga a linha traçada com a borda da base
outro, devemos observar que a linha de seguindo em direção oposta à viagem,
direção de viagem esteja apontada na pois o rumo original foi medido em
mesma direção dos pontos anteriores. direção à referência.

153
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Onde a linha cruza a trilha é o


local exato que foi medido o rumo de
120º.

9.2.3.2 Azimute no campo

Neste caso a agulha magnética


fará seu trabalho. Todos os rumos no
campo são baseados onde a agulha
aponta. Para simplificar nestes dois
primeiros exemplos, vamos ignorar os
efeitos da declinação magnética.

a. Para medir um azimute no campo

Segure a bússola na sua frente e


aponte a linha de direção de viagem FIGURA 120 – Medindo um azimute (visão
para o objeto que você deseja encontrar da bússola)
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
o azimute. Gire o compartimento da
bússola até que a ponta da flecha de
b. Para traçar (seguir) um azimute no
orientação esteja alinhada com a ponta
campo:
imantada da agulha. Leia o rumo na
linha de índice e pronto.
Simplesmente reverta o processo
usado para tomar o rumo. Comece
girando o compartimento da agulha até
que você tenha o azimute desejado na
linha de índice, por exemplo 45º. Segure
a bússola nivelada à sua frente e então
gire seu corpo inteiro até que a ponta
imantada da agulha esteja alinhada com
a flecha de orientação. A linha de
direção de viagem está agora apontando
para o oeste adequado.

9.3 GPS

O GPS (Sistema de
Posicionamento Global) é importante
aliado dos bombeiros no combate a um
incêndio florestal, pois nos fornece
FIGURA 119 – Medindo um azimute
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros dados de latitude, longitude e altitude.
Possibilitar a elaboração de rotas e
calculo de distâncias, entre outras
funções.

154
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Entretanto nunca deve ser 80ºS e 84º e para as superiores


utilizado como único meio de coordenadas UPS).
orientação, pois o mesmo perde
facilmente o sinal ao adentrar em mata 9.3.1 Waypoints
fechada, que é o meio ambiente normal
de ocorrência de incêndios florestais. O GPS permite que marquemos
O receptor GPS é um equipamento nossa posição e a arquivemos na
que nos informa a posição na superfície memória do aparelho. Via de regra é
da terra em tempo real e nos fornece feito por meio da tecla MARK, sendo
outras informações. possível estabelecer um nome para esse
ponto, um ícone pré-estabelecido e fazer
uma observação curta.
É possível também se criar pontos
no GPS.

9.3.2 Função “GO TO”

Uma das possibilidades do GPS é


propiciar a navegação do ponto atual
(onde se encontra o navegador) para um
ponto marcado. Para tanto ele deve
pressionar a tecla “GO TO” ou “IR PARA”.
Seleciona-se o “waypoint”
desejado em uma lista e aperta-se a
FIGURA 121 – GPS Garmim etrex.
FONTE: mdetectors.com tecla ENTER.
O GPS indicará o destino
O GPS oferece várias (azimute) e a distância do ponto atual ao
possibilidades de formatos e datum que ponto selecionado.
podem ser alterados pelo seu usuário. Enquanto caminhamos o GPS
Seu princípio de funcionamento é fornece dados instantâneos e indica BRG
a comunicação com satélites (24 – “bearing” para o azimute de chegada e
satélites que estão distribuídos em 6 TRK “tracking” para o azimute de
orbitas, cada uma com 4 satélites). O deslocamento daquele momento.
GPS se comunica com os satélites,
mostrando em sua tela os disponíveis e 9.3.3 Função MOB – “Man Overboard”
processando as informações dos
mesmos. Atualmente os GPS são Essa função traduzida “homem ao
fabricados com 12 canais o que permite mar” quando acionada por meio de dois
receber o sinal simultâneo de até 12 toques na função “GO TO” faz com que o
satélites. GPS armazene esta posição e ative a
Normalmente empregamos nos função “GO TO” para essa mesma
incêndios florestais coordenadas em posição.
graus, minutos, segundos e décimos de
segundos (dddºmm’ss.s”) e UTM/UPS
(coordenadas UTM entre as latitudes

155
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

9.3.4 Considerações importantes


9.3.6.1 Empregando uma carta
Caso o GPS esteja sendo utilizado topográfica e GPS
sem mapa e sem uma bússola é
importante que seja configurado para a Dispondo-se de uma carta
indicação de azimutes verdadeiros, topográfica, marcamos na mesma o
recomendando-se utilizar o datum WGS ponto por onde o aceiro deve ser
84. traçado. Lembrar que o aceiro deve
Caso usemos somente bússola confinar determinada área devendo
que não permita trabalhar com azimutes terminar em um ponto onde não possa
verdadeiros e GPS, devemos configurá-lo ocorrer a propagação do fogo.
para azimute magnético. Desta forma os Traçada a linha de aceiro
azimutes indicados pelo GPS estarão em marcamos o ponto de início e término
conformidade com os azimutes da do aceiro, os quais deverão ter suas
bússola. Recomenda-se utilizar o datum coordenadas encontradas na carta.
WGS 84. Exemplo:
Usando o GPS em conjunto com
carta topográfica configuraremos o  Início do Aceiro (P1)
equipamento para azimute de
22J 7136118 mE
quadrícula, indicando a posição
UTM/UPS e datum idêntico ao da carta. 743704 mN
 Término do Aceiro (P2)
9.3.5 Empregando rotas no GPS 22J 7135136 mE
0743664 mN
O GPS nos permite agrupar vários
“waypoints” de forma a criar uma rota.
O uso de uma rota permite que Apuradas as coordenadas
diversas posições sejam marcadas e retangulares dos pontos, passar tais
facilitem o retorno ao ponto de origem dados para o GPS:
passando por determinados pontos.
No caso de se efetuar um aceiro a  Com o aparelho já ligado na tela
longa distância o mesmo pode ser que fornece os sinais de recepção
traçado se empregando uma rota, de de satélites (principal), pressionar
forma a se evitar pontos quentes. a tecla PAGE até a mensagem
MAIN MENU.
9.3.6 Uso do GPS em um incêndio  Com o cursor central selecionar
florestal WAYPOINT e pressionar a tecla
ENTER.
Já foi comentado da utilização do  Com o cursor central selecionar a
GPS em um incêndio florestal. palavra NEW e pressionar ENTER.
Passaremos agora a exemplificar, passo  Nomear o ponto como for
a passo como se procede a marcação de conveniente e lançar as
um ponto ou mais e o deslocamento ou coordenadas. Após, pressionar a
construção de aceiros passando por tais tecla ENTER para salvar os
pontos. Neste caso consideramos um dados.
GPS modelo Garmim.

