Introdução A Pontes de Concreto
Introdução A Pontes de Concreto
Introdução A Pontes de Concreto
So Carlos, 2007
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05 07 08 08 11 11 12 12 12 13 13 15 16 17 19 20
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52 53 55 64 66 66 66
3.3.2. Lajes vazadas.............................................................................................................................................................. 3.4. CLCULO MEDIANTE PROGRAMAS DE COMPUTADOR....................................................................................... 3.4.1. Pontes de viga............................................................................................................................................................. 3.4.2. Pontes de laje.............................................................................................................................................................. 3.4.3. Programas comerciais................................................................................................................................................. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................
68 69 69 70 71 74
4. SISTEMAS ESTRUTURAIS..................................................................................................................................
4.1. INTRODUO................................................................................................................................................................... 4.2. PONTES EM VIGA............................................................................................................................................................ 4.2.1. Vinculaes tpicas..................................................................................................................................................... 4.2.2. Formas da viga........................................................................................................................................................... 4.2.2. Faixa de vos.............................................................................................................................................................. 4.3. PONTES EM PRTICO..................................................................................................................................................... 4.3.1. Vinculaes tpicas..................................................................................................................................................... 4.3.2. Formas do Prtico...................................................................................................................................................... 4.3.2. Faixa de vos.............................................................................................................................................................. 4.4. PONTES EM ARCO........................................................................................................................................................... 4.3.1. Vinculaes tpicas..................................................................................................................................................... 4.3.2. Formas do Arco.......................................................................................................................................................... 4.3.2. Faixa de vos.............................................................................................................................................................. 4.4. PONTES ESTAIADAS....................................................................................................................................................... BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................
75
75 75 76 83 84 85 86 87 88 88 88 88 90 90 92
5. SEES TRANSVERSAIS....................................................................................................................................
5.1. INTRODUO................................................................................................................................................................... 5.2. PONTES DE LAJE............................................................................................................................................................. 5.3. PONTES DE VIGA............................................................................................................................................................. 5.3.1. Tabuleiro normal........................................................................................................................................................ 5.3.2. Tabuleiro rebaixado.................................................................................................................................................... BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................
93
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7.3.3. Efeito da deformao longitudinal do tabuleiro......................................................................................................... 7.4. PONTES DE TABULEIRO RETO ORTOGONAL DESCONTNUO............................................................................. 7.4.1. Procedimento de clculo............................................................................................................................................ 7.4.2. Coeficientes de rigidez............................................................................................................................................... 7.4.3. Coeficientes de propagao....................................................................................................................................... 7.4.4. Clculo de
129 130 130 130 131 132 134 134 135 136 137 141
7.4.6. Roteiro de clculo....................................................................................................................................................... 7.5. DIMENSIONAMENTO DE APARELHOS DE APOIO DE NEOPRENE....................................................................... 7.5.1. Pr-dimensionamento................................................................................................................................................. 7.5.2. Verificaes................................................................................................................................................................ BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................
8. PROCESSOS CONSTRUTIVOS............................................................................................................................
8.1. INTRODUO................................................................................................................................................................... 8.2. CONCRETO MOLDADO NO LOCAL COM CIMBRAMENTO FIXO......................................................................... 8.3. ELEMENTOS PR-MOLDADOS QUE VENCEM TODO O VO E SUAS VARIAES.......................................... 8.4. BALANOS SUCESSIVOS.............................................................................................................................................. 8.5. DESLOCAMENTOS SUCESSIVOS................................................................................................................................. 8.6. CIMBRAMENTO MVEL................................................................................................................................................ 8.7. CONSIDERAES FINAIS.............................................................................................................................................. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................
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142 143 146 150 152 166 170 172
Anexos
A1. ASPECTOS BSICOS DO COMPORTAMENTO FADIGA DO CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO............................................................................................................................................................
A1.1. INTRODUO................................................................................................................................................................ A1.2. FADIGA DOS MATERIAIS........................................................................................................................................... A1.2.1. Concreto simples..................................................................................................................................................... A1.2.2. Ao.......................................................................................................................................................................... A1.2.3. Ao para armadura protendida................................................................................................................................ A1.3. COMPORTAMENTO FADIGA DE ESTRUTURAS E COMPONENTES............................................................... A1.3.1. Preliminares............................................................................................................................................................. A1.3.2. Ruptura devido a momento fletor............................................................................................................................ A1.3.3. Ruptura devido a fora cortante.............................................................................................................................. A1.3.4. Ruptura da aderncia ao-concreto......................................................................................................................... A1.3.5. Abertura de fissuras e deformaes......................................................................................................................... A1.3.6. Observaes de danos por fadiga em estruturas...................................................................................................... BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................
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173 176 176 177 179 180 180 180 181 182 183 184 184
185
1. INTRODUO
1.1.
DEFINIES
Ponte uma construo destinada a estabelecer a continuidade de uma via de qualquer natureza. Nos casos mais comuns, e que sero tratados neste texto, a via uma rodovia, uma ferrovia, ou uma passagem para pedestres. O obstculo a ser transposto pode ser de natureza diversa, e em funo dessa natureza so associadas as seguintes denominaes: Ponte (propriamente dita) - quando o obstculo constitudo de curso de gua ou outra superfcie lquida como por exemplo um lago ou brao de mar (Fig. 1.1); Viaduto - quando o obstculo um vale ou uma via (Fig. 1.2).
N.A.
Cap. 1 Introduo
Os viadutos podem receber, em funo de suas particularidades as seguintes denominaes: Viaduto de acesso - viaduto que serve para dar acesso a uma ponte (Fig. 1.3); Viaduto de meia encosta - viaduto empregado em encostas (Fig. 1.14-a) com o objetivo de minimizar a movimentao de solo em encostas ngremes, ou como alternativa ao emprego de muro de arrimo ou similar (Fig. 1.14-b).
N.A.
Viaduto de acesso
Ponte
Fig. 1.3 Esquema ilustrativo de viaduto de acesso.
Viaduto de acesso
Encosta Viaduto
Encosta
Pilar
Existe ainda um tipo de construo que, em determinadas situaes, pode ser enquadrado na categoria de pontes que so as galerias. As galerias, tambm denominadas de bueiros, so obras completamente ou parcialmente enterradas que fazem parte do sistema de drenagem, permanente ou no, das vias ou so obras destinadas a passagens inferiores. Na Fig. 1.5 ilustrada uma situao em que a galeria apresenta as caractersticas das pontes e uma outra situao em que as caractersticas fogem muito daquelas apresentadas pelas pontes. Evidentemente, existem situaes intermedirias, para as quais, o porte e a altura de terra sobre a galeria conferem a este tipo de obra caractersticas que as aproximam mais ou menos das pontes.
Trfego Trfego
Cap. 1 Introduo
O concreto armado e o concreto protendido no devem ser vistos como materiais diferentes. A distino feita aqui visa realar um avano tecnolgico importante na construo das pontes.
Cap. 1 Introduo
1.3.
CARACTERSTICAS PARTICULARES
Ao se comparar as pontes com os edifcios, pode-se estabelecer certas particularidades das pontes em relao aos edifcios. Estas, podem ser agrupadas da seguinte forma: Aes - devido ao carter da carga de utilizao das pontes, torna-se necessrio considerar alguns aspectos que normalmente no so considerados nos edifcios. Nas pontes, em geral, deve-se considerar o efeito dinmico das cargas, e devido ao fato das cargas serem mveis, torna-se necessrio determinar a envoltria dos esforos solicitantes e a verificao da possibilidade de fadiga dos materiais. Processos construtivos - em razo da adversidade do local de implantao, que comum na construo das pontes, existem processos de construo que, em geral, so especficos para a construo de pontes. Composio estrutural - a composio estrutural utilizada nas pontes difere da empregada em edifcios, em razo da carga de utilizao, dos vos a serem vencidos, e do processo de construo. Anlise estrutural - na anlise estrutural existem simplificaes e recomendaes em funo da composio estrutural, como por exemplo, o clculo da estrutura em grelha considerando elementos indeformveis numa direo. Nas construes, de uma maneira geral deve-se atender os seguintes quesitos: segurana, economia, funcionalidade e esttica. No caso das pontes, dois destes quesitos merecem ser destacados: a esttica e a funcionalidade. Para determinadas pontes, nas quais o impacto visual no ambiente importante, a esttica assume um papel de grande destaque, justificando inclusive, em determinados casos um aumento do custo. Reforando ainda este aspecto, salienta-se que na construo de uma rodovia, as pontes e os viadutos so denominados de obras de arte. Sobre este assunto pode-se consultar LEONHARDT (1982) e WATSON & HURD (1990). No projeto das pontes deve-se visar o atendimento das condies de uso, com um mnimo de manuteno, buscando assim evitar transtornos de uma interrupo do trfego, que em determinadas situaes pode-se tornar calamitosa.
1.4.
NOMENCLATURA
Tendo em vista os aspectos estruturais, as pontes podem ser subdivididas nos seguintes elementos, como mostra a Fig. 1.6:
Cap. 1 Introduo
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Superestrutura
Fundao
Fig. 1.6 Esquema ilustrativo da composio das pontes.
Estrutura principal SUPERESTRU TURA Estrutura secundria APARELHO DE APOIO Suporte INFRAESTRUTURA Fundao A superestrutura a parte da ponte destinada a vencer o obstculo. A superestrutura pode ser subdividida em duas partes: Estrutura principal (ou sistema estrutural principal ou simplesmente sistema estrutural) que tem a funo de vencer o vo livre; Estrutura secundria (ou tabuleiro ou estrado) - que recebe a ao direta das cargas e a transmite para a estrutura principal. O aparelho de apoio o elemento colocado entre a infraestrutura e a superestrutura, destinado a transmitir as reaes de apoio e permitir determinados movimentos da superestrutura. A infraestrutura a parte da ponte que recebe as cargas da superestrutura atravs dos aparelhos de apoio e as transmite ao solo. A infraestrutura pode ser subdividida em suportes e fundaes. Os suportes podem ser subdivididos em: Encontro - elemento situado nas extremidades da ponte, na transio de ponte com o aterro da via, e que tem a dupla funo, de suporte, e de arrimo do solo; Pilar - elemento de suporte, normalmente situado na regio intermediria, e que no tem a finalidade de arrimar o solo. Cabe destacar que alm da subdiviso aqui apresentada, encontra-se na literatura nacional, outra subdiviso que a seguinte: SUPERESTRUTURA MESOESTRUTURA (aparelho de apoio, pilar e encontro) INFRAESTRUTURA (fundao).
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Cap. 1 Introduo
Salienta-se que determinados tipos de pontes no apresentam separao ntida entre os elementos, o que torna a aplicao da nomenclatura, para ambas as subdivises apresentadas, no muito clara. Com relao seo transversal, conforme mostrado na Fig. 1.7, podem aparecer os seguintes elementos: Pista de rolamento - largura disponvel para o trfego normal dos veculos, que pode ser subdividida em faixas; Acostamento - largura adicional pista de rolamento destinada utilizao em casos de emergncia, pelos veculos; Defensa - elemento de proteo aos veculos, colocado lateralmente ao acostamento; Passeio - largura adicional destinada exclusivamente ao trfego de pedestres; Guarda-roda - elemento destinado a impedir a invaso dos passeios pelos veculos; Guarda corpo - elemento de proteo aos pedestres.
Pista de rolamento 0,40 a 0,50 Acostamento 2,50 a 3,00 Faixa 3,50 a 4,00 7,00 a 8,00 Faixa 3,50 a 4,00 0,40 a 0,50 Defensa Acostamento 2,50 a 3,00 0,80 a 0,90
Pavimentao
0,25 a 0,30
Com relao seo longitudinal, mostrada na Fig. 1.8, tem-se as seguintes denominaes: Comprimento da ponte (tambm denominado de vo total) - distncia, medida horizontalmente segundo o eixo longitudinal, entre as sees extremas da ponte; Vo (tambm denominado de vo terico e de tramo) - distncia, medida horizontalmente, entre os eixos de dois suportes consecutivos; Vo livre - distncia entre as faces de dois suportes consecutivos; Altura de construo - distncia entre o ponto mais baixo e o mais alto da superestrutura; Altura livre - distncia entre o ponto mais baixo da superestrutura e o ponto mais alto do obstculo.
Cap. 1 Introduo
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1.5.
CLASSIFICAO
As pontes podem ser classificadas segundo vrios critrios; os mais importantes so os seguintes: material da superestrutura; comprimento; natureza do trfego; desenvolvimento planimtrico; desenvolvimento altimtrico; sistema estrutural da superestrutura; seo transversal; posio do tabuleiro; processo de execuo.
Apresenta-se a seguir a classificao das pontes segundo cada um dos critrios relacionados. Destaca-se que com esta apresentao visa-se tambm ampliar a relao dos termos tcnicos empregados no projeto e na construo das pontes.
Cap. 1 Introduo
Na infraestrutura das pontes emprega-se normalmente o concreto armado, portanto no ser feita a classificao segundo o material da infraestrutura.
1.5.2. Comprimento
Segundo o seu comprimento, as pontes podem ser classificadas em: galerias (bueiros) - de 2 a 3 metros; pontilhes - de 3 a l0 metros; pontes - acima de l0 metros. Esta classificao tem importncia apenas para apresentar as denominaes que as pontes recebem em funo do seu comprimento ou porte, embora no exista consenso - e nem grande importncia - sobre as faixas de valores aqui indicadas. Existe ainda uma diviso, tambm de contornos no muito definidos, que : pontes de pequenos vos at 30 metros pontes de mdios vos de 30 a 60 a 80 metros pontes de grandes vos acima de 60 a 80 metros
Estas denominaes so associadas ao tipo de trfego principal. As pontes mistas so aquelas destinadas a mais de um tipo de trfego, por exemplo ponte rodo-ferroviria que serve para estabelecer a continuidade de uma rodovia e de uma ferrovia.
Cap. 1 Introduo
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Em funo do ngulo que o eixo da ponte forma com a linha de apoio da superestrutura, estas pontes podem ser divididas em ortogonais (quando este ngulo de 90), e esconsas (quando este ngulo diferente de 90). As Fig. 1.9-a e Fig. 1.9-b ilustram estas situaes. As pontes curvas so aquelas que apresentam o eixo, em planta, curvo, conforme ilustra a Fig.
1.9-c.
Estes tipos de pontes podem apresentar subdivises, em funo dos tipos de vinculao dos elementos, como por exemplo, ponte em viga simplesmente apoiada, ponte em arco biarticulado, etc. Estas subdivises sero tratadas posteriormente. A Fig. 1.11 ilustra estes tipos de pontes.
Cap. 1 Introduo
90
Eixo da ponte
Eixo da ponte
= 90 /
Eixo da ponte
(a) Horizontal
(b) Em rampa
Cap. 1 Introduo
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Cap. 1 Introduo
Existe ainda um tipo de ponte de viga a viga em forma de trelia. No entanto, este tipo de seo transversal muito pouco utilizado nas pontes de concreto, o que justifica a no incluso nesta classificao. As figuras Fig. 1.12-a e Fig. 1.12-b ilustram os casos em questo. (a) Pontes de laje
Vazada
Seo T
Seo celular
Fig. 1.12 Sees transversais das pontes de concreto.
Observe-se que est sendo feita uma distino na classificao das pontes quanto ao sistema estrutural da superestrutura e quanto seo transversal, atravs da preposio que segue a palavra ponte. Assim, ponte em viga refere-se ao sistema estrutural da superestrutura em viga qualquer que seja a seo transversal, e ponte de viga refere-se seo transversal em viga, independente do sistema estrutural da superestrutura. Salienta-se ainda que estas denominaes no so de uso comum nem na literatura nacional nem na prtica da Engenharia Civil no pas, mas foram julgadas adequadas para evitar que haja confuso na hora de classificar as pontes.
Cap. 1 Introduo
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A construo com concreto moldado no local a denominao aqui apresentada para o tipo tradicional de execuo de concreto armado, e que consiste na concretagem da superestrutura no local, com o emprego de frmas apoiadas em cibramento fixo. A construo com o emprego de elementos pr-moldados, na sua forma mais comum, consiste no lanamento de vigas pr-moldadas por meio de dispositivo adequado, seguido da aplicao de parcela adicional de concreto moldado no local, em frmas que se apoiam nas vigas pr-moldadas, eliminando - ou reduzindo drasticamente - o cimbramento (Fig. 1.14). Em linhas gerais, a construo das pontes em balanos sucessivos feita a partir dos lados dos pilares, em segmentos; a frma para a moldagem de cada segmento sustentada pelo segmento anterior, sendo portanto necessrio que o concreto desse segmento anterior esteja com a resistncia adequada. Tambm, neste caso, elimina-se - ou reduz-se drasticamente - o cimbramento (Fig. 1.15). Existe tambm a alternativa de se fazer estes segmentos pr-moldados.
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Cap. 1 Introduo
A construo com deslocamentos progressivos consiste na execuo da ponte em segmentos, em local apropriado junto cabeceira da ponte; medida que o concreto de cada segmento vai adquirindo a resistncia adequada, a ponte progressivamente deslocada para o local definitivo, tambm eliminando - ou reduzindo drasticamente - o cimbramento (Fig. 1.16).
Cap. 1 Introduo
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Fig. 1.16 Esquema ilustrativo de construo de pontes com deslocamentos progressivos. Fonte: LEONHARDT (1979).
1.6.
Nas pontes, como em qualquer tipo de construo, deve-se procurar minimizar o custo, que a soma dos custos da infra-estrutura, dos aparelhos de apoio e da superestrutura. Diversos fatores influem no custo de uma ponte, alguns de ordem tcnica e outros no, sendo portanto difcil estabelecer regras gerais para consider-los. Para uma ponte de determinado comprimento, um dos fatores mais importantes que influem no custo so os vos. Quanto maior o vo, maior o custo da superestrutura e menor a soma dos custos da infra-estrutura e dos aparelhos de apoio, e vice-versa, quanto menor o vo, menor o custo da superestrutura e maior a soma dos custos da infra-estrutura e dos aparelhos de apoio, conforme mostra o diagrama da Fig. 1.17, para uma situao genrica. Numa primeira aproximao, o vo indicado aquele em que o custo da superestrutura resulta aproximadamente igual ao custo da infra-estrutura.
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Superestrutura
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Cap. 1 Introduo
Custo total
20
15
Custo
10 5 0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Faixa de vo recomendado
Vo
BIBLIOGRAFIA
ACI 343R-77. Analysis and design of reinforced concrete bridge structures. Detroit, 1981. FREITAS, M. Pontes: introduo geral - definies. So Paulo, EPUSP, 1981. LEONHARDT, F. Construes de concreto, vol. 6: Princpios bsicos da construo de pontes de concreto. Rio de Janeiro, Editora Interciencia, 1979. LEONHARDT, F. Bridges: aesthetics and design. London. The Architectural Press, 1982. PFEIL, W. Pontes em concreto armado. Rio de Janeiro, Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 1979. WITTFOHT, H. Puentes: ejemplos internacionales. Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 1975. WATSON, S.C. & HURD, M.K. Esthetics in concrete bridge design. Detroit, American Concrete Institute, 1990.
2.1.
