Caso Sumol Compal Versão Final
Caso Sumol Compal Versão Final
Caso Sumol Compal Versão Final
Relatório de Projecto
Mestrado em Gestão
Orientador(a):
Prof. Doutor José Crespo de Carvalho, Prof. ISCTE Business School, Departamento de
Gestão
Setembro 2009
Caso Sumol+Compal
Resumo
Este caso de estudo tem como fonte de inspiração a importância do pensamento estratégico para
as organizações empresariais.
Ambiciona ser uma ferramenta de estudo que conduza alunos do ensino superior e quadros de
empresas, de nível médio e superior, na exploração de ferramentas de análise e de formulação da
estratégia empresarial. Pretende, igualmente, incentivar a capacidade de tomada de decisão,
estimular o espírito crítico construtivo e desenvolver as capacidades de trabalho em grupo.
Palavras-Chave
2I
Caso Sumol+Compal
Abstract
The present case study is inspired by the importance of the strategic management to business
organizations.
The text illustrates the merger of two reference companies of the portuguese market. Sumolis and
Compal cruised 5 decades of portuguese history and, therefore, testified prosperity and
revolution, democracy and dictature, nationalization and privatization periods. The consumption
of its goods is part of the memories of all Portuguese. This holds Sumol and Compal a place in
the most restricted group of the most emblematic companies of the country.
The year 2008 represented and historical landmark in the evolution of non alcoholic beverages
market in Portugal. The private labels assumed an unquestionable importance in this market.
Their low cost strategy allowed them to conquer a considerable market share in a short period of
time.
The strategic thinking suggested, as a solution to the case study, allows an overview of the non
alcoholic beverage industry and its market, and the identification of the private labels strategy.
Allows, as well, the recognition of paths for manufacturers labels, avoiding direct confront with
private labels strategies.
Key-words
Agradecimentos
Ao meu orientador e meu bom amigo, pela sua mestria na orientação, clarividência de análise e
exigência no resultado.
À minha família e aos meus amigos pelo incentivo.
À minha Michele pela compreensão incondicional.
4
III
Caso Sumol+Compal
Índice
1 - Caso............................................................................................................................................. 8
1.1 - Estratégia Compal S.A. ........................................................................................................ 9
1.2 - Estratégia Sumolis ............................................................................................................. 10
1.3 - Estratégia Grupo Sumol + Compal .................................................................................... 11
1.4 - Mercado das bebidas não alcoólicas .................................................................................. 14
1.5 - Marca Compal .................................................................................................................... 16
1.6 – Marcas Grupo Sumol ........................................................................................................ 18
1.7 - Estratégia das Marcas de Distribuidor ............................................................................... 19
2 - Recapitulação do problema e questões ..................................................................................... 22
3- Nota Pedagógica ........................................................................................................................ 23
3.1- Perfil-alvo do caso .............................................................................................................. 23
3.2 - Objectivos Pedagógicos ..................................................................................................... 24
3.3 - Revisão da literatura .......................................................................................................... 25
3.3.1 – Onde estamos?............................................................................................................ 28
3.3.1.1 - Análise Externa .................................................................................................... 28
3.3.1.2 - Análise Interna ..................................................................................................... 29
3.3.1.3 - Análise Externa/Interna ....................................................................................... 30
3.3.2 – Para onde queremos ir? .............................................................................................. 31
3.3.2.1 - Visão e Missão ..................................................................................................... 31
3.3.2.2 - Objectivos globais (Goals) e específicos ............................................................. 31
3.3.2.3 - Valores ................................................................................................................. 32
3.3.2.4 - Factores críticos de sucesso ................................................................................. 32
3.3.3 – Como vamos lá chegar e qual o melhor caminho?..................................................... 32
3.3.3.1 - Porter (1985) - Estratégias Genéricas .................................................................. 32
3.3.3.2 - Wheelen & Hunger (2008) - Crescimento, Estabilidade, Defensivas ................. 33
3.3.3.3 - W. Chan Kim e Renée Mauborgne (2007) - Identificação de Oceano Azul ....... 34
3.3.3.4 - Richard Lynch (2003) - Estratégia Emergente ou Prescritiva ............................. 34
3.3.3.5 - O melhor caminho................................................................................................ 35
3.3.4 – Como podemos assegurar que chagámos ao destino? ................................................ 35
3.3.4.1 – Balanced ScoreCard ............................................................................................ 35
3.4 – Ferramentas de análise ...................................................................................................... 36
3.4.1 - Análise da Envolvente Externa ................................................................................... 36
3.4.2 - Análise da Envolvente Externa (análise da indústria) ................................................ 37
3.4.3 - Análise Interna ............................................................................................................ 39
3.4.4 - Análise Externa/Interna .............................................................................................. 40
3.4.5 - Formulação Estratégica ............................................................................................... 40
3.5 – Plano de Animação............................................................................................................ 40
3.6 – Questões a serem colocadas aos alunos ............................................................................ 43
3.7 – Resolução .......................................................................................................................... 44
3.7.1 - Questão 1 – Análise da envolvente e interna. Onde estamos? .................................... 44
3.7.2 - Questão 2 – Formulação Estratégica. Para onde queremos ir? ................................... 55
3.7.3 - Questão 3 – Formulação Estratégica. Opções Estratégicas. Como vamos lá chegar? 58
3.8 – Slides de Resolução ........................................................................................................... 61
3.8.1 – Estrutura do Caso ....................................................................................................... 61
3.8.2 – Estrutura da Resolução ............................................................................................... 62
5 IV
Caso Sumol+Compal
6
V
Caso Sumol+Compal
7 VI
Caso Sumol+Compal
1 - Caso
Em 2006, o mercado de bebidas não alcoólicas estava a dar sinais de crescimento e a mostrar-se
bastante sensível e receptivo às inovações propostas pelas marcas. Este cenário permitia à
Compal S.A. gozar de boa saúde financeira e de boas perspectivas de crescimento para os anos
seguintes. Foi com surpresa que o mercado recebeu a notícia sobre a sua alienação por parte da
sua detentora, a Nutrinveste.
Concorrente directa nos principais segmentos de mercado, foi a Sumolis que veio tomar a
liderança dos destinos da Compal S.A. Para António, presidente do Grupo Sumol, a compra da
Compal S.A. foi um marco na construção do sonho iniciado pelo seu pai, 50 anos antes. A fusão
das duas empresas edificou o maior operador no mercado de bebidas não alcoólicas em Portugal.
A Sumol+Compal, criada em Janeiro de 2009, veio conhecer uma realidade bastante diferente da
vivida pelas suas antecessoras. O paradigma de mercado alterou-se, estando agora mais agressivo
do que nunca. As marcas de distribuidor têm vindo a invadir o mercado com tentadores produtos
a baixos preços num ambiente de profunda crise económica e de grandes dificuldades financeiras
para as famílias, que se revela profícuo para propostas consideradas como económicas.
Hoje é o dia do anúncio da estratégia aos quadros da empresa. Cabe a António mobilizá-los em
torno de um sonho que é seu e que pretende agora partilhar com todos. São eles que irão
materializar essa Visão. António sabe que tal apenas será possível se realmente a sentirem como
sua também.
António confia na sua equipa. Todos reconhecem importância do passado e acreditam na solidez
do presente, mas a expectativa é grande.
8
Caso Sumol+Compal
Na década de 60, pela integração no grupo CUF1, a Compal S.A. incorporou na sua gestão a
atitude que veio marcar toda a sua evolução e que se revelou como principal factor de
crescimento: a orientação para o consumidor. Materializou-se na construção da marca Compal e
no seu reconhecimento como garantia de qualidade e de naturalidade.
O mercado de bebidas não alcoólicas constituiu a principal base de negócio da Compal S.A..
Assente em valores como tradição, credibilidade, exigência, confiança e inovação, a Compal S.A.
assumiu como sua Visão ser a melhor empresa de bebidas de Portugal, e como sua Missão
satisfazer as necessidades dos consumidores através da excelência na gestão de marcas e dos
canais de distribuição, afirmar-se como uma empresa de referência no mercado ibérico liderando-
o em imagem e em volume e estender a sua posição de influência a outros mercados onde, por
afinidade geográfica e cultural, estivesse presente. Nos negócios não nucleares pretendeu
assegurar a sua rentabilidade através da manutenção da liderança do mercado português de
vegetais preparados e do reforço da sua posição no mercado de derivados de tomate.