156
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

O primeiro ponto estará marcado. com a bússola, sendo que o GPS deverá
Proceder da mesma forma para o ser utilizado para verificar se não está
segundo ponto. ocorrendo um desvio na rota.
Obs.: Caso o sistema que o GPS
esteja trabalhando não seja a UTM, o 9.3.6.2 Empregando uma aeronave:
mesmo deverá ser selecionado:
Sobrevoa-se a área com uma
 Partindo da tela de recepção de aeronave que possua GPS ou com um
sinais, pressionar a tecla PAGE 4 GPS portátil. Marcar o ponto que se
vezes. deseja iniciar a construção da linha de
 Com o cursor central selecionar aceiro, com o GPS ligado.
as palavras SETUP MENU e
pressionar ENTER  Partindo-se da tela principal
 Com o cursor central selecionar pressionar a tecla MARK, e o
NAVIGATION e pressionar ENTER. ponto será automaticamente
 Com o cursor central selecionar a marcado. Tal ponto deverá ser
palavra que estiver abaixo da nominado, utilizando-se para isso
mensagem POSITION FORMAT e o cursor central.
pressionar ENTER.  Procede-se da mesma forma para
 Com o cursor central selecionar marcar o término do aceiro.
UTM/UPS.
 Para retornar a tela principal Marcados os pontos, procede-se
pressionar ENTER. como descrito acima para lançar o
pessoal que trabalhará no ataque
Com os dados já apurados e indireto.
coordenadas plotadas no GPS, lançar o Os procedimentos descritos acima
pessoal no ponto de início da construção são básicos para o operador do GPS,
da linha de aceiro, que deve coincidir entretanto é importante que o mesmo
com o ponto pré-estabelecido na carta. tenha pelo conhecimento de todas as
Partindo-se do ponto inicial com o funções do equipamento, pois caso o
GPS na tela principal pressionar a tecla mesmo não esteja em perfeito
GOTO, e o mesmo mostrará todos os funcionamento e calibrado poderão
pontos já marcados. Selecionar o pontos ocorrer erros que prejudicarão o
de interesse, que no caso é o ponto de trabalho e até mesmo colocarão em
chegada do aceiro e pressionar ENTER. risco a vidas dos combatentes.
O aparelho entrará
automaticamente em outra tela que nos
O GPS JAMAIS SERÁ UTILIZADO COMO
mostrará uma estrada virtual ou bússola, ÚNICO MEIO DE NAVEGAÇÃO.
conforme o tipo e modelo, entretanto o
que nos interessará é o ângulo BRG
9.4 PERCURSOS DE CAMINHADAS
mostrado na parte superior que dará a
coordenada de chegada ao ponto final
Nos incêndios florestais é comum
do aceiro.
aos combatentes percorrerem longas
Possuindo tal ângulo, o mesmo
distâncias a pé, seja por estradas e
deverá ser transferido para a bússola e
terrenos planos ou em locais irregulares.
assim daremos início ao trabalho, agora

157
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Para tanto, é importante se  A seguir percorre-se 100m na


estabelecer um controle do trecho direção Sul e marca-se o quarto
percorrido, o que normalmente é feito canto;
por meio da contagem de passos  Finalmente percorre-se 100m na
duplos. direção Oeste e marca-se o quinto
Esta técnica é individual e deve canto.
ser aferida para cada combatente.
A técnica de contagem é muito Todo o caminhamento deverá ser
simples: se iniciar a marcha com o pé feito empregando-se o método da
direito contará um passo duplo sempre contagem de passos duplos.
que pisar com o pé esquerdo. Haverá um erro entre a primeira e
A medição do passo deve ser feita a quinta marca, chamado erro de
em uma distância demarcada fechamento.
(normalmente 100 metros) e repetida 10
vezes (cinco idas e cinco voltas).
E

NORMALMANTE 64 PASSOS DUPLOS


EQUIVALEM A 100 METROS.
N
S
Nas longas caminhadas, o chefe
da guarnição designará um integrante
da guarnição de combate a incêndios
florestais para que execute a contagem.
O controle poderá ser feito dando-se nós
em um cordelete. W
O emprego desta técnica permite
que se calcule a área de vegetação
FIGURA 122 – Exercício de campo –
afetada por um incêndio florestal marcando um quadrado
quando as condições do terreno e FONTE: Adaptado pelo autor (EB)
extensão do incêndio o permitirem.
Um excelente exercício que
permite o emprego da técnica de passo
duplo e a utilização de bússola consiste
em marcar um quadrado:

 Inicialmente marca-se o primeiro


canto (com uma bandeira por
exemplo) e percorre-se 100
metros na direção Norte e marca
o segundo canto;
 A seguir percorre-se 100m na
direção Leste e marca-se o
terceiro canto;

158
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

SOCORROS DE URGÊNCIA
10 NOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

159
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

10. SOCORROS DE URGÊNCIA NOS membro da equipe deve se expor a um


INCÊNDIOS FLORESTAIS risco com chance de se transformar em
vítima, o que levaria a deslocar ou
Conforme tratado nos capítulos dividir recursos de salvamento
anteriores os incêndio florestais ocorrem disponíveis para aquela ocorrência.
em locais muitas vezes inóspitos, e de Devemos estar atentos para a
difícil acesso, o que compromete as propagação do fogo, quedas de objetos
ações de resgate. incendiados sobre a equipe,
Além deste fato, os combatentes possibilidade da equipe ser cercada pelo
de incêndios florestais estão sujeitos a fogo e outros acidentes inerentes ao
situações de quedas que podem gerar meio ambiente.
contusões, ferimentos, fraturas e
luxações, acidentes com animais 10.1.1.2 Mecanismo de trauma
(ofídios, aracnídeos, lagartas),
queimaduras e desidratação pelo Enquanto se aproxima da cena do
desgaste excessivo do trabalho de acidente, o socorrista examina o
campo. mecanismo de trauma, observando e
Este capítulo objetiva abordar os colhendo informações pertinentes,
principais riscos que o combatente procurando identificar a possível causa
florestal pode se deparar, bem como do acidente.
técnicas de atendimento a serem
adotadas. 10.1.1.3. Abordagem da vítima

10.1 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DE Visa identificar e manejar


TRAUMA situações de ameaça à vida. A
abordagem primária é realizada sem
O objetivo do atendimento inicial mobilizar a vítima de sua posição inicial,
à vítima de trauma é identificar salvo em situações especiais que
rapidamente situações que coloquem a possam comprometer a segurança.
vida em risco e que demandem atenção Só se justifica mobilizar a vítima
imediata pela equipe de socorro. Deve de sua posição inicial na abordagem
ser rápido, organizado e eficiente de primária quando a situação de risco não
forma que permita decisões quanto ao puder ser afastada.
atendimento e ao transporte adequados, A abordagem primária é realizada
assegurando à vítima maiores chances em duas fases:
de sobrevida.
 Abordagem primária rápida;
10.1.1 Controle da Cena
 Abordagem primária completa.
10.1.1.1 Segurança do local
a. Abordagem primária rápida
Antes de iniciar o atendimento
propriamente dito, a equipe de socorro É a avaliação sucinta da
deve garantir sua própria condição de respiração, circulação e nível de
segurança, a das vítimas e a dos demais consciência. Deve ser completada em no
presentes. De nenhuma forma qualquer máximo 30 segundos. Tem por