INTRODUO
Como as pontes so um tipo particular de estrutura, a considerao das aes e da segurana deve ser feita de acordo com a norma NBR 8681:2003 "Aes e segurana nas estruturas", que classifica as aes da seguinte forma: diretas Aes permanentes indiretas normais Aes variveis especiais Aes excepcionais Segundo a norma NBR 7187:2003 "Projeto e execuo de pontes de concreto armado e protendido", as aes podem ser agrupadas na forma que se segue: aes permanentes, que entre outras so: - cargas provenientes do peso prprio dos elementos estruturais; - cargas provenientes do peso da pavimentao, dos trilhos, dos dormentes, dos lastros, dos revestimentos, das defensas, dos guarda-rodas, dos guarda-corpos e de dispositivos de sinalizao; - empuxos de terra e de lquidos; - foras de protenso; - deformaes impostas, isto , aquelas provocadas por fluncia e retrao do concreto, e por deslocamentos de apoios. aes variveis, que entre outras so: - as cargas mveis (ao gravitacional, fora centrfuga choque lateral; efeitos de frenagem e acelerao) - as carga de construo; - a ao do vento;
22 -
o empuxo de terra provocado por cargas mveis; a presso da gua em movimento; o efeito dinmico do movimento das guas; as variaes de temperatura.
aes excepcionais, que entre outras so: - choques de veculos; - outras aes excepcionais. So apresentados a seguir os valores e algumas consideraes, quando for o caso, referente a cada uma das aes anteriormente relacionadas.
2.2.
AES PERMANENTES
No caso de pontes rodovirias, deve ser considerado o peso da pavimentao e prever ainda um eventual recapeamento. Para o peso especfico da pavimentao deve-se empregar no mnimo o valor de 24 kN/m3. Para o recapeamento deve-se prever uma carga adicional de 2 kN/m2. A considerao desta carga adicional pode ser dispensada a critrio do proprietrio da obra, no caso de pontes de grandes vos.
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2.2.2.2.
No caso de pontes ferrovirias deve-se prever, conforme a situao da ferrovia, o peso do lastro, dos trilhos e dos dormentes. Para o material do lastro deve ser considerado um peso especfico aparente de 18 kN/m3. Deve ser suposto que o lastro atinja o nvel superior dos dormentes e preencha completamente o espao limitado pelo guarda-lastro, at a sua borda superior, mesmo se na seo transversal do projeto assim no for indicado. A Fig. 2.1 apresenta uma seo transversal de uma ponte ferroviria, ilustrando a situao em questo. Na ausncia de indicaes precisas, a carga referente aos dormentes, trilhos e acessrios deve ser considerada no mnimo igual a 8 kN/m por via.
O empuxo de terra nas estruturas determinado de acordo com os princpios da Mecnica dos Solos, em funo da sua natureza (ativo, passivo ou de repouso), das caractersticas do terreno, assim como das inclinaes dos taludes e dos paramentos. Como simplificao, pode ser suposto que o solo no tenha coeso e que no haja atrito entre o terreno e a estrutura, desde que as solicitaes assim determinadas estejam a favor da segurana. O peso especfico do solo mido deve ser considerado, no mnimo, igual a 18 kN/m3 e o ngulo de atrito interno, no mximo igual a 30. Os empuxos ativo e de repouso devem ser considerados nas situaes mais desfavorveis. A atuao estabilizante do empuxo passivo s pode ser levada em conta quando sua ocorrncia puder ser garantida ao longo da vida til da obra. Por exemplo, no encontro esquematizado na Fig. 2.2, o empuxo passivo (Ep) no deve ser considerado pois existe a possibilidade do solo ser retirado. Quando a superestrutura funciona como arrimo dos aterros de acesso, a ao do empuxo de terra proveniente desses aterros deve ser levada em conta apenas em uma das extremidades do tabuleiro. Nos casos de tabuleiro em curva ou esconso, deve ser feita tambm a verificao para a atuao simultnea dos empuxos em ambas as extremidades, da maneira mais desfavorvel. Na Fig. 2.3, est ilustrada a situao em questo.
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Fig. 2.2 Esquema ilustrativo da atuao dos empuxos do solo sobre um encontro.
PONTE ESCONSA OU CURVA VERIFICAR TAMBM A ATUAO DE EMPUXO DOS DOIS LADOS
Fig. 2.3 Esquema ilustrativo da atuao do empuxo do solo para pontes em que a superestrutura funciona como arrimo dos aterros de acesso.
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No caso de pilares implantados em taludes de aterro, deve ser adotada, para o clculo do empuxo de terra, uma largura fictcia igual a 3 vezes a largura do pilar, devendo este valor ficar limitado largura da plataforma do aterro. No pilar esquematizado na Fig. 2.4, apresentada a situao em questo. Este "acrscimo" de presso devido ao efeito de arqueamento do solo que ocorre porque o pilar menos deformvel que o solo. Para grupo de pilares alinhados transversalmente, quando a largura fictcia, obtida de acordo com o critrio anteriormente indicado, for superior distncia transversal entre eixos de pilares, a nova largura fictcia a considerar deve ser: para os pilares externos, a semidistncia entre eixos acrescida de uma vez e meia a largura do pilar; para os pilares intermedirios, a distncia entre eixos. Pode ser prescindida a considerao da ao do empuxo de terra sobre os elementos estruturais implantados em terraplenos horizontais de aterros previamente executados, desde que sejam adotadas precaues especiais no projeto e na execuo dos mesmos, tais como: compactao adequada, inclinaes convenientes dos taludes, distncias mnimas dos elementos s bordas do aterro, terreno de fundao com suficiente capacidade de suporte, entre outras.
2.2.3.2.
Empuxo de gua
O empuxo de gua e a subpresso devem ser considerados nas situaes mais desfavorveis, sendo dada especial ateno ao estudo dos nveis mximo e mnimo dos cursos d'gua e do lenol fretico. No caso de utilizao de contrapeso enterrado obrigatria, na avaliao de seu peso, a considerao da hiptese de submerso total do mesmo, salvo comprovao da impossibilidade de ocorrncia dessa situao. Nos muros de arrimo deve ser prevista, em toda a altura da estrutura, uma camada filtrante contnua, na face em contato com o solo contido, associada a um sistema de drenos, de modo a evitar a atuao de presses hidrostticas. Caso contrrio, deve ser considerado nos clculos o empuxo de gua resultante. Toda estrutura celular deve ser projetada, quando for o caso, para resistir ao empuxo de gua proveniente do lenol fretico, da gua livre ou da gua de acumulao de chuva. Caso a estrutura
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seja provida de aberturas com dimenses adequadas, esta ao no precisa ser levada em considerao.
A fluncia importante no caso de concreto protendido por causar perdas de protenso. A sua considerao para determinao da perda de protenso feita de acordo com as indicaes da NBR 6118. De uma forma geral, a fluncia acarreta acrscimo de deformao nas estruturas, de concreto armado ou protendido. Este acrscimo de deformaes com o tempo deve ser levado em conta na verificao do estado limite de deformaes excessivas. No caso de elementos comprimidos, este acrscimo de deformaes pode produzir acrscimos significativos nas solicitaes, que tambm devem ser objeto de ateno na verificao do estado limite ltimo. 2.2.5.2. Retrao
A retrao, assim como a fluncia, importante no caso de concreto protendido por causar perdas de protenso. No caso do concreto armado, a norma NBR 6118 permite nos casos correntes considerar, tendo em vista a restrio imposta pela armadura, a deformao especfica por retrao igual a 15x10-5 (nos casos de espessuras de 10 a 100 cm e umidade ambiente no inferior a 75%), o que corresponde na prtica a considerar a retrao como uma queda de temperatura de 15 C. Nas verses anteriores da NBR 6118 havia a indicao para os casos de arcos e abbadas com menos de 0,5% e 0,1% de armadura, que o valor da deformao especfica deveria ser aumentado para 20x10-5 e 25x10-5, respectivamente, para considerar a maior retrao que se verifica em peas pouco armadas. A retrao provocar o aparecimento de solicitaes quando as deformaes da estrutura oriundas desta ao forem impedidas. o caso das pontes com estrutura principal hiperesttica, nas quais as diversas partes constituintes devem ser projetadas para resistirem a esses acrscimos de tenses. Nas pontes com estrutura principal isosttica essas deformaes devem ser levadas em conta no projeto dos aparelhos de apoio, caso contrrio aparecero esforos adicionais correspondentes s deformaes impedidas.
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2.2.5.3.
Deslocamentos de apoio
Um dos critrios para escolher entre uma estrutura principal isosttica ou outra hiperesttica consiste justamente em eliminar a segunda soluo quando houver temor de recalques excessivos de fundao. Quando porm, a estrutura hiperesttica for escolhida, apesar da possibilidade de recalques excessivos da fundao, os efeitos destes recalques devem ser estudados cuidadosamente Cabe observar aqui, todavia, que os estudos sobre a fluncia no concreto mostram que as estruturas hiperestticas desse material, desde que no se demore muito para retirar o cimbre, tm aprecivel capacidade de acomodao a essas deformaes.
2.3.
AES VARIVEIS
As cargas a serem consideradas no projeto das pontes rodovirias e das passarelas so definidas pela norma NBR 7188 "Carga mvel em ponte rodoviria e passarela de pedestres". Inicialmente sero feitas algumas consideraes sobre as cargas usuais nas pontes rodovirias, com o intuito de avaliar a ordem de grandeza destas cargas e possibilitar uma comparao com os valores indicados pela NBR 7188. Os veculos mais pesados que trafegam pelas rodovias normalmente so os caminhes, as carretas e, mais recentemente, as chamadas CVC Combinaes de Veculos de Carga, que correspondem a uma unidade tratora e duas ou mais unidades rebocadas. Esses veculos e CVC devem atender a chamada Lei da Balana. Na Tabela 2.1 esto apresentados alguns dos principais valores estabelecidos pela Lei da Balana de 1998.
Tabela 2.1 Alguns dos principais valores da Lei da Balana de 1998.
Valores das mximas cargas por eixo nas rodovias nacionais Eixo isolado com 2 pneus (Distncia entre eixos superior a 2,4 m) Eixo isolado com 4 pneus (Distncia entre eixos superior a 2,4 m) Conjunto de 2 eixos em tandem, com espaamento de 1,2 a 2,4 m entre eixos Conjunto de 3 eixos em tandem, com espaamento de 1,2 a 2,4 m entre eixos
Na Fig. 2.5, apresentam-se alguns tipos representativos de caminhes, carretas e CVC utilizados no Brasil. Apresenta-se a carga distribuda equivalente determinada considerando a carga total do veculo uniformemente distribuda, correspondente a duas hipteses: a) rea de projeo do veculo com largura e todos os casos de 2,6 m e b) considerando rea retangular da largura da faixa
28
de rolamento, adotada igual 3,5 m em todos os casos, e comprimento igual ao do veculo mais 15 m de folga entre veculos consecutivos, que corresponderia a uma situao normal de trfego.
Descrio
a) Caminho com dois eixos traseiros (comprimento de 12,0m) 230 7,4 2,4
b) Carreta com trs eixos traseiros (comprimento de 18,0m) 415 8,8 3,6
485
6t 1,50 8,5 t 4,20 1,40 8,5 t 8,5 t 8,5 t 1,251,25 8,5 t 1,10
13,8
4,9
2,80
O peso do veculo corresponde a soma dos valores mximos por eixo, mas ultrapassa o limite legal por unidade, que 450 kN
740
6t 1,40 4,80 17 t 8,00m 25,5 t 8,00m 25,5 t 2,80
11,4
5,4
29
Deve-se lembrar ainda que as pontes rodovirias esto sujeitas a veculos especiais como por exemplo o da carreta para transporte de transformadores apresentado na Fig. 2.6.
Fig. 2.6 Carreta especial para carga til de 1.450 kN, totalizando peso bruto de 2.736 kN. Fonte: PFEIL (1979).
Tambm deve ser considerada a possibilidade de trfego de veculos militares, como por exemplo tanques, pelas pontes de determinadas rodovias. Aps essas consideraes preliminares sero apresentados os valores indicados pela norma NBR 7188. Segundo a norma em questo, em pontes rodovirias, a carga mvel constituda por um veculo e por cargas q e q' uniformemente distribudas (Fig. 2.7). A carga q aplicada em todas as faixas da pista de rolamento, nos acostamentos e afastamentos, descontando-se apenas a rea ocupada pelo veculo. A carga q' aplicada nos passeios. Essas cargas so fictcias, e procuram levar em considerao a ao de multido e de outros veculos mais leves ou mais afastados das zonas onde as cargas produzem maiores esforos solicitantes, com um esquema de carregamento mais cmodo para o clculo.
30
q q q
Direo do trfego
3m
Veculo de 6 ou 4 rodas
q
6m
Assim, por exemplo, ao se pesquisar o mximo momento fletor em uma determinada seo de uma viga contnua, o veculo colocado no tramo desta seo, colocando-se ainda as cargas q e q' (sem o veculo) nos tramos onde essas cargas provoquem aumento desse momento (Fig. 2.8). Transversalmente essas cargas se estendero at onde possam contribuir para aumentar esse momento.
Fig. 2.8 Esquema de carregamento para clculo do momento mximo da seo 25.
Para efeito de escolha das cargas mveis, a norma NBR 7188, divide as pontes rodovirias em trs classes, discriminadas a seguir: Classe 45: na qual a base do sistema um veculo-tipo de 450 kN de peso total; Classe 30: na qual a base do sistema um veculo tipo de 300 kN de peso total; Classe 12: na qual a base do sistema um veculo tipo de 120 kN de peso total. Na Tabela 2.2 apresentam-se o peso do veculo e os valores das cargas q e q' para cada uma das classes de pontes. Comparando os valores da carga distribuda q com os valores das cargas distribudas equivalentes da Fig. 2.5, observa-se que o valor de q corresponderia a uma situao normal de utilizao das pontes. Naturalmente, uma situao de congestionamento sobre as pontes pode levar a valores de carga distribudas equivalentes maiores. Considerando uma situao de congestionamento em que o espaamento entre veculos consecutivos cairia de 15 m para 2 m, as cargas equivalentes dos casos mais crticos, caminho basculante de 450 kN e Bi-trem de 740 kN, a carga distribuda equivalente chegaria a casa dos 8,0 kN/m2. Esta situao de congestionamento, s com veculos pesados e carregados com as cargas mximas, teria uma probabilidade muito baixa, o que permitiria considerar como uma situao de combinao excepcional. Merece ainda comentar que nessa situao de congestionamento, o efeito dinmico das cargas seria desprezvel, e portanto
31
elas no deveriam ser majoradas pelo coeficiente de impacto (o conceito deste coeficiente ser visto posteriormente).
Tabela 2.2 Pesos dos veculos e valores das cargas distribudas.
Carga uniformemente distribuda q (em toda a pista) kN/m2 5 5 4 q' (nos passeios) kN/m2 3 3 3
Item Quantidade de eixos Peso total do veculo Peso de cada roda dianteira Peso de cada roda intermediria Peso de cada roda traseira Largura de contato b1 - roda dianteira Largura de contato b2 - roda intermediria Largura de contato b3 - roda traseira Comprimento de contato da roda rea de contato da roda Distncia entre eixos Distncia entre centros das rodas de cada eixo
Unidades Eixo kN kN kN kN m m m m m2 m m
Ainda sobre este assunto a norma NBR 7188 estabelece: Para passarela de pedestres: classe nica, na qual a carga mvel uma carga uniformemente distribuda de intensidade q = 5 kN/m2 no majorada pelo coeficiente de impacto (o conceito de coeficiente de impacto ser visto posteriormente). Para qualquer estrutura de transposio definida por esta norma, cuja geometria, finalidade e carregamento no se encontrem aqui previstos, a carga mvel fixada em instruo especial redigida pelo rgo com jurisdio sobre a referida obra. Em particular, as pontes que sejam utilizadas com certa freqncia por veculos especiais transportando
32
cargas de peso excepcional devem ser verificadas para trens-tipo tambm especiais. A fixao dos parmetros destes trens-tipo e das condies de travessia atribuio do rgo que tenha jurisdio sobre as referidas pontes.
Com relao aos passeios, a norma NBR 7188, estabelece que os mesmos devem ser carregados com a carga q' sem acrscimo devido ao efeito dinmico, no entanto, as peas que suportam diretamente os passeios, ou seja, a estrutura de suporte do passeio, devem ser verificadas para a ao de uma sobrecarga de 5 kN/m2, sem acrscimo devido ao efeito dinmico. Os guarda-rodas e as defensas, centrais ou extremos, devem ser verificados para uma fora horizontal de 60 kN, sem acrscimo devido ao efeito dinmico, aplicada na aresta superior, como conseqncia da finalidade desses elementos. A norma permite, para a avaliao das solicitaes na implantao desses elementos, a distribuio a 45o do efeito da citada fora horizontal. 2.3.1.2. Pontes ferrovirias
As cargas nas pontes ferrovirias so fixadas pela norma NBR 7189 "Cargas mveis para o projeto estrutural de obras ferrovirias". Essa norma estabelece quatro classes de trens-tipo que so relacionadas a seguir: TB-360: para ferrovias sujeitas a transporte de minrio de ferro ou outros carregamentos equivalentes; TB-270: para ferrovias sujeitas a transporte de carga geral; TB-240: para ser adotado somente na verificao de estabilidade e projeto de reforo de obras existentes; TB-170: para vias sujeitas exclusivamente ao transporte de passageiros em regies metropolitanas ou suburbanas.
33
As caractersticas geomtricas e os valores das cargas esto mostrados na Fig. 2.10 e na Tabela 2.4.
q'
Q Q
Q Q
q'
a b
b a
Q = carga por eixo q e q' = cargas distribudas na via, simulando, respectivamente vages carregados e descarregados
Fig. 2.10 Caractersticas das cargas ferrovirias. Tabela 2.4 Caractersticas das cargas ferrovirias.
q (kN/m) 120 90 80 25
q' (kN/m) 20 15 15 15
Usualmente no estudo das estruturas supe-se que as cargas sejam aplicadas de maneira que sua intensidade cresa gradualmente desde zero at o valor total, no entanto as cargas mveis reais nas pontes so aplicadas bruscamente. Alm disso, a simples considerao de cargas estticas no corresponderia realidade em virtude das oscilaes provocadas pelos veculos, especialmente pelos trens, e causadas pela existncia de excntricos nas rodas, pela ao das molas, pelas juntas dos trilhos ou por irregularidades da pista nas pontes rodovirias, pela fora centrfuga causada pela deformao da ponte sob a ao das cargas (efeito Willis-Zimmermann), etc. A anlise de todos estes efeitos deve ser feita pela teoria da Dinmica das Estruturas, e resulta bastante trabalhosa; da, levar-se em conta na prtica, o efeito dinmico das cargas mveis de maneira global, dando a elas um acrscimo e considerando-as como se fossem aplicadas estaticamente. Esse acrscimo dado por um coeficiente , chamado coeficiente de impacto, ou coeficiente de amplificao dinmica, no menor que 1, pelo qual so multiplicadas as cargas que tm ao dinmica. Fdinmico . Festtico (2.1)
importante observar que o efeito dinmico das cargas tanto maior quanto mais leve for a estrutura em relao s cargas que o provocam. Isto diretamente salientado pela seguinte expresso encontrada na literatura tcnica:
(2.2)
sendo o vo em metros, G a carga permanente, e Q a carga mvel mxima para a estrutura em estudo. A partir dessa observao, conclui-se imediatamente que a influncia do efeito dinmico das cargas deve decrescer medida que aumentar o vo da ponte, pois nesse caso o peso G da estrutura vai aumentando mais rapidamente do que a carga correspondente Q. De fato, observaes experimentais mostram que se deve dar ao coeficiente de impacto variao sensivelmente hiperblica, tendendo assintoticamente a 1 ao aumentar o vo (Fig. 2.11). Ao contrrio, em pontes pequenas o coeficiente de impacto maior. Assim, na expresso (2.2) (vlida para ferrovias e rodovias), o coeficiente cresce para 2 ao diminuirem o vo e a relao G/Q entre o peso G da estrutura e a carga Q que produz o efeito dinmico. A esse respeito, ainda, ilustrativa a expresso (2.3), tambm encontrada na literatura tcnica (Fig. 2.11):
= 1,4
(2.3) e
= 250 m ( = 1)
( -1)
0,4
( -1)
0,3
Arco de hiprbole
0,2
Arco de elpse
0,1
l
0 0 50 100 150
l (m)
200 250
Valores experimentais
Ainda em decorrncia do que se disse, v-se que a influncia da ao dinmica das cargas h de ser maior em pontes metlicas do que em pontes de concreto, mais pesadas. Por outro lado constatou-se, como alis de se prever, que o efeito dinmico maior em pontes ferrovirias do que em pontes rodovirias. A norma NBR 7187 fornece os seguintes valores: nos elementos estruturais de obras rodovirias:
= 1, 4 0 , 007 l 1
(2.4)
35
(2.5)
sendo o comprimento, em metros, do vo terico do elemento carregado, qualquer que seja o sistema estrutural. Note-se que desta maneira a relao entre a carga permanente e a carga mvel que produz efeito dinmico considerada de forma indireta, atravs do vo . A Fig. 2.12 mostra a variao do coeficiente de impacto em funo do vo para pontes rodovirias e ferrovirias, segundo a norma NBR 7187.