1
CUF – Companhia União Fabril
9
Caso Sumol+Compal
Em 2007, a Compal S.A. registou uma queda no volume de negócios face ao ano anterior, que
quebrou a tendência de crescimento que se verificava desde 2004 (Quadro 1).
SUMOLIS
Gestão de SASEL CIBAL
Marcas
CASTRO
ESTANDARTE CODIBAL SEDURBEL
VERDE
Fonte: Adaptado de Sumolis (2008a) - Relatório Único de Gestão 2007 [Em Linha]. Consultado a 27 Dez
2008. Diponível na <URL: http://www.gruposumol.pt>
Norteou a sua actividade na Visão de que consumo de bebidas de alta rotação era significativo e
tendia a ser cada vez maior, e de que o seu desafio permanente era criar valor e satisfazer, com as
suas marcas, os clientes e consumidores destas bebidas. Considerou determinante para a
concretização desse desafio a sua capacidade de atracção e desenvolvimento de colaboradores
10
Caso Sumol+Compal
com elevado potencial, bem como de contribuição para o bem-estar e desenvolvimento das
comunidades em que se inseria.
Assumiu como Missão ser um grupo empresarial líder na gestão de negócios de bebidas de alta
rotação em Portugal e desenvolver uma posição relevante para algumas marcas noutros espaços
geográficos, garantindo a criação adequada de valor.
O volume de negócios em 2007 foi de 172,2 milhões de euros, mantendo o nível registado no
exercício do ano anterior (Quadro 2).
hidratação e nutrição para os consumidores; de que esta realidade, conjugada com diversas
tendências da sociedade actual, nomeadamente a procura de dietas equilibradas, cria enormes
oportunidades nalguns mercados, em especial, nos de bebidas de alta rotação; e de que o
desenvolvimento destas oportunidades é um desafio permanente e inspirador, de forma que, nos
mercados onde a SUMOL+COMPAL esteja presente, cada consumidor eleja e consuma um
produto por dia do seu portfólio.
O sortido que agora detém e representa outorga à Sumol+Compal o estatuto de maior operador de
bebidas não alcoólicas em Portugal. É diversificado e conta com marcas de referência em vários
segmentos (Quadro 3).
12
Caso Sumol+Compal
Fonte: Autor
O grupo Sumol+Compal conta com 1386 colaboradores distribuídos por 13 delegações (Quadro
4).
13
Caso Sumol+Compal
A dinâmica de abertura de novas lojas, tem sido protagonizada por insígnias como o
Dia/MiniPreço (52 novas lojas em 2007, com um total de 436 lojas) e como o Pingo Doce (22
novas lojas em 2007, com total de 210 lojas), ambas de tipologia “discount”.
2
INA – Índice Nielsen Alimentar
3
INCIM - Índice Nielsen Consumo Imediato
14
Caso Sumol+Compal
As vendas estimadas no mercado INCIM em 2007 cifraram-se nos 10.060 milhões de Euros, com
pequenas flutuações desde 2002 (entre 0% e -1% ao ano).
O total de mercado (INA+INCIM) das bebidas de alta rotação (Refrigerantes, Sumos e Néctares,
Águas e Cervejas) representou aproximadamente 2.722 milhões de litros em 2007. Os segmentos
mais dinâmicos foram os Sumos e Néctares com uma variação positiva de 4,7%, relativamente ao
ano anterior (Quadro 6).
15
Caso Sumol+Compal
Néctares com açúcar Ano 2006 Ano 2007 YTD 06 YTD 07 YTD 08
Vendas em valor 26.666 25.733 24.898 23.891 25.867
Var. % -3% -4% +8%
Compal Clássico 76,0 79,4 75,8 79,1 70,2
Compal Exótico 1,2 0,1 1,2 0,1 0,0
Santal 1,6 1,1 1,6 1,1 0,8
Sumol 3,3 3,6 3,3 3,6 4,0
Frutis 1,5 0,2 1,6 0,2 0,1
Marcas Distr. 13,1 11,4 13,2 11,7 17,9
Outras Marcas 3,3 4,2 3,3 4,2 7,0
Néctares sem açúcar Ano 2006 Ano 2007 YTD 06 YTD 07 YTD 08
Vendas em valor 11.982 11.476 11.179 10.667 11.123
Var. % -4% -5% +4%
Compal Light 76,6 77,6 76,6 77,4 77,1
Santal 4,6 4,4 4,6 4,5 3,2
Sumol 3,0 3,2 3,0 3,1 3,6
Frutis 2,8 0,5 2,8 0,5 0,0
Marcas Distr. 12,8 14,2 12,8 14,3 15,9
Outras Marcas 0,2 0,1 0,2 0,1 0,0
Néctares com aditivos Ano 2006 Ano 2007 YTD 06 YTD 07 YTD 08
Vendas em valor 4.977 4.815 4.620 4.507 4.379
Var. % -3% -2% -3%
Compal Vital 82,2 86,8 81,9 86,9 92,6
Sumol Necplus 3,3 1,6 3,4 1,6 1,4
Pleno 8,3 5,2 8,4 5,2 1,4
Marcas Distr. 5,5 5,5 5,4 5,4 3,7
Outras Marcas 0,8 0,8 0,8 0,8 0,9
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Caso Sumol+Compal
Águas com gás com sabores Ano 2006 Ano 2007 YTD 06 YTD 07 YTD 08
Vendas em valor 10.135 8.568 9.578 7.920 7.743
Var % -15% -17% -2%
Frize ( COMPAL S.A.) 55,1 56,0 55,0 56,3 54,8
Castello 3,0 1,7 3,0 1,7 1,5
Vidago 9,2 1,3 9,3 1,4 0,0
Pedras 21,5 31,1 21,5 30,8 33,1
Carvalhelhos Limão 0,4 0,0 0,4 0,0 0,0
VIVAZ 0,1 0,0 0,1 0,0 0,0
Luso Fresh 8,8 4,2 8,9 4,5 1,1
MARCAS DISTR. 1,8 5,4 1,7 5,3 9,2
OUTROS FABR. 0,0 0,1 0,0 0,1 0,2
Fonte: Pesquisa do autor em AcNielsen, Vendas em valor INA Acumulado a Novembro 2008
Compal Clássico pretende ser a imagem por excelência de todo o universo Compal. Representa a
fruta da árvore, envolvida num ambiente de naturalidade, confiança e intemporalidade. É
consumido por um público alargado. Assina: Fruta que faz tão bem quanto sabe.
Compal Fresh representa o poder refrescante natural da fruta. Pretende dirigir-se a um público-
alvo jovem, ambientalmente consciente e que abraça causas. Encontra o seu posicionamento na
militância pelo Arrefecimento Global.
17
Caso Sumol+Compal
Compal Light pretende ser uma proposta de sabor com baixas calorias. É destinado ao público
feminino preocupado com beleza saudável e que não quer abdicar da qualidade na sua
alimentação. Procura o equilíbrio, bem-estar e prazer, encontra “As calorias pela metade, o sabor
por inteiro”.
Compal Vital foi relançada em 2006, com um novo posicionamento assente na protecção celular
como garantia de saúde a longo prazo (na composição dos seus néctares são privilegiados os
frutos considerados mais ricos em antioxidantes). Com este reposicionamento o Compal Vital
conseguiu conter as perdas que registava desde 2004 e criar uma sólida base de crescimento.
Lançada em Janeiro de 2006, Compal Essencial pretende ser uma resposta para quem, por
reconhecer a necessidade e importância do consumo diário de fruta, procura uma solução de
conveniência e naturalidade. A fruta é essencial e o “Essencial é a fruta”. A equivalência de uma
unidade de consumo a uma peça de fruta era, até então, um conceito desconhecido.