160
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

finalidade a rápida identificação de utilizando-se as primeiras letras das


condições de risco de morte, o início palavras (do inglês) que definem cada
precoce do suporte básico de vida (SBV) um dos passos:
e o desencadeamento de recursos de
apoio, tais como médico no local e  Passo “A” (Airway) – Vias aéreas
aeronave para o transporte. com controle cervical;
Na abordagem primária rápida
 Passo “B” (Breathing) – Respiração
devem ser seguidos os seguintes (existente e qualidade);
passos:
 Passo “C” (Circulation) – Circulação
com controle de hemorragias;
1) Aproximar-se da vítima pelo lado para
o qual a face da mesma está voltada,  Passo “D” (Disability) – Estado
garantindo-lhe o controle cervical. neurológico;
 Passo “E” (Exposure) – Exposição da
2) Observar se a vítima está consciente e vítima (para abordagem
respirando. Caso não haja resposta, secundária).
examinar a respiração. Se ausente a
respiração, iniciar as manobras de c. Abordagem secundária
controle de vias aéreas e a ventilação
artificial. Só iniciar a abordagem secundária
depois de completada a abordagem
3) Simultaneamente palpar pulso radial primária. Examinar todos os segmentos
(em vítima inconsciente palpar direto o do corpo, sempre na mesma ordem
pulso carotídeo) e definir se está (exame segmentar): crânio, face,
presente, muito rápido ou lento. Se pescoço, tórax, abdômen, quadril,
ausente, palpar pulso de artéria carótida membros inferiores, membros
ou femoral (maior calibre) e, caso superiores e dorso.
confirmado que a vítima está sem pulso,
iniciar manobras de reanimação 10.2 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-
cardiopulmonar. PULMONAR

4) Verificar temperatura, umidade e Ressuscitação cardiopulmonar é o


coloração da pele e enchimento capilar. conjunto de manobras realizadas para
restabelecer a ventilação pulmonar e a
5) Observar rapidamente da cabeça aos circulação sanguínea, tais como,
pés procurando por hemorragias ou respiração artificial e massagem cardíaca
grandes deformidades. externa. Manobras essas utilizadas nas
vítimas em parada cardiopulmonar.
b. Abordagem primária completa A ressuscitação cardiopulmonar
requer uma sequência de procedimentos
Na abordagem primária completa parecido com o ABCD da avaliação
segue-se uma sequência fixa de passos inicial, com a diferença que o D do RCP
estabelecida cientificamente. Para se refere a desfibrilação.
facilitar a memorização, convencionou-
se o “ABCD do trauma” para designar
essa sequência fixa de passos,

161
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

deve demorar mais do que dez


 A – Vias Aéreas: manter as vias
aéreas permeáveis para a passagem segundos. Se constatar que não há
do ar; respiração, ou a respiração é inadequada
(respirações agônicas), ou ainda, você
 B – Respiração: ventilar os pulmões
da vítima para garantir um mínimo não tem certeza se a respiração é
de troca de ar; adequada; inicie as ventilações
artificiais.
 C – Circulação: comprimir o tórax
de forma a realizar uma pressão
intratorácica que faça o coração  Pince o nariz da vítima usando o
bombear sangue para os órgão polegar e dedo indicador da mão
vitais; que está na testa da vítima;
 D – Desfibrilação: aplicação de um  Respire normalmente e coloque
choque no coração para normalizar seus lábios na boca da vítima,
os batimentos cardíacos que vedando-a completamente,
entram em movimentos impedindo vazamento de ar;
descompassados.  Ventile 2 (duas) vezes (cerca de 1
segundo para cada ventilação) a
10.2.1 RCP em adultos cada 30 (trinta) compressões
torácicas;
Tendo em vista que as equipes  A ventilação deve provocar
que vão atender situações de elevação visível do tórax;
emergências nos incêndios florestais  Observar o tórax subindo e
irão atuar, via de regra, com adultos descendo, ouvir e sentir o fluxo
componentes das guarnições de de ar;
combate, este tópico será tratado  Manter as vias aéreas abertas
exclusivamente para tal situação. para a expiração;
 Não demore mais do que 10 (dez)
10.2.1.1 Abertura de vias aéreas segundos na aplicação das
ventilações;
Estabelecida que a vítima  Se a ventilação não elevar o tórax
apresenta os sinais característicos de após algumas tentativas, inicie a
parada cardiopulmonar (inconsciência compressão torácica;
sem resposta a estímulos; ausência de  Havendo pulso, efetue de 10 a 12
movimentos respiratórios e ausência de ventilações por minuto sem
pulso), você deve iniciar os compressões torácicas;
procedimentos de RCP. Para tanto o  Evite a hiperventilação, pois isto
primeiro passo é garantir que a vítima pode causar uma distensão
esteja em decúbito dorsal (costas no gástrica reduzindo o débito
chão), realizando a abertura das vias cardíaco.
aéreas.
10.2.1.3 Compressão torácica
10.2.1.2 Ventilação
Verificado que a vítima não possui
Após a abertura das VVAA, analise pulso, o socorrista deve iniciar as
a respiração da vítima usando o método compressões torácicas:
do Ver-Ouvir-Sentir. Este exame não