1,6
1,5
Pontes ferrovirias
1,4
1,3
1,2
Pontes rodovirias
1,1 1,0 0 50 100 150
l (m)
200
Em pontes rodovirias, obtm-se = 1 para = 57,14 m; considera-se que, para vos maiores, os efeitos dinmicos traduzidos pelo coeficiente de impacto so desprezveis. Pelo contrrio, em pontes ferrovirias nunca se deixa de considerar o efeito dinmico; e mesmo o valor mnimo = 1,2 corresponderia ao longo vo de 169 m. No caso de elementos contnuos de vos desiguais permite-se considerar um vo ideal equivalente mdia aritmtica dos vos tericos, desde que o menor vo seja igual ou superior a 70% do maior vo. A Fig. 2.13 ilustra esta situao. No caso de elementos em balano, o valor de a ser empregado na expresso corresponde a duas vezes o comprimento do balano, como ilustra a Fig. 2.14. No caso de lajes com vnculos nos quatro lados, o valor de tomado igual ao menor dos dois vos de laje, resultando portanto, num coeficiente a favor da segurana. Por outro lado, quando
36
se tratar de pontes de laje, contnuas ou no, valem as mesmas consideraes referentes s vigas, isto , o valor de a distncia entre apoios.
l1
l2
l3
l4
1= f (l 1 )
se
2= f (l 2 )
n = f n li 1 i =1
3= f (l 3 )
4= f (l 4 )
= 2. b
Fig. 2.14 Coeficiente de impacto de elementos em balano.
O efeito dinmico das cargas pode ser desprezado, ou seja, o coeficiente de impacto tomado igual a 1, nas seguintes situaes: na determinao do empuxo de terra provocado pelas cargas mveis. A Fig. 2.15 ilustra esta situao. A razo desta recomendao da norma ocorre em virtude da atenuao dos efeitos dinmicos atravs do macio arrimado.
37
no clculo das fundaes. Neste caso pode-se invocar o que se disse a respeito de G/Q e do recebimento indireto, atenuado, dos efeitos dinmicos. nos passeios. Aqui a razo bem diferente. Nos passeios, a carga aplicvel q' = 3 kN/m2 (para qualquer das trs classes) e pretende levar em conta ou a aglomerao de pessoas (da ordem de 4 por m2 ) ou o estacionamento de veculos; em qualquer dos dois casos, tais cargas no produzem efeito dinmico considervel.
38
Supondo que o eixo da estrada seja uma curva de raio de curvatura R, a fora centrfuga seria dada por: F= M. v2 R (2.6)
onde v e M so a velocidade e a massa do veculo. Exprimindo v em km/h, R em metros, e colocando em termos do peso do veculo, tem-se 1000 v2 2 Q 60.60 = 0,0077.Q.v F= R R 10 m/s 2
2
(2.7)
expresso que permite determinar a fora centrfuga a partir do peso Q correspondente a cada eixo do trem-tipo. Na prtica, porm, admite-se que a fora centrfuga seja uniformemente distribuda ao longo do eixo da estrutura, e a intensidade avaliada de maneira aproximada de acordo com as prescries da norma NBR 7187. Nesta norma, a fora centrfuga considerada em funo do tipo de trfego, do raio de curvatura R e, para ferrovias, em funo da largura da bitola, o que procura levar em conta a diferena de velocidades usuais entre bitola larga e bitola estreita. Tem-se assim a fora centrfuga avaliada como uma frao C da carga, j includo o efeito dinmico, com os valores apresentados a seguir: em pontes rodovirias: C = 0,25 do peso do veculo-tipo para R 300 m C = 75/R do peso do veculo-tipo para R > 300 m em pontes ferrovirias de bitola larga (1,60 m): C = 0,15 da carga mvel para R 1200 m C = 180/R da carga mvel para R > 1200 m em pontes ferrovirias de bitola estreita (1 m): C = 0,10 da carga mvel para R 750 m C = 75/R da carga mvel para R > 750 m A fora centrfuga assim determinada considerada atuando no centro de gravidade do trem (suposto 1,60 m acima do topo dos trilhos) ou na superfcie de rolamento, conforme se trate, respectivamente, de ponte ferroviria ou rodoviria. Desta forma, a fora centrfuga corresponde a uma fora horizontal H, atuando no plano mdio das vigas principais, e a um momento. Este momento produzir ento um acrscimo de solicitao vertical na viga externa, e um alvio na viga interna. A no ser em estruturas muito leves, a solicitao vertical correspondente ao momento no de grande importncia; a solicitao horizontal H, por sua vez, necessitaria de um enrijecimento no caso, tratando-se de ao perpendicular ao eixo da ponte, denomina-se contraventamento - o qual fornecido pela prpria laje que suporta o lastro ou a pavimentao.
39
Como esta ao produz foras horizontais no topo dos pilares, ela se constitui numa ao importante para o dimensionamento da infraestrutura e dos aparelhos de apoio.
TB H (kN)
360 72
270 54
240 48
170 34
No caso de pontes em curva o impacto lateral no superposto, para efeito de clculo, fora centrfuga: dentre os dois, considera-se apenas o mais desfavorvel. No caso de ponte com mais de uma linha, esta ao considerada em uma delas. Da mesma forma que a fora centrfuga, esta ao importante no dimensionamento da infraestrutura e dos aparelhos de apoio.
40
F1
F2
A norma NBR 7187 determina que as foras horizontais de frenagem e acelerao sejam calculadas como uma frao das cargas mveis verticais, da seguinte forma: Nas pontes rodovirias, o maior dos seguintes valores: - 5% do valor do carregamento na pista de rolamento com as cargas distribudas, excludos os passeios - 30% do peso do veculo-tipo Nas pontes ferrovirias, o maior dos seguintes valores: - 15% da carga mvel para a frenagem - 25% do peso dos eixos motores para a acelerao Destaca-se ainda que: para a avaliao dos esforos longitudinais, as cargas mveis so consideradas sem impacto; em ferrovias, a norma distingue o caso de frenagem do de acelerao, considerando que no primeiro intervm toda a carga mvel e, no segundo, apenas a locomotiva; essas foras longitudinais previstas pela norma so sempre supostas como aplicadas na superfcie de rolamento (pavimentao ou topo do trilho); no caso de pontes ferrovirias com mais de uma linha, considera-se a fora longitudinal em apenas duas delas: numa considera-se a fora de frenagem e na outra a fora de acelerao ou metade da fora de frenagem, adotando-se a maior delas. Estas foras so consideradas atuando no mesmo sentido, nas duas linhas que correspondem situao mais desfavorvel para o dimensionamento.
41
Face inferior
Fig. 2.19 Distribuio da temperatura ao longo da altura da seo.
Esta distribuio de temperatura pode ser decomposta em trs parcelas (Fig. 2.20-a): variao uniforme, variao linear (gradiente de temperatura) e uma parcela correspondente temperatura igual nas faces opostas, variando no interior da seo. As deformaes correspondentes a estas parcelas esto mostradas na Fig. 2.20-b.
Tm (a) Temperatura T T R (y) T S (y)
m
(b) Deformaes
R (y)
S (y)
Gradiente de temperatura
A variao uniforme de temperatura tentar produzir uma variao de comprimento e o gradiente trmico tentar produzir um encurvamento ao longo do comprimento. J a ltima parcela ir produzir tenses internas, uma vez que as sees permanecem planas, sem contudo, acarretar deslocamento algum. A quantificao destes efeitos pode ser feita a partir da Fig. 2.21.
42
T0
T(y) y T T u T Temperatura
(y)
u
Deformao
Como no existe fora normal e momento fletor aplicados, as tenses normais so autoequilibradas, como indica as expresses 2.8 e 2.9. N = T ( y).dA = 0 M = T ( y).y.dA = 0 Com base no esquema da Fig. 2.21, pode-se colocar as deformaes na seguinte forma:
0 = .T0
u = . Tu
(2.8) (2.9)
T ( y) = T( y) Tu + y h sendo:
T = T0 Tu = coeficiente de dilatao trmica
E = mdulo de elasticidade
Tu =
()
(2.14)
43
T =
h T y .y.dA I A = rea da seo transversal I = momento de inrcia em relao ao CG da seo y = y y s (ordenada medida a partir do CG da seo) y s = distncia do CG da seo borda inferior
()
(2.15)
onde:
A partir destas expresses pode-se determinar a temperatura mdia Tm, e a rotao da seo , com as seguintes expresses: 1 1 T( y).dA = A T( y).b( y).dy A 0 h T. = = = T y .y.b y .dy h h I Tm = (2.16) (2.17)
() ()
onde b(y) e b ( y ) correspondem s larguras da seo nas ordenadas y e y , respectivamente. Para o efeito da variao uniforme da temperatura, calculado a partir de Tm, valem consideraes anlogas s que foram feitas para a retrao. No caso da variao linear da temperatura ao longo da altura, cuja rotao calculada com a expresso (2.17), iro ocorrer esforos solicitantes nas estruturas em que o encurvamento no livre, como por exemplo no caso de vigas contnuas. Independentemente se a vinculao permite ou no o movimento, ocorrero tenses devidas a Ts(y). Estas tenses podem ser calculadas com a expresso (2.13). Cabe destacar que a variao da temperatura pode acarretar esforos na direo transversal ao eixo da ponte. A Fig. 2.22 mostra, para seo celular, os momentos fletores devidos a uma variao uniforme de temperatura (Fig. 2.22-a) e a um gradiente trmico na laje do tabuleiro.
/2 C C V T (a) Variao uniforme T (b) Gradiente trmico C V /2 C T1 T2 h M M
Fig. 2.22 Momentos fletores em seo celular devidos variao de temperatura na laje do tabuleiro.
44
Na norma NBR 7187 recomendado que seja considerada uma variao uniforme de temperatura de 15oC. Empregando o valor do coeficiente de dilatao trmica do concreto () igual a 10-5/oC, pode-se avaliar a variao do comprimento dos elementos e consequentemente os seus efeitos. Combinada a esta variao, deve ser considerada, ao longo da altura de cada seo transversal, a distribuio de temperatura indicada pela NBR 7187, que reproduzida na Fig. 2.23.
T h
1 1
T h
Fig. 2.23 Distribuio de temperatura ao longo da altura da seo, segundo a NBR 7187.
2.3.6. Ao do vento
A norma NBR 7187 no indica nenhum procedimento para a determinao da ao do vento em pontes; apenas recomenda seguir o disposto na norma NBR 6123, que trata da ao do vento em edifcios. Sendo assim, apresenta-se o procedimento indicado pela antiga norma de pontes NB-2/61. A ao do vento traduzida por carga uniformemente distribuda horizontal, normal ao eixo da ponte. Sobre que superfcie atua o vento? Admitem-se dois casos extremos, para a verificao: tabuleiro sem trfego e tabuleiro ocupado por veculos reais. No primeiro caso (ponte descarregada), considera-se como superfcie de incidncia do vento, a projeo da estrutura sobre plano normal direo do vento. No segundo caso (ponte carregada), essa projeo acrescida de uma faixa limitada superiormente por linha paralela ao estrado, distante da superfcie de rolamento 3,50 - 2,00 - 1,70 m, conforme se trate, respectivamente, de ponte ferroviria, rodoviria ou para pedestres (Fig. 2.24). No caso de ponte descarregada (menor superfcie exposta), admite-se que a presso do vento seja de 1,5 kN/m2, qualquer que seja o tipo de ponte.
45
Ao se verificar o caso de ponte carregada, admite-se que ao se oferecer essa maior superfcie de incidncia, o vento atue com menor intensidade: 1,0 kN/m2 para pontes ferrovirias ou rodovirias, e 0,7 kN/m2 em pontes para pedestres (Fig. 2.24).
Observe-se que, como no caso da fora centrfuga, a presso do vento, aplicada a uma certa altura da superfcie de rolamento, tambm se traduz por um momento e uma fora horizontal transportada para o plano mdio das vigas principais. Analogamente, pois, o momento produzir decrscimo da carga vertical na viga exposta ao vento, e acrscimo igual na outra (no caso mais simples de duas vigas principais). Com relao infraestrutura e aos aparelhos de apoio, vale a mesma observao da importncia desta ao no dimensionamento destes elementos. Quando a estrutura principal for laje, dispensa a norma o clculo da ao do vento, tendo em considerao a grande rigidez toro dessa estrutura, sua ampla capacidade de resistir ao horizontal e, mesmo, a pequena superfcie exposta (Fig. 2.25).
46
O clculo dos esforos causados pelo vento tambm dispensado quando se tratar de abbadas com largura nas nascenas superior a 1/10 do vo, ou de ponte com arcos paralelos e tabuleiro superior, desde que tenha contraventamento contnuo e que a distncia entre os eixos dos arcos externos seja superior a 1/9 do vo (Fig. 2.26). Nestes casos, abbada e arcos atuam, quanto ao vento, como viga-balco cuja seo transversal tem, nas nascenas, altura igual largura b da abbada ou distncia a entre os arcos externos; da a possibilidade de se dispensar a verificao da ao do vento, quando b ou a so suficientemente grandes.
Fig. 2.26 Exemplos ilustrativos de estruturas em que a ao do vento pode ser dispensada.
q a presso esttica equivalente em kN/m2 v a velocidade da gua em m/s K um coeficiente adimensional cujo valor 0,34 para elementos de seo transversal circular
Para elementos com seo transversal retangular, o valor de K funo do ngulo de incidncia do movimento da gua em relao ao plano da face do elemento, conforme a Tabela 2.5.
47
ngulo de incidncia
Valor de K
90
0,71
45
0,54
No caso de um pilar de seo circular, num rio com velocidade da gua igual a 2 m/s, tem-se: q = 0 , 34 2 2 = 1, 36 kN / m 2 que da ordem de grandeza da presso do vento. Destaca-se entretanto que nos rios que carregam troncos de rvore ou galhos esta presso poder ser bem maior do que os valores avaliados com a expresso fornecida, devido ao fato desse material se prender nos pilares. Em situaes em que o movimento da gua muito importante, a norma NBR 7187 estabelece que o efeito dinmico das ondas e das guas em movimento deve ser determinado atravs de mtodos baseados na hidrodinmica.
Normalmente, essa carga mvel colocada junto cabeceira da ponte, para efeito de clculo, considerada uniformemente distribuda, e cujo valor pode ser estimado transformando o peso do veculo-tipo em carga uniformemente distribuda e compondo-a com a carga distribuda q que considera o efeito de outros veculos, como se mostra na Fig. 2.28.
48
O carregamento assim obtido, pode ser considerado como um aterro adicional, de altura ha, dividindo-se o seu valor pelo peso especfico do solo, como ilustra a Fig. 2.29.
49
2.4.
AES EXCEPCIONAIS
Segundo a norma NBR 8681, aes excepcionais so aquelas que tm durao extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrncia durante a vida da construo, mas que devem ser consideradas no projeto de determinadas estruturas. No caso das pontes, a norma NBR 7187 cita os choques de objetos mveis, as exploses, os fenmenos naturais pouco freqentes, como enchentes catastrficas e sismos, entre outros. O choque de objetos mveis a nica ao especificada pela norma NBR 7187, que estabelece que os pilares passveis de serem atingidos por veculos rodovirios ou embarcaes em movimento, devem ter sua segurana verificada quanto aos choques assim provocados. Dispensa-se esta verificao se no projeto forem includos dispositivos capazes de proteger a estrutura contra este tipo de acidente. Como a norma NBR 7187 no fornece os valores das cargas para considerar esta ao, podese recorrer norma alem DIN 1072, que estabelece que os elementos estruturais passveis a choque de veculos, devem ser verificados para foras horizontais, no simultneas, de 1.000 kN na direo longitudinal e de 500 kN na direo transversal. Estas foras devem ser consideradas atuando sobre o elemento a 1,20 m da superfcie de rolamento. Sobre a considerao de outras aes excepcionais, a norma NBR 7187 estabelece que devem ser feitas em construes especiais, a critrio do proprietrio da obra.
2.5.
Os critrios e valores de combinaes ltimas e de servio das aes indicadas pela NBR 8681:2003 so mostrados a seguir.
(2.19)
onde:
= valores caractersticos das aes permanentes = valor caracterstico da ao varivel principal = valores caractersticos das outras aes variveis = coeficientes de ponderao das aes permanentes = coeficiente de ponderao das aes variveis = fator de combinao
Para as situaes normais tem-se os seguintes valores dos coeficientes de ponderao: a) aes permanentes de grande variabilidade: para as aes constitudas pelo peso prprio das estruturas, dos elementos construtivos permanentes no estruturais e dos equipamentos
50
fixos, todos considerados globalmente, quando o peso prprio da estrutura no supera 75% da totalidade destes pesos permanentes e para outras aes permanentes de grande variabilidade g = 1,4 para efeitos desfavorveis g = 0,9 para efeitos favorveis b) aes permanentes de pequena variabilidade: para as aes permanentes, quando o peso prprio da estrutura supera 75% da totalidade dos pesos permanentes e para outras aes permanentes de pequena variabilidade (situao mais comum no sistema estrutural principal das pontes de concreto) g = 1,3 para efeitos desfavorveis g = 1,0 para efeitos favorveis c) efeitos de recalques de apoio e de retrao do concreto = 1,2 para efeitos desfavorveis = 1,0 para efeitos favorveis d) aes variveis cargas acidentais mveis: q = 1,4 efeitos da temperatura: = 1,2 e) valores do fator de combinao pontes de pedestres: 0 = 0,4 pontes rodovirias: 0 = 0,6 pontes ferrovirias: 0 = 0,8
(ferrovias no especializadas)
Nos casos particulares de combinaes ltimas excepcionais e combinaes ltimas especiais ou de construo, a norma NBR 8681 fornece outros valores.
i =1
FGi , k + 2 j . FQj, k
j=1
(2.20)
i =1
FGi , k + 1 . FQ1, k +
j= 2
2 j . FQj, k
(2.21)
51
i =1
FGi , k + FQ1, k +
j= 2
2 j . FQj, k
(2.22)
Os valores dos fatores de combinao de utilizao 1 e 2 , para as cargas mveis e seus efeitos dinmicos, so os seguintes: pontes de pedestres: 1 = 0,3 pontes rodovirias: 1 = 0,4 pontes ferrovirias: 1 = 0,6 e e e 2 = 0,2 2 = 0,2 2 = 0,4
As combinaes de servio atrs referidas so empregadas nas seguintes situaes: para verificao de estado limite de fissurao (abertura de fissuras) - combinao freqente de servio; para verificao de estado limite de formao de fissuras - combinao rara de servio; para verificao de estado limite de deformao excessiva (flecha) - combinao quasepermanente de servio.