A gestão de marcas, assumida pela Sumolis Gestão de Marcas, desempenhou também um papel
relevante no grupo Sumol. A sua marca estrela, a Sumol, foi pioneira em Portugal na produção de
refrigerantes de sumo de fruta pasteurizado. Dirigindo-se a um público jovem e adoptando como
principal vector de comunicação a associação a séries televisivas e eventos destinados a este
público-alvo, a marca Sumol conseguiu, em 2007, minimizar as suas perdas de volume (-3,3%)
enquanto o mercado registou uma queda de 8,7%.
4
HORECA – Canal de venda que engloba Hotéis, Restaurantes e Cafés
18
Caso Sumol+Compal
Também a 7UP, segunda marca de refrigerantes do grupo, reforçou a sua quota de mercado
atingindo os 65,4% no segmento das bebidas de Lima-Limão.
A marca Pepsi, cresceu 15,6% em volume o que permitiu cifrar a sua quota, no mercado das
colas, nos 8%.
Inicialmente designadas como Marca Branca, pela imagem das suas embalagens totalmente
brancas, estavam conotadas como produtos de baixa qualidade que utilizavam matérias-primas de
qualidade inferior. Actualmente são designadas como Marcas de Distribuidor ou Marca Própria.
Adoptaram uma estratégia de seguidoras das marcas de fabricante líderes de mercado, Compal ou
Lipton como exemplo. Recorreram a pequenas e médias empresas que se especializaram neste
tipo de fornecimento ou aos próprios fabricantes de marcas que pretenderam optimizar a sua
capacidade produtiva instalada produzindo Marcas Próprias.
19
Caso Sumol+Compal
A entrada do retalhista Lidl no mercado português veio dar o estímulo que faltava aos puros
“discount” para se imporem no mercado. Apostou nas suas marcas próprias, na simplicidade, e na
ausência quase absoluta de desperdícios de recursos e na optimização do espaço das lojas e das
operações (sortido reduzido apenas às referências de alta rotação; exposição em palete e em caixa
expositora). A Lidl conseguiu, assim, implementar e solidificar a sua estratégia de baixo custo.
Actualmente 40% do total de litros de IcedTea (refrigerante de chá) consumidos em Portugal são
da marca SOLEVITA (Lidl) sendo a sua quota em valor apenas de 31% (Quadro 8) devido baixo
preço por litro.
A estratégia de baixo custo da Lidl, mantendo a sua génese de “discount”, tem vindo a sofrer
adaptações ao mercado no sentido de valorizar a sua oferta. Fruto do interesse das marcas de
fornecedor em estarem presente nas suas lojas e do valor acrescentado que estas aportam, a Lidl
optou por ter em linha a marca líder de cada segmento de mercado. Contudo, o sortido é
estritamente limitado às referências que asseguram os maiores volumes de vendas. Este facto,
bem como a abertura para acções ao consumidor final (ainda que segundo regras muito restritas,
e utilizando apenas as ferramentas de promoção disponibilizadas pela insígnia), demonstra uma
aproximação ao conceito mais genérico de retalhista.
20
Caso Sumol+Compal
O segundo factor de relançamento das marcas de distribuidor foi iniciado pelo reposicionamento
estratégico assumido pela Jerónimo Martins através das suas lojas Pingo Doce. Em 2002,
abandonou o posicionamento de exclusividade, assente em preços elevados, para ancorar a sua
nova estratégia em baixos custos. O grande enfoque no desenvolvimento da sua marca de própria
e na racionalização do sortido levou à cessação da comercialização de 22% das marcas de
fornecedor e à minimização da complexidade da sua operação logística.
Esta cadeia conta actualmente com 210 lojas de proximidade (acrescem 37 lojas Feira Nova),
cuja proposta de valor realça a qualidade dos produtos alimentares perecíveis, a inovação das
MDD, os preços estáveis e competitivos, e o ambiente de compra agradável.
Em Julho de 2008, a par com actualização da sua imagem e com fortíssimas campanhas de
comunicação (dando conta da sua política de baixos preços e avocando indiferença entre a
qualidade dos produtos da sua marca própria relativamente às marcas de fabricante), o Pingo
Doce relançou a sua marca de sumos e néctares, até agora adormecida pela falta de aceitação das
suas propostas de sabor. Com novas fórmulas de qualidade sensorial bastante competitiva e com
embalagens atraentes e em linha com toda nova imagem da loja, rapidamente a suas vendas
nestes segmentos alcançaram volumes inesperados.
21
Caso Sumol+Compal
A relação entre o grupo Shwartz (detentor da insígnia Lidl) e a Meg no segmento dos
refrigerantes e das águas é exemplo de parcerias entre os grandes grupos da distribuição e
empresas fabricantes, criando e partilhando de unidades fabris como forma de integração vertical
da cadeia de valor.
O enquadramento económico que a Sumol+Compal enfrenta agora rege-se pela agressividade dos
preços de venda ao público e por motivações de compra que privilegiam escolhas relacionadas
com custos, em contraponto com escolhas baseadas em confiança nas marcas com história e
tradição no mercado.
Tendo em conta o texto do caso, e outras informações que considere relevantes, construa uma
análise da envolvente externa, interna e externa/interna, de forma a criar um enquadramento tão
elucidativo quanto o possível para a Sumol+Compal e a sua envolvente.
22
Caso Sumol+Compal
Esta questão pretende ser um condutor de aprendizagem da formulação estratégica, pelo que deve
ser um processo dinâmico de explicação da teoria alternando com confronto com o texto.
Contudo, deixa-se uma proposta de questão que pode ser considerada se o docente pretender
colocar a questão apenas no final da sua explanação teórica: Considerando o enquadramento
resultante da análise da envolvente e interna da Sumol+Compal, construa a sua proposta de
formulação estratégica incluindo Visão, Missão; Objectivos Globais e Estratégicos; Factores
Críticos de Sucesso; e Valores para empresa comentando a actual proposta expressa no texto.
Considerando as perspectivas de Michael Porter (1985), Wheelen & Hunger (2008); W.Chan
Kim e Renée Mauborgne (2007); Richard Lynch (2003) identifique quais as melhores opções
estratégicas que a Sumol+Compal deve tomar no sentido de atingir os seus objectivos e cumprir a
sua Missão e Visão.
Questão 4: Opcional
3- Nota Pedagógica
23
Caso Sumol+Compal
Para cursos Executivos, dado o carácter prático e estratégico do caso, considera-se de grande
interesse para quadros superiores e médios que desempenhem ou pretendam desempenhar
funções com cariz estratégico nas suas empresas.
Numa perspectiva mais restrita, considerando a natureza da ameaça de MDD levantada no caso, é
especialmente relevante para gestores cuja actividade profissional esteja relacionada com
mercados em que se sinta uma presença significativa de marcas de distribuição, sejam eles
alimentares ou não.
A recente evolução das MDD veio alterar o paradigma estratégico de várias empresas
fornecedoras de produtos de grande consumo. As estratégias das empresas nestes mercados são
díspares entre si e em relação às estratégias das MDD.
24
Caso Sumol+Compal
Este caso de estudo tem como inspiração a importância do pensamento estratégico para as
organizações empresariais.
Para melhor compreender o que é Estratégia importa identificar as áreas que a influenciam
(Quadro 10) e quais as perspectivas das várias escolas de pensamento propostas por José Crespo
Carvalho e José Cruz Filipe (2006) (Quadro 11).
25
Caso Sumol+Compal
Transformação das espécies como forma de adaptação ao meio envolvente e garante de Darwin,1979; Malthus,
Biologia
sobrevivência. 1798
Organizações consideradas como sistemas, cujo valor é superior à simples soma das partes, Bertalanffy, 1993;
Teoria dos Sistemas
que interagem com o ambiente influenciando-se mutuamente em relações de causa-efeito. Forrester, 1999
Coase, 1988; Arrow, 1974;
Teoria Económica Teoria de Custos de Transacção como justificação para criação e crescimento das empresas. Williamson, 1995; Simon,
1997
Habermas, 2007; Crozier,
Sociologia e Filosofia Influência das formas de agir na determinação da estratégia.
1991
Estratégia definida pela visão do lider, e pela sua capacidade de mobilização da organização
Empreendedora
em torno da sua visão.