162
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

 Certifique-se de que a vítima  A cada 2 (dois) minutos troque,


esteja em decúbito dorsal sobre se possível, o socorrista que
uma superfície rígida; comprime o tórax; estudos
 Ajoelhe-se ao lado do peito da comprovaram que, mesmo sem
vítima; referir cansaço, o socorrista perde
 Exponha o peito da vítima e eficiência em apenas dois
coloque uma das mãos no centro minutos de compressão.
do peito na altura da linha
mamilar;
 Coloque a outra mão sobre a
primeira e entrelace os dedos
com esta, não aplicando nenhuma
pressão sobre as costelas, o
término do esterno, ou o
abdômem;
 Posicione-se verticalmente sobre
a vítima com os braços retos e
seus ombros sobre o peito da
vítima e comprima o tórax de
forma que o peso de seu corpo
auxilie na compressão;
 Comprima 30 (trinta) vezes o
peito para cada 02 (duas)
ventilações na vítima adulta,
FIGURA 123 – Posição adequada do
independente de estar em 1 ou 2 socorrista
socorristas; FONTE: Manual de APH – CB/PMPR
 A taxa de compressão deve ser de
100 (cem) compressões por Em caso de sucesso nas
minuto; manobras de ressuscitação, deve seguir
 Comprima rápido, comprima forte o tratamento para restabelecer os sinais
e permita o retorno completo do vitais da vítima às condições normais.
tórax; Investigue as causas que levaram à
 Execute a compressão com uma parada para melhor tratá-la. O primeiro
profundidade de 4 (quatro) a 5 passo é garantir as VVAA e a ventilação
(cinco) centímetros; adequada da vítima, de preferência com
 Tempo de compressão e oxigênio e ventilação positiva, pois a
descompressão devem ser iguais; maioria das vítimas que retornam após
 Limite as interrupções. A RCP precisam de auxílio na respiração.
compressão torácica é o Em caso de trauma, os
procedimento mais importante procedimentos para controle de
para garantir uma sobre vida a hemorragias e imobilização da vítima
vítima; vêm na sequência. Se o caso for clínico a
 Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) vítima deve ser colocada na posição de
ciclos de RCP reavalie a vítima. recuperação. Evite a hipertermia
Não demore mais do que dez (aquecimento) da vítima no ambiente
segundos nesta avaliação;

163
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

pré-hospitalar tratando a febre de agravar o estado geral dos pacientes


maneira intensiva após a ressuscitação. com lesões internas associadas.
A decisão de se interromper a RCP No atendimento à vítima com
é de competência exclusiva da área ferimentos deve-se seguir os seguintes
médica. passos e cuidados:

10.3 FERIMENTOS  Controle do ABC é a prioridade


como em qualquer outra vítima
Ferimento é qualquer lesão ou de trauma. Ferimentos com
perturbação produzida em qualquer sangramento importante exigem
tecido por um agente externo, físico ou controle já no passo C.
químico.  Avaliação do ferimento,
Os agentes capazes de produzir informando-se sobre a natureza e
um ferimento podem ser físicos a força do agente causador, de
(mecânico, elétrico, irradiante e térmico) como ocorreu a lesão e do tempo
e químicos (ácidos ou álcalis). transcorrido até o atendimento.
Os ferimentois fechados são  Inspeção da área lesada, que deve
aqueles onde a pele se mantém íntegra. ser cuidadosa. Pode haver
Os ferimentos abertos são contaminação por presença de
aqueles que rompem a integridade da corpo estranho e lesões
pele, expondo tecidos internos, associadas. O ferimento deve ser
geralmente com sangramento. Também exposto e, para isto, pode ser
são denominados feridas. necessário cortar as roupas da
Os ferimentos abertos são vítima; evite movimentos
traumas de alta ou baixa energia, desnecessários com a mesma.
decorrentes da superfície de contato do  Limpeza da superfície do
agente vulnerante. ferimento para a remoção de
corpos estranhos livres e detritos;
10.3.1 Atendimento a vítimas de utilizar uma gaze estéril para
ferimentos remoção mecânica delicada e,
algumas vezes, instilação de soro
O atendimento pré-hospitalar dos fisiológico, sempre com cautela,
ferimentos visa três objetivos principais: sem provocar atrito. Não perder
tempo na tentativa de limpeza
 Proteger a ferida contra o trauma geral da lesão, isto será feito no
secundário; hospital. Objetos impalados não
 Conter sangramentos; devem ser removidos, mas sim
 Proteger contra infecção. imobilizados para que
permaneçam fixos durante o
Na fase pré-hospitalar deve-se transporte.
evitar perder tempo em cuidados  Proteção da lesão com gaze
excessivos com os ferimentos que não estéril que deve ser fixada no
sangram ativamente e não atingem os local com bandagem triangular
planos profundos, pois retardam o ou, se não estiver disponível,
transporte ao hospital, o que pode utilizar atadura de crepe.

164
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

10.4 FRATURAS E LUXAÇÕES variando apenas o grau de


contaminação.
Fratura é a lesão óssea de origem
traumática, produzida por trauma direto c. Quanto à presença de lesões
ou indireto. O conjunto de fragmentos associadas
ósseos produzidos pela fratura e os
tecidos lesados em torno da lesão é Simples: a fratura é uma lesão
denominado foco de fratura. O osso é o única, sem evidência de lesão associada.
único tecido do nosso organismo que Complicada: está acompanhada
cicatriza com o mesmo tecido anterior à de lesões associadas. O trauma causador
lesão. O processo de cicatrização óssea de fratura exposta é de alta energia e
denomina-se consolidação. velocidade, podendo ocorrer lesões
associadas locais, como as musculares,
10.4.1 Classificação das fraturas tendinosas, nervosas, vasculares, bem
como lesões sistêmicas associadas
a. Quanto ao traço da fratura (trauma abdominal, torácico e craniano).

Incompleta: ocorre a lesão óssea, 10.4.2 Sintomas e sinais


mas não rompe a continuidade óssea;
tipo de ocorrência comum em crianças.  Dor;
Completa: os fragmentos ósseos  Aumento de volume;
perdem a continuidade, ficando  Deformidade;
desviados ou não. O manuseio destas  Impotência funcional;
fraturas deve ser cuidadoso e técnico,  Crepitação óssea.
para evitar lesão nos tecidos vizinhos.
10.4.3 Atendimento à vítimas de
b. Quanto à exposição do foco fraturas

Fechada: o foco de fratura está


Não movimente vítima com fraturas
protegido por partes moles e com pele
antes de imobilizá-Ia adequadamente.
íntegra.
Aberta ou exposta: o foco de
fratura está em contato com o meio  Em fraturas expostas, controle o
externo, com o osso exteriorizado ou sangramento e proteja o
não. A pele, nestes casos, está sempre ferimento, ocluindo-o com
lesada. O grau de lesão dessas partes curativos estéreis e bandagens;
moles permite classificar as fraturas  Em fraturas fechadas, execute
expostas. A lesão da pele pode ocorrer manobras de alinhamento e
pelo trauma, pelos fragmentos ósseos e tração antes da imobilização.
pelo manuseio intempestivo da vítima,  Examine a sensibilidade e os
tornando uma fratura fechada em pulsos periféricos antes e depois
aberta. de tracionar e alinhar.
Devido à comunicação do foco de  Reveja seu procedimento se esses
fratura com o meio externo, as fraturas parâmetros mostrarem sinais de
expostas são sempre contaminadas, piora.