BIBLIOGRAFIA
ABNT. NB 2 - Clculo e execuo de pontes de concreto armado. Rio de Janeiro, 1961. ABNT. NBR 6118 - Projeto e execuo de obras de concreto armado. Rio de Janeiro, 1978. ABNT. NBR 7187 - Projeto e execuo de pontes de concreto armado e protendido. Rio de Janeiro, 1986. ABNT. NBR 7188 - Carga mvel em ponte rodoviria e passarela de pedestre. Rio de Janeiro, 1984. ABNT. NBR 7189 - Cargas mveis para projeto estrutural de obras ferrovirias. Rio de Janeiro, 1985. ABNT. NBR 7197 - Projeto de estruturas de concreto protendido. Rio de Janeiro, 1987. ABNT. NBR 8681 - Aes e segurana nas estruturas. Rio de Janeiro, 1984. CEB. Bulletin d'Information no. 167 - Thermal effects. Rotterdan, 1985. DIN 1072. Puentes de carreteras y caminos: hipteses de carga (Traduo para o castelhano). Bilbao, Editorial Balzola, 1973. FREITAS, M. Pontes: introduo geral - definies. So Paulo, EPUSP, 1981. MARTINELLI, D.A.O. Solicitaes nas pontes de concreto. So Carlos, EESC-USP, 1971. PFEIL, W. Pontes em concreto armado. Rio de Janeiro, Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 1979.
3.1.
INTRODUO
A anlise do comportamento estrutural das pontes pode, de uma forma simplificada, ser subdividida em duas etapas: a) anlise da distribuio dos esforos na direo transversal da ponte, que depende fundamentalmente do tipo de seo transversal; b) anlise do efeito das cargas equivalentes, obtidas a partir da anlise da distribuio dos esforos na direo transversal, no sistema estrutural principal. A Fig. 3.1 ilustra a obteno da distribuio dos esforos na direo transversal, em uma ponte com duas vigas principais; as cargas equivalentes na viga, so tambm denominadas tremtipo da viga.
A Fig. 3.2 ilustra a colocao das cargas equivalentes no sistema estrutural principal de uma ponte de viga simplesmente apoiada, para a determinao do mximo momento fletor no meio do vo, e da mxima fora cortante no apoio.
53
Fig. 3.2 Ilustrao do estudo do efeito das cargas equivalentes no sistema estrutural principal.
Esta anlise mais realista no caso de pontes de viga e mais aproximada no caso de pontes de laje, pois no segundo caso existe uma maior interdependncia das solicitaes nas duas direes. Em face do exposto, conclui-se que possvel abordar de uma forma genrica, os sistemas estruturais separadamente das sees transversais, embora sabendo que existe uma interdependncia de maior ou menor grau, entre eles.
3.2.
PONTES DE VIGAS
No tabuleiro de uma ponte de vigas, podem-se identificar trs elementos: as vigas longitudinais (tambm chamadas de vigas principais ou longarinas), as vigas transversais (tambm chamadas de transversinas), e a laje. Normalmente, esses trs elementos formam um conjunto monoltico, cuja clculo exato de tal modo complexo e laborioso, que a sua realizao utilizando processos manuais (isto , sem auxlio de computadores) praticamente impossvel. Sendo assim, para se calcular manualmente os esforos nos elementos que formam o tabuleiro de uma ponte de vigas necessrio recorrer aos chamados processos aproximados, que considerando simplificaes adequadas, permitem realizar o clculo manual dos esforos, de maneira simples, objetiva e segura, sem o auxlio de computadores. O procedimento empregado na maioria dos processos aproximados, conhecido como mtodo dos coeficientes de repartio, e consiste em determinar a repartio do carregamento aplicado, entre os elementos que compem o tabuleiro. Uma vez conhecida a parcela do carregamento que cabe a cada elemento, chamada tambm de quinho de carga, faz-se o clculo de cada elemento isoladamente com o correspondente quinho de carga. Os processos aproximados podem ser classificados em trs categorias: - processo que considera as longarinas independentes; - processo que considera o chamado efeito de grelha; - processo que supe que o tabuleiro uma placa orttropa. O processo que considera as longarinas independentes, pode ser utilizado em tabuleiros com duas longarinas, onde se obtm resultados satisfatrios, mas nos tabuleiros com mais de duas longarinas, no recomendvel a sua utilizao pois a aproximao em geral muito grosseira.
54
Dentre os processos que consideram o efeito de grelha, os mais conhecidos so o processo de Engesser-Courbon e o processo de Leonhardt. O processo conhecido como de Engesser-Courbon, atribudo a F. Engesser, e foi desenvolvido por J. Courbon e M. Mallet. Neste processo, que se caracteriza pela sua simplicidade e campo de aplicao, so adotadas as seguintes hipteses simplificadoras: - o tabuleiro monoltico transformado numa malha de vigas longitudinais e transversais; - desprezado o efeito de toro nas vigas; - a transversina suposta como tendo rigidez infinita. O processo conhecido como de Leonhardt, foi desenvolvido pelo alemo F. Leonhardt, e considera as seguintes hipteses simplificadoras: - o tabuleiro monoltico transformado numa malha de vigas longitudinais e transversais; - desprezado o efeito de toro nas vigas; - a transversina suposta flexvel. Dentre os processos que supem que o tabuleiro uma placa orttropa, o mais conhecido o processo de Guyon-Massonet. A idia original do processo atribuda ao francs T. Guyon que elaborou um processo para calcular placas orttropas desprezando o efeito de toro, utilizando o mtodo dos coeficientes de repartio. Posteriormente, o francs C. Massonnet generalizou o processo introduzindo no clculo a considerao do efeito de toro. Neste texto sero apresentados os processos de Engesser-Courbon e de Guyon-Massonnet. No texto, as vigas longitudinais sero chamadas simplesmente de vigas, e as vigas transversais de transversinas. Na Fig. 3.3, os esquemas esquerda representam trs superestruturas, de vigas ligadas (a) apenas pela laje, ou (b) por transversinas e finalmente (c) por transversinas com essa mesma rigidez e por laje inferior, configurando a viga de seo celular, ou viga-caixo.
a)
b)
c)
Fig. 3.3 Tipologia da seo e processos de clculo das superestruturas de vigas.
55
O clculo dessas superestruturas pode ser orientado por diversas concepes, mais ou menos simplificadas, relativas ao comportamento esttico desses conjuntos monolticos. Tais concepes podem ser caracterizadas, em primeira aproximao, pelo que se admite quanto ao que sobre essas superestruturas exerce uma carga concentrada Q, suposta atuando sobre uma das nervuras. No processo de clculo intitulado como vigas independentes, admite-se que a viga diretamente carregada absorva totalmente a fora Q, sem interveno da segunda viga, que corresponde a supor, para efeito de clculo das vigas longitudinais, que o tabuleiro (laje e eventuais transversinas) seja seccionado sobre as vigas principais e sobre elas se apie simplesmente. Essa aproximao torna-se cada vez menos satisfatria medida que as transversinas vo adquirindo maior importncia, pelo nmero e pela rigidez (a b), e totalmente inadmissvel no caso da viga de seo celular (c). Nos dois primeiros casos (a e b) o primeiro processo de clculo (vigas independentes) admitido pela NB-2/61 (item 25: os tabuleiros com trs ou mais vigas principais devem ser calculados como grelhas, permitindo-se o emprego de processos de clculo aproximados)e correntemente utilizado. O segundo processo de clculo (grelha), mostra que ambas as vigas colaboram, cabendo naturalmente parcela maior viga diretamente carregada. Isto, graas solidarizao engendrada pelas transversinas e pela prpria laje. Neste caso, quanto maior a rigidez dos elementos transversais mais acentuado o efeito de grelha e menor o valor de . O ltimo caso (c), s vezes assimilado ao de uma grelha, mais adequadamente tratado considerando-se a viga-caixo sujeita aos efeitos da carga Q centrada e do momento Q.e, correspondente excentricidade de Q.
56
Fig. 3.5 Exemplo de ponte com duas vigas contnuas de trs ramos com uma carga Q mvel.
Suponhamos ento uma ponte com duas vigas principais contnuas em trs ramos, carregada por uma carga Q disposta distncia a da viga 1 (Fig. 3.5), e distncia x de um dos encontros. Tudo se passa como se a viga 1 estivesse sujeita a uma carga Q1, disposta mesma distncia x do encontro e, portanto, como se a viga 2 estivesse suportando o quinho Q2=Q-Q1, situado ainda distncia x do encontro considerado (Fig. 3.6)
Fig. 3.6 Exemplo de ponte com duas vigas contnuas de trs ramos com uma carga Q mvel.
Considerando agora uma ponte, com estrutura principal constituda por duas vigas que, por exemplo, sejam simplesmente apoiadas (Fig. 3.7). O carregamento normal da ponte ser composto
57
de um veculo, com carga distribuda q anterior e posterior do veculo, de carga distribuda q lateral, e com carga de multido, posta ao lado, adiante e atrs dos veculos. Para o clculo de cada uma das vigas deve-se determinar os quinhes de carga que so suportados pelas vigas principais, ou seja, deve-se portanto determinar o trem-tipo das vigas principais. Considerando a viga 1, a fim de obter os mximos esforos da viga, coloca-se as cargas sobre o tabuleiro de maneira a obter os maiores quinhes sobre a viga 1: coloca-se as cargas, em funo da linha de influncia dos quinhes (Fig. 3.7), to prximas quanto possvel da viga 1. Com essa linha de influncia, conclui-se que tudo se passa como se atuassem, diretamente sobre a viga 1, as cargas indicadas na Fig. 3.7 com a designao trem-tipo da viga 1. Com esse trem-tipo calculam-se ento os momentos fletores e as foras cortantes em qualquer seo da viga em estudo, mediante as respectivas linhas de influncia.
Fig. 3.7 Ponte de duas vigas simplesmente apoiadas sem passeios clculo do trem tipo da viga 1.
Quando existem mais do que duas vigas principais, a Norma aconselha o clculo da superestrutura como grelha, porm em fase de pr-dimensionamento freqente o clculo ainda admitido que as vigas sejam independentes. Supe-se ento, como mostra a Fig. 3.8, que o tabuleiro distribua as cargas para as vigas longitudinais como se sobre estas houvesse, em toda a extenso da ponte, transversinas simplesmente apoiadas. Desta forma, para o clculo da viga 1 interessam apenas as cargas colocadas entre (1) e (2); no clculo da viga 2, intervm apenas as cargas que atuam entre (1) e (3), e assim por diante.
58
Fig. 3.8 Clculo do trem tipo da viga 1 para o caso de mais de duas vigas principais.
Feita essa hiptese, procede-se determinao dos diversos trens-tipos- um para cada viga longitudinal de forma absolutamente anloga ilustrada no caso de duas vigas longitudinais. importante ressaltar que o clculo do trem tipo da viga 1 pode ser simplificado fazendo que em toda viga somente a carga q1 seja aplicada, como mostra a Fig. 3.9.
a.1) Transversina
Determinados os esforos nas vigas principais, resta obt-los para as transversinas. Convm ento traar as superfcies de influncia de momentos fletores e foras cortantes em alguns pontos das vigas transversais, pois qualquer carga colocada sobre o tabuleiro provoca esforos nas transversinas. Examina-se inicialmente o caso de carga deslocando-se sobre a viga transversal (Fig. 3.10), para o caso fundamental mais simples.
59
Fig. 3.10 Esquema esttico para clculo da transversina com carga mvel centrada e excntrica e suas respectivas deformaes.
O clculo simplificado conforme a NB-2/1961, para o caso de viga simplesmente apoiada leva em considerao que o acrscimo de momentos positivos e negativos nas extremidades obedecem aos valores apresentados na Fig. 3.11.
Fig. 3.11 Acrscimo de momentos positivos e negativos nas extremidades conforme a NB-2/1961.
O clculo do carregamento da transversina para o caso da carga permanente feito a partir da rea de influncia, podendo a carga ser considerada como uniformemente distribuda, como mostra a Fig. 3.12.
60
No caso da carga mvel, os seguintes passos devem ser executados, como sistematiza a Fig. 3.13. construir a linha de influncia dos quinhes de carga; Posicionar a carga mvel na situao mais desfavorvel Determinar o trem-tipo da transversina
Fig. 3.14 Tipologia da seo e processos de clculo das superestruturas com elevado nmero de vigas.
61
As consideraes utilizadas no caso de duas vigas (vigas independentes) valem tambm para o caso de mais de duas vigas, devendo-se porm notar que, neste caso a aproximao mediante vigas independentes , em geral, muito grosseira, recomendada apenas para avaliao preliminar de esforos. importante lembrar que com o maior nmero de vigas, por ser hiperesttica a estrutura principal, maior ser a distribuio transversal dos esforos, logo qualquer alterao das dimenses inicialmente adotadas altera a distribuio dos esforos. Pode-se ter noo do erro que se comete ao se utilizar para o clculo o esquema de vigas independentes, observando os resultados experimentais da Fig. 3.15, cuja legenda os esclarece. Note-se que no h transversinas nos tramos, mas apenas nos apoios.
- Dois tramos contnuos de 20 metros - Altura da seo constante - Apenas trs transversinas, uma em cada apoio - Vigas pr-moldadas solidarizadas por laje moldada no local - 100% a flecha da viga simplesmente apoiada com o mesmo Q - x representa as flechas medidas; o tracejado apenas para visualizar melhor Fig. 3.15 Resultados experimentais.
Todavia, deve-se tambm observar que, no clculo, h mais cargas, e somente parte delas que colocada diretamente sobre a viga analisada; as outras concentradas e distribudas atenuam o erro, para o que contribui tambm a carga permanente, especialmente no caso de vigas pr-fabricadas, cujo peso prprio no se distribui transversalmente.
62
63
A justificao da primeira hiptese conseqncia da semelhana de comportamento da placa orttropa e da grelha, como se mostra a seguir atravs das respectivas equaes diferenciais.
P
Sendo:
4w 4w 4w + ( P + E ) 2 2 + E 4 = q( x, y ) x 4 x y y
(3.1)
P =
E IP b0
(3.2)
E =
E IE l0 G I tP b0 G I tE l0
(3.3)
P =
(3.4)
E =
Onde:
(3.5)
64
P +E com 0 1 2 P E
(3.6)
b P 4 l E
(3.7)
65
No caso da seo celular, os esforos dependem basicamente de duas situaes de projeto: - Carregamento de todo o tabuleiro (Fig. 3.19): mximo momento fletor, mxima fora cortante, com ou sem momento de toro; - Carregamento de parte do tabuleiro (Fig. 3.20): mximo momento de toro, momento fletor e fora cortante.
Fig. 3.21 Caso da seo celular composta por mais de uma clula.
Fig. 3.22 Caso da seo celular com mais de uma clula utilizando o procedimento de clculo Grelha.
66
3.3.
PONTES DE LAJE
67
Fig. 3.23 Lajes Macias: clculo pela teoria das placas istropas.
O esforo de flexo em placas para fins de dimensionamento pode ser representado por duas superfcies de momentos: Mx e My. Na Fig. 3.24 apresenta-se estes momentos para uma placa retangular apoiada nos quatro lados com carga uniformemente distribuda. A Fig. 3.25 mostra tambm as superfcies de momentos para uma placa retangular apoiada em dois lados opostos com carga uniformemente distribuda. Sendo para as Fig. 3.24 e 3.25: x, y: indicam a direo do momento / direo da armadura m: ponto no meio da placa r: ponto na borda livre da placa e: ponto no lado engastado da placa
Fig. 3.24 Placa retangular apoiada nos quatros lados com carga uniformemente distribuda.
Fig. 3.25 Placa retangular apoiada em dois lados opostos com carga uniformemente distribuda.
68
Para os casos da placa retangular com carga uniformemente distribuda apoiada nos quatro lados e em dois lados representam-se, respectivamente, nas Fig. 3.26 e 3.27 a superfcie de momentos numa representao plana.
Fig. 3.26 Placa apoiada nos quatro lados com carga distribuda.
Fig. 3.27 Placa apoiada em dois lados opostos com carga uniforme.
69
Fig. 3.28 Lajes Vazadas: clculo pela teoria das placas orttropas.
3.4.
Em funo da quantidade de clculos numricos, muitas vezes repetitivos, as solicitaes no vigamento principal (longarinas) e tambm nas transversinas podem ser determinadas utilizando-se programas de computador.
70
Fig. 3.30 Pontes de laje - malha de grelha: a) pouco espaada e b) muito espaada.
71
72
73
74
BIBLIOGRAFIA
ABNT. NB 2 - Clculo e execuo de pontes de concreto armado. Rio de Janeiro, 1961. ABNT. NBR 6118 - Projeto e execuo de obras de concreto armado. Rio de Janeiro, 1978. ABNT. NBR 7187 - Projeto e execuo de pontes de concreto armado e protendido. Rio de Janeiro, 1986. ABNT. NBR 7188 - Carga mvel em ponte rodoviria e passarela de pedestre. Rio de Janeiro, 1984. ABNT. NBR 7189 - Cargas mveis para projeto estrutural de obras ferrovirias. Rio de Janeiro, 1985. ABNT. NBR 7197 - Projeto de estruturas de concreto protendido. Rio de Janeiro, 1987. ABNT. NBR 8681 - Aes e segurana nas estruturas. Rio de Janeiro, 1984. BARES, R., MASSONNET, C. Le calcul des grillages de pouters et dalles orthotropes. Paris, Dunod Editeur, 1966. DIN 1072. Puentes de carreteras y caminos: hiptesis de carga (Traduo para o castelhano). Bilbao, Editorial Balzola, 1973. FREITAS, M. Pontes: introduo geral - definies. So Paulo, EPUSP, 1981. MARTINELLI, D.A.O. Introduo s pontes de vigas. So Carlos, EESC-USP, 1971. MARTINELLI, D.A.O. Solicitaes nas pontes de concreto. So Carlos, EESC-USP, 1971. MARTINELLI, D.A.O. Pontes de concreto. So Carlos, EESC-USP, 1978. MONTANARI, I. Clculo de pontes de vigas Notas de aula. So Carlos, EESC-USP, 1975. PFEIL, W. Pontes em concreto armado. Rio de Janeiro, Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 1979. SAN MARTIN, F. J. Clculo de tabuleiros de pontes. So Paulo, Livraria Cincia e Tecnologia Editora, 1981.
4. SISTEMAS ESTRUTURAIS
4.1. INTRODUO
Neste captulo so fornecidas indicaes gerais sobre os sistemas estruturais das pontes de concreto. Naturalmente, o sistema estrutural est relacionado com a seo transversal da ponte. Embora exista esta interdependncia, em maior ou menor grau, em uma primeira anlise pode ser feita uma separao entre o sistema estrutural e as sees transversais, as quais so vistas no captulo seguinte. Os sistemas estruturais normalmente empregados nas pontes de concreto so: pontes em viga pontes em prtico pontes em arco pontes estaiadas Chama-se a ateno para o fato de que, nesta relao no esto includas as pontes pnseis, que constaram da relao apresentada no Captulo 1 - INTRODUO. Este tipo estrutural no apropriado para as pontes de concreto, tendo sido empregado apenas em raras ocasies.
76
Neste caso pode-se ter um tramo nico ou uma sucesso de tramos, conforme ilustra a Fig. 4.1.
Tramo nico
Sucesso de tramos
Fig. 4.1 Esquemas estticos de pontes em vigas simplesmente apoiadas sem balanos.