26
Caso Sumol+Compal
No sentido de definir este conceito de forma abrangente e não redutora, Mintzberg (1987)
identifica 5 perspectivas distintas. O autor descreve estratégia como: Plano - forma de ganhar um
jogo com regras pré-estabelecidas em que o processo de análise assume um papel de relevo;
Padrão – comportamento consistente e padronizado; Posição – meio de ajustamento entre o
exterior e interior da organização; Perspectiva – determinação da forma partilhada como a
organização vê o mundo, o ponto focal nesta abordagem é a partilha da mesma perspectiva no
interior da organização; Artimanha – manobra intencional ou não para vencer um oponente pela
astúcia.
27
Caso Sumol+Compal
de focalização nos aspectos que são estrategicamente relevantes e com uma melhoria na
compreensão da envolvente.
Neste sentido, a gestão da estratégia pretende dar resposta às seguintes questões:
Onde estamos?
Para onde queremos ir?
Como vamos lá chegar e qual o melhor caminho?
Como podemos assegurar que chegámos ao destino?
Nas próximas páginas explora-se o contributo de cada uma destas perguntas e quais as
ferramentas de análise que melhor contribuem para formular a resposta mais adequada.
Uma análise da envolvente global permite identificar os factores políticos, económicos, sociais e
tecnológicos que podem influenciar decisões de longo prazo e sobre os quais a organização não
tem influência. Esta estrutura de análise é frequentemente designada pelo acrónimo: PEST.
A análise da indústria pretende ilustrar a envolvente em que a organização se insere e com a qual
contacta nas suas operações diárias. Esta análise deve identificar:
o tipo de estrutura da indústria. Pode assumir características de monopólio, oligopólio ou
competição;
as barreiras à entrada e à saída da indústria. Representam o esforço necessário à entrada de
um novo concorrente e o grau de dificuldade de saída de um concorrente actual;
28
Caso Sumol+Compal
A análise interna tem como objectivo identificar pontos fortes e pontos fracos da empresa. Desta
forma, pretende detectar competências nucleares e vantagens competitivas que a empresa deve
conseguir sustentar e que ditam a sua performance a longo prazo.
Nos próximos parágrafos identificam-se factores a ter em conta, bem como alguns modelos na
análise desta dimensão.
A cultura da empresa faz parte das suas valias mais diferenciadoras, engloba os seus
comportamentos, expectativas, valores aprendidos e partilhados. Pelo seu carácter intangível e
muitas vezes inexplicável torna-se impossível reproduzir ou imitar.
A estrutura da empresa pode ser determinante na sua capacidade de adaptação e de resposta aos
requisitos do meio envolvente. Neste sentido, importa identificar qual a estrutura organizacional
adoptada pela empresa. Poderá ser de tipo hierárquica; staff and line; matricial; ou divisional.
29
Caso Sumol+Compal
A análise da cadeia de valor proposta por Porter (1985) permite identificar a distribuição do
consumo dos recursos da empresa pelas suas actividades primárias e de suporte. Desta forma, é
possível reconhecer fontes de vantagem competitiva ou, pelo contrário, fraquezas da parte da
organização.
O modelo 7S, desenvolvido pela consultora McKinsey na década de 80, permite sistematizar a
informação relativa à estratégia, à estrutura, aos sistemas, às capacidades, aos valores partilhados,
aos recursos humanos e aos estilos de liderança. A interacção entre estas 7 dimensões espelha a
forma como a organização opera.
30
Caso Sumol+Compal
A Visão é uma declaração com um carácter holístico, até mesmo utópico. É o sonho inspira a
organização. Deverá ser formulada com uma frase curta, inspiradora, facilmente perceptível e
memorável.
A Missão tem um carácter mais factual da empresa, não deixando de estar alinhada com os
restantes pontos da formulação estratégica. Identifica qual o propósito da sua actividade, o que a
distingue das restantes empresas do sector e qual a relação que a empresa pretende ter com as
partes interessadas.
Uma primeira dimensão genérica define os objectivos de longo prazo de uma forma abrangente,
sem horizonte temporal nem definição quantitativa. Os objectivos específicos, por oposição,
devem ser determinados com um horizonte temporal definido e com uma dimensão quantitativa
31
Caso Sumol+Compal
clara no sentido de serem, posteriormente, mensurados. Devem ser ambiciosos mas atingíveis. É
fundamental que estejam em consonância com a Visão e Missão anteriormente definidas.
3.3.2.3 - Valores
Definem o conjunto de sentimentos estruturantes da cultura da empresa, representam o seu
âmago. É em torno deles que se alinham os comportamentos dos colaboradores.
Identificam as variáveis que a organização tem de cumprir no sentido de ser bem sucedida. São
condições sem as quais a empresa não tem capacidade de gerar e sustentar uma vantagem
competitiva que lhe permita operar tanto na indústria como nos mercados em que se insere.
Segundo Michael Porter (1985), para construir a uma vantagem competitiva sustentável, as
empresas devem optar por uma de duas estratégias: baixo custo ou diferenciação. Qualquer outra
posição, que não assuma uma destas orientações, fica no meio da estrada (stuck in the middle) e
não é entendida como a melhor opção por nenhum segmento do mercado, pelo que não é
sustentável. Estas estratégias, custo ou diferenciação, podem dirigir-se a um mercado-alvo de
espectro estreito (nicho), neste caso são consideradas como focalização.
32
Caso Sumol+Compal
33
Caso Sumol+Compal
Considerando, por analogia, que as empresas se gladiam em oceanos vermelhos manchados pelo
sangue derramado, W. Chan Kim e Renée Mauborgne (2007) defendem que as empresas devem
procurar oceanos azuis, isto é, territórios ainda não explorados que, consequentemente, não estão
ainda sujeitos a guerras concorrenciais. Segundo os autores, na determinação da estratégia da
empresa, por oposição à usual determinação de tendências de mercado, é necessário pensar além
das fronteiras tradicionais da indústria e redesenhá-las no sentido de criar novos oceanos azuis.
As estratégias prescritivas baseiam-se numa estratégia mais perene e menos flexível. Ainda que a
monitorização seja uma condicionante da estratégia, assume um carácter de longo prazo. A
34
Caso Sumol+Compal
estratégia, uma vez definida, é implementada, sendo o ciclo de reformulação estratégica bastante
mais alargado, quando comparado com as estratégias emergentes.
De acordo com Wheelen & Hunger (2008), o processo de avaliação e controlo deve conter 5
passos:
1. a definição das variáveis a serem medidas;
2. a definição dos resultados esperados de cada uma das variáveis;
3. a medição da performance das medidas previamente definidas;
4. a comparação da performance verificada com os resultados esperados;
5. a implementação de medidas correctivas, quando os resultados não estiverem de acordo com
os esperados.
35
Caso Sumol+Compal
autores, a estratégia deve ser colocada no centro do processo de gestão e não pode ser executada
sem que seja compreendida.
Análise PEST
36
Caso Sumol+Compal
37
Caso Sumol+Compal
Entrantes
potenciais
Outras Partes
Interessadas
Rivalidade na
Clientes
Indústria
Fornecedores
Substitutos
38
Caso Sumol+Compal
Complementos
Concorrentes
Cultura e estrutura
Identificação dos elementos constituintes da sua cultura e da sua estrutura. Os valores da empresa
assumem um papel de destaque na sua cultura. Representam a sua essência.
Vantagens Competitivas
Identificação das competências e dos recursos únicos no mercado que a Sumol+Compal deve
desenvolver, explorar e defender, no sentido de sustentar a sua competitividade no mercado.
Reconhecimento das 7 dimensões da análise de Booms e Bitner (1981): Produto, Preço, Local,
Promoção, Pessoas, Processos e Evidência Física, considerando desta forma que incorpora o
modelo de 4Ps de McCarthy (1960).
39
Caso Sumol+Compal
Análise SWOT
Sugere-se que sejam propostas a Visão e Missão, os Objectivos Globais e Específicos, os Valores
e os Factores Críticos de Sucesso. Sugere-se, igualmente, que sejam identificadas as estratégias
mais adequadas e auspiciosas para a SUMOL+COMPAL à luz das propostas de Michael Porter
(1985), Wheelen & Hunger (2008); W.Chan Kim e Renée Mauborgne (2007); Richard Lynch
(2003).