165
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

 Mantenha a tração e o 10.4.4.1 Sinais e sintomas


alinhamento até que a tala de  Dor;
imobilização esteja posicionada e  Deformidade;
fixa.  Impotência funcional;
 Imobilize deformidades situadas  Palidez;
próximas a articulações que não  Edema;
se corrijam com tração suave na  Encurtamento ou alongamento.
posição em que se encontram.
 Quando imobilizar uma fratura 10.4.4.2 Cuidados de emergência
inclua na tala a articulação
proximal e distal à lesão. A manipulação das luxações cabe
 As talas devem ser ajustadas e exclusivamente ao médico. Manobras
não apertadas, de maneira a não inadequadas e intempestivas podem
interromper a circulação local. agravar a lesão já existente e produzir
 Transporte a vítima de modo dano adicional aos tecidos vizinhos,
confortável e seguro; o principal inclusive fraturas.
objetivo do resgate é não agravar No atendimento pré-hospitalar, a
as lesões preexistentes. imobilização deve ser na posição de
deformidade, buscando oferecer o
O atendimento correto evita o máximo de conforto à vítima. Ficar
agravamento das lesões, reduz a dor e o atento a sinais e sintomas de choque,
sangramento. informando se ocorrerem.

10.4.4 Luxações 10.5 QUEIMADURAS

As luxações caraterizam-se pelo As queimaduras são lesões


deslocamento de superfícies articulares, frequentes e a quarta causa de morte
modificando as relações naturais de uma por trauma. Mesmo quando não levam a
articulação. óbito, as queimaduras severas
Nas articulações existe uma produzem grande sofrimento físico e
congruência articular entre as requerem tratamento que dura meses,
superfícies ósseas em contato. Estas são até anos. Sequelas físicas e psicológicas
recobertas por cartilagem articular e são comuns. O atendimento definitivo
mantidas por uma cápsula articular aos grandes queimados deve ser feito
reforçada por ligamentos. Os traumas preferencialmente em centros
indiretos, normalmente produzidos por especializados.
quedas com apoio nas extremidades,
fazem com que essas superfícies 10.5.1 Anatomia da pele
articulares saiam de sua posição,
produzindo perda da congruência A pele não é simplesmente um
articular da função da articulação tecido; vem a ser o maior órgão do
correspondente. As luxações ocorrem corpo humano, possuindo várias
mais comumente em articulações funções. Compõe-se de duas camadas:
móveis (ombro, quadril, dedos da mão). epiderme e derme. Abaixo da pele situa-
se o tecido subcutâneo.

166
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

10.5.1.1 Epiderme elétrica por meio do organismo, são


extensas, enquanto as lesões das áreas
Camada mais externa, composta de entrada e saída da corrente elétrica
de várias camadas de células destituídas na superfície cutânea, pequenas.
de vasos sanguíneos. Sua espessura Por radiação: causadas por raios
varia de acordo com a região do corpo, ultravioleta (UV), por raios-X ou por
sendo mais espessa em áreas sujeitas a radiações ionizantes.
pressão ou atrito, como a planta dos pés
e palma das mãos. Impermeável à água, 10.5.2.2 Quanto à profundidade
funciona como uma barreira protetora
contra o meio ambiente. Esta camada é Primeiro grau (espessura
constantemente renovada pela superficial): queimaduras que atingem
descamação das células mais apenas a epiderme.
superficiais e geração de novas na sua Segundo grau (espessura parcial):
camada mais profunda. queimaduras que atingem a epiderme e
a derme, produzindo dor severa. A pele
10.5.1.2 Derme se apresenta avermelhada e com bolhas;
as lesões que atingem a derme mais
Camada mais interna, contém os profunda revelam-se úmidas. São as
vasos sanguíneos, os folículos pilosos, queimaduras que mais se beneficiam do
as glândulas sudoríparas, as glândulas curativo efetuado corretamente.
sebáceas e as terminações nervosas Terceiro grau (espessura total):
especializadas. atingem toda a espessura da pele e
chegam ao tecido subcutâneo. As lesões
10.5.1.3 Tecido subcutâneo são secas, de cor esbranquiçada, com
aspecto de couro, ou então pretas, de
Camada situada logo abaixo da aspecto carbonizado. Geralmente não
derme, uma combinação de tecido são dolorosas, porque destroem as
fibroso, elástico e gorduroso. Sua terminações nervosas; as áreas nos
espessura varia de acordo com a região bordos das lesões de terceiro grau
do corpo e de indivíduo para indivíduo. podem apresentar queimaduras menos
profundas, de segundo grau, portanto
10.5.2 Classificação das queimaduras bastante dolorosas.

10.5.2.1 Quanto às causas 10.5.2.3 Quanto à extensão

Térmicas: causadas por gases, A extensão da queimadura, ou a


líquidos ou sólidos quentes, revelam-se porcentagem da área da superfície
as queimaduras mais comuns. corporal queimada, é um dado
Químicas: causadas por ácidos ou importante para determinar a gravidade
álcalis, podem ser graves; necessitam de da lesão e o tratamento a ser instituído,
um correto atendimento pré-hospitalar, tanto no local do acidente quanto no
pois o manejo inadequado pode agravar hospital. Utiliza-se para esse cálculo a
as lesões. "regra dos nove". O resultado obtido é
Por eletricidade: geralmente as aproximado, mas suficiente para uso
lesões internas, no trajeto da corrente prático. No adulto, cada membro

167
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

superior corresponde a 9% da superfície vias aéreas ou lesão respiratória


corporal; as partes ventral e dorsal do por inalação;
tronco correspondem a 18% cada; cada  Queimaduras elétricas;
membro inferior a 18%, a cabeça a 9% e  Vítimas idosas ou com doenças
a área genital a 1 %. graves preexistentes.

10.5.2.4 Quanto à localização Queimaduras Moderadas

Queimaduras variam de gravidade  Primeiro grau de 50 a 75% da


de acordo com a localização. Certas superfície corporal;
áreas, como mãos, face, pés e genitais,  Segundo grau de 15 a 25% da
são consideradas críticas. Queimaduras superfície corporal;
que envolvam as vias aéreas são  Terceiro grau de 2 a 10% da
também bastante graves. superfície corporal.

