4º Ano Vida e Obra Patativa Do Assaré
4º Ano Vida e Obra Patativa Do Assaré
4º Ano Vida e Obra Patativa Do Assaré
"Eu sou de uma terra que o povo padece Mas no esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla De riso na boca zomba no sofr. No nego meu sangue, no nego meu nome. Olho para a fome, pergunto: que h? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste, Sou cabra da Peste, sou do Cear."
BIOGRAFIA PATATIVA DO ASSAR Patativa do Assar era o nome artstico (pseudnimo) de Antnio Gonalves da Silva. Nasceu em 5 de maro de 1909, na cidade de Assar (estado do Cear). Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina. Dedicou sua vida a produo de cultura popular (voltada para o povo marginalizado e oprimido do serto nordestino). Com uma linguagem simples, porm potica, destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu tambm literatura de cordel, porm nunca se considerou um cordelista. Sua vida na infncia foi marcada por momentos difceis. Nasceu numa famlia de agricultores pobres e perdeu a viso de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento comeou a trabalhar na roa para ajudar no sustento da famlia. Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porm ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta poca, comeou a escrever seus prprios versos e pequenos textos. Ganhou da me uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade. Ganhou o apelido de Patativa, uma aluso ao pssaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta poca, comeou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou tambm diversas vezes na rdio Araripe. No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias Inspirao Nordestina. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Aps este livro, escreveu outros que tambm fizeram muito sucesso. Ganhou vrios prmios e ttulos por suas obras. Patativa do Assar faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal. Livros Inspirao Nordestina - 1956 Inspirao Nordestina: Cantos do Patativa -1967 Cante L que Eu Canto C - 1978 Ispinho e Ful - 1988 Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assar - 1991 Poemas mais conhecidos A Triste Partida Cante L que eu Canto C Coisas do Rio de Janeiro Meu Protesto Mote/Glosas Peixe
Cordis - 1993 Aqui Tem Coisa - 1994 Biblioteca de Cordel: Patativa do Assar - 2000 Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assar - 2001 Ao p da mesa 2001
O Poeta da Roa Apelo dum Agricultor Se Existe Inferno Vaca estrela e Boi Fub Voc e Lembra? Vou Vor
Cordel
Patativa, ao longo de sua vida, escreveu e publicou cerca de vinte folhetos de CORDEL. Dentre os quais se destacam: ABLIO E SEU CACHORRO JUPI, A MORTE DE ARTHUR PEREIRA ENVENENADO POR SUA FILHA FRANCISCA AMLIA, ALADIM E A LMPADA MARAVILHOSA, O PADRE HENRIQUE E O DRAGO DA MALDADE, dentre outros, todos em linguagem correta, como prtica comum nesse gnero desde os tempos de Leandro Gomes de Barros como se pode ver nesta obra a seguir:
Fonte: Assar, P. 2002. Histria de Aladim e a lmpada maravilhosa. RJ, Objetiva. A obra toda composta por 134 estrofes (o trecho acima corresponde s 10 primeiras) e foi originalmente publicada em 1976.
Poesia Matuta
O grosso da produo de Patativa do Assar so poemas matutos, onde a linguagem procura reproduzir o modo de falar dos sertanejos de outrora, como se pode ver nesta obra a seguir:
O BOI ZEBU E AS FORMIGAS Um boi zebu certa vez Moiadinho de su, Querem saber o que ele fez Temendo o calor do s Entendeu de demor E uns minuto cuchil Na sombra de um juazro Que havia dentro da mata E firmou as quatro pata Em riba de um formiguro. J se sabe que a formiga Cumpre a sua obrigao, Uma com outra no briga Veve em perfeita unio Paciente trabaiando Suas foia carregando Um grande inzempro revela Naquele seu vai e vem E no mexe com mais ningum Se ningum mexe com ela. Por isso com a chegada Daquele grande anim Todas ficaro zangada, Comeou a se aanh E foro se reunindo Nas pernas do boi subindo, Constantemente a subi, Mas to devag andava Que no comeo no dava Pra de nada senti. Mas porm como a formiga Em todo canto se soca, Dos casco at a barriga Comeou a frivioca E no corpo se espaiado O zebu foi se zangando E os cascos no cho batia Ma porm no miorava, Quanto mais coice ele dava Mais formiga aparecia. Com essa formigaria Tudo picando sem d, O lombo do boi ardia Mais do que na luz do s E ele zangado as patada, Mais fora incorporava, O zebu no tava bem, Quando ele matava cem, Chegava mais de quinhenta. Com a feio de guerrra Uma formiga animada Gritou para as companhra: - Vamo minhas camarada Acaba com os capricho Deste ignorante bicho Com a nossa fora comum Defendendo o formigro Nos somos muitos miro E este zebu s um. Tanta formiga chegou Que a terra ali ficou cheia Formiga de toda c Preta, amarela e verma No boi zebu se espaiando Cutucando e pinicando Aqui e ali tinha um moio E ele com grande fadiga Pruqu j tinha formiga At por dentro dos io. Com o lombo todo ardendo Daquele grande aperreio O zebu saiu correndo Fungando e berrando feio E as formiga inocente Mostraro pra toda gente Esta lio de mor Contra a farta de respeito Cada um tem seu direito At nas leis da natura. As formiga a defend Sua casa, o formigro, Botando o boi pra corr Da sombra do juazro, Mostraro nessa lio Quanto pode a unio; Neste meu poema novo O boi zebu qu diz Que os mando do pod, E as formiga o povo.