Este caso pretende ser um suporte na exploração do pensamento estratégico, através do contacto
com ferramentas relevantes e consideradas na esfera empresarial. Pretende, ainda, incentivar a
40
Caso Sumol+Compal
Sugere-se que o caso seja disponibilizado aos alunos no final da aula cuja matéria leccionada
tenha sido a análise da envolvente externa e análise interna da empresa. Deve ser solicitada a sua
leitura e interpretação, e a utilização das ferramentas de análise da Envolvente Externa, Interna e
Externa/Interna (PEST; Tipos de Estrutura da Indústria; identificação das Barreiras à Entrada e à
Saída; identificação de Grupos Estratégicos; 5 forças de Porter (1985) e modelo de
Brandenburger e Nalebuff (1996); identificação da cultura e da estrutura Sumol+Compal;
identificação das vantagens competitivas; descrição das estratégias de Mintzberg (1987);
descrição dos 7Ps de Booms e Bitner (1981); análise SWOT; matriz de Produtos e Mercados de
Ansoff (1988); matriz A. D. Little (Wright, 1974).
Esta é uma tarefa que requer algum tempo de trabalho e uma forte dinâmica de grupo. Considera-
se que o tempo necessário à sua realização é 3 horas.
A coordenação do professor terá um papel fundamental nesta tarefa no sentido de manter o foco
da turma na informação relevante, durante os 30 minutos previstos para a sua execução.
41
Caso Sumol+Compal
Esta tarefa deverá ocupar toda a segunda metade da aula, considera-se portanto 1 hora.
O segundo exercício, com carácter não obrigatório mas alertados para os seus reconhecidos
benefícios, é a utilização dos conceitos contidos na formulação estratégica à sua esfera pessoal,
isto é, ao próprio aluno. Considera-se este último exercício francamente enriquecedor pelo
42
Caso Sumol+Compal
evidente valor acrescentado que aporta a nível pessoal. Sentindo e reconhecendo esta mais-valia,
a importância atribuída ao pensamento estratégico, na esfera empresarial, será significativamente
reforçada.
Tendo em conta o texto do caso, e outras informações que considere relevantes, construa uma
análise da envolvente externa, interna e externa/interna, de forma a criar um enquadramento tão
elucidativo quanto o possível para a Sumol+Compal e a sua envolvente.
Esta questão pretende ser um condutor de aprendizagem da formulação estratégica, pelo que deve
ser um processo dinâmico de explicação da teoria alternando com confronto com o texto.
Contudo, deixa-se uma proposta de questão que pode ser considerada se o docente pretender
colocar a questão apenas no final da sua explanação teórica: Considerando o enquadramento
resultante da análise da envolvente e interna da Sumol+Compal, construa a sua proposta de
formulação estratégica incluindo Visão, Missão; Objectivos Globais e Estratégicos; Factores
Críticos de Sucesso; e Valores para empresa comentando a actual proposta expressa no texto.
Considerando as perspectivas de Michael Porter (1985), Wheelen & Hunger (2008), W.Chan
Kim e Renée Mauborgne (2007), Richard Lynch (2003) identifique quais as melhores opções
estratégicas que a Sumol+Compal deve tomar no sentido de atingir os seus objectivos e cumprir a
sua Missão e Visão.
Questão 4: Opcional
43
Caso Sumol+Compal
3.7 – Resolução
As próximas páginas pretendem dar resposta às questões anteriormente formuladas.
Político
2006
Ministério da Educação emite referencial de produtos alimentares que devem e que não
devem ser fornecidos aos alunos nas escolas.
2009
Eleições dos deputados ao Parlamento Europeu.
Governo com maioria Socialista em Portugal (45,03%).
Forte contestação às políticas sociais e anti-crise do Governo.
Comissão Europeia discute: Eco-Label. Rótulo ecológico como sistema de certificação
ecológica para promoção de consumo e produção sustentáveis.
Económico
Crescimento de volume de vendas do comércio a retalho de 0,2% em Abril 2009, após 4
meses de perdas consecutivas.
Forte diminuição do número de lojas de retalho desde 1998 a 2007 (-28%, representa
8.288 lojas), com especial incidência na tipologia Mercearia e Puro Alimentar. Forte
crescimento de lojas de tipologia Livre-Serviço (665 novas lojas) e Super Pequeno (467
novas lojas).
Perda gradual de quota de vendas nos hipermercados, não obstante do aumento de 84%
do número de pontos de venda.
44
Caso Sumol+Compal
Económico (cont.)
Previsões intercalares da OCDE apontam, em Março 2009, para queda de 4,1% no PIB
da Zona EURO, 6,6% no Japão e 4,0% nos EUA.
Previsão do Banco de Portugal aponta, em Abril de 2009, para recessão económica em
3,5% substituindo a previsão publicada em Janeiro (-0,8%).
Comissão Europeia prevê 2,3% de Taxa de Inflação para Portugal em 2009.
Baixos índices de confiança: Indústria -31; Serviços -23; Consumidor -54; Retalho -26.
Altas taxas de desemprego: Portugal 8,3%; Euro área 8,5%; EUA 8,1%; Japão 4,4%
(Fevereiro 2009).
Social
Preço como factor central na decisão de compra. Pulverização de compras por várias
insígnias distribuição buscando promoções ou produtos únicos.
Tendência para privilégio de menores cabazes de compras em pequenas superfícies de
proximidade em substituição de grandes compras mensais
Forte valorização social da opção por produtos de marca de distribuição.
Destaque para a saúde nos Estilos de vida. Ênfase para preocupações relacionadas com
alimentação, especialmente obesidade infantil.
Grande destaque para questões sociais relacionadas com despedimentos colectivos por
falência. Crise económica com efeitos sociais profundos.
Esperança média de vida de 74,8 anos para os Homens e 81,3 anos para as Mulheres.
Tecnológico
Larga difusão dos computadores pessoais, com especial ênfase nas camadas sociais mais
jovens
Forte tendência para abertura de diálogo entre empresas e grupos de consumidores via
redes sociais virtuais.
Utilização generalizada, pelas cadeias de retalho, de sistemas de informação e análise de
hábitos de compra dos clientes via cartão de cliente.
Fonte: Autor
45
Caso Sumol+Compal
Soluções Soluções
Indiferenciadas Diferenciadas
Um Monopólio
Número de
Poucos Oligopólio puro Oligopólio Diferenciado
Vendedores
Inovação
Muitos Competição monopolística COMPETIÇÃO PURA
Fonte: Adaptado de Carvalho, José Crespo, Filipe, José Cruz, 2006
Fonte: Adaptado de Carvalho e Filipe, 2006
Esta indústria evidencia características de competição pura pela elevada quantidade de empresas
produtoras e pela quantidade de soluções diferenciadas que propõem ao mercado.
-
M
Dis
Entrantes
A entrada na produção e comercialização de bebidas não alcoólicas, bem como em todas as Comple
potenciais
restantes áreas alimentares, exige um forte investimento inicial em toda a cadeia de valor. Este
investimento deve contar com a necessidade de instalações fabris que se caracterizam por uma
Rivalidade na
Fornecedores Clientes Fornecedores Emp
Indústria
elevada exigência tecnológica; com a necessidade de desenvolvimento de produtos; com a
necessidade de investimento em conhecimento e em recursos humanos especializados; com a
necessidade de investimento na entrada nos distribuidores retalhistas e com campanhas de Concor
Substitutos
construção de marca e dinamização de vendas.
Por serem produtos de grande consumo, que fundeiam a sua rentabilidade na produção de
quantidades mínimas muito elevadas, o investimento em matérias-primas e material de
embalagem, bem como na armazenagem e em logística representa um investimento muito
significativo.
46 PR
Forças Fraquezas
Rede vendas com cobertura alargada Preços de venda elevados
Caso Sumol+Compal
Barreiras à saída
Fraca Forte
Negócios de forte
Forte Negócios de Especulação compromisso e de forte
Barreiras à investimento
-
Entrada Negócios de baixo Negócios de forte
Fraca compromisso e de baixo compromisso e de baixo
investimento investimento
Fonte: Adaptado de Carvalho, José Crespo, Filipe, José Cruz, 2006 -
Fonte: Adaptado de Carvalho e Filipe, 2006
Pode concluir-se que esta é uma indústria de forte compromisso e de forte investimento.