10.5.2.5. Quanto à gravidade Queimaduras Leves

Sete fatores são usados para  Primeiro grau menores que 50 da


determinar a gravidade da queimadura: superfície corporal;
 Segundo grau menores que 15%
 Profundidade; da superfície corporal;
 Extensão (pela regra dos nove);  Terceiro grau com menos que 2%
 Envolvimento de áreas críticas da superfície corporal.
(mãos, pés, face e genitália);
 Idade da vítima (crianças e idosos 10.5.3 Atendimento ao queimado
tem maior risco);
 Presença de lesão pulmonar por O atendimento inicial de
inalação; queimados segue a mesma sequência do
 Presença de lesões associadas atendimento a vítima de outras formas
(outros traumatismos); de trauma. Considerar o grande
 Doenças preexistentes (Diabetes queimado como um politraumatizado,
mellitus, insuficiência renal etc.). inclusive porque, frequentemente,
existem outras lesões associadas.
Queimaduras Críticas: A primeira preocupação da equipe
é com a sua própria segurança, que se
 Primeiro grau maiores que 75% da aplica a qualquer situação, mas devendo
superfície corporal; ser reforçada ao atender vítimas de
 Segundo grau maiores que 25% queimaduras em ambientes hostis.
da superfície corporal; Cuidar com as chamas, os gases
 Terceiro grau maiores que 10% da tóxicos, a fumaça. Considerar os fatores
superfície corporal; ambientais (clima, combustível,
 Terceiro grau envolvendo face, topografia do terreno).
mãos, pés ou genitais; O segundo passo no atendimento
 Queimaduras associadas a à vítima é a interrupção do processo de
fraturas ou outras lesões de queimadura, na seguinte seqüência:
partes moles. Queimaduras das

168
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 Extinguir as chamas sobre a calor; quando usados, não devem cobrir


vítima ou suas roupas; mais que 10% da superfície corporal.
 Remover a vítima do ambiente Quando a extensão da
hostil; queimadura for muito grande, é
 Remover roupas que não estejam preferível envolver ou cobrir a vítima
aderidas a seu corpo; com lençóis limpos, secos, em vez de
 Promover o resfriamento da lesão tentar aplicar grandes curativos. Quando
e de fragmentos de roupas ou houver hemorragia associada, usar
substâncias, como asfalto, curativos compressivos habituais. Não
aderidos ao corpo do queimado. remover roupas firmemente aderidas
 Após interromper o processo de nem romper bolhas. Os curativos devem
queimadura, proceder ao ser espessos e firmes, mas não
atendimento segundo o A-B-C-D- apertados.
E.
10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS
a. Curativos PEÇONHENTOS

Somente realizar os curativos Animais peçonhentos são aqueles


após completar a abordagem inicial da que possuem glândula de veneno que se
vítima pelo A-B-C-D-E. comunicam com dentes ocos, ferrões ou
Funções dos curativos nas aguilhões, por onde o veneno passa
queimaduras: ativamente. Ex.: serpentes, aranhas,
escorpiões e arraias.
 Diminuir a dor; Animais venenosos são aqueles
 Diminuir a contaminação; que produzem veneno, mas não
 Evitar a perda de calor. possuem um aparelho inoculador
(dentes, ferrões), provocando
Freqüentemente a dor causada envenenamento por contato (lagartas),
pelas queimaduras é severa e requer por compressão (sapo) ou por ingestão
administração de analgésicos (peixe baiacu).
endovenosos para seu alívio. Uma
medida simples para o combate à dor, 10.6.1 Ofídios (serpentes)
entretanto, é um curativo corretamente
realizado. Nas queimaduras de pequena Para sabermos se uma serpente é
extensão, podem ser utilizados curativos peçonhenta, observam-se três
úmidos, frios, com soro fisiológico, para características fundamentais:
alívio da dor. O uso do soro fisiológico é
recomendado para evitar a  Presença de fosseta loreal;
contaminação da ferida; na sua  Presença de guizo ou chocalho no
ausência, usar água limpa. Nas final da cauda;
queimaduras extensas, o uso de  Presença de anéis coloridos
curativos úmidos, frios, pode levar a (vermelho, preto, branco ou
hipotermia, porque a pele queimada amarelo).
perde a capacidade de auxiliar na
regulação da temperatura corporal, A fosseta loreal é um órgão
ficando a vítima suscetível à perda de termossensorial situado entre o olho e a

169
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

narina, que permite à serpente detectar vômitos, sudorese, hipotermia,


variações mínimas de temperatura no hipotensão arterial, choque,
ambiente. hemorragias a distância (epistaxes,
sangramento gengival, digestivo,
hematúria) e insuficiência renal aguda.

Medidas gerais:
 Lave o local da picada com água e
sabão;
 Não faça cortes, perfurações,
torniquetes, nem coloque outros
produtos sobre a lesão;
 Mantenha o acidentado calmo e
FIGURA 124 – Fosseta loreal em detalhe imóvel;
FONTE: brasilescola.com  Ofereça água ou chá à vítima;
 Transporte a vítima levando, se
No Estado do Paraná existem três possível, o animal agressor,
gêneros de importância toxicológica: mesmo morto, para facilitar o
diagnóstico e a escolha do soro
 Bothrops; mais adequado.
 Crotalus; e
 Micrurus.

10.6.1.1 Gênero Bothrops

São as serpentes jararaca, urutu,


cruzeira, cotiara, jararacuçu, etc.
Possuem fosseta loreal ou
lacrimal e escamas na extremidade da
cauda; de cor geralmente parda, vivem
em locais úmidos, atingindo na idade
adulta o tamanho de 40 cm a 2 m. FIGURA 125 – Jararaca
Muito agressivas, são FONTE: ra-bugio.org.br
responsáveis por 70% dos acidentes
ofídicos no estado. Seu veneno tem ação O único tratamento específico é a
proteolítica, coagulante e hemorrágicas. administração do soro, o que deve
Pode haver manifestações locais acontecer com a maior brevidade, via
(edema, eritema, dor) de instalação endovenosa, em dose única.
precoce e caráter evolutivo, com
aparecimento de equimose, bolhas, 10.6.1.2 Gênero Crotalus
sangramento no local da picada e
necrose. Nos acidentes causados por Refere-se ao grupo das cascavéis.
filhotes, as manifestações locais podem Sua característica mais importante é a
estar ausentes. presença de guizo ou chocalho na ponta
Como manifestações sistêmicas da cauda. Possuem fosseta loreal,
(gerais) pode-se observar: náuseas, atingem na idade adulta 1,6 m de

170
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

comprimento, vivem em lugares secos, utilizado o soro antibotrópico-crotálico


regiões pedregosas e pastos, não sendo (SABC).
encontradas nas regiões litorâneas.
Menos agressivas que as 10.6.1.3 Gênero Micrurus
jararacas, não responsáveis por 11 % dos
acidentes ofídicos no estado, que Refere-se ao grupo das corais
costumam ser de maior gravidade. verdadeiras.
Seu veneno possui ação São serpentes peçonhentas que
neurotóxica, miotóxica (lesão da não possuem fosseta loreal (isto é uma
musculatura esquelética) e coagulante, exceção) nem um aparelho inoculador
causando manifestações muitas vezes de veneno tão eficiente quanto o de
pouco intensas: edema e parestesias jararacas e cascavéis. O veneno é
(formigamentos) discretas, pouca dor. inoculado por meio de dentes pequenos
e fixos.
Padrão de cor: vermelho (ou
alaranjado), branco (ou amarelo) e preto.
Habitam preferencialmente
buracos, tornando os acidentes raros,
mas muito graves, pela característica de
seu veneno de provocar parada
respiratória.