A sucesso de tramos simplesmente apoiados usualmente empregada nas pontes em que se utiliza o processo construtivo com vigas pr-moldadas. As vigas simplesmente apoiadas sem balanos se constituem num tipo estrutural relativamente pobre, pois imposto um determinado vo, existem poucas possibilidades de melhorar a distribuio dos esforos. Em razo disto, os vos empregados com este tipo estrutural, dificilmente ultrapassam a casa dos 50 metros. Nas Fig. 4.2 e Fig. 4.3 esto mostrados dois casos tpicos de pontes em vigas com tramo nico. No caso da sucesso de tramos usual, atualmente, executar-se a laje do tabuleiro contnua em trs a quatro tramos, para diminuir o nmero de juntas na pista, conforme ilustra a Fig. 4.4. Cabe destacar que neste caso haver reflexos benficos tambm na distribuio de esforos nos apoios devidos s aes horizontais, como por exemplo na ao da frenagem. 4.2.1.2. Vigas simplesmente apoiadas com balanos
Este tipo estrutural possibilita uma melhor distribuio de esforos solicitantes, conforme ilustrado na Fig. 4.5, pois ao introduzir momentos negativos nos apoios haver uma diminuio dos momentos positivos no meio do vo. Alm dessa vantagem, o tipo estrutural em questo possibilita, de uma forma natural, a eliminao do encontro, que uma estrutura relativamente cara. Este aspecto pode ser observado na ponte mostrada na Fig. 4.6. Por outro lado, este tipo estrutural apresenta uma desvantagem relacionada manuteno, que a dificuldade de impedir a fuga de material nas extremidades da ponte junto ao aterro. Em conseqncia desta desvantagem, o emprego deste sistema estrutural tem sido militado ultimamente.
77
Fig. 4.2 Exemplo de ponte simplesmente apoiada com tramo nico apoiada em encontro baixo.
78
200
900
200 10 5
14
15
100
25
25 20 70 40 20 900 200
10
20 200
400 160
1135
400
70
Ala
Articulao Freyssinet
470 25 35 190 250 25
Encontro
Corte longitudinal Fig. 4.3 Exemplo de ponte simplesmente apoiada com tramo nico apoiada em encontro alto.
O comprimento do balano deve ser fixado de forma a se ter uma boa distribuio de esforos, atendendo no entanto s condies topogrficas. Como valor inicial, em fase de prdimensionamento, pode-se adotar para o comprimento do balano um valor igual a cerca de 15% a 20% do comprimento da ponte. Devem ser evitados balanos muito grandes para no introduzir vibraes excessivas nas suas extremidades, e tambm para que no haja prejuzos em relao j comentada conteno do solo nas extremidades da ponte.
35
Sapata
365
80
79
Fig. 4.5 Distribuio de momentos fletores em vigas simplesmente apoiadas com balanos.
Fig. 4.6 Exemplo de ponte em viga simplesmente apoiada com balanos. Fonte: MARTINELLI (1971).
Quando o comprimento da ponte pode ser subdividido em vos parciais, o esquema de vigas contnuas, ilustrado na Fig. 4.7, aparece como soluo natural.
Se no houver restries de ordem urbanstica, topogrfica ou construtiva, deve-se fazer os vos extremos cerca de 20% menores que os vos internos de forma que os mximos momentos fletores sejam aproximadamente iguais, resultando assim uma melhor distribuio das solicitaes. Em concreto protendido, tem-se empregado tambm a alternncia de vos longos com vos curtos, na proporo de 1 : 0,3 a 1 : 0,1. Neste caso procura-se o maior confinamento dos efeitos da carga mvel nos tramos longos, com a maior rigidez promovida pelos apoios pouco espaados dos tramos curtos. A distribuio de momentos fletores pode tambm ser melhorada atravs da adoo de momentos de inrcia da sees variveis ao longo dos vos. O aumento do momento de inrcia das sees junto aos apoios, implicar no aumento do momento fletor negativo dessas sees, e na diminuio do momento fletor positivo das sees do meio dos vos, o que possibilitar a reduo da altura das sees nestas posies; essa reduo da altura das sees no meio dos vos poder por seu turno, facilitar o atendimento dos gabaritos relativos transposio do obstculo. A ttulo de ilustrao, esto mostradas na Fig. 4.8 as distribuies de momentos fletores em uma viga biengastada com momento de inrcia constante, e com momento de inrcia varivel (maior nas extremidades), onde se nota a significativa reduo do momento fletor no meio do vo da viga de inrcia varivel, em relao de inrcia constante.
q q
2,3 h h 0,3 l I 12 I 0,3 l
I = constante
l
2
l ql 12 ql 9
2
ql 24
ql 72
Fig. 4.8 Distribuio de momentos fletores em viga biengastada. Fonte: MARTINELLI (1971).
81
A variao do momento de inrcia pode ser obtida com a variao da altura da viga, e tambm com o emprego de laje inferior junto aos apoios, conforme mostrado na Fig. 4.9.
Fig. 4.9 Exemplo ilustrativo de ponte em viga contnua. Fonte: MARTINELLI (1971).
Outro aspecto relevante das pontes de vigas contnuas o fato de no se ter juntas no tabuleiro. No entanto, quando o comprimento da ponte muito grande, os efeitos de variao de temperatura se tornam importantes, e neste caso conveniente introduzir juntas. Em princpio, como indicao inicial, pode ser adotado espaamento de 100 m entre as juntas, no caso de se empregarem aparelhos de apoio comuns. No caso de aparelhos de apoio especiais base de teflon, o espaamento entre as juntas pode ser aumentado chegando at cerca de 400 m, como por exemplo o caso da ponte Rio-Niteri. Em princpio, as pontes de vigas contnuas devem ser evitadas em situaes nas quais esto previstos deslocamentos de apoio significativos, pois recalques diferenciais iro introduzir esforos adicionais neste tipo de estrutura. 4.2.1.4. Vigas Gerber
A viga Gerber, cujo esquema esttico est apresentado na Fig. 4.10, pode ser entendida como derivada da viga contnua, na qual so colocadas articulaes de tal forma a tornar o esquema isosttico, e como conseqncia disto, no receber esforos adicionais devidos aos recalques diferenciais dos apoios.
82
Articulaes
Se as articulaes forem dispostas nos pontos de momento nulo do diagrama de momentos fletores provocados pela carga permanente, tem-se, o comportamento da viga Gerber, em relao s cargas permanentes, igual ao das vigas contnuas. Assim, para pontes de grandes vos, em que o peso prprio representa uma grande parcela da totalidade das cargas, as vigas Gerber teriam um comportamento prximo ao das vigas contnuas, sem sofrer a influncia danosa dos recalques diferenciais. As pontes de vigas Gerber, normalmente, apresentam trs ou cinco tramos, com a posio das articulaes mostrada na Fig. 4.11.
0,15 L2 L1
0,2 L L L
0,2 L L
0,2 L L
0,2 L L
Fig. 4.11 Posio das articulaes nas pontes de viga Gerber. Fonte: MARTINELLI (1971).
Vale ressaltar que, quando os vos so desiguais, as articulaes colocadas nos tramos maiores, resultam em uma melhor distribuio dos momentos fletores devidos carga mvel. Este fato pode ser observado na Fig. 4.12, onde so mostradas as envoltrias dos momentos fletores da carga mvel em vigas de trs tramos. As vigas Gerber podem tambm ser entendidas como uma sucesso de tramos simplesmente apoiados com balanos e de tramos suspensos. Vistas desta maneira, as pontes de vigas Gerber possibilitam alternativas construtivas bastante interessantes. Na Fig. 4.13 est ilustrado um esquema de viga Gerber em que os tramos laterais podem ser moldados no local, ou mesmo pr-moldados e o tramo central pr-moldado. Cabe destacar ainda que se de um lado as juntas (dentes Gerber) acarretam as vantagens j mencionadas, de outro lado, elas representam trechos em que devem ser tomados cuidados redobrados tanto no detalhamento da armadura como na execuo, em razo da grande reduo da seo resistente ao esforo cortante que ser transmitido pela articulao.
83
Mg
max Mq
Mg + max Mq
Tramo pr-moldado
84
Fig. 4.14 Variao da altura nas pontes de vigas simplesmente apoiadas sem balanos.
Fig. 4.15 Alternativas da variao da altura das vigas para pontes de vigas contnuas. Fonte: LEONHARDT (1979).
Cabe destacar ainda que o emprego da variao da altura deve ser equacionado considerando as vantagens estticas, e s vezes estticas, e as eventuais desvantagens da maior dificuldade de construo.
85
Nome Stolmasundet Raftsundet Humen Varodd Gateway Ponte Tancredo Neves [1] Ponte sobre o Rio Pelotas na Rodovia BR-116 [1]
Local Pas Austevoll Noruega Lofoten Noroega Pear River China Kristiansand Noroega Brisbane Austrlia No Brasil Rio Iguau Brasil/Argentina Rio Pelotas Brasil
Mo
86
Biapoiado
Biengastado
87
88
89
Arco triarticulado (isosttico) Arco atirantado com pendurais verticais (o tabuleiro desempenha a funo de tirante) Arco biarticulado
Arco biengastado Arco atirantado com pendurais inclinados (o efeito de trelia reduz os momentos fletores no arco)
Arcos contnuos (arcadas) Fig. 4.20 Esquemas estticos de pontes em arco. Fonte: LEONHARDT (1979).
90
Nome Local Wanxiang Yangzi River Krk-1 Krk Islannd Jiangjiang Wu River Yongjiang Guangxi Gladesvile Sydney No Brasil Ponte da Amizade [1] Rio Paran
91
Nome Wadi Laben Barrios de Luna Helgeland Vasco da Gama Broward Sunshine Skyway Ponte sobre o Rio Guam Ponte de Porto Alencastro sobre o Rio Parnaba
Local Pas Wadi Laben Arbia Saudita Cordillera Espanha Alsten Island Noruega Lisboa Portugal Jacksonville Estados Unidos Tampa Estados Unidos No Brasil Belm Brasil Divisa MG-MS Brasil
Fig. 4.22 Comparao entre ponte pnsil (a) e ponte estaiada (b).
92
Fig. 4.25 Alternativas de torres para pontes estaiadas. Fonte: LEONHARDT (1979).
BIBLIOGRAFIA
FERNANDEZ CASADO, C. Puentes de hormigon armado pretensado. Madrid, Editorial Dossat, 1965. LEONHARDT, F. Construes de concreto, vol. 6: Princpios bsicos da construo de pontes de concreto. Rio de Janeiro, Editora Intercincia, 1979. MARTINELLI, D.A.O. Introduo s pontes de vigas. So Carlos, EESC-USP, 1971. MARTINELLI, D.A.O. Introduo s pontes de laje. So Carlos, EESC-USP, 1971. WITTFOHT, H. Puentes: ejemplos internacionales. Barcelona, Editorial Gustavo Gilli, 1975.
5. SEES TRANSVERSAIS
5.1.
INTRODUO
As sees transversais empregadas com mais freqncia nas pontes de concreto podem ser agrupadas da seguinte forma: Macia Laje Vazada
Seo T Tabuleiro normal Viga Seo celular Tabuleiro rebaixado
Os fatores que influenciam na escolha da seo transversal, segundo LEONHARDT (1979), so os seguintes: a) vo a ser vencido e o respectivo sistema estrutural; b) altura de construo disponvel ou ndice de esbeltez desejado, expresso pela relao l0/h, onde l0 a distncia aproximada entre os pontos de momento nulo do diagrama de momentos provocados pela carga permanente; c) processo de construo, meios disponveis, equipamentos e outros fatores circunstanciais; d) economia da construo - estruturas mais esbeltas exigem um maior consumo de ao do que as menos esbeltas, mas, por outro lado, elas apresentam algumas vantagens; mesmo em relao ao custo total da construo, h de se considerar que ocorre uma reduo de movimento de terra nas rampas de acesso (Fig. 5.1); outros aspectos interessantes so melhores condies de atender aos gabaritos e esttica da construo.
94
e) relao carga mvel / carga permanente (q/g) - valores altos de q/g implicam, no caso de concreto protendido, em maior consumo de concreto na parte tracionada (pr-comprimida pela protenso), o que conduz a sees T com talo inferior ou sees celulares (Fig. 5.2).
Seo celular
Fig. 5.2 Formas de aumentar a seo na parte tracionada, previamente comprimida pela protenso.
5.2.
PONTES DE LAJE
Nas sees transversais de pontes de lajes macias, mostradas na Fig. 5.3, o tabuleiro e o sistema estrutural principal formam uma pea nica. Este tipo de seo apresenta como caracterstica principal a simplicidade de execuo - das frmas, da armadura e da concretagem. Alm disso, a seo transversal em laje garante uma boa distribuio transversal de esforos. A seo em laje macia indicada para pontes de vos pequenos. Segundo LEONHARDT (1979), elas chegam, excepcionalmente, a atingir vos de at 20 m em tramo nico, e vos de at 30 m em tramos contnuos com variao de altura ao longo dos vos. A laje macia especialmente indicada para pontes esconsas ou para pontes de largura varivel em trechos de bifurcao da via. Considerando a esttica, conveniente privilegiar sees que "escondem" a espessura da laje; por exemplo as sees (c) e (d) so melhores do que as sees (a) e (b).
95
A altura da seo pode ser adotada a partir dos ndices de esbeltez l0/h, indicados em LEONHARDT (1979) e adaptados para as categorias de pontes nacionais, e que so apresentados na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 Valores do ndice de esbeltez l0/h, para seo transversal de laje macia.
Classe da ponte 45 ou 30
12
Obs.: os valores maiores valem para vos maiores, e portanto para relaes q/g menores Em contrapartida simplicidade da execuo, a seo transversal em laje macia apresenta um elevado consumo de concreto e consequentemente elevado peso prprio.
96
Em face disto, quando a altura requerida da seo for da ordem de 60cm ou mais, recomendvel fazer vazamentos obtendo assim a chamada laje vazada ou oca (Fig. 5.4), aumentando ento a faixa de vos atingidos pelas pontes de laje. Cabe destacar que este procedimento ir diminuir as vantagens de execuo, mas o bom comportamento transversal pouco afetado.
As dimenses recomendadas para as lajes vazadas so apresentadas na Fig. 5.5. A largura mnima das nervuras indicada para que no haja dificuldades no lanamento e adensamento do concreto.
Fig. 5.5 Dimenses recomendadas para lajes vazadas. Fonte: LEONHARDT (1979).
A Fig. 5.6 mostra um exemplo de ponte em viga simplesmente apoiada com balanos, com seo transversal em laje vazada, na qual merece destaque a elevada esbeltez da estrutura.
97
Fig. 5.6 Exemplo de ponte em viga com seo transversal em laje vazada. Fonte: MARTINELLI (1971).
As pontes com seo transversal de laje podem ser executadas com o emprego de elementos pr-moldados que vencem todo o vo e colocados justapostos, como ilustra a Fig. 5.7. O comportamento de laje dever ser garantido pelo concreto moldado no local e por armadura transversal protendida ou no, sendo que a primeira mais indicada, ou ento, assumir o prejuzo do comportamento como laje, e considerar no clculo uma distribuio transversal menos eficiente.
CML vazamento CML CML
CML
Fig. 5.7 Exemplos de sees transversais de pontes de laje com emprego de elementos pr-moldados.
98
5.3.
PONTES DE VIGA
Este tipo de seo mais indicado para resistir a momentos positivos, pois neste caso a zona comprimida, formada pela mesa superior ser bastante grande. O alargamento da parte inferior da alma pode dificultar a execuo, sendo por isto indicado somente quando a altura da nervura ultrapassar 2 m. A altura da seo pode ser pr-dimensionada a partir dos ndices de esbeltez para sistema estrutural em viga simplesmente apoiada, indicados por MARTINELLI (1971), e que podem ser extrapolados para outros tipos de sistemas estruturais, conforme apresentado na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 Valores do ndice de esbeltez l0/h, para pr-dimensionamento de pontes de viga.
C.A. 15 a 20 10 a 15 8 a 10
C.P. 20 a 25 15 a 20 10 a 15
A Fig. 5.9 mostra os tipos representativos de sees transversais das pontes de viga em seo T, moldadas no local, segundo LEONHARDT (1979). O nmero de vigas (longarinas) mais indicado dois, salvo nas passarelas para pedestres. Nmero de vigas maior que dois conduz a maior rea de frmas, sendo por isto pouco empregado atualmente. No caso de se empregar mais de duas longarinas conveniente utilizar uma transversina no meio do vo, alm das transversinas de apoio.
99
No caso de se empregar duas longarinas tem-se as seguintes opes: a) duas transversinas intermedirias monolticas com a laje, alm das transversinas nos apoios (Fig. 5.9-c); b) transversinas desligadas da laje - o que possibilita um arranjo de armadura constante ao longo do vo, e evita-se o aparecimento de tenses de trao longitudinais na parte superior do tabuleiro - em nmero igual ao do caso anterior (Fig. 5.9-d e Fig. 5.9-e); c) sem transversinas intermedirias, presentes apenas nos apoios ou at sem estas, com as vantagens da situao anterior, alm da facilidade de execuo, porm com uma pior distribuio transversal das cargas (Fig. 5.9-f).
Fig. 5.9 Sees transversais de pontes de vigas "T". Fonte: LEONHARDT (1979).
100
As pontes de viga de seo T podem ser executadas com elementos pr-moldados que vencem todo o vo. Este tipo construtivo tem sido bastante empregado atualmente. Neste caso no vale o que foi dito anteriormente sobre o nmero de longarinas, e nem sobre o alargamento da parte inferior da alma. Por se tratarem de elementos pr-moldados procura-se reduzir o peso dos elementos aumentando-se o nmero das vigas. A seo transversal dos elementos pr-moldados e o seus arranjos para formar o tabuleiro dependem do tipo de concreto pr-moldado pr-moldado de canteiro (com ps-trao) ou prmoldado de fbrica, com pr-trao. No pr-moldado de fbrica tem-se empregado seo T com talo inferior, seo I, seo caixo e seo trapezoidal, sendo que nestes dois ltimos casos, o resultado final da sua aplicao j comea a fugir do caso em questo. No pr-moldado de canteiro recorre-se freqentemente s vigas de seo tipo I. Em tabuleiro com largura de 12 m a 14 m normalmente empregam-se de 4 a 5 longarinas. Ainda com vigas pr-moldadas em canteiro, merece registrar seo ligeiramente trapezoidal (seo praticamente retangular com largura da base inferior menor que a da parte superior), utilizada em pontes de poucos tramos e vos relativamente pequenos. Algumas possibilidades de formao do tabuleiro esto apresentadas na Fig. 5.10. A Fig. 5.11 mostra exemplos de seo transversal de pontes de viga de seo T, empregando esta alternativa. A primeira corresponde a um viaduto de tramo nico, com pr-moldado de fbrica, em que se procurou reduzir a altura de construo. A segunda de parte uma ponte de vrios tramos com vigas pr-moldadas de canteiro (Ponte Mauricio Joppert ver mais detalhes no captulo 8) .
101
Nas sees celulares normalmente se empregam vigas transversais, que so chamadas de diafragmas transversais, apenas nos apoios.
Fig. 5.10 Formao de sees transversais em vigas "T" pr-moldadas. Fonte: LEONHARDT (1979).
102
Fig. 5.12 Exemplos de sees transversais de pontes de vigas de seo celular (parte 1).
103
Fig. 5.13 Exemplos de sees transversais de pontes de vigas de seo celular (parte 2).
104
Fig. 5.14 Exemplos de sees transversais de pontes de vigas de seo celular (parte 3).
Nas pontes construdas com a tcnica dos balanos sucessivos e dos deslocamentos progressivos, moldados no local ou pr-moldados, o uso da seo celular praticamente inevitvel por causa dos altos momentos negativos que ocorrem durante a fase construtiva. Na Fig. 5.15 mostram-se alguns exemplos de pontes de grandes vos construdos com a tcnica dos balanos sucessivos.
105
Fig. 5.15 Exemplos de sees transversais de pontes de viga de seo celular construdas com a tcnica dos balanos sucessivos. Fonte: LEONHARDT (1979).
106
Fig. 5.16 Sees transversais com tabuleiro rebaixado. Fonte: LEONHARDT (1979).