Entrantes
Com
potenciais
3.7.1.1.4 - Grupos estratégicos – Enquadramento dos grupos que compõem a indústria de acordo
com as duas variáveis consideradas mais representativas.
Rivalidade na
Fornecedores Clientes Fornecedores E
Indústria
As recentes alterações no mercado induzem a
Figura 5 – Análise de grupos estratégicos
consideração das variáveis Preço de venda e
Substitutos Con
+
Pingo
Discounts, de Hipermercados e Supermercados, Doce
de venda e à Inovação.67
Forças
ao factor Preço Fonte: Análise do Autor Fraquezas
Rede vendas com cobertura alargada Preços de venda elevados
Sortido alargado e completo Indifinição da cultura
6
Marcas de grande notoriedade e com Processo do fusão em curso com
MDD H+S – elevadas
Marca de quotas
distribuidor
de de hipermercados e supermercadosconsequente choque cultural
mercado
7
S+C – Sumol+Compal
Reconhecida capacidade de inovação Impossibilidade de comunicação com
47 Forte reconhecimento das empresas ( consumidor no acto de compra (
Sumolis e Compal) no mercado. distribuição)
Maior operador de bebidas não
alcoólicas no mercado Português
Sólida e vasta experiência acumulada
Caso Sumol+Compal
Podem ser considerados outros eixos de análise. Deixam-se três propostas cuja conjugação aporta
valor acrescentado à análise: capacidade de influência do acto de compra; tradição de consumo;
confiança na marca.
3.7.1.1.5 - 5 Forças de Porter (1985) – Enquadramento das força competitivas que a empresa terá
de enfrentar na indústria a que pertence. Foi incluída a força proposta por Wheelen & Hunger
(2008): outras partes interessadas.
Entrantes
potenciais
Outras Partes
Interessadas
Rivalidade na
Clientes
Indústria
Fornecedores
Substitutos
Clientes – Os clientes representam a ponte entre o produtor e o consumidor, o seu poder negocial
é muito forte. São proprietários dos espaços comerciais fundamentais para o acesso ao
consumidor, onde ditam as regras que regem o acesso e a presença na loja. São eles próprios
concorrentes com as suas propostas de Marca de Distribuição, réplicas das referências de maior
48
Caso Sumol+Compal
aceitação no mercado. As compras e fusões entre operadores de retalho vêm reforçar o seu poder
negocial junto dos fornecedores.
Substitutos – Podem ser consideradas como substitutas as bebidas alcoólicas, como os vinhos,
ou os lácteos, como leite e seus derivados (iogurtes). As últimas são propostas com grande poder,
são a principal fonte de investimento em comunicação publicitária.
Outras Partes Interessadas – A inclusão da força das partes interessadas proposta por Wheelen
e Hunger (2008), reveste-se especial relevância nas indústrias alimentares. O seu poder é forte.
Aponta-se como exemplo as recentes preocupações com a alimentação e a obesidade
(especialmente a infantil) conduziram à criação de legislação restrições fortes no acesso a pontos
de venda situados nas escolas.
3.7.1.1.6 - Modelo de Brandenburger & Nalebuff (1996) Value Net – Enquadramento das forças
competitivas do mercado considerando também a possibilidade de cooperação (complementos).
Este modelo pretende complementar às 5 forças de Porter (1985).
A colaboração nesta indústria, ou neste mercado, parece não estar ainda explorada. Os exemplos
que existem são ocasionais e não têm expressão significativa.
Complementos
Concorrentes
49
Caso Sumol+Compal
A Sumol+Compal, tal como o nome indica, resulta da recente fusão das duas empresas. Eram
empresas com um longo passado e, como tal, tinham os seus traços culturais intensamente
vincados e em muitos pontos antagónicos, tome-se como exemplo as estratégias de crescimento
distintas que adoptaram.
Foram definidos os valores que representam o núcleo da cultura Sumol+Compal (respeito e apoio
entre colegas; cumprimento dos compromissos assumidos; capacidade de inovação), contudo, a
nova cultura começa apenas agora a ser construída. Este é um processo de aprendizagem e
interiorização de valores, de comportamentos e de práticas que carece ainda da concretização em
actos e práticas consistentes que edifiquem a cultura da Sumol+Compal.
Foi, igualmente, definida a política de gestão que identifica linhas orientadoras de conduta nas
relações com as partes interessadas, e os métodos de gestão buscando eficácia e eficiência.
Também esta declaração, pelo seu carácter intencional, carece da sua materialização e
comprovação.
Se as diferenças culturais que marcaram a história longa das empresas agora extintas são uma
barreira a ultrapassar, o conhecimento adquirido, e agora, partilhado, e as sinergias resultantes
fusão das vantagens competitivas são seguramente factores promissores de sucesso.
50
Caso Sumol+Compal
o alargado sortido. Permite uma oferta completa, que é especialmente relevante no canal
Horeca (hotéis restaurantes e cafés). A possibilidade de satisfação da totalidade das
necessidades destes estabelecimentos é fortemente valorizada pelo comprador.
a alargada rede de distribuição e comercialização. Permite o conhecimento profundo do
mercado e a criação de relações fortes com os pontos de venda, que resulta numa presença
massificada e numa correcta exposição dos produtos. Esta cobertura é motivo de confiança
por parte de outras empresas que vêem na Sumol+Compal a solução para representação das
suas marcas (Pepsi, 7Up, Lipton).
o forte enraizamento, no mercado, das marcas comercializadas. A qualidade reconhecida dos
produtos Sumol+Compal e a construção de marcas fortes e de confiança, que fazem parte dos
hábitos de consumo diários considerados como saudáveis, são fontes de sólida vantagem
competitiva.
a forte capacidade de inovação. Os produtos de grande consumo, pelo baixo custo e baixo
risco de substituição que os caracterizam, necessitam de uma construção constante da relação
com o consumidor. A capacidade de inovação desempenha um papel fundamental nesta
relação, cativando novos consumidores e fidelizando os actuais.
51
Caso Sumol+Compal
3.7.1.2.4 – 7 P’s (Booms e Bitner, 1981) – Descrição de Produto, Local (Place), Preço,
Promoção, Pessoas, Processos; Evidência Física (Physical Evidence)
Produto – Sumos, Néctares e Doses de fruta; Refrigerantes de fruta com e sem gás;
Refrigerantes com gás (Cola e Lima Limão); Iced Tea; Águas com e sem gás; Cervejas;
Vegetais e Derivados de Tomate. (Restantes produtos sem expressão estratégica ou
comercial);
Preço – Preço elevado, justificado pela qualidade superior e pela inovação;
Local (Place) – A Sumol+Compal conta com 8 centros de distribuição e 4 fábricas que
abastecem os armazéns de retalhistas, os distribuidores, os Horeca (hotéis, restaurantes e
cafés), e grossistas. As vendas ao público registam uma cobertura nacional através presença
nas redes dos clientes retalhistas e Horeca;
Promoção – Forte presença nos meios de comunicação de massas;
Pessoas – A Sumol+Compal conta com 1386 colaboradores. São pessoas com
relacionamentos saudáveis que abarcam o respeito e apoio entre colegas, o cumprimento dos
compromissos assumidos e a capacidade de inovação;
Processos – Os processos compreendem a definição de objectivos, iniciativas e metas; a
rapidez e o fundamento da tomada de decisão, e a abordagem por processos;
Evidência Física (Physical Evidence) – A Sumol+Compal está representada por 13
delegações, que incluem centros de distribuição, fábricas e escritórios. A sede actual está
localizada em Carnaxide, Portugal.
52
Caso Sumol+Compal
Forças Fraquezas
Oportunidades Ameaças
Aumento da consciencialização da Eficazes estratégias de baixo custo das
necessidade de uma boa alimentação; marcas de distribuidor
Evidência do consumo de fruta nas dietas Rápida reprodução da inovação pelas
alimentares consideradas como de melhor marcas de distribuidor
qualidade; Potencial integração vertical da cadeias
Novos momentos de consumo de distribuição a retalho
proporcionados pela escassez de tempo Débil enquadramento económico e social
livre; Elevados aumentos de custos de
Valorização da inovação pelo produção pela escassez de matéria-prima.
consumidor.