FIGURA 126 – Cascavel


FONTE: vivaterra.org.br

FIGURA 127 – Coral


Manifestações sistêmicas: FONTE: banco.agenciaoglobo.com.br
cefaléia, náusea, prostração, sonolência,
diplopia (visão dupla), visão turva, O veneno deste gênero possui
midríase, ptose palpebral ("queda da elevada toxicidade neurotóxica e
pálpebra"), dificuldade para deglutir, miotóxica. Os acidentes com este
mialgias (dores musculares) e urina gênero de ofídios geralmente não
escura. causam manifestações locais
O tratamento consiste nas significativas, porém são graves as
medidas gerais já citadas e na sistêmicas: vômitos, salivação, ptose
soroterapia específica precoce com soro palpebral, sonolência, perda de
anticrotálico (SAC). Em caso de dúvidas equilíbrio, fraqueza muscular, midríase,
quanto ao agente agressor, pode ser paralisia que pode evoluir,
comprometendo a musculatura

171
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

respiratória, com apnéia e insuficiência (cor de lavado de carne), anúria e


respiratória aguda. Todos os casos insuficiência renal aguda.
devem ser considerados graves. O tratamento consiste em anti-
O tratamento, além das medidas sepsia, curativo local, compressas frias;
gerais já citadas, inclui o soro medidas de suporte e soroterapia
antielapídeo via endovenosa. específica.

10.6.2 Aranhas 10.6.2.2 Aranha Armadeira (Phoneutria)

10.6.2.1 Aranha marrom (Loxosceles) Muito agressiva, encontrada em


bananeiras, folhagens, entre madeiras e
Pequena (4 cm), pouco agressiva, pedras empilhadas e no interior das
de hábitos noturnos; encontrada em residências. Tem coloração marrom
pilhas de tijolos, telhas e no interior das escura com manchas claras e atingem
residências, atrás de móveis, cortinas e 12 cm de diâmetro.
eventualmente nas roupas. Nos acidentes com as armadeiras,
predominam as manifestações locais. A
dor é imediata e em geral intensa,
podendo irradiar para a raiz do membro
acometido. Ocorrem edema, eritema,
parestesia e sudorese no local da picada,
onde podem ser encontradas duas
marcas em forma de pontos.
Tratamento suportivo e
sintomático; nos casos mais graves, está
indicada a soroterapia específica.

FIGURA 128 – Aranha Marrom


FONTE: saude.pr.gov.br

A picada ocorre em geral quando


a aranha é comprimida contra o corpo
(ao vestir-se ou ao deitar-se), não
produzindo dor imediata. A evolução é
mais freqüente para a forma "cutânea",
evoluindo para eritema (vermelhidão),
edema duro e dor local (6 a12 h). Entre
24 h e 36 h aparece um ponto de FIGURA 129 – Aranha Armadeira
FONTE: jornallivre.combr
necrose central (escuro) circundado por
um halo isquêmico (claro) – Lesão em
10.6.3 Escorpiões
alvo. Até 72 h, febre, mal-estar e
ulceração local.
Na forma "cutâneo-visceral" (mais Pouco agressivos, os escorpiões
grave), além do quadro acima, entre 12h têm hábitos noturnos. Encontram-se em
pilhas de madeira, cercas, sob pedras e
e 24h após a picada, surgem febre,
nas residências.
cefaléia, náuseas, vômitos, urina escura

172
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

Existem diversas espécies, mas Também conhecidas como


somente o gênero Tityus tem interesse lagartas de fogo e oruga, vivem durante
médico. Os escorpiões picam com a o dia agrupadas nos troncos de árvores,
cauda, medem de 6 a 8 cm, têm hábitos onde causam acidentes pelo contato
noturnos, escondendo-se durante o dia com seus espinhos.
sob cascas de árvores, pedras, troncos, A vítima pode apresentar dor local
dentro de residências, etc. em queimação, seguida de vermelhidão
A vítima apresenta dor local de e edema.
intensidade variável (pode chegar a A seguir surgem, cefaléia,
insuportável), em queimação ou náuseas e vômitos, artralgias. Após 8 a
agulhada e com irradiação; pode ocorrer 72 horas, podem surgir manifestações
sudorese e piloereção no local. hemorrágicas, como manchas pelo
corpo, sangramentos gengivais, pelo
nariz, pela urina e por ferimentos
recentes. Os casos mais graves podem
evoluir para insuficiência renal e morte.
O soro específico ainda não está
disponível.
Tratamento suportivo e
sintomático; no local, aplique
compressas frias de solução fisiológica.

FIGURA 130 – Escorpião Amarelo


FONTE: saude.pr.gov.br

Manifestações sistêmicas:
lacrimejamento, sudorese, tremores,
espasmos musculares, priapismo, pulso
lento e hipotensão. Podem ocorrer
arritmias cardíacas, edema agudo de
pulmão e choque.
O tratamento inclui medidas
gerais e soroterapia específica.

10.6.4 Insetos
FIGURA 131 – Lagarta lonomia
As lagartas (Lonomia), também FONTE: Acervo de Christian Marcelo Camargo
chamadas de taturanas, são larvas de
mariposas, medem de 6 a 7 cm e
possuem o corpo revestido de espinhos
urticantes que contêm poderosa toxina.
Sua cor é marrom-esverdeada ou
marrom-amarelada, com listras
longitudinais castanho-escuras.

173
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

APÊNDICES

174
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

A - FATORES DE CONVERSÃO

COMPRIMENTO
1 polegada = 0,008333 pés / 25,4 milímetros
1 pé = 0,3048 metros / 304,8 milímetros
1 jarda = 3 pés / 36 polegadas / 0,9144 metros
1 milha = 5280 pés / 1,609 quilômetros / 0,8684 milhas náuticas
1 milha náutica = 6080 pés / 2026 jardas / 1,8532 quilômetros
1 metro = 1,094 jardas / 3,281 pés / 39,37 polegadas / 1000 milímetros

ÁREA
1 polegada quadrada = 0,006944 pés quadrados / 645,2 milímetros quadrados
1 acre = 45560 pés quadrados / 4840 jardas quadradas / 4047 metros quadrados
1 hectare (ha)= 1000 metros quadrados
1 alqueire 24200 metros quadrados

TEMPERATURA
C = F – 32 = K – 273
5 9 5

C = temperatura em graus Celsius


F = temperatura em graus Fahrenheit
K = temperatura em Kelvin

PESO
1 libra = 0,4536 quilogramas
1 quilograma = 2,205 libras
Obs.: 1 quilograma refere-se a massa de 1 litro de água a uma temperatura de 4º C
e a uma pressão atmosférica de 760 mm Hg (milímetros de mercúrio).