BIBLIOGRAFIA
FERNANDEZ CASADO, C. Puentes de hormigon armado pretensado. Madrid, Editorial Dossat, 1965. LEONHARDT, F. Construes de concreto, vol. 6: Princpios bsicos da construo de pontes de concreto. Rio de Janeiro, Editora Intercincia, 1979. MARTINELLI, D.A.O. Introduo s pontes de vigas. So Carlos, EESC-USP, 1971. MARTINELLI, D.A.O. Introduo s pontes de laje. So Carlos, EESC-USP, 1971.
6.1.
INTRODUO
No captulo 1 foi visto que sob o aspecto estrutural, as pontes usuais podem ser divididas em trs elementos: superestrutura, aparelho de apoio, e infraestrutura. O termo apoio das pontes utilizado no ttulo deste captulo, ser utilizado para designar o conjunto formado pelo aparelho de apoio e pela infra-estrutura. Repetindo as definies j apresentadas no captulo 1, tem-se que: Aparelho de apoio o elemento colocado entre a infraestrutura e a superestrutura, destinado a transmitir as reaes da superestrutura para a infraestrutura, e ao mesmo tempo permitir determinados movimentos da superestrutura. Infra-estrutura a parte da ponte que recebe a ao das reaes geradas no aparelho de apoio, transmitindo-as ao solo; a infraestrutura, por seu turno, pode ser subdividida em dois elementos: os suportes e as fundaes; os suportes podem ser de dois tipos: pilares e encontros; denomina-se encontro, o pilar que situado na extremidade da ponte, na transio entre a ponte e o aterro da vila, tem a finalidade suplementar de arrimar o solo do aterro.
A diviso nos trs elementos, superestrutura, aparelho de apoio e infra-estrutura, pode no estar presente em certos tipos de pontes. Por exemplo uma ponte em prtico biengastado ter a superestrutura do prtico e a infra-estrutura constituda apenas pela fundao, no apresentando o aparelho de apoio e nem o suporte.
6.2.
APARELHOS DE APOIO
Os aparelhos de apoio vinculam determinadas partes da superestrutura, permitindo ao mesmo tempo, os movimentos previstos no projeto, provocados pelos esforos, protenso, variao de temperatura, retrao do concreto, etc., que modificam as dimenses dos elementos. Nas estruturas de edifcios usuais, no se utilizam aparelhos de apoio, embora o clculo dos esforos tenha sido feito coma a hiptese de existirem articulaes, separando os prticos reais monolticos em pilares e vigas. Esta simplificao de clculo, criando articulaes onde no
108
existem, s admissvel em estruturas com vos e carregamentos pequenos, onde os esforos secundrios gerados pela ausncia das articulaes na estrutura real, podem ser desprezados. Nas pontes e nas construes de grande porte, a estrutura deve funcionar, tanto quanto possvel, de acordo com as hipteses previstas no clculo, sendo portanto necessria a utilizao de aparelhos de apoio adequados nos locais onde o clculo admitiu a possibilidade de ocorrerem movimentos. Os movimentos pode ser de rotao e de translao, em funo dos quais, os aparelhos de apoio podem ser classificados em trs tipos: articulaes fixas, articulaes mveis e articulaes elsticas. As articulaes fixas permitem apenas os movimentos de rotao, gerando reaes vertical e horizontal no vnculo. As articulaes mveis permitem tanto a rotao como a translao, gerando no vnculo apenas a reao vertical. Na realidade, surge tambm a reao horizontal, por causa do atrito que no pode ser totalmente eliminado, mas nos casos usuais ela pode ser desprezada por ter valor relativamente pequeno. As articulaes elsticas permitem tambm os dois movimentos, a rotao e a translao, gerando porm reaes vertical e horizontal, esta ltima, com valor que no pode ser desprezado, ao contrrio das articulaes mveis. As articulaes fixas e mveis podem ser metlicas (normalmente de ao), ou de concreto. As articulaes elsticas so constitudas de elastmero (borracha sinttica), denominada comercialmente de neoprene.
109
- articulao Mesnager; - articulao Freyssinet; - pndulo de concreto. Os trs primeiros so articulaes do tipo fixo, e o quarto uma articulao do tipo mvel.
A articulao de contato de superfcies (Fig. 6.3) construda por duas superfcies cilndricas em contato: uma superfcie convexa, e a outra cncava com raio de curvatura ligeiramente maior. As superfcies requerem um acabamento cuidadoso para que haja distribuio adequada das tenses; com essa finalidade, pode-se intercalar uma chapa delgada de chumbo de alguns milmetros de espessura, ou ainda revestir as superfcies com chapas finas de ao.
110
A articulao Mesnager (Fig. 6.4) obtida pelo estrangulamento da seo do elemento de concreto. O concreto do trecho estrangulado no considerado como elemento resistente reao transmitida pela articulao, e tem como nica funo proteger a armadura, que portanto deve estar dimensionada para resistir a toda a reao.
A articulao Freyssinter (Fig. 6.5) obtida tambm pelo estrangulamento da seo do elemento de concreto, porm neste caso, a reao transmitida pela articulao resistida apenas pelo concreto do trecho estrangulado. O principio de funcionamento tem como base o fato de que o concreto do trecho estrangulado fica sujeito ao efeito de cintamento provocado pelo alargamento das sees vizinhas; cria-se um estado duplo de tenses favorvel, que permite elevar o valor das tenses de compresso axial muito alm da resistncia do concreto compresso simples. recomendada a colocao de armadura na seo estrangulada quando a reao horizontal ultrapassa 1/8 da reao vertical, ou quando existe a possibilidade de ocorrer reao negativa que causa trao no concreto.
111
O pndulo de concreto (Fig. 6.6) um elemento de concreto vinculado superestrutura e infraestrutura por meio de uma das trs articulaes descritas anteriormente, ou por meio de placas de chumbo ou de elastmero.
112
rotao so decorrentes, respectivamente, da grande deformabilidade transversal e longitudinal do neoprene, que conseqncia das duas primeiras caractersticas relacionadas. A terceira caracterstica, implica em placas de neoprene de dimenses compatveis com as das estruturas de concreto. A quarta caracterstica, implica na dispensa de manuteno rigorosa, que necessria nos aparelhos de apoio metlicos; os aparelhos de apoio de neoprene necessitam de manuteno semelhante dedicada prpria estrutura de concreto. Para reaes de apoio de pequena intensidade e espessuras das placas tambm pequenas, pode-se utilizar apenas o neoprene. Porm, nos casos usuais de pontes, so empregadas placas de neoprene intercaladas com chapas de ao vulcanizadas no neoprene, formando um bloco nico; as chapas de ao exercem um efeito de cintamento sobre as placas de neoprene, reduzindo o seu achatamento excessivo, e aumentando as tenses admissveis no apoio; os aparelhos de apoio assim constitudos so chamados de neoprene cintado ou fretado. A Fig. 6.7 mostra os aparelhos de apoio de neoprene, com e sem chapas de ao, submetidos a fora cisalhante, momento fletor e fora normal.
Fig. 6.7 Aparelhos de apoio de neoprene, com e sem chapas de ao, submetidos a esforos.
Os aparelhos de apoio de neoprene disponveis no mercado tm forma retangular com dimenses desde 100mm at 900mm, variando de 50 em 50mm; as camadas de neoprene tm espessuras de 8, 10, 12, ou 16mm; as chapas de ao de fretagem do neoprene tm espessuras de 2 a 4mm. A Fig. 6.8 mostra as caractersticas anteriormente citadas.
1) (n-1) chapas intermedirias de ao de espessura e (e = 2, 3 ou 4 mm no caso geral); 2) n camadas intermedirias de elastmero de espessura t (t = 8, 10, 12 ou 16 mm no caso geral); 3) 2 chapas externas de ao, de espessura 2 mm no caso geral; 4) revestimento externo de elastmero de espessuras t = 2 a 3 mm e t = 2 a 5 mm no caso geral.
113
Quando se deseja maior mobilidade horizontal, ou a reduo das reaes horizontais em determinados apoios, pode-se empregar a articulao elstica deslizante conhecida como Neoflon (Fig. 6.9), que constituda de neoprene associado com camadas de Teflon (politetrafluoretileno); o Teflon uma resina que sob altas presses apresenta coeficientes de atrito muito baixo, da ordem de 0,04.
6.3.
INFRAESTRUTURA
114
Por outro lado, aumentando a altura dos pilares, o prtico passa a ter mais andares, pois o travamento intermedirio se torna necessrio para garantir a rigidez transversal adequada. Sendo muito grande a altura dos pilares, acima de 40m, so utilizados os prticos espaciais.
Das estruturas formadas por lminas (Fig. 6.12), a mais comum a de lmina nica, muito usada por razes de esttica, nos viadutos urbanos, a superestrutura desses viadutos frequentemente de seo celular, adaptando-se mais facilmente aos pilares laminares. muito comum tambm o emprego de sees do tipo caixo, ou celular, nos pilares de grande altura,; as paredes podem ser contnuas fechadas em toda a altura, ou interrompidas, formando lminas isoladas. Os pilares macios (Fig. 6.13), muito usados antigamente, construdos em alvenaria, so atualmente pouco utilizados.
115
6.3.2. Fundaes
Estruturalmente, as fundaes das pontes podem ser divididas em quatro tipos: - fundao direta; - estacas; - tubules; - especiais. O tipo de solo, a presena ou no de gua, a forma dos pilares, e as cargas a serem resistidas, so os principais fatores envolvidos na escolha do tipo de fundao.
Segundo a NBR 6122/96, fundao direta aquela em que a carga transmitida ao solo, predominantemente pelas tenses distribudas sob a base do elemento estrutural de fundao. Na prtica, a fundao direta economicamente vivel quando o solo em pequena profundidade relativamente resistente, com tenso admissvel de no mnimo 300 kPa; alm disso, necessrio que o terreno no seja sujeito a recalques. Pode ser de dois tipos (Fig. 6.14): sapata rgida e sapata flexvel.
116
6.3.2.2. Estacas A fundao por estacas aquela em que a carga transmitida ao solo pelas tenses distribudas sob a base e o fuste do elemento estrutural de fundao. Como a resistncia lateral tambm utilizada no clculo dos esforos solicitantes, o termo fundao profunda pode ser utilizado para designar a fundao por estacas. A fundao por estacas pode ser em madeira, ao ou concreto. As estacas de madeira so recomendveis para obras provisrias, so em geral constitudas de peas rolias; as madeiras mais utilizadas so o eucalipto, a aroeira e o ip. As estacas de ao podem ser formadas por perfis laminados, soldados ou de chapa dobrada, simples ou compostos (Fig. 6.15).
As estacas de concreto podem ser pr-moldadas ou moldadas no local. As pr-moldadas podem ser em concreto armado ou protendido. As sees mais usuais de estacas pr-moldadas de concreto so apresentadas na Fig. 6.16.
Fig. 6.16 Exemplos de sees transversais de estacas pr-moldadas em concreto armado: a) seo retangular; b) seo octogonal; c) seo circular; d) seo circular oca.
As estacas de concreto moldadas no local so normalmente executadas com auxlio de um tubo metlico, que pode ser recupervel ou perdido. Na Fig. 6.17 apresentam-se alguns tipos de estacas moldadas no local.
117
6.3.2.3. Tubules A fundao por tubulo pode ser classificada como fundao profunda, pois ao longo do fuste pode ocorrer transferncia de carga entre o solo e o fuste do tubulo. Porm, como comenta Cinta et al. (2003): na prtica profissional brasileira de projeto de fundaes, h a tradio de no calcular a parcela de resistncia lateral, supondo-a nula ou apenas o suficiente para equilibrar o peso prprio do tubulo, mesmo no caso de tubules a cu-aberto. A fundao por tubulo um poo escavado no terreno com auxlio de uma camisa metlica ou de concreto, no qual se faz um alargamento na base, e posteriormente preenchido com concreto. A camisa metlica um tubo de ao que cravado no terreno antes de se iniciar a escavao. A camisa de concreto cravada no terreno simultaneamente com a escavao do poo; executada em segmentos que vo sendo moldados na parte superior, medida que a camisa desce no poo. Acima do nvel dgua, ou em terrenos pouco permeveis, a escavao pode ser feita a cu aberto (Fig. 6.18).
118
No sendo possvel escavar-se a cu aberto, devido infiltrao de gua, fecha-se a parte superior da camisa com uma campnula especial, injetando-se ar comprimido no interior (Fig. 6.19). A presso do ar expulsa a gua, permitindo o trabalho a seco.
6.3.2.4. Especiais So consideradas especiais, as fundaes que no se enquadram diretamente nos trs tipos descritos anteriormente. Um exemplo a fundao mista tubulo-estaca (Fig. 6.20), que pode ser utilizado quando o solo resistente encontra-se a grande profundidade, e que no pode ser alcanando pela escavao do tubulo; nesse caso faz-se a escavao do tubulo at a profundidade possvel, e em seguida faz-se a cravao de estacas, normalmente metlicas, para alcanar o solo resistente.
119
Outro exemplo a fundao em caixo (Fig. 6.21). uma fundao de grande porte, formada por uma caixa retangular de ao ou de concreto, dentro da qual o terreno escavado, a cu aberto ou com auxlio de ar comprimido; o caixo vai penetrando no solo, acompanhado a escavao, at atingir o solo resistente; posteriormente feita a concretagem do interior do caixo escavado.
Fig. 6.21 Fundao em caixo: a) escavao a cu aberto, com escavadeira; b) escavao manual a ar comprimido.
O terceiro exemplo de fundao especial, o tubulo tipo Bade-Wirth (Fig. 6.22), de grande profundidade, escavado mecanicamente e com concretagem submersa.
120
BIBLIOGRAFIA
ABNT. NB 9062 Projeto e execuo de estruturas de concreto pr-moldado. Rio de Janeiro, 1985. ABNT. NBR 6122 Projeto e execuo de fundaes. Rio de Janeiro, 1996. BRAGA, W. A. Aparelhos de apoio das estruturas. So Paulo, Editora Edgard Blucher, 1986. CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Tenso admissvel em fundaes diretas. So Carlos - SP, Editora Rima, 2003. DANDREA, V., ISHITANI, H. Distribuio dos esforos horizontais pontes em viga reta. Estrutura, Rio de Janeiro, n 74, pg. 33-57, 19xx. LEONHARDT, F. Construes de concreto: princpios bsicos da construo de pontes de concreto, vol. 6, Rio de Janeiro, Editora Interciencia, 1979. PFEIL, W. Pontes em concreto armado. Rio de Janeiro, Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 1979.
7.1.
INTRODUO
Para analisar os esforos nos elementos dos apoios das pontes, as aes podem ser divididas em dois grupos: - aes aplicadas na superestrutura que produzem esforos nos apoios; - aes aplicadas diretamente nos elementos dos apoios. Essas aes podem ser de dois tipos: verticais e horizontais. - aes verticais: - carga permanente - carga mvel - impacto vertical. - aes horizontais: - frenagem e acelerao da carga mvel - empuxo de terra e da sobrecarga - fora centrfuga - impacto lateral - presso do vento - deformaes do tabuleiro causadas pela retrao e fluncia do concreto, pela variao de temperatura, e pela protenso - presso de gua - choque de veculos Os esforos causados pelas aes verticais podem ser obtidos de maneira usual. No caso das aes verticais aplicadas na superestrutura, o clculo dos esforos da prpria superestrutura conduz determinao das reaes nos apoios, a partir das quais, so determinados os esforos nos elementos dos apoios. No caso das aes verticais aplicadas diretamente nos elementos dos apoios, os esforos resultantes podem ser obtidos atravs da anlise isolada do elemento do apoio.
122
Os esforos causados pelas aes horizontais aplicadas diretamente nos apoios, podem ser obtidos de modo anlogo ao do caso das aes verticais. Por outro lado, os esforos nos apoios, provocados pelas aes horizontais aplicadas na superestrutura, devem ser calculados considerando o conjunto formado pela superestrutura e pelos elementos dos apoios. Esse o tema que ser tratado no presente captulo.
(7.1)
= /F
Portanto,
k = 1/
(7.2)
(7.3)
(7.4)
(7.5)
123
= .h
= /G
=F/A
Onde, = deslocamento horizontal
= distoro
h = espessura do neoprene
= tenso de cisalhamento
G = mdulo de deformao transversal do neoprene F = fora horizontal A = rea em planta do neoprene
Fig. 7.1 Propriedades da resistncia dos materiais: deslocamento horizontal () e distoro ().
= F .h / G. A , implicando em:
F G. A = h
(7.9)
Portanto,
k = G. A / h
(7.10)
124
7.2.5. Pilar
No caso de pilar de seo transversal constante:
F 3.E . I = h3
(7.11)
k=
3.E. I h3
(7.12)
x2 dx I
(7.13)
Portanto:
k= E 2 h x 0 I dx
(7.14)
M0
F
M1
1
x h
x
F.x
Fig. 7.2 Esforos gerados em pilares, com seo retangular constante e varivel, submetidos a uma fora horizontal.
125
(7.15)
Onde:
p =
3 F hp
3 E I
(7.16)
n =
(7.17)
Portanto:
3 hp F hn hn = + = F 3 E I + G A 3 E I G A 3 F hp
(7.18)
k=
1 h + n 3 E I G A h
3 p
1 1 1 + k p kn
1 1 = p + n
(7.19)
n hn
hp
126
7.3. PONTES DE TABULEIRO RETO ORTOGONAL CONTNUO 7.3.1. Efeito de uma fora horizontal longitudinal
Para o clculo das reaes nos apoios provocadas por uma fora horizontal longitudinal aplicada no tabuleiro, pode-se supor que esse tabuleiro seja rgido, e que ocorre uma translao do tabuleiro ao longo do eixo longitudinal da ponte. Com essa hiptese, os deslocamento horizontais no topo de todos os apoios tero o mesmo valor, e as reaes sero proporcionais rigidez de cada apoio (Fig. 7.4). Para cada apoio i pode-se escrever:
ki =
Ri i
(7.20)
Onde:
ki a rigidez de cada apoio na direo longitudinal Ri a reao horizontal i o deslocamento horizontal do topo do apoio.
Como i = (igual em todos os apoios): Ri = ki A condio de equilbrio permite escrever:
F = R1 + R2 + K + Rn = Ri
(7.21)
Substituindo obtm-se:
F = Ri = ki = ki
ou =
F ki
(7.22)
Portanto,
Ri = ki = F k ki = F i ki ki
(7.23)
127
F R2
R1
R3
R4
1 2
4 3
Fig. 7.4 Efeito de uma fora horizontal longitudinal aplicada num tabuleiro.
1 2
1 R1
2 R2
F F.x x F
3 R3
EM PLANTA
4 R4
Fig. 7.5 Efeito de uma fora horizontal transversal aplicada num tabuleiro.
O CET poder ser determinado com o processo usual para clculo de baricentro, isto , impondo que:
ti
xti = 0
(7.24)
128
Onde:
kti a rigidez de cada apoio na direo transversal xti a distncia de cada apoio ao CET
Os deslocamentos i de cada apoio podem ser divididos em duas parcelas: a primeira referente ao efeito da translao ( ) e o segunda ao efeito da rotao ( xti ). Temos, portanto:
i = + xti
Logo,
(7.25)
(7.26)
(7.27)
Substituindo obtm-se:
F = ( + xti ) kti = kti + k ti xti
(7.28)
Como:
ti
xti = 0
(7.29)
Resulta:
F = k ti ou =
F kti
(7.30)
(7.31)
Onde x a distncia da fora F ao CET. Substituindo a expresso de Rti deduzida anteriormente, obtm-se:
2 F x = ( + xti ) k ti xti = kti xti + k ti xti
(7.32)
Fx kti xti2
(7.33)
129
Sendo:
ti
=K e
ti
2 xti = J
(7.34)
Pode-se escrever:
(7.35)
k x
i
=0
(7.36)
Onde:
i = xi
Onde: = deformao especfica do tabuleiro Portanto:
(7.37)
Ri = i ki = xi ki
(7.38)
130
xi x0 x1 x2 x3 x4
C.E.L.