53
Caso Sumol+Compal
Focalizar Focalizar
Crescimento Rápido
Favorável Diferenciar Diferenciar Fazer esforço
Diferenciar
Defender Ferir pequenas
Aguentar ou retirar
Crescer com a indústria Aguentar ou retirar
Ténue Apostar em nicho Retirar
Focalizar Nicho
Procurar crescimento
Procurar um nicho
Fraca Nicho ou retirar Retirar Retirar
Tentar apanhar outros
54
Caso Sumol+Compal
3.7.2.1 – Visão
A formulação da Visão de uma organização deve respeitar algumas regras de forma a cumprir o
objectivo de reunir os colaboradores em torno de um sonho. A Visão, tal como todos os
elementos da formulação estratégica, encontra a sua razão de existência na comunhão de todos os
colaboradores. Neste sentido, é de especial relevância o seu carácter utópico, sonhador, vencedor
e imaterial. Deve ser facilmente compreendida e memorizável. Não pretende ser específica ou
redutora. É a definição de um estado difícil de atingir mas que se atinge todos os dias.
Tendo em conta estes pressupostos, considera-se que a Visão, de que as frutas, os vegetais e a
água são uma fonte incontornável de prazer, hidratação e nutrição para os consumidores, de que
esta realidade conjugada com diversas tendências da sociedade actual, nomeadamente, a procura
de dietas equilibradas, cria enormes oportunidades nalguns mercados, em especial, nos de
bebidas de alta rotação e de que o desenvolvimento destas oportunidades é um desafio
permanente e inspirador, de forma que, nos mercados onde a SUMOL+COMPAL esteja presente,
cada consumidor eleja e consuma um produto por dia do seu portfólio, pode ser aperfeiçoada nos
seguintes aspectos:
reforço do carácter utópico e sonhador. Centra-se numa oportunidade ou tendência do
mercado, e não num sonho;
ampliação das áreas de actividade para além das frutas, dos vegetais e das águas;
simplificação da sua compreensão e memorização por todos os colaboradores, concretizando
o seu objectivo de declaração inspiradora da empresa.
Não obstante a sua produção ser, maioritariamente, bebidas não alcoólicas, a sua capacidade de
expansão para além deste mercado não deve ser limitada, pelo que se propõe como Visão:
55
Caso Sumol+Compal
Esta é uma Visão utópica mas inspiradora e que enche de orgulho os seus colaboradores. É
garantia de elevação e confiança para todas as partes interessadas da empresa.
3.7.2.2 – Missão
A Missão identifica em que negócio a empresa se encontra, espelha a razão da sua existência, a
sua actividade e as características que a distinguem das demais empresas do mercado. Por
oposição à perenidade da Visão, a Missão deve ser revista com a frequência necessária para que
possa estar em concordância com a envolvente da empresa.
Considera-se que a Missão que melhor espelha a razão da existência da Sumol+Compal pode ser
encontrada na declaração que agora se sugere:
Esta proposta pretende realçar a importância da qualidade dos produtos e das marcas como
garante dessa qualidade junto do consumidor final, a importância da sua satisfação e a
importância da sustentabilidade financeira como garante do futuro da empresa.
3.7.2.3 – Objectivos
56
Caso Sumol+Compal
Como objectivos mais abrangentes, considera-se que a Sumol+Compal deve ter como referência
o seu crescimento nos mercados internacionais, e a liderança do mercado Português de bebidas,
incluindo cervejas e colas.
Objectivos Específicos:
Atingir uma distribuição mínima de 70% nos canais de retalho dos principais mercados
Europeus nos próximos 3 anos;
Atingir uma notoriedade espontânea mínima de 40% nos principais mercados Europeus nos
próximos 5 anos nas marcas Sumol e Compal;
Proceder, anualmente, a inquéritos de satisfação cujos resultados devem superar em 10 pontos
percentuais os resultados do inquérito do ano anterior.
Conquistar, em 5 anos, uma quota de mercado em volume superior em 2 pontos percentuais à
quota do principal concorrente no mercado de bebidas em Portugal
3.7.2.4 – Valores
57
Caso Sumol+Compal
A estratégia Sumol+Compal, tanto na sua definição inicial como na que se propõem actualmente,
é ambiciosa e exigente pelo que os valores sugeridos são essenciais na prossecução dos
objectivos.
Os Factores Críticos de Sucesso são condições sem as quais a empresa não tem capacidade de
gerar e sustentar uma vantagem competitiva que lhe permita operar na indústria ou nos mercados
em que se insere.
Os objectivos da Sumol+Compal agora traçados, gravitam em torno de uma Visão e uma Missão
cujo fundamento é o reconhecimento internacional pela qualidade e notoriedade das suas marcas.
Considerando a as perspectivas de Michael Porter (1985), Wheelen & Hunger (2008); W.Chan
Kim e Renée Mauborgne (2007); Richard Lynch (2003) identifique quais as melhores escolhas
estratégicas que podem permitir à Sumol+Compal atingir os seu Objectivos e cumprir a sua
Missão e Visão.
58
Caso Sumol+Compal
Tendo por base as análises feitas na questão 1, com especial relevância para a identificação dos
grupos estratégicos, e a formulação estratégica definida na questão 2 considera-se que a estratégia
genérica de Porter (1985), ser implementada deve ser a Diferenciação para o alvo alargado.
Alvo
Focalização
Estreito
Sugere-se que o valor acrescentado e a inovação sejam o foco das marcas da Sumol+Compal que
justifica desta forma o preço superior a cobrar pelas suas marcas. As estratégias de baixo custo
são o território das Marcas de Distribuição.
Deve, contudo, ser levantada uma questão: Sabendo que a fusão aproxima duas empresas de
culturas distantes e marcadas, não seria prudente adoptar inicialmente uma estratégia Pausa e
Progresso?
59
Caso Sumol+Compal
60
Caso Sumol+Compal
Valores Valores
Fontes de Vantagem Competitiva Fontes de Vantagem Competitiva
Cultura Cultura
Estratégia Sumol+Compal
Visão
Missão
Política de Gestão
Valores
Marcas de Distribuição
Enquadramento e Estratégia
Factores que conduziram ao relançamento
Crescimento Lidl e Estratégia Pingo Doce
Fonte: Autor
61
Caso Sumol+Compal
Estrutura da Resolução
Análise
Envolvente
Global
Indústria
Ambiente
Valores
Interno
Envolvente Global
PEST
Indústria
Estruturas da Indústria Interna Externa/Interna
Barreiras à entrada e à saída Cultura SWOT
Grupos Estratégicos Vantagens Competitivas Matriz Ansoff
Forças de Porter Perspectivas de Mintzberg Matriz AD Little
Modelo de Brandenburger & Nalebuff 7 P’s
Formulação Estratégica
Visão Opções Estratégicas
Missão Estratégias Genéricas de Porter
Objectivos Estratégias Wheelen & Hunger
Valores Estratégias W.Chan Kim e Renée Mauborgne
Factores Críticos de Sucesso Estratégias Richard Lynch
Fonte: Autor
62
Caso Sumol+Compal
Análise PEST
Factores Políticos
2006
Ministério da Educação emite referencial de produtos alimentares que devem e que
não devem ser fornecidos aos alunos nas escolas.
2009
Eleições dos deputados ao Parlamento Europeu.
Governo com maioria Socialista em Portugal (45,03%).
Forte contestação às políticas sociais e anti-crise do Governo.
Comissão Europeia discute: Eco-Label. Rótulo ecológico como sistema de
certificação ecológica para promoção de consumo e produção sustentáveis.
Factores Económicos
Crescimento de volume de vendas do comércio a retalho de 0,2% em Abril 2009,
após 4 meses de perdas consecutivas.
Forte diminuição do número de lojas de retalho desde 1998 a 2007 (-28%,
representa 8.288 lojas), com especial incidência na tipologia Mercearia e Puro
Alimentar.
Forte crescimento de lojas de tipologia Livre-Serviço (665 novas lojas) e Super
Pequeno (467 novas lojas).
Perda gradual de quota de vendas nos hipermercados, não obstante do aumento de
84% do número de pontos de venda.