PRESSÃO
1 Atmosfera = pressão exercida por uma coluna de 760 mm Hg, ao nível do mar,
em uma densidade normal a uma temperatura de 0º C.
1 Atm = 1quilograma força por centímetro quadrado / 1 Bar
1 libra por polegada quadrada (psi) = 0,0680 quilograma força por centímetro
quadrado
1 quilograma força por centímetro quadrado = 14, 7 libra por polegada quadrada
Obs.: 1 Bar é a pressão exercida por uma força de um milhão de dinas em 1
centímetro quadrado de superfície.

FLUIDEZ
1 galão por minuto (gpm) = 0,006308 litros por segundo

CALOR
1 Britsh termal unit (BTU) = 0,2520 quilocaloria / 1055 joules
1 quilocaloria = 3,969 BTU / 4187 joules

175
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

B - EVOLUÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ

ANO OCORRÊNCIAS FLORESTA REFLORESTAMENTO ÁREA NÃO


NATIVA REFLORESTADA
TOTAL Ha TOTAL Ha TOTAL Ha TOTAL Há
1963 2.000.000
1983 227 22.269 8 4.351 157 5.160 62 12.758
1984 2.113 3.570 6 9 90 1.302 115 2.259
1985 262 64.986 7 89 170 41.461 85 23.436
1986 479 21.440 10 57 353 16.725 116 4.658
1987 575 54.284 23 644 340 18.663 212 34.977
1993/94 1.323 27.442 295 7.477 150 1.527 889 18.438
1996 1.047 27.478 312 6.789 16 2.224 719 18.465
1997 912 12.692 85 641 181 944 646 11.107
1998 1.612 5.950 166 842 116 1.262 1.330 3.846
1999 6.610 126.864 477 7.193 235 2.263 5.998 117.408
2000 5.618 8.712 190 823 98 661 5.330 7.228
2001 3.102 1.470 126 111 55 241 2.921 1.117
2002 276 911 6 0,3 8 13 162 79
2003 5.989 48.007 810 835.887 226 983 1.576 972
2004 4.656 9.909 616 2.881 235 3.362 1.485 1.621
2005 5.448 12.947 429 630 90 156 4.929 12.161
2006 9.336 14.471 910 2.823 219 1.634 8.207 10.014
2007 13.107 100.477 2.049 70.365 271 1.553 10.787 28.558
2008 9.637 5.861 4.120 2.757 186 728 5.330 2.195
2009 7.350 6.935 2.834 1.948 116 127 4.400 4.860
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS / SISTEMA DE CONTROLE E REGISTRO DE ESTATÍSTICA DE OCORRÊNCIAS (SYSBM )
OBS.: OS DADOS REFEREM-SE AOS ATENDIMENTOS REALIZADOS E REGISTRADOS PELO CORPO DE BOMBEIROS.

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

C- FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA


INCÊNDIO FLORESTAL/AMBIENTAL

SOLICITAÇÃO

RADIO OPERADOR OU CHEFE DO SOCORRO COLETAM O MAIOR NÚMERO DE INFORMAÇÕES E:


 DESPACHAM A GUARNIÇÃO MAIS PRÓXIMA MANTENDO O SOLICITANTE NA LINHA
 AS GUARNIÇÕES DEVERÃO POSSUIR EPI E MATERIAIS PARA ATAQUE DIRETO E INDIRETO
 RÁDIO OPERADOR PREENCHE SISCOPWEB

RADIO OPERADOR OU CHEFE DO SOCORRO ACIONAM O OFICIAL SUPERVISOR

RADIO OPERADOR FAZ AO SOLICITANTE AS SEGUINTES PERGUNTAS:


 O QUE ESTÁ QUEIMANDO? (Mata Nativa, Reflorestamento, Campo, Bosque, Restinga, Plantação, Mangue)
 COMO ESTÁ QUEIMANDO? (Controlado, Sem Controle...)
 ONDE ESTÁ QUEIMANDO? (Montanha, Terreno Plano, Via Férrea...)
 EXISTE RISCO A VIDA DE PESSOAS? (Quais?)
 HÁ RISCO AO MEIO AMBIENTE? (Quais?)
 HÁ RISCO A RESIDENCIAS? (Quais?)
 HÁ RISCO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO? (Torres de Transmissão, Oleodutos, Mata Atlântica, etc...)
 QUAL A VIA DE ACESSO MAIS RÁPIDA

RADIO OPERADOR REPASSA AS INFORMAÇÕES À(S) GCIF EM DESLOCAMENTO E AO SUPERVISOR

RADIO OPERADOR DEVERÁ ACESSAR O SITE: RADIO OPERADOR DEVERÁ ACIONAR:


www.simepar.br  INSTITUTO AMBIENTAL (IAP)
ANOTAR E INFORMAR AO SUPERVISOR:  CEDEC (3350-2575 / 3350-2574)
 RISCO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS  CIOSP (3304-4861)
 VENTO  SUBCOMANDANTE DA UNIDADE
 UMIDADE RELATIVA DO AR OBSERVAÇÕES
 ESTADOS DA VEGETAÇÃO 1. O CONTATO COM O COMANDO DO CB SERÁ
 FOCOS DE CALOR FEITO PELO COMANDO DA UNIDADE.
OBS: DADOS DISPONÍVEIS NO CAMPO PREVISÃO 2. CASO SEJA NECESSÁRIO O EMPREGO DE
AERONAVE O CIOSP DEVE SER COMUNICADO

CHEFE DA GCIF / OFICIAL SUPERVISOR:


 SOLICITAR RECURSOS E INSTALAR O SCI SE NECESSÁRIO
 COORDENAR OS TRABALHOS E APLICAR A TÉCNICA DE COMBATE ADEQUADA
 ESTAR ATENDO AO CLIMA, TOPOGRAFIA E COMBUSTÍVEL FLORESTAL
 PREVER ROTA DE FUGA
 ESTAR ATENTO ÀS SITUAÇÕES DE RISCO

FINALIZANDO A SITUAÇÃO:
 REALIZAR A LINHA DE CONTROLE
 AFERIR A ÁREA ATINGIDA FAZENDO USO DO GPS E PROGRAMAS GEOPRO E GOOGLE EARTH
 REGRESSAR AOREFERÊNCIAS
QUARTEL E PREENCHER O RGO

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MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

REFERÊNCIAS

AMERICAN HEART ASSOCIATION, Suporte Básico de Vida, Manual para instrutores,


ACINDES – 2002.

BRASIL, Manual de Determinação de Causas de Incêndios Florestais, Brasília 1994 –


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BRASIL, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Curso de Sistema de Comando de


Incidentes. SENASP. Brasília. 2008. 2ª Ed.

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PARANÁ, Corpo de Bombeiros: Manual do Curso de Prevenção e Combate a Incêndios


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PARANÁ, Plano Mata Viva: Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – 2008. Edição
revisada.

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