1 2
4 3
kid = rigidez do neoprene direita do apoio i kip = rigidez do pilar do apoio i ki = rigidez global da estrutura esquerda do apoio (i + 1) ki = rigidez global da estrutura direita do apoio (i 1)
131
i ,i 1 =
Fi 1 Fi
(7.39)
i ,i +1 =
Fi +1 Fi
(7.40)
132
7.4.4. Clculo de i ,i 1 e ki
ki .
i ,i 1 =
Fi 1 Fi
Fi 1 = ki 1 d d = d ip d ie
Substituindo a expresso 7.43 em 7.42, tem-se:
(7.44)
(7.45)
(7.46)
(7.47)
(7.48)
133
kip k ip + e = Fi p Fi 1 k i 1 ki
Temos que:
(7.49)
Fi 1 + Fi p = Fi Fi p = Fi Fi 1
Substituindo a expresso 7.48 em 7.47:
kp kp Fi 1 i + ie = Fi Fi 1 k i 1 ki
p kp k Fi 1 1 + i + ie = Fi k ki i 1
(7.50) (7.51)
(7.52)
(7.53)
Fi 1 = Fi
1 ki k ip 1+ + ki 1 kie Fi 1 = Fi 1 k kp 1 + i + ie ki 1 ki
p p
(7.54)
i ,i 1 =
(7.55)
(7.56)
Temos que:
F p Fi Fi = ki ( d ip + d id ) = ki ip + d k ki i
(7.57)
(7.58)
134
Logo,
ki =
1 i ,i 1 1 + d k ip ki
ou ki =
k ip kp 1 i ,i 1 + id ki
(7.59)
com i = 0,1,2,K, n 1 .
7.4.5. Clculo de i ,i +1 e K i
De maneira anloga obtm-se:
i ,i +1 =
Fi +1 = Fi
1
ki k ip 1+ + ki +1 kid
p
(7.60)
com i = n, n 1,K,0 e n ,n +1 = 0
K i=
k ip kp 1 i ,i +1 + ie ki
(7.61)
com i = n, n 1,K,1
ki 1 Ki F e Fi e = F ki 1 + K i ki 1 + K i
(7.62)
135
l ki 1 K i
ki 1 + K i
(7.63)
136
- verificar as diversas condies de segurana. As verificaes as serem feitas so: - presso de contato - deformao de compresso (afundamento do apoio) - deformao de cisalhamento (limite de distoro) - limitao da tenso de cisalhamento - segurana ao deslizamento - condio de no levantamento da borda menos carregada - condio de estabilidade - resistncia das chapas de ao Nos casos usuais, faz-se inicialmente o pr-dimensionamento, e em seguida so feitas as verificaes.
a b
adm
N max
(7.64)
Com: adm = 7 MPa para neoprene simples e adm = 11MPa para neoprene cintado.
137
(7.65)
Onde: a H 1 = deslocamento horizontal provocado pelas aes de aplicao lenta (retrao, fluncia, temperatura).
(7.66)
Onde:
n = nmero de placas
' m = N / A' com N = N max ( = N g + q ) e A' = ( a a H ) b
B=
a b (fator de forma) 2 h1 ( a + b)
(7.67)
tg ( ) =
(7.68)
Onde: a H 2 = deslocamento horizontal provocado pelas aes acidentais de curta durao (aes instantneas): frenagem, acelerao, vento, etc. Com:
aH 2 = H .h ( 2.G ). A
(7.69)
138
Cabe salientar que o limite indicado na norma NBR 9062 (Projeto e execuo de estruturas de concreto pr-moldado) 0,5 em vez de 0,7 aqui utilizado.
N + H + < 5 G
Onde:
(7.70)
N =
1,5 ( N g + 1,5 N q )
Bi a b
(7.71)
H = =
(7.72)
(7.73)
Observaes: - estas expresses devem ser aplicadas para cada camada de neoprene e tambm so vlidas para almofada simples. - deve ser verificada tambm a atuao de carga permanente isoladamente. - no caso de elementos pr-moldados recomendada a adoo de uma rotao inicial devida impreciso de montagem 0 = 0,01rad que dever ser somada s parcelas para o clculo de .
139
0,6
' m
Ng A'
H = H1
N = Ng
(7.74)
Ou
' m =
Ng + Nq A'
H = H1 + H 2
N = Ng + Nq
(7.75)
Sendo:
H1 = aH 1 G A h
(7.76)
b)
Se os limites a) e b) no forem obedecidos, deve-se empregar xxx positivos que impeam o deslocamento da almofada.
a) tg ( g ) < onde:
g =
Ng
(a aH ) b
B=
a b 2 h ( a + b)
(7.77)
140
b) tg ( g ) + 1,5 tg ( q ) onde:
h g +q 2 h2 com h2 = a 10 G B + 2 g +q
g +q =
Ng + Nq
(a a H ) b
B=
a b 2 h ( a + b)
(7.78)
b) Almofada cintadas
6 h1i
a hi g
a) tg ( g ) onde:
B=
com h1i =
4 G Bi2 + 3 g
a b 2 hi ( a + b)
g :
tem
mesmo
significado
do
caso
anterior
(7.79) 6 h2i
a hi g + q
b) tg ( g ) + 1,5 tg ( q )
com h2i =
4 G Bi2 + 3 g + q
2a G B 3 h
hs
(7.80)
Onde: s = 150 MPa (tenso admissvel do ao) As chapas externas podem ficar com metade da espessura calculada, geralmente elas tm a espessura mnima de 2mm.
141
50 0,8
60 1
70 1,2
BIBLIOGRAFIA
ABNT. NB 9062 Projeto e execuo de estruturas de concreto pr-moldado. Rio de Janeiro, 1985. BRAGA, W. A. Aparelhos de apoio das estruturas. So Paulo, Editora Edgard Blucher, 1986. DANDREA, V., ISHITANI, H. Distribuio dos esforos horizontais pontes em viga reta. Estrutura, Rio de Janeiro, n 74, pg 33-57, 19xx. LEONHARDT, F. Construes de concreto: princpios bsicos da construo de pontes de concreto, vol. 6, Rio de Janeiro, Editora Interciencia, 1979. PFEIL, W. Pontes em concreto armado. Rio de Janeiro, Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 1979.
8. PROCESSOS CONSTRUTIVOS
8.1. INTRODUO Os processos de construo das pontes de concreto so aqui apresentados visando complementar as informaes vistas sumariamente no captulo 1. Pela importncia, tanto como processo construtivo, como pela influncia no arranjo estrutural e na avaliao dos esforos solicitantes durante a fase construtiva, o assunto recebe um tratamento de destaque dentro da tecnologia da construo das pontes. Destaca-se ainda que nesta apresentao dos processos construtivos sero vistos os aspectos gerais de cada um dos processos no se prendendo a detalhes especficos. Os processos construtivos das pontes podem ser classificados da seguinte forma:
Moldagem no local:
a) com cimbramento fixo; b) com cimbramento mvel para todo o tabuleiro; c) com cimbramento mvel para vigas isoladas; d) com balanos sucessivos;
Pr-moldados (parcial ou total):
e) com elementos que vencem todo o vo; f) com elementos menores que os vos; g) com balanos sucessivos; h) com aduelas montadas sobre cimbramento; i) com deslocamentos sucessivos. Para os processos construtivos com moldagem no local, o cimbramento - estrutura de suporte das frmas - pode ser fixo ou mvel. O cimbramento considerado fixo quando aps a sua utilizao, ele deve ser desmontado, podendo ou no ser reutilizado em outras partes da ponte.
143
O cimbramento considerado mvel quando existem dispositivos que permitem deslocar o cimbramento, sem desmont-lo, aps a desmoldagem de um segmento ou tramo da ponte. Os cimbramentos podem ainda ser classificados em:
cimbramento com apoios intermedirios; cimbramento sem apoios intermedirios.
Normalmente os cimbramentos fixos tm apoios intermedirios enquanto que nos cimbramentos mveis mais comum o caso sem apoios intermedirios. Em razo de caractersticas comuns, os processos construtivos sero enquadrados nesta apresentao da seguinte forma:
moldagem no local com cimbramento fixo (a); pr-moldagem com elementos que vencem todo o vo e suas variaes (c, e, f); balanos sucessivos (d, g); deslocamentos sucessivos (i); moldagem no local com cimbramento mvel (b).
Note-se que nesta nova classificao os casos (c), (e) e (f) esto agrupados no mesmo item, o mesmo ocorrendo com os casos (d) e (g). A justificativa para este procedimento ser vista quando da apresentao desses processos construtivos. No caso do emprego de aduelas pr-moldadas sobre cimbramento, este pode ser fixo ou mvel. 8.2. CONCRETO MOLDADO NO LOCAL COM CIMBRAMENTO FIXO Trata-se do processo construtivo mais antigo e que pode ser denominado de tradicional. O cimbramento deve ser seguro e garantir as dimenses previstas no projeto, de forma que o emprego de fundaes provisrias para o cimbramento comum. O cimbramento deve ser projetado para suportar o peso do concreto fresco e as sobrecargas provenientes de pessoas e de equipamentos a serem empregados na construo. Alm disso, o cimbramento deve ser projetado de forma a no perturbar demasiadamente as condies de trfego ou de escoamento da rea no local de implantao. Embora seja denominado de tradicional, este processo pode apresentar variaes, conforme se trate de pontes em viga, em prtico, ou em arco, e em funo das condies de implantao da obra. Um exemplo de ponte construda com cimbramento especial a Ponte de Amizade sobre o Rio Paran (Fig. 8.1 e Fig. 8.2), na qual foi utilizado um arco metlico em trelia, construdo em balanos sucessivos, para servir de cimbre para a moldagem de arco de concreto da ponte. Para um estudo mais profundo sobre os cimbramentos das estruturas de concreto pode-se consultar PFEIL (1987). No passado no muito longnquo, empregava-se quase que exclusivamente a madeira na execuo do cimbramento. Hoje em dia cada vez mais freqente o emprego do cimbramento
144
metlico. Existem firmas especializadas no fornecimento de elementos para a montagem de cimbramento, mediante aluguel ou mesmo venda. Dependendo das condies do local de implantao da obra, o cimbramento pode se tornar um dos principais problemas na construo da obra, o que acarretou o aparecimento de tcnicas que contornam as dificuldades provocadas pelo cimbramento convencional, e portanto reduzem o custo da construo, conforme sero vistas a seguir.
Arco biengastado de concreto com vo de 290m Fig. 8.1 Ponte da Amizade sobre o Rio Paran 1962. Fonte: VASCONCELOS (1985).
145
A ilustrao fixa a seqncia da montagem do cimbre metlico. Os pilones e os escoramentos de concreto foram o incio, permitindo, com o auxlio de um "blondin", instalar guinchos e guindastes mveis. Estes retiraram de um flutuante as primeiras sees do arco pr-montadas. A montagem prosseguiu em balanos sucessivos atravs de torres provisrias e de cabos de ao.
Esquema de montagem do cimbre metlico Fig. 8.2 Ponte da Amizade sobre o Rio Paran 1962. Fonte: Revista O Dirigente Construtor - Maro/1965.
146
VARIAES
Este processo construtivo consiste no emprego de elementos pr-moldados que, geralmente, tem o comprimento suficiente para vencer os vos da ponte, de forma a dispensar o cimbramento. A idia bsica subdividir o tabuleiro em faixas longitudinais (no caso de pontes de laje), ou em vigas longitudinais (no caso de pontes de vigas), as quais sero unidas por concreto moldado no local, e em geral protendidas transversalmente. No caso das pontes de vigas, via de regra, as lajes so moldadas no local, visando a reduo do peso dos elementos pr-moldados; as formas das lajes ficam neste caso escoradas nos prprios elementos pr-moldados. Os elementos pr-moldados podem ser executados em fbricas ou mesmo em instalaes adequadas junto ao local de implantao da ponte. Embora seja um mercado pouco explorado, comparado com pases mais desenvolvidos, existem empresas no Brasil que fornecem elementos pr-moldados para a execuo de pontes de laje com vos no muito grandes, compatveis com as possibilidades do seu transporte. Um dos principais condicionantes neste tipo de execuo so os equipamentos de elevao e transporte para a colocao dos elementos pr-moldados no local definitivo, os quais dependem fundamentalmente do peso desses elementos. A Fig. 8.3 ilustra algumas possibilidades de colocao dos elementos pr-moldados. As alternativas mais empregadas so, o uso de guindastes quando o seu acesso no local possvel, e o uso de trelia de lanamento que se apoiam em partes j executadas da ponte (normalmente as travessas de apoio). A segunda alternativa mais indicada quando se tem uma sucesso de tramos iguais. Segundo LEONHARDT (1979), j foram executadas pontes com vigas pr-moldadas de 53m pesando 2.000 kN (200 tf), montadas por meio de trelias. Com o processo em epgrafe foi construda a primeira obra em concreto protendido do Brasil: a Ponte do Galeo sobre a Baa de Guanabara (Fig. 8.3), construda em 1949, tem quinze tramos simplesmente apoiados, e seo transversal formada por dezenove vigas pr-moldadas de concreto protendido colocadas uma ao lado da outra; o transporte e a colocao das vigas foram feitos por meio de dois guindastes flutuantes. Quando o comprimento da ponte muito grande e portanto possui muitos vos, o lanamento das vigas por meio de trelia, nas posies mais distantes fica muito moroso. Para essas situaes, existe a alternativa apresentada em LEONHARDT (1979), de executar as vigas na sua posio definitiva, com o auxlio de trelias e prticos que substituem o cimbramento convencional (Fig. 8.5); neste processo utiliza-se ainda a cura trmica que possibilita realizar uma protenso parcial dos elementos 24 horas aps a sua moldagem, podendo resultar num processo mais vantajoso que o emprego de elementos pr-moldados. Nesse processo, pode-se dizer que h a substituio dos elementos pr-moldados fora do local definitivo, por elementos moldados no local, porm so mantidas as principais caractersticas do processo construtivo, como por exemplo, a execuo da laje moldada sobre as vigas j executadas, o que justifica reunir os dois processos no mesmo grupo.
147
Fig. 8.3 Procedimentos para montagem de vigas pr-moldadas. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1965).
148
15 tramos simplesmente apoiados (1x43,40 + 2x37,20 + 2x28,30 + 10x19,40 = 368,40m) 19 vigas pr-moldadas por tramo Sistema Freyssinet de protenso Primeira obra de concreto protendido no Brasil
Fig. 8.4 Ponte do Galeo sobre a Baa de Guanabara 1949. Fonte: VASCONCELOS (1985).
Uma variante, ainda com elementos pr-moldados, que vem ganhando impulso nos Estados Unidos com o emprego de elementos menores que o vo e que so emendados, no local ou no canteiro, para cobrir vos maiores que os cobertos com os que vencem todo o vo da ponte. Tratase de um processo que as vigas so segmentas, ou seja, feitas em pedaos. Nestes casos, fazem-se uso da pr-trao, para as fases de transporte e montagem, e da ps-trao para realizar as emendas e para o atendimento dos estados limites nas vrias sees ao longo do vo. Na Fig. 8.6 est mostrada uma aplicao desta alternativa.
149
Fig. 8.5 Esquema ilustrativo de vigas moldadas no local. Fonte: LEONHARDT (1979).
195,68 m 59,74 m 43,18 16,23 16,23 76,20 m 43,18 16,23 16,23 59,74 m 43,18
14,35 m
0,30
0,30
0,30
0,30
1,38
4 x 2,90 = 11,58
1,38
a ) esquema longitudinal
elemento tipo 1
cimbramento
178
178
2 - colocao da armadura de protenso e concretagem das ligaes 3 - protenso de 2/3 dos cabos e concretagem da laje 4 - protenso de 1/3 dos cabos
761
elemento tipo 1
178
elemento tipo 2
Fig. 8.6 Exemplo de aplicao de elementos menores que o vo em ponte em viga contnua. Fonte: JANSSEN & SPAANS, L. (994).
1397
3048 mm
A idia de se construir pontes ou mesmo outros tipos de estruturas, a partir dos apoios no nova, pois j existia na antiguidade, com o emprego de madeira e pedra, conforme ilustra a Fig. 8.7.
Fig. 8.7 Esquema ilustrativo de construo em balanos sucessivos com madeira. Fonte: MATHIVAT (1980).
O princpio do processo simples: consiste em executar a ponte em segmentos, cada segmento apoiando-se no segmento anterior j executado, de forma progressiva, a partir dos apoios, at cobrir todo o vo. atribuda ao Engenheiro Emlio Baumgart, a construo da primeira ponte em concreto empregando esta tcnica. Trata-se da ponte sobre o rio do Peixe ligando as cidades de Herval do Oeste e Joaaba em Santa Catarina, construda em 1930, com um vo central de 68m (Fig. 8.8). Esta ponte foi destruda pela enchente que ocorreu na regio em 1983. Posteriormente, com o desenvolvimento da tecnologia de concreto protendido, no incio da dcada de 1950, o processo teve um grande impulso, principalmente na Alemanha, de forma a consagr-lo como um dos principais processos para construo de pontes. O processo particularmente indicado para as seguintes situaes: quando a altura da ponte em relao ao terreno grande; em rios com correnteza violenta e sbita; em rios e canais onde necessrio obedecer gabaritos de navegao durante a construo. Quanto sequncia de construo, as pontes em balanos sucessivos podem ser executados a partir dos pilares intermedirios conforme ilustram as Fig. 8.9 e Fig. 8.10, ou a partir dos encontros, conforme ilustra a Fig. 8.11. A Fig. 8.12 ilustra os procedimentos para a construo de pontes em balanos sucessivos com moldagem no local.
151
Primeira ponte de concreto construda no mundo com o processo dos balanos sucessivos Recorde mundial de vo livre em viga reta de alma cheia de concreto, na poca Destruda pela enchente em 1983.
Fig. 8.8 Ponte sobre o rio do Peixe em Santa Catarina 1930. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1961).
Para agilizar a construo das pontes com balanos sucessivos - no caso de moldagem no local a velocidade de construo da ordem de 1 m por dia, correspondendo a segmentos de 3 m ou
152
6 m de comprimento, concretados a cada 3 dias ou 6 dias - foi desenvolvida a tcnica dos balanos sucessivos com elementos (aduelas) pr-moldados. A Fig. 8.13 ilustra algumas possibilidades para a construo de pontes em balanos sucessivos com o emprego de elementos pr-moldados. Nas primeiras pontes feitas com essa nova tcnica, a ligao entre os elementos pr-moldados era feita atravs de argamassa comum de cimento, que necessitava de um certo tempo para o seu endurecimento, o que no permitia aproveitar todos os benefcios da pr-moldagem. Foi desenvolvido ento um processo para a execuo dessa ligao, empregado pela primeira vez em 1964 na ponte de Choisy le Roy sobre o Rio Sena na Frana (Fig. 8.14), denominado "junta conjugada colada", que consistia no seguinte: cada aduela concretada tendo como frma de uma de suas faces, a face da aduela que na montagem a preceder; na montagem, as juntas so tomadas com cola epxica, com aproximadamente 1 mm de espessura; as aduelas so providas de encaixe tipo macho-fmea, que facilitam o seu posicionamento. Utilizando este processo, o prazo de construo pode ser significativamente reduzido. Segundo PFEIL (1975), na ponte Rio-Niteri, onde esta tcnica foi empregada, conseguia-se executar 13 m de ponte por dia, por trelia, o que possibilitou um avano mdio de 7,7 m por dia, contra um avano mdio de 3,2 m por dia, estimada para o caso de junta argamassada e 0,8 m por dia, estimado para o caso de balano sucessivo com moldagem no local. Nas Fig. 8.15 a Fig. 8.23 apresentam-se exemplos ilustrativos de pontes construdas com a tcnica dos balanos sucessivos.