Previsões intercalares da OCDE apontam, em Março 2009, para queda de 4,1% no
PIB da Zona EURO, 6,6% no Japão e 4,0% nos EUA.
Previsão do Banco de Portugal aponta, em Abril de 2009, para recessão económica
em 3,5% substituindo a previsão publicada em Janeiro (-0,8%).
Comissão Europeia prevê 2,3% de Taxa de Inflação para Portugal em 2009.
Fonte: Autor
63
Caso Sumol+Compal
Fonte: Autor
64
Caso Sumol+Compal
Estruturas da Indústria
O tipo de estrutura identifica a intensidade da competição que se pode encontrar nos
mercados que a empresa satisfaz. Soluções Soluções
Indiferenciadas Diferenciadas
Um Monopólio
Número de
Poucos Oligopólio puro Oligopólio Diferenciado
Vendedores
Inovação
Muitos Competição monopolística COMPETIÇÃO PURA
Fonte: Adaptado de Carvalho, José Crespo, Filipe, José Cruz, 2006
Fonte: Adaptado de Carvalho e Filipe, 2006
-
MDD
Discoun
Representam o esforço necessário à entrada de um novo concorrente e o grau de
dificuldade de saída de um concorrente actual. -
Barreiras à saída
Fraca Forte
Entrantes Negócios de forte Complementos
Forte potenciais
Negócios de Especulação compromisso e de forte
Barreiras à investimento
-
Entrada Negócios de baixo Negócios de forte
Fraca compromisso e de baixo
Rivalidade na compromisso e de baixo
Fornecedores investimento Clientes
investimento Fornecedores Empresa
Indústria
Fonte: Adaptado de Carvalho, José Crespo, Filipe, José Cruz, 2006 -
Fonte: Adaptado de Carvalho e Filipe, 2006
estratégias.
Marca
Inovação
Pingo
Substitutos Doce Conc
MDD
H+S
PRÁTICA
Outras Partes
Interessadas
Rivalidade na
Clientes
Indústria
Fornecedores
Substitutos
Rivalidade na Indústria - concorrência acérrima como resultado dos baixos custos de substituição
dos produtos de grande consumo;
Clientes – São o acesso aos consumidores. Ditam as suas próprias regras e são concorrentes com as
suas MDD;
66
Caso Sumol+Compal
Cultura
Identificação dos elementos estruturantes da cultura da Sumol+Compal, que se irão
materializar nas práticas da empresa.
Heróis
Rituais
PRÁTICAS Valores
Valores
Respeito e apoio entre colegas;
Cumprimento dos compromissos assumidos;
Capacidade de inovação
Política de gestão - identifica linhas orientadoras de conduta nas relações com as partes
interessadas, e nos métodos de gestão buscando eficácia e eficiência.
Vantagens Competitivas
Identificação das competências e dos recursos únicos no mercado que a Sumol+Compal
deve desenvolver, explorar e que deve defender no sentido de sustentar a sua
competitividade no mercado.
Vantagens competitivas Sumol+Compal:
sortido alargado
rede de distribuição e comercialização alargada
comercialização de marcas fortemente enraizadas no mercado;
capacidade de inovação
Fonte: Autor
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Caso Sumol+Compal
Evidência
Produto
Física
Elevado Justificado
Política de
Processos Preço pela qualidade
Gestão
Local
Pessoas (Place)
1386 8 Centros de
Promoção
colaboradores Distribuição e
4 Fábricas
Forte presença e meios
comunicação de massas
Fonte: Adaptado de Booms e Bitner, 1981
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Caso Sumol+Compal
Análise SWOT
Permite conjugar as oportunidades e ameaças da envolvente com os pontos fortes e pontos
fracos internos no sentido de identificar alternativas estratégicas possíveis.
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Caso Sumol+Compal
Matriz de AD Little
Conjugação do estádio do ciclo de vida da indústria com a posição competitiva da empresa,
identificando os caminhos estratégicos mais adequados.
Focalizar Focalizar
Crescimento Rápido
Favorável Diferenciar Diferenciar Fazer esforço
Diferenciar
Defender Ferir pequenas
Aguentar ou retirar
Crescer com a indústria Aguentar ou retirar
Ténue Apostar em nicho Retirar
Focalizar Nicho
Procurar crescimento
Procurar um nicho
Fraca Nicho ou retirar Retirar Retirar
Tentar apanhar outros
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Caso Sumol+Compal
Formulação Estratégica
Visão
Ser e ser, internacionalmente, reconhecida como a empresa de referência
em produtos alimentares.
Missão
Fabricar bebidas não alcoólicas de reconhecida qualidade, suportadas por marcas de
grande notoriedade, que sejam a primeira escolha dos consumidores na satisfação das
suas necessidades e com rentabilidade para a empresa.
Objectivos
Objectivos Globais (Goals)
Ganhar distribuição e notoriedade em todas as marcas nos mercados internacionais;
Construir, internacionalmente, uma imagem de marca de qualidade superior
Atingir a liderança no mercado de bebidas em Portugal
Objectivos Específicos
Atingir uma distribuição mínima de 70% nos canais de retalho dos principais
mercados Europeus nos próximos 3 anos;
Atingir uma notoriedade espontânea mínima de 40% nos principais mercados
Europeus nos próximos 5 anos nas marcas Sumol e Compal;
Proceder, anualmente, a inquéritos de satisfação cujos resultados devem superar em
10 pontos percentuais os resultados do inquérito do ano anterior.
Conquistar, em 5 anos, uma quota de mercado em volume superior em 2 pontos
percentuais à quota do principal concorrente no mercado de bebidas em Portugal
Valores
Cumprimento dos compromissos assumidos Capacidade de inovação
Fonte: Autor
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Caso Sumol+Compal
Alvo
Baixo Custo Diferenciação
alargado
Alvo
Focalização
Estreito
Fonte: Porter, 1980
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Caso Sumol+Compal
Falência
Oceano Vermelho
Propostas não diferenciadas
Oceano Azul
Redefinição das fronteiras do mercado desenvolvendo novas formas de abordagem ao
mercado.
Sugere-se uma bebida à base de fruta que reforce o sistema imunitário, destinado a um
público-alvo sénior, explorando a tendência de envelhecimento da população
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Caso Sumol+Compal
Visão
Desenvolvimento Selecção Implementação
Missão
de opções Racional
Objectivos
Análise Consideração do
dos Pelo menos uma vez estilo e estrutura
recursos organizativa
O caso centra-se na análise do mercado de bebidas não alcoólicas, fortemente marcado pela
crescente presença das marcas de distribuição, e na necessidade de formulação da estratégia da
recém formada Sumol+Compal.
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Caso Sumol+Compal
Podem ser identificados dois grupos estratégicos: as marcas de distribuição que seguem
estratégias de baixo preço e as marcas de fabricante que procuram implementar uma estratégia de
diferenciação que as demarque das anteriores e que justifique o preço mais elevado a pagar pelos
seus produtos.
Pela sua soberania no acesso ao cliente final, e pelo seu interesse estratégico de desenvolvimento
das suas marcas próprias, os distribuidores retalhistas gozam de um poder negocial muito forte. O
mesmo é verdadeiro a montante, pela escassez de matéria-prima os preços ganham elasticidade
significativa favorável ao fornecedor.
Acresce o facto das marcas de distribuição terem deixado de ser consideradas, pelos
consumidores, como produtos de menor qualidade. Os esforços de melhoria da qualidade
percebida das suas propostas e a sua forte comunicação, posicionando-as como alternativa
inteligente aos produtos de marca de fabricante, num ambiente económico marcado por baixos
índices de confiança do consumidor, criam um enquadramento profícuo para a aceitação de
propostas centradas no custo. As suas estratégias de baixo custo estão, inequivocamente, a ser
bem sucedidas.
O confronto directo com as marcas de distribuição seria uma estratégia com parcas
probabilidades sucesso, pelo que a alternativa mais interessante, para as marcas de fabricante, é a
adopção de uma estratégia de diferenciação.
As suas propostas devem ser claramente valorizadas e procuradas pelo consumidor, no sentido de
justificar o seu preço mais elevado e o seu espaço nos lineares, acrescentando valor ao sortido da
loja.
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Caso Sumol+Compal
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