8.5. DESLOCAMENTOS SUCESSIVOS Este processo construtivo (Fig. 8.24) consiste em executar segmentos da superestrutura com 10 m a 30 m de comprimento (1/4 a 1/2 do vo), atrs dos encontros. Aps o endurecimento do concreto so protendidos e depois deslocados, na direo do eixo longitudinal da ponte, sobre apoios especiais de teflon, com auxlio de macacos hidrulicos, de forma a possibilitar a execuo de outro segmento na posio em que foi feito o anterior, e assim sucessivamente. No primeiro segmento colocada uma estrutura metlica auxiliar para diminuir os esforos solicitantes, na fase de deslocamento da superestrutura. Este processo rene as vantagens da produo em canteiro (concretagem de segmentos de maneira sistemtica, local de trabalho protegido, transporte dos materiais a distncia menores), com as do concreto moldado no local (estrutura monoltica sem juntas enfraquecedoras, sem necessidade de dispositivos pesados para elevao e transporte).
153
Fig. 8.9 Esquema de balanos sucessivos executados a partir dos pilares. Fonte: MATHIVAT (1980).
154
Fig. 8.10 Exemplo de balanos sucessivos executados a partir dos pilares. Fonte: MATHIVAT (1980).
155
Fig. 8.11 Esquema de balanos sucessivos executados a partir dos encontros. Fonte: MATHIVAT (1980).
156
Fig. 8.12 Esquemas para execuo de balanos sucessivos com moldagem feita no local. Fonte: MATHIVAT (1980).
Fig. 8.13 Esquemas para execuo de balanos sucessivos com elementos pr-moldados. Fonte: MATHIVAT (1980).
157
Construda com o processo dos balanos sucessivos com elementos pr-moldados, e onde se utilizou pela primeira vez a tcnica denominada "junta conjugada colada"
Fig. 8.14 Ponte de Choisy le Roy - Rio Sena - Frana 1964. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1965).
158
Balanos sucessivos com moldagem no local Fig. 8.15 Ponte de Estreito sobre o Rio Tocantins: Rodovia Belm-Braslia 1960. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1965), VASCONCELOS (1985).
159
Fig. 8.16 Ponte de Estreito sobre o Rio Tocantins: Esquema de execuo dos balanos sucessivos. Fonte: VASCONCELOS (1985).
160
Fig. 8.17 Ponte sobre o Rio Medway - Inglaterra 1963: Balanos sucessivos com moldagem no local. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1965), WITTFOHT (1975).
161
Fig. 8.18 Ponte que liga a Ilha de Oleron ao continente - Frana 1964: Balanos sucessivos com elementos prmoldados. Fonte: MATHIVAT (1980), WITTFOHT (1975).
162
Fig. 8.19 Ponte sobre o Escalda Oriental (OOSTERSCHELDE) - Holanda 1965: Balanos sucessivos com elementos pr-moldados. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1965), MATHIVAT (1990), WITTFOHT (1975).
163
Fig. 8.20 Ponte de Bendorf sobre o Rio Reno - Alemanha 1965: Balanos sucessivos com moldagem no local. Fonte: FERNANDEZ CASADO (1965).
Fig. 8.21 Ponte sobre o Rio Pelotas - Rodovia BR-116 1966: Balanos sucessivos com moldagem no local. Maior vo em viga de concreto protendido do Brasil. Fonte: PFEIL (1980).
164
Fig. 8.22 Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niteroi) 1974: Balanos sucessivos com elementos pr-moldados. Fonte: PFEIL (1975).
165
Fig. 8.23 Ponte Pres. Tancredo Neves sobre o Rio Iguau - Brasil-Argentina 1986: Balanos sucessivos com moldagem no local. Fonte: REVISTA DIRIGENTE CONSTRUTOR - Maro/1986.
166
Em contrapartida, durante a fase de construo ocorrem esforos solicitantes elevados e de sentido contrrio ao dos esforos da situao definitiva. Isto poder resultar em consumo de armadura bem maior que o da construo moldada no local, alm disso, haver necessidade de compatibilizar a protenso da etapa de deslocamento com a protenso necessria para a situao definitiva. Este processo de construo, segundo LEONHARDT (1979), adequado para pontes com no mnimo 150 m de comprimento e tambm no mnimo 3 vos. Os vos podem ter de 30 m a 140 m, no devendo porm ser muito diferentes entre si. Em determinadas situaes, podem ser empregados apoios provisrios ou balano estaiado por cabos inclinados. No Brasil, tem-se notcia de utilizao deste processo na construo de trs pontes junto barragem de Trs Irmos - SP, com comprimentos de 180m, 150m e 90m.
8.6. CIMBRAMENTO MVEL O princpio da construo com cimbramento mvel consiste em concretar um segmento da ponte, que pode ser um tramo completo ou um trecho que tenha condio de auto-sustentao aps a desforma; uma vez que o concreto tenha adquirido a resistncia necessria, o cimbramento deslocado para o segmento seguinte, e assim sucessivamente. Conforme j adiantado no incio deste fascculo, os cimbramentos mveis podem ter ou no apoios intermedirios. A construo com o emprego de cimbramento mvel com apoios intermedirios (Fig. 8.25) pouco utilizado, pois s seria interessante quando o terreno for relativamente plano e resistente, e tiver o seu nvel pouco abaixo do nvel da ponte. Os cimbramentos mveis sem apoios intermedirios (Fig. 8.26), ou seja, que se apoiam nos pilares da ponte, so indicados quando no ocorrem as condies indicadas no pargrafo anterior, isto , quando o terreno acidentado, solo pouco resistente, e nvel da ponte muito acima do nvel do terreno. Alm disso, o processo de construo com cimbramento mvel indicado quando a ponte tem trs ou mais vos, preferencialmente iguais, e seo transversal constante. Embora no seja obrigatoriamente feito com cimbramento mvel, existe a possibilidade de substituir o concreto moldado por aduelas pr-moldadas, solidarizadas com protenso posterior. Esta alternativa seria uma outra forma de utilizar aduelas pr-moldadas, alm dos balanos sucessivos. Um exemplo desta forma de construo de pontes o sistema construtivo com o emprego de aduelas pr-moldadas para faixa de vos de 15 a 35 m. Neste sistema empregam-se aduelas pr-moldadas montadas com auxlio de estrutura metlica provisria, apoiada nos pilares. As aduelas solidarizadas mediante protenso formam o tabuleiro rebaixado mostrado na Fig. 8.27.
167
Fig. 8.24 Construo de ponte com deslocamentos sucessivos. Fonte: LEONHARDT (1979).
168
Fig. 8.25 Construo de ponte com cimbramento mvel com apoios intermedirios. Fonte: LEONHARDT (1979).
Fig. 8.26 Construo de ponte com cimbramento mvel sem apoios intermedirios. Fonte: LEONHARDT (1979).
169
a ) esquema de montagem
10,70 m
1,25 m 0,24
4,10 m
4,10 m
1,25 m
0,20
0,30
Fig. 8.27 Exemplo de sistema construtivo com aduela pr-moldada montada sobre cimbramento. Fonte: CAUSSE (1994).
1,20 m
170
8.7. CONSIDERAES FINAIS A escolha do processo construtivo depende de vrios fatores (prazo de execuo, disponibilidade de equipamentos, comprimento da ponte, vos da ponte, topografia do terreno, etc), o que torna difcil o estabelecimento de regras rgidas para a escolha do processo ideal para uma determinada ponte. A tabela da Fig. 8.28 mostra a correlao entre o processo construtivo e o vo da ponte, segundo MATHIVAT (1980), fornecendo assim uma primeira indicao para a escolha do processo. Cabe salientar que no caso de vigas pr-moldadas, os valores indicados referem-se situao em que as vigas so colocadas por meio de trelias.
10
20
30
40
50
60
70
80
Campo timo
Campo normal
Campo excepcional
Fig. 8.28 Campo de aplicao dos processos de construo de grandes pontes de concreto protendido. Fonte: MATHIVAT (1980).
Destaca-se ainda que podem ser aplicados mais de um processo na execuo de uma mesma ponte: tramos executados por processos diferentes ou processos diferentes utilizados no mesmo tramo. Um exemplo ilustrativo do emprego de dois processos de construo no mesmo tramo a Ponte Maurcio Joppert sobre o Rio Paran, em que foram empregados o processo dos balanos sucessivos com moldagem no local e o processo com elementos pr-moldados que vencem um determinado vo (Fig. 8.29).
171
Exemplo do emprego de mais de um processo de construo no mesmo tramo: balanos sucessivos com moldagem no local e vigas pr-moldadas Fig. 8.29 Ponte Maurcio Joppert sobre o Rio Paran 1965. Fonte: MARTINELLI (1971), MATHIVAT (1980).
172
BIBLIOGRAFIA
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A1.1.
INTRODUO
A fadiga pode ser definida como a alterao mecnica dos materiais sob o efeito de solicitaes repetidas. Embora as aes repetidas possam produzir algum efeito favorvel, consolidando o material, normalmente associa-se a este tipo de aes o efeito desfavorvel da danificao do material. As aes que causam fadiga so aquelas que produzem variaes de solicitaes com freqncia relativamente alta. Na fig 1 esto apresentados alguns tipos de estruturas sujeitas a aes cclicas, bem como o nmero de ciclos associados a vida til delas.
Fig. A 1.1 - Alguns tipos de estruturas sujeitas a aes cclicas e o nmero de ciclos de cargas associado a vida til delas.
174
As aes em questo so: carga mvel, ondas do mar, sismos, vento, temperatura, congelamento, etc. Normalmente, os maiores problemas de fadiga ocorrem para situaes com elevados nmeros de ciclos, de 103 a 108. O fenmeno da fadiga j era conhecido desde o princpio do sculo XIX, em razo de rupturas constantes em componentes mecnicos do tipo metlico. Os primeiros estudos cientficos sobre o assunto so devidos ao engenheiro alemo Whler, a partir da dcada de 1850. No incio do emprego do concreto armado, com aplicaes geralmente pesadas e cargas com pouca repetio, no houve maiores preocupaes com o fenmeno. Recentemente o assunto tem sido objeto de maiores estudos, devido principalmente: ao aumento de solicitaes devido s cargas mveis tanto em valor como em nmero de eixos, no caso de pontes; ao aumento da relao q/g das estruturas de concreto; emprego de concreto em novas tipologias de construo, por exemplo plataformas martimas; evoluo dos conceitos de dimensionamento, admitindo com maior freqncia o emprego da protenso parcial. Os tipos estruturais em concreto mais susceptveis fadiga so: Pontes; Estruturas para pontes rolantes; Pavimentos de concreto Estruturas sujeitas vibrao, como por exemplo base de mquinas; Estruturas "offshore"; Torres de grandes alturas; Dormentes.
Quanto a variao no tempo, as solicitaes se classificam em: - solicitaes repetidas (Fig.2 a) - solicitaes alternadas (Fig.2 b) - solicitaes onduladas (Fig.2 c) - solicitaes com tipo de ondas quaisquer (Fig.2 d)
175
Fig. A 1.2 - Diferentes tipos de solicitaes (a) repetida, (b) alternada, (c) ondulada e (d) quaisquer.
Tendo em vista o estudo da fadiga, podem ser definidos os seguintes parmetros: Variao de tenses - diferena entre a tenso mxima max e a tenso mnima min. = max - min Tenso mdia - mdia aritmtica entre os valores algbricos de tenso mxima e da tenso mnima. m = 1/2 (max + min) Relao de tenses - relao entre a tenso mnima e a tenso mxima. R = min / max A forma mais comum de apresentar a resistncia fadiga atravs das curvas de Whler, tambm denominadas de curvas S-N, e que relacionam a variao de tenses em funo do logaritmo do nmero de ciclos (Fig. 3).
176
Fig. A 1.3 - Diagrama de Whler ou curva S-N. Uma forma alternativa consiste em representar a resistncia fadiga, relacionando o logaritmo de variao de tenses com o logaritmo do nmero de ciclos, que ser apresentado posteriormente. Quando a variao das tenses no constante, o efeito cumulativo pode ser determinado mediante a regra de Palmgren-Miner, onde o dano D dado por:
D=
Onde:
n n n1 n n + 2 + ... + n = i N1 N2 N n i =1 N i
ni = nmero de ciclos com variao i Ni = nmero de ciclos que produz ruptura com i ni/Ni = dano produzido para o bloco i, independente dos demais.
A1.2.
177
para 10 milhes de ciclos, para compresso, trao ou flexo, aproximadamente 55% a 60% da resistncia solicitao esttica. Na Fig4 ilustrada a variao da resistncia fadiga do concreto do nvel de tenses.
Fig. A 1.4 - Curvas S-N do concreto simples para vrios valores de relao de tenses [CEB(1988)]
178
TABELA A 1.1 - Reduo da resistncia fadiga em funo da relao do dimetro de dobramento D com o dimetro da barra D/ 25 15 10 05 Reduo (%) 0 16 - 22 22 - 41 52 - 68
Atualmente, a resistncia fadiga dos aos tem sido normalmente representada atravs de curvas S-N, admitindo funes do tipo m N = cte, o que corresponde admitir trechos lineares s nos diagramas com escala logaritma na abscissa e na ordenada. Na fig 5 so mostradas as curvas de resistncia fadiga para aos de concreto armado fornecida pelo CEB-MC/90.
Fig. A 1.5 - Curvas de resistncia caracterstica fadiga dos aos de concreto armado pelo CEBMC/90.
Cabe destacar ainda que a resistncia fadiga efetuada pela corroso do ao, tanto corroso generalizada como corroso localizada, que difcil de ser detectada. Este fato tem sido comprovado atravs de ensaios e o seu efeito muito maior que a reduo de rea da seo transversal, devido propagao do dano. Por esta razo, em ambientes agressivos, tal como ambiente martimo, deve ser considerada uma reduo na resistncia fadiga do ao.
179
Fig. A 1.6 - Curvas de resistncia caracterstica fadiga dos aos de protenso adotadas no CEBMC/90. Assim, conforme foi comentado para os aos de concreto armado, a corroso de armadura reduz a resistncia fadiga com o agravante dos aos de protenso serem mais sensveis corroso que os aos de concreto armado, devido ao seu processo de fabricao, alta resistncia e ao alto nvel de tenses permanente.
180
181
Fig. A 1.7 - Diagrama de Whler para armaduras de trao a viga de concreto sujeito a momento fletor.
Fig. A 1.8 - Possveis formas de ruptura por fadiga em vigas sem estribos (esquerdo) e com estribo (direito) [CEB (1988)].
182
No caso das vigas sem estribos se desenvolve uma fissura crtica devido a uma redistribuio de tenses que causa a ruptura. Dependendo da geometria da viga e o tipo de carga existente, ocorrer diferentes modos de fissurao crtica. Para vigas com estribos, a resistncia a fadiga depende em grande parte das armaduras. Como estribos apresentam pequenos valores de dimetro de dobramento - at da ordem de 5 vezes o dimetro do estribo portanto reduo de resistncia do ao fadiga da ordem de at 60% - seria de se esperar a ruptura dos estribos apenas nas partes junto s dobras das regies tracionadas, se a tenso no estribo nestas partes fosse constante. No entanto, ensaios experimentais mostram que ocorre ruptura, tanto nesta parte como no rmo vertical.Isto se deve ao fato que a determinao das tenses nos estribos bastante complexa, mesmo para cargas estticas, de forma que este assunto bastante controvertido, nescecitando de maiores estudos. Convm salientar ainda que existem a possibilidade de ruptura do concreto compresso por fadiga conforme mostrado na Fig 8.
Fig. A 1.9 - Armadura transversal de confinamento em forma de a) estribos, b) barras transversais e c) espirais [CEB (1998) ]
183
Fig. A 1.10 - Relao entre aberturas de fissuras sob carga esttica e sob carga repetitiva em funo do nmero de ciclos [CEB (1988)]
Fig. A 1.11 - Relao carga - flecha em funo do nmero de ciclos [ CEB (1988) ]
184
BIBLIOGRAFIA
AGUADO, A. et alii. (1990) El comportamento a fadiga de estructuras de hormigon em masa, armado y pretensado. Barcelona, Departament D'Enginyeria de la Construccio' , Universitat Politcnica de Catalunya. CEB Fatigue of concrete structures (1988).State of the art report. Bulletin d' Information no 188. CEB-FIP Model Code 1990 (1991). Final Draft. Bulletin d' Information no 203. LARANJEIRAS, A.C.R. (1990). Fadiga das estruturas de concreto. In: II Simpsio EPUSP sobre estruturas de concreto. So Paulo. Ppp. 189 - 232. PFEIL, W. (1979). Pontes de concreto armado. Rio de Janeiro. Livros Tcnicos e Cientficos.
As tabelas de Rsch so utilizadas para o clculo de lajes de pontes (Fig. A 2.1). Para lajes retangulares utiliza-se o livro 1 (rechtwinklige) e para lajes esconsas o livro 2 (schiefwinklige).
A especificao da carga mvel segundo a Norma DIN 1072 da Alemanha apresentada na Fig. A 2.2. importante dizer que a especificao da norma brasileira NBR 7188, conforme a Fig. A 2.3, semelhante a norma Alem.
186
Fig. A 2.2 Especificao da carga mvel conforme a Norma DIN 1072 (Alemanha).
A simbologia utilizada para os vnculos da laje nas tabelas de Rusch est mostrada na Fig. A 2.4. Os ndices das tabelas apresenta a relao dos tipos de lajes que podem ser calculados. Para alguns tipos no existem as tabelas correspondentes, mas as informaes para o clculo esto no prprio ndice. Portanto, antes de iniciar o clculo, deve-se consultar o ndice.
187
Os momentos fletores da carga uniformemente distribuda (carga permanente) dado por: M g = k g lx Sendo:
2
(1)
M q = (Q M L + q1 M P + q2 M P ' )
Onde:
(2)
= coeficiente de impacto
Q = peso de uma roda do veculo
q1 = carga mvel distribuda na frente e atrs do veculo (na faixa da largura do veculo)
q2 = carga mvel distribuda nas laterais do veculo
188
(3)
Classe 30 => Q = 50kN e q = 5kN / m 2 Classe 12 => Q = 40kN (roda traseira) e q = 4kN / m 2
Na equao 2, M L , M P , M P ' so coeficientes fornecidos pelas tabelas em funo dos parmetros: l x / a e t / a , onde a a distncia entre centros das rodas de cada eixo do veculo, como mostra a Fig. A 2.5, e t o lado do quadrado de rea igual ao do retngulo de contato da roda propagado at a superfcie mdia da laje (Fig. A 2.6).
Fig. A 2.5 Distncia entre centros das rodas de cada eixo do veculo: a.
189
O retngulo de contato da roda (b), tambm depende da classe adotada: Classe 45 => b = 0,50m Classe 30 => b = 0,40m Classe 12 => b = 0,30m (roda traseira)
Para classe 12, a equao 2, que apresenta os momentos fletores da carga mvel, passa a ser: M q = [Q ( M L + M L ) + q1 M P + q2 M P ' ] (4)
Caso a carga mvel for tomada da DIN 1072, Rsch indica que quando as classes so de 24 a 60 e de 3 a 16, respectivamente, valem as seguintes equaes para os momentos fletores da carga mvel: M q = P M L + p M P + p'M P ' M q = P M L + P'M L + p M P + p'M P ' Sendo: P = peso de uma roda do veculo P' = peso de uma roda do segundo veculo colocado lateralmente ao primeiro (5) (6)
190
191
192
193
194
195
196
197
198
199
200
201
202
203
204
205
206
207
208
209
210
211
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